Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Apostila do curso 2012 Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 1 GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA GOVERNADOR JOÃO RAIMUNDO COLOMBO VICE GOVERNADOR EDUARDO PINHO MOREIRA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE DALMO CLARO DE OLIVEIRA SECRETÁRIO ADJUNTO ACÉLIO CASAGRANDE SUPERINTENDÊNCIA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO LUIS ANTÔNIO DA SILVA DIRETORIA DE PLANEJAMENTO, CONTROLE E AVALIAÇÃO JOCÉLIO VOLTOLINI DIRETORIA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE PAULO ORSINI PRESIDENTE DO COSEMS ELOI TREVISAN Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 2 FICHA CATALOGRÁFICA S255c Saúde, Secretaria de Estado da Curso de Gestão dos Recursos Financeiros do SUS/SC/2012 / Secretaria de Estado da Saúde – Florianópolis : Gerência de Planejamento do SUS (GEPSA); Gerência da Escola de Saúde Pública (GESPU), 2012. 170p. : il. Inclui bibliografia 1. Sistema único de saúde (Brasil) – Administração. 2. Humanização dos serviços de saúde -- Administração. 3. Política de Saúde. I. Secretaria de Estado da Saúde. Núcleo Telessaúde SC. II. Título. CDU 361.1 Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 3 Coordenação Geral da Execução do Curso de Gestão dos Recursos Financeiros do SUS/SC/2012 SES – Secretaria de Estado da Saúde GEPSA – Gerência de Planejamento do SUS GESPU – Gerência da Escola de Saúde Pública Coordenação de Produção Telessaúde Núcleo SC: Luise Ludke – Coordenadora Geral de Produção Márcia Melo Bortolato – Coordenadora Pedagógica e Designer Instrucional Isabela Oliveira – Editoração, Designer Instrucional Vitor Américo – Designer Gráfico - Tutora de AVA Núcleo SES Escola de Saúde Pública: Cleonete Argenta – Coordenação geral do curso Adriana Aparecida Polmann – Apoio administrativo e tutoria Gerência de Planejamento do SUS: Angela Maria Blatt Ortiga – Planejamento de Conteúdo Lilian Bredfield – Financeiro Autores Profª Angela Maria Blatt Ortiga Profª Dirce Maria Schneider Profº Hélio Livino da Silva Profª Isabel Quint Berreta Profº Luis Antonio Silva Profª Maria Teresa R. Locks Profº Rita de Cássia Teixeira Rangel Profª Viviane de Souza Brito da Silva Parceiros Ministério da Saúde – Governo Federal COSEMS/SC – Conselho dos Secretários Municipais de Saúde de Santa Catarina SES – Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina Gerências Regionais de Saúde Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 4 Telessaúde Núcleo SC SUMÁRIO APRESENTAÇÃO..................................................................................................................... 09 O CURSO................................................................................................................................ 10 INTRODUTÓRIO..................................................................................................................... 11 BLOCO ATENÇÃO BÁSICA I 1 Apresentação...................................................................................................................... 18 1.1 Objetivos de Aprendizagem............................................................................................ 19 1.2 Ementa do Bloco............................................................................................................. 19 2 Introdução ao Tema........................................................................................................... 20 2.1 Componentes e Requisitos............................................................................................. 20 2.2 Motivos de Suspensão dos Recursos.............................................................................. 21 3 Composição do Financiamento do Bloco da Atenção Básica............................................ 23 3.1 Os Recursos Per Capita ou PAB Fixo............................................................................... 23 3.2 Os Recursos dos Componentes do Piso da Atenção Básica Variável (PAB Variável)... 24 3.3 Recursos condicionados à implantação de estratégias e programas prioritários do Bloco da Atenção Básica....................................................................................................... 24 3.4 Estratégia Saúde da Família............................................................................................ 25 3.5 Portarias.......................................................................................................................... 26 3.6 Agentes Comunitários de Saúde..................................................................................... 26 3.7 Saúde Bucal..................................................................................................................... 27 3.8 NASF - Núcleos de Apoio à Saúde da Família................................................................. 28 3.9 Equipes Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e Fluviais..................................... 28 3.10 Equipes Consultório na Rua.......................................................................................... 29 3.11 Programa Saúde na Escola............................................................................................ 29 3.12 Programa Academia da Saúde...................................................................................... 30 3.13 Microscopistas............................................................................................................... 31 3.14 Atenção Domiciliar........................................................................................................ 31 Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 5 4 Recursos Condicionados a Resultados e Avaliação do Acesso e da Qualidade................ 33 5 Tipos de Despesas da AB.................................................................................................... 34 6 Resumo............................................................................................................................. .. 35 BLOCO ATENÇÃO BÁSICA II 1 Apresentação...................................................................................................................... 37 1.1 Objetivos de Aprendizagem............................................................................................ 38 1.2 Ementa do Bloco............................................................................................................. 38 2 Introdução ao Tema........................................................................................................... 38 3 Projetos Específicos........................................................................................................... 39 4 Outros Incentivos do Bloco conforme Portaria 204/2007................................................ 40 5 Saúde do Homem.............................................................................................................. 43 6 Agentes de Combate às Endemias – ACE.......................................................................... 43 7 Cofinanciamento da Atenção Básica e outros incentivos estaduais................................. 44 8 Programa Catarinense de Inclusão SocialDescentralizado............................................... 45 9 Resumo............................................................................................................................... 47 BLOCO ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA 1 Apresentação...................................................................................................................... 49 1.1 Objetivos de Aprendizagem............................................................................................ 50 1.2 Ementa do Bloco............................................................................................................. 50 2 Introdução ao Tema........................................................................................................... 50 2.1 Assistência Farmacêutica do SUS.................................................................................... 51 2.2 O Financiamento da Assistência Farmacêutica.............................................................. 52 2.3 Fundamentação Legal da instituição do Bloco de Assistência Farmacêutica................ 54 3 Organização do Financiamento da Assistência Farmacêutica.......................................... 54 3.1 Componente Básico da Assistência Farmacêutica...................................................... 54 3.2 Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica.................................................. 59 3.3 Componentes Especializados da Assistência Farmacêutica........................................... 60 3.4 Componente de Organização da Assistência Farmacêutica........................................... 64 4 Resumo............................................................................................................................... 69 Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 6 BLOCO GESTÃO DA QUALIFICAÇÃO 1 Apresentação........................................................................................................ .............. 