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Moscas-das-frutas de importância quarentenária e seu controle Beatriz Jordão Paranhos Embrapa Semiárido Semiárido CURSO CFO/ADAGRO novembro de 2016 Principais espécies de moscas-das-frutas de importância quarentenária no Brasil Bactrocera carambolae (região Norte) Anastrepha grandis (área livre Nordeste) Ceratitis capitata (VSF) Anastrepha fraterculus (região Sul) DROSOPHILIDAE Olhos vermelhos MACHOS Manchas nas asas Drosophila suzukii Ciclo das moscas-das-frutas 2-4 dias 6-15 dias 8-20 dias Anastrepha obliqua Mosca da manga Não ataca uva, por enquanto! Presente nas ilhas do Caribe, México até Argentina. Ataca manga, cajá, cajá manga, seriguela, cajarana, umbu. Anastrepha fraterculus Mosca sul americana Baixa população no VSF Presente no Sul do Texas ao norte da Argentina Ataca goiaba, pitanga, uvaia, feijoa, grumixama, maçã, pera, pêssego, ameixa. Anastrepha grandis Mosca da abóbora Abaixo do paralelo 14 -12 Principal hospedeiro é a abóbora, mas ataca melão e melancia Ocorre desde o Norte da Argentina, Paraguai, países andinos até o Sudeste e Centro Oeste do Brasil Macho Fêmea Hospedeiros: carambola, acerola, goiaba, manga, sapoti, maçã, jambo, + de 100 espécies hospedeiras. Suriname, Guiana francesa, Indonésia e Malásia Amapá, Roraima. Bactrocera carambolae Mosca da carambola Faixa costal com expansão apical Presente na Africa, Sul da Europa, EUA, México, América Central e do Sul, Havaí e Austrália. Ataca laranja, tangerina, pomelo, café, ameixa, nectarina, manga, uva, goiaba, acerola, carambola, etc. No Brasil- 1901 No VSF – 1987 Na uva - 1995 Ceratitis capitata mosca-do-mediterrâneo ou moscamed A.obliqua 35% A. pickeli 3% A. zenildae 52% A. fraterculus 2% A. sororcula 2% A. dissimilis 5% A. montei 1% Frequência das espécies de moscas-das-frutas no VSF 0 20 40 60 80 100 População de moscas-das- frutas (%) 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Ano de monitoramento C. capitata Anastrepha spp Biologia de moscas-das-frutas Duração (dias) Idade (dias) no ovos/ fêmea no hosp. Espécies Ovo Larva Pupa Ovo- Adulto Início postura C. capitata 2-4 6 -12 8-15 16-31 5-12 800 18 A. fraterculus 3-4 10-15 11-16 24-35 7-15 408 10 A. obliqua 3-4 10-15 11-16 24-35 7-15 408 8 A. grandis 3-4 12-15 15-20 30-39 7-12 4 Bactrocera carambolae 2-4 6-15 10-12 18-31 8-12 1200 a 1500 30 Danos diretos Sintomas em uvas Ataque da moscamed em diferentes fases fisiológicas de uva Itália (laboratório). 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 N d e p un ct ur as 60 dias 70 dias 80 dias 90 dias 100 dias Estados de maduración a a a b b fonte: Gomez et al, 2008 Variedade No. Coletas Peso (Kg) N° de pupas recuperadas Adultos emergidos ♀ ♂ Emergência (%) Indice de infestação (Pupas/kg) Itália 12 253,9 124 87 48 39 70,2 0,34 Benitaka 6 112,5 35 30 14 14 85,7 1,60 Festival 12 192,3 311 257 173 84 82,6 0,31 Variedade No. Coletas Peso (Kg) N° de pupas recuperadas Adultos emergidos ♀ ♂ Emergência (%) Indice de infestação (Pupas/kg) Itália 8 172,1 9 8 6 2 88,9 0,05 Benitaka 8 175,6 74 6 3 3 8,1 0,42 Festival 14 269,9 28 28 13 15 100,0 0,10 Infestação de diferentes variedades de uva por moscas-das-frutas no Submédio do Vale do São Francisco Tipo de amostra: Vinagre Campo Tipo de amostra: Vinagre Packing Infestação por moscamed em mangas Tommy 0 5 10 15 20 25 30 Nº p un ct ur as 1 2 3 4 5 Estágio de maturação Parâmetros Estágios de maturação da manga 1 2 3 4 5 Nº Pupas 0 38 100 160 456 Pupas/ fruto 0 2,1 5,5 8,9 25,3 Peso de pupas (mg) 0 8,2 8,1 9,1 8,9 Morfologia de Ovos C. capitata A. fraterculus A. obliqua Apêndice respiratório B. carambolae Larvas de Diptera encontradas em frutos Drosophilidae Tephritidae Berg, G. H. 1979 Tephritidae: Morfologia de L 3 