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INTERPRETAÇÃO_DE_TEXTO_CPPB

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1 
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 
 
Introdução: 
 
O estudo da interpretação de textos pressupõe o ato de ler. A leitura faz como que o candidato 
adquira estruturas linguísticas que não conhece, formações sintáticas diferentes, além do conteúdo lido, 
como forma de aumento da sua bagagem cultural. 
A aprendizagem como um todo depende do desempenho da leitura, do nível de inferências e 
intertextualidades que o candidato consegue fazer. Para tal, é necessário que se leia constantemente, que 
se crie um habito de leitura como forma de adquirir conhecimento, mas como forma de crescimento 
pessoal e intelectual. 
Vivemos um mundo de informações e a rapidez com que essas informações se processam é 
tamanha que não há como acompanhar as mudanças sem que se façam leituras de diversos assuntos, os 
mais variados autores, das mais diversas visões. Não existe mais simplesmente o certo e o errado. O 
que existe são variadas leituras e opiniões as mais diferentes acerca de assuntos também diversos: 
economia, segurança, sociedade, ciência, meio ambiente, relações humanas, trabalho, história, esporte. 
Em provas de concursos públicos, os candidatos não vão bem em interpretação de textos, 
gramática, e em outras matérias, por não compreenderem o comando da questão, não entenderem o 
que está sendo pedido no item. É suma importância que o candidato saiba o que se pede para executar 
com exatidão a resposta. 
O que deve estar em sua mente agora, ao ler esta pequena introdução, é o que devo ler? Que tipo de 
texto ou livro devo ler? A resposta está dentro de você no começo. Tudo o que interessa a você deve ser 
alvo de sua leitura. Gosta de gastronomia? Leia sobre gastronomia, revistas de circulação nacional, 
como Veja ou Isto É, com este assunto. Tente o segundo assunto que mais interessa a você, leia tudo 
sobre isso. Assim, você acaba por adquirir o hábito de leitura. Mais um pouco e estará lendo sobre 
economia e meio ambiente sem titubear. 
Neste trabalho, você encontrará os conceitos acerca dos preceitos da intelecção de textos, suas 
aplicabilidades para a melhor compreensão de um texto por parte do candidato. Também encontrará 
explicações mais objetivas e diretas, baseadas na teoria existente, contudo colocadas de uma maneira 
mais acessível e mais voltada para o cenário dos concursos e para as maiores bancas. 
Mãos à obra? 
 
 
 COMECE LENDO 
 
 Para começar os estudos, a leitura é de suma importância. Ler qualquer texto não ajuda muito, 
mas não ler nada prejudica sobremaneira o grau de interpretabilidade das pessoas. Portanto, a escolha 
de um tempo do dia para ler é necessária – pelo menos uma hora. 
Caso não haja edital ainda, as dicas são: 
1. Escolha, a priori, textos que sejam da área de interesse, algo que chame a sua atenção e 
principalmente a prenda. Isso fará com que a leitura seja agradável e que se crie o hábito de ler. 
2. Leia o texto se interessando pelo conteúdo. Sem o devido interesse em entender o texto não há 
como absorver tudo o que ele pode te trazer. Sinta vontade de aprender coisas novas. Escolha 
textos periféricos em relação à sua área de interesse. 
3. Qualquer tipo de texto serve, neste começo, quer-se apenas criar o hábito de ler. Escolha artigos 
de jornal, revistas semanais, mensais, textos ora mais densos no assunto, ora mais leves. 
 
 2 
4. Textos de provas de concurso anteriores de bancas renomadas também servem. Lembre-se: 
queira aprender as informações que o texto passa. 
5. Esta dica requer um pouco mais de tempo: convém fazer resumos dos textos lidos. Isso faz 
com que você se force a elaborar um texto, seu texto, com as ideias do autor, sem fugir da linha 
argumentativa do autor. 
 
