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2018 proGrAmAs pArA Grupos espeCiAis/primeiros soCorros Profa. Eliza Damiane Woloszyn Batista Profa. Lindamir Pozzo Arbigaus Profa. Tathyane Lucas Simão Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Profa. Eliza Damiane Woloszyn Batista Profa. Lindamir Pozzo Arbigaus Profa. Tathyane Lucas Simão Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfi ca elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 616.0252 B333p Batista, Eliza Damiane Woloszyn Programas para grupos especiais – primeiros socorros / Eliza Damiane Woloszyn Batista; Lindamir Pozzo Arbigaus; Tathyane Lucas Simão. Indaial: UNIASSELVI, 2018. 207 p. : il. ISBN 978-85-515-0143-6 1.Primeiros Socorros. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III ApresentAção É com satisfação que apresentamos o livro Programas para Grupos Especiais/Primeiros Socorros. Convidamos você a fazer uma leitura simples e prática, obtendo informações que o acompanharão para toda sua vida profissional. Dentro das áreas de prescrição do exercício, o educador físico e outros profissionais encontrarão dicas e orientações básicas sobre a atividade física, exercício físico, as principais doenças que classificam os grupos especiais, e orientações importantes na prescrição de exercícios para grupos especiais. Vale lembrar que, nesta unidade, destacamos as populações mais comuns, como gestantes, diabéticos, hipertensos, obesos, dislipidêmicos e crianças obesas, que são grupos que se apresentam em todo o Brasil, com altos índices de incidência em todo o território nacional. No tópico sobre avaliação há uma abordagem sobre os principais pontos, sua importância e alguns testes de avaliação que complementam e qualificam os programas de atividade física para grupos especiais. Desejamos boa leitura e bons estudos! Profa. Eliza Damiane Woloszyn Batista Profa. Lindamir Pozzo Arbigaus Profa. Tathyane Lucas Simão IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS ................................................................................................... 1 TÓPICO 1 – GRUPOS ESPECIAIS....................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 CLASSIFICAÇÃO DAS POPULAÇÕES ESPECIAIS ................................................................... 4 3 ATIVIDADE FÍSICA PARA TODOS ................................................................................................ 6 4 DIFERENÇAS ENTRE ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO ........................................ 9 4.1 O DIREITO INTEGRAL À SAÚDE ............................................................................................... 9 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 11 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 12 TÓPICO 2 – QUAL É O PAPEL DO EDUCADOR FÍSICO? ........................................................... 15 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 15 2 O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA ........................................................... 15 3 A INTENSIDADE DO EXERCÍCIO .................................................................................................. 18 4 POR ONDE COMEÇAR? .................................................................................................................... 18 5 GRUPOS ESPECIAIS E A INTENSIDADE DO EXERCÍCIO ...................................................... 22 6 ATIVIDADE FÍSICA PARA IDOSOS .............................................................................................. 25 6.1 QUANTO DE ATIVIDADE FÍSICA SE DEVE REALIZAR ....................................................... 28 7 PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO ATIVO E SAUDÁVEL ............................................... 29 8 PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO PARA IDOSOS ........................................................................... 30 9 DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVES (DCNT) E O IDOSO ................................. 31 10 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ..................................................................................... 32 11 PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO PARA HIPERTENSOS ............................................................ 33 12 ATIVIDADE FÍSICA COMO TRATAMENTO DA HAS............................................................ 34 13 DIABETES MELLITUS TIPO II ....................................................................................................... 35 14 PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO PARA DIABÉTICOS TIPO II ................................................ 36 15 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO E INTENSIDADE ..................................................................... 37 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 37 16 O AUTOCUIDADO E O EXERCÍCIO ........................................................................................... 38 17 COMPLICAÇÕES E RISCOS DO EF PARA DIABÉTICOS INSULINO-DEPENDENTES ............................................................................................................ 40 18 COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DO DIABÉTICO E EXERCÍCIO FÍSICO ............................. 41 18.1 RETINOPATIA DIABÉTICA ........................................................................................................ 41 18.2 NEUROPATIA DIABÉTICA ......................................................................................................... 42 18.3 NEFROPATIA DIABÉTICA E OBESIDADE INFANTIL .......................................................... 43 19 PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS PARA CRIANÇAS ................................................................. 44 19.1 AVALIAÇÃODE CRIANÇAS NA PRÉ-PARTICIPAÇÃO DE PROGRAMAS DE ATIVIDADE FÍSICA ..................................................................................................................... 44 19.2 PRÁTICA DE EXERCÍCIOS COM CRIANÇAS ........................................................................ 46 20 PRESCRIÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA PARA CRIANÇAS DIABÉTICAS ......................... 48 21 GESTANTES ........................................................................................................................................ 50 21.1 PROGRAMAS DE ATIVIDADE FÍSICA PARA GESTANTES ................................................ 50 sumário VIII 21.2 CUIDADOS NA PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO PARA GESTANTES ................................ 51 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 54 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 55 TÓPICO 3 – MEIOS DE AVALIAÇÃO PARA GRUPOS ESPECIAIS ........................................... 57 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57 2 MEIOS DE AVALIAÇÃO EM PROGRAMAS DE ATIVIDADE FÍSICA .................................. 57 2.1 FORMULÁRIO DE DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES MÉDICAS .................................... 58 2.2 TESTES DE COMPOSIÇÃO CORPORAL .................................................................................... 59 2.3 TESTE DE PERCEPÇÃO DE ESFORÇO DE BORG .................................................................... 60 2.3.1 Indicações para o uso das escalas ......................................................................................... 60 2.3.2 Fatores que influenciam a percepção de esforço ................................................................ 61 2.3.3 Fatores fisiológicos ................................................................................................................ 61 2.4 TESTES DE AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE AERÓBIA ........................................................ 62 2.5 TESTES DE AVALIAÇÃO DA POTÊNCIA ANAERÓBIA ........................................................ 62 2.6 TESTES DE AUTOAVALIAÇÃO – PAR-Q .................................................................................. 63 2.7 TESTES POSTURAIS ....................................................................................................................... 63 2.8 ATESTADO MÉDICO ...................................................................................................................... 64 2.9 ATESTADO MÉDICO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS .................................. 64 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 65 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 67 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 68 UNIDADE 2 – ASPECTOS GERAIS DO PRIMEIRO SOCORRO ............................................... 71 TÓPICO 1 – SOCORROS DE URGÊNCIA E SUPORTE DA VIDA ............................................. 73 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 73 2 PRIMEIROS SOCORROS ................................................................................................................... 