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MATERIAL DIDÁTICO GERENCIAMENTO DE RISCOS E MANUTENÇÃO APLICADA U N I V E R S I DA D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 2 SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................... 03 UNIDADE 2 – RISCOS: TERMINOLOGIA ADEQUADA .......................................... 05 UNIDADE 3 – GERÊNCIA DE RISCOS ................................................................... 10 3.1 Identificação e análise de riscos .......................................................................... 10 3.2 Análise global de risco ........................................................................................ 12 3.3 Avaliação de riscos pelo Método Gretener .......................................................... 15 UNIDADE 4 – GERENCIAMENTO DE RISCOS APLICADO ................................... 21 4.1 Incêndio de jato ................................................................................................... 30 4.2 Dimensões da chama .......................................................................................... 31 4.3 Incêndio de poça ................................................................................................. 32 4.4 Explosão de nuvem ............................................................................................. 34 4.5 Vulnerabilidade das pessoas ............................................................................... 35 4.6 Vulnerabilidade das estruturas metálicas ............................................................ 36 UNIDADE 5 – AUDITORIA INTERNA DE SEGURANÇA NA PREVENÇÃO DE RISCOS..................................................................................................................... 38 5.1 Evolução e conceitos para auditoria .................................................................... 38 5.2 A auditoria aplicada à segurança contra incêndio e pânico ................................ 40 UNIDADE 6 – MANUTENÇÃO APLICADA A SEGURANÇA .................................. 44 6.1 Definições, benefícios e finalidades gerais da manutenção ................................ 44 6.2 Conceitos básicos em manutenção ..................................................................... 45 6.3 O planejamento e o controle da manutenção ...................................................... 50 6.4 A manutenção nas normas brasileiras para SCI ................................................. 56 6.5 Manutenção preventiva ....................................................................................... 57 6.6 Tratamento de falhas em sistema de SCI ........................................................... 62 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 67 Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 3 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO No gerenciamento de projetos existe uma área conhecida como gerência de riscos que cabe quase como uma luva para iniciarmos os estudos neste módulo. É uma área que busca identificar, analisar e planejar os riscos potenciais que podem afetar o projeto, minimizando a sua probabilidade de ocorrência e suas consequências se possível. Ou seja: aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos positivos e reduzir a probabilidade e os impactos dos eventos negativos no projeto. Transportando para a segurança contra incêndio e pânico, podemos afirmar de imediato que o risco se reporta a três fatores que devem ser observados e prevenidos: ocupação, composição e conteúdo. Ocupação está relacionada com a maior ou menor quantidade de pessoas e o conhecimento que possuem os ocupantes do espaço; composição vislumbra a construção em si, os materiais utilizados, a altura da edificação, entre outros, e conteúdo, se reporta aos materiais mais ou menos inflamáveis, dentro da edificação, que podem determinar o fator de risco e/ou probabilidade de ocorrência de um incêndio. Gerenciar riscos seria então, grosso modo, promover ações a partir da elaboração de projetos que visam minimizar a possibilidade de ocorrer sinistros como incêndios, o que passa também pela manutenção dos equipamentos, das instalações elétricas, hidráulicas, enfim, de toda arquitetura da edificação. Esse processo passa por identificar áreas, equipamentos e situações de risco, analisar, avaliar e controlar. Pontualmente, veremos os riscos do incêndio de jato, dimensões da chama, incêndios de poça, explosão de nuvem e a vulnerabilidade das pessoas e das estruturas metálicas. Daremos algumas pinceladas na questão da auditoria interna de segurança na prevenção de riscos. A manutenção, assunto da última unidade, deve ser vista como um elemento-chave, não somente para a produtividade de uma planta, para a qualidade Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 4 dos produtos, bem como para a segurança das pessoas e de toda propriedade, seja ela um unidade industrial ou um edifício de escritórios ou residências. Em se tratando do ambiente industrial, é um desafio que implica em rediscutir as estruturas atuais inertes e promover métodos adaptados à nova natureza dos materiais. Como dizem Linzmayer, Silva e Atik (2008), a confiabilidade dos sistemas de segurança contra incêndio e equipamentos utilizados deve ser controlada em todo seu ciclo de vida, ou seja: elaboração do projeto, especificações, construção, montagem, recebimento técnico, uso, operação e manutenção. As equipes da brigada de incêndio e os técnicos responsáveis pela manutenção devem estar familiarizados e disciplinados a atenderem as normas e a praticarem ações padronizadas, nas operações de funcionamento e manutenção dos sistemas e equipamentos de SCI. Os sistemas e equipamentos de SCI, por serem utilizados com baixa frequência, apresentam dificuldades de identificação das falhas de manutenção. A constatação dessas falhas poderá ocorrer durante as operações de combate, no momento em que a brigada de incêndio mais precisa do bom funcionamento dos equipamentos. Essa situação pode provocar um agravamento, principalmente pelo fato da inexistência de equipes técnicas de manutenção para o pronto atendimento de reparos. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de umaredação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 5 UNIDADE 2 – RISCOS: TERMINOLOGIA ADEQUADA Terminologias sempre contribuem para entendermos, aplicarmos os conceitos em sentido preciso e conseguirmos relacioná-los, tanto que se observarmos nas normas técnicas, sempre encontramos um glossário ou um tópico sobre as terminologias pertinentes. No campo do gerenciamento dos riscos também se fazem proveitosas essas terminologias, portanto vamos àquelas que se relacionam com a segurança contra incêndio e pânico. Acidentes do Trabalho: são ocorrências de menos frequência, que se restringem na maior parte das vezes a uma pessoa, não passando dos limites da empresa envolvida. Por exemplo: cortes, queimaduras térmicas/químicas, torções, entre outros. Acidentes Maiores/Acidentes Químicos Ampliados: são eventos de maior gravidade e de frequência significativamente menor, cujas consequências se estendem a um maior número de pessoas. Estes eventos causam grandes perdas às próprias instalações da empresa, podendo ultrapassar os seus limites geográficos e causam substanciais danos ambientais. Risco com sentido de perigo: uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos. Esses danos podem ser entendidos como lesões a pessoas, danos a equipamentos ou estruturas, perda de material em processo, ou redução da capacidade de desempenho de uma função predeterminada. Havendo um risco, persistem as possibilidades de efeitos adversos. Risco: expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico de tempo ou número de ciclos operacionais. O valor quantitativo do risco de uma dada instalação ou processo industrial pode ser conseguido multiplicando-se a probabilidade de ocorrência (taxa de falha) de um acidente pela medida da consequência/dano (perda material ou humana) causada por este acidente. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 6 Perigo: expressa uma exposição relativa a um risco, que favorece a sua materialização em dano. É comumente entendido como um potencial de causar danos ou perdas humanas, ou de valores materiais. Segurança: é frequentemente definido como “isenção de riscos”. Entretanto, é praticamente impossível a eliminação completa de todos os riscos. Podemos então definir segurança como uma condição ou conjunto de condições que objetivam uma relativa proteção contra um determinado risco. Sistema: é um arranjo ordenado de componentes que estão inter- relacionados e que atuam e interatuam com outros sistemas para cumprir uma determinada tarefa ou função (objetivo) previamente definida em um ambiente. Um sistema pode conter ainda vários outros sistemas básicos, aos quais chamamos de subsistemas. Probabilidade: é a chance de ocorrência de uma falha que pode conduzir a um determinado acidente. Esta falha pode ser de um equipamento ou componente do mesmo, ou pode ser ainda uma falha humana. Consequência/Dano: é a medida do resultado de um acidente. Também pode ser definido como sendo a gravidade da perda humana, material ou financeira, ou a redução da capacidade de desempenho de uma função predeterminada em um dado sistema. Confiabilidade: é quantitativamente definida como sendo a probabilidade que um componente, dispositivo, equipamento ou sistema desempenhe satisfatoriamente suas funções por um determinado espaço de tempo e sob um dado conjunto de condições de operação. Causa: é a origem de caráter humano ou material relacionada com o evento catastrófico (acidente), pela materialização de um risco, resultando danos. Incidente: qualquer evento ou fato negativo com potencial para provocar danos. É também chamado de “quase-acidente”. Este conceito tem sido muito contestado, uma vez que pela definição de acidentes, estes se confundiriam, ficando a diferença em se ter ou não lesão (SOUZA, 2003). Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 7 Souza (2003) ainda propõe o seguinte esquema de referência para entendermos melhor os termos acima. Obs.: o risco é inerente a qualquer atividade e/ou substância, portanto, devemos analisar e classificar os riscos e perigos em função do grau de exposição e suas consequências e, assim, teremos condições técnicas de estabelecer medidas que previnam a ocorrência de um evento indesejável. Os riscos podem ser classificados em baixo, médio ou alto. Por exemplo, quando a manutenção está “em dia”, se as instalações elétricas, hidráulicas, entre outras, estão corretas e passam por manutenções periódicas, podemos dizer que a probabilidade de acontecer um acidente terá um risco baixo. Nesse sentido, podemos afirmar que existem riscos conhecidos dos quais podemos controlar e também existem riscos que conhecemos e não podemos controlar, mas também existem riscos que desconhecemos e não podemos controlar. Veremos na próxima unidade, “Gerência de risco”, as ações de identificar, analisar, avaliar e controlar riscos de maneira geral para na sequência discutirmos o gerenciamento de riscos em situações específicas de incêndio. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 8 Guarde... Em sentido tecnológico, risco seria a probabilidade de ocorrência de um processo ou ação com potencial destruidor com uma determinada severidade, numa dada área e num determinado período de tempo. O seu cálculo pode se basear no histórico existente para o evento e a suscetibilidade que se remete aos aspetos relacionados com o espaço/local para o qual se estuda o fenômeno (VARNES, 1948 apud SILVA, 2014), assim teríamos a seguinte fórmula: Probabilidade x suscetibilidade = Perigosidade Probabilidade é a razão entre o número de casos favoráveis à ocorrência de um evento e o número total de casos possíveis. Ou seja, é o potencial/frequência de ocorrências com consequências negativas para a população, ambiente e economia. Suscetibilidade, em se tratando da indústria, expressa as condições que essa indústria apresenta para a ocorrência e potencial de um fenômeno danoso. Uma unidade industrial será mais ou menos suscetível conforme seja mais afetada ou potencialize a ocorrência e desenvolvimento do fenômeno. Exposição x compartimentação x resistência ao fogo dos elementos estruturais = suscetibilidade A Vulnerabilidade reflete a potencial afetação de pessoas, bens e ambiente devido à ocorrência de um determinado evento. Tipo de ocupação x carga de incêndio x meios de prevenção/detecção x meios de extinção x abastecimento água incêndio x rede elétrica = vulnerabilidadeSite: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 9 Dano potencial seria o prejuízo ou perda expectável num elemento ou conjunto de elementos expostos, em resultado do impacto de um processo (ou ação) perigoso natural, tecnológico ou misto, de determinada severidade. O dano potencial é o produto entre a vulnerabilidade e o valor econômico do elemento em risco. Valor econômico x vulnerabilidade = dano potencial Como resultado dos conceitos acima, Silva (2014) ressalta que não se pode falar de Risco sem a integração de todas as componentes. Pois sem probabilidade, suscetibilidade, vulnerabilidade e valor econômico não existe risco. Portanto: Perigosidade x dano potencial = risco Modelo de risco de incêndio industrial Tipos de ocupação X Carga de incêndio X Meios de prevenção/detecção X Exposição Meios de extinção X X Compartimentação Abastecimento água incêndio X X Histórico Resistência ao fogo dos elementos estruturais Valor econômico Rede elétrica Probabilidade X Suscetibilidade Valor econômico X Vulnerabilidade Perigosidade Dano potencial RISCO Fonte: Silva (2014a, p. 24). Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 10 UNIDADE 3 – GERÊNCIA DE RISCOS Vamos começar a apresentar as atribuições e ações da gerência de riscos alertando a existência do desconhecimento e negligência das pessoas dos riscos de acidentes envolvendo as pessoas. Muitas vezes, as edificações e as pessoas possuem todo um aparato para prevenir e combater um incêndio, mas não sabem para que servem e nem usá-los. Não há um plano de emergência, treinamentos e em outras situações, nem uma brigada de incêndio. Para que se tenha êxito na prevenção de incêndio, é de fundamental importância que exista treinamento periódico, pois desta forma, existirá uma continuidade no aprendizado, o que irá evitar que o assunto caia no esquecimento. Para Pereira e Popovic (2007, p.17), “Os grandes incêndios ocorrem, em sua maioria, devido às falhas durante o processo de prevenção e/ou na execução do combate inicial”. Feitas estas considerações iniciais, vejamos a importância de identificar, analisar, avaliar e controlar os riscos de incêndios. 3.1 Identificação e análise de riscos A análise dos riscos consiste num exame sistemático, seja de uma instalação industrial em qualquer fase de atividade, ou uma edificação comercial ou residencial, com a finalidade de identificar os riscos presentes, hierarquizar e definir formas de controle para mitigação desses riscos. Seu objetivo é dar elementos para o processo decisório da organização quanto à redução das perdas ou tolerância ao risco identificado (DUIJIM, 2008 apud ZAGUINI, 2012). A análise de riscos permite uma minimização dos riscos aos trabalhadores e a comunidade através da gestão das consequências de perdas não intencionais com redução das chances de efeitos dominós em outras partes da instalação. A inclusão da probabilidade como fator de peso na análise do risco faz com que os impactos sejam avaliados em outra perspectiva (PASMAN et al., 2009 apud ZAQUINI, 2012). Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 11 O conhecimento e a capacitação das organizações na identificação de aspectos e avaliação de impactos ambientais associados, assim como a identificação de perigos e análise de risco conectados com a segurança e com a saúde, também devem ser aproveitados como meio de identificar e avaliar regularmente problemas e de reconhecer oportunidades de melhoria potencial (ARAÚJO et al., 2007). Existem várias metodologias de análise de riscos, onde a maioria descreve 3 principais fases: identificação, avaliação e hierarquização. Segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB – (2003 apud ZAGUINI, 2012), o procedimento básico para a avaliação do risco deve seguir os seguintes passos: descrição do sistema; identificação dos perigos; análise das probabilidades e causas dos problemas; caracterização dos riscos. A caracterização dos riscos depende de uma avaliação quantitativa ou qualitativa do risco, portanto, analisar o risco é identificar, discutir, avaliar as possibilidades de ocorrência de falhas e definir ações ou controles que evitem ou minimizem os danos caso estes ocorram (LAGADEC, 1980 apud MARRIN, 2004). Tixier et al. (2002) e Lees (1996) citados por Zaguini (2012) e SenNe Jr. (2003) e Vasconcelos (1984), descrevem que as metodologias de análise de riscos se dividem em qualitativas e quantitativas, probabilísticas e determinísticas. Os métodos qualitativos são os métodos que fornecem valores numéricos para estabelecer priorização dos riscos, entre eles, pode-se citar: lista de verificação (checklist); APR ou APP (análise preliminar de riscos ou perigos); HAZOP (estudo de operabilidade e perigos); FMEA (análise de modos de falha e efeitos); Análise Histórica de Eventos; Análise de Árvore de Falhas; entre outras. Os métodos quantitativos são usados nas fases de avaliação da consequência e avaliação das probabilidades dos eventos ou sequência de eventos Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 12 indesejáveis para que seja possível a estimativa do risco inerente a um determinado sistema. Além desses métodos, há um conjunto de instrumentos de apoio à aplicação das técnicas, cobrindo, principalmente, os seguintes itens: banco de dados de confiabilidade de sistemas; banco de dados sobre materiais e corrosão; banco de dados de taxas de falhas dos sistemas, equipamentos, componentes e de acidentes; programas de simulação de probabilidades de acidentes (ZAGUINI, 2012). Teremos uma unidade para apresentar o gerenciamento de riscos aplicado quando usaremos alguns dos métodos citados. 3.2 Análise global de risco A análise global de risco de incêndio é um método a ser aplicado ao projeto de segurança contra incêndio em uma edificação isolada ou em conjunto, e visa estabelecer o balanceamento entre as medidas que dificultam o incêndio (fatores de segurança) e as medidas que o favorecem (fatores de risco), ambas afetadas pelos respectivos fatores de ativação. Essa análise baseia-se no método original do engenheiro suíço Max Gretener. A equação fundamental da análise global de risco é onde: Ƴ é coeficiente de segurança contra incêndio. S é a segurança contra incêndio. R é o risco global de incêndio. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 13 Ƴ mede o eventual desequilíbrio entre a segurança contra incêndio e o risco de incêndio. Numa situação favorável à segurança, tem-se Ƴ >ou= a 1. Caso contrário, Ƴ < ou = a 1. Busca-se paraum projeto de segurança contra incêndio em edificação (ou edificações) o maior coeficiente de segurança possível com o menor investimento realizado. Essa relação de forças (segurança versus investimento) deve ser disciplinada por exigência legal, via instrução normativa ou portaria expedida pelo Corpo de Bombeiros, ou mesmo por recomendação de normas técnicas, de um coeficiente mínimo aceitável Ƴmin. A equação ficaria assim: A análise de risco é dita global porque considera toda a complexidade do sistema edificação + usuário + incêndio no termo Ƴ, e todos os aspectos político- econômico-sociais envolvidos na problemática da segurança contra incêndio no termo Ƴmin (ANTUNES, 2011). Lopes (2008) também pondera que a avaliação do risco no sentido lato, é uma matéria revestida de incerteza pela dificuldade de identificação dos perigos. A diversidade de fatores que podem constituir uma situação de risco associada à sua manifestação intermitente, constitui um desafio para a sua análise. De maneira geral, podemos analisar os riscos abordando os dois fatores definidores do risco: a probabilidade de ocorrência do acontecimento e a sua gravidade, ou seja: a probabilidade (P) x a gravidade (G). Esta abordagem permite uma análise sistemática do risco através da quantificação de ambos os parâmetros, probabilidade e gravidade, para cada caso, detalhadamente. Uma vantagem decorrente deste tipo de análise é o de comparar situações mediante a definição de curvas de igual risco que variam em função da Probabilidade (P) e da Gravidade (G) (ilustrado ao final do tópico). Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 14 A segurança em cada caso é conseguida através da imposição de um risco limite, dito aceitável. Para que a situação em análise não ultrapasse este valor, é necessário reduzir a probabilidade de ocorrência ou a gravidade das consequências dessa mesma ocorrência. Esta redução é conseguida através da implementação de medidas de prevenção e de proteção. As medidas de prevenção destinam-se a prevenir a ocorrência do início de incêndio. O estudo da forma de ocupação dos espaços, bem como do manuseamento de materiais que constituam uma possível fonte de ignição, é também uma medida de prevenção. A difusão e formulação de normas e regulamentação com intuito de mudar atitudes e comportamentos diários constituem por si só uma medida preventiva no sentido de evitar a ocorrência de incêndios. A prevenção reúne assim todo o conjunto de medidas destinadas a limitar a probabilidade de ocorrência de incêndio. Já as medidas de proteção são aquelas que se destinam a proteger a vida humana e os bens materiais das consequências derivadas da ocorrência de um incêndio. Os objetivos tácitos da proteção contra incêndio são a limitação das massas combustíveis, a limitação da combustibilidade dos materiais, a rapidez de evacuação, a rapidez de extinção e a garantia de estabilidade suficiente para a evacuação e o combate às chamas. A implementação deste tipo de medidas traduz- se numa redução da gravidade das consequências de um incêndio (LOPES, 2008). Os cenários de intervenção podem então apresentar medidas de proteção, medidas de prevenção, ou mesmo uma situação resultante do recurso simultâneo a estes dois tipos de medidas. Naturalmente, a implementação destas medidas tem Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 15 um custo diretamente associado, consequentemente, a determinação de um plano de intervenção constitui, não só, um problema de determinação das medidas a serem implementadas para a garantia de um risco aceitável, mas também uma decisão de índole econômica. A metodologia de análise de riscos engloba então quatro fases: identificação dos perigos; quantificação dos riscos; determinação do risco aceitável; definição da estratégia para a gestão do risco. Os benefícios dos valores obtidos pela quantificação do risco provêm não de valores absolutos alcançados, mas antes pelo seu valor comparativo medida pelo impacto e eficácia de várias alternativas de configuração do sistema ou medidas de segurança. Esta metodologia põe à disposição dos decisores, uma base de análise que possibilita ponderar dum modo claro e objetivo, por qual das alternativas optar (LOPES, 2008). 3.3 Avaliação de riscos pelo Método Gretener Camillo Junior e Leite (2008) contam que a avaliação de riscos de ocorrência de incêndios e sua propagação sempre despertaram nos estudiosos do assunto o interesse em calcular, de forma mais exata, qual seria a real necessidade dos equipamentos de prevenção e combate a incêndios e os meios materiais e de pessoal que deveriam ser exigidos para as edificações. Foi em 1960, que o engenheiro suíço Max Gretener, diretor da Associação de Proteção Contra Incêndios da Suíça, iniciou os estudos para tentar calcular de forma mais exata esses riscos. Em 1965, seu método foi publicado e visava calcular os riscos em construções industriais e edificações de grande porte. Esse método sofreu atualizações, sendo a última ocorrida em dezembro de 1996 pela Société Suisse des Ingénieurs et des Architectes (SIA). A Comissão de Estudos da ABNT CE 24:201-03 optou por esse método como base da norma sobre o potencial de riscos de incêndios em edificações. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 16 O método é composto por várias tabelas, mas, para fins didáticos, pode ser explicado de uma forma muito simplificada pela seguinte fórmula: onde: P = perigo potencial. N = medidas normais. S = medidas especiais. F = medidas de construção. Entre as medidas de proteção sugeridas pelo método, são citadas como medidas especiais os escalões de intervenção, que, para nós, são as brigadas de prevenção e combate a incêndios. Segundo Coughi (2006), o Método de Gretener fornece uma avaliação quantitativa do projeto de segurança contra incêndio, porém, para uma análise qualitativa, pode-se utilizar a “Árvore de Conceitos de Segurança contra Incêndio”. Este método de análise de risco de incêndio em um edifício baseia-se no NFPA 550 – “Fire Safety Concepts Tree” do “National Fire Protection Association” dos Estados Unidos e é conhecido como “Gerenciamento por Objetivos” que envolve os três objetivos da segurança contra incêndio: a) Salvaguarda da vida humana. b) Proteção da propriedade. c) Continuidade das atividades (empresa ou edifício). Existem duas estratégias a seguir dentro da árvore para atingir o objetivo de segurança contra incêndio: a) Prevenir a ignição de incêndio. Ou, b) Gerenciar o impacto do incêndio. Em tese, a aplicação de uma das estratégias acima mencionadas pode garantir um bom nível de segurança contra incêndio, porém, na prática, são aplicadas ambas as estratégias para aumentar a confiabilidade do sistema de proteção de incêndio como um todo (CUOGHI, 2006). Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 17Alguns conceitos devem ser fixados para melhor entendimento da árvore, conforme veremos a seguir: os quadros estão ligados por portas tipo “E” e “OU” nos diversos níveis; a porta tipo '“OU” significa que uma ou outra estratégia ou elemento pode ser escolhido; a porta tipo '“E” significa que os elementos que estiverem no mesmo nível devem ser atendidos conjuntamente; as estratégias são as medidas de segurança a serem executadas; as normas técnicas são os instrumentos básicos de projeto das medidas de segurança. Nos dois fluxogramas abaixo temos representado a árvore do objetivo de segurança contra incêndio e gerenciamento dos elementos do incêndio. Ramo da Arvore de Conceitos: objetivos de Segurança contra Incêndio Fonte: Seito (1995 apud CUOGHI, 2008, p. 100). Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 18 Gerenciamento dos elementos do incêndio Fonte: Seito (1995 apud CUOGHI, 2008, p. 102). Segundo explicações de Cuoghi (2006), essa árvore é um guia geral qualitativo para avaliação de segurança contra incêndio em edificações. Ela possui diversos usos, sendo os mais comuns: guia para reorganização de normas; organização de normas; realimentar sistemas com informações; investigação das causas de um incêndio; ferramenta utilizada em projetos de sistemas de proteção contra incêndio; ferramenta de verificação e avaliação de sistemas de proteção contra incêndio em edificações – guia de análise de risco de incêndio ou gerenciamento de risco de incêndio. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 19 A principal limitação da “Árvore” é a incapacidade para a análise simultânea de múltiplos objetivos. Podem existir dez objetivos distintos em um edifício, entretanto, um ramo da árvore pode ser usado apenas para avaliar o sucesso da realização de cada objetivo individualmente, não existindo um caminho adequado para avaliar coletivamente múltiplos objetivos e suas inter-relações. Guarde... GERENCIAMENTO DE RISCO são os meios estratégicos disponíveis pela empresa (plano de emergência, prevenção e controle de perdas, entre outros) para controlar com racionalidade os riscos mais importantes que possam produzir efeitos negativos à sobrevivência da própria empresa e/ou edificação. A IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS é realizada através de checklist (questionários, roteiros, entre outros), quando podemos identificar os principais riscos da empresa. A ANÁLISE DE RISCO é realizada através da coleta de informações dos riscos existentes na empresa. Podemos analisar, identificar erros e condições inseguras que contribuem para os acidentes. A AVALIAÇÃO DE RISCOS, por sua vez, é feita através da análise de Risco e da coleta de informações quando podemos criar uma amostra (população, por exemplo, acidente de trabalho, quantidade, horário, gravidade ou acidentes materiais, quebra de máquina, entre outras) para avaliar a frequência da ocorrência dos acidentes. A função do CONTROLE DE RISCOS é prevenir o acidente, isto é, quaisquer acidentes, que resultem em danos pessoais ou materiais, independente da gravidade e que deverão ser comunicado aos responsáveis. A análise de risco é hoje de fundamental importância no projeto de uma nova instalação industrial ou residencial, bem como, em possíveis reformas. Desde as fases iniciais do projeto, os riscos devem ser avaliados e todas as precauções para minimizar ou eliminar acidentes indesejáveis devem ser tomadas. A formação de uma metodologia para gerenciamento dos riscos nas edificações é de Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 20 fundamental importância, pois a legislação vigente não trata de certos aspectos, como impacto ao calor dos elementos construtivos, caso estes sejam submetidos a temperaturas elevadas (i.e. em torno de 600ºC). As nossas normas limitam-se a casos especiais de estruturas submetidas ao fogo, limitando a dimensão e tempo de exposição determinados através de ensaios realizados em condições previstas para o uso das peças. Como resultado, o dono da edificação ou usuário desta só dispõe de duas alternativas, ignorar o problema ou transferi-lo. Com relação à transferência do risco, devemos salientar que na maioria dos casos, as perdas por lucro cessante não são consideradas. Dentro deste contexto, o gerenciamento dos riscos, conforme ilustrado ao final da unidade, é uma tentativa de minimizar ou até mesmo eliminar os efeitos negativos de alguns riscos indesejáveis. Depois que os riscos forem identificados, teremos condições de decidir até que nível desejamos controlá-los em função dos recursos disponíveis (i.e. tempo, dinheiro, entre outros) e daquilo que consideramos aceitável (DUARTE et al., 2008). Gerenciamento dos riscos de incêndio Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 21 UNIDADE 4 – GERENCIAMENTO DE RISCOS APLICADO Comecemos com um exemplo bem familiar aos profissionais da engenharia! Quando um engenheiro estrutural projeta uma viga, a carga a que ela estará submetia deve ser prevista. Da mesma forma, as proteções contra incêndios devem estar em conformidade com o tipo de incêndio mais provável de acontecer. Devem ser previstos a quantidade de material que irá queimar e o tempo associado, tendo- se por finalidade ajudar os técnicos a formarem uma opinião sobre as possíveis consequências e estabelecer o embasamento necessário para o planejamento de emergências. Por outro lado, o potencial para ignição e desenvolvimento de um incêndio, o qual é um risco para a missão e objetivos de uma planta de processamento, está virtualmente em todos os lugares, devido às limitações da tecnologia hoje disponíveis, em combinação com a percepção da organização (DUARTE et al., 2008). Vimos que o risco é uma combinação da magnitude de consequências indesejáveis e da probabilidade dessas consequências ocorrerem. As consequências de um acidente podem ser agrupadas em consequências para as pessoas, para o meio ambiente e consequências socioeconômicos. As consequências para as pessoas envolvem os impactos dentro e além dos portões da planta. O impacto sobre o meio ambiente, isto é, ecossistema, inclui a destruição da fauna e flora, poluição da atmosfera, contaminação do solo, entre outros. E, finalmente, o impacto socioeconômico é resultante da descontinuidade operacional. A metodologia para o gerenciamento dos riscos de incêndios e explosão, que está bem ilustrada na figura a seguir, foi estruturada para identificar as fontes de perigos interna e externa à organização. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 22 Estruturação para o gerenciamento dos riscos de incêndio e explosão Fonte:Duarte et al. (2008, p. 381). A estruturação para análise é o primeiro passo de um programa de gerenciamento dos riscos de incêndio e explosão e envolve as seguintes etapas: a) Como a planta funciona e opera, isto é, descrição dos processos e instalações. b) Identificação dos perigos. c) Objetivos do gerenciamento. O entendimento de como uma planta de processamento funciona e opera é imprescindível no decorrer da estruturação do problema. Essa etapa é facilitada para plantas já existentes. Contudo, para novas unidades, é fundamental o envolvimento das equipes responsáveis pelo projeto, cujas informações são essenciais para a identificação das incertezas indesejáveis. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 23 Uma das mais importantes tarefas de um programa de gerenciamento de risco de incêndio é a identificação dos perigos, pois é impossível mitigar um perigo que não pode ser identificado, ou ao menos entendido. Identificação dos perigos é o processo pelo qual é feita uma investigação para detectar possíveis falhas com o potencial de degradar as barreiras de proteção do sistema. Os métodos de identificação dos perigos podem ser divididos em três grupos: a) Métodos comparativos: os checkists. b) Métodos fundamentais: WHAT IF; HAZOP; FMEA. c) Métodos do diagrama das falhas lógicas: árvore da falha e árvore dos eventos. Duarte et al. (2008) ressaltam que, mesmo que a identificação dos perigos seja realizada ao longo do ciclo de vida do sistema, ela não garantirá que incêndios e explosão não ocorrerão. Em outras palavras, apesar da possibilidade de agregar técnicas de identificação de perigos e alcançar uma análise mais apurada, nunca teremos a garantia que todas as situações de incêndios, causas e efeitos, tenham sido consideradas. Além disso, qualquer mudança no projeto ou nos procedimentos de operação e manutenção, podem ter impacto significativos na segurança da planta. Os métodos comparativos são baseados na experiência, que são traduzidos em checklists, procedimentos operacionais, normas, códigos, entre outros. Em especial, os checklists precisam de respostas específicas para certas questões e elas podem também estimular a reflexão. Apesar de o checklist ser um método valioso para a identificação dos perigos, ele contém várias questões que são por vezes irrelevantes para o problema, e também, na maioria das vezes, o seu uso requer um considerável tempo para ser elaborado. Os checklists devem ser usados antes de qualquer decisão e nunca depois da decisão ser tomada, especialmente quando a decisão envolve questões incluídas neles. Os checklists apenas, não são suficientes para identificar os perigos e os meios pelos quais eles podem acontecer. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 24 Checklists são frequentemente usados para identificação dos perigos, entretanto, sua desvantagem é que os itens não incluídos neles não são discutidos e, na maioria das vezes, são ignorados. Checklists podem ser aplicados quando existem pouca ou nenhuma inovação, e quando todos os perigos já foram identificados em instalações similares. Os checklists tornam-se insuficientes quando existem inovações. Essa é a razão pelas quais as indústrias de processamento optam por técnicas mais criativas, baseadas em questões mais abertas. Tais técnicas são o HAZOP (isto é, identificação de perigos e operabilidade) e o FMEA (isto é, análise de modos de falha e efeitos). Portanto, os métodos fundamentais, muito populares na indústria de processo, incluem o HAZOP e a FMEA, os quais são estruturados no sentido de estimular um grupo de profissionais para identificar os perigos baseados nos seus próprios conhecimentos e experiência. Sobre o HAZOP – Hazard and Operability Study – traduzido como estudo de operabilidade e risco, este é qualitativo, fornecendo uma descrição completa do processo. Utilizado para identificar os perigos e problemas operacionais em instalações de processos industriais, os quais, apesar de aparentemente não apresentarem riscos imediatos, podem comprometer a produtividade e a segurança da instalação. Foi desenvolvido originalmente para análise qualitativa de perigos e problemas operacionais, principalmente na utilização de novas tecnologias, onde o conhecimento sobre a operacionalidade das mesmas é escasso ou inexistente, sendo também utilizado nos vários estágios da vida útil de instalações industriais (REIS, 2006). Por meio do HAZOP, é possível identificar sistematicamente os caminhos pelos quais os equipamentos envolvidos no processo industrial podem falhar ou serem operados de forma inadequada, levando a situações indesejáveis de operação, baseando-se na revisão da instalação através de uma série de reuniões, durante as quais um grupo composto de diversos especialistas realiza um brainstorming sobre o projeto da planta em busca de perigos, seguindo uma estrutura preestabelecida. Desta forma, esta técnica oferece aos integrantes da equipe a oportunidade de pensar em todos os modos pelos quais um evento Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 25 indesejável possa ocorrer ou um problema operacional possa surgir (ZAGUINI, 2012). De um modo geral as seguintes questões são colocadas: Qual a intenção do projeto? Quais são os desvios que podem acontecer no projeto inicial? O que pode causar desvios no projeto inicial? Quais são as consequências dos desvios no projeto inicial? A palavra projeto aqui deve ser entendida como condições de operação, condições de processo, funções da planta e localização da planta. Senne Junior (2003) ressalta que para minimizar a possibilidade de que algo seja omitido, a reflexão é executada de maneira sistemática: cada circuito é analisado, linha por linha, para cada tipo de desvio passível de ocorrer nos parâmetros de funcionamento do processo. Para os objetivos de um HAZOP, uma linha é uma conexão por tubulação (ou qualquer outro meio) entre dois equipamentos industriais principais. A equipe de análise usa a documentação de projeto da instalação, parâmetros de processo e palavras-guia na análise, que aplicados a pontos específicos, os chamados – nós-de-estudo – dos fluxogramas do processo, usualmente em linhas de transporte de fluidos entre dois equipamentos, têm como objetivo evidenciar perigos potenciais nesses pontos. A análise de falha e efeito – FMEA – explora a maneira pela qual os componentes de um equipamento podem falhar e o seu efeito na confiabilidade do sistema. Em geral, o FMEA não incorpora o erro humano, embora não exista uma razão específica para tal exclusão. O FMEA proporciona uma análise qualitativa e uma sistemática lista de modos de falha em nível de componente e seus efeitos no sistema. Uma das vantagens do FMEA é que ele pode ser facilmente atualizado, com resultado de alterações no projeto ou outras modificações no processo. O mecanismo de falha, isto é, modo de falha, de um equipamento ou de seus componentes descreve como o equipamento e/ou seus componentes falham (ou seja, aberto, fechado, com vazamento, entre outros). O efeito do modo de falha é determinadopela resposta do sistema à falha do equipamento. O FMEA identifica Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 26 modos de falhas individuais que contribuem direta ou indiretamente para um incêndio e explosão (DUARTE et al., 2008). As etapas para elaboração de uma FMEA envolvem, geralmente (HELMAN & ANDERY, 1995 apud ZAGUINI, 2012): identificação dos modos de falha; identificação dos efeitos dos modos de falha; determinação da gravidade; identificação das possíveis causas; determinação de probabilidade de ocorrência; identificação dos controles de projetos ou processos; identificação dos modos de detecção de falhas; análise de risco; recomendações para redução dos riscos. As árvores dos eventos e das falhas representam os métodos dos diagramas das falhas lógicas tradicionais. A árvore dos eventos é um diagrama lógico que identifica a sequência no tempo de uma cadeia de eventos. Cada galho representa uma sequência distinta de eventos, ou seja, um cenário. Árvore das falhas é um processo dedutivo pelo qual o evento-topo é postulado e as possíveis formas desse evento ocorrer são sistematicamente deduzidas (DUARTE et al., 2008). A árvore das falhas direciona a análise para uma pesquisa sobre as falhas do sistema; indica os aspectos relevantes do sistema que podem conduzir a falhas. A representação gráfica da árvore das falhas permite a visualização do mecanismo das falhas para aqueles que não estão envolvidos na gestão dos riscos ou que não participaram ou participam do projeto ou de suas mudanças; permite uma análise quantitativa e qualitativa e examina os detalhes da falha e o comportamento do sistema. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 27 A árvore das falhas mostra uma sequência lógica de falhas independentes, que irão levar ao evento principal. Uma de suas limitações é que os galhos da árvore devem ser independentes, e isso se torna uma limitação inaceitável na identificação de perigos em Sistema Eletronicamente Programáveis – SEP. Esses sistemas possuem, na maioria das vezes, softwares e equipamentos comuns. Outras limitações da árvore das falhas é a dificuldade inerente para tratar com as propriedades temporais de um acidente, ou seja, a sequência com que os eventos ocorrem. Essa dificuldade não está presente na árvore dos eventos. A identificação dos perigos deve ser realizada durante todo o ciclo de vida de um sistema. Apesar da dificuldade de quantificar seus benefícios em um curto período de tempo, os benefícios de uma avaliação dos perigos são substanciais. Esses benefícios incluem: poucos acidentes ou incêndios durante o ciclo de vida do processo; as consequências são menores quando eventuais acidentes acontecem; o tempo de resposta durante uma situação de emergência é menor; melhoria nos programas de treinamento; melhor relacionamento com a comunidade (DUARTE et al., 2008). Contudo, esses benefícios não podem ser alcançados sem um investimento. Dependendo da complexidade do sistema, a identificação dos perigos pode levar algumas horas ou meses para acabar. Por outro lado, apesar de cada técnica de análise ter diferentes características, a escolha da técnica de identificação dos perigos a ser usada durante a estruturação para análise pode ser um trabalho difícil. Em geral, a seleção envolve a escolha de várias técnicas de análise para diferentes partes do processo, ou diferentes perigos associados ao sistema. A seleção das técnicas a serem usadas durante a identificação do problema depende dos objetivos do programa de gerenciamento, da severidade dos riscos, da complexidade do processo, das informações disponíveis, e do tempo e recursos disponíveis. É inicialmente recomendada uma análise qualitativa, porque as técnicas qualitativas são de execução relativamente simples. Todavia, é necessário se ter em Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 28 mente que as técnicas quantitativas complementam as qualitativas e são fortemente recomendadas para sistemas complexos e grandes. As técnicas HAZOP ou FMEA são recomendadas para serem usadas no desenvolvimento da identificação de perigos de sistemas complexos. Em sistemas menos complexos, nos quais os riscos são menores, pode-se fazer uso de técnicas mais simples, isto é, WHAT IF. Por outro lado, em sistemas mais complexos, em que existem riscos mais severos, uma análise mais detalhada deverá ser usada, isto é, por meio da análise da árvore das falhas ou dos eventos. O segredo é selecionar a técnica de análise que melhor satisfaz às exigências do problema, usando uma base técnica e complementando suas deficiências com outras técnicas, de forma que um estudo eficiente possa ser desenvolvido (DUARTE et al., 2008). Os objetivos do gerenciamento dos riscos de incêndios incluem a identificação da sensibilidade das pessoas, equipamentos e continuidade operacional aos impactos térmicos e dos produtos de combustão, bem como o tempo necessário para as ações de emergências. Concluindo: a estruturação do problema, como o primeiro passo de um programa de gerenciamento dos riscos de incêndios procura identificar o que está em risco com relação às pessoas, à propriedade, à continuidade operacional, à missão e aos objetivos da organização e, se for necessário, à comunidade e ao meio ambiente; deve-se ter em mente o tipo do incêndio que será avaliado e gerenciado, tanto quanto os objetivos da empresa são fundamentais no programa como um todo; por outro lado, as definições dos objetivos do gerenciamento, em geral, é um processo difícil, talvez porque as pessoas usualmente não têm o hábito de pensar no que é importante para a continuidade da missão após uma falha crítica que conduza a um incêndio ou explosão. O conhecimento do que está em risco tornam claras as decisões que serão tomadas. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 29 Para quantificar as consequências de um incêndio ou explosão para as pessoas, propriedade e meio ambiente, ou seja, para caracterizar os seus riscos, deve-se simular a evolução do incêndio. Em geral, a evolução do incêndio segue as seguintes etapas: 1. Inicialmente há um vazamento de uma substância flamável para o ambiente. Esse vazamento poderá ser na forma gasosa, líquida ou bifásica. 2. No caso de vazamento de líquido, esse se evaporará. 3. Se a substância for flamável, existe a possibilidade de ignição imediata. 4. Se a substância for tóxica ou flamável e não sofrer ignição imediata, ela será dispersa na atmosfera na forma gasosa. 5. Substâncias gasosas talvez sejam inaladas pelas pessoas. Se a dose exceder os limites de tolerância há possibilidade de fatalidades. 6. Se houver ignição, poderá haver danos às pessoas, comunidade, estruturas e meio ambiente em consequência do impacto térmico, das ondas de choques no caso de uma explosão e dos produtos de combustão. 7. Se a substância liberada estiver na formalíquida, será formada uma poça. Um incêndio de poça será iniciado caso haja uma fonte de ignição disponível. Deduz-se que o entendimento da evolução do acidente é imprescindível para a caracterização dos riscos. A caracterização dos riscos (ilustrada abaixo) é realizada através da modelagem dos fenômenos físicos envolvidos: 1) modelo de dispersão de gases. 2) modelo de incêndios de jato e poça. 3) modelo de explosão de nuvem de gás. Além da, 4) estimativa da vulnerabilidade dos receptores. Caracterização dos riscos Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 30 Um efeito indesejável de uma explosão é a projeção de fragmentos, os quais podem causar morte ou ferimentos graves, danos a propriedades, além de desencadear novos incêndios e/ou explosões, isto é, efeito dominó. O efeito dominó está associado a incêndio, explosão e lançamento de projéteis. É possível que sob determinadas condições, um acidente que tenha tido origem em uma unidade ou área da planta, propague-se resultando em incêndios/ explosão nas suas adjacências, criando uma cadeia de acidentes. Logo, devem ser identificadas as áreas da planta que favorecem a propagação do incêndio ou explosão. Concluindo novamente: os cenários definirão a natureza do vazamento e determinarão a sequência de eventos que poderão resultar em incêndios e/ou explosão. A sequência de eventos é afetada pela direção e velocidade dos ventos, pela topografia, dimensões do vazamento, fontes de ignição presentes, entre outros. Uma sequência típica de eventos que poderá resultar em um efeito dominó é apresentada abaixo. Sequência de eventos Fonte: Duarte et al. (2008, p. 384). 4.1 Incêndio de jato No caso de liberação de gás ou líquido inflamável pressurizado, seguido de ignição imediata, poderá ocorrer a formação de um jato de fogo. Neste efeito, tal como o Incêndio em Poça (que veremos adiante), tanto a incidência da chama direta, como a radiação térmica gerada, podem causar danos sobre pessoas ou bens materiais. Também poderá haver um BLEVE, como desdobramento do jato de Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 31 fogo, caso este atinja diretamente um vaso de estocagem de produto pressurizado. Vejamos a ilustração: Formação de jato de material inflamável, devido a furo em linha pressurizada, com posterior ignição 4.2 Dimensões da chama A altura da chama poderá ser prevista utilizando-se as equações propostas por Hustad e Sonju. A chama é considerada como um cilindro e as dimensões da mesma são correlacionados com o número de Froude, de acordo com as equações abaixo relacionadas: onde: H = é a altura da chama. d = é o diâmetro do orifício. D = é o diâmetro da chama. A,B = são as constantes de dependem do combustível. Fr = é o número de Froude. u = é a velocidade do gás no orifício [m/s]. g = é a aceleração da gravidade [m2/s]. m = é o índice o qual é função do número de Froude. Os valores das constantes A e B, para chama na vertical, são fornecidos na tabela a seguir, que também apresenta o valor da relação H/D para o metano e propano. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 32 CONSTANTES Gás A B H/D Metano 21 2.5 8.4 Propano 27 4.0 6.75 Existem dois modelos para se determinar altura da chama. No modelo proposto por Carter, considera-se que cada ponto da chama está emitindo radiação independentemente um do outro. O poder de radiação de cada ponto da chama e a transmissividade atmosférica foram obtidos através das equações abaixo: O modelo Whazan é semelhante ao do Carter, porém considera que a chama emite radiação por meio de apenas cinco pontos. Para chamas de comprimento pequeno e para alvos a grandes distâncias da chama, a quantidade de pontos de radiação considerados não influencia no resultado. Porém para um comprimento de chamas elevado e alvos próximos, o número de pontos de radiação considerados é relevante. 