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Tecido Conjuntivo Sanguíneo - Sistema Circulatório. Junqueira e Carneiro (Resumido)

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Sistema Circulatório 
 O sistema circulatório abrange o sistema vascular sanguíneo e o sistema vascular 
linfático. O sistema vascular sanguíneo é composto pelas seguintes estruturas: coração, artérias, 
vasos capilares e veias. O coração é um órgão cuja função é bombear o sangue através dos vasos 
sanguíneos. As artérias consistem em uma série de vasos que se tornam menores à medida que 
se ramificam, e sua função é levar o sangue, com nutrientes e oxigênio, do coração para os 
tecidos. 
 Os vasos capilares são vasos sanguíneos que constituem uma rede complexa de 
tubos muito delgados. Através de suas paredes, ocorre a maior parte do intercâmbio entre o 
sangue e os tecidos adjacentes. As veias resultam da convergência dos vasos capilares em um 
sistema de canais que se torna cada vez mais calibroso à medida que se aproxima do coração, 
para onde transporta o sangue proveniente dos tecidos. 
 O sistema circulatório é, portanto, um sistema fechado, no interior do qual o sangue 
circula continuamente. O sistema vascular linfático inicia-se nos vasos capilares linfáticos 
situados nos tecidos. São túbulos de fundo cego que se juntam para formar tubos de diâmetro 
crescente; os vasos maiores desse sistema terminam no sistema vascular sanguíneo, 
desembocando em grandes veias na região próxima ao coração. 
 Uma das funções do sistema linfático é retornar ao sangue o líquido contido nos 
espaços intersticiais. A superfície interna de todos os vasos sanguíneos e linfáticos é revestida 
por uma única camada de um epitélio pavimentoso com características especiais, originado do 
mesênquima, denominado endotélio. 
 
 
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Funções 
 O sistema circulatório é responsável por conduzir elementos essenciais para todos 
os tecidos do corpo: oxigênio para as células, hormônios (que são liberados pelas glândulas 
endócrinas) para os tecidos, condução de dióxido de carbono para sua eliminação nos pulmões, 
coleta de excretas metabólicos e celulares, entrega desses rejeitos nos órgãos excretores, como 
os rins. 
 Além disso, apresenta importante papel no sistema imunológico contra infecções, na 
termorregulação (acima da temperatura normal, efetua a vasodilatação dos vasos periféricos e, 
abaixo dela, produz vasoconstrição periférica). O transporte de nutrientes desde os locais de 
absorção até as células dos diferentes órgãos também é realizado por este sistema. 
 De modo geral, o sistema circulatório mantém as células em condições adequadas 
para que consigam sobreviver e desempenhar suas funções individuais da melhor maneira, 
portanto permite a manutenção da homeostase. 
 
Tecidos que compõem a parede dos vasos 
 A parede dos vasos é formada pelos seguintes componentes estruturais básicos: o 
epitélio, chamado de endotélio, o tecido muscular e o tecido conjuntivo. A associação desses 
tecidos forma as camadas ou túnicas dos vasos sanguíneos. 
 A quantidade e a organização desses tecidos no sistema circulatório são 
influenciadas por fatores mecânicos, representados primariamente pela pressão sanguínea, e 
fatores metabólicos, que refletem a necessidade local dos tecidos. Todos são encontrados em 
diferentes proporções na parede dos vasos, exceto nos capilares e nas vênulas pós-capilares, 
nos quais os únicos elementos estruturais representados são o endotélio e sua membrana basal. 
 
 Endotélio: O endotélio é um tipo especial de epitélio que forma uma barreira 
semipermeável interposta entre dois compartimentos do meio interno: o plasma sanguíneo e o 
líquido intersticial. O endotélio é altamente diferenciado para mediar e monitorar ativamente 
 
 
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as extensas trocas bidirecionais de pequenas moléculas e, ao mesmo tempo, restringir o 
transporte de macromoléculas. 
As células endoteliais são funcionalmente diversas de acordo com o vaso que elas 
revestem. Os vasos capilares são frequentemente chamados de vasos de troca, uma vez que é 
nesses locais que são transferidos oxigênio, gás carbônico, água, solutos, macromoléculas, 
substratos e metabólitos do sangue para os tecidos e dos tecidos para o sangue. 
 