73 3 REGRAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS ....................................................................... 75 4 ATENDIMENTO INICIAL: EQUIPE ESPECIALIZADA .............................................................. 75 4.1 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA .............................................................................................................. 76 4.2 AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA ........................................................................................................ 77 4.3 REGRAS GERAIS PARA ATENDIMENTO INICIAL ................................................................ 78 4.4 USO DE EPIs ..................................................................................................................................... 79 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 80 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 81 TÓPICO 2 – TRANSPORTE DE ACIDENTADOS ........................................................................... 83 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 83 2 SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM PRIMEIROS SOCORROS ................................................ 83 2.1 CORPO DE BOMBEIROS ............................................................................................................... 84 2.2 POLÍCIA MILITAR .......................................................................................................................... 84 2.3 SAMU – SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA ........................................ 85 2.4 POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL ............................................................................................. 85 2.5 DEFESA CIVIL ................................................................................................................................. 86 2.6 ATENDIMENTO DE PRIMEIROS SOCORROS POR INTOXICAÇÃO ................................. 86 3 ETAPAS BÁSICAS DE SERVIÇO ESPECILIZADO ...................................................................... 86 3.1 ORIENTAÇÕES PARA CONTROLE DA SITUAÇÃO ............................................................... 87 3.2 PROTEÇÃO À VÍTIMA ................................................................................................................. 87 3.3 AVALIAÇÃO DE CABEÇA ........................................................................................................... 88 3.4 FRATURAS DE PESCOÇO E COLUNA VERTEBRAL .............................................................. 89 4 ORIENTAÇÕES PARA TRANSPORTE ........................................................................................... 89 IX 5 FUNDAMENTOS DO SOCORRO: FRATURAS E TRAUMAS ................................................90 5.1 LESÃO DE TÓRAX E MEMBROS ...............................................................................................90 5.2 FRATURA NAS COSTELAS ........................................................................................................91 5.3 TÓRAX INSTÁVEL .......................................................................................................................92 5.3.1 Contusão pulmonar ..............................................................................................................92 5.3.2 Pneumotórax hipertensivo ..................................................................................................92 5.3.3 Pneumotórax aberto .............................................................................................................92 5.3.4 Contusão cardíaca.................................................................................................................93 5.4 EXAME DA VÍTIMA INCONSCIENTE ....................................................................................93 5.4.1 Respiração artificial ..............................................................................................................936 O CORPO HUMANO EM EMERGÊNCIAS BÁSICAS ..............................................................95 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................96 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................97 TÓPICO 3 – ASPECTOS LEGAIS DE PRIMEIROS SOCORROS ...............................................99 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................99 2 LEIS DA CONSTITUIÇÃO EM PRIMEIROS SOCORROS ......................................................99 2.1 OMISSÃO DE SOCORRO ............................................................................................................99 2.2 DIREITOS DA VÍTIMA .................................................................................................................100 2.3 CASOS DE NEGLIGÊNCIA .........................................................................................................101 2.4 DIREITO DE SIGILO ....................................................................................................................101 3 SEGURO DE ACIDENTES DE TRABALHO ................................................................................102 3.1 LEGISLAÇÃO VIGENTE .............................................................................................................102 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................103 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104 TÓPICO 4 – FUNÇÕES E SINAIS VITAIS DO CORPO HUMANO ..........................................105 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105 2 FUNÇÕES VITAIS DO CORPO HUMANO .................................................................................106 2.1 RINS .................................................................................................................................................106 2.2 APARELHO DIGESTIVO .............................................................................................................106 2.3 FÍGADO ..........................................................................................................................................106 2.4 PULMÃO ........................................................................................................................................107 2.5 CORAÇÃO ......................................................................................................................................107 2.6 SISTEMA NERVOSO CENTRAL ................................................................................................107 3 SINAIS VITAIS ...................................................................................................................................107 3.1 TEMPERATURA CORPORAL ....................................................................................................107 3.2 PULSO .............................................................................................................................................108 3.3 RESPIRAÇÃO ................................................................................................................................108 3.4 PRESSÃO ARTERIAL ...................................................................................................................109 3.5 PUPILAS .........................................................................................................................................109 3.6 COLORAÇÃO DA PELE ..............................................................................................................110 3.7 ESTADO DE CONSCIÊNCIA ......................................................................................................110 3.8 CAPACIDADE DE MOVIMENTAÇÃO .....................................................................................110 4 PRINCÍPIOS DE REANIMAÇÃO ...................................................................................................110 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................112 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................113 TÓPICO 5 – ATENDIMENTOS DE EMERGÊNCIA ......................................................................115 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115 2 PARADA RESPIRATÓRIA ..............................................................................................................115 2.1 DEFINIR O ESTADO DE CONSCIÊNCIA DA VÍTIMA .........................................................116 X 2.2 POSICIONAR A VÍTIMA .............................................................................................................116 2.3 VERIFICAR SE A VÍTIMA ESTÁ RESPIRANDO .....................................................................116 2.4 REALIZAR A RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL ...............................................................................117 3 PARADA CARDIÁCA .......................................................................................................................117 3.1 INSTRUÇÕES PARA O SOCORRISTA ......................................................................................118 3.2 TÉCNICA DE COMPRESSÃO TORÁCICA ..............................................................................118 3.3 COMPRESSÃO TORÁXICA EXTERNA ....................................................................................120 3.4 POSIÇÃO DE RECUPERAÇÃO ..................................................................................................120 3.5 COMPLICAÇÕES POR REALIZAÇÃO DE MONOBRAS INADEQUADAS ..................... 