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ANGÉLICA CORRÊA GONZAGA DA SILVA BRUNA BARBOSA AVELINO BRUNO MASSONI GRAZIELE EUFROSIO RAFAEL COSTA DE SOUZA FERNANDES GENÉTICA E MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS E ANIMAIS ASPECTOS GERAIS Londrina 2017 ANGÉLICA CORRÊA GONZAGA DA SILVA BRUNA BARBOSA AVELINO BRUNO MASSONI GRAZIELE EUFROSIO RAFAEL COSTA DE SOUZA FERNANDES GENÉTICA E MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS E ANIMAIS ASPECTOS GERAIS Trabalho do curso de Agronomia Noturno, Sala C1, Turma 7ºA entregue à Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), como requisito parcial para a obtenção de conceito na disciplina de Genética e Melhoramento de Plantas. Professor: Antônio Augusto Lazarini Barbosa SUMÁRIO 1 CONCEITOS BÁSICOS DE GENÉTICA ............................................................ 4 1.1 PRIMEIRA LEI DE MENDEL .............................................................................. 5 1.2 SEGUNDA LEI DE MENDEL OU LEI DA SEGREGAÇÃO INDEPENDENTE .... 7 2 MELHORAMENTO GENÉTICO ANIMAL ......................................................... 8 3 MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS ............................................... 10 4 MELHORAMENTO DE PLANTAS AUTÓGAMAS E ALÓGAMAS ................. 13 5 BANCO DE GERMOPLASMA ......................................................................... 16 5 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 21 4 1 CONCEITOS BÁSICOS DE GENÉTICA A genética estuda a hereditariedade, ou seja, como as características são transmitidas ao longo das gerações. Os primeiros trabalhos conhecidos sobre genética são atribuídos ao monge Johann Gregor Mendel que viveu no século XIX, mas que teve reconhecimento apenas no século XX. Dentre alguns dos conceitos são destacados os seguintes: Genes: São as unidades hereditárias transmitidas de pais para filhos. São constituídos por DNA e localizam-se nos cromossomos. Genes alelos: Normalmente o DNA é uma molécula estável, mantendo a sua estrutura através das autoduplicações. Uma alteração no DNA constitui uma mutação e origina um característica chama-se genes alelos. Genótipo: É o patrimônio do individuo representado pelo conjunto de seus genes. Fenótipo: É qualquer aspecto morfológico ou fisiológico de um organismo resultante de interação do genótipo com o meio ambiente. Homozigoto: É o individuo cujo caráter é condicionado por dois genes iguais. De acordo com a Primeira Lei de Mendel, tal individuo forma apenas um tipo de gameta. 5 Heterozigoto: Individuo cujo caráter é condicionado por dois alelos diferentes (A e a) . Tal individuo produz dois tipos de gametas. Gene dominante: Aquele cuja característica é predominante. Gene recessivo: Aquele que se manifesta apenas na ausência do dominante. Locus gênico: é a posição especifica que cada gene ocupa no cromossomo. 1.1 PRIMEIRA LEI DE MENDEL Conhecida também como a Lei da segregação e lei da impureza dos gametas: “Cada característica é condicionada a um par de fatores que se separam na formação dos gametas, que recebem apenas um fator de cada par.” É bom lembrar que quando Mendel usa a palavra fatores ele se refere a genes, pois na sua época não se conheciam os termos genes, cromossomos, mitose e meiose. 6 Um par de alelos atua na determinação da cor das sementes de uma planta. O dominante A produz a cor amarela e o recessivo a determina a cor verde. Nos cruzamentos usaremos os seguintes símbolos: P = geração parental; G= gametas; F1 = primeira geração; F2 = segunda geração. Obs: a semente Aa 100% é amarela devido a dominância existente do gene A sobre o gene a. Alelos intermediários ou co-dominantes não apresentam relação de dominância ou recessividade. O genótipo heterozigoto origina fenótipo distinto dos homozigotos e geralmente intermediário em relação aos fenótipos produzidos pelos homozigotos. 7 Exemplo: ALELO FENOTIPO GENOTIPO GAMETA MV e MB Branco MBMB MB Vermelho MVMV MV Róseo MVMB MV e MB A relação fenotípica é de F2 é 1:2:1. 1.2 SEGUNDA LEI DE MENDEL OU LEI DA SEGREGAÇÃO INDEPENDENTE O estudo da transmissão e da expressão de um par de genes é conhecido como mono-hibridismo. O estudo simultâneo de dois diferentes pares de de genes é chamado de diibridismo. Mendel, depois de estudar cada característica de ervilha separadamente, acompanhou a transmissão simultânea de duas características : cor e forma dos grãos, coloração das flores e tamanho das plantas, etc., para saber como se comportavam. “Os genes dominantes de dois ou mais caracteres distribuem-se independentemente para os gametas, onde se recombinam ao acaso, em idênticas proporções.” A Lei pode ser evidenciada através de um diibridismo. 