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I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA DO TRABALHO E LEGISLAÇÃO PERTINENTE OBjETIvOS DE APRENDIzAGEm A partir desta unidade, você será capaz de: apresentar a evolução da Segurança do Trabalho, contemplando os históricos mundiais e brasileiros; conceituar Acidente de Trabalho, tanto o conceito legal como o conceito prevencionista; conhecer a legislação brasileira, no que tange à Segurança do Trabalho. TÓPICO 1 – HISTÓRICO TÓPICO 2 – ACIDENTES DE TRABALHO TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você encontrará atividades que o(a) auxiliarão a fixar os conhecimentos abordados. I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O HISTÓRICO 1 INTRODUÇÃO 2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO NO mUNDO TÓPICO 1 Nesta seção veremos como surgiu a preocupação com os acidentes de trabalho, através de uma linha de tempo. Estas preocupações são muito antigas: encontramos na literatura muitas menções às ações que ocorreram no período a.C. A informação mais antiga sobre segurança e higiene do trabalho é o papiro Anastacius V. É um registro egípcio que fala sobre a preservação da saúde e da vida do trabalhador e mostra as condições de trabalho de um pedreiro. Em 2360 a.C., o papiro Sallier II trazia referências aos riscos do ambiente de trabalho. Nele consta a Sátira dos Ofícios, também chamada instruções de Dua-Kheti, que foi escrita para seu filho Pepi. Pensa-se que o autor possa ter sido guiado pelas instruções de Amanemhat. Descreve uma série de profissões com uma luz exageradamente negativa, ressaltando as vantagens de escriba. (CARVALHO, 2009). UNIDADE 1 UNIDADE 1TÓPICO 14 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O FONTE: Disponível em: <http://www.skoob.com.br/autor/2346>. Acesso em: 26 out. 2010. Veja só o que estava descrito nele: Eu jamais vi ferreiros em embaixadas e fundidores em missões. O que vejo sempre é o operário em seu trabalho; ele se consome nas goelas de seus fornos. O pedreiro, exposto a todos os ventos, enquanto a doença o espreita, constrói sem agasalho; seus dois braços se gastam no trabalho; seus alimentos vivem misturados com os detritos; ele se come a si mesmo, porque só tem com o pão os seus dedos. O barbeiro cansa os seus braços para encher o ventre. O tecelão vive encolhido – joelho ao estômago – ele não respira. As lavadeiras sobre as bordas do rio são vizinhas do crocodilo. O tintureiro fede à morrinha do peixe, seus olhos são abatidos de fadiga, suas mãos não param e suas vestes vivem em desalinho. (MOLINA, 1977; SOTO, 1978; ALVARADO et al., 1999 apud CARVALHO, 2009). Outra referência à Segurança do Trabalho provém do “Código de Hamurabi”, que é um dos mais antigos conjuntos de leis, utilizado na Mesopotâmia antiga. Acredita-se que foi escrito pelo rei Hamurabi, em torno de 1700 a.C. A Mesopotâmia encontrava-se onde hoje é o Irã. FONTE: Educação e Motivação. Disponível em: <http://eduqueemotive. blogspot.com/2010/07/leitura-e-escrita-alguns-aspectos.html>. Acesso em: 26 out. 2010. FIGURA 1 – ESCRIBA DUA-KHETI FIGURA 2 – CÓDIGO DE HAMURABI UNIDADE 1 TÓPICO 1 5 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Neste código, havia punição a quem não desempenhasse a função de construtor de casas dignamente, ou seja, cometesse falhas e a construção viesse a ruir. Já era uma preocupação com as condições tanto de trabalho como da qualidade deste trabalho. A Bíblia Sagrada, no Livro II de Samuel (23:10), nos conta que durante o reinado de Davi (1010 a 970 a.C.) “Eleazar se manteve firme e combateu os filisteus até que sua mão, cansada, ficou colada à espada”. (BÍBLIA, 1999). Na antiga Grécia, a prioridade era a higiene dos aristocratas, deixando-se de lado a saúde dos que trabalhavam para viver. As doenças ocupacionais aconteciam, porém não havia registro no tocante à saúde do trabalhador, conforme ensina Rosen (1994, p. 40): Há, por exemplo, imagens de tocadores de flauta usando uma bandagem de couro em volta das bochechas e dos lábios, no intuito, aparentemente, de prevenir a dilatação excessiva das bochechas e evitar uma eventual relaxação dos músculos. Nas minas dos gregos, escravos e convictos labutavam por longas horas em galerias estreitas, pobremente ventiladas. Ainda assim, nos escritos hipocráticos, só existe uma única referência a um mineiro: um caso de envenenamento por chumbo, ou de pneumonia. Hipócrates (460-377 a.C.) foi considerado o primeiro médico a rejeitar superstições e crendices de que as forças sobrenaturais ou divinas causassem as doenças, e sim os fatores ambientais, a raça das pessoas e os hábitos de vida. Por causa destes estudos foi considerado o “Pai da Medicina”. Sua escola defendia que as doenças eram o resultado do desequilíbrio de quatro humores (sangue, bile negra, bile amarela e a fleuma) através de sua forma de entender o funcionamento do organismo humano, incluindo a personalidade. Segundo ele, a quantidade destes fluidos corporais era a principal responsável pelo estado de equilíbrio ou de doença. Em seus estudos, Hipócrates afirmou que um trabalhador desenvolveu paralisia após realizar constantes e prolongados movimentos serpentiformes e giratórios das mãos, caracterizando-se, assim, uma lesão proveniente de seu ofício. Também, em seus escritos, fez menção à existência de moléstias entre mineiros e metalúrgicos, advindas do manuseio de compostos de enxofre e zinco. UNIDADE 1TÓPICO 16 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O FONTE: Disponível em: <http://humanimed.blogspot.com/2010_07_01_archive. html>. Acesso em: 26 out. 2010. Plínio, o Velho, descreveu diversas moléstias entre mineiros e envenenamento. Galeno (ou Claudious Galenus, ou Galenus de Pergamum, 129-199 d.C.), em seus estudos, fez várias referências às moléstias profissionais entre trabalhadores das ilhas do Mediterrâneo. Descreveu, entre outras, a neurite cervicobraquial, estabelecendo sua relação com a patologia vertebral. (CARVALHO, 2009). Galeno (apud ROSEN, 1994, p. 387) narra a experiência pessoal dos riscos ocupacionais nas minas de cobre na ilha de Chipre: Em uma de suas viagens, ele visitou a ilha de Chipre e por algum tempo inspecionou as minas das quais se retirava sulfato de cobre. Os mineiros trabalhavam em uma atmosfera sufocante e Galeno menciona ter sido ele mesmo quase subjugado pelo fedor. Os trabalhadores encarregados de levar o fluido vitriolítico para fora da mina o faziam o mais rápido possível, para evitar a sufocação. Galeno relata ainda trabalharem os mineiros despidos, pois os vapores vitriolíticos destruíam suas roupas. FIGURA 3 – HIPÓCRATES, O PAI DA MEDICINA, MEDICINA HUMANIZADA, 2010 UNIDADE 1 TÓPICO 1 7 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O FONTE: Disponível em: <http://greciantiga.org/img/i/i527.jpg>. Acesso em: 26 out. 2010. Estes dois, Hipócrates e Galeno, eram médicos gregos. Em Roma, Aulus Cornelius Celsus (25 a.C. – 50 d.C.) nos explica que a inflamação possui quatro sinais: dor, calor, rubor e tumefação.(CARVALHO, 2009). Na Idade Média, podemos destacar os trabalhos de Aviccena, no tratamento da dor articular, e o de Armand de Villeneuve, em estudos ergonômicos. FIGURA 4 – PÁGINA DE ROSTO DE UM VOLUME DA EDIÇÃO JUNTINA, DE GALENO UNIDADE 1TÓPICO 18 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Aviccena (980-1037) era o apelido de Abu Ali al-Husayn ibn Abd-Allah ibn Sina. Era médico e filósofo e vivia na Pérsia. É conhecido como o “príncipe da Medicina”. Em sua obra “Cânon da Medicina”, explica as causas da saúde e da doença. Ibn Sina pensava que o corpo humano não poderia recuperar a saúde a menos que se determinassem as causas, tanto da saúde como da doença. (CARVALHO, 2009). FONTE: Disponível em: <http://www.elec-intro.com/abu-ali-sina>. Acesso em: 26 out. 2010. Avicena relacionou a cólica dos trabalhadores com as pinturas à base de chumbo que eles executavam. Séculos após, essa intoxicação ainda fez vítimas, como, por exemplo: o compositor Ludwig van Beethoven (1770-1827), contaminado pela tipografia das partituras; os pintores famosos Vincent Willem Van Gogh (1853-1890) e Candido Torquato Portinari (1903- 1962). (BRASIL, 2010). Quanto a Armand de Villeneuve (1253-1313), foi um médico francês, que dentre outros aspectos, estudou riscos ergonômicos decorrentes da adoção de posturas inadequadas. Agrícola e Paracelso investigaram doenças ocupacionais nos séculos XV e XVI. Georg Pawer (mais conhecido por seu nome em latim, Georgius Agrícola, 1494-1555) publicou o livro “De Re Metallica” em que eram estudados os diversos problemas relacionados à extração de minerais. No último capítulo, o autor discute os acidentes de trabalho, principalmente a “asma dos mineiros”, provocada por poeiras. A descrição dos sintomas e a rápida evolução da doença nos remetem à