121 4 HEMORRAGIAS ............................................................................................................................... 122 4.1 TIPOS DE HEMORRAGIAS ........................................................................................................ 123 4.1.1 Anatomia das hemorragias ............................................................................................... 123 4.1.2 Hemorragia nasal (epistaxe) .............................................................................................. 123 4.1.3 Hemorragia do conduto auditivo externo (otorragia) ................................................... 123 4.1.4 Hemorragia dos pulmões (hemoptise) ............................................................................. 124 4.1.5 Hemorragia do sistema digestivo (hematêmese) ............................................................ 124 4.1.6 Hemorragia intracraniana .................................................................................................. 125 4.1.7 Hemorragia interna ............................................................................................................. 126 4.1.8 Melena ................................................................................................................................... 126 4.2 MEDIDAS DE SOCORRO ........................................................................................................... 126 4.3 TÉCNICAS PARA CONTROLES DA HEMORRAGIA........................................................... 127 4.3.1 Técnica de compressão direta sobre o ferimento ............................................................127 4.3.2 Técnica da elevação do ponto de sangramento ............................................................... 127 4.3.3 Técnica da compressão sobre os pontos arteriais ............................................................127 4.3.4Técnica de torniquete ........................................................................................................... 128 5 ESTADO DE CHOQUE ................................................................................................................... 129 5.1 CAUSAS DO ESTADO DE CHOQUE ....................................................................................... 129 5.2 TRATAMENTO PARA O ESTADO DE CHOQUE .................................................................. 130 6 CHOQUE ANAFILÁTICO ............................................................................................................... 131 RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 132 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 133 UNIDADE 3 – EMERGÊNCIAS CLÍNICAS ................................................................................... 135 TÓPICO 1 – EMERGÊNCIAS CLÍNICAS RESPIRATÓRIAS E CIRCULATÓRIAS .............. 137 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 137 2 EMERGÊNCIAS RESPIRATÓRIAS .............................................................................................. 138 2.1 HIPERVENTILAÇÃO .................................................................................................................. 138 2.2 ASMA ............................................................................................................................................. 139 2.3 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA ............................................................................................ 141 2.4 EDEMA AGUDO DE PULMÃO ................................................................................................ 143 3 EMERGÊNCIAS CIRCULATÓRIAS ............................................................................................. 144 3.1 ANGINA DE PEITO ..................................................................................................................... 144 3.2 ARRITMIAS CARDÍACAS .......................................................................................................... 145 3.3 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO ...................................................................................... 146 3.4 CRISE HIPERTENSIVA................................................................................................................ 148 3.5 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) ........................................................................... 150 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 153 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 154 XI TÓPICO 2 – EMERGÊNCIAS CLÍNICAS GERAIS ...................................................................... 155 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 155 2 CÓLICA RENAL ............................................................................................................................... 155 3 DIABETES: COMA DIABÉTICO E HIPOGLICEMIA .............................................................. 157 4 INSOLAÇÃO ..................................................................................................................................... 159 5 EXAUSTÃO PELO CALOR ............................................................................................................ 160 6 CÃIBRAS DE CALOR ...................................................................................................................... 160 7 DIARREIA .......................................................................................................................................... 161 8 DESMAIO .......................................................................................................................................... 162 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 164 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 165 TÓPICO 3 – ALTERAÇÕES MENTAIS ........................................................................................... 167 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 167 2 CONVULSÃO ................................................................................................................................... 167 3 NEUROSE HISTÉRICA ................................................................................................................... 169 4 ALCOOLISMO AGUDO ................................................................................................................. 170 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 171 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 172 TÓPICO 4 – PRIMEIROS SOCORROS EM EMERGÊNCIAS TRAUMÁTICAS ................... 173 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 173 2 LESÕES TRAUMÁTICAS NOS OSSOS ..................................................................................... 174 2.1 AMPUTAÇÕES ............................................................................................................................ 180 3 LESÕES TRAUMÁTICAS NOS MÚSCULOS ............................................................................ 181 4 LESÕES TRAUMÁTICAS NAS ARTICULAÇÕES ................................................................... 182 4.1 AS ENTORSES .............................................................................................................................. 182 4.2 AS LUXAÇÕES............................................................................................................................. 183 5 LESÕES TRAUMÁTICAS NOS OLHOS ..................................................................................... 184 6 LESÕES TRAUMÁTICAS NA CABEÇA E NA COLUNA VERTEBRAL ............................. 188 6.1 LESÕES NA CABEÇA................................................................................................................. 188 6.2 LESÕES NA COLUNA VERTEBRAL ....................................................................................... 191 7 LESÃO TRAUMÁTICA NO TÓRAX ........................................................................................... 194 8 LESÃO TRAUMÁTICA DE ABDÔMEN ..................................................................................... 