Caso o edital já esteja publicado, as dicas mudam: 
1. Selecione as provas anteriores da banca e estude quais tipos de texto e de assuntos mais são 
cobrados nas questões de língua portuguesa. Preste atenção também nas fontes de cada texto – 
geralmente, há preferência por determinadas revistas ou jornais. 
2. Passe a ler essas fontes, essas revistas e jornais. Torne sua leitura prazerosa: escolha um lugar 
calmo para ler. Preste atenção nas informações passadas. 
3. Na hora de fazer as questões de intepretação de textos da banca de seu concurso, primeiro leia 
os itens ou as questões inteiras, somente depois leia o texto. Isso fará sua leitura naturalmente 
‘procurar’ a resposta. 
4. Na hora do concurso, no dia D, pode também seguir essa diretriz de se ler as questões primeiro 
e depois o texto, porque você ganhará tempo e será mais preciso. Lembre-se de que você estará 
mais treinado assim. 
 
TEXTO LITERÁRIO E NÃO-LITERÁRIO 
 
 
O texto literário consiste em um texto voltado para o lado lúdico, do entretenimento. É um 
texto com características subjetivas e é facilmente identificado pela possibilidade de se ter várias leituras, 
variadas interpretações, a partir do mesmo texto. O texto literário é um texto conotativo, ou seja, possui 
linguagem figurada, linguagem mais livre de sentidos e significados. 
 
O texto não literário consiste em um texto voltado para a informação, o ato de referenciar algo. 
É um texto com características objetivas e é facilmente identificado pela impossibilidade de se ter varias 
leituras, variadas interpretações. Ele possui apenas uma intepretação ou se propõe a isso, para que a 
informação passada seja a mais precisa possível. O texto não literário é denotativo, ou seja, possui a 
linguagem direta, sem rodeios, um sentido mais voltado ao real, ao palpável. 
 
Dependendo da banca, um ou outro texto aparece mais. Bancas como CESPE, ESAF, 
UNIVERSA, IADES têm mais propensão a cobrarem o texto não literário, porque se podem fazer 
perguntas mais aprofundadas acerca de suas inferências. Já outras bancas preferem o texto literário em 
suas provas, porém as perguntas feitas serão mais superficiais. 
 
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO 
 
 As palavras são usadas em diversas situações da vida, dependem de cada usuário da língua, de 
suas crenças, de sua bagagem cultural, da vivencia e convivência de cada um. Há duas formas de se ter 
o sentido das palavras nesses variados contextos: o denotativo e o conotativo. 
 
 O sentido real que as palavras têm, o sentido já dicionarizado, aquele sentido comumente usado 
e mais objetivo, para passar informação mais precisa sem correr riscos de interpretações diferentes, esse 
sentido tem o nome de denotativo. 
 
 3 
 
 O sentido figurado, fora do sentido real ou usado normalmente, aquele sentido inusitado, 
inesperado, usado em linguagem mais informais, menos objetivas, mais leves e descompromissadas 
com o teor informado de precisão, a esse sentido dá-se o nome de sentido conotativo. 
 
 Denotativo: Obama não está preocupado com a integridade territorial da Ucrânia, o ‘Ocidente’ não está chocado com a 
corrupção escandalosa do governo Yanukovich, nem Putin está pensando na segurança das minorias russas na Ucrânia.(Guerra Fria 
- Roberto Amaral, em http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-guerra-fria-por-outros-meios-6748.html) 
 
 Conotativo: “O amor é fogo que arde sem se ver/E ferida que dói e não se sente./É contentamento descontente.” (Luiz 
de Camões) 
 
 
 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
 
 
A linguagem possui apenas uma função realmente: comunicar. E que função! Contudo, comunicar 
é extremamente complexo. A comunicação possui seis elementos imutáveis. Toda comunicação, por 
mais estranha que pareça, possui os seis elementos a seguir: 
 
1. Emissor: aquele que transmite, emite, a mensagem. 
2. Receptor: aquele com quem o emissor se comunica. 
3. Mensagem: aquilo que se transmite ao receptor, o teor da comunicação. 
4. Referente: assunto da mensagem, do que trata a comunicação. 
5. Código: convenção social que permite ao receptor compreender a mensagem, qualquer sistema 
combinado para a comunicação da mensagem.6. Canal: meio físico que conduz a mensagem ao receptor, qualquer elemento por meio do qual a 
mensagem pode ser passada. 
 
