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DIREITO CIVIL
 OBRIGAÇÕES
Prof. Diogo Durigon
 
 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES 
 
1. CONCEITUALIZAÇÃO 
 
Obrigação e atos unilaterais de vontade 
É possível exigir o cumprimento de prestação, diante de declaração unilateral de 
vontade, como uma promessa de recompensa? 
Na relação que se desenvolve quando há uma declaração unilateral de vontade, 
como nos casos de promessa de recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido 
e enriquecimento sem causa, não há um contrato propriamente dito, ou relações 
bilaterais. 
Há uma assunção ao cumprimento de determinada prestação decorrente de ato 
unilateral, gerando a obrigação, e comprometendo-se à cumpri-la. Inclusive, tendo o 
beneficiário direito de exigir o cumprimento da satisfação. 
 
Obrigação e contrato 
As figuras da obrigação e do contrato quase se confundem, encontrando a 
distinção no fato de que contrato é fonte de obrigações, ou seja, os negócios bilaterais 
são as principais formas de geração de obrigações. 
 
Obrigações e direitos reais 
As obrigações se diferenciam dos direitos reais quanto à dois aspectos 
principais. É necessário ter em mente que a obrigação é uma relação que envolve o 
cumprimento de prestação, sendo que os direitos reais também possuem essa 
característica de vinculação prestacional. 
Quanto ao primeiro ponto de divergência, a obrigação possui como objeto uma 
conduta humana, enquanto que na obrigação real o direito se infere sobre coisas 
corpóreas e determinadas. 
Em segundo lugar, temos como critério diferenciador o tempo do direito. Na 
obrigação, é característica peculiar a transitoriedade, pois, cumprida a prestação, cessa 
a obrigação. Seu prazo de duração se exaure na medida de cumprimento da prestação. 
O direito real, por outro lado, se liga à coisa e dela se torna indissolúvel, i.e., 
permanece enquanto permanecer a coisa, sendo duradouro e absoluto, e prevalecendo 
erga omnes. 
 
Obrigações e moral 
A moral não se constitui em elemento de exigibilidade jurídica, ou seja, a moral 
não é capaz de originar obrigações junto ao direito. 
Não obstante, a relação obrigacional surge da moral, pois é pelo aspecto moral 
que o devedor se comprometia e cumpria a obrigação. Não podendo cumpri-la, o 
 
devedor subjugava-se a condição de escravo, cumprindo a prestação e, principalmente, 
mantendo a sua honra. 
As obrigações decorrem do comprometimento moral à satisfação daquilo que 
fora pactuado entre duas partes. 
Mesmo que não se possa exigir o cumprimento de obrigação moral, este lança 
sua influência sobre todo o ordenamento jurídico, pois é com base nessa que são 
prescritas as condutas em nosso sistema. 
 
2. ESTRUTURA DAS OBRIGAÇÕES 
 
Os elementos das obrigações 
É possível identificar, dentro das características das obrigações, elementos que 
lhe são necessários para sua própria caracterização. 
A obrigação decorre de uma relação entre duas ou mais pessoas, tendo como 
centro um objeto (prestação), sendo uma delas o sujeito ativo (credor) e outra o sujeito 
passivo (devedor), da relação. 
Mesmo nas declarações unilaterais de vontade, uma das partes se compromete 
em cumprir determinada obrigação, podendo o credor dessa obrigação exigir o seu 
cumprimento. 
Há situações em que as figuras de credor e devedor se confundem, pois cada 
um é devedor e credor ao mesmo tempo. 
É o caso, por exemplo, da contratação de construção de uma casa, com 
pagamento parcelado, onde o empreiteiro da obra se obriga a construir a casa, ao 
mesmo tempo em que é credor da prestação mensal. Por outro lado, o dono do imóvel 
se obriga ao adimplemento da parcela mensal, ao mesmo tempo que pode exigir o 
cumprimento da construção do imóvel no prazo estabelecido. 
 
O sujeito ativo 
Sujeito ativo é aquele que possui a obrigação a ser satisfeita; é aquele que pode 
exigir o cumprimento da obrigação. Enfim, é o credor. Trata-se daquele que confia no 
cumprimento da obrigação pelo devedor. 
Credor pode assim ser chamado aquele que possui qualquer relação 
obrigacional em seu favor, podendo-se envolver valores em espécie, bens, obrigações 
de fazer e não fazer, dar, etc. 
Qualquer pessoa poderá ser credor: seja ela capaz ou incapaz (menor de idade, 
tutelado, curatelado, doente mental, etc.) 
Quando um incapaz faz parte de determinada relação obrigacional, é o incapaz 
que é considerado o credor (e até mesmo devedor), porém é representado ou assistido 
por alguém (que não vai lhe tomar o posto de parte na relação negocial). 
Também é possível que sejam credores pessoas físicas e jurídicas, sejam elas 
de direito público ou privado. Também as associações civis se legitimam como credoras 
para pleitear em ações coletivas (ex. IDEC). 
 
Ponto de interesse é a possibilidade de modificação posterior do credor, como é 
o caso dos títulos de crédito, que, em uma nota promissória não se indica o credor; ou 
então no cheque, que deve ser pago ao portador. 
 
Sujeito passivo 
Sujeito passivo é aquela pessoa obrigada pela relação jurídica, ou seja, é aquela 
que deve cumprir a obrigação assumida com o credor. É o devedor. 
Quando se trata de bem, a condição de devedor decorre desta titularidade, ou 
seja, a situação de devedor pode ser transferida com a coisa. Cite-se como exemplo a 
venda de um apartamento, onde o novo proprietário passa a ser o devedor das taxas de 
condomínio que se vencerem a partir de então. 
Assim como no caso de credores, há possibilidade de haver vários devedores de 
uma mesma obrigação, para com um ou vários credores. Também aqui podem ser 
devedores pessoas físicas e jurídicas, capazes ou incapazes. 
 
Objeto da obrigação 
O objeto da obrigação é o bem (material ou imaterial) pelo qual credor e devedor 
estabelecem a obrigação. É aquilo que deve ser realizado, cumprido, omitido, prestado, 
etc. Trata-se da própria obrigação. 
Qualquer coisa pode ser objeto de vínculo obrigacional, desde que cumpra as 
determinações dos arts. 104, II e 166, II, ambos do CC (objeto lícito, possível e 
determinado ou determinável – valor econômico ou moral), sob pena de nulidade ou 
invalidade do negócio jurídico. 
Lembre-se: licitude se refere à não vedação ou existência de amparo legal 
quanto ao objeto (afasta-se, por exemplo, negociações de drogas ilícitas); possibilidade 
se refere à capacidade humana, permissão legal e comercialidade do bem; valor 
econômico ou moral, que refere ou valoração econômica ou imaterial (como obrigação 
de preservação ambiental). 
 
O vínculo obrigacional 
O vínculo obrigacional é a relação jurídica que liga credor e devedor para com o 
objeto desta obrigação. É a perfectibilização da obrigação. É relação jurídica por que, 
para ser obrigação tutelada pelo direito, deve ser adequar a estes moldes (art. 104 do 
CC/02). 
O vínculo obrigacional nasce tanto do acordo de vontades com de atos jurídicos 
ilícitos, como de um acidente de trânsito1. 
 
 
1 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Obrigações. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. 
 
3. MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES 
 
Aspectos gerais 
A realização de uma classificação das obrigações tem por objetivo distinguir 
aspectos como sua eficácia, objeto, e assim, por diante. De modo a facilitar o estudo, 
tomaremos as distinções recepcionadas pelo Código Civil de 2002. 
 
Obrigações civis 
Obrigações civis ou empresariais são as obrigações que possuem todas as 
qualidades necessárias para a sua exigibilidade, ou seja, emitem seus efeitos no mundo 
jurídico com plenitude. 
Na obrigação civil, o devedor assume a obrigação para com o credor, que pode 
ser positiva ou negativa, obrigando-se a cumpri-la. Em caso de não cumprimento, o 
credor poderá buscar,através do Poder Judiciário, a satisfação dessa obrigação. 
Temos como exemplo de obrigação civil a realização de um contrato, na forma 
do art. 104 do CC; a assinatura de um título de crédito; a realização de um negócio; e 
assim por diante. 
A obrigação civil é formada por todos os elementos já transcrito em outros 
momentos (material adicional já inserido no site), que são: sujeito ativo (credor), sujeito 
passivo (devedor), objeto da obrigação e vínculo jurídico suficiente à permitir a 
exigibilidade judicial do cumprimento da obrigação (ação material e ação processual). 
 
Obrigações morais 
A obrigação moral é a obrigação que decorre exclusivamente de liberalidade da 
pessoa, que, sem qualquer vínculo jurídico, cumpre o dever moralmente assumido para 
com outrem. 
É o caso, por exemplo, do cumprimento de disposição de última vontade que não 
constou no testamento; ou então de socorrer pessoas necessitadas2. 
Porém, uma vez cumprida a obrigação, não é possível a sua repetição, ou seja, 
não pode o devedor, após cumprir a obrigação moral, tentar a restituição da obrigação. 
 
Obrigação natural 
A obrigação natural possui todos os elementos da obrigação civil, com exceção, 
apenas, do direito de ação. Ou seja, a obrigação natural se equipara à obrigação civil 
por possuir credor, devedor e objeto da obrigação. 
Porém, não terá o credor direito de ação em face do credor: não poderá ajuizar 
ação pretendendo a cobrança ou execução de uma obrigação natural. 
 
2 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2.v. 20.ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 
62. 
 