8 Os resultados na F2 podem ser resumidos da seguinte maneira: FENÓTIPO GENÓTIPO FREQUENCIA GENOTIPICA FREQUENCIA GENOTIPICA Amarelo liso VVRR 1 9 VVRr 2 VvRR 2 VvRr 4 Amarelo rugoso VVrr 1 3 Vvrr 2 Verde liso vvRR 1 3 vvRr 2 Verde rugoso vvrr 1 1 2 MELHORAMENTO GENÉTICO ANIMAL A produção animal resulta da ação de origens genética e ambiente. Uma alta produção só pode ser alcançada pelo melhoramento simultâneo da composição genética dos animais e das condições ambientes da criação. A parte genética é a base para o estabelecimento de programas de melhoramento e é o fator que limita a capacidade de resposta dos animais aos processos seletivos. É indispensável procurar compatibilizar a parte genética com as condições ambientes da exploração animal. O nível de produção é aspecto dependente da utilização racional dessas duas forças. Em uma população em equilíbrio de Hardy-Wenberg, a frequência relativa dos alelos e as proporções genotípicas são mantidas estáveis ao longo do tempo. Do ponto de vista do melhoramento animal, não está progredindo nem regredindo geneticamente. Para modificar esta estabilidade é necessário o emprego de forças capazes de alterar as frequências gênicas, aumentando o número dos genes que atendam aos objetivos do melhoramento. Uma dessas forças é a seleção, processo pelo qual são escolhidos os melhores animais para serem acasalados entre si. A seleção induz à reprodução diferenciada que leva a concentrar, na população, os patrimônios genéticos desejáveis, reduzindo-se, consequentemente, os indesejáveis. 9 O Melhoramento Animal como ciência que estuda os métodos para obter animais dotados geneticamente de uma herança superior. No que se refere aos objetivos do melhoramento animal, ao longo do tempo os mesmos foram se modificando e se adaptando à realidade do momento. Sendo assim, hoje são vistas da seguinte maneira as razões mais importantes das modificações: Novas exigências e mudanças na demanda pelo consumidor; Aplicação dos avanços tecnológicos para aumentar a eficiência no processo produtivo; Competitividade do mercado; Não basta produzir mais a preços econômicos, deve-se também produzir com qualidade; Modificações na demanda; Produtores para reagir, terão que melhorar a seleção e os cruzamentos nos rebanhos. Aplicar eficientemente as técnicas modernas de melhoramento, para continuar obtendo lucros; Melhoramento animal: deve buscar incrementarnão somente caracteres referentes à quantidade mas também os referentes à qualidade dos produtos, evitar perdas e diminuir custos; Dificuldade no MA: criadores tratam de selecionar por muitos caracteres ao mesmo tempo, resultados desapontam; Quanto maior o número de caracteres que se incluem em um programa de melhoramento, menor será o ganho ou progresso genético em cada um deles. Ainda dentro dos objetivos, é possível reiterar que o objetivo do melhoramento animal é alterar geneticamente populações de animais, no intuito de aumentar a frequência de genes de genótipos desejáveis, com consequente reflexo favorável no mérito fenotípico médio de características destas populações que sejam importantes economicamente. Para que ocorra alteração genética nas populações, os melhoristas se utilizam de duas estratégias: Métodos de acasalamento: quando o produtor toma decisão relativa à determinação de qual fêmea vai se acasalar com qual macho; Seleção: Decidir quais indivíduos serão mantidos para pais e, desta forma, contribuirão com genes para próxima geração. 10 São considerados dois tipos de seleção: a Natural e a Artificial. Seleção Natural: é um processo extremamente complicado em que muitos fatores determinam a proporção de indivíduos que irão se reproduzir. Entre esses fatores podem ser citados: diferenças nas taxas de mortalidade dos indivíduos da população; diferenças na duração do período de atividade sexual, diferenças no grau de atividade sexual, diferenças nas taxas de fertilidade. A seleção natural se processa através da sobrevivência dos indivíduos mais adaptados e com isso, há uma tendência pela eliminação dos genes detrimentais ou "defectivos" que surgem por mutação. Seleção Artificial: é o resultado da atuação do homem no sentido de aumentar a frequência de genes ou de combinações gênicas desejáveis na população, através do acasalamento dos indivíduos com desempenho superior ou daqueles que têm habilidade para produzir filhos com desempenho superior, quando acasalados com indivíduos de outras linhas ou raças. 