Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 TRANSTORNO PEDOFÍLICO Anabely Ney Mariano Lucilvania Azeredo Nina Célia Guimarães Thurler Yngrid Loreti de Souza Orientador(a): Vânia Maria Congro Teles 1. INTRODUÇÃO Os estudos sobre a sexualidade humana estão em ascensão, visto que este é de extrema importância para a existência do ser humano, entretanto muitas questões ainda são consideradas tabus para o meio social e não são divulgadas e propagadas da maneira correta, pode ser incluído neste contexto, o pensar a respeito dos transtornos parafílicos, em especial o transtorno pedofílico. O termo pedofilia, amplamente utilizado de forma errônea pelo senso comum, é um constructo médico que ganhou popularidade para classificar todos os casos envolvendo abuso de crianças e adolescentes. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM5 (2014) o transtorno pedofílico é uma parafilia direcionada a pessoas que veem crianças geralmente de até 13 anos como objeto de interesse sexual, podendo apresentar fantasias sexuais, impulsos ou comportamentos com crianças de forma intensa e recorrente por no mínimo seis meses, causando, geralmente, grande sofrimento no sujeito que consequentemente pode apresentar dificuldades interpessoais. Devido ao grande estigma referente ao transtorno em questão, é de grande valia considerar a necessidade a discussão dessa temática e posteriormente instigar novas pesquisas acadêmicas. A proposta metodológica para o presente trabalho foi a de realizar um levantamento de informações junto à profissionais dos diversos meios que perpassam questões relacionadas ao assunto pedofilia. Foi realizada uma entrevista, gravada em vídeo, com uma promotora de justiça que atualmente atua na vara de família, com 25 anos de experiência no Ministério Público, fornecendo então, uma visão jurídica da questão abordada. Para o ponto de vista medico, foi utilizado como referência recortes de uma palestra para a OAB SP, 2 ministrada pelo psiquiatra Dr. Danilo Antônio Baltieri no dia 07 de Junho de 2011 e publicado para visualização em 2016. Como complemento foi realizado uma entrevista com uma psicóloga do DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), está nos forneceu as respostas do questionário via e-mail, visto que não seria possível receber o grupo. É importante mencionar que além de livros e artigos sobre a temática, foi utilizado também reportagens com informações pertinentes para o enriquecimento da construção teórica do trabalho. No processo de construção do trabalho dificuldades surgiram, principalmente no que diz respeito aos diversos termos utilizados e seus reais significados, que devem estes ser compreendidos da forma apropriada, para que não ocorra uma leitura baseada no senso comum. Pode-se observar que o estudo e acompanhamento dos transtornos parafílicos em geral e principalmente no que diz respeito à pedofilia, deve ser considerado com profissionalismo, de forma a não permitir que crenças populares limitem a compreensão, considerando então o olhar científico sobre a problemática. Isso é essencial para uma postura ética, atendendo o sujeito com o transtorno de forma justa e pensando em formas preventivas de atuação, para que não chegue de fato as vias criminais. A proposta desse presente trabalho se faz necessária para o desenvolvimento de um novo olhar sobre o assunto, levando em consideração que este para grande parte da sociedade é motivo de revolta, indignação e muitas outras classificações, provocando grande comoção popular. Procurou-se construir uma visão sistêmica dos fenômenos apresentados e também identificar, assumir e trabalhar nossos limites pessoais como futuras profissionais. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Dada à complexidade de se pensar sobre o transtorno pedofílico, é importante mencionar que embora ações preventivas e protetivas no sentido de coibir a violência e o abuso sexual contra crianças e adolescentes venha se apropriando de grandes conquistas, em consequência das constantes transformações sociais, políticas e culturais, trata-se de uma questão presente desde os primórdios da civilização, e que pensar nessa temática requer compreender terminologias, características, definições 3 e ações que contemplem tal reflexão, a fim de ampliar o conhecimento mediante expressões estigmatizantes que disseminam o juízo de valor existente ainda em grande parte da sociedade (FELIPE, 2006). Diante desse cenário, é importante considerar que em meio a uma era digital, as conquistas tecnológicas trazem consigo o ônus por viabilizar a prática da pedofilia, que nas últimas décadas ganhou força e lugar de exercício a nível mundial, representando atualmente um mercado lucrativo e que aguça a experimentação e o desejo