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Universidade Federal do Rio de Janeiro Química Orgânica Experimental I Solubilidade e “Spot Test” Professora: Débora de Almeida Azevedo Aluna: Lorena Dalmaso de Castro Rio de Janeiro Maio / 2019 1) INTRODUÇÃO ➔ 1.1. Solubilidade Solubilidade é a capacidade natural que uma substância possui de se dissolver em um determinado solvente à certas condições de temperatura e pressão. Ou seja, a quantidade máxima de soluto que pode ser adicionado no solvente mantendo a homogeneidade e estabilidade do sistema, sem precipitado. É uma propriedade físico-química exclusiva de cada substância, portanto, cada espécie química tem solubilidade única para o mesmo solvente e condições de pressão e temperatura, ou seja, é uma característica que pode utilizada na identificação de compostos desconhecidos comparando-os com os dados obtidos previamente empiricamente. A solubilidade é uma grandeza quantitativa, portanto, também comparativa, ou seja, não existe composto completamente insolúvel em determinado solvente, apenas compostos muito pouco solúveis. Tal solubilidade é quantificada utilizando o produto de solubilidade (Kps), que determina qual a quantidade máxima de soluto que pode ser adicionado a um volume fixo de solvente (normalmente é dado em mol/L). Quanto mais alto o Kps, mais soluto pode ser adicionado ao solvente e mais solúvel é o seu composto, e vice-versa. Uma maneira qualitativa de saber se seu soluto é solúvel ao solvente escolhido é observando a polaridade de ambas as substâncias. Para ocorrer a dissolução, é necessário que as moléculas do seu analito interajam com as do solvente, ocorrendo assim, a dispersão do soluto uniformemente. Para que ocorra tal interação, ambas substâncias precisam ter afinidade polar, em outras palavras, um soluto muito polar terá pouca afinidade e por consequência baixa solubilidade em um solvente muito apolar, tendo em vista que tal parâmetro deve ser comparativo, de modo que uma substância pode ser polar ou apolar dependendo da substância em que está se usando como referência. Como visto, alguns fatores externos podem influenciar na solubilidade, como temperatura e pressão. Para os líquidos, a solubilidade pode aumentar ou diminuir com a variação da temperatura. Na reação de dissolução de alguns analitos, o aumento da temperatura desloca a reação para direita, favorecendo a formação de produto (composto dissociado) e assim, aumenta a solubilidade. Nesses casos a solubilidade é endotérmica. Entretanto, em outros casos, o aumento da temperatura desloca a reação para esquerda, favorecendo a formação de reagente (soluto) e assim, diminuindo a solubilidade. Esses casos são chamados de solubilidade exotérmica. Para os gases, em geral, a solubilidade diminui com o aumento da temperatura e aumenta com a diminuição da temperatura, ou seja, são inversamente proporcionais. Isso ocorre pois com o aumento da temperatura o gás tende a sair da solução para o meio onde está. ➔ 1.2. “Spot Tests” “Spot Tests” são testes rápidos e precisos que identificam com facilidade a presença de certos grupos funcionais em amostras analisadas. Isso é possível com o uso de reagentes extremamente específicos que podem ser usados em pequenas quantidades sobre pequenas quantidades de analito e que identificam com clareza através de uma reação química que produza uma mudança de cor de fácil observação. Alguns dos testes existentes são os testes de Le Rosen, 2,4-dinitrofenilhidrazina e o do nitrocerato. 