3 MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS O melhoramento de plantas une todos os métodos, técnicas, estratégias ou recursos aproveitados para que algum progresso seja incorporado a uma espécie vegetal. Em modo geral, o progresso está relacionado com a melhora do conteúdo genético da espécie, em estreita relação com o ambiente onde esta espécie será cultivada. O melhoramento genético é o ajustamento genético aos componentes físicos, químicos, biológicos, econômicos e sociais do ambiente", o que implica em ser uma atividade dinâmica, exigindo ajustes genéticos para se adaptar ao ambiente, que é dinâmico em função dos diferentes fatores que o compõem. Cultivar é o nome que sem dá a uma variedade utilizada comercialmente. O melhorista trabalha com o objetivo de lançar melhor cultivares para serem utilizadas pelos agricultores. Os métodos tradicionais baseiam-se nos conceitos de herança mendeliana dos caracteres, ou seja, que as características a serem melhoradas são herdadas dos genitores pelas progênies. Sendo assim, se o objetivo é incorporar resistência ao fungo causador da vassoura-de-bruxa no cacau (Crinipellis perniciosa), deve-se utilizar pelo menos um genitor que possua gene(s) que confira(m) resistência a este fungo nos cruzamentos, que será a fonte de resistência. Os cruzamentos no melhoramento clássico restringem-se, no máximo, a 11 espécies correlacionadas. Caso contrário, terão descendentes estéreis, o que é inviável, pois as características não poderão ser transmitidas às gerações futuras, terminando com o processo. O melhoramento visa obter genótipos superiores, porém, as expressões destes genótipos, que são os fenótipos, dependem, dentre outros, do ambiente onde este genótipo está. Para melhor clareza, considerem-se dois clones de eucalipto (genótipos idênticos) plantados em solos com diferentes níveis de fertilidade, sendo um deles muito fértil e outro pobre em nutrientes. Logicamente o clone que for plantado no primeiro solo terá um desenvolvimento (fenótipo) muito superior ao clone plantado no segundo tipo de solo. Isto exemplifica bem o efeito do ambiente sobre o fenótipo, que nunca pode ser desprezado. O efeito ambiental justifica-se quando da recomendação de cultivares, sendo que as mais adaptadas a certa região serão recomendadas. Há o exemplo clássico da cultura da soja no Brasil Central, onde introdução de variedades selecionadas (adaptadas) ao sul do país teve desempenho péssimo em baixas latitudes (região central), devido a problemas de foto periodismo. Entre os principais objetivos do melhoramento, podemos destacar: Aumento na produtividade; Resistência à adversidades ambientais (solos, clima, pragas, doenças, etc.); Adequação às exigências do mercado consumidor Aumento na renda. Podem-se destacar outras consequências deste processo, que é a melhoria na balança comercial do país, pois cerca de 40% das exportações do Brasil derivam do agronegócio, além da maior oferta de alimento, e consequente redução de preços ao consumidor, e melhora da condição nutricional da população. Em cerca de US$ 60 bilhões exportados em 2002, US$ 25 bilhões são oriundos do agronegócio. O melhoramento teve início há cerca de 10 (dez) mil anos, quando o homem deixou de ser nômade e passou ao sedentarismo, vivendo em comunidades e iniciando o cultivo de plantas. Sem saber das técnicas, e inconscientemente o homem selecionava as melhores sementas para fazer sua plantação. Com o início do comércio entre os povos, e, posteriormente, com as grandes navegações, deram inicio às trocas de germoplasma, quando plantas antes cultivada em apenas um local passaram a ser cultivadas em regiões distantes, disseminando-as pelo planeta. O milho é de origem da região do México e dos Andes, porém, é cultivado em todo o 12 mundo nos dias atuais. Praticamente todas as principais espécies cultivadas no Brasil são exóticas. Como exemplo tem a soja e a laranja, que são originárias da China, o café (Etiópia África), trigo (Egito), feijão (Andes) e eucalipto (Austrália). O melhoramento recebeu um grande impulso com a redescoberta