 Músculo liso: O tecido muscular liso faz parte de todos os vasos sanguíneos, 
com exceção dos capilares e das vênulas pericíticas. As células musculares lisas localizam-se 
na túnica média dos vasos, onde se organizam em camadas helicoidais. 
Cada célula muscular é envolta por uma lâmina basal e por uma quantidade variável 
de tecido conjuntivo produzido por elas próprias. As células musculares lisas vasculares, 
principalmente em arteríolas e pequenas artérias, são frequentemente conectadas por junções 
comunicantes (gap). 
 
 Tecido conjuntivo: Componentes do tecido conjuntivo são encontrados nas 
paredes dos vasos sanguíneos em quantidade e proporção que variam de acordo com as suas 
necessidades funcionais. Fibras colágenas, um elemento abundante na parede do sistema 
vascular, são encontradas entre as células musculares, na camada adventícia e também na 
camada subepitelial de alguns vasos. 
 Os colágenos dos tipos IV, III e I são encontrados nas membranas basais, túnicas 
média e adventícia, respectivamente. Fibras elásticas fornecem a resistência ao estiramento 
promovido pela expansão da parede dos vasos. Essas fibras predominam nas grandes artérias, 
nas quais se organizam em lamelas paralelas regularmente distribuídas entre as células 
musculares em toda a espessura da camada média. 
 A substância fundamental forma um gel heterogêneo nos espaços extracelulares da 
parede dos vasos. Ela contribui com as propriedades físicas da parede dos vasos e, 
provavelmente, afeta a difusão e a permeabilidade através da parede. A concentração de 
glicosaminoglicanos é mais alta nas paredes das artérias do que nas das veias. 
 
 
 
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Plano estrutural e componentes dos vasos sanguíneos 
 A maioria dos vasos tem características estruturais em comum e mostra um plano 
geral de construção. Entretanto, o mesmo tipo de vaso apresenta variações estruturais ao longo 
de seu percurso. Dessa maneira, a distinção entre os tipos diferentes de vasos nem sempre é 
muito clara, uma vez que a transição de um tipo para outro se faz gradualmente. Os vasos 
sanguíneos são normalmente compostos das seguintes camadas ou túnicas: túnica íntima, túnica 
média e túnica adventícia. 
 
 Túnica íntima: A íntima apresenta uma camada de células endoteliais apoiada 
sobre uma lâmina basal. Em torno dessa lâmina há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, a 
camada subendotelial, a qual pode conter, ocasionalmente, células musculares lisas. Em 
artérias, a túnica íntima está separada da túnica média por uma lâmina elástica interna, a qual é 
o componente mais externo da íntima. 
 Essa lâmina, composta principalmente de elastina, contém aberturas (fenestras) que 
possibilitam a difusão de substâncias para nutrir células situadas mais profundamente na parede 
do vaso. Como resultado da ausência de pressão sanguínea e da contração do vaso por ocasião 
da morte, a lâmina elástica interna das artérias geralmente apresenta um aspecto ondulado nos 
cortes histológicos. 
 
 Túnica média: A média consiste principalmente em camadas concêntricas de 
células musculares lisas organizadas helicoidalmente. Interpostas entre as células musculares 
lisas existem quantidades variáveis de matriz extracelular composta de fibras e lamelas 
elásticas, fibras reticulares (colágeno do tipo III), proteoglicanos e glicoproteínas. 
 As células musculares lisas são as responsáveis pela produção dessas moléculas da 
matriz extracelular. Nas artérias do tipo elástico, a maior parte da túnica média é ocupada por 
lâminas de material elástico. Em artérias musculares menos calibrosas,
a túnica média contém 
apenas uma lâmina elástica externa no limite com a túnica adventícia. 
 