195 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 196 RESUMO DO TÓPICO 4.................................................................................................................... 200 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 202 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................................203 XII 1 UNIDADE 1 POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você será capaz de: • diferenciar os conceitos de avaliação e testes de avaliação e suas peculiari- dades; • compreender o que são grupos especiais e seu impacto na saúde pública do Brasil e do mundo; • entender a importância dos programas de atividades físicas para grupos especiais. Esta unidade está organizada em três tópicos. Ao final de cada um deles, você encontrará o resumo e a atividade, que darão maior compreensão dos temas abordados. TÓPICO 1 – GRUPOS ESPECIAIS TÓPICO 2 – QUAL É O PAPEL DO EDUCADOR FÍSICO? TÓPICO 3 – MEIOS DE AVALIAÇÃO PARA GRUPOS ESPECIAIS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 GRUPOS ESPECIAIS 1 INTRODUÇÃO As pessoas são muito diferentes umas das outras. As definições para separar populações foram feitas para organizar grandes grupos com as mesmas características. Como exemplo de populações parecidas, temos a definição de homens e mulheres, crianças, adolescentes e adultos e assim por diante. Grupos ou populações especiais são as pessoas que compõem uma parcela da população com necessidades específicas e que exigem atenção, sejam elas passageiras ou não. Segundo Farlex (2011), populações especiais são consideradas as pessoas que poderiam ser mais sensíveis ou suscetíveis à exposição a substâncias ou situações perigosas, por causa de fatores como idade, ocupação, sexo ou comportamentos. Atualmente, os grupos especiais são divididos em hipertensos, idosos, obesos, cardiopatas, diabéticos, grávidas e portadores de necessidades especiais. No ramo da atividade física, entendemos que crianças, gestantes, adolescentes e mulheres também podem ser considerados grupos especiais, pois requerem uma série de recomendações exclusivas para a prática de exercícios físicos. Outros grupos, como transplantados, portadores de câncer, deficientes visuais, deficientes auditivos, portadores de síndromes, portadores de AIDS, amputados, portadores de lesões graves de coluna também são considerados populações especiais, mas com limitações únicas e necessitam de um tratamento exclusivo, não podendo ser acompanhados em grupo, pela necessidade de singularidade de cada caso. A definição de Sena (2010) é: Designa-se por populações especiais todas as situações nas quais uma determinada doença ou condição, de caráter irreversível ou não, requerem um cuidado e atenção redobrada em termos de prática de exercício físico”. São exemplos de Populações Especiais: diabéticos, hipertensos, ateroscleróticos, crianças, obesos, tabagistas, cardiopatas, grávidas etc. Quando observamos os grupos de pessoas, percebemos que cada uma apresenta diferenças em relação às outras, que interferem na realização de atividades físicas. O que se deve observar é se a atividade física, por mais leve que seja, não provoque alterações de origem metabólica ou que não possa colocar o indivíduo em risco, ou apresentar algum tipo de sintoma que leve a sofrer quedas ou perda de consciência. Usamos como exemplo um diabético, que apresenta queda nos níveis de glicose (hipoglicemia severa), levando à confusão mental e sonolência. Estando esta pessoa numa esteira elétrica, poderia sofrer uma queda e provocar graves lesões, inclusive lesar pessoas à sua volta. UNIDADE 1 | POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS 4 UNI O CID (Classificação Internacional de Doenças) da OMS (Organização Mundial da Saúde) é o referencial utilizado pelo médico para dar o diagnóstico de Pessoa com deficiência (PCD). FIGURA 1 – ATIVIDADE FÍSICA FONTE: Disponível em: <http://cienciadotreinamento.com.br/wp-content/ uploads/2016/03/active-exercise-program.png>. Acesso em: 12 ago. 2017. Quando a atividade física é um esporte, por mais saudável que seja, se praticado de maneira excessiva, pode inverter os efeitos positivos e conduzir para danos à saúde (WEINECK, 2003). FIGURA 2 – A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL FONTE: Disponível em: <https://www.eusemfronteiras.com.br/ conheca-a-dieta-ovolactovegetariana/>. Acesso em: 17 jan. 2018. Independente de tipo de população, a atividade física deve estar associada a hábitos alimentares saudáveis e estilo de vida livre de tabagismo, alcoolismo e sedentarismo (WEINECK, 2003). 2 CLASSIFICAÇÃO DAS POPULAÇÕES ESPECIAIS Um indivíduo fisicamente ativo tende a ser mais saudável, com maior qualidade e expectativa de vida, com redução de diversas enfermidades. Segundo Powell, Paluch e Blair (2011), a atividade física, o exercício físico e o esporte TÓPICO 1 | GRUPOS ESPECIAIS 5 UNI Existem muitas outras doenças que também se relacionam à população especial: deficientes (visual, intelectual e física), surdez; distúrbios emocionais (psicose, neurose, distúrbio de personalidade, esquizofrenia, distúrbio de comportamento da infância e da adolescência, depressão); distúrbio de desenvolvimento (autismo, síndrome de Rett, síndrome desintegrativa da infância, síndrome de Asperger); fibrose cística, câncer, anemia falciforme, hemofilia, síndrome da imunodeficiência adquirida, transplante de órgãos, síndrome da fadiga crônica; distúrbios de aprendizagem etc. integram a abordagem médica para a prevenção das doenças cardiovasculares (DCVs), que incluem coronariopatias, infarto agudo do miocárdio, arritmias, entre outras, que geram grandes limitações funcionais e gastos públicos acentuados em seu tratamento, exigindo uma abordagem multidisciplinar. Sena (2010) preconiza que inicialmente faz-se necessária uma estratificação dos riscos, presentes nos vários tipos de indivíduos que desejam praticar atividade física. Esta estratégia é indispensável, pois é por meio dela que se verifica a existência de riscos para as doenças coronarianas e classifica os grupos em três categorias: 1. Aparentemente saudáveis: indivíduos que são assintomáticos e aparentemente saudáveis, com não mais do que um fator de risco coronário. 2. Risco aumentado: indivíduos que têm sinais e sintomas que sugerem uma possível doença cardiopulmonar ou metabólica e/ou dois ou mais fatores de risco coronário. 3. Doença diagnosticada: indivíduos com uma doença cardíaca ou pulmonar diagnosticada. FIGURA 3 – DOENÇAS METABÓLICAS E A INFÂNCIA FONTE: Disponível em: <http://iurinascimento.com/perfil/>. Acesso em: 1 ago. 2017. UNIDADE 1 | POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS 6 Lembre-se: populações especiais são grupos diferentes de pessoas com necessidades especiais, embora pessoas com necessidades especiais façam parte de populações especiais, ou seja, que apresentam algum tipo de vulnerabilidade para a prática de atividades físicas ou atividades afins. Populações especiais com uma condição clínica especial, que pode requerer uma perícia e supervisão para superar essa situação; já a pessoa com necessidades especiais é definida pela legislação brasileira (Lei nº 38/2004, de 18 de agosto de 2004, s.p.) como […] aquela que, por motivo de perda ou anomalia, congênita ou adquirida, de funções ou de estruturas do corpo, incluindo as funções psicológicas, apresente dificuldades específicas susceptíveis de, em conjugação com os fatores do meio, lhe limitar ou dificultar a atividade e a participação em condições de igualdade com as demais pessoas. A Legislação de Bases Gerais do Regime Jurídico da Prevenção, Habilitação, Reabilitação e Participação da Pessoa com Necessidade diferencia estas populações pelo risco cardiovascular frente à realização de atividades físicas. FIGURA 4 – ATIVIDADE FÍSICA PARA TODOS FONTE: Disponível em: <http://www.sbh.org.br/geral/atualidades-a-pratica-de- atividade-fisica-na-hipertensao-arterial.asp>. Acesso em: 1 ago. 2017. Estudos científicos comprovamque exercícios físicos são fundamentais para a melhora da saúde e da qualidade de vida das pessoas. Doenças muito frequentes na vida moderna, como a obesidade, a hipertensão arterial e a diabetes, podem ser agravadas com a ausência de exercícios físicos, cuja prática regular pode auxiliar na redução da gravidade e no tratamento dessas doenças. 