das Leis de Mendel, em 1900, e com o desenvolvimento de técnicas de experimentação agrícola por R.A. Fisher e sua equipe, no período de 1919 a 1933, eles tem importância fundamental nos métodos utilizados atualmente. Estende-se aqui uma ressalva importante quando se fala de produção de plantas, pois a primeira ideia que normalmente se tem é a de produção de alimento (grãos, frutas, hortaliças, etc.). Em parte é verdade, mas apenas em parte, pois os vegetais são fontes de energia (álcool e carvão vegetal), madeira e celulose (papel), ornamentação (flores), fibras e óleos industriais (dendê, mamona, soja), dentre outros. Assim, o melhoramento atua desde a melhora na qualidade de tecidos (fibras mais longas em algodão) até no uso em cosméticos (p.ex. óleo de copaíba). Fica fácil perceber que, no dia-a-dia, a presença de produtos vegetais é uma constante indispensável. Some-se a isso que está sendo considerado apenas o primeiro nível da cadeia trófica, o uso de vegetais per se, ou diretamente pelo homem. Quando passamos de consumidores primários (comemos um vegetal) para consumidores secundários (comemos carne de boi que come vegetal), não pode-se deixar de ressaltar a importância do melhoramento, buscando novas cultivares de pastagens e forrageiras, ou melhores milho, soja e outros mais adequados à produção de ração (melhor teor proteico). Quando se ingere carne, indiretamente ocorre o benefício do uso deplantas, que foram alimento para o bovino, suíno, aves, etc. Da mesma forma pode-se abordar o consumo de leite e derivados. Estudos demonstra, o retorno financeiro obtido com diversas culturas. Segundo este autor, o ganho obtido com o melhoramento genético em eucalipto da década de 60 até a de 90 corresponde a 50% do ganho total. Considerando-se um incremento na produtividade de 20 m/ha/ano, deduz-se que o ganho com melhoramento equivale a 10 m /ha/ano. Sendo que a área de corte na década de 90 foi, em média, de 500 mil ha/ano, houve um aumento de 5 milhões de m²/ano de madeira (500 mil ha/ano x 10 m³/ha/ano). Ao preço de US$ 50,00/m³ de madeira, em 1999, resulta num incremento de US$ 250 milhões apenas no ano de 1999. Este mesmo autor relatou ganhos com outras culturas. Como exemplo, o ganho obtido 13 com o melhoramento do café, apenas no ano de 1998, foi de R$ 2,1 bilhões. Com o feijão o ganho foi de R$ 43 milhões por ano agrícola. Com a soja foi de R$ 1,4 bilhão por ano e, com o milho, R$ 5,2 bilhões por ano. Essas cifras são realmente muito importantes para o melhorista de plantas para que haja o desenvolvimento do país. E infelizmente esses melhoramentos não tem o verdadeiro reconhecimento que precisam. Os testes de melhoramento de plantas vão ter como objetivos: melhoramento de populações, onde conduzirá as populações para a máxima frequência de alelos favoráveis e melhoramento de genótipos (linha pura), para selecionar indivíduos superiores. 4 MELHORAMENTO DE PLANTAS AUTÓGAMAS E ALÓGAMAS As plantas autógamas são aquelas que realizam preferencialmente autofecundação (acima de 95%). A autofecundação ocorre quando o pólen (gameta masculino) fertiliza um óvulo (gameta feminino) da mesma planta. Apesar de preferencialmente realizarem autofecundação, pode ocorrer uma baixa taxa de fecundação cruzada nas espécies autógamas. Esta frequência depende da população de insetos polinizadores, intensidade do vento, temperatura e umidade. As plantas autógamas são caracterizadas pela homozigose. Uma população de plantas autógamas é representada por uma ou várias linhas puras. Como exemplos de espécies autógamas podem citar: arroz, aveia, cevada, feijão, fumo, soja, tomate, trigo. As plantas autógamas desenvolveram alguns mecanismos que favorecem a autofecundação. Na soja ocorre a cleistogamia, ou seja, a polinização do estigma ocorre antes da abertura do botão floral ou antese. No feijoeiro, a cleistogamia está associado à quilha, que envolve o estigma e os estames numa estrutura em forma de espiral, facilitando a autofecundação. No tomateiro, os estames formam um cone envolvendo o estigma, de tal forma que a autopolinização é quase garantida. Plantas alógamas são plantas que tem sua polinização cruzada, é quando o pólen da estrutura masculina de uma planta fecunda a estrutura feminina de outra planta, as plantas alógamas tem vários representantes, porém o milho é cultura que é mais estudada. 