4.3 Incêndio de poça A liberação acidental de um líquido inflamável pode ocasionar a formação de poça, que seguida de ignição do material, dá lugar à ocorrência de incêndio em poça, com parte da energia liberada na combustão, sendo emitida na forma de Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 33 radiação térmica. Neste efeito, tanto a incidência da chama direta, como a radiação térmica gerada, podem causar danos sobre pessoas ou bens materiais. O incêndio em poça pode também dar origem a um BLEVE, como desdobramento de seus efeitos (DINIZ et al., 2006). Vejamos: Liberação de líquido inflamável com posterior ignição da poça Um incêndio de poça ocorre quando um vazamento de um líquido forma uma poça, a qual leva a ignição. A energia térmica proveniente de um vazamento de hidrocarbonetos depende de vários parâmetros, os quais incluem: a) composição do hidrocarboneto; b) tamanho, forma e duração do incêndio; c) distância entre o incêndio e o alvo; e, d) das características do alvo. A caracterização de um incêndio de poça envolve a caracterização da geometria do incêndio, caracterização do incêndio e a estimativa da energia liberada pela chama. A caracterização da geometria do incêndio abrange a determinação da velocidade de propagação da chama no líquido e das dimensões físicas do incêndio (tais como altura, diâmetro e inclinação da chama). É assumido que a chama é um cilindro sólido e inclinado devido à ação do vento que se comporta como um corpo cinza. A intensidade de radiação emitida pelo incêndio depende do tipo de combustível, temperatura da chama, entre outros. A energia térmica de um incêndio de poça pode ser estimada por meio da equação a seguir: Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 34 q = qcondução + qconvecção + qradiação No caso de um incêndio de poça resultante de um vazamento contínuo, o líquido irá se espalhar no piso ou solo aumentando a velocidade de propagação da chama até que a taxa de queima seja igual a vazão volumétrica (DUARTE et al., 2008). 4.4 Explosão de nuvem A liberação de um gás inflamável na atmosfera levará à formação de uma nuvem, após a dispersão do mesmo na atmosfera, misturando-se com o oxigênio existente. Caso esta nuvem de gás alcance uma fonte de ignição, haverá ignição desta nuvem, podendo ocorrer um incêndio em nuvem ou uma explosão, conforme representado a seguir. Liberação de líquido ou gás inflamável com formação de nuvem Observa-se que na nuvem de gás só haverá queima, caso a nuvem cruze a fonte de ignição quando estiver com concentração (C) entre os limites de inflamabilidade. Caso a concentração seja inferior ao Limite Inferior de Inflamabilidade (LII) ou superior ao Limite Superior deInflamabilidade (LSI), não haverá queima por haver falta ou excesso de oxigênio, respectivamente, em relação ao material inflamável. Denomina-se a massa de gás que está presente entre estes dois limites como massa inflamável e é esta massa que irá efetivamente se queimar no caso de ocorrência de explosões. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 35 As principais características necessárias para ocorrer a explosão da nuvem de vapor são: 1. O material liberado ser flamável e em condições adequadas de temperatura e pressão. 2. A nuvem formada deve ter um tamanho mínimo antes de sofrer ignição. Se a ignição ocorre instantaneamente, um jet fire, um large fire, ou um fireball poderá ocorrer. Nesse caso, o aparecimento de ondas de pressão significante é improvável. Por outro lado, é esperado ondas de choque significantes se a ignição da nuvem ocorrer num intervalo de um a cinco minutos após o vazamento. 3. A região intermediária da nuvem deve estar na região flamável. A quantidade de material flamável depende: a) Do tipo e a quantidade de material liberado. b) Do valor da pressão no momento da liberação. c) Do grau de confinamento da nuvem. d) Da velocidade do vento, umidade do ar, e outros fatores ambientais. 4. Na maioria das vezes, a ignição de uma nuvem de vapor resulta em uma deflagração, ou seja, uma deflagração é caracterizada pela propagação das ondas de choque em velocidades subsônicas relativa ao gás não queimado à frente da chama, isto é, a velocidade de queima é menor do que a velocidade do som, no gás não queimado (DUARTE et al., 2008). 4.5 Vulnerabilidade das pessoas Os modelos de incêndio e explosão quantificam a energia térmica liberada e incidente no alvo de incêndios de poça e jato, bem como a sobrepressão resultante de uma explosão de nuvem de gás. Os modelos de vulnerabilidade do receptor estimam o efeito do fenômeno físico nos receptores, ou seja, pessoas, estruturas e meio ambiente. As pesquisas e experimentos com humanos e animais relacionam a energia irradiada com os limites da dor. A pele humana consiste de duas camadas: epiderme e derme. A área da pele no ser humano é de aproximadamente 1,80m2. O impacto Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 36 da energia térmica na pele poderá se apresentar em vários níveis: queimaduras do primeiro, segundo e terceiro graus. Queimaduras do primeiro grau estão restritas a epiderme e caracteriza-se por um vermelhidão. Nas queimaduras do segundo grau, há o comprometimento de toda a epiderme e parte da derme dando origem a bolhas. E, em queimadura do terceiro grau, toda a epiderme, derme e outros tecidos mais profundos são atingidos, e se caracteriza pela carbonização dos tecidos (isto é, cor preta). A pele suporta uma temperatura de aproximadamente 44ºC sem dor. Acima de 44ºC, o impacto térmico cresce rapidamente com a temperatura, ou seja, o impacto a 50ºC é 100 vezes maior do que entre 44ºC-45ºC. No evento de um incêndio, em geral, o tempo de resposta das pessoas é cerca de cinco segundos. Na tabela abaixo temos o valor da radiação térmica aceitável para seres humanos. Valor-limite da radiação térmica para danos aceitáveis em seres humanos 4.6 Vulnerabilidade das estruturas metálicas O dimensionamento de estruturas, em geral, situadas em plantas de processamento, deve levar em consideração o impacto térmico causado pelo fluxo de energia irradiada, assim como as pressões associadas às ondas de choque, no caso de incêndios e explosão, respectivamente. No caso da radiação térmica, a temperatura dos elementos estruturais poderá aumentar e, consequentemente, dependendo da temperatura atingida pela peça, suas características e propriedades mecânicas poderão ser alteradas. Somam-se a isso esforços adicionais devido às deformações térmicas se os deslocamentos e rotações estiveram restringidos. Temos a seguir as etapas para análise de vulnerabilidade da estrutura. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 37 Vulnerabilidade das estruturas Fonte: Duarte et al. (2008, p. 396). Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 38 UNIDADE 5 – AUDITORIA INTERNA DE SEGURANÇA NA PREVENÇÃO DE RISCOS 5.1 Evolução e conceitos para auditoria A evolução do sistema capitalista, com a expansão do mercado e, consequentemente, o aumento da concorrência, fez com que as empresas antes fechadas, pertencentes a grupos familiares, ampliassem suas instalações fabris e administrativas, investindo no desenvolvimento tecnológico e aprimorando os controles e procedimentos internos em geral, visando reduzir custos tornando mais competitivos os seus produtos no mercado. E assim, tem-se o surgimento da auditoria, definida, segundo Sá (1998, p. 25), como tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros, demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais de riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorridos, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados. A auditoria vem almejando informar aos usuários que critérios foram adotados em sua elaboração e apresentar parecer de terceiros sem relação direta com a empresa, atestando com fidedignidade que tais demonstrações refletiam a situação do patrimônio e sua evolução durante o período a que se referiam. Com base nisso, pode-se dizer que a auditoria sempre teve como função prover demonstrações financeiras, como o exame das mesmas, por um profissional independente, com a finalidade de emitir um parecer técnico sobre sua real situação. Fato é que ao buscarmos uma definição de auditoria nas mais diversas fontes, necessariamente somos remetidos à área contábil, inclusive fazendo coro com o que se encontra descrito pelo Oxford English Dictionary, que a define como: um exame oficial de contas, validado através de testemunhos e comprovantes. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 39 Ainda, se buscar no Reino Unido, considerado pela maioria dos escritores como o berço da auditoria, verificam-se os seguintes registros do que seriam auditoria e auditor na Enciclopédia Britânica, que numa tradução livre quer dizer: Auditoria é o exame das contas feitas pelos funcionários financeiros de um estado, companhias e departamentos públicos ou pessoas físicas, e a certificação de sua exatidão. Nas ilhas Britânicas, as contas públicas eram examinadas desde há muito tempo, embora, até o reinado da Rainha Elizabeth, de maneira não muito sistemática. Anteriormente a 1559, esse serviço era executado, às vezes, por auditores especialmentedesignados, e outras por auditores da receita pública, ou pelo auditor do tesouro, cargo criado por volta de 1314. Mas, em 1559, um esforço foi feito para sistematizar a auditoria das contas públicas, pela indicação de dois auditores para examinar os pagamentos a servidores públicos. A grande utilidade da Auditoria é atestada por seus fins tão variadíssimos, tais como: certificação e comprovação da exatidão dos fatos contábeis e administrativos (patrimoniais), através do seu registro; identificação dos fatos e comprovação de sua propriedade no patrimônio da sociedade auditada; identificação e comprovação do tempo decorrido e/ou de existência, bem assim, do valor de efetivos fatores de mensuração dos fatos, tendo em vista o aspecto dinâmico do patrimônio; sugestões e orientações para administração do patrimônio das entidades auditadas; identificação de eventuais falhas no controle, com intuito de saná-las a fim de proteger o patrimônio contra fraudes; pesquisas com o objetivo de gestão ao longo do tempo; em bases comparativas de valores e efeitos destes; avaliação da eficácia e eficiência decorrentes dos atos e fatos administrativos e/ou contábeis e sobre estes; Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 40 identificação de riscos decorrentes do negócio que venham a afetar ou afetem o patrimônio; identificação da capacidade de equilíbrio financeiro e econômico da entidade auditada; reorganização de uma empresa; determinação de limites de seguros, análise de custos, fusão, cisão e incorporação de empresas. Definidos esses fins, pode-se estabelecer um conceito para a matéria Auditoria, como sendo um conjunto de técnicas de observações e exames, aplicados de forma sistemática, que no contexto do auditado, visa opinar sobre sua situação, sobre sua riqueza, quando este for o caso, ou sobre funções ou áreas específicas componentes do patrimônio do auditado. Para Franco e Marra (2000), auditoria é a técnica que consiste no exame de documentos e registros, inspeções, obtenção de informações e confirmações externas e internas, obedecendo a normas e procedimentos apropriados, objetivando verificar se as demonstrações contábeis representam adequadamente a situação nelas demonstrada de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e normas de contabilidade, de maneira uniforme. As classes de auditoria variam de acordo com o tratamento que se dá ao objeto da mesma, decorrendo, portanto, das diferentes necessidades, podendo mudar de processos, que não se deve admitir como autonomia, mas, sim, como derivação de um mesmo método. Quais então são as relações entre auditoria em sua acepção original e o conteúdo de estudo? É o que veremos. 5.2 A auditoria aplicada à segurança contra incêndio e pânico Primeiro ponto: auditoria nos leva a risco e este está entranhado na segurança contra incêndio e pânico. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 41 O risco normalmente é definido como a incerteza de um resultado ou de um evento. Ele pode referir-se tanto a uma ameaça negativa quanto a uma oportunidade positiva para uma empresa assumir um risco que vale a pena e pode trazer uma vantagem competitiva sobre concorrentes avessos ao risco. Porém, considerando o potencial de perdas significativas e também dos lucros, é importante que os riscos sejam avaliados com exatidão, calculando-se a probabilidade dos resultados, assim como seu impacto em um negócio. Todos os negócios enfrentam riscos, pois operam em um ambiente de incertezas inerentes ao livre mercado que coloca qualquer atividade econômica à mercê da oferta e da procura. Assim, todo negócio deve ter um sistema implantado para administrar esses resultados. Isso envolve tipicamente identificação, de maneira mais exata possível, dos riscos potenciais e do provável impacto deles na empresa e, depois, o desenvolvimento de respostas adequadas e preparadas para enfrentar tais eventos, se e quando eles ocorrerem. Os riscos se originam de várias áreas diferentes: os riscos estratégicos abrangem incertezas relacionadas ao mercado, como quedas de demanda, fracasso no desenvolvimento de novos produtos ou entrada de novos concorrentes; os riscos financeiros relacionam-se a mudanças de custos e receitas não diretamente ligadas ao mercado e podem incluir dívidas incobráveis ou aumentos em pagamentos de juros de empréstimos; os riscos operacionais cobrem os perigos de turbulências nas funções de distribuição e produção, como falhas no maquinário fabril ou perda de pessoal importante; os riscos de conformidade relacionam-se à capacidade da empresa atender a exigências legais e reguladoras. Falhas, neste caso, podem resultar no fechamento forçado do negócio ou em ameaças de ações na justiça. Outros riscos mais gerais incluiriam catástrofes naturais e a instabilidade política em mercados externos. Uma vez identificados os riscos, é importante o negócio avaliar a probabilidade deles ocorrerem, bem como seu impacto ou significado. Assim, o Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@ucamprominas.com.br ou diretoria@ucamprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 42 negócio pode classificar ou priorizar os riscos que vai enfrentar. Essa classificação permite concentrar recursos nas áreas de risco mais importantes, aquelas que têm maior potencial de impacto sobre o sucesso dos objetivos da empresa. A estimativa de risco pode ser obtida em nível básico, simplesmente avaliando se os resultados são de baixa, média ou alta probabilidade. Em nível mais sofisticado, os riscos podem ser analisados pela aplicação da ciência atual. A etapa final é o desenvolvimento de sistemas ou políticas para gerenciar o risco. A primeira abordagem é simplesmente aceitar o risco. Normalmente isso significa que os custos de administrar o risco superam os custos do próprio risco. Riscos que não podem ser evitados nem transferidos entram na categoria de “autosseguro”. A segunda estratégia é transferir o risco. Isso normalmente é executado com a compra de uma apólice de seguro. O risco também pode ser transferido por acordo contratual (por exemplo, o comprador pode aceitar cobrir todos os preços de produção de uma empresa de fornecimento). A terceira é reduzir o risco fazendo vários investimentos, como compra de máquinas melhores, mais caras, mas com menor probabilidade de transtornos. A abordagem final é evitar o risco. Significa que as atividades ou os investimentos não serão empreendidos, pois os riscos são considerados muito altos. O problema dessa abordagem, às vezes, é ter de abrir mão de oportunidades lucrativas. Eis que vimos todo esse horizonte, geralmente pela ótica de um auditor, que de porte de conhecimentos e habilidades inerentes a essa especialização, podem contribuir com a segurança em edifícios existentes, abordando conjuntamente o edifício e a organização de segurança da instituição que o ocupa. Esta auditoria compreende nomeadamente: levantamento dos sistemas de proteção existentes (detecção, combate, controlo de fumaça, sinalização, entre outros); apreciação da adequação dos sistemas existentes às necessidades reais
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