A obrigação natural também se equipara à obrigação moral, no sentido da 
irreversibilidade de prestação cumprida: se o devedor cumpre espontaneamente a sua 
obrigação, não poderá discutir o cumprimento desta ou buscar a restituição da 
obrigação. 
O seu diferencial perante as obrigações morais é que as obrigações naturais 
possuem previsão expressa no ordenamento jurídico. No caso do nosso Código Civil, 
temos as obrigações prescritas (art. 882 do CC); dívidas de jogo e aposta (art. 814 a 
817 do CC); empréstimo feito à menor (art. 588 – verificar exceções do art. 589 do CC). 
Como exceção à regra da previsão, a concessão de gorjetas e o pagamento de 
comissões para alguém não profissional que intermediou a venda, também são 
obrigações naturais. 
A obrigação natural, assim, não pode ser exigida, porém, uma vez cumprida pelo 
devedor, não poderá ser objeto de repetição (reversão do adimplemento). 
 
Obrigação principal e obrigação acessória 
É a obrigação existente por si, abstrata ou concretamente, sem que haja 
dependência ou sujeição para com outras obrigações (relações jurídicas). 
É caso da obrigação assumida pelo inquilino em devolver o imóvel, findo o 
contrato de locação; também é a obrigação ao pagamento de certa quantia em dinheiro, 
decorrente de título de crédito. 
Já a obrigação acessória é aquela obrigação cuja existência depende de outra 
relação jurídica, ou seja, é a obrigação cuja existência depende da existência de outra 
obrigação. 
Uma vez extinta a relação jurídica principal (obrigação principal), extingue-se a 
obrigação acessória. 
Podemos apontar como exemplo o contrato de fiança para garantia de contrato 
de locação, sendo a fiança acessório deste (art. 818 a 839 do CC); os juros de um 
empréstimo (art. 323, 406 e 407 do CC); a cláusula penal, por ser uma pena imposta 
pelo descumprimento do contrato (art. 408 do CC). 
A natureza principal ou acessória das obrigações pode ser em decorrência de 
acordo entre as partes ou em decorrência de lei. 
 
4. OBRIGAÇÕES DE DAR 
 
Obrigação de dar é aquela que envolve a entrega de algo pelo devedor ao credor. 
Se subdivide em quatro formas distintas: 
 
a) obrigação de dar (stricto senso): é a obrigação que envolve a transferência 
de domínio ou de outros direitos reais (posse, propriedade, etc.) para o credor. É a 
obrigação que envolve a entrega de determinado bem, sob o fundamento de 
transferência de seu domínio. Exemplo dessa obrigação ocorre em um contrato de 
 
compra e venda, no qual o vendedor se compromete a entregar o imóvel (posse e 
propriedade) para o comprador. 
b) obrigação de restituir: na obrigação de restituir, não há a transferência da 
propriedade, mas apenas a posse do bem. Verificamos este tipo de obrigação nos 
contratos de locação, por exemplo, onde o inquilino se obriga a restituir o imóvel ao 
locador (art. 59 ao 66 da Lei nº 8245/91). Previsão dos art. 238 ao 242 do CC. 
Se a coisa se perder sem culpa do devedor este não terá responsabilidade pela 
coisa, sendo sua responsabilidade restrita à obrigação. Por exemplo os encargos de 
aluguéis até o dia em que temporal arrancou a casa inteira, que estava sendo locada. 
Relativamente aos melhoramentos, o devedor somente terá direito se houver 
contribuído para isso, como a realização de reformas, o devedor terá direito à restituição 
do valor, se estiver de boa-fé, de acordo com o disposto nos art. 1219 a 1222 do Código 
Civil. 
Da mesma forma ocorre em relação aos frutos, tendo o devedor direito se estiver 
agindo de boa-fé, também de acordo com os citados dispositivos. 
Fica excluída dessa regra, no entanto, a obrigação decorrente de comodato, 
conforme dispõe o art. 584 do CC. 
c) obrigação de contribuir: são as obrigações que impõem o dever de 
contribuição 
por parte do devedor, como no caso do condomínio (art. 1315, 1334, I, 1336, I e 
§1º, todos do CC); e da manutenção das despesas da família (art. 1568 e 1688 do CC). 
Cada um, proporcionalmente à sua cota ou capacidade, deve contribuir para a 
manutenção do condomínio ou das despesas familiares, respectivamente. 
d) obrigação de solver dívida em dinheiro: são as obrigações que se 
estabelecem pelo valor, ou seja, representam determinado valor para seu 
adimplemento. 
É o caso do pagamento do aluguel; do preço do contrato de compra e venda; 
das perdas e danos (quando do inadimplemento); e do pagamento dos juros (quando 
de mútuo – empréstimo). 
As obrigações de dar, após esta primeira classificação, são diferenciadas 
também pela determinabilidade de seu objeto. Classificação essa adotada pelo Código 
Civil de 2002. 
5. OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA 
 
A obrigação de dar coisa certa constitui-se na obrigação assumida para a entrega 
de bem certo e determinado, como por exemplo a entrega do veículo placas AAA0000. 
Assim, a obrigação recai apenas e tão somente sobre a coisa objeto da 
contratação, não sendo o credor obrigado a receber prestação diversa daquela que foi 
pactuada (art. 313 do CC). Está prevista nos arts. 233 a 237 do CC. 
 
No caso da obrigação de dar coisa certa, a obrigação principal abrangerá os 
acessórios desta, salvo se diversamente tiverem estipulado as partes (art. 233 do CC). 
Como há a transferência de propriedade, até que a coisa deva ser entregue, os 
frutos (percebidos) e melhoramentos pertencerão ao devedor, inclusive com direito à 
aumento do preço ou resolução do negócio (art. 237). 
Por exemplo: na compra e venda de uma plantação de maças, as maças que 
maturarem até o dia da transferência da posse pertencerão ao devedor, e as verdes, 
que maturarem após a data, pertencerão ao credor. 
Ainda, se a coisa a ser entregue se perder antes de sua entrega, ou mesmo 
sofrer deterioração, sem que o devedor tenha culpa no evento, a obrigação se resolverá, 
com a devolução de valores pagos, ou então, poderá o credor receber a coisa com o 
respectivo abatimento (art. 234 e 235 do CC). 
Por outro lado, tendo o devedor culpa na perda ou deterioração da coisa, poderá 
o credor exigir o seu equivalente, ou o desconto da deterioração, além de indenização 
por perdas edanos (art. 236 do CC). 
É o caso do devedor que se obrigou a entregar um terreno com a casa. Se o 
devedor não efetuou a manutenção do imóvel, vindo este a desabar, responderá pelo 
valor da casa também, além de eventuais perdas e danos que o não cumprimento da 
prestação tenha causado (como a necessidade do credor pagar aluguéis de um outro 
imóvel até construir novamente a casa). 
 
6. OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA 
 
A obrigação de dar coisa incerta é a obrigação assumida elo devedor em relação 
à um objeto provisoriamente indeterminado, mas que é determinável, e cuja 
determinação ocorrerá no decorrer do cumprimento da obrigação. 
Assim, trata-se de obrigação cujo objeto será estabelecido apenas na espécie, 
porém a sua individualização ocorrerá no cumprimento da obrigação. Outra importante 
característica, além da designação da espécie (consta gênero do CC, art. 243), é a 
quantidade. 
Podemos citar como exemplo a obrigação assumida para a entrega de 20 sacas 
de milho. A espécie (ou gênero, segundo o código), é designada pela identificação de 
milho, enquanto que a quantidade é identificada pelas 20 sacas. Quando do 
cumprimento da obrigação, o devedor irá indicar quais são as sacas a serem entregues 
para o credor, apartando-as. 
Esse ato de definição, identificação e determinação do objeto exato da obrigação 
é chamado de concentração. Via de regra, caberá ao devedor fazer esta escolha, salvo 
se as partes estabelecerem de forma diversa, para que o credor ou mesmo terceiro faça 
a escolha (art. 244 e 485 do CC). 
Importante observar que a indeterminação do objeto é transitória, pois a há data 
limite estabelecida para terminar: a data do adimplemento. 
Com a concentração, ou individualização do objeto da obrigação, a obrigação de 
dar coisa incerta passa para obrigação de dar coisa certa, pois já está estabelecido, com 
 
exatidão, o objeto da obrigação. Portanto, com a concentração, as disposições inerentes 
à obrigação de dar coisa certa passam a incidir sobre a obrigação. 
O ato de identificação do objeto exato da obrigação pode ocorrer a qualquer 
tempo antes do adimplemento. Deve ser efetuado de maneira que o credor saiba da 
escolha, ou seja, a concentração deve ser feita com a ciência de ambas as partes. 
Na determinação do objeto, o Código Civil estabelece que a coisa não poderá 
ser a de pior qualidade, mas o devedor não está obrigado a entregar a de melhor 
qualidade, conforme art. 244. 
Fato importante na obrigação de dar coisa incerta está na impossibilidade de 
alegação, pelo devedor, antes da escolha, de perda ou deterioração da coisa como 
fundamento para desobrigar-se da obrigação. 
Exemplo: se o devedor está obrigado a entregar 10 sacas de café ao credor e, 
antes de efetuada a escolha, por granizo, toda a lavoura e os estoques do galpão são 
danificados, com perda total do produto, ainda assim persistirá a obrigação como se 
nada houvesse ocorrido. 
Por outro lado, caso a escolha já tenha sido feita, e o credor anuiu com a escolha, 
estando as 10 sacas de café separadas já, dentro do galpão, que, com o granizo é 
destruído, destruindo também o café, incidirão as disposições do art. 235 do CC. 
 