silicose. FIGURA 5 – AVICCENA UNIDADE 1 TÓPICO 1 9 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O FONTE: Disponível em: <http://www.mineralogy.be/bookarchive/a/Agricola_1912.html>. Acesso em: 26 out. 2010. Paracelso, pseudônimo de Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1541) foi um famoso médico, alquimista, físico e astrólogo suíço. É sua a primeira monografia sobre as relações entre trabalho e doença. São numerosas as citações relacionando métodos de trabalho e substâncias manuseadas com doenças. Destaca-se a intoxicação com mercúrio, cujos principais sintomas foram por ele relacionados. Foi na Idade Moderna que viveu o mais expressivo médico no campo da saúde ocupacional, Bernardo Ramazzini (1633-1714), o qual recebeu o apelido de “Pai da Medicina do Trabalho” ou “Pai da Saúde Ocupacional”. Seu livro “De Morbis Artificum Diatriba”, um verdadeiro monumento da saúde ocupacional, descreve cerca de 100 profissões diversas e os riscos específicos de cada uma delas. Cada vez que atendia uma consulta, perguntava ao doente: qual a sua ocupação? FIGURA 6 – DE RE METALLICA – LIVRO DE GEORGIUS AGRÍCOLA UNIDADE 1TÓPICO 110 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O FONTE: Disponível em: <http://www.firenzelibri.net/public/img/45645.jpg>. Acesso em: 26 out. 2010. Uma nova fase estava surgindo quando na Inglaterra, entre 1760 e 1830, iniciou-se a Revolução Industrial, um marco na industrialização moderna, com o surgimento da máquina de tear. Antes disso, o artesão era o dono das máquinas de fiação e tecelagem em que operava. Com a modernização seu custo evoluiu, não permitindo mais a este artesão possuí-las. Assim surgiram os industriais que, prevendo os altos níveis de produção, resolveram adquirir estas máquinas e empregar os artesões para fazê-las funcionar. Foi assim que iniciaram as primeiras fábricas de tecido e, com elas, o Capital e o Trabalho. FONTE: Disponível em: <www.klickeducação.com.br>. Acesso em: 26 out. 2010. FIGURA 7 – LIVRO DE RAMAZZINI FIGURA 8 – MÁQUINA DE FIAR (QUE ACELEROU A FABRICAÇÃO DE TECIDOS NO INÍCIO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL) UNIDADE 1 TÓPICO 1 11 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Com a entrada da máquina a vapor o quadro industrial mudou totalmente. Houve o deslocamento destas indústrias para as grandes cidades, pois já não dependiam de cursos de água, e a mão de obra era abundante. Porém, as condições de trabalho eram as piores possíveis: calor, ventilação ruim e umidade somente pioravam as coisas. Estas novas fábricas nada mais eram que galpões improvisados. FONTE: Disponível em: <www.mcaconsult.com.br>. Acesso em: 26 out. 2010. Estas máquinas primitivas apresentavam todo tipo de riscos para seus trabalhadores, e suas consequências eram tão críticas, que começaram as reclamações, inclusive de órgãos governamentais. Todos exigiam melhores condições de trabalho. Mulheres e crianças também eram contratadas para trabalhar nestas fábricas improvisadas, e não havia qualquer preocupação com seu estado de saúde ou desenvolvimento físico. No final do século XVIII, o parque industrial inglês sofreu uma série de transformações, as quais, se por um lado trouxeram um aumento salarial aos trabalhadores, por outro lado trouxeram sérios problemas ocupacionais. O trabalho em máquinas sem proteção, executado geralmente em ambientes fechados, com ventilação precária, ruído altíssimo e sem limites de horas de trabalho trazia aos trabalhadores altíssimos índices de acidentes e moléstias profissionais. A Revolução Industrial massacrou inocentes na Inglaterra, França e Alemanha, e os que sobreviveram a isto foram levados a trabalhar nas mais precárias condições das fábricas e minas, onde havia muito calor, gases, poeiras, ruídos e outras condições adversas. Podia-se notar isto através dos elevados índices de mortalidade entre estes trabalhadores, e principalmente entre as mulheres e crianças. Com a sofisticação das máquinas, naquela época, tivemos o aumento das taxas de acidentes, assim como a gravidade destes acidentes. FIGURA 9 – EXEMPLO DE UMA FÁBRICA INGLESA, NO INÍCIO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL UNIDADE 1TÓPICO 112 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Charles Dickens, naquela época, tornou-se um grande adepto da causa prevencionista. Como era um grande romancista, em suas críticas violentas condenava o tratamento impróprio que as crianças tinham nas indústrias inglesas. Pouco a pouco tivemos uma modificação na legislação, a qual chegou à Teoria do Risco Social: o acidente de trabalho é um risco inerente à atividade profissional exercida em benefício de toda a comunidade, portanto é esta comunidade quem deverá arcar com o ônus da produção, ou seja, com os encargos provenientes dos acidentes e lesões. Em 1775, Percival Lott identifica que a fuligem e a falta de higiene dos limpadores de chaminé, na Inglaterra, são as causas do câncer escrotal (câncer ocupacional). Percival também compara o trabalho dos limpadores ingleses com os alemães. Estes possuíam a roupa mais ajustada ao corpo, não permitindo a entrada da fuligem. Esta roupa era então uma espécie primitiva de EPI. Surgiu de seus estudos a chamada “Lei dos Limpadores de Chaminé”, de 1778. Entre os anos de 1800 e 1830, várias leis foram criadas na Inglaterra, porém não obtiveram o efeito esperado devido à pressão dos empregadores. Veremos a seguir algumas delas. Peel, em 1802 criou a primeira lei de proteção aos trabalhadores, a Lei da Saúde e Moral dos Aprendizes. Esta lei foi criadaatravés de uma CPI. Estabelecia doze horas de trabalho diárias, proibia o trabalho noturno, obrigava a lavação das paredes das fábricas, no mínimo duas vezes ao ano e tornava obrigatória a ventilação industrial nas fábricas. Neste contexto, é importante a observação de Mantoux (apud FIGUEIREDO, 2007, p. 132): A ‘Lei Peel’ (1802) é mencionada por Catharino como precursora na legisla- ção sobre Higiene e Segurança do Trabalho. Tratava de proteção do trabalho noturno para os aprendizes nas fábricas de algodão na Inglaterra e tornou-se conhecida também com o nome de “Ato de Saúde e da Moral dos Aprendizes”. Seu autor, o moleiro Robert Peel, procurou disciplinar o trabalho de aprendizes em moinho e apresentou a lei visando à proteção dessas crianças pela fixação de um limite na jornada de trabalho e o estabelecimento de deveres relacio- nados à educação e higiene no local de trabalho. Todavia, essa lei não teve eficácia até o ano de 1819, ocasião em que Peel, com a colaboração de Robert Owen, conseguiu a aprovação de nova lei no mesmo sentido. Destaque-se, dentre as prescrições estabelecidas na Lei de Peel, as de caráter sanitário: a caiação de paredes e tetos das oficinas deveria realizar-se periodicamente, as janelas das oficinas deveriam ser grandes o suficiente para permitir ventilação conveniente etc. UNIDADE 1 TÓPICO 1 13 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O FONTE: Disponível em: <http://adc.bmj.com/content/90/1/60/F2.large.jpg>. Acesso em: 26 out. 2010. Charles Thackrah, em 1830, publica o primeiro livro sobre doenças ocupacionais na Inglaterra, inspirando a criação da legislação ocupacional inglesa. A edição definitiva, em 1832, intitulava-se “The effects of arts, trades and professions and of the civic states and habits of living on health and longevity with suggestions for removal of many of the agents which produce disease and shorten the duration of life”, ou, numa tradução livre: “Os efeitos das artes, comércios, profissões e cidadãos e seus padrões de vida em saúde e longevidade e a sugestão de eliminação de muitos dos agentes que produzem doenças e diminuem a expectativa de vida”. Também em 1830, Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, preocupado com o fato de que seus operários não dispunham de nenhum cuidado médico a não ser aquele propiciado por instituições filantrópicas, procurou o Dr. Robert Baker, seu médico, pedindo que indicasse qual a maneira pela qual ele, como empresário, poderia resolver tal situação. Baker respondeu-lhe: Coloque no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de interme- diário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a fábrica, sala por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas. E se ele verificar que qualquer dos trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele competirá fazer tal prevenção. Dessa forma você poderá dizer: meu médico é a minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade no que diz respeito à proteção da saúde e das condições físicas dos meus operários; se algum deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o médico unicamente é que deve ser responsabilizado. (MENDES; DIAS, 2001). A resposta do empregador foi a de contratar Baker para trabalhar na sua