Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Doenças respiratórias Bronquiolite viral aguda Conceito: Infecção respiratória aguda, de etiologia viral, que compromete as vias aéreas de pequeno calibre, através de um processo inflamatório agudo, levando a um quadro obstrutivo com graus variados de intensidade ocorre nos lactentes brônquíolo muito pequenos com secreção (som sibilo som da obstrução); Histórico: XIX: bronquite de pequenos túbulos que inicia sintoma da VAS que poderia progredir para sibilância e dificuldade ventilatória progressiva; 1957: isolamento do vírus principal da bronquiolite; 1960: clínica e evolução da bronquiolite viral aguda; Epidemiologia: Maior prevalência em < de 2 anos; Em maiores de 2 anos, pode ter asma (também com sibilância, mas com maior cascata inflamatória); Maior frequência e gravidade em < 1 ano (principalmente em prematuros e < 6 meses); Pico: 2-6 meses; BVA é a principal causa de internação em lactentes previamente hígidos muito prevalente; Fator de risco: Idade < 6 meses Prematuridade Sexo masculino Baixo peso ao nascer Doença associada (cardiopatia, imunodepressão, DBP, fibrose cística, neuromiopatias, desnutrição,..) Fatores associados: Tabagismo intradomiciliar Ausência de aleitamento materno Baixo nível socioeconômico Etiologia: Vírus sincicial respiratório: 75-85% Parainfluenza Adenovírus (sorotipos 1, 3, 5, 7 e 21): sorotipos 3, 7 e 21 podem determinar infecções mais graves com alta mortalidade (PNM necrotizante); Influenza Rinovírus Mycoplasma pneumoniae (raramente) Vírus sincicial respiratório: Vírus RNA, com subtipos A e B Distribuição sazonal: Clima temperado: inverno/primavera Clima tropical: outono/inverno Período de incubação: 3-5 dias Duração da BVA: 7-12 dias Costuma piorar no 3º a 5º dia, depois melhora; Contágio: Partículas virais transmitidas por: Secreção ventilatória; Fômites: objetos de uso geral/coletivo talher, prato, corrimão; Mãos: principal causa de infecção em crianças hospitalizadas; Quadro clínico: Início inespecífico: quadro de IVAS (2-4 dias) pródromos de bronquiolite; Febre Coriza Perda de apetite Irritabilidade Tosse Piora progressiva: 3-7 dias Sibilos Dispneia Taquipneia Se tiver muito ruim, interna na UTI Quadros mais graves: Uso de musculatura acessória na respiração Tiragem subcostal, intercostal e de fúrcula BAN (Batimento da asa de nariz) Gemido Cianose Apneia Sonolência Frequência respiratória elevada Diagnóstico = CLÍNICO! Num primeiro episódio de sibilância em lactente com pródromos de infecção viral, independente da condição atópica, podemos fazer esse diagnóstico; Diagnóstico laboratorial não é rotina vigilância epidemiológica Pouco disponível Imunofluorescência da secreção nasal: identifica em 60-80% dos casos Exames complementares: úteis na determinação da gravidade do caso e na detecção de complicações Raio-X de tórax: Não é indicado de rotina; Útil nos casos graves, piora súbita ou se existem doenças cardiopulmonares prévias; Diagnóstico de complicações (atelectasias, consolidações e outras pneumopatias); Achados típicos: Hiperinsuflação pulmonar: ar preso no pulmão; Espessamento peribrônquico Infiltrado de padrão intersticial Atelectasias: diagnóstico diferencial com pneumonia bacteriana Hemograma: contagem normal de leucócitos afasta infecção bacteriana nos casos duvidosos; linfócitos: vírus neutrófilos e bastonete: bactéria Gasometria arterial: hipercapnia (comprometimento grave), hipoxemia (pouco habitual); Oximetria de pulso: identifica gravidade (saturação < 91% necessita de O2) e substitui na maioria das vezes a gasometria arterial Diagnóstico diferencial: Bronquiolite Asma Episódios 1º Vários Atopia familiar Presente ou ausente Presentes Sinais de atopia no paciente Ausente Eventualmente presentes Resposta a broncodilatadores Incerta Positiva Vírus em secreções de vias aéreas Presente Ausente Período Inverno e primavera Todo ano Asma: quando cresce e continua sibilando frequentemente; Pneumonia Cardiopatias Aspiração de corpo estranho: sem pródromos (difere na história da doença); RGE: ácido vai para árvore brônquica; Fibrose cística Tratamento Normalmente é de suporte, trata se tiver febre, aplica soro no nariz. Depende da gravidade da doença Quadros leves a moderados podem ser tratados no domicílio: garantia de boa hidratação, controle da febre e observação pela equipe médica 1-2% dos < 1 ano requerem hospitalização. Indicações de hospitalização Sofrimento respiratório significativo Dificuldade na alimentação Hipoxemia progressiva Possibilidade de fadiga respiratória Cuidados inadequados no lar Doenças associadas Tratamento: Prevenção da infecção cruzada Lavagem de mãos Uso de máscaras Espaçamento dos leitos (mínimo 2 metros entre cada leito) Concentração de casos com VRS mas mesmas salas Oxigenoterapia para manter a saturação acima de 90%. Broncodilatadores, corticoides, adrenalina, atb não possuem efeito. Apenas atb macrolídeo possuem efeito, mas só a nível de estudo. Mínimo manuseio da criança para não agravar o desconforto respiratório. Lavagem nasal e aspiração de via aérea. BVA leve BVA moderada BVA grave Manifestações clínicas - Alimenta-se normalmente - Pouca dificuldade respiratória - Saturação O2 >95% - Alimenta-se com dificuldade - Dispneia moderada (tiragem e BAN moderados) SatO2 <95% corrigindo-se com oxigenoterapia Pode ter episódios curtos de apneia - Incapaz de se alimentar - Dispneia grave (tiragem e BAN intensos, gemido) - SatO2 <91%, não se corrigindo com oxigenoterapia Episódios longos e frequentes de apneia O que fazer? - Orientação para os pais - Evitar procedimentos desnecessários e dolorosos - Observar em casa - RX tórax? - Exames virológicos - Monitorização clínica e laboratorial - RX tórax - Exames virológicos - Monitorização clínica, laboratorial e cardíaca - Gasometria Conduta - Revisão em 2 ou 3 dias - Hospitalizar - O2 para saturação <93% - Líquidos EV? - Hospitalizar - NPO. Líquidos EV - VM? Nebulização com salina hipertônica > não faz mal, mas refere leve melhora somente em alguns casos. Reposição hídrica Há um aumento das perdas insensíveis (febre, taquipneia) e uma redução na ingesta alimentar/hídrica Alguns pacientes podem requerer aporte por via EV Desobstrução nasal: Lactentes no 1º trimestre têm respiração eminente nasal Antitérmicos: Na febre alta: maior desconforto respiratório Outros: Mínimo manuseio e manter cabeceira elevada; Drogas: Oxigênio: tratamento sintomático da BVA suspende aleitamento + reposição hídrica + O2 Oxigênio é fundamental no tratamento da bronquiolite e há evidência de que nenhum outro tratamento é tão importante quanto; O oxigênio é de fundamental importância na terapêutica da BVA, pois trata a hipoxemia e reduz o sofrimento respiratório; Administrado aquecido e umidificado, por cateter nasal, máscara, campânula para manter uma PaO2 de 70-90 mmHg ou St O2 > 93% Broncodilatadores: Uso controverso Emprego não é recomendado pela maioria dos estudos realizados por não serem capazes de demonstrar alterações de internação, melhora de saturação Academia Americana de Pediatria diz que pode fazer um teste e ver se o paciente responde; Uso inicial dessa terapêutica: avaliar padrão respiratório, sinais vitais, atividade, tolerabilidade ao procedimento e níveis de saturação; Se resposta positiva, pode manter terapêutica; Se o paciente não melhorar ou apresentar sinais clínicos de deterioração suspender! Corticoesteroides Bases lógicas: importância da inflamação na gênese do processo; Uso frequente (36%) Estudos não demonstram benefício na redução de hospitalização, duração da oxigenoterapia, prevalência da sibilância; Não recomendados na fase aguda da BVA Antibioticoterapia Reservados a crianças com infecção bacteriana secundária comprovada ou suspeira (deterioração clínica súbita, leucocitose,PCR elevada, infiltrado pulmonar progressivo no raio-X); Solução hipersalina (3%) para nebulização Estudos mostram que nebulização com solução hipersalina (em comparação a nebulização com SF 0,9%) reduziu tempo de internação hospitalar e risco de internação em 14% ainda baixa evidência; Fisioterapia Deve ser instituída se tiver atelectasia, após a fase aguda; Sedação Exceto em pacientes que estão sob suporte ventilatório, não está indicado o uso de sedativos; Suporte ventilatório 5-15% dos pacientes; Maiores candidatos: < 3 meses, DBP, desnutridos, Down, cardiopatias, congênitas e pacientes que adquirira, a BVA intra-hospitalar Tempo de VM: entre 5 e 15 dias Prevenção Não há vacina segura para essa doença; Imunoglobulina específica para VRS – doses mensais (IM ou IV) na época epidêmica de infecção, indicada em pacientes com alto risco (prematuros extremos, displásicos). Alto custo. Indicações para admissão em UTI: Insuficiência respiratória progressiva – monitorização clínica e aferição contínua de sat O2 Crianças que apesar de superte de O2 > 50% mantém: PaO2 < 60 mmHg PCO2 > 50 mmHg pH < 7,25 Ou fazem apneia com sat O2 < 90% ou têm episódios frequentes de apneia Complicações Apneia Insuficiência respiratória Atelectasia Otite média Infecção bacteriana secundária Pneumotórax e pneumomediastino (VM) Bronquiolite obliterante -2% dos casos Bronquiolite obliterante Adenovírus (maioria dos casos), VRS Mais frequente no sul do Brasil, Argentina e Chile Quadro inicial grave, com necessidade de VM e PNM associada Diagnóstico: Padrão-ouro: biópsia pulmonar Exame de escolha: TC tórax com