Cada elemento da comunicação possui interesses na comunicação: ora se quer falar de si mesmo; 
ora se quer convencer alguém de alguma coisa; ora se quer dar mais peso à mensagem que se pretende 
passar ou mesmo dar peso à maneira de se comunicar algo; ora se precisa enfatizar o código utilizado; 
ora ainda se valoriza na comunicação o meio que se usou para informar algo. Assim, pode-se ter as 
funções (para que serve a comunicação) da linguagem. 
 
Pode haver mais de uma função no texto, mas somente uma é a real intenção do autor ao fazer o 
texto. Esta será a função predominante. Imagine um texto no jornal que fale sobre a cidade de Madri e 
tudo o que nela há de interessante. Logo depois deste texto, que contém depoimentos de várias 
pessoas, tudo em 1ª pessoa, depois deles vem um texto pequeno, letras miúdas, que diz: “Se você deseja 
conhecer Madri, a Ibéria leva você em 6x sem juros no seu cartão de crédito.” Qual seria a função 
predominante? Expressiva, por conter depoimentos em primeira pessoa? Referencial, por conter 
informações acerca da cidade espanhola? Apelativa, por tentar vender a passagem? Difícil? Agora pense 
assim: qual a real intenção do autor do texto? Falar de Madri, dar exemplos das pessoas ou vender a 
passagem? Então, assim ficou mais fácil. Apelativa, pois todas as outras funções serviam para 
convencer o leitor a comprar a passagem. 
 
EMOTIVA ou EXPRESSIVA 
 
 4 
É a função do emissor, voltada para aquele que emite a mensagem da comunicação. Está centrada 
na expressão dos sentimentos, emoções e opiniões do emissor. É subjetivo e pessoal em relação à 
mensagem. É comum nesse tipo de função a presença de interjeições, reticências, pontos de 
exclamação, mas, principalmente, de verbos na 1ª pessoa. 
 
“Amo-te tanto, meu amor, não cante” 
Experimentei e gostei do novo tempero pronto. 
 
CONATIVA ou APELATIVA 
 É a função do receptor. Comunicação focada no receptor da comunicação, focada em convencer 
este receptor de alguma coisa. Ocorre quando o receptor é posto em destaque e é estimulado pela 
mensagem. O emprego do modo imperativo dos verbos e vocativos são bastante utilizados nessa 
função. A propaganda é a melhor forma de exemplificar essa função. 
 
 “Compre batom, compre batom, compre batom” 
 “Ligue já, não perca essa oportunidade” 
 
REFERENCIAL ou INFORMATIVA 
É a função do referente, do assunto da comunicação. Ocorre quando o emissor foca a 
comunicação no informar, no assunto. Os textos baseados nessa função são claros e diretos, objetivos e 
possuem a linguagem denotativa. Textos jornalísticos, os científicos e os didáticos são dessa função 
principalmente. 
 
Madri é uma cidade excelente para se passar férias. Lá se encontram varias artistas e a cultura da cidade é fervilhante. Madri 
possui inúmeros museus, bares, restaurantes de interesse mundial. 
 
POÉTICA 
 É a função da mensagem, aquela comunicação focada no como passar a mensagem. A maneira 
como se passar a mensagem é mais importante do que a própria mensagem em si. Muda-se a forma 
comum de se comunicar. O texto não é objetivo, traz uma fala cheia de rodeios, transmite pouca 
informação. A função poética ocorre tanto em prosa como em verso. Exemplo: mandar mensagem 
fonada a alguém, ou aqueles carros preparados para mandar mensagens de som às pessoas. 
 