fábrica, surgindo assim, em 1830, o primeiro serviço de medicina do trabalho. Em 1831, Michael Saddler relatou em uma CPI as péssimas condições de trabalho na Inglaterra. FIGURA 10 – CONDIÇÕES DE TRABALHO ANTES DA LEI DE PEEL UNIDADE 1TÓPICO 114 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Como a Lei da Saúde e da Moral dos Aprendizes não era obedecida por falta de um organismo fiscalizador, foi promulgada, no ano de 1833, a “Lei das Fábricas”, sendo a primeira legislação realmente eficaz na proteção aos trabalhadores. Esta lei aplicava-se às fábricas têxteis. Entre os seus itens, podemos destacar a proibição ao trabalho noturno de menores de 18 anos; restringia o trabalho a 12 horas/dia e 69 horas/semana; as fábricas deviam ter escola para os menores de 13 anos; a idade mínima para o trabalho era de 9 anos e deviam suprir atestado médico quanto ao desenvolvimento das crianças. Posteriormente, foram incluídas a obrigatoriedade da ventilação mecânica e a proibição de ingestão de alimentos nos locais de trabalho. (CARDOSO JÚNIOR, 2010). Também em 1833, foi aprovada na Alemanha a Lei Operária, primeira legislação constituída em prol do trabalhador fora da Inglaterra. Em 1842, na Escócia, James Smith, gerente de uma fábrica têxtil, contratava um médico para a realização de exames. Estes exames eram feitos antes da admissão do trabalhador, assim como exames periódicos, com orientação dos problemas de saúde e a prevenção de doenças ocupacionais ou não ocupacionais. A Lei das Fábricas (Factory Act) foi reformulada em 1844, protegendo agora uma nova categoria de trabalhadores: as mulheres menores de 18 anos. Elas foram igualadas aos adolescentes, seu trabalho limitado a 12 horas diárias e proibido à noite. FONTE: Disponível em: <http://www.ngfl.ac.uk/sculptrail/oastler.jpg>. Acesso em: 26 out. 2010. Também com a Lei de 1844, o trabalho dos operários menores de 13 anos se reduziria a 6 horas e meia durante o dia. Com isto, inaugurou-se o trabalho em turnos. FIGURA 11 – RICHARD OASTLER (UM DOS LUTADORES PELOS DIREITOS DAS CRIANÇAS TRABALHADORAS NO FACTORY ACT) UNIDADE 1 TÓPICO 1 15 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Para evitar o abuso dos industriários, iniciou-se o uso do relógio na fábrica, regulado sempre pelo horário de um relógio público que ficasse mais próximo da fábrica, como, por exemplo, de uma estação ferroviária. Estas minúcias, que regulam militarmente e ao som da sineta o período, os limites e as pausas de trabalho, não foram de modo algum o produto da fantasia parlamentar. Nasceram das circunstâncias e desenvolveram-se pouco a pouco, como leis naturais. Foi preciso uma longa luta social entre classes, antes de serem formuladas, reconhecidas e promulgadas em nome do Estado. (MARX, 1974, p. 176). Em 1847 é promulgado o “Ten Hour Act”, ou lei das 10 horas, terminando assim uma luta que havia há quase 20 anos para diminuir o horário de trabalho. Como curiosidade, esta lei tornou-se possível graças à união da classe operária com a classe industrial, em oposição à aristocracia latifundiária. No ano de 1850, devido às dificuldades da aplicação da Lei de 1847, o parlamento inglês firmou um compromisso entre fabricantes e operários: • o dia de trabalho passou de 10 horas para 10 horas e meia de segunda a sexta-feira e restringia-se a 7 horas e meia aos sábados para os adolescentes e as mulheres; • o trabalho começava às 6 horas da manhã (antes era das 5 e meia até as 8 e meia da noite) e terminava às 6 da tarde, com pausas de hora e meia para a refeição; • o sistema de turnos era abolido definitivamente; • o trabalho infantil regia-se pela Lei de 1844. A partir de 1862, a França passou a regulamentar a higiene e a segurança do trabalho. (BRASIL, 2010). Em Portugal, somente após 60 anos de promulgação das leis inglesas é que foi definida a obrigatoriedade do descanso semanal para o comércio e para a indústria. Pouco a pouco, no decorrer da segunda metade do século XIX, as inúmeras “Leis de Fábrica” se estendiam a todos os outros setores de indústrias. No ano de 1878, houve a promulgação do “Factory and Workshops Act”, que definia como dez anos de idadea mínima para o ingresso no trabalho, restringia o trabalho de crianças entre 10 e 14 anos a dias de trabalho alternados ou a meio dia, a fim de poderem frequentar a escola, e também promulgava que o dia de trabalho não pudesse ultrapassar as 12 horas para a juventude entre 14 e 18 anos, com duas horas de descanso para as refeições. UNIDADE 1TÓPICO 116 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Em Berlim, na Alemanha, no ano de 1890, o kaiser Guilherme II convocou a Conferência de Berlim, sendo a primeira conferência internacional para questões trabalhistas. Acerca desta conferência de 1890, e das organizações mundiais de trabalho, Segadas Viana (2003) diz o seguinte: Pode marcar-se esta conferência como o final da primeira fase pela interna- cionalização, iniciando-se a segunda em 1901, com a fundação, na Basileia, da Associação Internacional para a Proteção Legal dos Trabalhadores. Em 1905 e 1906 houve duas conferências de caráter técnico sobre problemas do trabalho, em Berna, de iniciativa do governo suíço. Nova conferência realizou-se na mesma cidade, em 1913, e nela foram preparados dois projetos de con- venções internacionais proibindo o trabalho noturno aos menores e limitando em 10 horas a duração do trabalho das mulheres e dos adolescentes. Tais convenções deveriam ser assinadas no ano seguinte, uma conferência que não se realizou por ter rebentado a I Guerra Mundial do século. No século XX iniciou-se a expansão norte-americana, a qual colocou em risco o poderio europeu e mudou o enfoque das questões mundiais, principalmente porque trouxe alterações em relação ao comércio e à produção, levando a uma nova avaliação de importância dos povos. (SOUZA, 2006). Após quase cem anos de discussões trabalhistas, iniciou a I Guerra Mundial. Nas negociações para alcançar a paz, discutiu-se a universalização do trabalho e seu tratamento. Deste modo criou-se uma comissão, denominada Conferência de Legislação Internacional do Trabalho, visando empenhar esforços para colocar em prática tais ideias. (SOUZA, 2006). Foi neste contexto pós-guerra que se deram os primeiros passos para a criação da OIT – Organização Internacional do Trabalho. Internacional porque visava abranger todos os povos do planeta. FONTE: Disponível em: <http://www.cut.org.br/sistema/ck/images/destaques/oit. jpg>. Acesso em: 26 out. 2010. FIGURA 12 – CONFERÊNCIA DA OIT UNIDADE 1 TÓPICO 1 17 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Nicolas Valticus, um estudioso do Direito Internacional do Trabalho, nos fala sobre a criação da OIT: A Primeira Guerra Mundial produziu profundas modificações na posição e no peso da classe trabalhadora das potências aliadas. A trégua social e a coo- peração que se estabeleceu na Europa Ocidental entre os dirigentes sindicais e os governantes, os grandes sacrifícios suportados especialmente entre os trabalhadores e o papel que desempenharam no desenlace do conflito, as promessas dos homens políticos de criarem um mundo novo, a pressão das organizações obreiras para fazer com que o Tratado de Versalhes consagrasse as suas aspirações de uma vida melhor, as preocupações suscitadas pela agitação social e as situações revolucionárias existentes em vários países, a influência exercida pela Revolução Russa de 1917 foram fatores que deram um peso especial às reivindicações do mundo do trabalho no momento das negociações do tratado de paz. Estas reivindicações expressaram-se, tanto em ambos os lados do Atlântico como em ambos os lados da linha de combate, inclusive durante os anos de conflito mundial. Ao final da guerra, os governos aliados, e principalmente os governos francês e britânico, elaboraram projetos destinados a estabelecer, mediante o tratado de paz uma regulamentação internacional do trabalho. (VALTICUS, 2000, p. 52). É interessante ver o que nos informa o preâmbulo desta Conferência, o qual também passou a fazer parte do Tratado de Versalhes: Considerando que a Sociedade das Nações tem por objetivo estabelecer a paz universal e que tal paz não pode ser fundada senão sobre a base da justiça social; em atenção a que existem condições de trabalho que implicam para um grande número de pessoas injustiça, miséria e provações, e que origina tal descontentamento que a paz e a harmonia universais correm perigo; em vista de que é urgente melhorar essas condições (por exemplo, no que concerne à regulamentação das horas de trabalho, à fixação de uma duração máxima da jornada e da semana de trabalho, ao aproveitamento da mão de obra, à luta contra o desemprego, à garantia de um salário que assegure condições convenientes de existência, à proteção dos trabalhadores contra as enfermidades gerais ou