Critérios de diferenciação entre obrigações de dar e fazer 
É necessário fazer um parâmetro de distinção entre obrigações de dar e fazer, 
de modo a evitar confusões. Deste modo, alguns pontos principais de distinção surgem: 
a) na obrigação de dar, há um objeto a ser entregue pelo devedor ao credor, 
enquanto que na obrigação de fazer, é o devedor que estará construindo ou elaborando 
este objeto para ser entregue ao credor; 
b) na obrigação de dar, temos a tradição como ato imprescindível, sendo que 
na obrigação de fazer nem sempre ocorre; 
c) na obrigação de dar, a pessoa do devedor fica em segundo plano, pois basta 
que alguém entregue a coisa, para ela se considerar cumprida. Já na obrigação de fazer, 
a figura do devedor adquire especial importância, pois será o devedor o responsável 
pelo ato, e somente excepcionalmente terceiro cumprirá a obrigação; 
d) diante do inadimplemento, via de regra, a obrigação de dar comporta 
execução (execução para entrega de coisa), enquanto que na obrigação de fazer, 
descumprida a obrigação, via de regra teremos apenas a resolução por perdas e danos 
(art. 389 do CC). 
Como exemplos da distinção entre obrigação de dar e obrigação de fazer 
podemos citar: a) na compra e venda, o vendedor tem obrigação de entregar a coisa 
(dar) e responde pelos vícios redibitórios (fazer); b) na empreitada, o empreiteiro se 
compromete a fornecer a mão de obra (fazer) e fornecer os materiais (dar). 
 
 
 
 
7. OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER 
 
Obrigações de fazer 
A obrigação de fazer é aquela que decorre da obrigação à determinada atitude. 
Ou seja, é quando alguém se compromete a realizar determinada tarefa física (como o 
empreiteiro que se obriga à pintura de um prédio), intelectual (como o escritor que se 
compromete a escrever artigos para um jornal) ou um ato jurídico (como o vendedor que 
se compromete a outorgar a escritura definitiva em contrato de compra e venda). 
A obrigação de fazer não se confunde com obrigação de dar, haja vista que esta 
demanda na entrega de algo, enquanto que a primeira se refere à atitude positiva que 
pode ou não envolver uma entrega (pode ser a realização de determinada tarefa, por 
exemplo). 
Podemos citar vários exemplos, como as obrigações de cunho contratual, 
prestação de serviços, prestação de um fato, realização de obras, realização de obra 
imaterial, obrigações decorrentes de lei ou da vida (dever de prestar alimentos e 
amparo). 
Via de regra, as obrigações de fazer devem ser cumpridas pelo devedor, tal como 
assumido em contrato, haja vista que é da essência da relação jurídica que essa fique 
adstrita às partes envolvidas. Ou seja, em princípio, as obrigações de fazer seguem a 
infungibilidade. 
Da mesma forma que o devedor tem a obrigação de cumprir esta, em virtude da 
pessoalidade, ao credor não é possível impor receber o cumprimento da prestação de 
terceiro que não o devedor (art. 247, CC). 
Eventual impossibilidade de cumprimento pessoal, quando infungível a 
obrigação, se resolverá em perdas e danos, conforme estabelecido no art. 247 e 402 e 
ss. do CC/2002. Relativamente à inadimplência obrigacional, temos duas soluções 
distintas: 
segundo prescreve o art. 248 do Código Civil, tornando-se impossível a obrigação sem 
culpa do devedor, resolve-se a obrigação. 
Tendo o devedor colaborado para a inadimplência, este responderá não apenas 
pelo que já recebera (tendo que devolver), mas também por perdas e danos que a 
inadimplência tenha causado. 
Importante lembrar que em se tratando de obrigação inadimplida no momento 
oportuno, é possível buscar o cumprimento e, somente quando for impossível o 
cumprimento, é que se converterá em perdas e danos. 
Outro aspecto importante quanto ao cumprimento das obrigações, está contido 
no direito do consumidor, em especial no art. 35 da lei 8078/1990. 
No caso de negativa em cumprir a obrigação, a simples mora autoriza, caso 
fungível a obrigação, a busca de outra pessoa, de imediato, para executar a prestação 
às custas do devedor, na forma do art. 249 do CC/02. Neste caso, o credor poderá 
buscar ainda perdas e danos. 
 
A ação para o cumprimento de obrigação de fazer é a execução, prevista no art. 
815 e ss. do novo CPC. Para a execução, é fixado prazo para o devedor cumprir a 
obrigação (art. 816 do novo CPC). 
Não sendo cumprida pelo devedor, poderá requerer judicialmente a designação 
de terceiro para cumprir a obrigação às custas do devedor – art. 819 do novo CPC. 
Poderá ainda o próprio exequente realizar a prestação – art. 819 e 817 do novo CPC. 
Após a realização da obrigação,efetuar-se-á a liquidação dos valores, podendo 
ser executados como quantia certa. Tudo isso se processa nos próprios autos da 
execução. 
No caso de obrigação infungível, somente é possível buscar o cumprimento 
contra o próprio devedor. É possível buscar a fixação de astreintes (art. 536, § 1° do 
novo CPC), mas, via de regra, converter-se-á em perdas e danos – art. 821 do novo 
CPC. 
 
8. OBRIGAÇÕES PROPTER REM 
As obrigações propter rem, também denominadas de obrigação com eficácia 
real, são aquelas decorrentes de algum direito real, mas que vinculam o detentor de tal 
direito. 
Temos como típico exemplo de tal obrigação aquelas decorrentes da 
propriedade de imóvel, quais sejam o pagamento de IPTU e da taxa condominial. 
Trata-se, portanto, de vínculo obrigacional pessoal, que, antes de ser fonte de 
pacto específico com outra pessoa, nasce com a estipulação de um direito real. nesse 
passo, vale citar a posição de alguns doutrinadores acerca desse instituto: 
Para Maria Helena Diniz, a obrigação propter rem gera a “vinculação a um direito 
real, ou seja, a determinada coisa de que o devedor é proprietário ou possuidor", com 
"possibilidade de exoneração do devedor pelo abandono do direito real, renunciando o 
direito sobre a coisa", e onde ocorre a "transmissibilidade por meio de negócios 
jurídicos, caso em que a obrigação recairá sobre o adquirente". 
No dizer de Sílvio Rodrigues, tal obrigação “prende o titular de um direito real, 
seja ele quem for, em virtude de sua condição de proprietário ou possuidor", onde "o 
devedor se livra da obrigação pelo abandono do direito real"; de modo que "a obrigação 
se transmite aos sucessores a título singular do devedor". 
Por fim, Silvio de Salvo Venosa refere que "trata-se de relação obrigacional que 
se caracteriza por sua vinculação à coisa", sendo que "o nascimento, a transmissão e a 
extinção da obrigação propter rem seguem o direito real, com uma vinculação de 
acessoriedade"; ao passo que "a obrigação dita real forma, de certo modo, parte do 
conteúdo do direito real, e sua eficácia perante os sucessores singulares do devedor 
confere estabilidade ao conteúdo do direito". 
Importante citar, como complemento, que a extinção da obrigação real se dá pelo 
abandono do referido direito, assim como também poderá ser transmitido à terceiros, a 
título gratuito, oneroso ou por sucessão. 
 
Por fim, a obrigação real acompanha o bem onde quer e com quer que ele se 
encontre, de tal modo que a responsabilidade pelo seu adimplemento irá acompanhar o 
bem, mesmo em caso de alienação ou sucessão. 
 
9. OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER 
 
Nas obrigações de não fazer, o objeto da prestação é uma atitude de omissão, 
ou melhor, o dever de se abster à realização de determinada conduta. 
Temos como exemplo a obrigação negativa de sublocação em um contrato de 
locação; obrigação de servidão (art. 1378 e 1383 do CC); indisponibilidade de uso do 
bem depositado (art. 640 do CC); não construção de edifícios em um loteamento; e 
assim por diante. 
A título de divisão, temos três espécies de obrigações de não fazer: 
a) de não fazer algo (como não construir uma casa de festas em imóvel 
vendido); 
b) de tolerar fato natural ou atividade alheia (como receber águas do terreno 
superior – art. 563 do CC); 
c) de consentir a prática de determinado ato (como a vistoria para venda de 
imóvel locado). 
Havendo situações específicas em que não se pode evitar o inadimplemento da 
prestação, opera-se a resolução da obrigação de não fazer, conforme art. 250 do CC. 
São situações como em um contrato de locação, sendo vedada a moradia de 
mais pessoas além do locatário, surge a necessidade de acolher um familiar que não 
possui outro local para se abrigar. 
Com o inadimplemento involuntário, pode o credor reclamar a resolução do 
contrato, ou desfazimento às custas do devedor (art. 251 do CC). 
Deverá o devedor responder ainda por perdas e danos, independentemente de 
ter obrado ou não com culpa, porém a partir de apuração caso a caso. 
Poderá o credor, ainda, em caso de urgência, desfazer ele próprio, ou terceiro, 
o ato feito pelo devedor, mesmo sem autorização judicial. 
Para a execução (desfazimento da ação), aplica-se o disposto no art. 822 e 823 
do novo CPC. Há praticamente uma transformação da obrigação de não fazer para uma 
obrigação de fazer, na medida em que o devedor será compelido ao desfazimento do 
seu ato, que gerou o inadimplemento da obrigação. 
Cite-se como exemplo a determinação judicial para abstenção de protesto ou 
restrição creditícia até o julgamento de processo judicial: trata-se de determinação 
judicial e, havendo descumprimento, responderá por este o devedor da obrigação assim 
como por eventuais prejuízos. 
Ainda, podemos citar como exemplo a necessidade de destruição de beiral de 
casa que avança no terreno vizinho – art. 1300 do CC. 
Novamente aqui, nas obrigações de não fazer, se aplica com propriedade a 
fixação de astreintes, na forma do art. 536, § 1º do novo CPC. 
 
 
Defesa na execução das obrigações de dar, fazer e não fazer 
A defesa no caso de execução, se dá como em qualquer outra execução, 
mediante embargos, ou por meio de outras formas processuais extraordinárias. 
Os embargos se regem pelo disposto no art. 914 e ss. do novo CPC (ver art. 919 
do novo CPC). 
 
10. OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS, SIMPLES E FACULTATIVAS 
 
Obrigações simples 
Obrigações simples são aquelas que cuja prestação recai somente sobre uma 
coisa ou sobre um ato, liberando-se o devedor quando cumprir essa obrigação. 
Podemos dizer que uma obrigação é simples, também, quando não for 
cumulativa, alternativa ou facultativa. 
Temos como exemplo a obrigação para pagamento de um saco de cimento 
comprado em uma loja de materiais de construção. 
 