14 O melhoramento de alógamas se baseia com o melhoramento de populações, populações são campos de autofecundação, a autofecundação consiste em manter a homozigose da planta, buscando obter linhagens puras, para a obtenção dessas linhagens pode demorar de 5 a 6 gerações. O processo de autofecundação é dividido em varias etapas, assim que as plantas começam apresentar a espiga ou boneca, é feita a proteção dessas bonecas com um saquinho plástico transparente, essa proteção e necessária para que não ocorra a contaminação por pólen, a próxima etapa e a proteção do pendão, o pendão é a estrutura masculina da planta, quando o pendão começa a soltar pólen ocorre a proteção do mesmo, a proteção e feita com um saco de papel, aproximadamente de 8 a 10 horas após a proteção é feita a autofecundação assim que a estrutura feminina da planta (espiga/boneca) começa a produzir estilo-estigma com aproximadamente de 3 a 4 cm. Deve-se tomar todas as medidas necessárias para evitar contaminações e misturas com outros milho durante todo o processo de melhoramento. Depois de todas as etapas de autofecundação as linhagens que se destacaram no berçário vão para a cruzamento ou top cross, onde se planta linhagens que são definidas como fêmeas e linhagens definidas como macho, onde o plantio e distribuído da seguinte forma: Macho: fêmea: fêmea: fêmea: fêmea: Macho Das linhas que são definidas como fêmeas são retiradas os pendões (estrutura masculina), pois a intenção é que as plantas definidas como macho fecundem a plantas fêmeas, fecundação necessária para a obtenção de híbridos. 15 No melhoramento existe o cruzamento para obtenção de híbridos simples (HS), hibrido duplo (HD), e hibrido triplo (HT); o híbridos simples consiste no cruzamento de linhagem A com a linhagem B gerando o hibrido comercial. HS= A x B >>> hibrido comercial O hibrido duplo é quando dois híbridos simples são cruzados gerando o hibrido comercias. HD= A x B >> HS¹ x HS² <<C x D Hibrido comercial O hibrido triplo é o cruzamento de um hibrido simples com um linhagem C. HT= A x B >> HS x C Hibrido comercial Dentro do melhoramento de plantas, existe uma divisão de métodos que serão utilizados. Os mesmos dependerão do tipo de plantas que se vai trabalhar (alógamas ou autógamas). Alguns deles, serão apresentados a seguir. Teste de progênie: A seleção com este teste é a avaliação da constituição genética dos genitores com base no fenótipo de seus descendentes. Ocorrerá a seleção com base no comportamento das progênies, e isso o torna mais eficiente que aquela realizada com base apenas no fenótipo de um indivíduo. O teste de progênie foi criado por Louis Vilmorin no final do século XIX, é um dos teste mais importantes do melhoramento genético de plantas. A produtividade das plantas oriundas da semente de um genótipo selecionado é avaliada e a partir destas informações selecionados os melhores genitores. Isso vai possibilitar fazer avaliações em locais diversificados, e reduzir os erros oriundos da interação do genótipo x ambiente. Método massal (bulk): Seleção das melhores plantas (fenótipo), estas irão compor um bulk para próxima geração. Dentre as vantagens é possível considerar a execução rápida e simples; a eliminação de indivíduos com fenótipo indesejáveis, ou menos competitivos. Quanto às desvantagens, somente pode ser aplicado com êxito 16 em caracteres com alta herdabilidade; e a seleção com base no fenótipo e não no genótipo. Método populacional: Utilizado para obtenção de cultivares em espécies de autofecundação, este método foi desenvolvido por Nilsson-Ehle para condução de população segregante do cruzamento de trigo resistente ao As características vão desde a forte ação da seleção natural nas gerações iniciais, eliminando genótipos inferiores e/ou não adaptados (menor capacidade competitiva) numa determinada condição de ambiente, até a seleção artificial somente próximo a homozigose, aumentando a eficiência da seleção artificial feita pelo melhorista. O método populacional também é de Bulk e possui grande importância em ambientes instáveis, seleção natural atua de forma favorável, além de ser um método indicado para seleção em condições de estresse abiótico. Um detalhe importante é que este método pode ser utilizado quando o cultivo das constituições genéticas (população segregante) em ambiente onde a seleção natural atue favoravelmente aos genótipos desejáveis. 