de quem possui tal inclinação sexual (FELIPE, 2006). Parafilia é o termo utilizado para os transtornos referentes à sexualidade, trata-se de um desvio de comportamento para obtenção de satisfação sexual, que no caso da pedofilia, envolve sentir atração sexual por alguém que não seja outro adulto (BARLOW; DURAND, 2008). O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (2014, p. 687) define o transtorno parifílico como: Um transtorno parafílico é uma parafilia que esta causando sofrimento ou prejuízo ao indivíduo ou uma parafilia cuja satisfação implica dano ou risco de dano pessoal a outros. Uma parafilia é condição necessária, mas não suficiente, para que se tenha um transtorno parafílico, e uma parafilia por si só não necessariamente justifica ou requer intervenção clínica. Os transtornos mentais existem enquanto realidade clínica e precisam ser definidos e compreendidos conforme os principais manuais de referência. Segundo o CID (apud FELIPE, 2006) as parafilias caracterizam-se por anseios, fantasias ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem objetos, atividades ou situações atípicas que resultam em sofrimento ou prejuízo em áreas importantes na vida do indivíduo. Ainda de acordo com o DSM-5 (2014) para manter a distinção entre parafilias e transtornos parafílicos, o indivíduo precisa contemplar critérios estabelecidos, que por sua vez precisam ser avaliados por especialistas. O diagnóstico pode ser realizado caso haja evidência clínica da continuidade da atração sexual por crianças mesmo quando a duração de seis meses não pode ser determinada com precisão. Pedofilia é uma forma de parafilia, por isso é considerada um transtorno da preferência sexual, caracterizado por fantasias, atividades, comportamentos ou práticas sexuais intensas e recorrentes envolvendo crianças ou adolescentes menores de 13 anos ou 4 menos, o que significa que o portador de pedofilia é sexualmente atraído em parte, ou exclusivamente, por crianças ou púberes (MARIN; BALTIERI, 2013). Dalgalarrondo (2008) pontua que na busca em saciar a compulsão sexual, quer seja de forma fantasiosa ou ativamente, essas práticas sexuais com crianças podem acontecer entre membros da mesma família, com desconhecidos ou com pessoas estranhas entre si, e que podem ser usados jogos sexuais, observação, o despir a criança ou frente a ela despir-se, masturbação ou relação sexual com penetração vaginal ou anal. É importante salientar que se configura incesto quando se trata de uma criança molestada por um parente. O incesto, bem como outras manifestações da pedofilia, traz em questão, a problematização do poder desigual entre adultos e crianças, pois por mais que ao serem tocadas, nem sempre de forma violenta, trata-se de uma escolha do adulto, por considerar muita das vezes um comportamento amoroso, desconsideradoem grande parte dos casos, os danos causados (BARLOW; DURAND, 2008). Contudo, é válido diferenciar que nem todo molestador de crianças é pedófilo e que, nem todo pedófilo é molestador de crianças. Dessa forma, o indivíduo com diagnóstico de pedofilia pode manifestar fantasias sexuais intensas e recorrentes envolvendo crianças e púberes, mas jamais concretizar tais fantasias (MARIN; BALTIERI, 2013). Orlandeli e Grecco (2012), ressaltam que o pedófilo pode praticar a conduta delituosa de diversas maneiras e que além do abuso propriamente dito a compulsão pode ser por meio de carícias ou do ato sexual em si, podendo utilizar da pornografia infantil. O abusador normalmente se mostra menos invasivo na busca da satisfação sexual, diferente do molestador, que é mais invasivo e menos discreto, podendo se fazer valer da violência. Bertoli, Benato e Machado (2017) também pontuam como faz diferença o conhecimento a cerca das definições do comportamento do pedófilo para assim, diferenciá-lo, uma vez que para o indivíduo ser considerado clinicamente um pedófilo não se faz necessário à presença do ato sexual entre o adulto e a criança, sendo suficiente a presença de fantasias ou desejos sexuais no pensamento do sujeito, o que por assim ser, este pode chegar a casar, ter filhos e inclusive manter relações acessíveis com crianças. 