imagens obtidas em inspiração e expiração Áreas localizadas de hiperinsuflação Atelectasias Bronquiectasias Padrão em mosaico Tratamento: Oxigenoterapia prolongda Fisioterapia Broncodilatadores e corticoesteroides nas exacerbações Suporte nutricional Tendência a redução da hipoxemia com o crescimento do paciente Prognóstico Mortalidade < 1% em crianças que não apresentam condição debilitante; até 30% em crianas com comorbidades Episódios recorrentes de sibilância são frequentes após BVA e são independentes da condição atópica prévia, tendem a durar alguns anos Prevenção Não há uma vacina segura para essa doença Imunoglobulina específica para VRS – doses mensais (IM ou IV) na época epidêmica na infecção, indicada em pacientes de alto risco (prematuros externos com DBP). Alto custo. Anticorpo monoclonal humanizado para VSR (palivizumabe) > efetivo > liberado para grupos selecionados: prematuros, doença pulmonar crônica, cardiopatia congênita instável Medidas preventivas não medicamentosas: lavagem de mãos, luvas, máscaras e aventais, manter criança saudável Lactente sibilante (sibilância recorrente pós viral) O que são sibilos? Sibilância/chiado sibilo = obstrução de V.A.I. Lactente sibilante: Três episódios de sibilância em dois meses, ou crise de sibilância por mais de 30 dias nos dois primeiros anos de vida; Epidemiologia: Prevalência da síndrome do “bebê chiador” = 10-42% 40% das crianças com sibilância nos primeiros anos de vida, a tendência é manter a sibilância quando avaliados com 6 anos de vida Mães com história de asma Um terço do asmático já tem sintomas no primeiro ano de vida, sendo a manifestação precoce da doença um marcador de gravidade; 60% tem uma sibilância transitória reação exacerbada a infeções virais; Sibilância persistente: Tabagismo materno durante gravidez e no período neonatal Infecções virais Exposição a ácaros da poeira doméstica Introdução precoce em creches Anamnese Idade que começou o quadro? Tosse, engasgos, vômitos, cianose, dispneia, febre, perda de peso? Coincide com introdução do leite de vaca? (diagnóstico diferencial é alergia a proteína do leite de vaca) Exame físico: Peso, altura Sinal de pneumopatia crônica (baqueteamento digital) Cianose Sinais de atopia (linha de Dennie-Morgan) Presença de estridores, sibilos Batimento de asa do nariz, retrações intercostais e subcostais Fenótipos: Sibilantes transitórios Os sintomas melhoram ou desaparecem até os 3 anos de idade; Função pulmonar reduzida e infecções respiratórias PEDIR FOTO PRO SÉRGIO Asmáticos atópicos HF atopia Manifestações clínicas de atopia Função pulmonar normal no início da vida Tendem a ter um déficit significativo nos índices de função pulmonar no decorrer dos primeiros anos de vida Herdabilidade pode ser estimada em 48-79% Sibilância com sensibilização comprovada pela presença de IgE específica a alimentos na infância e a seguir com IgE específicos Os sibilantes com asma atópica apresentam hiper-reatividade da via aérea e atopia como principais determinantes Atopia: infecção alérgica de caráter hereditários Manifestações clínicas de atopia: eczema, rinite e conjuntivite, alergia alimentar, eosinofilia e/ou níveis séricos elevados e IgE total Sibilantes não-atópicos Iniciam com função pulmonar normal, mas desenvolveram discreta queda da função pulmonar e hiper-reatividade brônquica; Infecções pelo vírus sincicial respiratório (VSR) estão associados com risco aumentado e sibilância durante os primeiros 10 anos de vida O fator de risco mais importante é a bronquiolite antes dos dois anos de vida Início clínico para diagnóstico de asma no lactente Asthma predictive index: probabilidade de um lactente sibilante ser asmático: 1 maior ou 2 menores: alto risco para asma! Diagnóstico diferencial Bronquiolite obliterante (criança com hospitalização, oxigenoterapia, ...) Imunodeficiência Fibrose cística Traqueobroncomalácia (brônquios mais moles complacência maior) Displasia broncopulmonar Doença pulmonar crônica Tratamento Controle ambiental (poluição, poeira, animais de pelúcia, tabagismo, fogão a lenha); Anti-inflamação (corticoterapia inalatória) Desobstrução (soro fisiológico, B2 agonista) Reabilitação Prevenção de complicações Tratamento baseado na gravidade Dados clínicos são confundíveis com IVAS Mais de 1 episódio cada 4-6 semanas B2 Manutenção: Mais que um episódio cada 4-6 semanas Início do tratamento com corticoide inalatório (depende da gravidade) Medidas preventivas não-farmacológicas Evitar creches ou pré-escola nos primeiros 12-24 meses Evitar exposição ao tabagismo passivo Promover aleitamento materno Cuidar do estado nutricional Vacinar para influenza e pneumococo Caroline Zanella ATM 2022/a
Compartilhar