Segmentos Área fusiforme dorsal Cabeça Área fusiforme ventral Lóbulo anal Papila Espiráculo posterior Papilas acima dos E. P. Espiráculos posteriores Lóbulo anal Papilas abaixo dos E. P. Aberturas Botão Filamentos Peritrema Larva 3: diferenças entre os gêneros Anastrepha B. carambolae C. capitata Não saltam Saltam Saltam Papilas acima/abaixo dos espiráculos posteriores EP EP acima e abaixo: 4 papilas acima: 4 papilas abaixo: 2 tubérculos com 1 papila acima: 2 tubérculos papilosos abaixo: 2 tubérculos com várias papilas Espirácu- los posterio- res = EP • Família Tephritidae • Nervura SC termina apicalmente em ângulo reto SC C R1 R2+3 M Cu1 A1+ Cu2 R4+5 PADRÃO ALAR: Faixa C unida a S e esta separada da V Anastrepha sp. Identificação do adulto Bactrocera carambolae célula mediana basal (BM) distintamente mais larga que a célula cubital basal (BCu); BCu asa nervura M reta apicalmente ??? Anastrepha daciformis B. carambolae Identificação do adulto Bactrocera carambolae cabeça Mancha facial Extensão posterior da célula cubital basal Anastrepha Ceratitis capitata Ápice da nervura M Monitoramento oficial (manga para EUA) MAD = Mosca/armadilha/dia MAD máximo permitido = 1 Nível de controle MAD = 0,25 a 0,5 M= no moscas coletadas A= no de armadilhas D= no dias de exposição MAD = M A x D Armadilha Jackson Trimedilure Armadilha McPhail Proteína hidrolizada Exigido: 1 armadilha/ 10ha ou 1/propriedade ou 90% Exigido: 1/propriedade ou 10% UVAS - Tratamento a frio Temperatura de 1 a 1,75ºC por 15 a 17 dias seguidos Mangas – Tratamento hidrotérmico USA - água do tanque a 46,5ºC até 375g - 65 min. 376 a 500g – 75 min. 501 a 700g – 90 min. 701 a 900 g – 110 min. Japão - água do tanque a 47ºC 46ºC por 5 min. no caroço. TRATAMENTO QUARENTENÁRIO …..Para MANGAS Registrar o pomar 1 mês antes da colheita Monitorar por no mínimo 6 meses MAD ≤ 1 na última semana …..Ainda para MANGAS Corte de frutos na “packing house” Quantidade de frutos a serem cortados: 149 frutos/lote (UP) / dia sob a vigilância do MAPA e APHIS Na presença de ovo ou larva na fruta, suspende exportação deste lote e deste dia No destino final - frutos livres de larvas vivas MÉTODOS DE CONTROLE DE MOSCAS- DAS-FRUTAS Devemos interromper o ciclo das moscas-das-frutas Coleta e destruição dos frutos temporões e abandonados Controle Cultural Catação de frutos e enterrio Com resíduos sólidos Frutas trituradas e/ou restos de podas + Esterco – 10 a 40% Umedecimento constante; Pode-se adicionar micronutrientes, tais como fosfato de rocha e outros; Fim do processo: quando não há mais fragmentos reconhecíveis do material de origem. Caldas orgânicasou biofertilizantes- tanques de alvenaria Água + Resíduos orgânicos: frutas e/ou restos de podas (10 a 20% do volume) + Esterco (10% do volume) Pode-se adicionar micronutrientes, tais como fosfato de rocha e outros; Fim do processo: calda de cor castanho escura após 15 dias; Aplicação: fertirrigação Alimentação animal- frutos triturados Compostagem Alimentação animal Controle legislativo Portarias ADAGRO e ADAB Legislação Federal Será fundamental Área de proteção fitossanitária (APF) • Uso de isca tóxica • Inseticidas seletivos e de baixa toxidade. Controle Químico M ar ia H er lâ n d ia F er n an d es Consulta on line no site do MAPA http://extranet.agricultura.org.