profissionais e os acidentes resultantes do trabalho, à proteção das crianças, dos adolescentes e das mulheres; às pensões de velhice e de invalidez, à defesa dos interesses dos trabalhadores ocupados no estrangeiro, à afirmação do princípio da liberdade sindical, à organização do ensino profissional e técnico e outras medidas análogas); tendo presente que a não adoção por uma nação qualquer de um regime de trabalho realmente humanitário é um obstáculo aos esforços das demais desejosas de melhorar a sorte dos trabalhadores nos seus próprios países; as Altas Partes Contratantes, movidas por sentimentos de justiça e humanidade, assim como pelo desejo de assegurar uma paz duradoura e mundial, convencionaram o que segue. FONTE: SUSSEKIND, Arnaldo. Direito Internacional do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Ltr. p. 101. A OIT se constitui originalmente de três órgãos: Conferência Internacional do Trabalho, também conhecida como Assembleia Geral, Conselho de Administração e Repartição (Escritório ou o Bureau Internacional do Trabalho). O Conselho e a Conferência são integrados por representantes governamentais, patronais e dos trabalhadores, na proporção de dois para UNIDADE 1TÓPICO 118 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O os primeiros e um para cada um dos demais, estabelecendo-se, assim, igual número de representantes oficiais das classes produtoras. Compete à Conferência aprovar projetos de Convenções e de Recomendações, sujeitos à ratificação posterior de cada país. FONTE: Disponível em: <http://portal.unesco.org/en/ files/32922/11902142573HPIM0045.JPG/HPIM0045.JPG>. Acesso em: 26 out. 2010. Assim, a principal característica da Organização Internacional do Trabalho é a sua estrutura tripartida, onde há a participação de governo, patrão e empregado, tornando este organismo diferente de outros existentes em outros segmentos e que congregam diversos Estados soberanos do mundo. A OIT tem como sede a Suíça, provavelmente por ter uma vocação pacifista. Seu primeiro diretor foi o francês Albert Thomas, presidindo esta organização até 1932. São 39 os países membros fundadores da OIT, entre eles está o Brasil. FIGURA 13 – SEDE DA OIT, EM GENEBRA, SUÍÇA UNIDADE 1 TÓPICO 1 19 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O ATEN ÇÃO! Leia o texto da Convenção nº 155 da OIT no site: <http:// segurancaesaudedotrabalho.blogspot.com/2009/07/convencao- n-155-da-oit.html>. Em 1953, a OIT, através de sua Recomendação 97 sobre a “Proteção da Saúde dos Trabalhadores”, fomentou a formação de médicos de trabalho qualificados. No ano de 1954, a OIT convocou um grupo de especialistas para organizar as diretrizes gerais de “Serviços Médicos de Trabalho”. Em 1958, substituiu esta denominação por “Serviços deMedicina do Trabalho”. Em 1959, com a experiência dos países industrializados, formou-se a Recomendação 112, sobre “Serviços de Medicina do Trabalho”. Este instrumento normativo de âmbito internacional passou a ser um referencial e paradigma para o estabelecimento de diplomas legais nacionais. A norma brasileira baseia-se nela. São abordados temas que incluem a definição, os métodos de aplicação da Recomendação, a organização dos serviços, suas funções, pessoal e instalações, e meios de ação. Segundo esta Recomendação 112, a expressão “Serviços de Medicina do Trabalho” designa um serviço organizado nos locais de trabalho ou em suas imediações, destinado a: assegurar a proteção dos trabalhadores contra todo o risco que prejudique a sua saúde e que possa resultar de seu trabalho ou das condições em que este se efetue; contribuir à adaptação física e mental dos trabalhadores, em particular pela adequação do trabalho e pela sua colocação em lugares correspondentes às suas aptidões; contribuir ao estabelecimento e manutenção do nível mais elevado possível do bem-estar físico e mental dos trabalhadores. Na segunda metade da década de 60, um movimento social renovado, revigorado e redirecionado aparece nos países industrializados do mundo ocidental, principalmente na Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e Itália. Ele questiona o sentido da vida, o valor da liberdade, o significado do trabalho na vida, o uso do corpo e a queda de valores obsoletos, sem significado para a nova geração. Surge disto a troca do conceito de saúde ocupacional pelo da saúde do trabalhador. (MENDES; DIAS, 2001, p. 344). Isto fez surgir uma nova legislação, que tem como pilar o reconhecimento do exercício de direitos dos trabalhadores, entre eles, o direito à informação (sobre a natureza dos riscos, as medidas de controle adotadas pelo empregador, os resultados de exames médicos e de avaliações ambientais, entre outros), o direito à recusa ao trabalho em condições de risco grave à saúde ou à vida do trabalhador; o direito à consulta prévia aos trabalhadores, pelos empregadores, antes de mudanças de tecnologia, métodos, processos e formas de organização do trabalho, e o estabelecimento de mecanismos de participação, desde a escolha de UNIDADE 1TÓPICO 120 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O tecnologias até, em alguns países, a escolha dos profissionais que irão atuar nos serviços de saúde no trabalho. (MENDES; DIAS, 2001, p. 345). Na década de 70, tivemos mudanças ainda maiores nos processos de trabalho, principalmente com a tendência de terceirização, marcada pelo declínio das indústrias (setor secundário) e crescimento acentuado dos serviços (setor terciário), gerando então uma mudança no perfil da força de trabalho empregada. Também nesta década aconteceu um processo de transferência das indústrias para o terceiro mundo, principalmente daquelas que provocam poluição ambiental ou risco para a saúde, e das que precisam de muita mão de obra, com baixa tecnologia. Com a alta do preço do petróleo naquela época, estes países do terceiro mundo buscavam o desenvolvimento econômico a qualquer custo, e viram aí a oportunidade de amenizar o desemprego e gerar divisas. Podemos também destacar, nesta época, a implantação de novas tecnologias, tais como a automação e a informatização. Estas duas últimas tecnologias trouxeram profundas modificações na organização do trabalho, permitindo ao capital diminuir sua dependência dos trabalhadores e aumentando o controle sobre eles. Ressurge, então, o Taylorismo, ainda mais acentuado, com a primazia da gerência e com o crescimento do planejamento e controle do trabalho. 3 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO NO BRASIL No Brasil colonial, que vai desde o descobrimento (1500) até a nossa Independência, em 1822, de uma forma geral, o atendimento médico era escasso, principalmente no tocante aos trabalhadores. Os únicos que tinham atendimento médico eram os militares, pois para eles havia físicos e cirurgiões-mor, bem como hospitais militares. Aos outros trabalhadores, restava o atendimento nas Santas Casas, com poucos cirurgiões, ou então os cuidados da medicina doméstica, com os sangradores (cirurgiões pouco instruídos) e os boticários (farmacêuticos), entre outros curadores. Os escravos, quando sofriam acidentes ou ficavam doentes, contavam somente com a caridade dos senhores ou do Estado paternalista. (TOLEDO; MARQUES, 2008). De acordo com Polignano (2009), a atenção à saúde nessa época, “[...] limitava-se aos próprios recursos da terra (plantas, ervas) e àqueles que, por conhecimentos empíricos (curandeiros), desenvolviam as suas habilidades na arte de curar”. Em 1710 aconteceu a primeira intervenção neurocirúrgica no Brasil, na cidade de Sabará, MG. Esta cirurgia teve relação com acidente de trabalho, pois foi um traumatismo crânio-encefálico com fraturas expostas e afundamento ósseo, causado pela queda de galho UNIDADE 1 TÓPICO 1 21 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O de árvore sobre a cabeça de um escravo. O caso está registrado no erário mineral, escrito pelo cirurgião português Luis Gomes Ferreyra, originalmente publicado em Lisboa no ano de 1735. (TOLEDO; MARQUES, 2008). Até o final dos anos 1800, a mão de obra escrava era a mais utilizada nas indústrias brasileiras. Com a sua libertação, esta mão de obra foi substituída em parte pelos imigrantes, os quais chegavam de países onde a Revolução Industrial e as consequentes conquistas sociais dos trabalhadores já era realidade. Estes imigrantes, possuidores de uma certa consciência de classe, apoiados por alguns idealistas, médicos e políticos, iniciaram uma série de movimentos reivindicatórios por melhores condições de vida e trabalho, realizando greves em 1907 e 1912, e as grandes greves de 1917 a 1920. (NUNES, 2010). Naquela época, as condições das fábricas eram assim descritas: as instalações das fábricas eram improvisadas, mal-iluminadas, mal-ventiladas e sem instalações sanitárias; as máquinas eram dispostas umas