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atividade de Fundamentos do Serviço Social III

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI 
Serviço Social- 4° Período 
Edilene Pereira de Souza 
Êmilly Eduarda Calmon Almeida Guimarães 
Igor Matheus Lorentz 
Livia Gabriele Nogueira Gomes 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE AVALIATIVA: 
Fundamentos do Serviço Social III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teófilo Otoni 
2018 
QUETÃO 1. Explique a erosão das bases legítimas do serviço social tradicional na 
América Latina e no Brasil. 
 
Segundo NETTO (2005), a instauração da autocracia burguesa foi o fator que atuou 
como introito da erosão do Serviço Social “tradicional” no Brasil. O autor afirma que, ao se 
instalar em território brasileiro, a autocracia burguesa propiciou, na década de cinquenta, 
direções que indubitavelmente levaria a um processo de crise que acarretaria na dissolução do 
“tradicionalismo” no Serviço Social. 
Assim, surgiram demandas no cenário econômico-social da mesma década, 
considerando o acentuado desenvolvimento industrial, que exigiam uma postura distinta da 
profissão frente à “questão social”. Assim, em um exercício de consonância com as 
determinações da realidade nacional, a prática e a formação dos assistentes sociais sofrem 
alterações significativas. No campo de formação os profissionais contam, a partir de então, 
conforme NETTO (2005), com “disciplinas sociais que sensibilizam o profissional para 
problemáticas macrossociais”. Concomitantemente, na prática profissional, houve a “inserção 
do assistente social em equipes multiprofissional” envolvendo assim, a profissão a aparelhos 
administrativos e decisórios do Estado. Isto posto, Netto afirma que esse novo “processo” se 
espalha com ligeireza entre os quadros mais jovens de profissionais. 
Contudo, não apenas o cenário interno do Brasil influenciou a reconceituação do 
Serviço Social brasileiro. Netto alega: 
 