 
 
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 Túnica adventícia: A adventícia consiste principalmente em colágeno do tipo I 
e fibras elásticas. A camada adventícia torna-se gradualmente contínua com o tecido conjuntivo 
do órgão pelo qual o vaso sanguíneo está passando. 
 
 Inervação: A maioria dos vasos sanguíneos que contêm músculo liso nas suas 
paredes é provida por uma rede profusa de fibras não mielínicas da inervação simpática (nervos 
vasomotores), cujo neurotransmissor é a norepinefrina. 
 
 
 
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Estrutura e funções dos vasos sanguíneos 
 Para fins didáticos, os vasos sanguíneos arteriais são classificados de acordo com o 
seu diâmetro, em grandes artérias elásticas, artérias de diâmetro médio ou artérias musculares 
e arteríolas. 
 Grandes artérias elásticas: As grandes artérias elásticas contribuem para 
estabilizar o fluxo sanguíneo e incluem a aorta e seus grandes ramos. As paredes desses vasos 
têm cor amarelada decorrente do acúmulo de elastina na túnica média. A túnica média das 
grandes artérias contém várias lâminas elásticas que contribuem para a importante função de 
tornar o fluxo de sangue mais uniforme. 
 Durante a contração ventricular (sístole), a lâmina elástica das grandes artérias está 
distendida e reduz a variação da pressão. Durante relaxamento ventricular (diástole), a pressão 
no ventrículo cai para níveis muito baixos, mas a propriedade elástica das grandes artérias ajuda 
a manter a pressão arterial. Como consequência, a pressão arterial e a velocidade do sangue 
diminuem e se tornam menos variáveis à medida que se distanciam do coração. 
 
 Corpos carotídeos: Corpos carotídeos são pequenos quimiorreceptores 
sensíveis à concentração de dióxido de carbono e oxigênio no sangue, encontrados perto da 
bifurcação da artéria carótida comum. Essas estruturas são ricamente irrigadas por vasos 
capilares fenestrados que envolvem as células dos tipos I e II. As do tipo II são células de 
suporte, enquanto as do tipo I contêm numerosas vesículas que armazenam dopamina, 
serotonina e epinefrina. 
 
 Seios carotídeos: Seios carotídeos são pequenas dilatações das artérias carótidas 
internas. Esses seios contêm barorreceptores que detectam variações na pressão sanguínea e 
transmitem essa informação ao sistema nervoso central. A camada média da parede arterial é 
mais delgada nos seios carotídeos e responde a mudanças na pressão sanguínea. A camada 
íntima e a adventícia são muito ricas em terminações nervosas. Os impulsos dos nervos 
aferentes são processados pelo cérebro, de modo a controlar a vasoconstrição e a manter a 
pressão sanguínea normal. 
 
 
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 Artérias (musculares) médias: Contém a túnica média formada essencialmente 
por células musculares lisas. Nas artérias musculares a íntima tem uma camada subendotelial 
um pouco mais espessa do que a das arteríolas. A lâmina elástica interna, o componente mais 
externo da íntima, é proeminente, e a túnica média pode conter até 40 camadas de células 
musculares lisas. 
 
 Essas células são entremeadas por um número variado de lamelas elásticas 
(dependendo do tamanho do vaso), como também por fibras reticulares e proteoglicanos, todos 
sintetizados pela própria célula muscular lisa. As artérias musculares podem controlar o fluxo 
de sangue para os vários órgãos, contraindo ou relaxando as células musculares lisas de sua 
túnica média. 
 
 Arteríolas: Geralmente têm um diâmetro inferior a 0,5 mm e lúmen 
relativamente estreito. A camada subendotelial é muito delgada. Nas arteríolas muito pequenas, 
a lâmina elástica interna está ausente, e a camada média geralmente é composta por uma ou 
duas camadas de células musculares lisas circularmente organizadas; não apresentam nenhuma 
lâmina elástica externa. 
 