coladas às outras, com engrenagens e correias girando sem nenhuma proteção; a jornada de trabalho chegava a ter até 16 horas diárias, incluindo muitas vezes o domingo, sem qualquer salário adicional; grande parte da mão de obra era constituída por mulheres e crianças, inclusive com trabalho noturno e com salário de apenas 33% do salário dos homens; o número de acidentes de trabalho era enorme, causados pelo cansaço, pela falta de preparo e proteção; inexistiam as legislações trabalhistas, indenizações por acidentes de trabalho, auxílio-doença, salário durante o período de afastamento etc. (NUNES, 2010). A mineração (mina subterrânea) era também uma atividade muito frequente nesta época no Brasil, principalmente em Minas Gerais. Nesta atividade, o trabalhador estava exposto às condições de trabalho permanentemente insalubres. Toledo e Marques (2008) mencionam um acidente descrito no romance Morro Velho, obra que descreve as condições de trabalho na mina de Morro Velho, em Nova Lima, MG, no fim do século XIX. O autor do romance, Avelino Fóscolo, fora um funcionário desta mina: O autor descreve um acidente, onde a roldana escapuliu da mão de um negro e, na tentativa de prender a manivela, três mineiros foram atingidos. Passa- do o mal-estar do personagem principal, causado pelo acidente, ouve-se o comentário de um antigo operário sobre o real perigo das minas: ‘poeira fina espalhada pelas brocas e pelos carros – ela se mete traiçoeiramente na gar- ganta da gente, forma uma espécie de cimento nos bofes e, quando o diabo pega uma pneumonia ou mesmo uma gripe,vem o diacho de uma tosse que não há santo capaz de tirar. O cabra aí está com uma viagem de ida sem volta para a cidade dos pés juntos’. Rossit (2001, p. 112) destaca que, nessa época, a preocupação com o adoecimento do trabalhador era para que não se prejudicasse a produtividade: Em verdade, não se questionava o problema do trabalho e de suas condições como fatores de agravo à saúde dos trabalhadores. O enfoque existente na época relacionava-se ao aspecto do local de trabalho favorecendo a doença e desta prejudicando o trabalho, numa clara preocupação quanto à produtividade UNIDADE 1TÓPICO 122 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O e não, propriamente, quanto ao aspecto humanitário. LEITURA COmPLEmENTAR SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Não podemos começar a falar de saúde e segurança do trabalho, sem antes contarmos um pouco de sua história. A Revolução Industrial constitui-se numa profunda transformação na cultura material do Ocidente. Nós usualmente consideramos que ela surgiu em torno de 1700. Com os preconceitos às aplicações práticas das ciências na Antiguidade e com o tradicionalismo da Idade Média, o século XVIII encontrou o mundo utilizando, com raras exceções, os mesmos utensílios, as mesmas técnicas, as mesmas formas de comunicação que eram usadas desde os primórdios. Os Estados ainda guardavam as características do feudalismo, com seus territórios isolados e praticamente independentes, onde a atividade econômica principal era a agrícola, explorada com técnicas bastante rudimentares. Nessa época não existiam empresas da forma como as conhecemos hoje. Elas eram domiciliares, praticamente não havia divisão de trabalho e a produção estava a cargo de artesãos que executavam o trabalho manualmente, sendo poucas as máquinas utilizadas. Os mercados dessas empresas eram circunscritos pelos respectivos territórios dos Estados, e predominavam as relações empregador-empregado. Não se pode afirmar que a Revolução Industrial tenha tido início numa data fixada, mas foi em fins do século XVIII que tomou grande impulso. Com essas condições, a chamada Revolução Industrial nasceu na Inglaterra e posteriormente espalhou-se para o mundo. Teve como consequências profundas mudanças econômicas, sociais e políticas, tais como: “uma rápida e intensa urbanização: durante o século XIX duplica-se a população da Europa; o desenvolvimento industrial se inicia; aperfeiçoam-se os meios de transporte; incrementa-se o comércio interno e internacional; e há a redistribuição das riquezas e do poder entre os países”. O Brasil tem uma legislação relativamente nova em matéria previdenciária. Tendo sido sua economia baseada no braço escravo e na agricultura até praticamente o início deste século, não tinha o Brasil se defrontado com problemas que países – que já contavam apenas com trabalhadores livres e com uma indústria crescente – vinham conhecendo. Só depois da Primeira Guerra Mundial é que, no nosso país, em decorrência da assinatura de tratados internacionais, como o Tratado de Versalhes, se cogitaram medidas legislativas tendentes à proteção dos trabalhadores que, já então, começavam a se concentrar nas cidades. Ainda no campo da Segurança e Saúde do Trabalho, atuam diversas outras ciências como a Medicina, a Psicologia UNIDADE 1 TÓPICO 1 23 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O e a Fisiologia do Trabalho, a Toxicologia etc. Todas com o mesmo objetivo fundamental da Segurança e da Higiene do Trabalho, ou seja, a preservação da saúde, integridade física e bem-estar físico e psicológico dos trabalhadores. Como se percebe, a saúde e a segurança do trabalhador dependem de uma série de profissionais, que, embora atuando em áreas diferentes, devem possuir antes de tudo espírito de equipe para que o objetivo comum mencionado seja alcançado: a preservação da saúde, bem-estar e integridade física do trabalhador. Nós, profissionais do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), acreditamos que é preciso Conhecer para Prevenir e a partilha de conhecimento é uma ferramenta importante para que a sociedade como um todo contribua para que ocorram menos acidentes e doenças do trabalho. A redução dos acidentes do trabalho traz, entre outros, os seguintes benefícios econômicos às empresas: • Redução dos prejuízos financeiros decorrentes de paradas na produção, treinamento de trabalhadores substitutos, atrasos na entrega dos produtos etc. • Redução dos prejuízos financeiros decorrentes dos desperdícios de material. • Melhoria do moral do trabalhador com implicações positivas para a produtividade. • Redução do preço final do produto. • Redução das taxas de seguro contra acidentes do trabalho. Se fizermos prevenção e, com ela, não tivermos acidentes; não tendo acidentes, não teremos desperdícios/custos não assegurados. Seguimos firmes na proposta de, através da partilha de conhecimentos, construirmos uma prevenção melhor. Entendemos que seja esta a parte de nossa contribuição para um Brasil melhor. No Brasil, a População Economicamente Ativa (PEA), segundo estimativa do IBGE (PNAD, 2002), era de 82.902.480 pessoas, das quais 75.471.556 eram consideradas ocupadas. Dessa população, 41.755.449 eram empregados; 5.833.448 eram empregados domésticos; 17.224.328 eram trabalhadores por conta própria; 3.317.084 eram empregadores; 3.006.860 eram trabalhadores na produção para próprio consumo e construção para próprio uso; e 4.334.387 eram trabalhadores não remunerados. Portanto, entre os 75.471.556 trabalhadores ocupados em 2002, apenas 22.903.311 — com carteira assinada — possuíam cobertura da legislação trabalhista e do Seguro de Acidentes do Trabalho. A distribuição dos trabalhadores, segundo setor produtivo, revela que, das 75.471.556 pessoas consideradas ocupadas (PNAD-2002), 19,53% estão no setor agrícola e extrativista; UNIDADE 1TÓPICO 124 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O 13,72% no setor da indústria de transformação e 17,15% no setor de comércio e reparação. Essa diversidade e complexidade das condições e ambientes de trabalho dificultam o estabelecimento de prioridades e o desenvolvimento de alternativas de eliminação e controle dos riscos. Esses números podem não representar a realidade, uma vez que muitos acidentes de trabalho não são notificados e não constam nas estatísticas. Diante de indicadores tão expressivos é importante, tanto para o trabalhador como para o empregador, conhecer como a questão abordada pode interferir diretamente na sua atividade. Em caso de acidente de trabalho, após incontáveis discussões doutrinárias, a competência foi atribuída à Justiça do Trabalho, que deverá apreciar os conflitos decorrentes da relação de emprego. Assim está definido no artigo 114 da Constituição Federal, e no artigo 643 da Consolidação das Leis Trabalhistas. Com o advento da Emenda Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de 2004, toda a discussão doutrinária continuou nos bastidores, uma vez que a competência exclusiva da Justiça do Trabalho para apreciar o dano moral, advindo da relação de emprego, se estabeleceu. Observou-se a importância do tema para as relações jurídicas. Delimitar o grau de responsabilidade civil e criminal com relação ao acidente de