Obrigações alternativas 
É a obrigação que contém dois ou mais objetos distintos, onde o devedor se 
libera do vínculo obrigacional com o cumprimento de apenas um deles, mediante 
escolha sua, do credor ou de terceiro. 
Possui como características duas ou mais prestações para opção de serem 
escolhidas e, com o adimplemento de uma, exonera-se o devedor das demais. 
É o caso, por exemplo, da obrigação em que o devedor pode entregar uma carga 
de maças ou uma motocicleta para o credor, sendo que a entrega de apenas uma delas 
o exonera do encargo. 
A escolha deverá ser feita até o momento do adimplemento, cabendo 
inicialmente ao devedor este direito de escolha. Contudo, se as partes estipularem de 
forma diversa, poderá o credor ou mesmo terceiro efetuar a escolha – art. 252 do CC. 
Tão logo efetuada a escolha, esta gera obrigatoriedade e a obrigação se 
concentra naquele objeto escolhido. A escolha é, além de obrigatória, irrevogável, salvo 
se forem prestações periódicas, cuja opção ocorrerá à cada período 9art. 252, §2º do 
CC. 
O Código Civil, objetivando valorizar a boa-fé, veda que a obrigação seja 
comprida parte com um dos objetos e parte com outro, haja vista que o direito de escolha 
demanda na opção pela totalidade do objeto. 
Há situações onde, com ou sem culpa do devedor, haverá o perecimento de uma 
ou de todos os objetos de escolha, impossibilitando o cumprimento da obrigação. 
a) quando a escolha couber ao devedor: 
 
Se, sem culpa do devedor, uma das prestações não puder mais ser satisfeita, a 
obrigação se concentra na outra obrigação, devendo esta ser cumprida pelo devedor – 
art. 253 do CC. 
Se todas as prestações se tornarem inexequíveis, sem culpa do devedor, a 
obrigação será extinta, resolvendo-se o contrato – art. 256 do CC. 
No entanto, se, por culpa do devedor, as prestações se tornarem inexequíveis, 
o devedor responderá pelo valor da última que se impossibilitou o cumprimento, bem 
como será responsávelpor perdas e danos em favor do credor – art. 254 do CC. 
b) quando a escolha couber ao credor: 
Se a escolha couber ao credor e, sem culpa do devedor, uma das prestações 
perecer, novamente a obrigação se concentra na prestação remanescente. 
Quando, por culpa do devedor, uma das prestações se tornar inexequível, o 
devedor será compelido ao cumprimento da prestação remanescente ou ao pagamento 
de indenização pelo valor da outra e perdas e danos. 
Caso, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornem impossíveis de 
cumprimento, o credor poderá optar em exigir o valor de qualquer uma delas, bem como 
indenização por perdas e danos – art. 255 do CC. 
 
Obrigação facultativa 
Obrigação facultativa é aquela cujo objeto, desde que permitida por lei ou pelo 
acordo entre as partes, pode ser substituído por outro, de forma a facilitar o 
adimplemento pelo devedor – artigo 643 do Código Civil Argentino 
Não se trata de possibilidade de escolha, mas sim de substituição do objeto. 
Não está prevista no ordenamento jurídico brasileiro, mas pode ser estipulada 
pelas partes. 
 
11. OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL 
 
É aquela onde, havendo mais de um credor ou mais de um devedor, a prestação 
pode ser cumprida parcialmente, sem prejuízo da substância da coisa ou de seu valor. 
Importante: a divisibilidade ou indivisibilidade se dá em relação à prestação e não 
em relação à coisa (objeto da prestação). 
Em casos onde há diversos devedores, cada um dos devedores presumir-se-á 
responsável por cota equivalente aos demais. Temos obrigações divisíveis em diversos 
artigos do Código Civil: 252, §2º; 455; 812; 776; 830; 831; 858; 1297, 1266; 1272; 1326; 
1968; 1997; e 1999. 
Por exemplo: havendo uma dívida dos devedores A, B, C, D e E para com o 
Credor X, no valor de R$.10.000,00, presume-se que cada um dos devedores é 
responsável por R$.2.000,00 perante o credor. 
 
Da mesma forma, se temos vários credores e apenas um devedor, presume-se 
que deve a mesma quantia para cada credor: se o débito for de R$.50.000,00 e são 2 
os credores, presume-se que o devedor deva R$25.000,00 para cada um dos credores. 
Portanto, a responsabilidade, na obrigação divisível, é parcial, sendo que o 
cumprimento parcial exonera o devedor que a cumpriu –art. 259 do CC. 
Em caso de remissão ou prescrição da obrigação, esta se opera apenas em 
relação ao devedor que se beneficiou – art. 204 do CC. 
Em caso de inadimplemento de um dos devedores, será o credor que arcará com 
o prejuízo, pois cada um dos devedores será responsável por sua cota parte apenas. 
12. OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL 
É a obrigação cuja prestação somente poderá ser cumprida por inteiro, que, em 
virtude da natureza, ordem econômica ou razão determinante do negócio jurídico, não 
comporta divisão – art. 257 do CC. 
Podemos dizer que há indivisibilidade quando a prestação perder a sua essência 
ou quando, em virtude da divisão, há perda da viabilidade econômica. 
Dessa forma, a indivisibilidade pode ser: 
a) física ou material: quando a prestação não pode ser dividida em virtude de 
suas características particulares, como no caso da entrega de um cavalo de corrida 
famoso. 
b) legal ou jurídica: se a prestação for indivisível por determinação legal, 
como no caso da impossibilidade de divisão de imóvel rural inferior ao módulo rural 
(conforme lei nº 4504/64). 
c) convencional ou contratual: quando a indivisibilidade da prestação é 
estabelecida pelas partes. Por exemplo: contrato de conta corrente onde os créditos e 
débitos se fundem num todo. 
d) Judicial: ocorre quando a indivisibilidade é determinada judicialmente. 
Na obrigação indivisível, a responsabilidade de qualquer dos devedores é pela 
dívida toda – art. 259 do CC. Aquele que adimplir a dívida, tomará o lugar do credor, 
podendo cobrar dos demais as respectivas cotas partes. 
 
Em caso de pluralidade de devedores, podemos destacar outras características: 
a) O credor não pode recusar pagamento por inteiro feito por um dos 
devedores; 
b) Nulidades estendem-se a todos; 
c) Insolvência de um devedor não prejudica o credor, pois poderá demandar 
dos demais o adimplemento da prestação indivisível. 
Em caso de pluralidade de credores, o pagamento deverá ser feito a todos os 
credores conjuntamente, ou então, à um ou uns, desde que possuam caução de 
ratificação (autorização) dos demais credores – art. 260 do CC. 
 
 
Havendo insolvência, qualquer um dos credores poderá exigir o débito por 
inteiro, porém deverá reportar-se aos demais após o adimplemento forçado. 
Se apenas um dos credores se beneficiar da prestação, mesmo que com 
autorização dos demais, este deverá compensar os outros, em dinheiro, por suas 
respectivas partes – art. 261 do CC. 
Em caso de remissão, transação, novação, compensação ou confusão da dívida 
por parte de um dos credores, estes não produzirão efeitos perante o direito dos demais 
credores, que excluirão a parte deste credor apenas – art. 262 do CC. 
A indivisibilidade pode desaparecer por perda do motivo (como alteração de lei, 
revogação de ordem judicial, etc.), regulando-se, a partir daí, pelas regras da 
divisibilidade. 
Havendo inadimplemento e sendo impossível o cumprimento da prestação, esta 
se resolverá em perdas e danos. Neste caso também ocorrerá a perda da 
indivisibilidade. 
Quando o inadimplemento ocorrer por culpa de todos os devedores, todos 
responderão, em partes iguais, pelas perdas e danos. No entanto, sendo apenas um 
deles o culpado, apenas o culpado responderá pelas perdas e danos – art. 263 do CC. 
Se as partes estipularam cláusula penal, todos os devedores, culpados ou não, 
responderão pelo valor da cláusula penal estabelecida, de acordo com suas respectivas 
cotas parte. Porém, somente poderá ser demandado o valor total da cláusula penal 
daquele devedor que tiver culpa pelo inadimplemento. 
 
13. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
 
Especificidades 
Obrigação solidária é aquela em que, havendo multiplicidade de credores ou 
devedores, ou de uns e outros, cada credor terá direito à totalidade da prestação, como 
se fosse o único credor, ou cada devedor estará obrigado pelo débito todo, como se 
fosse o único devedor. – Maria Helena Diniz. 
A solidariedade implementa à obrigação uma garantia ao credor, de modo que 
obriga a todos os devedores quanto à totalidade da prestação obrigacional. 
A solidariedade adquire importância na medida em que representa elemento de 
grande segurança nas transações, convenções ou contratos celebrados no mundo 
jurídico. Há uma garantia bem maior quanto ao cumprimento das avenças e cláusulas, 
porquanto aos credores abre-se a faculdade de demandar qualquer um dos obrigados. 
Os patrimônios de todos os envolvidos ficam adstritos à garantia do cumprimento, até a 
sua satisfação integral. Diluem-se os riscos de inadimplência dos compromissos, o que 
enseja o incremento das relações econômicas. – Arnaldo Rizzardo. 
A obrigação solidária se caracteriza pela pluralidade de relações jurídicas que se 
estabelecem entre credores e devedores, são as chamadas “relações externas”, onde 
cada devedor será obrigado pela sua parte e dos demais devedores para com o credor 
 
ou credores. De outro lado, existem “as relações internas”, isto é, entre os próprios 
credores ou devedores. Aquele que demandou o recebimento da totalidade do crédito 
deve transferir para os demais credores a parcela correspondente à sua quota. Do 
mesmo modo, ao que pagou por inteiro a dívida, faculta-se que reclame, perante os 
demais obrigados, a compensação da porção à parte que lhe cabia satisfazer. Não 
convindo voluntariamente na reposição das quotas, reconhece-se o direito de agir 
regressivamente ao que pagou. 
Importante lembrar que, na obrigação solidária, podemos ter: a)um credor e 
vários devedores; b) vários credores e um devedor; e c) vários credores e vários 
devedores. 
Como principais características da solidariedade, podemos apontar: 
a) pluralidade de sujeitos ativos (credores) e/ou passivos (devedores), 
sendo imprescindível a sua existência, haja vista que não há como cogitar de 
solidariedade sem que haja dois ou mais sujeitos envolvidos na relação; 
b) multiplicidade de vínculos, pois cada um dos devedores possui um vínculo 
com cada um dos credores; 
c) unidade de prestação, pois cada um dos devedores responde pela 
totalidade da obrigação e cada credor possui o direito de exigir a totalidade da 
obrigação; 
d) Co-responsabilidade ou responsabilidade comum dos interessados, na 
medida em que todo o pagamento feito por um dos devedores extingue a obrigação, 
enquanto que o recebimento por qualquer dos credores também põe termo ao vínculo 
obrigacional. 
 