3 ATIVIDADE FÍSICA PARA TODOS As linhas orientadoras existentes para a prática de atividade física (AF), na população, sugerem que para promover e manter a saúde, todos os indivíduos com idades entre os 18 e 65 anos deveriam praticar exercício aeróbio de moderada intensidade, num mínimo de 30 minutos nos cinco dias da semana, ou então, TÓPICO 1 | GRUPOS ESPECIAIS 7 FIGURA 5 – EXERCÍCIOS PARA TODAS AS IDADES FONTE: Disponível em: <https://drcoluna.blogspot.com.br/2014/11/ osteopatia-no-esporte-e-na-atividade.html>. Acesso em: 17 jan. 2018. Várias pesquisas referentes à atividade física apontam o Brasil para um elevado índice de sedentarismo em todas as faixas etárias. Na população mundial a variação é de 50% a mais de 80%. (MENDES et al., 2006). Com base em estudos realizados nas últimas três décadas com a população brasileira, observa-se que está ocorrendo um aumento significativo e gradativo de pessoas com sobrepeso e obesidade, que se inicia na infância e vai até a idade adulta. Com este crescente número de indivíduos, pode-se destacar que é um comportamento epidêmico, que fará surgir uma série de novas patologias muito mais graves, além da associação delas. O tratamento convencional para perda de peso tem como base a redução na ingestão calórica, aumento do gasto energético, modificação comportamental do indivíduo e dos membros que o cercam, impactando não só na perda de peso, mas também nas doenças associadas a ele, como diabetes, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemias, síndrome metabólica etc. (I DIRETRIZ DA SBEM, 2005). exercício aeróbio vigoroso num mínimo de 20 minutos, três vezes por semana (HASKELL et al., 2007). Pequenas modificações no dia a dia – como subir escadas, saltar do ônibus um ponto antes, passear com cachorro, varrer, cuidar do jardim, lavar o carro etc. – podem ajudar a movimentar mais e servir como um estímulo para o início de uma atividade física diária. UNI UNIDADE 1 | POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS 8 Já são bem documentados na literatura os efeitos e benefícios da atividade física regular no corpo humano. A tabela a seguir resume estes benefícios em cada sistema do corpo humano. TABELA 1 – BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA REGULAR NA SAÚDE 1. Melhoria da função cardiorespiratúria a. Melhoria do V0₂ máx b. Menor custo de O₂ cardíaco para dada intensidade sub-máxima c. Menor PA e FC para dada intensidade sub-máxima d. Melhoria do limiar de acumulação de ácido láctico e. Melhoria do limiar de surgimento de sintomas (e.g., angina) 2. Redução dos factores de risco de doença coronária a. Redução da PA sistólica. e diastólica. em hipertensos (modestamente) b. Aumento do C-HDL e diminuição dos triglicéridos c. Redução da gordura corporal d. Redução das necessidades de insulina exógena e melhor tolerância à glucose 3. Decréscimo na mortalidade e morbilidade a. Prevenção primária b. Prevenção secundária 4. Outros benefícios a. Decréscimo na ansiedade e depressão b. Melhoria da sensação de bem-estar c. Melhoria do desempenho nas actividades laborais e de lazer FONTE: Disponível em: <https://estudogeral.sib.uc.pt/bistream/10316/20800/1/tese%20final. pdf>. Acesso em: 1 ago. 2017. FIGURA 6 – A ATIVIDADE FÍSICA FAZ BEM AO CORAÇÃO FONTE: Disponível em: <https://www.blogadao.com/doencas- hipocineticas-causas-tratamento/>. Acesso em: 1 ago. 2017. TÓPICO 1 | GRUPOS ESPECIAIS 9 Falaremos mais adiante sobre a prescrição da atividade física para cada grupo, suas implicações e cuidados necessários para um impacto positivo na saúde. 4 DIFERENÇAS ENTRE ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO A atividade física pode ser definida como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso. Já o exercício físico é toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física (CASPERSEN et al.,1985 apud GUEDES; GUEDES, 1995). Portanto, quando um indivíduo faz exercícios sob monitoramento de um profissional, seguindo uma sequência, este é exercício físico. Quando a pessoa sai para caminhar na rua, sem pressa e sem controle da velocidade e intensidade dos passos, passa a ser atividade física. FIGURA 7 – A CONQUISTA DA SAÚDE FONTE: Disponível em: <http://cebes.org.br/2014/04/direito-integral-e- universal-a-saude-dos-trabalhadores-avancos-e-desafios/>. Acesso em: 1 ago. 2017. 4.1 O DIREITO INTEGRAL À SAÚDE No Brasil, o direito universal e integral à saúde foi conquistado pela sociedade na Constituição de 1988 e reafirmado com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90. Estes direitos incluem acesso à atividade física e orientação para a realização de exercícios físicos com cautela e segurança, que fazem parte dos serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, garantindo a integralidade da atenção, indo ao encontro das diferentes realidades e necessidades de saúde da população. UNIDADE 1 | POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS 10 A Estratégia Saúde da Família (ESF) é composta por equipe multiprofissional de médico generalista/especialista em saúde da família ou de família e comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS). UNI A Política Nacional de Atenção Básica (2012) esclarece a Estratégia Saúde da Família destacando a importância das ações de enfoque aos grupos de risco, que na verdade são populações especiais: I. Desenvolver ações que priorizem os grupos de risco e os fatores de risco clínico- comportamentais, alimentares e/ou ambientais, com a finalidade de prevenir o aparecimento ou a persistência de doenças e danos evitáveis; II. Realizar o acolhimento com escuta qualificada, classificação de risco, avaliação de necessidade de saúde e análise de vulnerabilidade, tendo em vista a responsabilidade da assistência resolutiva à demanda espontânea e o primeiro atendimento às urgências; III. Prover atenção integral, contínua e organizada à população adscrita; IV. Realizar atenção à saúde na Unidade Básica de Saúde, no domicílio, em locais do território (salões comunitários, escolas, creches, praças etc.) e em outros espaços que comportem a ação planejada. UNI Você pode consultar equipes de saúde próximas de sua casa através do site: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/historico_cobertura_sf.php>. A regulamentação do SUS estabelece princípios e direciona a implantação de um modelo de atenção à saúde que priorize a descentralização, a universalidade, a integralidade da atenção, a equidade e o controle social, ao mesmo tempo em que incorpora, em sua organização, o princípio da territorialidade para facilitar o acesso das demandas populacionais aos serviços de saúde. A partir de 2012, o Ministério da Saúde transformou o Programa de Saúde da Família (PSF) para Estratégia Saúde da Família (ESF) (BRASIL, 1994). O principal objetivo desta mudança foi a reorganização das práticas assistenciais e melhoria do atendimento à população. 11 Neste tópico você estudou que: • Desenvolvemos o conhecimento de que grupos especiais estão em todo lugar, são pessoas que necessitam de algum cuidado na realização de atividades físicas e até outras atividades. • Estudos científicos comprovamque exercícios físicos são fundamentais para a melhora da saúde e da qualidade de vida das pessoas. • No contexto de saúde pública, os grupos especiais precisam de programas de atividade física para reduzir a morbimortalidade associada ao sedentarismo. • A regulamentação do SUS estabelece princípios e direciona a implantação de um modelo de atenção à saúde que priorize a descentralização, e que dentro deste sistema estão inclusas práticas do profissional educador físico e afins no desenvolvimento de programas de exercícios físicos para grupos especiais, incluindo idosos, obesos, cardiopatas, hipertensos etc. RESUMO DO TÓPICO 1 12 1 Com a evolução da ciência e da fisiologia do exercício, percebemos que cada vez mais as pessoas se preocupam com a boa forma corporal e aparência física. Com o passar do tempo a sociedade de consumo passou a impor padrões de beleza. A beleza, como padrão, é um meio que as pessoas têm buscado para conseguir saciar-se sem nunca querer sair do foco central de toda a atenção desejada. Atualmente percebe-se que a aparência se tornou a essência humana, sendo considerada mais importante do que valores e princípios que vigoravam em tempos passados. Diante deste contexto, assinale a alternativa correta: a) ( ) A evolução da ciência proporcionou formas distintas e concretas de atingir boa forma corporal e a aparência física desejada. Esta mesma evolução permitiu o avanço da ciência para dar mais liberdade e capacidade a pessoas com limitações físicas, que eram restritas a viverem presas a cadeiras de rodas, como os paraplégicos, por exemplo, que hoje têm seu próprio carro, praticam esportes e têm uma vida muito próxima do normal. b) ( ) A ciência evoluiu na área da beleza de forma a deixar uma lacuna entre a busca da perfeição corporal e a saúde e qualidade de vida. Houve uma evolução acelerada apenas na área da beleza. c) ( ) A atividade física utilizada como forma de se obter um padrão de beleza tão sonhado, não está relacionada a hábitos alimentares saudáveis e estilo de vida livre de tabagismo, alcoolismo e sedentarismo. d) ( ) Dentro da estratificação de riscos, pessoas com “risco aumentado” podem praticar exercícios preocupando-se somente com a aparência física, independentemente de seu estilo de vida e fatores associados. 