trabalho no Brasil não é tarefa simples, sendo, contudo, fundamental para a manutenção do equilíbrio e da justiça. A Lei nº 78.213/91 já estabelecia, em seu artigo 120, a possibilidade de o INSS ingressar com “ação regressiva” para obter o ressarcimento,junto a empresas negligentes quanto às normas de segurança e higiene do trabalho, de gastos com benefícios pagos pela Previdência Social. Esse risco de passivo para as empresas já é real e agora tende a se intensificar. Com o déficit da Previdência estimado em R$ 38 bilhões para 2009, a tendência é haver um aumento de ações de regresso. Segundo foi divulgado, em 2007, a Previdência Social gastou R$ 10,7 bilhões com benefícios previdenciários decorrentes de acidentes de trabalho e de atividades insalubres. No ano anterior, foram R$ 9,94 bilhões. De acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social de 2007, cerca de 653 mil acidentes do trabalho foram registrados no INSS naquele ano, número 27,5% superior ao de 2006. O Decreto nº 6.042/07, ao regular o Fator Acidentário de Prevenção (FAP) e o Nexo Técnico Epidemiológico de Prevenção (NTEP), estabelece que a perícia médica do INSS, quando constatar indícios de culpa ou dolo por parte do empregador em relação à causa geradora dos benefícios por incapacidade concedidos, deverá oficiar a Procuradoria do INSS. A perícia deve, então, subsidiar a Procuradoria com evidências e demais meios de prova colhidos, notadamente quanto aos programas de gerenciamento de riscos ocupacionais, para ajuizamento de ação regressiva contra os responsáveis, e possibilitar o ressarcimento à Previdência Social do pagamento de benefícios por morte ou por incapacidade permanente ou temporária. Além dos passivos por ações regressivas, os afastamentos da empresa (por doenças ocupacionais ou não) geram vários custos para a empresa que não são inventariados, sendo UNIDADE 1 TÓPICO 1 25 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O que ela deve contabilizar e administrar melhor esse fluxo, especialmente em época de crise. Um controle pode representar uma grande economia para a empresa. Há uma premissa médica que diz que o custo do tratamento é dez vezes maior que o da prevenção. Lembremos ainda que os primeiros 15 dias de afastamento por doença ou acidente são custeados pela empresa. Há também o custo da substituição dos afastados. Além disso, os benefícios previdenciários de origem ocupacional podem gerar estabilidade de no mínimo um ano, danos morais e patrimoniais — pensões vitalícias, despesas médicas etc. — e, em alguns casos, até responsabilidade criminal. As empresas que não administrarem os seus afastados poderão, ano a ano, ver seu Seguro Acidente de Trabalho (SAT) aumentar em até 100%, por conta do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), enquanto aquelas que tiverem um bom controle poderão reduzir seu SAT em 50%. Hoje, a alíquota do SAT varia de 1% a 3% sobre toda folha de pagamento. Os acidentes de trabalho causam cerca de 3 mil mortes por ano no país. Dados da Previdência Social mostram que, no setor privado, 653.090 acidentes foram registrados em 2007, número maior que o do ano anterior, de 512.232 casos. Para lembrar que esse tipo de problema continua ocorrendo em todo o mundo, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu o dia 28 de abril como o Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho. O PAPEL DO TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO O Técnico de Segurança do Trabalho exerce papel de vital importância para o meio social. Nós, profissionais, somos designados para encontrar soluções adequadas para defender os trabalhadores contra os riscos do ambiente de trabalho, defendendo assim a integridade humana e assegurando a produtividade do trabalhador. A segurança do trabalho é uma atividade que busca introduzir no setor produtivo, incluindo aí os trabalhadores e a direção da empresa, conceitos fundamentais sobre a prevenção de acidentes. É válido ressaltar os elevados índices de acidentes no trabalho e que este quadro, para ser revertido, deve ter uma ação compartilhada de todos os segmentos da organização. O técnico deve ser capaz de compreender sua responsabilidade na condução da aplicação dos preceitos prevencionistas, a fim de minimizar a incidência dos riscos profissionais. Dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) relatam a ocorrência de mais de 1,2 milhões de mortes por acidentes de trabalho no mundo, ou seja, são dois trabalhadores mortos por minuto. As principais causas dos acidentes são a deterioração das condições de trabalho e o desrespeito ao direito de segurança do trabalhador ou a falta de uma regulamentação adequada. Mas essa condição já vem de muito tempo, o Brasil mergulhava num poço sem fundo de mortes e doenças ocupacionais. Na década de 70 o país passava por um dos períodos mais críticos de sua vida democrática e as estatísticas de acidentes eram as mais altas do mundo. Devido à cobrança da participação do Brasil na OIT, nasce na década de 70 o PNVT (Plano Nacional de Valorização do Trabalhador), e através da Portaria UNIDADE 1TÓPICO 126 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O nº 3.236 e nº 3.237, de 02/07/1972, nasce o primeiro curso de Segurança do Trabalho do país, classificando os profissionais como “Inspetor de Segurança”. Com o intuito de reforçar as ações contra os acidentes do trabalho é criada a Portaria nº 3.089, de 02/04/1973, criando assim a obrigatoriedade por parte das empresas de constituírem o SESMT (Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho), e altera a denominação da função para Supervisor de Segurança. Em 27 de novembro de 1985, nossa classe é definitivamente reconhecida como categoria profissional, através da Lei n° 7.410, e o decreto n° 95.530, de 09/04/1986, encerra o PNVT criado na década de 70. E assim nasce a atual denominação de Técnico de Segurança do Trabalho. Grandes aliadas dos profissionais técnicos são as NR (Normas Regulamentadoras), criadas pelo governo através da Portaria nº 3.214 do TEM vigente desde 06/07/78, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Estas normas estão previstas no capítulo V da CLT. Uma das NRs mais importantes para o desenvolvimento da função dos técnicos é a de nº 06, que rege normas sobre a utilização, controle, guarda e conservação dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Traz diretrizes aos empregadores da obrigatoriedade do fornecimento gratuito, treinamento e fiscalização de uso dos EPIs e aos empregados a obrigatoriedade da utilização para o fim a que se destina, a conservação e guarda. E garante a nós, profissionais técnicos, condições de cobrar dos empregadores a aplicação correta dos EPIs para a eliminação de condições de risco encontradas nos ambientes de trabalho; cabe a nós treinar os empregados e fiscalizar a utilização. Dentro do contexto da norma existe o CA (certificado de aprovação) que rege a legalidade de cada equipamento. Esse certificado é emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e tem prazo de validade; após o prazo vencido o fabricante deve solicitar um novo certificado. Com o passar dos anos várias ações foram tomadas para favorecer a aplicação e fortalecer a classe dos técnicos de segurança do trabalho. Nos dias de hoje vemos ser lançadas no mercado várias ferramentas que vêm para somar no quesito prevenção de acidentes, pois colocam o técnico em uma situação muito confortável quando se trata de atualização de mercado, trazendo-lhe comodidade e facilidade. FONTE: Disponível em: <http://pessoal.educacional.com.br/up/81000001/6650946/ MAT%C3%89RIA%20JORNAL.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2010. UNIDADE 1 TÓPICO 1 27 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O RESUmO DO TÓPICO 1 Finalizamos, agora, nosso primeiro tópico do estudo da Introdução à Segurança do Trabalho. Neste tópico,você viu que: • A Segurança do Trabalho está evoluindo, desde os primórdios até os dias de hoje. • Começou a ser tratada seriamente com o advento da Revolução Industrial, que trouxe as pessoas dos campos para as cidades e fábricas. • A OIT está trabalhando pela internacionalização do Direito do Trabalho, e o Brasil faz parte de seu escopo. • No Brasil, temos, além da Constituição Federal, a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) e as NRs (Normas Regulamentadoras), que são dispositivos jurídicos para a implantação da Segurança no Trabalho. UNIDADE 1TÓPICO 128 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O AUTO ATIVI DADE � Elabore um quadro com um resumo, formando uma linha cronológica com os avanços, tanto em termos mundiais como no Brasil em relação à Segurança no Trabalho. Você poderá se basear no modelo a seguir: Ano Pessoa/entidade O que aconteceu 2360 a.C. Papiro Sallier II Descrição de funções. 