71 1.1 Objetivos de Aprendizagem............................................................................................ 72 1.2 Ementa do Bloco............................................................................................................. 72 2 Introdução ao Tema........................................................................................................... 73 3 Organização do Financiamento da Gestão do SUS............................................................ 73 3.1 Composição..................................................................................................................... 75 4 Ações por áreas.................................................................................................................. 78 4.1 Ações referentes a Política de Gestão Estratégica e Participativa do SUS.................... 78 4.2 Ações referentes ao Sistema de Planejamento do SUS................................................. 80 4.3 Ações voltadas para Regionalização............................................................................... 82 4.4 Funcionamento dos Complexos Reguladores................................................................ 83 4.5 SIS Fronteiras................................................................................................................... 85 4.6 Educação em Saúde......................................................................................................... 88 4.7 Gestão do Trabalho......................................................................................................... 89 4.8 Estrutura de Serviços e Organização de Ações de Assistência Farmacêutica............... 91 5 Resumo............................................................................................................................... 92 BLOCO GESTÃO DA IMPLANTAÇÃO 1 Apresentação..................................................................................................................... 94 1.1 Objetivos de Aprendizagem............................................................................................ 95 1.2 Ementa do Bloco............................................................................................................. 95 2 Introdução ao Tema........................................................................................................... 95 3 Organização do Financiamento da Gestão do SUS............................................................ 97 3.1 Saúde Mental.................................................................................................................. 98 3.2 Saúde Bucal..................................................................................................................... 102 3.3 Atendimento Pré-hospitalar........................................................................................... 104 3.4 Hanseníase...................................................................................................................... 105 3.5 Saúde do Trabalhador..................................................................................................... 105 3.6 Hospitais de Ensino......................................................................................................... 107 Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 7 4 Resumo............................................................................................................................. .. 109 BLOCO INVESTIMENTOS 1 Apresentação...................................................................................................................... 111 1.1 Objetivos de Aprendizagem............................................................................................ 112 1.2 Ementa do Bloco............................................................................................................. 112 2 Introdução ao Tema........................................................................................................... 112 3 Fundamentação Legal da instituição do Bloco de Investimentos..................................... 114 4 Portarias com Definições de Recursos Específicos do Bloco............................................. 115 4.1 Prestação de Contas........................................................................................................ 117 4.2 Outras formas de Repasses Financeiros para Investimentos........................................ 118 5 Resumo............................................................................................................................... 120 BLOCO MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE 1 Apresentação...................................................................................................................... 121 1.1 Objetivos de Aprendizagem............................................................................................ 122 1.2 Ementa do Bloco............................................................................................................. 123 2 Introdução ao Tema........................................................................................................... 123 2.1 Tabela Unificada do SUS................................................................................................. 124 3 Instrumentos Utilizados na Definição do Limite Financeiro do MAC para Estados e Municípios............................................................................................................................. 126 3.1 PPI Ambulatorial de Média Complexidade..................................................................... 128 3.2 PPI Ambulatorial de Alta Complexidade........................................................................128 3.3 PPI da Assistência Hospitalar.......................................................................................... 129 4 Formas de Repasse dos Recursos MAC para Estados e Municípios.................................. 131 4.1 Transferências Fundo a Fundo........................................................................................ 132 4.2 Os Recursos MAC............................................................................................................ 133 4.3 Incentivos do Componente Limite Financeiro MAC....................................................... 134 5 Fundo de Ações Estratégicas e Compensação – FAEC....................................................... 138 5.1 Procedimentos regulados pela Central Nacional de Regulação da Alta Complexidade – CNRAC........................................................................................................ 139 5.2 Transplantes e Procedimentos Vinculados..................................................................... 139 Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 8 5.3 Ações Estratégicas ou Emergenciais............................................................................... 140 5.4 Novos Procedimentos..................................................................................................... 141 6 Resumo............................................................................................................................... 142 BLOCO VIGILÂNCIA EM SAÚDE 1 Apresentação...................................................................................................................... 143 1.1 Objetivos de Aprendizagem............................................................................................ 144 1.2 Ementa do Bloco............................................................................................................. 145 2 Introdução ao Tema........................................................................................................... 145 3 Um breve Histórico............................................................................................................. 146 4 O Sistema de Vigilância...................................................................................................... 148 4.1 Tipos de Vigilâncias......................................................................................................... 150 5 Os Recursos do Bloco de Vigilância em Saúde.................................................................. 152 5.1 Componentes.................................................................................................................. 154 5.2 Variável de Vigilância e Promoção da Saúde (PVVPS) .................................................. 156 5.3 Outros Financiamentos para o Fortalecimento da Vigilância em Saúde....................... 158 6 Teto Financeiro................................................................................................................... 159 7 Resumo............................................................................................................................. .. 161 REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 162 ANEXO A – Professores Conteudistas................................................................................... 182 ANEXO B – Equipe de Produção............................................................................................ 