5 Portanto, a pedofilia em si parece ser uma condição que perdura por toda a existência do indivíduo, contudo, inclui elementos que podem mudar com o tempo, havendo ou não tratamento, são eles, o sofrimento subjetivo, o prejuízo psicossocial ou a inclinação a agir sexualmente com crianças, ou ambos, podendo oscilar, aumentando ou diminuindo com o passar da idade (DSM-5, 2014). Os pedófilos constituem uma população bastante heterogênea, e mesmo sendo mais frequente entre homens do que entre as mulheres, a identificação e classificação englobam vários aspectos concernentes aos traços e transtornos de personalidade, considerando então, o relacionamento do agressor com a vítima, o nível de impulsividade, o uso de comportamento sedutor ou violento, o tipo e a frequência do consumo de pornografia, dentre outros aspectos, o que torna difícil determinar um único perfil do indivíduo que apresenta esse quadro. Descontruindo assim, a crença de que o pedófilo é tímido, ou um indivíduo com dificuldade em socializar, o que até pode ser constatado para alguns casos, contudo, não representa a todos (MARIN; BALTIERI, 2013). Em uma entrevista para ao portal R7 o psiquiatra Danilo Baltieri menciona que em 15 anos como coordenador do Ambulatório de Transtornos de Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC, foi atendido 5 mulheres portadoras do transtorno e o tratamento ofertado é individual, diferente do que é realizado para os homens (ALBUQUERQUE, 2015). Este transtorno é crônico, sendo o tratamento por toda a vida, podendo ser mantido em segredo pelo sujeito não expondo seus verdadeiros desejos. Há neste caso um complicador, o estigma social negativo carregado de informações distorcidas, que impedem de muitos procurarem o devido tratamento (SERAFIM apud SILVA; PINTO; MILANI, 2013). É importante destacar que o movimento de indignação e repulsa com os sujeitos classificados como pedofilos é também contraditório, visto que a sociedade atual por um lado busca por meio de leis proteger a criança e ao adolescente, mas em contrapartida financia através das diversas mídias uma exposição erotizada destes que a princípio devem ser protegidos (FELIPE, 2006). Pode ser incluída nesta lista muitos ensaios pornográficos destinado ao público masculino heterossexual que consome a imagem de mulheres infantilizadas, fazendo uso de utensílios destinados a crianças, ferramenta essa que alimenta o processo 6 fantasioso do ser masculino representando a criança como objeto para suprir os desejos sexuais (FELIPE, 2006). É necessário uma desconstrução do imaginário social sobre o que realmente envolve a pedofilia, para que até mesmo portadores da doença se sintam permitidos a procurarem ajuda (SERAFIM apud SILVA; PINTO; MILANI, 2013). É comum em campanhas ser declarado que pedofilia é crime, incentivando a denúncia. Isso pode ser considerado um desserviço que contribui ainda mais para o ciclo da doença e vitimando ainda mais crianças. Para aquele que cumpre pena de abuso sexual infantil, que é considerado pedófilo e não possui o devido acompanhamento, o nível de reincidência do crime é alto. Durante o encarceramento, não é trabalhado especificamente a reinserção social desse sujeito, e poucos são os locais no Brasil que enfocados no tratamento de transtornos sexuais (SPIZIRRI apud SILVA; PINTO; MILANI, 2013). O simples encarceramento não tem o poder de extinguir os intensos pensamentos e fantasias deste sujeito com menores, pelo contrário, pode ter a funcionalidade de potencializar ainda mais o desejo, sendo este uma bomba relógio ao fim do cumprimento da pena. No que diz respeito a tratamento e acompanhamento, no Ambulatório de Transtornos da Sexualidade na faculdade de medicina do ABC, considerado como referência no Brasil no tratamento de parafilias, é realizado o diagnóstico do sujeito, após este passar por uma série de procedimentos, necessários devido à complexidade do problema, sendo estes entrevistas, testes, avaliações neuropsicológicas, realizados por uma equipe multidisciplinar. Após o diagnóstico, é iniciado o processo de acompanhamento terapêutico, neste é utilizado técnicas em terapia cognitivo- comportamental no qual é trabalhado com grupos de no máximo 10 indivíduos e 2 terapeutas facilitadores (NASCIMENTO, 2017). A abordagem terapêutica utilizada no ambulatório tem por objetivo segundo Marin e Baltieri (2013, p.174): a) identificação de situações em que os indivíduos estão em alto risco de uma nova agressão; b) identificação de comportamentos que não constituem uma recaída de fato, mas que podem ser precursores de uma recaída (por exemplo, masturbar-se com fantasias sexuais relacionadas ao ato sexual com crianças, consumo de álcool e de outras drogas); c) desenvolvimento de estratégias para evitar situações de alto risco, como passar muito tempo sozinho com uma criança, consumir álcool e outras drogas; 7 d) desenvolvimento de estratégias de enfrentamento que podem ser usadas nas situações de alto risco, as quais não podem ser evitadas; e) responder adequadamente a lapsos que possam ocorrer. Em grupo, relatando a própria experiência e escutando o outro compartilhar a história é fornecido um ambiente acolhedor e elaborado formas de controle do desejo e dos próprios pensamentos e fantasias desviantes, trabalhando de forma a evitar situações consideradas como gatilho. É