1700 a.C. Código Hamurabi Punição a quem não zelasse pelo trabalho correto. I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O ACIDENTES DE TRABALHO 1 INTRODUÇÃO 2 CONCEITO LEGAL TÓPICO 2 Neste tópico, veremos dois conceitos de acidentes de trabalho. Um é o conceito legal (provém de leis), enquanto o outro é um conceito mais amplo. Também veremos como são classificados estes acidentes, sua caracterização, os fatores que os causam e os benefícios das leis. De acordo com o artigo 19 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 (Lei de Planos e Benefícios da Previdência Social): “Acidente do trabalho é aquele que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda, redução permanente ou temporária de sua capacidade para o trabalho”. Com esta definição, o legislador se preocupou basicamente na definição do acidente com a finalidade da proteção ao trabalhador que sofreu um acidente, garantindo-lhe indenização. O acidente é apreciável somente em relação à pessoa, e daí resulta que as únicas consequências indenizáveis são as relativas à lesão ou à saúde. Nessa definição, o acidente ganha um sentido amplo, abrangendo também as doenças ocupacionais ou moléstias profissionais, para fins de reparação de dano sofrido pelo trabalhador. UNIDADE 1 UNIDADE 1TÓPICO 230 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O 3 CONCEITO PREVENCIONISTA Do ponto de vista técnico, porém, esta definição não é satisfatória, pois retrata somente as consequências sobre o homem. Acidente do trabalho será toda a ocorrência, não programada e não planejada, que interferir no andamento normal do trabalho e da qual resulte lesão no trabalhador e/ou perda de tempo e/ou danos materiais ou as três situações simultaneamente. Como exemplo deste conceito prevencionista, podemos citar uma queda de uma caixa: • Se a caixa, ao cair, não se danificou e nem feriu o operário, tivemos somente uma perda de tempo. • Se a caixa se danificou, tivemos a perda de tempo e de material. • Porém, se esta caixa se danificou e feriu o homem, tivemos perda de tempo, de material e dano ao funcionário. FONTE: Disponível em: <http://curiosidadesnanet.wordpress.com/2009/05/18/ acidentes-de-trabalho/>. Acesso em: 5 nov. 2010. FIGURA 14 – ACIDENTES DE TRABALHO NA VISÃO PREVENCIONISTA UNIDADE 1 TÓPICO 2 31 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O 3.1 LEGISLAÇÃO PREVENCIONISTA A prevenção de acidentes de trabalho também é uma obrigação legal fixada pela Constituição Federal (Art.º 7º, inciso XXII), tendo, inclusive, um capítulo especial na Consolidação das Leis Trabalhistas que trata deste assunto, o Capítulo V “Da Segurança e Medicina do Trabalho”. As atividades legais e administrativas estão vinculadas ao Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) no que diz respeito à prevenção de acidentes nas empresas. A Portaria nº 3.214/78 disciplina todo o assunto, através de 32 Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho, fixando obrigações para empregados e empresas, no que diz respeito às medidas prevencionistas. A Lei nº 8.213, de 24/07/1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências, define, em seu artigo 19, que o acidente do trabalho é aquele sofrido pelo empregado durante o exercício de seu trabalho, a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho de agropecuarista (até 4 módulos rurais), de seringueiro ou de outra atividade extrativista, de pescador artesanal, ou de cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 anos de idade que comprovadamente trabalhem em um grupo familiar (atividade esta em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes). Este acidente, ainda conforme o art. 19 deve provocar lesões corporais ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Segundo esta lei, ainda no art. 19: • a empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador; • constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho; • é dever de a empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular; A diferença entre os dois conceitos reside no fato de que no primeiro é necessário haver lesão física, enquanto que no segundo são levados em consideração, além das lesões físicas, a perda de tempo e os danos materiais. UNIDADE 1TÓPICO 232 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O • o MTE – Ministério do Trabalho e do Emprego – fiscalizará e os sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o Regulamento. O artigo 20 define os acidentes de trabalho, nos termos do artigo anterior (19º), as seguintes entidades mórbidas (grifos nossos): I. Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego e da Previdência Social (está ligada a determinado trabalho, como a silicose (poeira), bagaçose (cana-de-açúcar), hidrargirismo (mercúrio), saturnismo (chumbo), asbestose (amianto) etc., bem como à L.E.R.). II. Doença do Trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. (A forma em que o trabalho é desenvolvido e que pode levar à doença: dermatite de contato, surdez, acuidade visual, pneumopatias etc.) Não são consideradas como doenças do trabalho: a) a doença degenerativa; b) a inerente ao grupo etário; c) a doença que não produza incapacidade laborativa; d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante da região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. Em caso excepcional,constatando-se que a doença não está incluída na relação prevista acima e que resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la como acidente de trabalho. Seguindo, no artigo 21, equiparam-se ao acidente do trabalho, para efeito desta Lei: I. o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II. o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário de trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de UNIDADE 1 TÓPICO 2 33 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior. III. a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício da sua atividade; IV. o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autorização da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. § 1º Nos períodos destinados à refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício de trabalho. § 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior. O art. 21-A foi incluído, através da Lei nº 11.430, de 2006. A perícia médica do INSS considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência do Nexo Técnico Epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças – CID. UNIDADE 1TÓPICO 234 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O I. A perícia médica do INSS deixará de aplicar o disposto neste artigo, quando demonstrada a inexistência do nexo em que trata o caput deste artigo; II. A empresa poderá requerer a não aplicação do nexo técnico epidemiológico, de cuja aplicação caberá recurso com efeito suspensivo, da empresa ou do segurado, ao Conselho de Recursos da Previdência Social. O artigo 22 trata da comunicação de acidente: a empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social. § 1º Da comunicação a que se refere este artigo, receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes bem como o sindicato a que corresponde a sua categoria. [Também terá uma cópia fiel, o hospital no qual o trabalhador foi atendido, o INSS e ficará uma cópia na empresa para futuras fiscalizações e controle da empresa, podendo o SESMT também obter uma cópia. A cópia original ficará com o funcionário.] § 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo, nestes casos, o prazo previsto neste artigo. § 3º A comunicação a que se refere o parágrafo 2º não exime a empresa de responsabilidade pelo falta do cumprimento do disposto neste artigo. § 4º Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a cobrança, pela Previdência Social, das multas previstas neste arquivo. § 5º A multa de que trata este artigo não aplica na hipótese do caput do art. 21-A. No artigo 23, considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da desagregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro. Ainda é interessante saber, a respeito de acidente de trabalho, outros artigos da Lei nº 8.213: Artigo 104 – As ações referentes às prestações por acidente do trabalho prescrevem em 5 (cinco) anos, observando o disposto no art. 103, contados da data. Artigo 118 – O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantido, pelo prazo mínimo de 12 (doze) meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independente da percepção do auxílio-doença. UNIDADE 1 TÓPICO 2 35 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O 4 CLASSIFICAÇÕES DOS ACIDENTES DO TRABALHO 5 CARACTERIZAÇÕES DO ACIDENTE DO TRABALHO 6 FATORES CAUSAIS DO ACIDENTE DE TRABALHO 6.1 CONDIÇÕES QUE LEVAM AOS ACIDENTES Os acidentes de trabalho classificam-se em: acidente típico e de trajeto. a) Acidente típico: é aquele sofrido pelo empregado no