1.2.1. Le Rosen O Teste de Le Rosen é utilizado para identificar a presença de aromáticos na espécie química. Muitos compostos que contém o núcleo benzênico, reagem com o aldeído fórmico e ácido sulfúrico concentrado com formação de produtos de cor intensa (reação de Le Rosen). A cor final pode variar de acordo com o tipo de composto que está sendo analisado, sendo também impactante, o fato de que muitos compostos quando em contato com o ácido sulfúrico concentrado já mudam de cor, não necessariamente indicando a presença de aromático, estes só serão identificados após a adição do aldeído fórmico. Sendo necessário a realização do “branco” apenas com o ácido para checar esta possibilidade. Figura 1: Reação de Le Rosen Figura 2: Exemplos de algumas colorações observadas no teste de Le Rosen 1.2.2. Teste da 2,4-dinitrofenilhidrazina O teste da hidrazina é utilizado para identificar presença de aldeídos e cetonas na amostra. Aldeídos e cetonas reagem com a 2,4-dinitrofenilhidrazina (DNFH) em meio ácido para formar 2,4-dinitrofenil-hidrazonas, usualmente como um precipitado de coloração amarelo-avermelhada, que pode ser visualmente identificado durante o teste. Nesse teste temos a seguinte reação: Figura 3: Reação do spot test da 2,4-dinitrofenilhidrazina 1.2.3. Teste do nitrocerato Esse teste é utilizado para identificação de álcoois. Na reação do nitrocerato com um álcool observa-se o surgimento da coloração avermelhada na amostra. Figura 4: Reação do spot teste do nitrocerato 2) OBJETIVO Testar a solubilidade de determinados compostos em diferentes solventes. Analisar e compreender o uso de alguns dos principais spot tests. 3) MATERIAL E MÉTODOS ➔ 3.1. Solubilidade 3.1.1. Material ● Espátula ● Microtubo ● Béquer ● Padrão: Compostos e solventes ● Pipeta de Pasteur ● Proveta 3.1.2. Método Inicialmente, foi feito a organização de todos os materiais necessários para execução da prática pegando-os em seus respectivos lugares de armazenamento e colocando-os em cima da bancada a ser utilizada. Em seguida com o auxílio de uma espátula, pegou-se uma pequena quantidade de ácido benzóico (sólido) somente na ponta do instrumento, e colocou-se dentro do microtubo. Depois, com o auxílio de um dosador conta-gotas, preencheu-se cerca de 2 cm do microtubo com Hexano, e agitou-se com cautela e segurança o recipiente, para que o composto e o solvente fossem devidamente homogeneizados, possibilitando assim uma possível dissolução. Aguardou-se cerca de dois minutos após o fim da homogeneização e observou-se o estado da solução e os resultados foram anotados. Repetiu-se esse procedimento até que todos os compostos fossem analisados com todos os solventes propostos. As tabelas a seguir ilustram os compostos e solventes utilizados neste experimento. Tabelas 1 e 2: Compostos e solventes utilizados no experimento ➔ 3.2. “Spot test” 3.2.1. Material ● Vidro de relógio ● Pipeta de Pasteur ● Metanal ● Ácido sulfúrico concentrado ● Tolueno ● 2,4-dinitrofenilhidrazina ● nitrocerato de amônia ● Acetona ● Etanol 3.2.2. Métodos 3.2.2.1. Le Rosen Colocou-se 5 gotas de tolueno em um vidro de relógio, pingou-se aproximadamente 5 gotas do analito e em seguida 5 gotas de ácido sulfúrico concentrado, e observou-se a cor. Logo após, adicionou-se gotas da solução de metanal até que a solução expressasse cor. Uma mudança de cor na solução originalmente incolor foiregistrada como um resultado positivo e a ausência desta como negativo. Foi realizado também um teste num composto sabidamente não possuidor do grupo funcional benzênico a fim de produzir um resultado negativo para fins comparativos. Com este mesmo objetivo foi realizado também um ensaio em branco, sem amostra nenhuma, para verificar se o reagente não mudaria de cor por si só, revelando algum problema com ele que geraria falsos positivos. 