preciso que o sujeito portador do transtorno evite qualquer situação que possa desencadear o desejo, não permanecendo sozinho em ambiente com crianças, neste processo é essencial o apoio e trabalho em conjunto com os familiares (NASCIMENTO, 2017). Segundo Trindade e Breier (apud ETAPECHUSK; SANTOS, 2017), há uma ausência de desconforto emocional. Os autores expõem que, o sujeito acometido pelo transtorno pedofílico, dificilmente sentirá necessidade de mudanças comportamentais a menos que seja prejudicado em sua interação social, sendo ele obrigado a buscar ajuda e tratamento. Neste sentido, uma junção da lei com a saúde faz-se necessária. Salientam que o tratamento deve levar o sujeito a percepção do mal provocado, da responsabilidade, da consciência e reparação dos danos causados no outro. O tratamento para o pedófilo ocorre através da psicoterapia acoplada a proposta terapêutica medicamentosa.Estes, se realizados no período adequado, por profissionais especializados e com técnicas eficientes, resultam em melhoras consideráveis para o pedófilo. Busca-se que o pedófilo entenda e reconheça o problema, e manifeste o interesse pelo tratamento para o controle desses impulsos (ETAPECHUSK; SANTOS, 2017). O pedófilo não é automaticamente um criminoso, para que seja um criminoso ele precisa ultrapassar o desejo, ou seja, o indivíduo deve ter exteriorizado esta vontade e isto pode acontecer de várias maneiras, como carícias, pornografia infantil, até mesmo o ato sexual em si. Quando há manifestação do distúrbio, não é há a possibilidade de descartar a prisão. Ainda que considerado doença, não absolve o peso da responsabilidade, pois o distúrbio não torna a mente totalmente turva, porém pode dificultar o sujeito em tentar inibir seus impulsos sexuais. É comum que os pedófilos na maioria dos casos, não sejam violentos, o que pode ser prejudicial para a descoberta rápida dos abusos, mas quando de fato se consegue descobrir, uma denúncia deve ser feita. No Brasil, a criança e o adolescente têm o respaldo da lei, no Código Penal, na Convenção Internacional sobre os Direitos da 8 Criança, na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas não existe de fato uma legislação específica em relação à pedofilia, acontece, então, uma adequação das penas existentes, aplicadas à pedofilia (ORLANDELI; GRECCO, 2012). Portanto, o pedófilo e o abusador serão punidos da mesma forma, porque o que será julgado será o ato praticado por ele que corresponde ao artigo (Art.) 213 do Código Penal (BRASIL, 1940) “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. A prisão, tão somente, não é de forma alguma um tratamento, ela apenas impedirá que o indivíduo, naquele determinado tempo de cumprimento da pena, não cometa o delito, mas sozinho ele não consegue resolver seu problema. Não há um consenso mundial em relação ao tratamento que se deve ter com o pedófilo considerado criminoso. No Brasil o indivíduo encarcerado após cometer o delito de abuso sexual infantil, normalmente recebe tratamento psicológico enquanto cumpre a pena ou após, assim como ficam em celas separadas, pois há uma intolerância por parte de outros presidiários em aceitar o pedófilo abusador (ORLANDELI; GRECCO, 2012). O autor fala ainda, em relação ao tratamento, sobre sua demasiada complexidade, mas em concomitante lei e atendimento psicológico, é capaz de reduzir consideravelmente o índice de recorrência e conclui que o pedófilo somente colocará em extinção o comportamento delituoso, quando reconhecer os danos causados por sua conduta com a criança (ORLANDELI; GRECCO, 2012). Alguns países aderem ao tratamento para aqueles que se identificam como pedófilos como prevenção de futuras ocorrências ou prevenção de que um indivíduo cometa mais ocorrências, pois, em países como a França, por exemplo, existe um tratamento chamado Projeto de Prevenção Dunkelfeld, realizado através da terapia cognitiva comportamental, a fim de analisar o comportamento e os sentimentos sexuais para conseguir elaborar estratégias visando evitar as situações de abuso futuramente, ou seja, os profissionais não denunciam, eles apenas trabalham para o pedófilo consiga controlar seus desejos a fim de evitar passar ao ato outras vezes. O que é considerado uma controversa entre o direito e a psicologia, pois de acordo com o Código de Ética (BOCK, 2005) do Psicólogo no Brasil referente as responsabilidades do psicólogo, está descrito no Art. 2° “Ao psicólogo é vedado: a) 9 Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão”, tendo em vista que o abuso sexual se encaixa nos itens citados, seria então vedado ao psicólogo, ao se deparar com uma confissão, denunciar o abusador, segundo o que dispõe o Código de Ética, caso contrário seria conivente, diferente da