 “Nascemos um para o outro dessa argila. /De que são feitas as criaturas raras. / Tens legendas pagãs nas carnes claras. /Eu 
tenho a alma dos faunos na pupila.” (Argila – Raul de Leone) 
 
METALINGUÍSTICA 
É a função do código, quando o emissor foca a comunicação na condição do código, em como 
‘brincar’ com a linguagem escolhida, com o código que se escolheu para o ato de comunicar. 
Metalinguagem significa a autoexplicação de algo, quando o elemento do código explica a sim mesmo. 
Por exemplo, acontece quando um poeta escreve sua poesia explicando como se faz poesia, quando o 
professor de gramática ensina gramática. O dicionário é o melhor exemplo de metalinguagem. 
 
 P, significa pequeno; M, médio; G, grande; e GG, gordo grande?; GG, grande gordo? E XGG? ViXe que gordo grande? 
 
FÁTICA 
 É a função do canal, um teste de canal para ver se está estabelecida a comunicação. Facilmente 
perceptível no começo de comunicações para se chamar a atenção: ‘Bom-dia!’, ‘Querida amiga,’ 
 
 5 
 
 “Olá, como vai? 
 Vou indo e você como está?” 
 
 
 
 
 
 
TIPOLOGIA TEXTUAL 
 
 
Trabalharemos aqui apenas cinco tipos de texto, porque são os que são cobrados em provas de 
concursos. Tipologia textual significa saber qual tipo de texto diz respeito a fragmentos textuais 
expostos nas provas. Principalmente, deve-se saber identificar características inerentes a cada um dos 
cinco tipos textuais. 
 
1. A NARRAÇÃO 
É o texto que se dispõe a contar uma história, narrar um acontecimento, fazer uma sequência de 
ações. Essa história contém cinco elementos: narrador, tempo, espaço, enredo, personagem. 
 
 O presbítero Eurico era o pastor da pobre paróquia de Cartéia. Descendente de uma antiga família bárbara, 
gardingo na corte de Vítiza, depois de ter sido tiufado ou milenário do exército visigótico vivera os ligeiros dias da 
mocidade no meio dos deleites da opulenta Toletum. Rico, poderoso, gentil, o amor viera, apesar disso, quebrar a cadeia 
brilhante da sua felicidade. Namorado de Hermengarda, filha de Favila, duque de Cantábria, e irmã do valoroso e 
depois tão célebre Pelágio, o seu amor fora infeliz. O orgulhoso Favila não consentira que o menos nobre gardingo 
pusesse tão alto a mira dos seus desejos. Depois de mil provas de um afeto imenso, de uma paixão ardente, o moço 
guerreiro vira submergir todas as suas esperanças. Eurico era uma destas almas ricas de sublime poesia a que o mundo 
deu o nome de imaginações desregradas, porque não é para o mundo entendê-las. Desventurado, o seu coração de fogo 
queimou-lhe o viço da existência ao despertar dos sonhos do amor que o tinham embalado. A ingratidão de 
Hermengarda, que parecera ceder sem resistência à vontade de seu pai, e o orgulho insultuoso do velho prócer deram 
em terra com aquele ânimo, que o aspecto da morte não seria capaz de abater. A melancolia que o devorava, 
consumindo-lhe as forças, fê-lo cair em longa e perigosa enfermidade, e, quando a energia de uma constituição vigorosa 
o arrancou das bordas do túmulo, semelhante ao anjo rebelde, os toques belos e puros do seu gesto formoso e varonil 
transpareciam-lhe a custo através do véu de muda tristeza que lhe entenebrecia a fronte. O cedro pendia fulminado pelo 
fogo do céu. 
 
HERCULANO, Alexandre. Eurico, o presbítero. 7ed. São Paulo : Ática, 1988 (Bom Livro) p. 4. 
 
 
 
2. A DESCRIÇÃO 
 É o texto em que se caracteriza uma pessoa, um animal, um objeto ou uma situação qualquer. É 
um texto em que não há progressão temporal, já que apenas põe em evidência as propriedades e 
aspectos dos elementos num certo estado, considerado como se estivesse parado. 
 Nos enunciados descritivos podem até aparecer verbos que exprimam ação, movimento, mas os 
movimentos são sempre simultâneos, não indicando progressão de um estado anterior para outro 
posterior. 
 