2 A lei que classifica: “Aquela que, por motivo de perda ou anomalia, congênita ou adquirida, de funções ou de estruturas do corpo, incluindo as funções psicológicas, apresente dificuldades específicas susceptíveis de, em conjugação com os fatores do meio, lhe limitar ou dificultar a atividade e a participação em condições de igualdade com as demais pessoas” Lei nº 38/2004, de 18 de agosto de 2004. A lei supracitada é relacionada a: a) ( ) Pessoas com necessidades especiais b) ( ) Pessoas designadas como populações especiais c) ( ) Portadores de síndromes especiais 3 A obesidade é uma doença crônica decorrente de um aumento da quantidade de gordura no organismo. É uma doença silenciosa e pode ser a causa de vários problemas de saúde, como hipertensão, diabetes, coronariopatias etc. Diante do exposto, assinale a alternativa que aborda o tratamento convencional para o tratamento da obesidade: AUTOATIVIDADE 13 a) ( ) O tratamento convencional para perda de peso tem como base a redução na ingestão calórica, aumento do gasto energético com atividade física, modificação comportamental do indivíduo e dos membros que o cercam. b) ( ) O tratamento convencional para perda de peso é a dieta com restrição calórica, acompanhamento nutricional e ingestão de fármacos para controle da vontade de comer doces. c) ( ) O tratamento convencional é baseado em acompanhamento de profissional de educação física, sem restrição calórica. d) ( ) O tratamento convencional para perda de peso é a dieta com restrição calórica, acompanhamento nutricional sem relacionar doenças associadas. 4 Prescrever exercício físico requer um planejamento estruturado e repetitivo que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física. O objetivo do exercício físico é trazer ganhos como força, melhora da função cardiorrespiratória, qualidade de vida, prevenção de doenças cardiovasculares, decréscimo da mortalidade e morbidade, entre outros. Assinale a alternativa que não sofre influências com a prática regular de atividade física: a) ( ) Previne o sobrepeso e a obesidade. b) ( ) Aliado contra o tabagismo. c) ( ) Melhora da função cardiorrespiratória. d) ( ) Aumento no número de células adipócitos. 14 15 TÓPICO 2 QUAL É O PAPEL DO EDUCADOR FÍSICO? UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Prescrever atividade física para grupos especiais requer uma base teórica aprofundada, com conhecimento fisiológico, cinesiológico e patológico, para pesquisa e programação de treinos, promovendo atividades físicas para indivíduos com necessidades particulares, que favoreçam a redução do consumo de medicamentos, objetivando a prevenção e promoção da saúde por meio de práticas corporais, visando à aquisição de um estilo de vida mais saudável, dentro das condições de cada grupo. FIGURA 8 – O EDUCADOR FÍSICO E A PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO FONTE: Disponível em: <https://horadotreino.com.br/profissional-educacao- fisica/>. Acesso em: 1 ago. 2017. 2 O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA O profissional de Educação Física pode atuar individualmente na prescrição da atividade física para cada indivíduo, e pode intervir dentro de programas, como o Programa Saúde da Família (PSF), tanto para orientar sobre a importância de hábitos de vida ativa, quanto para promover e estimular a adoção de um estilo ativo de vida, contribuindo para minimizar os riscos de doenças crônicas não transmissíveis e os agravos delas decorrentes. Partindo desse pressuposto, cabe ao profissional de Educação Física, junto aos serviços públicos e privados de saúde e em outros espaços de intervenção, desenvolver ações que propiciem a melhoria da qualidade de vida da população. UNIDADE 1 | POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS 16 O curso de Educação Física é um dos mais escolhidos por pessoas que prezam pela saúde e encontram nas atividades físicas uma fonte para investir em qualidade de vida e bem-estar. UNI A Lei nº 9.696, de 1º de setembro de 1998, dispõe o papel do educador físico frente à atividade física: Art. 3º Compete ao profissional de Educação Física coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto (NAHAS, 2010). A atividade física, conforme está cientificamente comprovado, apresenta diversos efeitos benéficos ao organismo, uma promoção da saúde para a população que vai além dos ganhos estimados. É recomendada como uma forma estratégica de permitir uma melhor qualidade de vida com o passar dos anos, contribuindo para o aumento da expectativa de vida e levando as pessoas a viverem mais. A prática regular de exercícios garante melhora da saúde, desde a infância até na terceira idade. O profissional de Educação Física deverá conhecer a legislação específica da sua área de competência, para que não incorra em condutas e procedimentos que caracterizem práticas específicas de outras profissões da área da saúde. Outro fator importante é compreender que o profissional deve associar todos os fatores biopsicossociais que influenciam a adesão e manutenção do exercício físico nos níveis adequados, ou seja, precisa mensurar os resultados daprescrição do exercício para estas populações. Compete ao educador físico conhecer cada fase da idade e das diversas doenças desenvolvidas pelo homem, a fim de desenvolver um plano de exercícios que tragam benefícios e resultados positivos. Um exemplo é o período do climatério, uma fase da vida da mulher em que as alterações hormonais causam profundas modificações metabólicas e emocionais, que fazem com que os exercícios sejam benéficos e recomendados para a manutenção do peso, a redução da gordura corporal, a manutenção ou o aumento das massas muscular e óssea, além de inúmeros benefícios psicológicos. Cabe ao profissional orientar e acompanhar os resultados obtidos através da atividade física regular. TÓPICO 2 | QUAL É O PAPEL DO EDUCADOR FÍSICO? 17 Pessoas ativas fisicamente tendem a sofrer menos com a dor, pois os exercícios oferecem uma ação analgésica natural através da produção de endorfinas. FIGURA 9 – AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA FONTE: Disponível em: <https://i.ytimg.com/vi/WXaKmhvekjQ/ maxresdefault.jpg>. Acesso em: 30 nov. 2017. FIGURA 10 – A EDUCAÇÃO FÍSICA NA PREVENÇÃO FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-2i5tSotuSco/ T3HsR00XYnI/AAAAAAAAAkk/uT09wrYahrc/s1600/SDC11036.JPG>. Acesso em: 11 ago. 2017. UNI Nas próximas unidades, vamos tratar dos grupos ou populações especiais mais comuns, com suas necessidades e recomendações para a prática de exercícios físicos. UNIDADE 1 | POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS 18 3 A INTENSIDADE DO EXERCÍCIO Desde 1986, as diretrizes sobre frequência, intensidade e duração do exercício são difundidas. Uma das maiores entidades em atividade física e esportes, a NSCA (National Strengt and Conditioning Association Foundation), relata que a prescrição do exercício físico deve ser composta de: - Escolha do exercício mais adequado. - Ordem do exercício. - Força aplicada. - Número de séries. - Tempo de repouso entre as séries. O exercício realizado regularmente, ou seja, com uma determinada combinação de frequência, intensidade e duração é o segredo para a obtenção do aumento do condicionamento físico. A interação desses fatores fornece o estímulo de sobrecarga, e quanto maior o estímulo, maior é o efeito. Devido à necessidade de um grupo especial requerer manter a força e também a resistência cardiovascular, o programa de exercícios deve compor o treinamento dos principais grupos musculares (resistência), exercícios de flexibilidade ou associados, dependendo das necessidades de cada um. 4 POR ONDE COMEÇAR? A primeira atitude de um profissional é avaliar, interpretando as informações e dando um diagnóstico inicial ao aluno, indicando estratégias de melhoria do condicionamento corporal através de exercícios físicos e esportes. As evidências científicas comprovam que sem uma avaliação física fica muito difícil a prescrição de um programa de treinamento. Ela é iniciada pela anamnese, um termo usado em todas as áreas da saúde para designar o relato da doença e toda sua história. É uma entrevista que ajuda o profissional no diagnóstico e, com isto, traçar o objetivo e conduta no tratamento. Neste momento se verificam os hábitos alimentares, doenças hereditárias, limitações, cirurgias, fatores de risco para doenças cardiovasculares e coronariopatias, perfil de atividade física indicada e nível de motivação pessoal. A avaliação física é parte integrante inicial do programa de exercício físico, sendo uma ferramenta importante tanto para o aluno quanto para o professor, importante para o sucesso do objetivo do aluno que começa suas atividades físicas regulares, e mais importante ainda para o professor, que buscará alcançar os objetos propostos por seu aluno. Nas crianças, a anamnese é feita com a mãe, nos adolescentes é feita com a mãe e, logo depois, somente com o adolescente. A avaliação prossegue através de testes antropométricos e ergométricos, avaliação metabólica, cardiorrespiratório, neuromuscular e da flexibilidade. TÓPICO 2 | QUAL É O PAPEL DO EDUCADOR FÍSICO? 