França onde, pelo menos neste projeto, não há denúncia criminal caso o indivíduo que busca auxílio relate já ter cometido abuso ao menos uma vez, pois o grupo acredita que é “normal” os pedófilos já terem cometido um ato de abuso, que o importante é não querer fazer isso novamente, para isso o grupo trabalha para criar comportamentos de autocontrole que visam evitar a reincidência do ato (MCGUINNESS, 2015). No Brasil, segundo uma matéria recente publicada no Jornal online G1 (COELHO, 2019) o médico psiquiatra entrevistado, Danilo Baltieri, relata que ao falar que a pedofilia é uma parafilia, gera certa indignação, pois a visão é de que este está em defesa do pedófilo em detrimento da vítima, quando na verdade ele explica que deve- se proteger a vítima e averiguar se o abusador tem de fato a parafilia, pois no Brasil, a maioria dos abusadores não são diagnosticados como pedófilos, segundo o médico psiquiatra. Ele explica também que o pedofílico precisa de um tratamento interdisciplinar e que muitos profissionais da saúde têm dificuldade de lidar com o tema. A dificuldade em oferecer tratamento para pessoas com transtorno pedofílico é mundial. Na Alemanha, um projeto que começou em Berlim tem dado certo, especialmente no trabalho de prevenção de abusos. O projeto Dunkfeld funciona desde 2011 e se transformou em uma rede nacional conhecida pelo lema "não ataque". Os pedófilos entram para o programa de forma anônima e pela lei de confidencialidade entre pacientes e médicos não podem ser denunciados para a polícia. Nos EUA é diferente. Em casos de crimes revelados pelo paciente ou se o médico detectar um alto potencial para ação criminosa, ele deve reportar para as autoridades. No tratamento alemão, a terapia de grupo também é parte central. Nas sessões semanais, o grupo compartilha sentimentos e aprende, dentre outras coisas, a lidar com situações que possam ser estressantes para quem sofre do transtorno e a tentar controlá-lo: festa infantis, reuniões familiares com a presença de crianças (COELHO, 2019. pag. 8). Quanto ao cumprimento de pena, o médico explica ser necessário, mas condena o fato de não haver tratamento durante e após o cumprimento da pena. Os atendimentos são realizados, como dito anteriormente, no Ambulatório da Faculdade de Medicina do ABC, onde 50 pedófilos recebem tratamento gratuito realizados por médicos e residentes da faculdade, a procura acontece de forma voluntária e a demanda é muito alta. Este tratamento dispõe de terapia em grupo, diário comportamental, presença da família e remédios quando 10 necessários. Este é um tratamento prévio, ou seja, trata-se de um método de prevenção, mas caso o abuso já tenha sido cometido, o tratamento pode ser feito como medida complementar a pena de prisão, assim afirma o Dr. Balteri médico psiquiatra que está a frente no trabalho realizado no ambulatório (LEITE; ARCOVERDE, 2017). O psicólogo Antônio Serafim, também entrevistado nesta matéria (LEITE; ARCOVERDE, 2017), atende no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica (NUFOR) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Ele aponta para um fator importante, a generalização do termo pode dificultar que reais pedófilos busquem ajuda, isto acontece pois no senso comum, qualquer pessoa que comete abuso tende a ser apontado como pedófilo e logo, um criminoso. Isto reflete também no âmbito jurídico, como foi dito anteriormente, onde a classificação também se faz de forma generalizada colocando os pedófilos no mesmo grupode abusadores não pedófilos, logo, eles não adquirem assistência médica o que pode aumentar a chance de reincidir o crime. Quanto a inimputabilidade do sujeito acometido por uma doença mental, de acordo com o Código Penal (BRASIL, 1940) onde consta a Lei de n° 2.848: Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Ou seja, a inimputabilidade só poderá ser julgada em caso concreto, não há como inferir que todo aquele cometido por uma doença será considerado inimputável. No caso do abusador pedófilo, a maioria relata saber que se trata de um desejo impedido, errado, mas nem todos conseguem impedir que o ato se concretize, como é possível ver no relato a seguir “eu fui confiante de que ia conseguir me tratar e ficar bem. [...] Porque eu acho que, quando você não sabe que existe o tratamento é uma coisa; depois que você sabe que existe o tratamento muda tudo na vida da gente” (LEITE; ARCOVERDE, 2017). De acordo com a interpretação jurídica elucidada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de pedofilia (MALTA; TUMA; TORRES, 2010) a pedofilia não implica 11 na impossibilidade de discernimento do sujeito acometido pela parafilia, nem tão pouco sua irresponsabilização pelo ato, ou seja, o sujeito é então imputável, que significa