5 BANCO DE GERMOPLASMA Os recursos fitogenéticossão importantes reservatórios de material genético, que tem previsão de uso atual ou potencial em programas de melhoramento de espécies de grande importância econômica. São indispensáveis à preservação dessas espécies, uma vez que estão sendo degradadas rapidamente em decorrência do seu uso desorganizado e do crescimento acelerado da população. Onde o homem em função da redução do número de culturas e dos plantios extensivos tem destruído muitas regiões de vegetação natural para colocar os cultivos de interesse. Atualmente, a agricultura desenvolvida em todos os países é fortemente dependente de recursos genéticos procedentes de outras partes do mundo, pois, estima-se que nos próximos trinta anos a população humana chegará aos 8,5 bilhões de habitantes e para que se alimente tal número de pessoas torna-se necessário aumentar a eficiência de produção de alimentos, remédios, abrigo, entre outros. Com a utilização dos genes contidos em bancos de germoplasma pode-se aumentar a eficiência produtiva e reduzir a suscetibilidade de plantas aos estresses bióticos e abióticos. Esta "interdependência" é o resultado de séculos de intercâmbio 17 de materiais e interações ecológicas, ou seja, os cultivos originários de um país ou de uma região crescem e prosperam em outras partes do mundo. Os bancos de germoplasma são unidades conservadoras de material genético de uso imediato ou com potencial de uso futuro, onde não ocorre o descarte de acessos, o que os diferencia das coleções de trabalho, que são aquelas em que se elimina o que não interessa ao melhoramento genético. Ele é a fonte de variabilidade genética disponível para o melhoramento de plantas. São criados com a finalidade de manejar a variabilidade genética entre e dentro da espécie, com fins de utilização para a pesquisa em geral, especialmente para o melhoramento genético, inclusive a biotecnologia. Germoplasma é o material que constitui a base física da herança e se transmite de uma geração para outra através de células reprodutivas. O germoplasma contém os genes que dirigem o desenvolvimento de qualquer ser vivo e constituem a base física da herança biológica. É da combinação de genes que surgem as diversidades genéticas que, por sua vez, têm sido a base do melhoramento de culturas no passado, presente e futuro. A utilização de germoplasma, nos programas genético, é essencial, pois, as coleções de germoplasma vêm sendo mantidas em instituições diversas, as quais têm, por responsabilidade, garantir a sua variedade genética, seja pela iniciativa de coletar periodicamente recursos genéticos ou por favorecer o intercâmbio com outros bancos ativos de germoplasma, de forma a multiplicar e distribuir tais coleções entre os usuários, assim como promover a sua caracterização por diferentes procedimentos. Um banco de germoplasma deve conter uma variabilidade genética mínima que represente o acesso (tamanho efetivo e freqüência de alelos), seja cultivar elite ou primitiva, população, raça, espécie ou gênero. Tal número é discutível e varia de acordo com o tipo do germoplasma que compõe o banco. O germoplasma encontra- se dividido em cinco categorias distintas: parentes silvestres; populações locais (landraces) ou cultivares primitivas; cultivares que foram substituídas; linhagens experimentais, mutações e outros produtos dos programas de melhoramento; cultivares modernas. O BAG é uma coleção de amostras de germoplasma, representando a variação genética de uma população ou de um indivíduo propagado clonalmente, comumente usada para propósitos de pesquisa e utilização de materiais; sua 18 importância vem da necessidade e do interesse de se conservar e preservar a diversidade genética dos vários acessos que o compõem, os quais alimentarão as atividades de pesquisa e de intercâmbio nacional e internacional. As curadorias de BAGs, de um modo geral, têm tido a preferência de botânicos. Entretanto, a interação entre botânicos e melhoristas tem sido pequena muitos acessos têm sido coletados para os herbários, contudo, sem nenhum resgate como recursos genéticos. Na Embrapa Semi-Árido, por exemplo, apesar de terem sido feitas várias expedições para estudos botânicos com as palmeiras, nenhuma semente foi trazida para o Centro. Uma análise mais profunda da situação verificará que o fato é comum na maioria das ações de botânica na região. Mais recentemente, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia tem proporcionado ampla