desempenho de suas tarefas habituais, no ambiente do trabalho ou fora deste quando estiver a serviço do empregador. b) Acidente de trajeto: é aquele sofrido pelo empregado no percurso de sua residência para o local de trabalho ou vice-versa, desde que o trajeto percorrido seja considerado como o habitual e o horário da ocorrência seja condizente com o início ou término de suas atividades profissionais. Compete ao setor de benefícios do INSS verificar se o segurado tem ou não o direito à habilitação do benefício acidentário, e à perícia médica do INSS compete caracterizá-lo tecnicamente, fazendo o reconhecimento técnico do nexo causal entre: • o acidente e a lesão; • a doença e o trabalho; • a causa mortis e o acidente. UNIDADE 1TÓPICO 236 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O 6.1.1 Atos inseguros São os modos pelos quais o próprio trabalhador se expõe, consciente ou não, aos acidentes. Via de regra, é a violação de uma ordem ou procedimento consagrado. Segundo estatísticas correntes de alguns anos atrás, 80% dos acidentes de trabalho eram oriundos de atos inseguros. Exemplos de atos inseguros: • levantamento impróprio de carga; • brincadeiras grosseiras; • manutenção de máquinas em movimento; • danificação ou não uso de EPI; • execução de serviços para os quais não está autorizado; • uso de equipamentos de maneira imprópria; • sobrecarregar (andaime, veículo etc.); • trabalhar ou operar à velocidade insegura; • saltar de um ponto elevado do veículo ou plataforma. FONTE: Disponível em: <http://espacoseguro.blogspot.com/2009/06/fim- do-ato-inseguro.html>.Acesso em: 12 dez. 2010. FIGURA 15 – ILUSTRAÇÃO DE UM ATO INSEGURO UNIDADE 1 TÓPICO 2 37 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O 6.1.2 Condições inseguras 6.1.3 Fator pessoal de insegurança São as falhas físicas, no local de trabalho, que comprometem a segurança do trabalhador. Não podem ser confundidas com os riscos presentes em certas operações industriais. A eletricidade, por exemplo, sempre existirá em trabalhos que envolvem equipamentos elétricos, no entanto as condições inseguras serão as instalações malfeitas ou improvisadas, ou fios expostos, e não a eletricidade em si. Podemos citar como exemplos de condições inseguras: • proteção mecânica inadequada; • condição defeituosa do equipamento; • projeto ou construção inseguros; • empilhamento instável; • escadas ou pisos defeituosos ou escorregadios. São características pessoais, íntimas, que não podem ser mudadas com treinamento. FONTE: Disponível em: <http://comunidade.sol.pt/photos/bluewater68/ images/141418/original.aspx>. Acesso em: 12 dez. 2010. FIGURA 16 – EXEMPLOS DE CONDIÇÕES INSEGURAS DE TRABALHO UNIDADE 1TÓPICO 238 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O São necessários outros meios, como o acompanhamento social, a análise psiquiátrica ou a mudança de função. São exemplos típicos: • falta de conhecimento; • falta de experiência ou especialização; • fadiga; • alcoolismo e toxicomania. 6.2 TEORIA DA MULTICAUSALIDADE 7 ACIDENTES DE TRABALHO E OS BENEFíCIOS CONCEDIDOS A teoria da multicausalidade demonstra que o acidente dificilmente tem uma causa única, e que é a somatória de falhas humanas e materiais, tendo como causas anteriores problemas de ordem psico-sócio-econômica, e outras às vezes não facilmente identificáveis, que precipitam os acidentes. Esta teoria demonstra que um acidente do trabalho tem normalmente mais de uma causa, ocorrendo pela soma de várias situações, que participam simultaneamente desencadeando os acidentes. Geralmente são consequências de um conjunto de fatores, tanto humanos como materiais. Se, por um lado, a identificação de todas as causas do acidente do trabalho é considerada difícil, mais dificuldades ainda teremos para diagnosticar a doença do trabalho porque é mais complexo relacionar os sintomas com a atividade laboral, o início do processo de instalação até a confirmação do diagnóstico. O nexo de causa e efeito pode confirmar uma doença profissional. UNIDADE 1 TÓPICO 2 39 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O 7.1 AUXÍLIO-DOENÇA Trata-se de um benefício concedido ao segurado impedido de trabalhar por doença ou acidente, por mais de 15 dias consecutivos. No caso dos trabalhadores com carteira assinada, os primeiros 15 dias são pagos pelo empregador, e a Previdência Social paga a partir do 16º dia de afastamento do trabalho. No caso do contribuinte individual (empresários, profissionais liberais, trabalhadores por conta própria, entre outros), a Previdência paga todo o período da doença ou do acidente (desde que o trabalhador tenha requerido o benefício). Para ter direito ao benefício, o trabalhador tem de contribuir para a Previdência Social por, no mínimo, 12 meses. Esse prazo não será exigido em caso de acidente de qualquer natureza (por acidente de trabalho ou fora do trabalho). Para concessão de auxílio-doença, é necessária a comprovação da incapacidade em exame realizado pela perícia médica da Previdência Social. FONTE: Disponível em: <http://www1.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios_06.asp>. Acesso em: 12 dez. 2010. UNI Nos primeiros 15 dias de afastamento, o salário do trabalhador é pago pela empresa. Depois, a Previdência Social será responsável pelo pagamento. Enquanto recebe auxílio-doença por acidente de trabalho ou doença ocupacional, o trabalhador é considerado licenciado e terá estabilidade por 12 meses após o retorno às atividades. Terá direito ao benefício, sem a necessidade de cumprir o prazo mínimo de contribuição e desde que tenha qualidade de segurado, o trabalhador acometido de tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, doença de Paget (osteíte deformante) em estágio avançado, síndrome da deficiência imunológica adquirida (AIDS) ou contaminado por radiação (comprovada em laudo médico). Ao trabalhador que recebe auxílio-doença, a Previdência oferece o programa de reabilitação profissional. Leia o texto a seguir sobre o assunto. Serviço da Previdência Social que tem o objetivo de oferecer, aos segurados incapacitados para o trabalho (por motivo de doença ou acidente), os meios de reeducação ou readaptação profissional para o seu retorno ao mercado de trabalho. UNIDADE 1TÓPICO 240 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O O atendimento é feito por equipe de médicos, assistentes sociais, psicólogos, sociólogos, fisioterapeutas e outros profissionais. A reabilitação profissional é prestada também aos dependentes, de acordo com a disponibilidade das unidades de atendimento da Previdência Social. Depois de concluído o processo de reabilitação profissional, a Previdência Social emitirá certificado indicando a atividade para a qual o trabalhador foi capacitado profissionalmente. A Previdência Social poderá fornecer aos segurados recursos materiais necessários à reabilitação profissional, incluindo próteses, órteses, taxas de inscrição em cursos profissionalizantes, instrumentos de trabalho, implementos profissionais e auxílios-transportes e alimentação. O trabalhador vítima de acidente de trabalho terá prioridade de atendimento no programa de reabilitação profissional. Não há prazo mínimo de contribuição para que o segurado tenha direito à reabilitação profissional. FONTE: Disponível em: <http://www1.previdencia.gov.br/pg_secundarias/paginas_perfis/perfil_ comPrevidencia_09_06.asp>. Acesso em: 12 dez. 2010. O trabalhador que recebe auxílio-doença é obrigado a realizar exame médico periódico e participar do programa de reabilitação profissional prescrito e custeado pela Previdência Social, sob pena de ter o benefício suspenso. Não tem direito ao auxílio-doença quem, ao se filiar à Previdência Social, já tiver doença ou lesão que geraria o benefício, a não ser quando a incapacidade resulta do agravamento da enfermidade. Quando o trabalhador perde a qualidade de segurado, as contribuições anteriores só são consideradas para concessão do auxílio-doença após nova filiação à Previdência Social, tendo de haver ao menos quatro contribuições que, somadas às anteriores, totalizem no mínimo 12. O auxílio-doença deixa de ser pago quando o segurado recupera a capacidade e retorna ao trabalho ou quando o benefício se transforma em aposentadoria por invalidez. O valor do benefício corresponde a 91% do salário de benefício. O salário de benefício dos trabalhadores inscritos até 28 de novembro de 1999 corresponderá à média dos 80% maiores salários de contribuição, corrigidos monetariamente, desde julho de 1994. Para os inscritos a partir de 29 de novembro de 1999, o salário de benefício será a média dos 80% maiores salários de contribuição de todo o período contributivo. UNIDADE 1 TÓPICO 2 41 I N T R O D U Ç Ã O E M T E C N O L O G I A E S E G U R A N Ç A D O T
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