dizer que este sujeito é capaz de compreender uma conduta ilícita e sua responsabilidade sobre ela. Stetner e Rodrigues (2011), explanam sobre outro procedimento considerado como forma de tratamento: castração química. Embora bastante polêmico, o método de castração química tem o intuito de inibir a libido controlando os impulsos sexuais do indivíduo. Apesar das divisões de opiniões, pouco debate sobre o assunto e consenso dos efeitos da utilização do método da castração química, acredita-se que esta seja eficiente na redução da ocorrência dos crimes sexuais. Há opiniões que a favorecem a castração química como forma de controle das ações do pedófilo. Em contrapartida, existem diversidades de críticas à utilização desse método devido aos possíveis danos causados por seus efeitos colaterais: inibição da libido; impotência sexual; diminuição de massa muscular; e rarefação dos pêlos. A castração química tem sido utilizada em diversos países como “[...] a França, Dinamarca, Alemanha, Colômbia, Rússia, Argentina e Inglaterra. Neste último, o condenado pode escolher entre a prisão e o tratamento” (R7 PLANALTO, 2019), são aplicados como forma de tratamento, prevenção ou punição contra crimes sexuais violentos. Tamada, citado por Seixas (2013) elucida que a castração química consiste em aplicar um hormônio chamado Depo-Provera, que age no organismo do sexo masculino diminuindo a produção de testosterona, é uma baixa drástica que causa a diminuição da libido. Considera uma medida eficaz no que tange a redução da reincidência de criminosos sexuais, no entanto, há oposição no meio jurídico, visto que este ato, denominado tratamento, fere o princípio da dignidade da pessoa humana, fere também o Art. 5° da Constituição Federal (1988) no seu inciso XLIX que dispõe, "é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral". Este seria um dos motivos de não aderir o tratamento no Brasil, outro fator, além de ser considerado método invasivo, é que no Brasil não se admite penas permanentes e alguns desses tratamentos que diminuem a libido muitas vezes são irreversíveis. No intuito de prevenção das ações pedofílicas, países como a Espanha vem investindo em grupos terapêuticos com os trabalhos voltados para o pedófilo que reconhece os danos da doença e busca por ajuda. 12 3. METODOLOGIA DA PESQUISA Na pesquisa desenvolvida foi utilizado o método qualitativo, dando importância ao relato apresentado pela amostra, sendo está composta por dois profissionais que possuem experiência com o tema em questão, no qual foram escolhidos por indicação ou acessibilidade e conveniência. Em uma das entrevistas os dados foram coletados através de uma entrevista semiestruturada, permitindo que o pesquisador acrescente perguntas para melhor esclarecimento, tendo assim maior flexibilidade, sendo está gravada em vídeo. Em outra entrevista foi utilizado um roteiro estruturado, no qual foi respondido pela profissional via e-mail. Como fonte de dados foi utilizado também uma palestra ministrada pelo psiquiatra Dr. Danilo Antônio Baltieri, fornecido em uma plataforma de compartilhamento de vídeos. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Através das entrevistas e das outras ferramentas utilizadas foi possível observar que diferentes áreas do saber possuem uma leitura própria do mesmo fenômeno. Essa falta de consenso pode corroborar para a não compreensão real da problemática, gerando ainda mais dúvidas. A promotora de justiça entrevistada, que representa a visão jurídica, apresenta suas falas de acordo com o código penal e demonstra bastante firmeza ao expor essas ideias e ao narrar os casos em que trabalhou. De acordo com pesquisas, foi observado que não há leis próprias, específicas, para casos de sujeitos portadores de pedofilia. Os molestadores de crianças com e sem pedofilia são julgados, condenados e cumprem a pena sem distinção, legalmente estes se enquadram na mesma categoria. De acordo com Marin e Baltieri (2013, p.165) para os indivíduos que cometem o crime e possuem o transtorno deveram “[...] receber tratamento adequado, ter seu risco de reincidência sempre avaliado, e suas necessidades criminogênicas manejadas por profissionais altamente qualificados na matéria”. É relevante sinalar que o sujeito portador do transtorno pedofílico não está isento de punição caso seja responsável por um crime sexual, ele deve ser responsabilizado 13 por seus atos, entretanto isso não exclui o fato de que ele necessita de tratamento adequado, para que até mesmo, não ocorra a reincidência do crime. A psicóloga entrevistada forneceu informações voltadas para a vítima, sendo possível observar uma relação na fala de ambas as profissionais no que diz respeito ao que abrange a violência sexual, a psicóloga relata, “Em crianças pequenas, a maioria dos nossos casos é ato libidinoso, então, não há sinais claros.”