Obs. Não confundir a solidariedade com a indivisibilidade. Existem alguns pontos 
de semelhança, como a exigibilidade da obrigação inteira, ou não em partes, e a 
pluralidade de credores ou devedores, mas, na solidariedade tem-se um direito em todo 
o crédito, ou firma-se a obrigação sobre a dívida inteira. Já na indivisibilidade, a 
totalidade dos credores coloca-se no papel de exigir por força da inviabilidade de partir-
se a obrigação ou a coisa, que se dividida tornar-se-ia imprestável ou sem utilidade. Na 
solidariedade se houver pluralidade passiva qualquer devedor poderá pagar e na ativa, 
qualquer credor poderá receber não necessitando apresentar nenhuma garantia de que 
irá repassar. Já na indivisibilidade o credor tem que apresentar a caução de ratificação 
que garante aos demais o direito à parte da prestação recebida. 
 
Art. 260 - se não tiver a caução ou pagar conjuntamente terá que pagar 
novamente. 
– Indivisibilidade. “Quem paga mal, paga duas vezes”. 
Art. 264 - não necessita pagar aos demais- solidariedade. 
 
 
Princípios da solidariedade 
Como princípios norteadores da solidariedade, podemos elencar dois principais: 
a) variabilidade do modo de ser da obrigação na solidariedade, pois a 
solidariedade admite a estipulação com condição, prazo e local diferenciados entre os 
credores ou devedores, sem que perca a sua essência. Circunstância essa que jamais 
poderá agravar a situação dos demais – art. 278 do CC; 
b) não presunção da solidariedade, pois, por ser encargo que agrava a 
situação dos devedores, deve a solidariedade ser decorrente de lei ou decorrente da 
vontade das partes, afastando-se a solidariedade presumida do ordenamento jurídico 
brasileiro – art. 265 do CC. 
Em caso de omissão legislativa ou falta de disposição expressa em contrato, não 
poderá haver solidariedade. 
Fontes das obrigações solidárias 
Conforme vimos acima, a solidariedade de nenhuma forma será presumida. 
Assim, somente terá como fontes a lei e a vontade entre as partes. 
No caso de previsão legislativa podemos verificar a determinação de 
solidariedade nos seguintes casos: responsabilidade dos comodatários (art. 585 do CC); 
responsabilidade dos gestores (art. 867, § único do CC); responsabilidade do fiador (art. 
829 do CC); responsáveis do art. 942 do CC; e assim, por diante. 
Outro exemplo de solidariedade legal verifica na previsão do art. 12 da lei nº 
8.078 de 11.09.1990 (Código de Defesa do Consumidor) que dispõe: “O fabricante, o 
produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, 
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem 
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.” 
Observe-se que se tratam apenas de solidariedade passiva, haja vista a 
inexistência de casos de solidariedade ativa no ordenamento jurídico brasileiro. 
No caso de convenção entre as partes, podemos citar as disposições 
testamentais, contratos, etc. A disposição da solidariedade deve ser manifesta e 
expressa. 
O art. 266 dispõe: “A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos 
cocredores ou co-devedores, e condicional ou a prazo, ou pagável em lugar diferente 
para outro”. Nota-se que aparecem duas modalidades: a pura ou simples, e a 
condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente. No primeiro tipo, incluem-se 
aquelas que devem simplesmente ser cumpridas sem aguardar uma condição ou 
evento. Estabelecida a obrigação nasce o direito em exigi-la ou a imposição de cumpri-
la. Já na condicional, ou a prazo (a termo), ou pagável em lugar diferente, aguarda-se 
que venha o fato ou a condição determinante para o cumprimento, ou a ocorrência de 
determinado evento; ou espera-se que ocorra a data prevista; ou é pagável em lugar 
diferente daquele que normalmente deveria ser, sendo consignado onde se fará. 
 
Por exemplo, estabelece-se que o empreiteiro é responsável (obrigação pura ou 
simples), mas que, se não concluírem a obra (condição) também serão 
responsabilizados o mestre-de-obras e os próprios subempreiteiros (obrigação 
condicional). 
 
Solidariedade ativa (de credores) 
Na solidariedade ativa, qualquer credor pode exigir a prestação por inteiro do 
devedor ou dos devedores – art. 267 e 275 do CC. Da mesma forma, o pagamento pode 
ser a qualquer credor. 
Um exemplo clássico de solidariedade ativa está no contrato de depósito 
bancário em conjunto ou conta corrente conjunta. 
Este credor que receber a prestação dará quitação integral, ou seja, o pagamento 
feito pelo devedor ao credor solidário o desonera da obrigação, mesmo sem autorização 
dos demais credores. Este pagamento, porém, deve ser feito até que algum dos 
credores demande judicialmente a prestação – art. 268 e 269 do CC. 
Assim como qualquer credor pode receber a dívida por inteiro, poderá também 
ajuizar medidas que visem assegurar o adimplemento da obrigação, além da própria 
execução da prestação. 
Vindo a falecer o credor solidário, e ficando pendente o crédito de pagamento, 
transmite-se o direito que tinha o credor em sua integralidade para a herança. A herança 
(herdeiros em conjunto ou único herdeiro) tem a legitimidade para exigir a totalidade do 
credito. Havendo mais de um herdeiro, não pode cada herdeiro ser considerado titular 
do crédito integral de seu pai (na relação interna), sendo proprietário apenas da cota-
parte que lhes toca em quinhão, e, com muito maior razão, não o poderá ser do crédito 
total (na relação externa). Ou seja, os herdeiros não se revestem dos mesmos direitos 
assegurados ao credor originário. Não se estendem a eles as prerrogativas de receber 
a totalidade do crédito. Art. 270 CC. 
Quando houver compensação, transação, remissão e novação da dívida por 
qualquer um dos credores solidários, estas emitem seus efeitos para todas as relações, 
aproveitando-se a todos os demais devedores. Se, por exemplo, um dos credores 
perdoa a dívida do devedor, o devedor estará completamente exonerado da obrigação, 
sendo que este credor responderá perante os demais credores – art. 272 do CC. 
 
A constituição em mora de um credor prejudicará os demais, considerando-se 
todos em mora perante o devedor, e vice-versa. 
Convertendo-se a prestação em perdas e danos, a solidariedade permanecerá 
inalterada. 
As exceções pessoais que o devedor tiver com um dos credores não se 
estendem aos demais credores. Mesmo que um dos credores tenha uma obrigação 
pessoal para com o devedor, ou que este possua um crédito, não cabe abatimento ou 
compensação da dívida. Art. 273 CC. 
Todavia, se um dos credores move a ação própria, para a satisfação de seu 
crédito, e vindo alegada alguma defesa ou exceção pessoal, como a compensação,ou 
a ilegitimidade do credor para receber o crédito, a decisão favorável ao devedor não 
 
atinge os demais credores, que estão habilitados a promover o cumprimento da 
obrigação. O julgamento favorável, ao credor, contra o devedor, aproveita os demais 
credores, a menos que se funde em exceção pessoal própria do credor, como um crédito 
que o devedor alega possuir, e que a decisão judicial não o reconhece. – Art. 274 CC 
 
Solidariedade passiva 
 
Na solidariedade passiva, temos pluralidade de devedores que, juntos ou 
individualmente, respondem pela integralidade da prestação. Podemos destacar os 
principais aspectos da solidariedade passiva: 
O credor poderá escolher entre os devedores, um ou todos, para o cumprimento 
da obrigação; podendo exigir o adimplemento total ou parcial de qualquer obrigado; 
Solidariedade passiva X Fiança 
Aparentemente, parece confundir-se a solidariedade com a fiança. Distintas, no 
entanto, as figuras, embora vizinhas e, em ambas seja possível reclamar a satisfação 
da dívida, a fiança é de sua natureza um contrato acessório, onde o fiador solve a 
obrigação do afiançado, ou do devedor e não a sua. Já na solidariedade, é satisfeita a 
dívida de quem solve a obrigação da dívida ou de seus coobrigados. O fiador pode 
invocar o benefício de ordem, ou postular que antes de seus bens sejam executados os 
do devedor principal o que não ocorre com o devedor solidário. 
O devedor solidário vem aparecendo com maior frequência em contratos, pois 
ao contrário da fiança não exige consentimento do cônjuge o que representa um risco 
maior para o credor já que em caso de execução o cônjuge poderá entrar com embargos 
e garantir sua meação. 
Uma vez demandado o devedor solidário, não cabe chamar a lide, ou reclamar 
a participação no feito, dos demais coobrigados. Ocorre que cada um é responsável 
pela totalidade da dívida. Art. 275 CC 
Em caso de falecimento de um dos devedores solidários, a solidariedade 
permanecerá, sendo que o espólio do falecido continuará respondendo pela 
integralidade da dívida. Os herdeiros do falecido, contudo, somente responderão até o 
limite de seu quinhão (totalidade do espólio) – art. 276 do CC. 
Em caso de pagamento parcial feito por um dos devedores, ou remissão por ele 
obtida, o saldo remanescente da prestação continuará sob responsabilidade de todos 
os devedores, mesmo daquele que já fez pagamento parcial – art. 277. 
Nenhuma cláusula ou disposição especial, estabelecida entre o credor e um dos 
devedores, poderá agravar a obrigação dos demais devedores sem a sua anuência (art. 
278 do CC). 
Em caso de renúncia da solidariedade pelo credor, em favor de apenas um dos 
devedores, apenas a este se aproveita o benefício, permanecendo responsável, 
contudo, pela sua parte proporcional à parte dos demais coobrigados. 
 