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons Únicos inseticidas registrados para o VSF 1 - Success 0,02CB ® (espinosina) isca tóxica para C. capitata e A. obliqua em mangueiras e laranjeiras. Diluir 1L do produto em 1,5L de água (0,24 a 0,38 g i.a./ha) 2 - Safety® CE (Etofenproxi) –para C. capitata em mangueiras na dose de 40 a 60 mL de Safety®/100 L de água, usar 1000L/ha. Adicionar atrativo alimentar (proteína hidrolisada, milhocina, melaço, etc) 3- Biomoscamed- machos estéreis de C. capitata 4- Delegate® (espinetoram/espinosina)- para C. capitata em aceroleiras, na dose de 12 a 20 g/100L de água, usando 800 a 1000 L/ha. Adicionar atrativo alimentar (proteína hidrolisada, milhocina, melaço, etc) 5- Splat GF-120® (espinosina) - para C. capitata em pomares de acerola, goiaba, manga e uva. Usar 1kg de Splat GF-120/ha Mecanismos de resistência de insetos a inseticidas químicos e orgânicos Redução da penetração do inseticida pela cutícula do inseto Detoxificação ou metabolização do inseticida por enzimas Redução da sensibilidade no sítio de ação do inseticida no sistema nervoso Resistência a inseticidas Evolução de espécies Sobreviver sob pressão dos químicos Registros de resistência de moscas-das-frutas a inseticidas Ceratitis capitata ao Malathion na Espanha (Magaña et al. 2007) Bactrocera dorsalis a espinosade (Hsu & Feng, 2006) e a Trichlorphon, β-cypermethrin e avermectin (Lin et al., 2012) B. curcubitae a espinosad, β-cypermethrin, avermectin, Trichlorfon e Fipronil (Jin et al., 2015). B. olea ao Dimetoato e Fenthion (Skouras et al., 2006) Como se evita ou se retarda a resistência? Usar a dose recomendada; Evitar a mistura de produtos, para evitar a presença de insetos resistentes a todos os produtos utilizados na mistura, em um curto período de tempo; Usar um inseticida de grupo químico diferente por vez (por geração do inseto), em rotação. Tomar cuidado com nomes comerciais diferentes do mesmo grupo químico • Extensão de uso dos inseticidas registrados para moscas- das-frutas a outras fruteiras em programas oficiais . • Mas não poderão ser aplicados na planta ou frutos ………… ………… ………… Isca Tóxica aplicada em lona plástica entre plantas O que precisamos? 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 24 48 120 144 M o rt al id ad e ac u m u la d a d e C . ca p it a ta ( % ) Tempo de exposição (h) safety Success Tracer Controle 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Testemunha 15 10 5 1 Zero b a a a a a ♀ Seletividade do espinosade ao parasitoide de moscas-das-frutas, D. longicaudata Lima et al., 2013 M o rt al id ad e Dias de exposição do parasitoide após a aplicação do inseticida Parasitismo após o contato com espinosade Não afetou o parasitismo e nem a produção de fêmeas na progênie Lima et al., 2013 COLETA MASSAL 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 Oleo diesel Proteína hodrolizada (5%) Água M a c h o s e f ê m e a s c a p tu ra d o s ( m e d ia ± D P ) Atrativos em frascos abertos macho femea 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Akro-D Óleo diesel Controle F ê m e a s c a p tu ra d a s ( m é d ia ± E P ) Atrativos em armadilha tipo delta Comparação entre trimedilure, óleo diesel e proteína hidrolizada 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Ceratrap Bioanastrepha N ú m er o d e C . ca p it a ta c a p tu ra d o Datas de coleta Experimento em pomar comercial de uvas Proteína hidrolizada 0 2 4 6 8 10 12 14 16 5 15 25 35 45 55 65 75 85m Média de C. capitata capturadas (%) Raio de atratividade (m) 3,3 3,8 1,8 1,6 Garrafa 1: 2L Garrafa 2: 2L Garrafa 3: 1L Garrafa 4: 1L 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 Perdas por evaporação (mL) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100% 75% 50% 25% Macho Fêmeas Diluição CeraTrap % C. capitata capturadas Atratividade: Cera Trap x Trimedilure Avaliações CeraTrap ® Trimedlure® % Macho 7,14 18,04 % Fêmea 18,8 0,35 % Total 26,02 18,40 Razão sexual (♀/♂+♀) 0,72 0,02 Coleta massal Monitoramento Recomendação para evitar moscas de áreas vizinhas Ceratrap Isca Tóxica Controle Biológico Vespa parasitoide Diachasmimorpha longicaudata Introduzido em 1994 pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Como atacam as