19 A Confederação Nacional de Educação Física (CONFEF) reconhece que o tipo e a intensidade do exercício físico, a frequência e a duração da sessão devem ser prescritos pelo profissional de Educação Física e adaptados às condições do beneficiário/grupo, considerando não somente o seu estado de saúde, risco ou doença, mas também as suas capacidades físicas, limitações individuais, objetivos pessoais e preferências, de modo a otimizar os benefícios e a adesão à prática regular em programas de atividades físicas e desportivas. A avaliação física, conforme Monteiro (2009, p. 16): Consiste em um processo sistematizado e sistemático no que diz respeito à coleta de dados, ao tratamento destes dados e a análise de resultados. É o primeiro feedback e contato do aluno e seu professor, para que ele saiba como está toda a sua situação física naquele momento, ela fará um diagnóstico inicial do aluno, e todo o acompanhamento do aluno enquanto ele estiver fazendo suas atividades físicas para saber se ele está evoluindo e alcançando seus objetivos propostos no início da prescrição, buscando sempre a melhor estratégia e ergonomia para o alcance dos resultados. Em face da responsabilidade ética do exercício profissional, as informações da avaliação física serão mantidas sob sigilo, tanto do ponto de vista profissional quanto no institucional, e o beneficiário será notificado da importância da veracidade das informações por ele prestadas. O profissional da área da saúde tem como obrigação saber aplicar e avaliar os testes ou protocolos, a fim de prescrever ou orientar atividades físicas com maior qualidade, que segundo o Conselho Federal de Medicina estabelece na Nota técnica CONFEF n° 002/2012: 1- Antes do início do desenvolvimento do programa de exercícios, de atividades físicas e/ou desportivas, faz-se necessária a realização de avaliação física procedida por profissional de Educação Física, de acordo com a sua respectiva área de intervenção, que analisará as condições para o desenvolvimento das atividades a serem realizadas; 2- Nos casos em que o profissional de Educação Física, de acordo com a classificação de risco proposta pelo ACSM e a intensidade de exercício proposta, identifique indivíduos sintomáticos ou com fatores de risco para doenças cardiovasculares, metabólicas, pulmonares e do sistema locomotor, que podem ser agravadas pela atividade física, deverá solicitar avaliação médica especializada objetivando identificar restrições e estabelecer linhas de orientação para prescrições de exercícios apropriados pelo profissional de Educação Física; 3- Na aplicação de avaliação física, o profissional de Educação Física utilizará conhecimentos sobre: Protocolos de testes, suas indicações e contraindicações; Fisiologia do exercício e das respostas hemodinâmicas e respiratórias ao exercício físico; Princípios e detalhes da avaliação, inclusive o preparo do beneficiário e mecanismos de funcionamento dos equipamentos, bem como suas limitações; Indicações de interrupção dos testes; 4 - No âmbito da avaliação física, o profissional de Educação Física coleta dados e interpreta informações relacionadas com prontidão UNIDADE 1 | POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS 20 para a atividade física, fatores de risco, qualidade de vida e nível de atividade física; Afere e avalia pressão arterial e frequência cardíaca; Aplica escalas de percepção do esforço; Utiliza ergômetros (esteira, cicloergômetro, etc) e outros equipamentos utilizados em programas de atividade física; Utiliza equipamentos para medição de glicemia e concentração de lactatos e interpreta os resultados obtidos; Conhece, aplica e interpreta testes de laboratório e campo utilizados em avaliação física; Realiza e interpretaavaliação de medidas antropométricas; Prescreve atividades físicas baseadas em testes ergoespirométricos; Prescreve atividades físicas baseadas em limiares metabólicos, frequência cardíaca e percepção de esforço; 5 - No âmbito da avaliação física, o profissional de Educação Física poderá trabalhar individualmente ou em equipes multiprofissionais; 6- O profissional de Educação Física deve registrar o mais pormenorizadamente possível as informações relativas à avaliação física, utilizando-se de prontuário, ficha de controle ou equivalente relatando as informações sobre dados pessoais; hábitos de vida, bem como se faz ou não uso de medicamentos ou tratamento médico específico; limitações físicas, condições físicas/corporais e programa desenvolvido pelo beneficiário. Apresentamos um modelo de avaliação com os dados mais importantes sobre a vida do participante, que deve apresentar compreensão e alfabetização para responder. Caso não seja possível, o profissional deverá ler e transcrever as respostas do aluno para o papel. QUADRO 1 – MODELO DE FICHA DE AVALIAÇÃO/ANAMNESE FICHA DE ANAMNESE CORPORAL Dados Pessoais Nome: Endereço: Bairro: Fones: Etnia: Indicação: Motivo da Visita: Data: / / Idade Sexo: Data Nasc: CEP: Profissão: Cidade: Res: Comercial: Est. Civil: E-mail: Em caso de emergência avisar: Nome: Telefone: Médico: Telefone: Convênio Méd: Cart: Hospital: TÓPICO 2 | QUAL É O PAPEL DO EDUCADOR FÍSICO? 21 Histórico Costuma permanecer muito tempo sentada ? S N Antecedentes cirúrgicos ? S N Quais? Trat. estético anterior ? S N Quais? Antecedentes alérgicos ? S N Quais? Funcionamento intestinal regular ? S N Obs.: Pratica atividade física ? S N Quais? É fumante? S N Alimentação balanceada ? S N Tipo? Ingere líquidos com frequência ? S N Quanto? É gestante ? S N Filhos? S N Quantos? Tem algum problema ortopédico ? S N Qual? Faz algum tratamento médico ? S N Qual? Usa ou já usou ácidos na pele? S N Quais? Já fez algum tratamento ortomelecular ? S N Qual? Cuidados Diários e produtos em uso: S N Qual? Portador de Marcapasso ? S N Qual? Presença de metais ? S N Local? Antecedentes oncológicos ? S N Qual? Ciclo menstrual regular ? S N Obs.: Usa método anticoncepcional ? S N Qual? Varizes ? S N Grau: Lesões ? S N Quais? Hipertensão ? S N Hipotensão? S N Epilepsia ? S N Diabetes? S N Termo de Responsabilidade Estou ciente e de acordo com todas as informações acima relacionadas. ____________________________________ ___________________________________ Local e Data Assinatura Cliente FONTE: Disponível em: <https://www.slideshare.net/luiz1964/ficha-de-anamnese-corporal>. Acesso em: 30 nov. 2017. Como você percebe, a avaliação pode ser simples e clara, a fim de obter os dados necessários para a prescrição de exercícios com segurança. UNIDADE 1 | POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS 22 Este questionário pode ser preenchido pelo próprio aluno e é baseado nele que o profissional educador físico irá coletar todas as informações para a prescrição e montagem de um programa de exercícios. Este questionário também serve para fazer reavaliações do estado de saúde do aluno, podendo comparar o que o aluno respondeu em diversas épocas em que participou do treinamento (início, após seis meses, após um ano etc). O encaminhamento médico é necessário, e caso não seja enviado pelo aluno, o profissional pode enviar um formulário solicitando o atestado. 5 GRUPOS ESPECIAIS E A INTENSIDADE DO EXERCÍCIO O tipo de exercício físico, a frequência e duração da sessão devem ser adaptados ao indivíduo ou ao grupo, considerando não somente o estado de saúde e o nível de risco ou doença, mas também a capacidade física, as limitações individuais, a situação psicossocial, os objetivos pessoais e as preferências, visando otimizar os benefícios e obter uma adesão duradoura das pessoas ao programa de exercícios físicos. Somente com todas as informações sobre o indivíduo e pleno conhecimento da situação, poderá o profissional adequar o exercício físico aos objetivos, características e necessidades pessoais. Na realização de programas públicos e/ou privados com grande número de participantes é indispensável uma triagem inicial dos praticantes, o que permite, inclusive, identificar indivíduos que necessitam de acompanhamento médico. Teste ergométrico ou teste de esforço: Quem precisa fazer? Após a criteriosa avaliação pré-participação, o educador físico pode identificar risco cardiovascular associado. Nestes casos, o Teste Ergométrico (TE) pode ser solicitado ao médico responsável. O TE é um método universalmente aceito para o diagnóstico de doenças cardiovasculares, tendo também a finalidade de determinação prognóstica, principalmente da tolerância ao esforço e de sintomas compatíveis com arritmias ao exercício, sendo importante instrumento na tomada de decisão, em várias situações clínicas (SBC, 2010). Este teste gera respostas fisiológicas importantes, comportamento pressórico, que são marcadores prognósticos de doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial sistêmica, doença coronariana, cardiomiopatia hipertrófica, dentre outras. Segundo o Posicionamento Oficial 004/2015 da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015), para a realização de exercícios físicos de baixa intensidade, como caminhadas, não há, de modo geral, necessidade de teste ergométrico de rotina, já que não existe evidência de benefício e essa exigência pode ser uma barreira para a participação, ou seja, o indivíduo pode sentir-se constrangido em não ter condições financeiras para a realização do TE, ou acabar frustrado com a necessidade de precisar tal exame, desistindo do programa de atividades físicas. Nestes casos, o profissional educador físico deve apresentar uma metodologia acolhedora e orientadora. Pode iniciar as orientações sobre o programa, verificar as necessidades de cada um, realizar as avaliações e testes indicados, realizar palestras de orientação sobre os temas relacionados a cada grupo especial. Como dicas de assuntos que podem ser abordados, destacamos: TÓPICO 2 | QUAL É O PAPEL DO EDUCADOR FÍSICO? 