 
 O presbitério, situado no meio da povoação, era um edifício humilde, como todos os que ainda 
subsistem alevantados pelos godos sobre o solo da Espanha. Cantos enormes sem cimento alteíam-lhe 
 
 6 
os muros; cobre-lhe o âmbito um teto achatado, tecido de grossas traves de carvalho subpostas ao 
tênue colmo: o seu portal profundo e estreito pressagia de certo modo a misteriosa portada da catedral 
da Idade Média: as suas janelas, por onde a claridade, passando para o interior, se transforma em 
tristonho crepúsculo, sãocomo um tipo indeciso e rude das frestas que, depois, alumiaram os templos 
edificados no décimo quarto século, através das quais, coada por vidros de mil cores, a luz ia bater 
melancólica nos alvos panos dos muros gigantes e estampar neles as sombras das colunas e arcos 
enredados das naves. Mas, se o presbitério visigótico, no escasso da claridade, se aproxima do tipo 
cristão de arquitetura, no resto revela que ainda as idéias grosseiras do culto de Odin não se tem 
apagado de todo nos filhos e netos dos bárbaros, convertidos há três ou quatro séculos à crença do 
Crucificado. 
 
HERCULANO, Alexandre. Eurico, o presbítero. 7ed. São Paulo : Ática, 1988 (Bom Livro) 
 
 
 Podemos ter dois tipos de descrição: a psicológica/subjetiva e a física/objetiva. A descrição 
psicológica é aquela em que se faz descrição baseada nas emoções e impressões que o autor tem. Já a 
física descreve de forma externa, por fora do autor, apenas a visualização racional é usada. 
 
 
 
3. A DISSERTAÇÃO 
É o texto em que se faz uma exposição de opiniões, pontos de vista, fundamentados em 
argumentos e raciocínios. O texto dissertativo baseia-se em afirmações que transmitem um conceito 
relativo, pois suscitam dúvidas, hesitações. Nele, aparecem os pontos de vista diferentes e conflitantes e 
os graus de verdade e/ou falsidade. 
 O texto dissertativo possui a estrutura tradicional de um texto em tese. Introdução, em que se 
apresenta o texto, expondo o assunto, a tese e a linha de argumentos a ser seguida no restante do texto; 
desenvolvimento, que que se explicam os argumentos, fazem-se conceituações, especificações; 
conclusão, em que se reafirma a tese defendida ou ainda se expõe, soluções. 
 
 
3.1. ARGUMENTATIVO – consiste no texto que tem como objetivo o convencimento do leitor 
por meio de afirmações e premissas verdadeiras, como linha de raciocínio segura, lógica, 
com vistas a convencer este leitor do ponto de vista, da tese do texto lido. 
 
Amarelo esverdeado 
Uma das mais espetaculares conversões compulsórias à causa do desenvolvimento sustentável 
se dá neste momento na China. E não por outra razão senão pelo fato de que todas as medidas 
anunciadas pelos governos locais contra a poluição do ar em algumas das mais importantes cidades 
chinesas - inclusive Pequim – têm se revelado impotentes diante de tanta fumaça, poeira e materiais 
particulados. 
 Quando o primeiro-ministro Li Keqiang declarou há uma semana “guerra contra a poluição” se 
comprometendo a combatê-la “com a mesma determinação com que lutamos contra a pobreza”, 
chamava para o governo central a responsabilidade de apresentar novas soluções para um problema 
cada vez mais incômodo. 
“A natureza já lançou um alerta vermelho contra o modelo ineficiente e cego desenvolvimento", 
afirmou Li, ao justificar na Assembléia Nacional Popular porque as medidas ambientais aparecem 
reunidas em uma das 9 grandes metas que o país deseja alcançar até 2030. 
 