. Ainda nesta questão a promotora complementa dizendo que “Na violência sexual não há testemunhas, é praticada na calada da noite [...]”. Devido ao fato de não existir em muitas vezes provas concretas e testemunhas, a promotora ainda diz “[...] o fato deve ser analisado de forma sistêmica, é observado, por exemplo a dinâmica da família [...]”. Outras falas comuns e que se complementam das profissionais diz respeito à prevenção, ambas dizem que é essencial a informação. “A família pode estabelecer um diálogo estreito com a criança sobre sua rotina e estabelecer uma relação de confiança a fim de conhecer sobre o que acontece com ela e, assim, orienta-la sobre os riscos dos lugares e, caso alguma coisa diferente aconteça a ela que pode contar para sua pessoa de confiança” (PSICÓLOGA). Entretanto a profissional complementa, “[...] a maioria dos casos de abuso sexual ocorre em âmbito familiar ou com pessoas muito próximas, assim é importante também que escolas, igrejas, sejam espaços parase falar sobre isso.” O que corrobora o que é dito pela promotora, a maioria dos casos de violência sexual é intrafamiliar. A vítima apresenta sinais que devem ser observados por todos em sua volta, estes comportamentos são de acordo com a psicóloga entrevistada “[...] isolamento, dificuldade de aprendizagem, irritabilidade, alterações do sono, enurese [...], é preciso observar fase do desenvolvimento, frequência e se há verbalização sobre algo.” Ao narrar um dos casos acompanhados, a promotora revela que o acusado em seu depoimento deixou claro que a criança de sete anos lhe seduziu, fala está que causa indignação e repulsa, é causada segundo o que foi dito pelo Dr. Baltieri pelo pensamento disfuncional, que impacta em sua visão distorcida diante a criança, acreditando que o menor aprecia toda a prática (CULTURA E EVENTOS – OAB SP, 2016). 14 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O transtorno pedofílico é um tema em si multifacetado e complexo, que requer um empenho em compreender as definições existentes quando se pensa na realidade clínica, descontruindo assim o olhar estigmatizante fundamentado pelo senso comum a fim de construir um saber pautado na ética que considere a doença e os sofrimentos existentes. Por tratar-se de um tratamento complexo, as análises de acerca do tema abordado, consideraram necessário uma articulação flexível quando o assunto é o transtorno da pedofilia. O processo de aprisionamento do indivíduo somente, reduz a ocorrência das ações criminosas, conquanto, não são formas eficientes de tratamento da doença. Neste sentido, é preciso um trabalho dos parâmetros legais (prisão), como contenção dos comportamentos do pedófilo e tratamento psicológico, com profissionais habilitados e munidos com técnicas eficientes e capazes de promover no sujeito a aceitação da condição de pedófilo, e o reconhecimento dos danos causados por suas atitudes na vida do outro. Estando o portador da parafilia, implicado no enfrentamento da doença, torna-se possível que, com o tratamento no período adequado, este resulte em grandes benefícios ao indivíduo (ETAPECHUSK; SANTOS, 2017; ORLANDELLI; GRECCO, 2012). Com base nesta pesquisa, é possível inferir que no âmbito jurídico o sujeito pedófilo abusador não é considerado doente e por isso não é tido como inimputável, ele se encaixa, legalmente, no mesmo julgamento de qualquer abusador, ainda que os crimes não tenham sido através do abuso. É importante ressaltar também que o pedófilo não é um criminoso, ele só passa a ser criminoso quando ele passa ao ato, ou seja, quando comete abuso de variadas naturezas, como o ato físico em si, pornografia infantil, aliciamento, entre outros. Este levantamento científico somado a prática profissional dos entrevistados, que por sua vez atuam nesse contexto se fez pertinente no objetivo de contemplar e ampliar como se deve de fato ser o fazer da psicologia enquanto ciência e profissão, que em conjunto com outras áreas e profissionais deve oferecer acompanhamento às vítimas, os menores, mas também viabilizar aos portadores do transtorno o acesso ao tratamento, pois só assim, poderá se pensar em romper com esse ciclo que por sua vez, é gerador de sofrimento psíquico. 