184 Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 9 Apresentação Seja bem-vindo ao Curso de Gestão dos Recursos Financeiros do SUS. Nele, você terá uma oportunidade única de adquirir novos conhecimentos sobre a gestão financeira de recursos da saúde, aplicando-os imediatamente ao seu dia-a-dia como profissional, em benefício da população de seu município. Para tanto, desenvolvemos esta apostila como um dos recursos no seu processo de aprendizagem. Aqui você irá encontrar as informações básicas necessárias para facilitar o início deste processo e para sanar possíveis dúvidas que possam surgir no decorrer da sua trajetória como aluno/aprendiz neste curso. Esta apostila é fruto do trabalho de vários professores/tutores conteudistas que contribuíram para o desenvolvimento do mesmo curso na modalidade a distância. Mas não se esqueça! Além deste material, muitas informações estão disponíveis também no Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem (AVEA). Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 10 O Curso Tem por objetivo capacitar os profissionais que atuam nas áreas de planejamento em saúde, controle, avaliação, auditoria, regulação e gestão dos municípios e Gerências Regionais de Saúde (GERSAS), sobre as formas de aplicação dos recursos financeiros no âmbito municipal. O curso tem carga horária total de 40 horas e está estruturado em seis blocos temáticos: Bloco da Atenção Básica; Bloco da Vigilância em Saúde; Bloco da Gestão; Bloco da Assistência Farmacêutica; Bloco de Investimentos; Bloco da Atenção Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar. O curso foi organizado de forma a facilitar a participação e a construção do conhecimento, tomando os participantes como sujeitos ativos do processo ensino- aprendizagem, desta forma, ao final dos estudos de cada bloco, será realizada uma avaliação da aprendizagem. Ao final do curso, haverá uma avaliação obrigatória da estrutura do curso, conteúdos disponibilizados, recursos tecnológicos e tutores, com o intuito de identificar as fragilidades e potencialidades dos mesmos, o que irá servir de subsídio para melhorias em outras edições. Sobre a sua avaliação de aprendizagem, trata-se de um questionário de cinco questões, sendo quatro objetivas, valendo 1 ponto cada, e uma questão discursiva valendo 4 pontos, mais um fórum temático valendo 2 pontos a participação. Sua avaliação deve atingir média 7,0 para que seja considerado aprovado no bloco. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 11 Introdutório Antes de 1988, a saúde não era concebida como direito de todos, e a responsabilidade pelo atendimento à saúde era de cada indivíduo. As políticas desenvolvidas pelo Estado eram restritas e focalizadas. Nas primeiras décadas do século passado, o Estado brasileiro restringia a sua atuação em saúde em ações de saneamento nas grandes cidades e portos e no combate a epidemias, principalmente quando estas epidemias interferiam na economia e traziam prejuízos. Um exemplo se deu no início do século XX, com o combate à febre amarela e outras doenças infectocontagiosas, através de programas de saneamento no Rio de Janeiro e no porto de Santos e que resultou também na campanha de vacinação obrigatória. As pessoas que não dispunham de recursos dependiam da caridade (daí vem a história das santas casas de misericórdia, e da atenção à saúde como caridade). Em 1923, fruto do crescimento industrial e da maior mobilização dos trabalhadores, foi criada a Lei Eloy Chaves, que instituía as Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPs), que consistiam num fundo criado pelas empresas, com a contribuição dos empregados, para financiar a aposentadoria dos trabalhadores e a sua assistência médica. A criação das CAPs representou um avanço, pois estabeleceu uma política de garantia de ações de saúde e assistência. Contudo, consolidou a lógica de que só tinha direito à saúde quem contribuísse financeiramente. Além do mais, restringiu a atenção à saúde em ações médico-hospitalares. Na década de 1930, Getúlio Vargas transforma as CAPsem Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs), unificando as diversas CAPs de uma mesma categoria. Com a centralização da administração dos recursos, foi possível ampliar e estender os benefícios, já que na forma anterior as pequenas empresas encontravam dificuldades de organizar as suas CAPs. Os IAPs passaram a gerenciar grandes somas de recursos, pois o número de empregados com carteira assinada que contribuíam com os institutos crescia bastante e a quantidade de aposentados ainda era pequena. No entanto, o direito à saúde Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 12 continuava restrito a quem contribuísse. Devemos salientar, também, que os IAPs dedicavam apenas uma pequena parcela para a saúde. Alguns investiam 33% dos recursos (como era o caso dos bancários), outros destinavam menos de 10% (como era o caso dos industriários, com 8,6%). Na década de 1960, aumentou a chamada “medicina de grupo”. Como funcionava isso? Os IAPs, ao invés de manter os seus hospitais e serviços médicos, compravam e pagavam os serviços de hospitais e de grupos médicos, fortalecendo a lógica da organização dos serviços de saúde a partir de grupos privados, que é uma marca do funcionamento dos serviços de assistência médica até hoje. Em 1966, os diversos IAPs são unificados no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), centralizando definitivamente a administração dos recursos e mantendo a lógica do direito apenas para quem contribuía. No início dos anos de 1960, esse grupo se restringia a somente 7,3% da população. Com o processo de democratização, no início dos anos 80, se fortalece o movimento pela reforma sanitária, tendo como bandeiras: A melhoria das condições de saúde da população. O reconhecimento da saúde como direito universal. A reorganização da atenção a partir dos princípios da integralidade e da equidade. A responsabilidade da garantia do direito à saúde como sendo dever do Estado. Este movimento desencadeou a VIII Conferência Nacional da Saúde, em 1986, que se consolida na Constituição Federal de 1988 com os artigos 196 a 200 e a regulamentação desses artigos em 1990, através das Leis nº 8080 e 8142 de 1990. A partir de 1990, com a instituição da Lei nº 8080, capítulo V, dos artigos 31 ao 38, e a Lei nº 8142, no artigo 2º ao artigo 4º, o financiamento da saúde no Brasil passa a ter respaldo legal. ATENÇÃO: O art. 9º, combinado com § 2º do art. 32 da Lei nº 8080 de 19/09/90, define que compete ao secretário de Saúde a gestão dos recursos do SUS. Os recursos do Fundo devem ser gerenciados como qualquer outro recurso do orçamento, em conformidade com a Lei nº 4320 de 1964. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 13 O modelo de financiamento da saúde então passa a combinar origens de recursos públicos e privados, mas estes ainda contam com as subvenções diretas e indiretas do Estado, ou seja, as ações e serviços de saúde implementados pelos Estados, Municípios e Distrito Federal são financiados com recursos da União, próprios e de outras fontes suplementares de financiamento, como recursos: Das contribuições sociais dos empregados sobre a folha de pagamento. Dos patrões sobre a folha, sobre o faturamento e sobre o lucro. Por parte dos recursos dos concursos prognósticos (loto, sena, supersena e etc.). Esses recursos, todos devidamente contemplados no orçamento da seguridade social, hoje são repassados por meio de transferências regulares e automáticas, remuneração por serviços produzidos, convênios, contratos de repasses e instrumentos similares (ANDRADE, 2007; BRASIL, 2003; COHN E ELIAS, 1999; CORREIA, 2000). Considerando que o financiamento da saúde é tripartite, em 1993 foi apresentada uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC 169), com objetivo de definir, na Constituição Federal, recursos definitivos e suficientes para a saúde, prevendo que União, Estados e Municípios alocassem 10% de seus orçamentos em saúde. A PEC 169, apesar de aprovada em todas as comissões, nunca foi à votação em plenário. Em 2000, a PEC 169 foi alterada propondo que se mantivessem os 10% da União, aumentando de 10% para 12% o percentual dos Estados e de 10% para 15% o percentual dos Municípios. Em setembro de 2000, foi votada a PEC 169, que se transformou na Emenda Constitucional (EC 29), definindo o percentual mínimo de aplicação em saúde para cada esfera de Governo. A regulamentação da EC somente ocorreu em dezembro de 2011. COMO UTILIZAR OS RECURSOS DO SUS Os recursos financeiros do SUS poderão ser utilizados em todas as despesas de custeio e capital relacionadas entre as responsabilidades definidas para a gestão e coerentes com as diretrizes do Plano Municipal de Saúde e Portarias complementares de cada Bloco. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 14 Segundo o Manual de Gestão e de Transferências de Recursos CGU (2005) e a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000), esses recursos do SUS podem ser utilizados para: Execução de ações e serviços exclusivamente de saúde previstos no Plano de Saúde, Lei nº 8080, de 1990, e aprovado pelo Conselho de Saúde. Descrever na programação anual de saúde e/ou no Plano de Aplicação dos recursos e submetê-lo ao Conselho de Saúde. Devem ser previstos no Orçamento do Município e identificados no FMS como receita de transferências proveniente da esfera federal ou estadual. Todas as despesas de capital relacionadas à rede de saúde podem ser pagas. Dentro desse escopo, os recursos do SUS não podem ser utilizados para: Despesas de Capital: Aquisição de imóveis, móveis, equipamentos, veículos e etc., destinados às atividades administrativas de setores das secretarias de saúde e do governo municipal e do estadual, não diretamente vinculados à execução de ações e serviços de saúde; Aquisição, ampliação e reforma de imóveis que desenvolvam exclusivamente atividades administrativas; Aquisição de equipamentos, incluindo veículo de qualquer natureza, que não sejam destinados às ações finalísticas de saúde; Ações de saneamento básico (§ 3º do art. 31, da Lei nº 8080/90); Ações não previstas no Plano Municipal de Saúde. Despesas de Custeio: Pagamento de servidores inativos; Pagamento de gratificação de função de cargos comissionados; Pagamento de assessoria/consultoria prestada por servidor público, quando pertencente ao quadro permanente do município; Transferência de recursos na forma de contribuições, auxílios ou subvenções a instituições privadas, inclusive as filantrópicas; Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 15 Despesas em órgão e/ou atividades administrativas das Secretarias de Saúde, ou em unidades voltadas exclusivamente para a realização de atividades administrativas. ATENÇÃO: Toda aplicação de recursos financeiros deve respeitar o Planejamento em Saúde, previsto na Lei nº 8080, de 1990, cujas orientações gerais e de elaboração encontram-se na Série Cadernos de Planejamento (PlanejaSUS), volumes 1 e 2. O planejamento em saúde deve ser elaborado a partir das condições de saúde da população, indicadas pela avaliação em saúde, e deve ter a participação efetiva do controle social. Importante lembrar ainda que qualquer ação em saúde e seu respectivo financiamento devem estar previstos no Plano Plurianual (PPA), o qual deve também estar contemplado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), fazer parte da Programação Anual de Saúde (PAS) e da Lei Orçamentária Anual (LOA). A prestação de contas anual deve ser feita através do Relatório Anual de Gestão (RAG), além das prestações de contas constitucionais ao Conselho Municipal de Saúde(CMS) e à Câmara de Vereadores. Para saber mais sobre a Série os Cadernos de Planejamento do PlanejaSUS, acesse: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ pt3332_instrumentos_planejasus.pdf Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 16 A abordagem deste curso se dá na perspectiva dos Blocos de Financiamento instituídos pela Portaria nº 204 de 2007, mas é importante lembrar que a responsabilidade pelo financiamento da política de saúde é compartilhada entre as três esferas de gestão, Municipal, Estadual e Federal, com responsabilidades de execução distintas. A execução da Atenção Básica é de responsabilidade da esfera Municipal e as ações de Média e Alta Complexidade da esfera Estadual e Federal. Ao observarmos as transferências financeiras dentro dos Blocos de Financiamento existentes, veremos que não há recursos para o custeio das atividades administrativas das Secretarias Municipais de Saúde, todavia, é um custo real que existe e deve estar contemplado no orçamento dentro do Bloco de Gestão, com recursos Municipais. Na elaboração do orçamento, devemos sempre ter claras as responsabilidades tripartite e distribuir os recursos financeiros de acordo com as prioridades apontadas pelo planejamento. Após esta explicação panorâmica introdutória, a partir de agora você vai conhecer detalhes dos Blocos de Financiamento um a um. Siga em frente! Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 17 BLOCO ATENÇÃO BÁSICA I Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 18 1 Apresentação Cada componente do Bloco da Atenção Básica será explicitado na ênfase do financiamento com indicações para a utilização dos recursos deste bloco, lembrando que os recursos são repassados em conta específica para este fim, de acordo com a normatização geral de transferência de recurso do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde do Distrito Federal e dos municípios, mediante adesão e implementação das ações a que se destinam e desde que constantes no respectivo Plano de Saúde. Neste Bloco, daremos mais ênfase nos critérios que são considerados para estabelecer o piso fixo ou per capita da Atenção Básica e iniciaremos com alguns componentes do piso variável, como as estratégias e programas prioritários para efetivar este modelo de atenção à saúde. Outro componente que será abordado será o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) e detalhamento referente ao Incentivo Financeiro do PMAQ-AB. O Ministério da Saúde definirá os códigos de lançamento dos recursos financeiros, assim como seus identificadores literais, que constarão nos respectivos avisos de crédito e deverão ser enviados ao secretário de saúde, ao Fundo de Saúde; ao Conselho de Saúde, ao Poder legislativo; Ministério Público dos respectivos níveis de governo. Esperamos esclarecer quais são os componentes de financiamento do Bloco de Atenção Básica e auxiliar gestores, contadores, profissionais de saúde para a utilização adequada dos recursos. Neste Bloco, a captação de recursos do componente variável depende basicamente da vontade política do município de implantar determinado programas ou estratégias referentes ao piso variável. Profª Angela Maria Blatt Ortiga Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 19 Dica importante: Sempre observe que, no final das Portarias publicadas pelo Ministério da Saúde, há um artigo que esclarece de qual bloco o recurso financeiro é proveniente (conta do orçamento) e identifica qual plano de trabalho ele onera. Em algumas, identifica se pode ser usado em custeio e ou capital, indicando com isso em que conta bancária será depositado. 1.1 Objetivos de Aprendizagem Ao final deste estudo você deve estar apto a: Entender os componentes do bloco de Atenção Básica; Identificar em que tipo de despesa/investimento podem ser utilizados os recursos das Portarias que compõe este bloco; Conhecer os critérios de definição do piso per capita e os componentes do piso variável relacionados aos recursos estratégicos e programas prioritários e do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). 1.2 Ementa do Bloco Componentes Piso da Atenção Básica Fixo ou per capita, Componentes do Piso da Atenção Básica Variável (PAB Variável): Estratégias e programas prioritários do bloco da Atenção Básica e o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 20 2 Introdução ao tema O bloco da Atenção Básica corresponde a um conjunto de ações de saúde no âmbito individual e coletivo em que os municípios e o Distrito Federal, como gestores dos sistemas locais de saúde, são responsáveis pelo cumprimento dos princípios da Atenção Básica, pela organização e execução das ações em seu território. O gestor, além da Portaria nº 204/GM/MS, de 29/01/2007, deve conhecer detalhadamente a Portaria que define a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), que, a princípio foi instituída pela Portaria nº 648/GM/MS, de 28/03/2006, e substituída pela Portaria nº 2488/GM/MS, de 21/10/2011. Para ter acesso as Portarias acesse: http://sna.saude.gov.br/legislacao Permanecem em vigor as normas expedidas pelo Ministério com amparo na Portaria 648, desde que não conflitem com as disposições constantes na Portaria nº 2488/GM/MS, de 21/10/2011, que aprova, estabelece a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, a Estratégia Saúde da Família (PSF), o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS), e apresenta os requisitos básicos para a consolidação e expansão da Atenção Básica nos Municípios e Distrito Federal e cria o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), recurso de Incentivo financeiro específico. 2.1 Componentes e Requisitos Segundo a Portaria nº 204/GM/MS, de 29/01/2007, o bloco de Atenção Básica é constituído por dois componentes: I- Componente piso da Atenção Básica fixo – PAB fixo ou per capita. II- Componente piso da Atenção Básica Variável – PAB variável. A Portaria nº 2488/GM/MS de 2011 determina os requisitos mínimos para manutenção da transferência de recursos do PAB e define os requisitos que podem levar à suspensão deste pagamento. São requisitos mínimos para a manutenção da transferência de recursos do bloco da Atenção Básica definidos na Legislação do SUS: Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 21 2.2 Motivos de suspensão dos recursos Não alimentação regular do Banco de Dados Nacional de um dos Sistemas de Informação em Saúde, não forem alimentados e devidamente validados por 3 (três) competências consecutivas, conforme determina a Portaria nº 3462 GM/MS, de 11/11/2010. Malversação ou desvio de finalidade detectados pela Auditoria Federal ou Estadual. Recursos condicionados à implantação de estratégias e programas prioritários poderão ter suspensos os repasses dos incentivos referentes às equipes e aos serviços previstos em qualquer das seguintes situações: I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada para o trabalho das equipes e/ou; II - ausência de alimentação de dados no Sistema de Informação definidos pelo Ministério da Saúde que comprovem o início de suas atividades; III - descumprimento da carga horária mínima prevista para os profissionais das equipes; IV - apresentar ausênciade qualquer um dos profissionais da equipe por período superior a 60 (sessenta) dias, no Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES), ressalvados os períodos em que a contratação de profissionais esteja impedida por legislação específica; ou apresentaram duplicidade no cadastro de profissionais no SCNES. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 22 Porém, quando estiver suspenso o incentivo da ESF ou de ACS, poderão manter os incentivos financeiros específicos para saúde bucal, conforme modalidade de implantação, contanto que adotem procedimento do SCNES preconizados pelo Ministério da Saúde. Este incentivo é suspenso, podendo posteriormente solicitar crédito retroativo após ter sanado os motivos que levaram à suspensão. Para solicitar, pode seguir as orientações contidas na pagina da SES, acessar documento “Orientação para Solicitação de Pagamento Retroativo”, ou acessar no anexo III da Portaria nº 2488/GM/MS, de 2001, disponível em: http://portalses.saude.sc.gov.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid =261&Itemid=82 ATENÇÃO: Os municípios e o Distrito Federal devem manter a guarda dos Instrumentos de Gestão (Plano Municipal de Saúde e Relatório de Gestão) por no mínimo 10 anos, para fins de avaliação, monitoramento e auditoria. Na próxima seção vamos ver detalhes da composição do financiamento do bloco da Atenção Básica. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 23 3 Composição do Financiamento do Bloco da Atenção Básica O somatório da parte fixa e da variável forma o Piso da Atenção Básica (PAB) e compõe o Teto Financeiro do bloco Atenção Básica, conforme estabelecido nas diretrizes dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Na sequência detalhamos os componentes do fixo (per capita) e do variável. A Portaria nº 2488/GM/MS, de 2011, no anexo I item 3, apresenta os componentes do Financiamento do Bloco da Atenção Básica: Os Recursos Per Capita ou PAB fixo Os Recursos dos Componentes do Piso da Atenção Básica Variável (PAB Variável) Recursos condicionados à implantação de estratégias e programas prioritários do bloco da Atenção Básica Neste terceiro item, temos recursos condicionados à implantação de estratégias e programas prioritários do bloco da Atenção Básica que apresentam dez possibilidades e apresentaremos detalhes de cada uma na sequência. Veja agora detalhes do primeiro recurso. 3.1 Os Recursos Per Capita ou PAB Fixo Referem-se ao financiamento de ações de Atenção Básica à saúde, cujos recursos são transferidos mensalmente, de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde do Distrito Federal e dos municípios. É calculado pela multiplicação de um valor per capita fixado pelo Ministério da Saúde, de acordo com população de cada município e do Distrito Federal, e seu valor será publicado em portaria específica. Nos municípios cujos valores referentes já são superiores ao mínimo valor per capita proposto, será mantido o maior valor. ATENÇÃO: A população de cada município e do Distrito Federal será a população definida pelo IBGE e publicada em portaria específica pelo Ministério da Saúde. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 24 Desde a sua criação, o PAB fixo (Portaria nº 1.882/GAB/MS, de 18/12/1997), tinha valor per capita de R$10,00, porém ele vem sofrendo reajustes, sendo que, neste documento, a nossa análise se dará a partir da publicação da Política da Atenção Básica pela Portaria nº 2488, de 2011. O valor per capita em vigor foi reajustado pela Portaria nº 1.602/GM/MS, de 09/07/2011, sendo que o gestor deve ficar atento, pois ele sofre reajuste constantemente. 3.2 Os Recursos dos Componentes do Piso da Atenção Básica Variável (PAB Variável) É constituído por recursos financeiros destinados ao financiamento de estratégias que são chamadas de variáveis, pois dependem da adesão do município, realizadas no âmbito da Atenção Básica em saúde, destinadas a estimular a implantação de estratégias definidas em Portarias nacionais específicas. Visa à reorganização do modelo de atenção à saúde, sendo que algumas foram instituídas após a Portaria nº 204/GM/MS, de 2007, que define o financiamento por blocos de financiamento. Na sequência, apresentamos os componentes variáveis do Bloco da Atenção Básica com base na Portaria nº 2488/GM/MS de 2011 e na Portaria nº 204GM/MS de2007 e Portarias complementares. 3.3 Recursos condicionados à implantação de estratégias e programas prioritários do Bloco da Atenção Básica Os recursos condicionados à implantação dos programas prioritários serão detalhados nos itens apresentados na sequência, sendo todos vinculados às equipes da Estratégia de Saúde da Família. São incentivos que complementam a ação das equipes, através de equipes matriciais como o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) ou por estratégias que auxiliam as equipes a realizarem atividades de promoção da saúde como as academias em saúde, atividades extramuros como o programa de saúde escolar, além das estratégias mais recentes, como o consultório de rua Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 25 e a atenção domiciliar, que constituem elementos das redes de atenção à saúde e as redes temáticas psicossociais e a rede de urgência e emergência. A base dos recursos condicionados é relacionada às equipes de saúde da família e de saúde bucal, com algumas especificidades nas populações ribeirinhas e fluviais e a incorporação do microscopista nas equipes que possuem alta incidência em malária. São eles: Estratégia Saúde da Família; Agentes Comunitários de Saúde (ACS); Saúde Bucal; Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF); Equipes Saúde da Família de comunidades Ribeirinhas e Fluviais; Equipes Consultório na Rua; Programa Saúde na Escola; Programa Academia da Saúde; Microscopistas; Atenção Domiciliar. 3.4 Estratégia Saúde da Família Este subcomponente designado de Estratégia Saúde da Família é normatizada por várias Portarias. Apresentaremos as de maior destaque e que ainda estão em vigor, pois a constituição do Programa de Saúde da Família iniciou em 1994 e até o momento houve várias alterações que constituem a história do programa, mas não auxiliam o nosso propósito que é referente à utilização dos recursos financeiros deste bloco. A Portaria nº 2488/GM/MS de 2011, no seu artigo 4º, revogou a portaria anterior da política e mais algumas que normatizavam aspectos da Atenção Básica, por isso fique atento e verifique quais foram revogadas. Você pode consultar a portaria acessando em: http://sna.saude.gov.br/legislacao/ Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 26 3.5 Portarias A Portaria nº 090/GM/MS, de 17 de janeiro de 2008. Atualiza o quantitativo populacional de residentes em assentamentos da reforma agrária e de remanescentes de quilombos, por município, para cálculo do teto de equipes de Saúde da Família, Modalidade I, e de Equipes de Saúde Bucal da Estratégia Saúde da Família. Portaria nº 822/GM/MS, de 17 de abril de 2006. Altera critérios para definição de modalidades da ESF dispostos na Política Nacional de Atenção Básica. Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base o número de equipes de Saúde da Família (SF) registrado no cadastro de equipes e profissionais do Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB), no mês anterior ao da respectiva competência financeira. O número máximo de equipes de SF às quais o município e o Distrito Federal podem fazer jus ao recebimentode recursos financeiros específicos será calculado pela fórmula: população/2400. São estabelecidas modalidade 1 e modalidade 2 de financiamento para as equipes de SF. Portaria nº 2.920/GM/MS, de 2 de dezembro de 2008 Estabelece recursos financeiros para municípios com equipes de Saúde da Família que atuem em áreas priorizadas para o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania. Portaria GM Nº 1599/GM/MS, de 9 de julho de 2011 Atualiza os valores das modalidades Modalidade 1 todas as equipes de Saúde da Família dos Municípios constantes do Anexo I da Portaria nº 822/GM/MS, de 17/04/2006, as ESF dos municípios constantes do Anexo da Portaria nº 090/GM, de 17/01/2008, e na modalidade 2. 3.6 Agentes Comunitários de Saúde O anexo I da Portaria nº 2488/GM/MS, de 2011, apresenta as especificidades da Estratégia de Saúde da Família, itens necessários, incluindo as questões das funções da equipe e do Agente Comunitário de Saúde (ACS). A Portaria nº 1599/GM/MS, de 9 de julho de 2011, define valores de financiamento do PAB variável para o Programa de Agentes Comunitários de Saúde, que fixar novo valor por Agente Comunitário de Saúde, a cada mês, o valor do incentivo financeiro referente aos ACS das Estratégias de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 27 3.7 Saúde Bucal Destacaremos algumas Portarias relacionadas à Saúde Bucal: Portaria nº 2489/GM/MS, de 21 de outubro de 2008. Define valores de financiamento do Piso da Atenção Básica Variável para a Estratégia de Saúde da Família e de Saúde Bucal, instituídos pela Política Nacional de Atenção Básica. Portaria nº 3066/GM/MS, de 23 de dezembro de 2008. Define valores de financiamento do Piso da Atenção Básica Variável para a Estratégia de Saúde da Família e de Saúde Bucal, instituídos pela Política Nacional de Atenção Básica. Define valores de Incentivo Financeiro das Equipes de Saúde Bucal (ESB), nas Modalidades 1 e 2, segundo critérios estabelecidos pela Política Nacional de Atenção Básica. Portaria GM Nº 1599/GM/MS, de 9 de julho de 2011. Altera o valor fixo da Modalidade 1 e 2, mantendo o anexo I da Portaria nº 822/GM/MS, de 17/04/2006, e do anexo da Portaria nº 090/GM/MS, de 17/01/2008. Consulte estas outras Portarias: Portaria nº 2371/GM/MS, de 7 de outubro de 2009; Portaria nº 2372/GM/MS, de 7 de outubro de 2009; Portaria nº 750/SAS/MS, de 10 de outubro de 2006. Todas em: http://sna.saude.gov.br/legislacao/ Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 28 3.8 Núcleos de Apoio à Saúde da Família As Portarias nº 2488 e 2489/GM/MS, de 21/10/2011, definem a organização e o financiamento dos NASF. Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram criados com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das ações da Atenção Básica, bem como sua resolubilidade. Os NASF podem ser organizados em duas modalidades, NASF 1 e NASF 2. Define-se que cada NASF 1 realize suas atividades vinculado a, no mínimo, 8 (oito) Equipes de Saúde da Família e no máximo 15 (quinze) equipes de Saúde da Família e/ou equipes de Atenção Básica para populações específicas. Existem excepcionalidades para a Amazônia Legal e Pantanal Sul Mato-Grossense, que possuem critérios diferenciados dos demais. Define-se que cada NASF 2 realize suas atividades vinculado a, no mínimo, 3 (três) equipes de Saúde da Família e no máximo 7 (sete) equipes de Saúde da Família. A Portaria nº 2488/GM/MS, de 2011, suprime a existência dos NASF 3, que serão automaticamente transformados em NASF 2. Também fica extinta a possibilidade de implantação de novos NASF intermunicipais, ficando garantido o financiamento dos já existentes. 3.9 Equipes Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e Fluviais O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas é conforme a Portaria nº 2490/GM/MS, de 21/10/2011, e poderá ser agregado um valor nos casos em que a equipe necessite de transporte fluvial para acessar as comunidades ribeirinhas adstritas para execução de suas atividades. Equipes de Saúde da Família Fluviais: os valores dos incentivos financeiros para as Equipes de Saúde da Família Fluviais implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base o número de Unidades Básicas de Saúde Fluvial (UBSF) registrado no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva competência financeira. Modalidade sem profissionais de saúde bucal. Modalidade com profissionais de saúde bucal. Os critérios mínimos para o custeio das Unidades preexistentes ao Programa de Construção de Unidades Básicas de Saúde Fluviais também serão publicados em portaria específica. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 29 3.10 Equipes Consultório na Rua A Portaria nº 122/GM/MS, de 25/01/2012, define os critérios de cálculo do número máximo de equipes de Consultório na Rua (eCR) por município e a Portaria nº 123/GM/MS, de 25/01/2012, define os valores do incentivo financeiro para as equipes dos Consultórios na Rua. Os recursos serão transferidos a cada mês, tendo como base a modalidade e o número de equipes cadastradas no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva competência financeira, conforme sua modalidade e a necessidade de custeio para transporte da equipe de Consultório de Rua. O início do repasse mensal do incentivo ocorrerá após a publicação de portaria de habilitação ao custeio que será emitida pelo Ministério da Saúde após a demonstração, pelo município, do cadastramento da equipe de Consultório na Rua no sistema de Cadastro Nacional vigente e da alimentação de dados no Sistema de Informação indicado pelo Ministério da Saúde que comprovem o início de suas atividades. 3.11 Programa Saúde na Escola Decreto Presidencial n° 6286, de 05/12/07, institui o Programa Saúde na Escola (PSE), que surgiu como uma política intersetorial entre os Ministérios da Saúde e da Educação, na perspectiva da atenção integral (promoção, prevenção, diagnóstico e recuperação da saúde e formação) à saúde de crianças, adolescentes e jovens do ensino público básico, no âmbito das escolas e unidades Básicas de Saúde, realizada pelas equipes de saúde da Atenção Básica e educação de forma integrada desenvolvendo ações de: avaliação clínica e psicossocial; promoção e prevenção que articulem práticas de formação, educativas e de saúde e educação permanente para qualificação da atuação dos profissionais da educação e da saúde e formação de jovens. Portaria nº 1861/GM/MS, de 04/09/2008 Estabelece recursos financeiros pela adesão ao PSE para municípios priorizados a partir do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que aderiram ao Programa Saúde na Escola (PSE). Portaria Interministerial nº 3696, de 25/11/2010 Estabelece critérios para adesão ao Programa Saúde na Escola (PSE). Portaria Interministerial nº 1910, de 08/09/2011 Estabelece o Termo de Compromisso Municipal como instrumento para o recebimento de recursos financeiros do Programa Saúde na Escola (PSE). Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 30 Portaria Interministerial nº 1911, de 08/09/2011 Altera a Portaria Interministerial nº 3696/MEC/MS, de 25/11/2010, que estabelece critérios para transferência (PSE) e define lista de municípios aptos a assinarem Termo de Compromisso Municipal. No portal do MEC, você encontra mais informações sobre o Programa Saúde na Escola, incluindo: Material Didático Pedagógico (Programa Saúde na Escola); Ofício aos SecretáriosEstaduais e Municipais de Educação; Manual Orientador - Passo-a-Passo Cadastro SIMEC/PSE; Nota Técnica - Passo-a-Passo Cadastro SIMEC/PSE; Pesquisa Nacional do Escolar (Pense); Webconferências. Acesso em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14578%3A programa-saude-nas-escolas&catid=194%3Asecad-educacao-continuada&Itemid=817 3.12 Programa Academia da Saúde O Programa tem como objetivo contribuir para a promoção da saúde da população a partir de polos com infraestrutura, equipamentos e quadro de pessoal qualificado para orientar práticas corporais e atividade física e de lazer e modos de vida saudável. As atividades do Programa Academia da Saúde serão desenvolvidas por profissionais da Atenção Primária de Saúde, especialmente os que atuam no NASF, cadastrados no Sistema de Cadastro Nacional de estabelecimentos de Saúde (SCNES). Os recursos destinados à infraestrutura do polo do Programa Academia da Saúde serão provenientes de recursos próprios da União, destinados a programas governamentais que impliquem em construção de infraestrutura para atividades de promoção da saúde com foco nas práticas corporais e atividade física, de programa próprio do Ministério da Saúde e de emendas parlamentares. A Portaria nº 1401/GM/MS, de 15/06/2011 Institui no âmbito da Política Nacional de Atenção Básica o incentivo para construção de polos da Academia da Saúde. Sendo que os valores a serem transferidos são das seguintes modalidades: Básica, Intermediária e Ampliada. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 31 A Portaria nº 1402/GM/MS, de 15/06/2011 Institui no âmbito da Política Nacional de Atenção Básica e da Política Nacional da Saúde o incentivo de custeio da Academia da Saúde. Sendo que serão repassados da seguinte forma: transferência mensal regular e continuada, fundo a fundo, mediante vinculação a um NASF: - transferência regular e continuada, fundo a fundo em parcela única anual, referente às ações financiadas pelo Piso Variável de Vigilância e promoção da saúde (PVVPS), mediante a vinculação do polo do Programa Academia da Saúde a uma Unidade Básica de Saúde. Para fazer jus aos recursos de custeio, deve-se inserir no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), para CADA POLO, pelo menos 1 (um) profissional de saúde de nível superior, com carga horária de 40 horas semanais ou 2 (dois) profissionais de saúde de nível superior, com carga horária mínima de 20h semanais cada, que será(ão) responsável(eis) pelas atividades do Programa Academia da Saúde. 3.13 Microscopistas A Portaria nº 3238/GM/MS, de 18/12/2009, define critérios para inclusão do microscopista na Atenção Básica, junto às equipes de ACS e/ou Saúde da Família, tendo como objetivo principal a realização de ações de controle da malária. Este incentivo é para os municípios da Amazônia Legal que preenchem os requisitos contidos no artigo 3º da Portaria nº 3238/GM/MS, de 18/12/2009, sendo priorizados os municípios que concentram 80% dos casos de malária na Amazônia Legal, de acordo com as notificações no Sistema de Informações Epidemiológicas de Malária (SIVEP – Malária). O valor do incentivo financeiro referente à inclusão de 1 (um) microscopista na Atenção Básica será o mesmo do incentivo repassado mensalmente para um 1 (um) ACS. No último trimestre de cada ano, será repassada uma parcela extra, calculada com base no número de microscopistas cadastrados no CNES, na competência financeira de setembro do ano vigente, multiplicado pelo valor do incentivo. 