 7 
 Modernizar e reequipar as térmicas a carvão (principal fonte de energia do país), fechar 50 mil 
pequenos fornos de carvão para múltiplos usos este ano, retirar 6 milhões de veículos ineficientes das 
ruas (e substituí-los por modelos menos poluentes), manter a política de reduzir a intensidade do 
consumo de energia por unidade do PIB (a redução prevista para este ano é de 3,9%) e reflorestar o 
país em ritmo acelerado (meta para este ano é de plantar árvores em uma área equivalente a 330 mil 
campos de futebol) são algumas das medidas emergenciais anunciadas em resposta a esse imenso 
desconforto que se estende por toda a região norte do país. 
 http://g1.globo.com/natureza/blog/mundo-sustentavel/1.html 
 
 
3.2. EXPOSITIVO – consiste em um texto que visa à informação apenas, sem pretensão de 
convencimento. Este texto pretende explicar ideias, com dados ou mesmo exemplificações, 
apenas interprete ideias, conceitos. É texto de dissertação indireto, que convence, mas com 
a explanação das ideias e não com força persuasiva. 
 
 
 
A maioria dos comentários sobre crimes ou se limitam a pedir de volta o autoritarismo ou a 
culpar a violência do cinema e da televisão, por excitar a imaginação criminosa dos jovens. 
Poucos são aqueles que pensam que vivemos em uma sociedade que estimula, de forma 
sistemática, a passividade, o rancor, a impotência, a inveja e o sentimento de nulidade nas pessoas. Não 
podemos interferir na política, porque nos ensinaram a perder o gosto pelo bem comum; não podemos 
tentar mudar nossas relações afetivas, porque isso é assunto de cientistas; não podemos, enfim, 
imaginar modos de viver mais dignos, mais cooperativos e solidários, porque isso é coisa de 
“obscurantista, idealista, perdedor ou ideólogo fanático”, e o mundo é dos fazedores de dinheiro. 
 Somos uma espécie que possui o poder da imaginação, da criatividade, da afirmação e da 
agressividade. Se isso não pode aparecer, surge, no lugar, a reação cega ao que nos impede de criar, de 
colocar no mundo algo de nossa marca, de nosso desejo, de nossa vontade de poder. Quem sabe e 
pode usar – com firmeza, agressividade, criatividade e afirmatividade – a sua capacidade de doar e 
transformar a vida, raramente precisa matar inocentes de maneira bruta. 
 Existem mil outras maneiras de nos sentirmos potentes, de nos sentirmos capazes de imprimir 
um curso à vida que não seja pela força das armas, da violência física ou da evasão pelas drogas, legais 
ou ilegais, pouco importa. 
 
Jurandir Freire Costa. In: Quatro autores em busca do Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 
43 (com adaptações). 
 
4. INJUNTIVO – consiste em um texto instrucional, que indica procedimentos a serem 
realizados, como se fosse uma espécie de manual de uso de algo. A intenção de um texto desses 
pode ser persuasiva ou apenas instrutiva. São exemplos de textos injuntivos as receitas 
(culinárias ou médicas); os manuais de instrução: as bulas de remédios, artigos e leis, de modo 
geral; placas de sinalização de trânsito; editais de concursos; campanhas comunitárias etc. 
 
 
Este tipo de texto já caiu em prova de concurso, no CESPE, veja: 
 
 
Cuidados para evitar envenenamentos 
 
 Mantenha sempre medicamentos e produtos tóxicos fora do alcance das crianças; 
 Não utilize medicamentos sem orientação de um médico e leia a bula antes de consumi-los; 
 
 8 
 Não armazene restos de medicamentos e tenha atenção ao seu prazo de validade; 
 Nunca deixe de ler o rótulo ou a bula antes de usar qualquer medicamento; 
 Evite tomar remédio na frente de crianças; 
 Não ingira nem dê remédio no escuro para que não haja trocas perigosas; 
 Não utilize remédios sem orientação médica e com prazo de validade vencido; 
 Mantenha os medicamentos nas embalagens originais; 
 Cuidado com remédios de uso infantil e de uso adulto com embalagens muito parecidas; erros de 
identificação podem causar intoxicações graves e, às vezes, fatais; 
 Pílulas coloridas, embalagens e garrafas bonitas, brilhantes e atraentes, odor e sabor adocicados 
despertam a atenção e a curiosidade natural das crianças; não estimule essa curiosidade; mantenha 
medicamentos e produtos domésticos trancados e fora do alcance dos pequenos. 
 