Contribuía para isso de um lado e fortemente, o cenário sociopolítico brasileiro e, 
igualmente, um caldo de cultura internacional: a temática da superação do 
subdesenvolvimento dava a tônica nas ciências sociais, na atividade política e 
imantava interesses governamentais e recursos em programas internacionais – estava-
se em plena era do desenvolvimentismo. Mas, de outro lado, a gravitação do 
Desenvolvimento de Comunidade crescia porque, além da incorporação ao seu ideário 
de nomes respeitados na profissão, nele os novos quadros visualizavam a forma de 
intervenção profissional mais consoante com as necessidades e as características de 
uma sociedade como a brasileira. É nessa postura que, nem sempre elaborada teórica 
e estrategicamente, se filtra a erosão das bases do Serviço Social “tradicional”: sem 
negar-lhe explicitamente a legitimidade, as novas energias profissionais dirigiam-se 
para as formas de intervenção (e de representação) que apareciam como mais 
consentâneas com a realidade brasileira que as já consagradas e cristalizadas nos 
“processos” que o identificavam historicamente (o Caso e o Grupo). (NETTO, 
2005, p.138) 
Assim, de acordo com a “espírito da época”, as novas expectativas profissionais e 
os dados fatuais que dão base a essas expectativas criam nos assistentes sociais o desejo mudar 
seu status de “apóstolo” para travestir-se de “agente de mudança”. O II Congresso Brasileiro 
de Serviço Social ocorrido em 1961 no Rio de Janeiro (RJ) solidifica os desejos dos 
profissionais. O evento revela três elementos primordiais para a detecção da decomposição das 
bases do Serviço Social “tradicional”: 
Primeiro, o reconhecimento de que a profissão ou se sintoniza com “as solicitações de 
uma sociedade em mudança e em crescimento” ou se arrisca a ver seu exercício 
“relegado a um segundo plano”: em consequência, levanta-se a necessidade “de [...] 
aperfeiçoar o aparelhamento conceitual do Serviço Social e de [...] elevar o padrão 
técnico, científico e cultural dos profissionais desse campo de atividade”: e, 
finalmente, a reivindicação de funções não apenas executivas na programação e 
implementação de projetos de desenvolvimento. (NETTO, 2005, p. 139) 
Entretanto, esses são apenas sinais de uma “erosão” do Serviço Social “tradicional” 
que só se efetivaria anos mais tarde. 
Na perspectiva latino-americana, o Serviço Social “tradicional” entrou em crise e 
iniciou o seu processo de erosão (processo que não se restringe exclusivamente ao Continente), 
na década de 1960. Essa crise, conforme o autor, tinha caráter tributário dos movimentos 
libertários da, podendo citar entre eles: o movimento do negro, o movimento da mulher, o 
movimento ambientalista. 
Esses movimentos compunham um elemento importante pois, questionavam a 
ordem burguesa e, conjuntamente, o Estado e as instituições públicas. Assim, 
consequentemente, a forma de atuação dos assistentes sociais foi questionada. Em resposta a 
questionamentos feitos ao Serviço Social “tradicional”, foi organizado, por um grupo de 
assistentes sociais, um movimento para dar um novo conceito ao Serviço Social latino-
americano, com o objetivo de construir um Serviço Social que atendesse às necessidades da 
América Latina. 
Para além disso, a ruptura com o Serviço Social “tradicional” vincula-se, segundo 
o autor, com as lutas para libertar a América Latina do domínio imperialista e para transformar 
a estrutura capitalista. Sendo o Serviço Social norteado pela ordem burguesa ou capitalista, a 
resposta à crise do seu fazer profissional não poderia centrar-se nos questionamentos de sua 
prática porque fazia-se necessário analisar os vínculos da profissão com a dominação 
imperialista. Logo, a vanguarda do Serviço Social latino-americano indicava que era necessário 
repensar o trabalho do assistente social. E a partir desta reflexão surgiu o Movimento de 
Reconceituação do Serviço Social na América Latina, foi também conhecido como movimento 
da "reconceptualização", e teve início em 1965 e durou uma década. 
O “Movimento de Reconceituação”, para Netto, trouxe para os assistentes sociais a 
identificação político-ideológica da existência de lados antagônicos – duas classes sociais 
antagônicas – dominantes e dominados, negando, portanto, a neutralidade profissional, que 
historicamente tinha orientado a profissão. Esta revelação abriu na categoria a possibilidade de 
articulação profissional com o projeto de uma das classes, dando início ao debate coletivo sobre 
a dimensão política da profissão. Neste contexto, o autor afirmar que esse Movimento na 
América Latina se constituiu numa expressão de ruptura com o Serviço Social “tradicional” e 
conservador; e, também, na possibilidade de uma nova identidade profissional com ações 
voltadas às demandas da classe trabalhadora cujo eixo de sua preocupação da situação particular 
para a relação geral – particular, e passa a ter uma visão política da interação e da intervenção. 
Assim, o “Movimento de Reconceituação” se cria e se desenvolve a partir da 
identificação político-ideológica da profissão pelo capital e da negação de uma prática 
conservadora do Serviço Social, firmando um compromisso político com a classe subalterna. 
O autor menciona ainda que esse movimento se fez presente em âmbito mundial, pois era parte 
integrante do processo internacional de erosão do Serviço Social “tradicional” e, portanto, nesta 
medida, partilha de suas causalidades e características. 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 2. A presente o conjunto de características novas que compõem o universo 
profissional a partir da renovação do Serviço Social brasileiro e sua importância para a 
profissão. 
Segundo Netto (2005), para explicar o processo de renovação do Serviço Social, e 
necessário uma análise de sua perspectiva “difundida Nacionalmente
ente 1965 e 1985”, o que 
para o autor revela um processo de “desenvolvimento cumulativo, dominância teórico-cultural 
e ideopolitica distintas”. Sendo estes, entraves para uma possível renovação da profissão 
deixando visível os “organismos” – como diz Netto – responsáveis pelo processo de renovação 
da profissão. 
De acordo com o autor, o conjunto de características que compõem uma nova 
diacrônica da elaboração profissional, se registram em três momentos de condensação e 
reflexão: o primeiro se estende pela segunda metade nos anos 1960 que, impulsionado pelas 
iniciativas do Centro Brasileiro de Cooperação e Intercambio do Serviço Social (CBCISS), abre 
os “importantes seminários de teorização”. O segundo, constatado a um espaço de dez anos do 
primeiro, para além da presença do CBCISS, apresenta inquietações sistematizadas no âmbito 
de cursos de pós-graduações. No terceiro momento, em início dos anos 1980, acrescenta a 
“intervenção de organismos ligados a agencia de formação” a ABESS (Associação Brasileira 
de Escolas de Serviço Social). 
Para Netto esses momentos oferecem uma visão nítida do processo de evolução da 
renovação do Serviço Social enquanto profissão. 
 