3.2.2.2. Teste da 2,4-dinitrofenilhidrazina Adicionou-se 5 gotas de analito em um vidro de relógio foram pingadas algumas gotas da solução de dinitrofenilhidrazina e observou-se a formação ou não de precipitado amarelo-avermelhado. A formação de um precipitado amarelo- avermelhado foi registrada como um resultado positivo e a ausência deste como negativo. Foi realizado também um teste num composto sabidamente não possuidor do grupo funcional carbonila a fim de produzir um resultado negativo para fins comparativos. Com este mesmo objetivo foi realizado também um ensaio em branco, sem amostra nenhuma, para verificar se o reagente não produziria um precipitado por si só, revelando algum problema com ele que geraria falsos positivos. 3.2.2.3. Nitrocerato Foram adicionadas 5 gotas do analito num vidro de relógio e sobre este foram pingadas 5 gotas do reagente observando se ocorria uma mudança de cor. Uma mudança de cor na solução originalmente amarela foi registrada como um resultado positivo e a ausência desta como negativo. Foi realizado também um teste num composto sabidamente não possuidor do grupo funcional hidroxila a fim de produzir um resultado negativo para fins comparativos. Com este mesmo objetivo foi realizado também um ensaio em branco, sem amostra nenhuma, para verificar se o reagente não mudaria de cor por si só, revelando algum problema com ele que geraria falsos positivos. 4) RESULTADOS A seguir, temos tabelas que evidenciam resumidamente os resultados obtidos em cada experimento. ➔ 4.1. Solubilidade Tabela 3: Resultado do teste de solubilidade ➔ 4.2. Spot Test Tabela 4: teste Le Rosen Tabela 5: teste 2,4-dinitrofenilhidrazina Tabela 6: teste nitrocerato 5) DISCUSSÃO Apesar de não ter sido realizado aquecimento das amostras durante a dissolução, sabe-se que ao aumentar a temperatura, a solubilização de uma substância pode ocorrer. Isso acontece pois para estes compostos, a reação de dissolução é endotérmica. Ou seja, o aumento da temperatura favorece os produtos da reação, assim, aumentando a solubilidade daquele composto naquele determinado solvente. Para os compostos que não solubilizam em determinado solvente, conclui-se que, para estes casos, tanto soluto como solvente possuem polaridade muito diferentes, fazendo com que, mesmo em solução e com o aumento da temperatura, não ocorra a reação de dissolução, tornando-os insolúveis. Analisou-se para os resultados obtidos nos “Spot tests” que o teste de Le Rosen identifica de maneira satisfatória a presença de aromáticos, a de de 2,4-dinitrofenilhidrazina a presença de cetonas, e por fim a de nitrocerato identifica a presença de álcoois de modo que os resultados foram compatíveis com o previsto na literatura. Sendo assim, é válida a sua utilização para identificação destes grupos funcionais em amostras desconhecidas. 6) CONCLUSÃO Utilizando os métodos propostos, foi possível checar a solubilidade de todos os compostos em todos os solventes propostos e a valia dos “spot tests” escolhidos. Têm-se que os objetivos da aula prática foram alcançados com sucesso, uma vez que a solubilidade dos compostos foi devidamente encontrada para todos os solventes utilizando as técnicas laboratoriais propostas e a demonstração da eficácia dos “spot tests” em caracterização dos grupos funcionais. 7) REFERÊNCIAS 1. SOARES, Bluma G. Química Orgânica: Teoria e Técnicas de Purificação, Rio de Janeiro. Editora Guanabara, 1988. 2. PAVIA, D. L., LAMPMAN, G. M., KRIZ, G. S., ENGEL, R. G. Química Orgânica Experimental: Técnicas em escala pequena. 2ª. Ed. Bookman, 2009. 3. SOLOMONS, T. W. Graham e FRYHLE, Craig B. - Química Orgânica - vol. 1, trad.: Whei Oh Lin, 7ª edição – Rio de Janeiro; ed. LTC, 2000, p. 63-64. 4. RUSSELL, John B.; Química Geral vol.1, São Paulo: Pearson Education do Brasil, Makron Books, 1994.
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