oportunidade de interação entre os dois tipos de profissionais, seja através de projetos e subprojetos de pesquisa em recursos genéticos, seja em treinamentos de curta duração. Embora, ainda não esteja completamente desenvolvido, o sistema de curadorias criado pela Embrapa com os curadores de germoplasma, tem dado uma ampla oportunidade de estudar os recursos genéticos em maior profundidade, objetivando o aproveitamento dos mesmos em programas de melhoramento que atendam. Existem diferentes tipos de germoplasma que podem ser utilizados como fonte de variabilidade nos programas de melhoramento de plantas. Abaixo temos os diferentes tipos de germoplasma, divididos por origem: *Centros de diversidade: cultivares primitivas, híbridos naturais entre cultivares primitivos e parentes selvagens, parentes selvagens, gêneros relacionados; *Centros de cultivo: cultivares comerciais, cultivares obsoletos, cultivares menores e tipos para propósitos especiais, cultivares crioulas; *Programas de melhoramento: cultivares de origem híbrida, linhagens, híbridos, populações melhoradas. O conceito de pool gênico foi proposto numa tentativa de ser um guia prático para o relacionamento entre as espécies cultivadas e espécies aparentadas. Os diferentes genótipos que fazem parte de um germoplasma são classificados pela facilidade de hibridação, ou seja, na facilidade de troca de genes entre eles. *Pool gênico primário: espécies com as quais o cruzamento é fácil, sem mostrar esterilidade. Exemplo: cultivares comerciais, cultivares crioulos, subespécies, etc. 19 *Pool gênico secundário: incluem espécies em que o cruzamento é possível, mas difícil. Incluem espécies relacionadas do mesmo gênero, apesar de que nem todas as espécies do mesmo gênero pertençam a este grupo. *Pool gênico terciário: em geral incluem espécies pouco aparentadas em outros gêneros, ou espécies pouco relacionadas do mesmo gênero. Em geral a hibridação é muito difícil, com necessidade de resgate de embriões e enxertia, entre outras medidas. *Pool gênico quartenário: este é um novo grupo formado com o desenvolvimento das técnicas de biotecnologia vegetal. Os genes das espécies doadoras serão transferidos através das técnicas de transformação genética. As coleções são conjuntos de genótipos representativos da variabilidade genética da espécie objeto da conservação. As coleções de germoplasma se dividem em coleção base, ativa, nuclear e de trabalho. A Coleção base agrupa a variabilidade possível das espécies alvo, incluindo parentais selvagens, cultivares, cultivares tradicionais e elites. Tem a função de conservação do germoplasma a longo prazo e como precaução contra possíveis perdas, e não para distribuição ou intercâmbio. A Coleção ativa faz a conservação a curto e médio prazo, para gestão e distribuição. Nestes locais são mantidas amostras oriundas de coleções base, dedicando-se a avaliação, documentação e intercâmbio de germoplasma. A Coleção nuclear reúne a maior variabilidade genética de uma espécie no menor número possível de amostras. A Coleção de trabalho ou do melhorista fornece material para o melhorista ou para instituições de pesquisaque fazem melhoramento. As sementes são conservadas a curto prazo. De acordo com o tipo de amostra, os bancos de germoplasma podem ser divididos em: bancos de sementes, bancos de campo, bancos in vitro e bancos in situ. Os Bancos de sementes conservam sementes ortodoxas em condições controladas de temperatura e umidade. Os Bancos de campo conservam espécies com sementes recalcitrantes ou de propagação vegetativa (café, citrus, cacau, mandioca, cana-de-açúcar). Os Bancos in vitro são coleções de germoplasma mantidos em laboratório em condições que reduzam o crescimento das amostras. A conservação é feita através de meristemas ou outros tecidos das plantas. Os 20 Bancos in situ são coleções de germoplasma conservadas no local de origem. Esses bancos são constituídos de reservas genéticas ou conservação de ecossistemas. 21 5 REFERÊNCIAS ARAÚJO, P.M. PATERNIANI. E. Aspectos Gerais de Plantas Alógamas. In Melhoramento Genético de Plantas. Editora UEL, Londrina – PR, 820p. 1999. BESPALHOK F. J. C. Transformação genética de plantas. In: DESTRO D, MONTALVAN R. (Org.). Melhoramento Genético de Plantas. LONDRINA, PR: UEL, 1999. BORÉM, A. Melhoramento de plantas. Viçosa: Editora da UFV, 1997. 547p. DANTAS, J. 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