[…] a renovação se inicia mediante a ação organizadora de uma entidade que aglutina 
profissionais e docentes, em seguida tem o seu centro de gravitação transferido para 
o interior das agências de formação e, enfim, espraia-se desses núcleos para 
organismos de clara funcionalidade na imediata representação da categoria 
profissional – esta é a evolução que leva da ação quase exclusiva do CBCISS ao 
debate nas escolas (principalmente nos cursos de pós-graduação) e, posteriormente, a 
conjunção desses dois espaços com aqueles de organização estritamente profissionais. 
(NETTO, 2005, p.153) 
 
No entanto, o autor traz três pontos que se firmam as novas direções do Serviço 
Social, sendo construídas a partir do processo de renovação. O primeiro ponto se trata de uma 
“perspectiva modernizadora profissional”, remetendo a inserção do Serviço Social numa 
perspectiva técnica e interventiva, no âmbito social no marco de estratégias do desenvolvimento 
capitalista, atendendo a exigências dadas pelo processo sócio-político pós 64. O autor ressalta 
a vinculação da ordem sociopolítica advinda do golpe de abril a esta perspectiva: 
 
[…] muito visivelmente, com a abertura de espaços sócio profissionais nas 
instituições e organizações estatais e paraestatais, submetidas a racionalidade 
burocrática das reformas promovidas pelo Estado ditatorial, sua emergência como que 
antecipa o padrão de profissional que o Estado “reformado” pela coalizão golpista 
exigiria nos anos seguintes. Tudo indica que a construção deste padrão tem seu ponto 
de arranque na iniciativa de uma instituição extra universitária (no caso, o CBCISS) 
porque o sistema universitário ainda não fora refuncionalizado pela autocracia 
burguesa. (NETTO, 2005, p.155) 
 
O segundo pondo aponta para “reatualizacao do conservadorismo”. Esta se trata de 
um processo de recuperação de aspectos históricos que resgata características de atuações 
conservadoras e as reflete na base teórico-metodológica dizendo novas, sendo estas 
características positivistas vinculadas a perspectiva critico-dialético de raiz marxiana. 
O terceiro ponto é a “intenção de ruptura com o Serviço Social tradicional”. Este 
terceiro ponto, diferentemente dos anteriores, mostra o interesse de romper com as formas 
tradicionais e seus suportes teórico, metodológicos e ideológicos. Sendo que aqui, as bases 
teóricas partem da perspectiva do marxismo. 
A importância do processo de renovação para o Serviço Social brasileiro é a 
transformação, a renovação dos conceitos e do agir profissional, que buscavam uma formação 
qualificada com técnicas precisas, fundamentação teórica, e cientificidade para a profissão. 
Disso tudo, resulta-se na reforma curricular e na condução dos destinos das organizações 
profissionais e na intervenção profissional, expressada no código de ética profissional, que faz 
uma opção clara pela defesa dos direitos da classe trabalhadora e seus interesses. 
A maior conquista que se pode mencionar é a autonomia profissional causada pelo 
rompimento da profissão com a Igreja, se tornando uma profissão laica. Além disso, pode-se 
citar a interlocução crítica com as Ciências Sociais, que no passado era considerada apenas 
como uma teoria crítica.

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