15 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Sylvia; Mulheres pedófilas: entenda por que elas são pouco denunciadas. São Paulo: R7, 2015. Disponível em: < https://noticias.r7.com/sao- paulo/mulheres-pedofilas-entenda-porque-elas-sao-pouco-denunciadas-06072015>. Acesso em 15 mai. 2019. BORGES, Mariza Monteiro et al. Das responsabilidades do psicólogo. In: ______. Código de Ética profissional do psicólogo. ed. 10. Brasília: 2014. pag. 08-15. BARLOW, David H; DURAND, V. Mark. Transtorno da identidade sexual e de gênero. In:________. Psicopatologia: uma abordagem integrada. Cengage Learning, 2008. p. 395-449. BERTOLI, Camila; BENATO, Raiane Heloise; MACHADO, Pedro Guilherme Basso. Pedofilia: um estudo teórico sob a ótica da análise do comportamento. Cad. da Esc. de Educ. e Hum., Curitiba, v. 12, n. 1, p. 44-58, 2017. Disponível em:<http://revistas.unibrasil.com.br/cadernoseducacao/index.php/educacao/article/vi ew/110/90>. Acesso em: 16 mai. 2019. BRASIL. DECRETO-LEI No 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Art. 213 do Código Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del2848compilado.htm>. Acesso em: 16 mai. 2019. BRASIL. DECRETO-LEI No 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Art. 26 do Código Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del2848compilado.htm>. Acesso em: 16 mai. 2019. COELHO. Tratamento da pedofilia e prevenção de crimes. Matéria do Jornal Oline G1. 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/ciencia-e- saude/noticia/2019/03/13/pedofilia-como-o-tratamento-feito-no-brasil-pode-ajudar-a- prevenir-crimes.ghtml>. Acesso em: 17 mai. 2019. CULTURA E EVENTOS – OAB SP. Pedofilia. 2016. (1:01:27) Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9PFKqiQA1Dk>. Acesso em 16 mai. 2019. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. ETAPECHUSK, Jéssica; SANTOS, Wenner Daniele Venâncio. Um estudo sobre o sujeito pedófilo, uma visão da psicologia. Psicologia. pt, 2017. Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1176.pdf>. Acesso em 17 mai. 2019. FELIPE, Jane. Afinal, quem é mesmo pedófilo?. Cadernos Pagu, n. 26, p. 201-223, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/cpa/n26/30391.pdf>. Acesso em 15 mai. 2019. LEITE, Isabela; ARCOVERDE, Leo. Pedófilo relata drama: Doença tem que ser tratada como se tratam as drogas. Matéria do Jornal Oline G1, 2017. Disponível 16 em: <https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/pedofilo-relata-drama-doenca-tem-que- ser-tratada-como-se-trata-as-drogas.ghtml>. Acesso em: 16 mai. 2019. MALTA; Magno; TUMA, Romeu; TORRES, Demóstenes. CAP. II - PANORAMA GERAL DO PROBLEMA DA PEDOFILIA. 2010. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/noticias/agencia/pdfs/RELATORIOFinalCPIPEDOFILIA.p df >. Acesso em: 17 mai. 2019. MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS: DSM- 5. American Psychiatric Association (APA). Tradução: Maria Corrêa Nascimento, et al. Revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli, et al. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. MARIN, Matheus C. D.; BALTIERI, Danilo A. Crimes sexuais e suas particularidades na avaliação de risco e no cumprimento da medida de segurança. In: CORDEIRO, Quirino; LIMA, Mauro (Org). Medida de segurança: uma questão de saúde e ética. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, p 157-178, 2013. Disponível em: <http://saudedireito.org/wpcontent/uploads/2013/11/Livromedidaseguranca.pdf>. Acesso em 15 mai. 2019. MCGUINNESS, Damien. Campanha para tratamento de pedófilos na Alemanha. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/07/na-alemanha- campanha-pede-que-pedofilos-se-revelem-e-busquem-tratamento.html>. Acesso em 19 mai. 2019. NASCIMENTO, Mirella. Pedófilo procura ajuda: Você atenderia a um pedido de socorro de quem pode traumatizar uma criança?. TAB, 2017. Disponível em: <https://tab.uol.com.br/pedofilia#imagem-1>. Acesso em 15 mai. 2019. ORLANDELI, Renata C. Serrate; GRECCO, Gesus. Pedofilia - uma linha tênue entre a doença e o crime. Revista linhas jurídicas, São Paulo, nov. 2012. pag. 65-72. Disponível em: <http://periodicos.unifev.edu.br/index.php/LinhasJuridicas/article/viewFile/77/71>. Acesso em 17 mai. 2019. R7 PLANALTO. Castração química. R7. 2019. Disponível em: <https://noticias.r7.com/prisma/r7-planalto/varios-paises-adotam-castracao-quimica- para-combater-a-pedofilia-26042019>. Acesso em: 17 mai. 2019. SEIXAS,Gilmara Cristina Nogueira. Do tratamento jurídico-penal aos denominados pedófilos: críticas e possibilidades. Juiz de Fora: 2013. SILVA, Camila Cortellete Pereira da; PINTO, Daniela Devico Martins; MILANI, Rute Grossi. Pedofilia, quem a comete? Um estudo bibliográfico do perfil do agressor. Paraná, Brasil: CESUMAR, 2013. Disponível em: <https://www.unicesumar.edu.br/epcc2013/wpcontent/uploads/sites/82/2016/07/Cami la_Cortellete_Pereira_da_Silva.pdf >. Acesso em 14 mai. 2019. STETNER, C.; RODRIGUES, G. Castração química: Limites e possibilidades à adoção como penalidade para pedofilia. Revista Gestão & Políticas Públicas, v. 1, 17 n. 1, 2011. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rgpp/article/view/97834/96634>. Acesso em 16 mai. 2019.
Compartilhar