3.14 Atenção Domiciliar A Portaria nº 2527/GM/MS, de 27/10/2011, institui o programa Melhor em Casa como um dos componentes da Rede de Urgência e Emergência (RUE), sendo a modalidade de atenção à saúde substitutiva ou complementar às já existentes, caracterizada por um conjunto de ações de Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 32 promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às redes de atenção. O município deverá possuir o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), que corresponde a um serviço substitutivo ou complementar à internação hospitalar ou ao atendimento ambulatorial, responsável pelo gerenciamento e operacionalização das Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar e de Apoio. A Atenção Domiciliar será organizada em três modalidades: Atenção Domiciliar tipo 1, (AD1) constituída por Equipes de AB + NASF; Atenção Domiciliar tipo 2, (AD2) constituída de Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP); Atenção Domiciliar tipo 3, (AD3) constituída de EMAD e EMAP. Sendo que as EMAD e EMAP podem cuidar, ao mesmo tempo, de pacientes nas Modalidades AD2 e AD3. Os critérios iniciais de adesão são para os municípios com população acima de 100 mil habitantes, ou municípios com população entre 40 mil e 100 mil habitantes que estejam localizados em região metropolitana com SAMU ou serviço móvel de atenção às urgências e possuam hospital de referência. Neste primeiro momento, 26 municípios são elegíveis para implantar este programa. Para ter acesso a mais informações, consulte estas portarias em: Portaria Ministerial nº 2.527/GM/MS, de 27 de Outubro de 2011: http://sna.saude.gov.br/legislacao/ Portaria Ministerial nº 672/GM/MS, de 18 de Outubro de 2011: http://sna.saude.gov.br/legislacao/ Portaria Interministerial nº 630/GM/MS, de 08 de Novembro de 2011: http://www.aneel.gov.br/cedoc/pri2011630.pdf RDC nº 11, 26 de Janeiro de 2006: http://www.suvisa.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/sesap_suvisa/arquivos/gerados/resol _rdc_11_janeiro_2006.pdf Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 33 Portarias de Habilitação: Portaria Ministerial nº 2959, de 14 de dezembro de 2011: http://sna.saude.gov.br/legislacao/ Portaria Ministerial nº 3255, de 30 de Dezembro de 2011: http://sna.saude.gov.br/legislacao/ 4 Recursos Condicionados a Resultados e Avaliação do Acesso e da Qualidade Dentro destes recursos temos o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Vejamos alguns detalhes desse programa. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB): A Portaria nº 1654/GM/MS, de 19/07/2011, institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) e o Incentivo Financeiro do PMAQ-AB. Para receber, deverá haver adesão das equipes de cada município e do Distrito Federal. Neste primeiro momento, a adesão ocorrerá apenas uma vez ao ano, respeitado o intervalo mínimo de 6 (seis) meses. O município ou o Distrito Federal poderá incluir todas ou apenas parte das equipes de saúde da Atenção Básica. No momento da adesão, cada equipe contratualizada receberá 20% (vinte por cento) do valor integral do componente. Após seis meses da adesão, o Ministério da Saúde realizará a avaliação externa, na qual serão agregados novos percentuais variáveis conforme o desempenho alcançado por cada equipe contratualizada. A partir da classificação alcançada (insatisfatório, regular, bom, ótimo), ocorrerá o processo de certificação, em que se receberá, por equipe de saúde contratualizada, os percentuais do valor integral do Componente de Qualidade do Piso de Atenção Básica Variável (PAB Variável), e vão contratualizar-se novas metas e compromissos. Este incentivo será transferido a cada mês, tendo como base o número de equipes cadastradas noprograma PMAQ. O recurso é proveniente do piso variável. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 34 5 Tipos de Despesas da AB Os recursos financeiros deste bloco devem ser gastos por tipo de despesas custeio e capital respeitando as orientações especificas de cada portaria. Tipos de despesas da AB: Custeio (pessoal, material de consumo, outros serviços de terceiros pessoa física e jurídica e reforma de unidade de saúde), considerando aqui os consultórios odontológicos, área de recepção, local para arquivos e registros, uma sala de cuidados básicos de enfermagem, uma sala de vacina e sanitários. Capital (aquisição de equipamentos e materiais permanentes e ampliação de unidades de saúde, desde que forem destinados, exclusivamente às ações da Atenção Básica). Portanto, os recursos podem ser utilizados tanto para custeio, como para investimento, porém, devem ser exclusivamente utilizados para custeio e investimento para o funcionamento da Atenção Básica. E assim encerramos esta primeira parte do Bloco de Atenção Básica. Veja a seguir um resumo desse Bloco até aqui. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 35 6 Resumo Vimos nesta unidade a lógica do financiamento da Atenção Básica abordando os dois pisos, fixo ou per capita, e os vários componentes do piso variável. Apresentamos as estratégias e programas prioritários do bloco da Atenção Básica: Estratégia Saúde da Família; Agentes Comunitários de Saúde; Saúde Bucal; Núcleos de Apoio à Saúde da Família; Saúde da Família Fluvial e Ribeirinha; Equipes de Consultórios na Rua; Programa Saúde na Escola; Programa de Academia da Saúde; Microscopistas e Atenção Domiciliar. Apresentamos também o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) e os passos para que o gestor busque este Incentivo Financeiro. Outro fator inovador deste programa de Melhoria da Qualidade da AB foi a criação de formas de avaliação e monitoramento das ações desenvolvidas e a divulgação dos resultados alcançados. Lembrando que os recursos devem ser utilizados exclusivamente com ações definidas neste bloco de financiamento e que todas as ações programáticas precisam ser incorporadas ao plano Municipal de Saúde e deve-se prestar contas no relatório de gestão. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 36 BLOCO ATENÇÃO BÁSICA II Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 37 1 Apresentação Cada componente do bloco da Atenção Básica será explicitado na ênfase do financiamento com indicações para a utilização dos recursos deste bloco, lembrando que agora discutiremos mais especificamente os componentes do piso variável da Atenção Básica (AB). Apresentaremos os recursos provenientes do orçamento estadual para o cofinanciamento da Atenção Básica, como foi criado e as deliberações da CIB-SC, que o regulamenta, com indicações de que ações são indicadas para o uso deste recurso. Dica importante: alguns componentes do piso variável foram definidos na Portaria nº 204/GM/MS, de 2007, e outros que foram constituídos posteriormente estão vinculados à Atenção Básica, mas não foram descritos na Portaria nº 2488/GM/MS, de 2011. Lembrando que, no final das portarias publicadas pelo Ministério da Saúde, há um artigo que esclarece de qual bloco o recurso financeiro é proveniente e se pode ser usado em custeio e ou capital, indicando com isso em que conta bancária será depositado. É importante sempre verificar, pois alguns projetos são considerados componentes variáveis, mas sua fonte de recurso está vinculada ao PAB fixo ou per capita. Profº Hélio Livino da Silva Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 38 1.1 Objetivos de Aprendizagem Conhecer os componentes do piso variável relacionados aos projetos específicos da Portaria nº 2488/GM/MS, de 2011; Conhecer outros incentivos vinculados ao Bloco da Atenção Básica com base na Portaria nº 204/GM/MS, de 2007; Entender a criação do cofinanciamento da AB estadual e saber aplicar os recursos financeiros em consonância com sua regulamentação. 1.2 Ementa do Bloco Componentes do Piso de Projetos específicos voltados à estruturação da AB. Outros incentivos do bloco conforme Portaria nº 204/GM/MS, de 2007; Outros incentivos instituídos após a publicação da Portaria nº 204/GM/MS, de 2007; Cofinanciamento da Atenção Básica. 2 Introdução ao tema O bloco da Atenção Básica (AB) corresponde a um conjunto de ações de saúde no âmbito individual e coletivo em que os municípios e o Distrito Federal, como gestores dos sistemas locais de saúde, são responsáveis pelo cumprimento dos princípios da Atenção Básica, pela organização e execução das ações em seu território. Vimos, na primeira parte do Bloco de Atenção Básica, que a lógica do financiamento engloba dois componentes: piso fixo ou per capita e os componentes do piso variável. Vimos também quais são as estratégias e programas prioritários contemplados neste bloco, bem como o PMAQ-AB. Nesta segunda parte, vamos abordar os demais itens do componente variável e o cofinanciamento estadual da Atenção Básica, explanando sobre os recursos disponíveis para qualificação profissional e readequação dos espaços de trabalho, além de portarias significativas para sua gestão dos recursos financeiro do SUS. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 39 3 Projetos Específicos Dando sequência ao estudo do piso variável, apresentamos agora os projetos específicos contemplados neste bloco destinados ao enfrentamento de iniquidades sociais e qualificação do cuidado através da readequação dos espaços de trabalho. Também os recursos de investimentos/estruturação e implantação de serviços de saúde. a) Compensação de Especificidades Regionais - CER Os recursos destinados à estratégia de Compensação de Especificidades Regionais correspondem a 5% (cinco por cento) do valor mínimo do PAB fixo, multiplicado pela população do estado. Por isso, apesar de ser um projeto específico da estratégia, os recursos são provenientes do piso per capita. As Portarias nº 1624/GM/MS, de 10/07/2007, a Portaria nº 571/GM/MS, de 28/03/2011, e Portaria SAS nº 161/GM/MS, de 27/04/2011, regulamentam, para o ano, a transferência dos incentivos financeiros. Os critérios de aplicação dos recursos de Compensação de Especificidades Regionais devem ser pactuados nas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e na Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Anualmente, essa Portaria é republicada para reajuste dos valores repassados e cada CIB define a manutenção ou alteração dos critérios e dos municípios contemplados. Em SC, foram identificados 103 municípios conforme Deliberação nº 091, de 2007, e Deliberação nº 172, de 2008, sendo que é importante ressaltar que esses recursos devam ser utilizados prioritariamente para investimento de capital, nas unidades básicas que abrigam as equipes de Saúde da Família, conforme o item 7 da Deliberação nº 091, de 2007. Após o prazo de 06 meses, os municípios devem apresentar relatório com os investimentos na Atenção Básica. Em 2011, foram mantidos os municípios descritos nas deliberações anteriores e seus nomes foram publicados na Portaria SAS nº 161, de 27/04/2011. b) Recursos destinados à estruturação da rede de serviços da Atenção Básica Estes recursos englobam estratégias para a estruturação da rede física da Atenção Básica, através do Programa de Requalificação das Unidades Básica de Saúde, sãonormatizados através das Portarias nº 2206/GM/MS, de 14/09/2011 (reforma) e nº 2814/GM/MS, de 29/11/2011, que habilita os municípios a receberem os recursos para reformas. O componente ampliação no âmbito do Programa de Requalificação de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e os recursos provenientes do bloco de investimento são regulamentados pela Portaria nº 2394/GM/MS, de 11/10/2011, em concomitância com a Portaria nº 2226/GM/MS, de 18/09/2009, que trata especificamente de novas construções com recursos provenientes do PAB fixo ou per capita. A Portaria nº 2198/GM/MS, de 17/09/2009, trata especificamente da aquisição de equipamentos para este bloco, podendo se estender aos demais blocos. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 40 c) Recursos de Investimento/Estruturação e Recursos de Implantação Refere-se à fase de implantação das equipes de Saúde da Família, saúde bucal e dos NASF, porém eles são depositados em conta bancária do bloco de gestão no componente de implantação e serão discutidos mais profundamente em tal bloco. 4 Outros Incentivos do Bloco conforme Portaria nº 204/GM/MS de 2007 Na publicação da Portaria nº 2488 de 2011 não são tratados os demais itens descritos da Portaria nº 204/GM/MS, de 2007, como os incentivos específicos aos municípios que possuem em seu território populações distintas (indígenas, carcerária, menor em conflito com a lei). Isso não significa que estes incentivos foram revogados, portanto, eles se sustentam como outros incentivos. São estes incentivos que você verá agora. a) Fator de Incentivo da Atenção Básica aos Povos Indígenas Os incentivos destinados à saúde indígena, criados pela Portaria nº 1163/GM/MS, de 1999, e regulamentados pela Portaria nº 2656/GM/MS, de 2007, desencadearam ampla discussão a respeito da necessidade de inserção da saúde indígena no processo de pactuação do SUS. Estas discussões apontaram para a necessidade de regular aspectos da atuação complementar dos municípios e estados nesta questão, conciliando esta política com as diretrizes operacionais do Pacto pela Saúde, definidas pela portaria nº 399/GM/MS, de 2006. A portaria nº 2656/GM/MS, de 2007, estabeleceu critérios per capita de alocação de recursos para o incentivo de Atenção aos Povos Indígena (IAB-PI). Os recursos financeiros serão transferidos ao respectivo gestor na modalidade fundo a fundo mediante “adesão”. Para aprofundar os estudos sobre os projetos para os povos indígenas, veja as portarias: Portaria nº 254/GM/MS, de 31 de janeiro de 2002, aprova a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas: http://sna.saude.gov.br/legislacao/ Lei nº 9836, de 23 de setembro de 1999, Subsistema de Atenção à Saúde Indígena no âmbito do SUS: http://www.funasa.gov.br/internet/arquivos/legislacao/leis/lei9836.pdf Decreto nº 3156 de 27 de agosto de 1999, condições da assistência à saúde dos povos indígenas: http://portal.cnm.org.br/sites/5700/5770/21072010_decreto_3156_199.pdf Você pode pesquisar as portarias e suas atualizações no site do MS: www.saude.gov,br Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 41 b) Incentivo para a Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário Cada estado deve, através da Secretarias de Estado da Saúde e da Justiça, formular “O Plano Operativo Estadual” e aprová-lo ao Conselho Estadual de Saúde e à Comissão Intergestores Bipartite, definindo metas e formas de gestão do referido plano, bem como a gestão e gerência das ações e serviços. Podem se habilitar os municípios que possuem em seu território unidade prisionais e penitenciárias. Os municípios que tem menos de 100 presos em seu território recebem o recurso de custeio e devem disponibilizar 04 horas da equipe da Estratégia de Saúde da Família para realizar atividades de prevenção e de assistência dentro destas unidades prisionais. As ações e os serviços de saúde serão realizados por profissionais da Secretaria Municipal de Saúde, à qual será repassado incentivo, no valor fixo ano por estabelecimento prisional. As unidades que possuem mais de 100 presos devem ser implantadas dentro das unidades prisionais com recursos humanos próprios. Considerando uma equipe para até 500 presos, com carga horária de 20 horas semanais, o incentivo correspondente a um valor fixo por ano por equipe de saúde implantada, que deverá ser cadastrada no CNES. Os valores de incentivos receberam reajustes, pois toda alteração do Incentivo da Atenção Básica automaticamente altera o incentivo do sistema penitenciário, já que este incentivo está vinculado a este piso. (Portaria nº 1552/GM/MS, de 28/06/2004, Portaria Interministerial nº 3343, de 28/12/2006, Portaria nº 240/GM/MS, de 31/01/2007). Ao Ministério da Saúde coube financiar o correspondente a 70% do recurso e ao Ministério da Justiça o correspondente a 30% do recurso com base no número de pessoas incluídas no Sistema Penitenciário Nacional, conforme dados do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça. Portaria nº 458/GM/MS, de 06/03/2006. Estabelece o elenco e quantitativo de medicamentos para o atendimento das equipes de saúde do sistema Penitenciário brasileiro cadastradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES - Serviço/classificação 065), dos estados qualificados ao Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, para o período de abril/2006 a março/2007. Portaria nº 749/SAS/MS, de 10/10/2006, - Institui, a partir da Competência outubro de 2006, a ficha complementar de cadastro de equipes no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), conforme anexo 1 desta portaria. Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 42 Para aprofundar os estudos sobre os projetos para a população carcerária, veja as portarias: Portaria Interministerial 1777 de 9 de setembro de 2003: http://www.saude.mg.gov.br/atos_normativos/legislacao-sanitaria/estabelecimentos-de- saude/sistemas-penitenciario-nacional/Portaria_1777.pdf Portaria nº 456/GM/MS, de 06/03/2006 - medicamentos – valores de custeio altera valores do incentivo da 1777: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2006/GM/GM-456.htm c) Incentivo para a Atenção Integral à Saúde do Adolescente em conflito com a lei Para a Atenção Integral à Saúde do Adolescente que se encontra em conflito com a lei, em regime de internação ou internação provisória, (Portaria Interministerial nº 1426, de 14/07/2004, Portaria nº 647/SAS/MS de 2008 e Portaria nº 1602/GM/MS, de 09/07/2011), o incentivo poderá ser transferido ao Distrito Federal, aos estados e aos municípios, conforme pactuação na CIB, mediante Plano Operativo. No Estado de Santa Catarina, já se realizaram oficinas visando à construção do plano operativo estadual e os planos operativos municipais, porém, até 2011, estes não haviam sido pactuados na CIB, no Conselho Estadual e nem nos Conselhos Municipais dos 31 municípios que possuem esta população em seu território, havendo necessidade da definição de novas estratégias para a retomada desta discussão no estado. Você pode pesquisar as portarias e suas atualizações no site do MS: www.saude.gov.br Gestão de Recursos Financeiros do SUS | 43 5 Saúde do Homem Destacaremos algumas portarias relacionadas à Saúde do Homem: Portaria nº 1944/GM/MS, de 27 de agosto de 2009. A Política visa promover a melhoria das condições de saúde da população masculina brasileira, contribuindo, de modo efetivo, para a redução da morbidade e da mortalidade dessa população, por meio do enfrentamento racional dos fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso às ações e aos serviços de assistência integral à saúde. Portaria
Compartilhar