Em caso de novação feita pelo devedor com apenas um dos devedores, sem a 
anuência dos demais, apenas este será responsável pela obrigação a partir de então, 
estando os demais devedores exonerados do encargo – art. 365 do CC. 
Da mesma forma, se ocorrer transação em relação à integralidade, apenas entre 
um devedor e o credor, extingue-se a obrigação perante os demais devedores – art. 
844, §3º do CC. 
Em caso de cessão de crédito, esta somente terá validade se todos os devedores 
forem notificados (assunto que será estudado nas próximas aulas). 
Quando apenas um dos devedores pagar a dívida, terá direito de buscar dos 
demais a quota equivalente de cada um deles, sub-rogando-se no direito do credor em 
relação à quota parte dos demais – art. 283 do CC. 
Se, dentre os devedores, houver um insolvente, os demais devedores, inclusive 
aqueles exonerados da solidariedade pelo credor, farão o rateio da parte do devedor 
insolvente – art. 284 do CC. 
Ocorrendo o inadimplemento, todos os devedores responderão pelos juros da 
mora. Porém o culpado responderá perante os demais devedores pelos encargos 
acrescidos à prestação – art. 280 do CC. 
Se a prestação se tornar impossível, por culpa de apenas um, todos responderão 
pelo valor equivalente a prestação. Apenas o devedor culpado responderá pelas perdas 
e danos – art. 279 do CC. 
Solidariedade recíproca ou mista 
Ocorre quando verificamos pluralidade de credores solidários e pluralidade de 
devedores solidários em um mesmo negócio (ou vínculo) jurídico. 
Aqui se aplicam as disposições inerentes à solidariedade ativa e passiva, acima 
transcritas. 
 
14. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
Conceito de cessão 
Segundo Maria Helena Diniz, cessão “é a transferência negocial, a título gratuito 
ou oneroso, de um dever, de uma ação ou de um complexo de direitos, deveres e bens, 
com conteúdo predominantemente obrigatório, de modo que o adquirente (cessionário) 
exerça posição jurídica idêntica à do antecessor (cedente).” 
De maneira sintética podemos dizer que cessão, no direito das obrigações, é a 
transferência da obrigação, pelo credor, pelo devedor, ou mesmo de ambos, sendo que 
o cessionário passa a figurar na mesma condição do cedente, frente a relação jurídica 
objeto de cessão. 
Como referido no conceito de Maria Helena Diniz, pode ser gratuita ou onerosa, 
bem como pode ser de qualquer das partes envolvidas na obrigação. 
Assim, temos cessão de crédito (feita pelo credor); cessão de débito (feita pelo 
devedor), que também é chamada de assunção de dívida; e cessão de contrato (ou de 
 
crédito e débito), em que a relação jurídica estabelece crédito e débito para ambas as 
partes. 
 
Cessão de crédito 
Cessão de crédito é a transferência de um crédito, no todo ou em parte, pelo 
credor (cedente) à um cessionário que passa a figurar como credor, sendo, portanto, um 
negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, independentemente de consentimento do 
devedor, com todos os acessórios e garantias, sem que se opere a extinção do vínculo 
contratual. 
Gratuita é a cessão feita independente de pagamento pelo novo credor ao credor 
originário. Onerosa é quando esse crédito é repassado com algum ônus para o novo 
credor. 
É total quando engloba a totalidade do crédito (totalidade do valor de uma nota 
promissória, por exemplo), e parcial quando a cessão é feita de apenas parte do crédito 
existente. 
A cessão não é fator de novação, pois a novação extingue a relação jurídica 
anterior, ao passo que na cessão há uma alteração de figura subjetiva, sem alterar o 
negócio em si. 
Não há necessidade de consentimento do devedor. No entanto, há necessidade 
de notificação do devedor sobre a cessão, de modo a cientificar-lhe a existência de novo 
destinatário do recebimento da prestação. 
Se não ocorrer a notificação, e o devedor pagar ao credor originário, o 
pagamento será considerado válido, pois, como o devedor desconhecia a transferência 
da obrigação, pagou àquele para com quem inicialmente se comprometera. O novo 
credor deverá buscar do credor originário a satisfação do crédito. 
No entanto, tendo sido notificado, o devedor deverá pagar ao novo credor, sob 
pena de ter que pagar duas vezes a prestação. 
Em caso de dúvidas, terá à disposição a ação de consignação em pagamento, 
depositando o valor e livrando-se de eventuais encargos por pagamento indevido. 
O cedente se responsabiliza, perante o cessionário, pela existência do crédito. 
Poderá se responsabilizar também pela existência do débito (o que deve ser expresso), 
salvo se a cessão decorrer de lei. 
Ao cessionário caberão todos os direitos que o credor originário possuía, 
inclusive acessórios, garantias, vantagens e ônus. Em caso de insolvência do devedor, 
arcará com o prejuízo (salvo em caso de estipulação expressa de responsabilidade). 
 
Cessão de crédito - espécies 
A cessão de crédito poderá ser distinguida entre as seguintes formas: 
a) Convencional,quando decorre de acordo entre as partes, como na cessão 
de um título de crédito; 
b) Legal, quando determinada pela lei, tal como ocorre em relação aos 
acessórios do contrato (como juros e multa); 
 
c) Judicial, quando determinada pelo juiz, como na adjudicação de bem em 
processo que busca a extinção de condomínio. 
 
Poderá, ainda, ser Pró-soluto, que é aquela cessão que dá quitação da 
negociação havida entre o credor originário e o novo credor; bem como pró-solvendo, 
em que a quitação somente é válida com o efetivo recebimento do valor (exemplo do 
pagamento de um débito com cheque: com recibo pró-solvendo, somente haverá a 
quitação após a compensação do cheque). 
A cessão de crédito se diferencia da sub-rogação em alguns detalhes: o 
cessionário poderá exigir todos os direitos decorrentes do título objeto de cessão, 
enquanto que o sub-rogado somente poderá buscar aquilo que efetivamente dispensou 
para quitar a obrigação mais as despesas; o cedente assume a responsabilidade pela 
existência do crédito, o que não ocorre na sub-rogação; o sub-rogado adquire a 
qualidade de credor assim que pagar a prestação, enquanto que o cessionário somente 
terá a plenitude de seu direito a partir da notificação do devedor. 
Para a realização da cessão, é necessário o preenchimento de todos e quaisquer 
requisitos de um negócio jurídico: capacidade, forma legal e objeto adequado (art. 104 
do CC). 
 
Cessão de débito – assunção de dívida. 
Cessão de débito, ou assunção de dívida, é o meio de transferência de um débito 
pelo devedor à terceiro, com a anuência do credor, onde este terceiro assume a 
responsabilidade pela prestação. Trata-se de negócio jurídico bilateral. 
Temos como grande exemplo a transferência dos financiamentos do sistema 
financeiro de habitação. 
Também deve se operar sem a alteração da relação jurídica, pois do contrário 
configuraria novação. 
A concordância do credor é indispensável, pois o mesmo não poderá ser tolhido 
no seu crédito, bem como das garantias que o asseguram. 
A cessão de débito mantém o vínculo obrigacional, porém libera o devedor 
originário da obrigação, somente podendo ser novamente responsabilizado em caso de 
anulação da cessão de débito. 
As garantias pessoais (como a fiança) que o devedor havia concedido se 
extinguem; no entanto, as garantias reais (como a hipoteca), permanecem íntegras, 
garantindo o contrato. 
Pode ocorrer a cessão de débito por: 
a) expromissão: decorre de acordo entre credor e terceiro, podendo ser 
liberatória (liberando o devedor primitivo) ou cumulativa (o novo devedor passa a 
responder pela obrigação conjuntamente com o devedor anterior); 
b) delegação: decorre de acordo entre devedor e terceiro, podendo ser 
privativa (exonera totalmente o devedor) ou simples (responsabilidade subsidiária do 
devedor originário). 
 
 
 
Cessão de contrato 
Cessão de contrato é a transferência dos direitos e deveres decorrentes de um 
contrato firmado por duas ou mais partes. 
É assim chamada por que, via de regra, em um contrato, ambas as partes 
assumem a posição de credor e devedor. 
Cite-se, por exemplo, o contrato de construção de uma casa, onde o contratante 
se compromete a pagar o valor (posição de devedor) em troca do comprimento da 
prestação de construção da casa (posição de credor). O construtor se compromete a 
construir (posição de devedor), em troca do cumprimento da obrigação pelo contratante 
de pagamento do valor (posição de credor). 
A cessão de contrato se rege pela forma estabelecida nas cessões de crédito e 
débito, antes referidas, no que for aplicável cada uma. 
 
15. ADIMPLEMENTO OBRIGACIONAL 
 
Ocorre o adimplemento das obrigações quando houver o seu pagamento, ou 
seja, quando a prestação for cumprida, ou então, de outra forma for extinta a obrigação. 
Podemos estabelecer duas formas de adimplemento das obrigações: modo 
direito e modo indireto de extinção das obrigações. 
No modo direto, temos o próprio pagamento, com o adimplemento da obrigação 
tal qual estabelecida. 
No modo indireto, verificamos a extinção da obrigação através de outras formas 
que não o pagamento, tais como a novação, dação em pagamento, etc., diferindo a 
prestação entrega daquela que havia sido estabelecida inicialmente pelas partes. 
 