23 FIGURA 11 – O TESTE ERGOMÉTRICO FONTE: Disponível em: <http://ativesite.com.br/clinicamedica2/wpcontent/ uploads/2015/09/x3567.jpg.pagespeed.ic.PxE4oQ6JgA.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2017. • A importância da alimentação saudável e o que são alimentos saudáveis. • Importância das atividades físicas para aquele grupo específico, destacando as particularidades de suas doenças de base e suas melhorias com o passar do tempo. • Importância do sono e da ingestão de água. • Importância do exercício aeróbico, flexibilidade e reforço muscular. • Cessação do tabagismo. A importância do contexto social de um grupo faz diferença na tomada de decisão pelo educador físico. É este que irá direcionar cada um dos participantes e encorajá-los a manter uma atividade, mesmo que seja um tanto perigoso prescrever exercícios em determinados casos,como exemplo, indivíduos com doenças cardiovasculares, síndrome metabólica etc. Nestes casos, o educador físico deve utilizar-se do bom senso e de sua avaliação psicossocial, ou seja: Esta pessoa pode iniciar pequenas caminhadas pela rua, pode passear com seu cachorro todos os dias, pode realizar caminhadas ao redor de sua casa, que, com certeza, será melhor que orientá-lo a não fazer atividade alguma porque não apresenta encaminhamento médico ou teste ergométrico. Uma ferramenta que pode auxiliar são os testes de percepção de esforço, que auxiliam o participante a quantificar a intensidade do exercício que está sendo praticado. Falaremos sobre os testes de esforço mais adiante. De maneira geral, recomenda-se o teste ergométrico nas seguintes condições: • Idade acima de 40 anos. • Idade acima de 30 anos e com um fator de risco cardiovascular adicional: - Diagnóstico de DM2 há mais de dez anos e de DM1 há 15 anos. - Hipertensão arterial. - Dislipidemia. - Tabagismo. UNIDADE 1 | POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS 24 - Retinopatia proliferativa. - Nefropatia (inclusive microalbuminúria). - Doença vascular periférica. - Neuropatia autonômica. - Suspeita ou diagnóstico de doença cardiovascular. Devemos pensar que o teste ergométrico pode realmente ser uma barreira que impede um indivíduo a iniciar a prática de atividades físicas. Este indivíduo deve ser orientado que, caso o profissional veja a necessidade de solicitar um teste ergométrico, ele traz outras vantagens além do rastreamento de doença isquêmica silenciosa, mas também pode: • Estimar a frequência cardíaca máxima. • Estimar a resposta pressórica ao exercício. • Usá-lo como parâmetro do condicionamento físico inicial. • Usá-lo como auxiliar do planejamento da evolução e do treinamento físico. • Estabelecer as faixas de intensidade do treinamento. • Avaliar a capacidade funcional e o prognóstico. Há grupos especiais que não têm condições de frequentar academia juntamente com outras pessoas, por exemplo: um indivíduo que é cego. Dependendo do grau de habilidade da deficiência visual, há risco deste aluno ser atingido por algum equipamento ou de provocar alguma intercorrência ou tropeço, portanto, ele não pode ser exposto juntamente com outros grupos só porque necessita de atividade física. Nestes momentos, o educador físico deve ser criativo e prático, indicando atividades localizadas em um ambiente isolado, a prática de exercícios ao ar livre acompanhados de um cuidador ou familiar, exercícios em equipamentos estáticos como bicicletas estacionárias. Outro exercício que pode ser realizado é a natação ou pular cordas, em que não se exige atenção visual e somente auditiva, podendo o deficiente visual praticar sem dificuldades, pois é uma atividade ritmada. Cabe ao profissional educador físico estabelecer limites, possibilidades e adaptações necessárias para o treinamento de cada grupo especial. Grupos especiais, como lesados medulares, necessitam de um acompanhamento não só de melhoria do seu condicionamento e força, mas sim, de reabilitação. O treinamento de lesados medulares pode ser feito desde que estejam reabilitados, ou seja, consigam realizar movimentos possíveis à sua lesão e que saibam seus limites. Não há como iniciar um treinamento com um indivíduo que não consegue respirar coordenadamente ou que ainda apresenta sequelas do período em que permaneceu acamado e/ou hospitalizado. Nestes casos, o educador físico deve encaminhá-lo para o trabalho inicial de reabilitação com fisioterapia (neurológica, ortopédica, respiratória) e após sua reabilitação poderá iniciar um treinamento de força, dependendo da avaliação de suas limitações. TÓPICO 2 | QUAL É O PAPEL DO EDUCADOR FÍSICO? 25 6 ATIVIDADE FÍSICA PARA IDOSOS Define-se como idoso todo indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos para países em desenvolvimento ou 65 anos, no caso de nações desenvolvidas (OMS, 2005). FIGURA 12 – O IDOSO E A ATIVIDADE FÍSICA FONTE: Disponível em: <goo.gl/ium7Ud>. Acesso em: 30 nov. 2017. No Censo de 2000, o Brasil contava com mais de 14,5 milhões de idosos (IBGE, 2002), em sua maioria com baixo nível socioeconômico e educacional e com uma alta prevalência de doenças crônicas e causadoras de limitações funcionais e de incapacidades (LIMA-COSTA et al. 2000), incorporando outros 650 mil a cada ano. É a parcela da população que mais cresce no Brasil e no mundo, ultrapassando o número de crianças (IBGE, 2002). Essa transição demográfica repercute na área da saúde, em relação à necessidade de busca de metodologias assistenciais que possam atingir toda esta população dependente de tratamento do sistema público de saúde (LIMA-COSTA; VERAS, 2003). Entre as doenças de maior mortalidade entre idosos brasileiros, o acidente vascular cerebral predomina, deixando suas vítimas com graves sequelas e com alta dependência funcional (LIMA-COSTA et al., 2000). Os fatores de risco associados ao AVC, como sedentarismo, hipertensão, diabetes, tabagismo, poderiam ser preveníveis, evitando tantos gastos em saúde e os agravos resultantes. FIGURA 13 – ATIVIDADE FÍSICA EM GRUPO FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_God3sVKwlfI/ TNWOL8XOGI/AAAAAAAAADA/uyXU-H_xCns/s1600/ginastica1.jpg>. Acesso em: 13 ago, 2017. UNIDADE 1 | POR QUE SABER PRESCREVER ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS 26 Lembrando que quando tratamos a saúde da pessoa idosa, devemos pensar na interação entre a saúde física, a saúde mental, a independência financeira, a capacidade funcional e o suporte social, que estão intimamente interligados, oferecendo qualidade de vida e segurança ao idoso (RAMOS, 2002). O processo natural do envelhecimento relaciona-se com a redução de algumas capacidades físicas que podem levar à incapacidade funcional (VERBRUGGE; JETTE, 1994, apud ALVES, 2008), as quais podem ser melhoradas com exercícios regulares. Tanto mulheres quanto homens idosos necessitam do exercício físico para garantir – entre outros bons resultados – a mobilidade dos músculos e das articulações, a prevenção de quedas, o fortalecimento de ossos e músculos. Para ALVES, 2008, a incapacidade funcional é a dificuldade experimentada em realizar atividades em qualquer domínio da vida devido a um problema físico ou de saúde. Ela também pode ser entendida como a distância entre a dificuldade apresentada e os recursos pessoais e ambientais de que dispõe para superá-la. Já a dependência é a expressão da dificuldade ou incapacidade em realizar uma atividade específica por causa de um problema de saúde (HÉBERT, 2003; apud DARIDO, 2005). Um envelhecimento bem-sucedido pode ser entendido a partir de três componentes: (a) menor probabilidade de doença; (b) alta capacidade funcional física e mental; (c) engajamento social ativo com a vida. O grande objetivo da atividade física associada a uma vida mais saudável é aumentar os anos de vida. Através de programas sociais para idosos, os serviços de saúde buscam reduzir disparidades na saúde entre diferentes grupos populacionais e assegurar o acesso do idoso a serviços preventivos de saúde. Além disso, é preciso incentivar e equilibrar a responsabilidade pessoal que é a importância do cuidado consigo mesmo, para que o idoso tenha o máximo de independência, não precisando do cuidado dos filhos ou pessoas próximas. As famílias e indivíduos devem se preparar para a velhice, esforçando-se para adotar uma postura de práticas saudáveis em todas as fases da vida (ONU, 2002). TÓPICO 2 | QUAL É O PAPEL DO EDUCADOR FÍSICO? 27 Em homenagem à aprovação do Estatuto do Idoso pela Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, o Dia do Idoso passou a ser comemorado em 1º de outubro. FIGURA 14 – ENVELHECIMENTO E SAÚDE FONTE: Disponível em: <goo.gl/GsSDdG>.
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