 Capilares: Os vasos capilares sofrem variações estruturais que os adaptam para 
exercer níveis diferentes de troca metabólica entre o sangue e os tecidos circunvizinhos. Os 
capilares são compostos de uma única camada de células endoteliais que se enrolam em forma 
de tubo. O diâmetro dos capilares varia de 8 a 12 μm, e sua extensão normalmente é de 50 a 
100 mm. 
 Entretanto, apesar da pequena extensão de cada capilar sanguíneo individualmente, 
calcula-se que o comprimento total do conjunto dos capilares do corpo humano alcance o valor 
de 96.000 km. Quando cortados transversalmente, observa-se que a parede dos capilares é, em 
geral, formada por uma a três células (Figura 11.13), as quais repousam em uma lâmina basal 
cujos componentes moleculares são produzidos pelas próprias células endoteliais. 
 
 
 
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 Vênulas pós-capilares: A transição dos capilares para vênulas ocorre 
gradualmente. As que se seguem imediatamente aos capilares (vênulas pós-capilares ou 
pericíticas) têm diâmetro de 0,1 a 0,5 mm e extensão de 0,5 a 70 mm. A parede dessas vênulas 
é formada apenas por uma camada de células endoteliais, em volta das quais se situam células 
pericíticas contráteis. As junções entre as células endoteliais são as mais frouxas de todo o 
sistema vascular. 
 Essas vênulas pericíticas têm várias características funcionais e morfológicas em 
comum com os capilares; por exemplo, participam em processos inflamatórios e trocas de 
moléculas entre o sangue e os tecidos. Mediadores da inflamação, como a histamina produzida 
pelos mastócitos do tecido conjuntivo, alteram a permeabilidade vascular de vênulas pós-
capilares, facilitando a passagem de células da defesa do sangue para os tecidos. 
 
 Veias: Das vênulas, o sangue é coletado em veias de maior calibre, 
arbitrariamente classificadas como veias pequenas, médias e grandes. A maioria das veias é de 
pequeno ou médio calibre, com diâmetro entre 1 e 9 mm, e contém pelo menos algumas células 
musculares em suas paredes. A íntima apresenta normalmente uma camada subendotelial fina 
composta por tecido conjuntivo, que pode estar muitas vezes ausente. A túnica média consiste 
em pacotes de pequenas células musculares lisas entremeadas com fibras reticulares e uma rede 
delicada de fibras reticulares. Nas veias, a túnica adventícia é a mais espessa e bem 
desenvolvida das túnicas. 
 
Sistema vascular linfático 
 Além dos vasos sanguíneos, o corpo humano tem um sistema de canais de paredes 
finas revestidas por endotélio, que coleta o líquido dos espaços intersticiais e o retorna para o 
sangue. Esse líquido é denominado linfa e, diferentemente do sangue, circula somente na 
direção do coração. Os capilares linfáticos originam-se como vasos finos e sem aberturas 
terminais (fundo de saco), que consistem apenas em uma camada de endotélio e uma lâmina 
basal incompleta. 
 
 
 
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 Capilares linfáticos são mantidos abertos por meio de numerosas microfibrilas 
elásticas, as quais também se ancoram firmemente ao tecido conjuntivo que os envolve. Os 
finos vasos linfáticos convergem gradualmente e terminam em dois grandes troncos – o ducto 
torácico e o ducto linfático direito –, que desembocam na junção da veia jugular interna 
esquerda com a veia subclávia esquerda, na confluência da veia subclávia direita e da veia 
jugular direita interna. 
 
Livro: 
CARNEIRO, J. JUNQUEIRA, L. C. U. Histologia Básica: Texto e Atlas. Editora Guanabara 
Koogan. 13ª Edição.

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