moscas-das-frutas ? Fopius arisanus , parasitoide de ovos, introduzido em 2012 no Brasil Contra mosca-da-carambola Criação industrial de D. longicaudata sobre A. ludens no México Criação industrial de D. longicaudata sobre A. ludens no México Hospedeiros vs Tamanho parasitoide Razão sexual da progênie: Sobre A. fraterculus – 0,77 Sobre C. capitata – 0,5 Costa et al., 2008 O ideal Ter disponível pelo menos um parasitoide para cada estágio imaturo de moscas-das-frutas Fopius arisanus (ATACA OVOS) e Diachasmimorpha longicaudata + nativos (ATACA LARVAS) e Coptera haywardi (ATACA PUPAS) Foto: Aguiar-Menezes et al., 2003 Isca tóxica Via machos estéreis Via irrigação Carlos Gava e equipe - Embrapa Semiárido Entomopatógenos no controle de moscas-das-frutas Destacam-se os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae Controle autocida, onde a praga é empregada para seu próprio controle = + estéril selvagem Geração não viável Técnica do Inseto Estéril (TIE) Emprego da TIE Erradicação: áreas-livres Prevenção e exclusão: barreira biológica: manter o status de área-livre evitar o estabelecimento em área de risco de invasão Controle/Supressão: áreas de baixa prevalência Hospedeiros De fundo de quintal Pomares infestados em áreas adjacentes Outros Hospedeiros Comerciais Pomares comerciais Pomares Abandonados Hospedeiros Silvestres Hospedeiros silvestres Controle tradicional de pragas baseado em tratamento feito depomar em pomar X X X X X X X X X X X X X X X X X X Outros campos de produção Hospedeiros de fundo de quintal Pomares abandonados POMAR COMERCIAL Hospedeiros silvestres Controle tradicional de pragas baseado em tratamento feito de pomar em pomar Outros campos de produção Hospedeiros de fundo de quintal Pomares abandonados POMAR COMERCIAL Hospedeiros Silvestres Hospedeiros de fundo de quintal Controle feito de pomar a pomar (RE-INVASÃO DA PRAGA) Outros Campos de produção Pomares Comerciais Pomares Abandonados Hospedeiros De fundo de quintal Pomares comerciais reinfestados com a praga Outros Hospedeiros Comerciais Pomares comerciais Pomares Abandonados Hospedeiros Silvestres Hospedeiros Silvestres Hospedeiros de fundo de quintal TÉCNICA DO INSETO ESTÉRIL - ÁREA AMPLA (Controle em área ampla – controle em toda a região) Outros Hospedeiros comerciais Pomares comerciais Pomares Abandonados X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Hospedeiros Silvestres Hospedeiros de fundo de quintal CONTROLE ALCANÇADO EM ÁREA- AMPLA Outros Hospedeiros Comerciais Pomares comerciais Pomares Abandonados Criação da linhagem mutante Separação por cor e qualidade pupação Filtro Reinício do ciclo Gaiola de adultos Coleta de larvas Coleta de larvas na água ou vermiculita Pupas para irradiação Pupas machos: TSL Pintura das pupas com tinta em pó fluorescente Pupas + corante: monitoramento Irradiadores Empacotamento de pupas irradiadas Esterilização Co-60 Não irrad Irrad Esterilização por Raio X Geléia água+ágar+açúcar 4 dias após a emergência Liberação terrestre Emergência e liberação dos machos estéreis Liberação aérea em sacos de papel Dispositivo de liberação 300 m de altura 140 km / hora 1 saco a cada 6 segundos/6,3 ha 2250 machos estéreis/saco Liberação de machos estéreis resfriados Liberação de 2 mil machos estéreis/ha Sexualmente maduros (4-5 dias de idade) Cuidados na manipulação dos insetos durante a liberação Tratamento aromático com óleo de gengibre “FLYAGRA” TIE x CB e Controle Convencional (Knipling, 1992) TIE + CB = 2,16 dólares/ha Convencional = 30,80 dólares/ha Aplicação do CB e TIE Esquema Dr. Júlio Walder –CENA/USP OBRIGADA! Beatriz Jordão Paranhos Embrapa Semiárido Laboratório de Entomologia Tel. (87) 3866-3747 beatriz.paranhos@embrapa.br
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