Pagamento 
Pagamento é o meio direto de extinção das obrigações, onde o devedor efetua 
a entrega da prestação obrigacional exata no tempo, lugar e forma convencionados. 
Para que ocorra o pagamento (concepção stricto sensu), deve haver: vontade de 
adimplir a prestação (animus solvendi), presença de quem paga (solvens) e de quem 
recebe (accipiens), vínculo obrigacional e satisfação exata da obrigação. O tempo do 
pagamento se refere à data fixada para o adimplemento da obrigação. 
Via de regra, a obrigação deverá ser satisfeita no prazo estabelecido, nem antes 
e nem depois. Há circunstâncias, como no código de defesa do consumidor (lei nº 8078) 
que estabelecem o benefício do devedor pagar antes o valor, com o direito ao 
abatimento de juros relativos ao período antecipado. 
Da mesma forma, por conveniência do devedor, poderá ser feito o pagamento 
antecipadamente (art. 133 do CC). 
Não havendo estipulação de prazo para vencimento da obrigação, o art. 331 
do CC permite ao credor exigi-la de imediato. Se for obrigação que depende de 
condição, será exigível a partir da chegada ou ocorrência da condição. 
 
 
Lugar do pagamento 
Quanto ao lugar do pagamento, trata-se da designação do local em que deve ser 
satisfeita a obrigação. Via de regra, não havendo estipulação expressa, entende-se que 
a obrigação deve ser satisfeita no domicílio do devedor (dívida quérable). 
Havendo estipulação das partes, poderá ser designado o endereço do credor 
para a satisfação da obrigação. Geralmente consta o local do cumprimento da obrigação 
no título, o que deverá servir de base para o cumprimento. 
Se os pagamentos de prestações periódicas ocorrerem em local diverso do 
estabelecido pelo contrato, entende-se que o credor renunciou ao local previsto, 
passando a ser considerado o novo local para adimplemento. 
 
Prova do pagamento 
No que se refere à prova do pagamento, trata-se esta da quitação propriamente 
dita (recibo). Este documento estabelece a data, local e forma do cumprimento da 
obrigação, sendo o comprovante de que a prestação fora satisfeita. 
A quitação é um direito do devedor e uma obrigação do credor, razão pela qual 
é lícito ao devedor reter o pagamento em caso de negativa de fornecimento da quitação. 
Há situações de presunção de pagamento, estabelecidas pelos artigos 322, 323 
e 324 do CC. 
Quando do pagamento, havendo negativa de quitação, terá o devedor, ao seu 
dispor, a consignação em pagamento para satisfazer a obrigação e evitar os encargos 
decorrentes de eventual mora. 
O objeto do pagamento deverá ser a prestação exata estabelecida pelas partes 
no negócio jurídico. Se o objeto do pagamento não atender à esse requisito, o credor 
não é obrigado a aceitar o adimplemento. 
No entanto, se receber parte do valor, é seu ônus emitir recibo de quitação da 
parte que fora adimplida. 
 
16. PAGAMENTO INDEVIDO 
 
Por fim, em caso de pagamento indevido, trata-se de forma de enriquecimento 
ilícito, onde alguém recebera prestação que não era devida, ou então, prestação além 
do que fora estipulada (ex. cobrança de juros moratórios de uma prestação que ainda 
não vencera). 
Em caso de pagamento indevido, sem culpa daquele que pagou o valor, 
configurase o enriquecimento indevido, e aquele que recebeu terá obrigação de restituir 
o valor indevidamente recebido. 
Ver art. 876 à 883 do CC. 
 
 
 
FORMAS INDIRETAS DE ADIMPLEMENTO 
 
17. PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO 
 
Opagamento em consignação consiste no depósito judicial ou extrajudicial da 
prestação, diante de situações em que o credor não recebe o valor, de acordo com os 
motivos previstos em lei. (CC, art. 334; novo CPC, art. 539, §§1º a 4º). 
Seu objetivo principal é fornecer ao devedor uma forma de quitação diante do 
adimplemento da prestação. 
Há situações onde o credor nega-se a receber a prestação, ou então, nega-se a 
prestar a quitação da prestação, servindo-se a ação consignatária como instrumento útil 
ao devedor para adimplir e prestação, evitando a incidência da mora e dos respectivos 
encargos. 
Além dessas hipóteses, é possível a consignação, ainda, quando a prestação 
esteja sendo judicialmente disputada, bem como quando haja dúvida quanto a quem 
deva receber. 
A consignação em pagamento apresenta, como pressupostos objetivos, a 
existência de débito líquido e certo, proveniente da relação negocial que se pretende 
extinguir; oferecimento real da totalidade da prestação devida; vencimento do termo 
convencionado em favor do credor, ou então quando o devedor, se estipulado em seu 
favor o prazo, poderá consignar em qualquer tempo após a tentativa frustrada de 
adimplemento (CC, art. 130, ou assim que se verificar a condição a que o débito estava 
subordinado (CC, art. 332); observância de todas as cláusulas estipuladas no negócio; 
obrigatoriedade de se fazer a oferta no local e forma convencionado para o pagamento 
(CC, arts. 891, parágrafo único, 894; CC, arts.337, 328, 341, 342); já como requisitos 
subjetivos, a consignatória deve dirigir-se contra o credor capaz de exigir ou contra seu 
representante legal ou mandatário (CC, art. 308); o pagamento em consignação deve 
ser feito pelo próprio devedor, pelo seu representante legal ou mandatário, ou, ainda, 
por terceiro (CC, arts. 304 a 307). 
Em caso de consignação extrajudicial, ocorre de acordo com os procedimentos 
previstos no art. 539, §1º ao 4º do novo CPC. Este procedimento pode ser usado quando 
a prestação se constituir em pecúnia, ou seja, em dinheiro. 
Se aceita a prestação, há a exoneração do encargo, com a quitação. 
Não sendo aceito o valor da consignação extrajudicial, ou mesmo de forma 
imediata, é possível a consignação judicial da prestação. 
Tendo sido efetuado o depósito extrajudicial, o comprovante de depósito será a 
prova já da consignação, determinando-se de imediato a citação do demandado. 
Se o procedimento judicial é a primeira opção, o juiz despachará a inicial, fixando 
data para depósito (5 dias). Efetuado o depósito da prestação, será determinada a 
citação. 
O demandado poderá aceitar o valor e levantar o depósito, ou então, contestar 
a ação, arguindo: prestação incompleta, prestação vencida; inexistência de negativa de 
recebimento; inexistência de dúvida quanto ao credor. 
 
Julgada procedente a ação, esta exonera o devedor dos encargos da mora, 
como juros, correção, multa e eventual responsabilidade por perda ou deterioração do 
objeto, passando os riscos para o credor. Ainda libera as garantias, impõe ao credor a 
obrigação de ressarcir despesas e danos causados por sua recusa, tais como custas e 
honorários advocatícios. 
No caso de improcedência, o devedor será considerado em mora ainda, arcando 
com as despesas processuais, além dos efeitos da mora (encargos e riscos). 
Necessário referir ainda que, em se tratando de obrigação a ser satisfeita no 
domicílio do devedor, é do credor o ônus de comprovar que tentou receber o crédito e 
que a prestação, portanto, não teria sido adimplida (obrigação quérable). Contudo, 
sendo obrigação portable (paga no domicílio do credor), é do devedor o encargo de 
provar que tentou adimplir a obrigação e que houve recusa do credor. 
 
18. DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 
 
A ação de consignação em pagamento é procedimento especial no CPC, eis 
que, dando azo à dupla natureza que possui (material e processual), tem a previsão de 
procedimento específico para a sua realização. 
 
Tal previsão envolve tanto a consignação extrajudicial (art. 539 do novo CPC) 
como a consignação judicial (art. 539 ao 549 do novo CPC). 
A se destacar, a consignação extrajudicial é possível apenas para obrigações 
financeiras, eis que o depósito deve ser realizado em conta corrente, preferencialmente 
junto a banco oficial. 
Por outro lado, a consignação judicial comporta o cumprimento de qualquer 
espécie de obrigação e, quando impossível o depósito físico do bem da vida, o mesmo 
pode ser colocado à disposição do juízo, satisfazendo-se, assim, a obrigação do 
devedor. 
 
19. SUB-ROGAÇÃO 
 
Sub-rogação é a substituição, nos direitos creditórios, da figura do credor por 
alguém que adimpliu a obrigação do devedor, ou que tenha emprestado o dinheiro ao 
devedor para esse adimplemento. 
A sub-rogação permite ao sub-rogado o poder de buscar do devedor a satisfação 
do que empregou na satisfação da obrigação, acrescido das despesas que tiver. 
No entanto, sendo sub-rogação legal, a limitação está na própria prestação 
cumprida, devendo ser o exato valor que fora pago ao credor (art. 250 do CC). 
Pode ocorrer tanto em decorrência da lei, conforme artigos 346, I, II e III CC; art. 
40 Dec. 2.044/1908, bem como pode ser convencional (acordo entre as partes), tanto 
 
entre credor e terceiro, como entre devedor e terceiro. Sendo sub-rogação por 
pagamento feito por terceiro, aplicam-se as 
Via de regra, a sub-rogação legal é aquela em que um terceiro interessado paga 
a dívida do devedor originário. Por outro lado, na sub-rogação convencional, um terceiro 
não interessado assume o débito do devedor, seja pagando, seja emprestando-lhe o 
valor correspondente. 
 
20. IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO 
 
Quando houver, entre o mesmo credor e mesmo devedor, duas ou mais dívidas 
líquidas e vencidas, poderá o devedor, realizando o pagamento de apenas uma delas, 
indicar qual delas pretende adimplir. 
O objetivo da imputação do pagamento é fornecer ao devedor a possibilidade de 
estancar a dívida que possui maiores encargos. Tanto que, não sendo apontada, o art. 
355 do CC expõe que a quitação se dará automaticamente da obrigação com maiores 
encargos. 
No entanto, se no ato de pagamento o credor passou a quitação de alguma delas 
e, não havendo rechaço imediato, o devedor não poderá apontar futuramente a intenção 
de adimplemento de outra prestação. 
É necessário, para ocorrer a imputação do pagamento, a existência de duas 
dívidas entre os mesmos credor e devedor, dívidas de mesma natureza e insuficiência 
de adimplemento de ambas. 
Com o adimplemento de uma das obrigações, esta será extinta, bem como todos 
os seus encargos e garantias (como fiança). 
Espécies: 
Feita pelo devedor – art. 352 do CC 
Feita pelo credor – art. 353 do CC 
Feita pela lei – art. 355 do CC 
 
21. DAÇÃO EM PAGAMENTO 
 
A dação em pagamento representa o adimplemento da obrigação assumida, 
porém com outro objeto que não aquele previsto no acordo firmado pelas partes. 
Cite-se como exemplo a utilização de um veículo para quitar a dívida de uma 
nota promissória (cuja prestação inicial era o pagamento do valor em dinheiro). 
A dação em pagamento necessita da concordância do credor, pois este não é 
obrigado a receber prestação diversa daquela recebida. Sendo firmada, extingue parte 
ou a totalidade do negócio jurídico. 
 
Requisitos e efeitos da dação em pagamento. 
 
Seus requisitos são: existência de débito vencido; animus solvendi; diversidade 
do objeto oferecido em relação ao devido; concordância do credor na substituição. 
O objeto dado em pagamento admite a incidência dos efeitos oriundos da 
evicção, tornando sem efeito a quitação dada (CC, art. 359), bem como de vícios 
redibitórios. 
 
22. NOVAÇÃO 
 
Novaçãoé o ato negocial realizado pelas partes que, sem que se efetue o 
pagamento da integralidade da obrigação, há a extinção da relação jurídica anterior (do 
negócio primário), criando um novo vínculo jurídico entre as partes. 
Mesmo que a obrigação originária não tenha sido satisfeita, extinguirão todos os 
seus efeitos, passando a ter validade apenas os novos termos fixados. 
Assim, de maneira sintética, podemos dizer que é a relação jurídica – negócio 
jurídico, que substitui um outro negócio jurídico, traçando novos parâmetros de 
contratação. 
Para que ocorra a novação é necessário que exista uma obrigação anterior (art. 
367 do CC), haja intenção de novar (art. 361 do CC), se crie uma nova relação jurídica, 
em substituição ao negócio anterior, tendo ainda um novo elemento. 
A novação pode substituir ou alterar a obrigação, ou então, substituir uma das 
partes – art. 360, I, II e III, e art. 362 do CC. 
 
Efeitos da novação. 
Como efeitos da novação, há a extinção do débito anterior; cessação de juros, 
correção, multa, etc; extinção das garantias, fianças e acessórios – art. 837, 365 e 366; 
desaparecimento da mora; exoneração do devedor e fiador que não anuir à novação; 
insolvência na nova obrigação não prejudica a novação; impossibilidade de discussão 
do débito anterior; perda, pelo devedor, das exceções que poderia levantar no vínculo 
jurídico anterior. 
Quanto ao último item, há exceções à essa regra quando verificada a incidência 
de nulidade que fulmine tanto a novação como a relação jurídica anterior, como no caso 
de contratos bancários: 
Súmula n° 286 do STJ: A renegociação de contrato bancário ou a confissão da 
dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos 
contratos anteriores. 
 
23. COMPENSAÇÃO 
 
Compensação é o ato de adimplir um débito através de um crédito, entre duas 
pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor um do outro, em relação à dívidas 
de mesma natureza (art. 370 e 368 do CC). 
 
Será convencional aquela compensação feita por acordo entre as partes, 
liquidando uma obrigação (ou parte dela), com a utilização de um crédito oriundo de 
outra obrigação. 
Veja-se que a limitação da compensação convencional se opera nos limites da 
legalidade, ou seja, sendo ato jurídico válido e lícito, as partes podem negociar 
livremente a compensação. 
Poderá a compensação ser determinada pelo juiz (compensação judicial), 
quando preenchidos os requisitos para a compensação legal. Normalmente ocorre em 
sede de reconvenção ao processo principal. 
Por fim, a compensação poderá ser determinada por lei, ocorrendo mesmo em 
caso de negativa de vontade de compensar de uma das partes. 
 
Requisitos à compensação. 
Na compensação legal, para que seja operada, são necessários alguns 
requisitos: as dívidas devem ser líquidas e vencidas (exigíveis, portanto); não poderá 
ser oriunda de alimentos, depósito, comodato ou coisa impenhorável (art. 373 do CC); 
poderá haver renúncia prévia de uma das partes (renúncia ao direito de compensação); 
ou falta de estipulação quando for necessário (art. 375 do CC); compensação das 
despesas de pagamento, quando houverem (art. 378 do CC); aplicação da imputação 
de pagamento (art. 379 do CC); e deverá ser garantido direito de terceiro (art. 380 do 
CC). 
As partes podem estipular renúncia à compensação, o que impediria a 
compensação judicial, porém não a convencional. 
Não poderá impor-se a compensação de créditos de terceiros, ou seja, a 
compensação deve se operar entre credor e devedor recíprocos (isso na compensação 
legal), salvo o fiador, que também poderá buscar a compensação, haja vista que é 
obrigado ao adimplemento da prestação (art. 371 do CC). 
 
24. CONFUSÃO 
 
Confusão é a situação jurídica onde uma pessoa passa a figurar como credora 
e devedora de si própria, extinguindo-se automaticamente os débitos/créditos. 
Temos como exemplo a situação do filho, que deve para o pai, e esse vem a 
falecer, tendo, portanto, o filho créditos decorrentes da sucessão. Ao mesmo tempo em 
que deve para o espólio, receberá parte desse (inclusive o seu próprio débito). 
A confusão pode ocorrer em relação à totalidade da prestação (total ou própria) 
ou apenas em relação à parte da obrigação (parcial ou imprópria). 
Em caso de mais de um credor ou devedor, configurando-se a confusão em 
relação à um deles, a extinção da obrigação ocorre em relação apenas à sua parte no 
crédito/débito, permanecendo a obrigação em relação aos demais (art. 383 do CC). 
A confusão extingue a obrigação, bem como todos os respectivos acessórios, 
como as garantias. 
 
Se por ventura for declarada ineficaz, restabelece-se a obrigação anterior em 
todos os seus termos. 
 
25. REMISSÃO 
 
É a liberação graciosa (gratuita) da obrigação, total ou parcial, feita pelo credor 
em favor do devedor. 
Por mais benéfica que pareça, a remissão é negócio jurídico bilateral e, portanto, 
depende da vontade de ambas as partes: do credor que “perdoa” a obrigação, e do 
próprio devedor que recebe a remissão. Essa aceitação poderá ser expressa ou tácita 
(art. 385 do CC). 
A remissão pode ser expressa (como documento declarando a remissão), bem 
como presumida, que ocorre em caso de entrega do título da obrigação ou do objeto 
empenhado (art. 386 e 387 do CC). 
A remissão extingue a obrigação e os respectivos acessórios (como a fiança); 
exonera o devedor de sua cota-parte na solidariedade passiva; exonera toda a 
obrigação em caso de solidariedade ativa e remissão feita por um dos co-devedores. 
 
26. TRANSAÇÃO. 
 
A transação é uma forma de extinção do vínculo obrigacional, a partir do ajuste 
celebrado entre as partes contratantes. De modo geral, a transação poderá envolver 
qualquer objeto obrigacional, desde que gere a composição e parta do consenso – art. 
104 e art. 840, ambos do CC. 
Convém destacar, porém, que o CC prevê a possibilidade de transação a partir 
da existência de limitação da transação à bens patrimoniais particulares, não podendo 
a mesma gerar transmissão senão apenas reconhecimento de direitos. 
Destaque-se que se uma cláusula da transação for nula, nula será a transação; 
ainda, também será nula a transação quanto à objeto litigioso já alvo de sentença 
quando esta não for de conhecimento de uma das partes – nesse sentido art. 842 a 850 
CC. 
Quando pretendemos ‘criar’ negócio jurídico, fazemos um contrato; mas quando 
a execução do contrato está litigiosa, transacionamos a sua solução ou modificação. 
Também transacionamos a solução para ato ilícito civil, desde que confortado pelos 
requisitos do art. 104 do CC. 
 
27. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES 
 
Inadimplemento é a inexecução da obrigação no tempo, lugar e forma 
convencionados pelas partes. É o descumprimento, voluntário ou involuntário, da 
obrigação firmada. 
 
O inadimplemento involuntário decorre de caso fortuito ou força maior. O 
inadimplemento voluntário ocorre quando o devedor, sem os motivos anteriores (de caso 
fortuito ou força maior), deixa de cumprir a obrigação. 
Inadimplemento absoluto: identificado quando a prestação, por não ter sido 
cumprida do modo combinado, tornou-se ineficaz para o credor, resolvendo-se a 
situação em perdas e danos. 
Inadimplemento relativo: ocorre quando a obrigação não foi cumprida, porém 
ainda é possível o seu cumprimento, acrescido dos encargos decorrentes da mora. 
 
28. MORA 
 
Haverá mora quando o devedor ainda puder cumprir a obrigação, e 
inadimplemento absoluto se não houver tal possibilidade, por que a res debita pereceu 
ou se tornou inútil ao credor. A mora pode ser purgada, o mesmo não sucedendo com 
o inadimplemento absoluto. – Maria Helena Diniz. 
Mora é a falta de pagamento culposa da prestação

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