Internet: HTTP://189.28.128.100/portal/aplicacoes/noticias (com adaptações) 
 
 
5. PREDITIVO – consiste em texto que faz previsões. Texto em que o autor pretende antecipar 
informação, ou uma ideia. Podem ser descrições, narrações ou dissertações futuras em que o 
autor antecipa uma informação, uma idéia, um saber. 
 
São exemplos de textos preditivos as previsões em geral: boletins meteorológicos, programas de 
eventos e viagens, leituras de sorte, profecias, horóscopos, prenúncios de comportamentos e situações, 
ata do COPOM – Comitê de Políticas Monetária, do Banco Central do Brasil – etc. 
 
Este tipode texto já caiu em prova de concurso, na Universa (Funiversa), veja: 
 
 Daqui a uns cinquenta anos, alguns dos recursos usados hoje em sala de aula e considerados 
modernos provavelmente estarão obsoletos. Novos utensílios serão desenvolvidos; alguns até, quem 
sabe, revolucionários. No entanto, na opinião da doutora em educação pela Pontifícia Universidade 
Católica do Rio de Janeiro, a professora Andrea Ramal, não serão ferramentas de última geração que 
marcarão a aula do futuro. Para ela, os novos rumos da educação estão mais relacionados à postura de 
professores e alunos em sala de aula. "Imagino a sala de aula do futuro como um lugar comunicativo, 
sendo o espaço da polifonia, da diversidade das vozes, onde todos poderão se comunicar, se posicionar, 
e onde, desse diálogo, vai se produzir conhecimento", prevê a doutora. 
 “A aula do futuro, a meu ver, será formada por grupos, reunidos por interesses em temas 
específicos, e não por faixas etárias, exclusivamente; equipes multidisciplinares, trabalhando juntas nos 
colégios, e não divididas em áreas como português, matemática, geografia, história. Serão equipes de 
trabalho, formadas por professores e alunos, desenvolvendo projetos juntos. A avaliação não será a 
mesma para todos e não vai ser determinada por uma única pessoa. Isso porque existirão tantos 
currículos quantas forem as navegações dos alunos. Como o indivíduo navegante é o próprio autor, 
haverá um currículo por aluno. No fundo, existirão avaliações diversificadas, por competências, e não 
por conteúdos; em síntese: uma mudança radical, em que não vai mais existir o conceito de turma, mas 
de comunidade cooperativa de aprendizagem.” 
 
Internet: http://teclec.psico.ufrgs.br (com adaptações). Acesso em 8/7/2010. 
 
 
 
 
 
 
 9 
REESCRITURAS DE TEXTOS 
 
1. PARÁFRASE: é uma junção de do prefixo ‘para’, que significa semelhante, parecido, 
com a palavra ‘frase’, que simboliza o texto mesmo. Portanto, dizer que há paráfrase 
significa dizer que houve uma reescritura textual, mantendo-se seu sentido original. 
Sendo assim, nada se acrescenta ao texto parafraseado e nada se extrai dele. 
 
2. PERÍFRASE (antonomásia): é a junção do prefixo ‘peri’, que significa em torno de, em 
volta de, com a palavra ‘frase’, que simboliza o texto mesmo. A perífrase pode 
acontecer tanto na palavra, na expressão ou mesmo no texto. Se dissermos O Rei do 
Futebol foi à Cidade Luz para palestrar, dir-se-á o mesmo que Pelé foi a Paris para palestrar. 
Portanto, a expressão “Rei do Futebol” remete a Pelé, sem precisar se referir ou ter se 
referido a ele no texto. Consiste mesmo em uma espécie de apelido consagrado 
popularmente. 
 
3. RESUMO: é uma redução fidedigna das informações e ideias do texto original. É a 
redução de informações terciárias e secundárias, mantendo as que têm mais pertinência 
e são centrais ao texto. Deve-se manter sempre a mesma formação do texto original. 
Um resumo não mexe no texto, não o desconfigura, não o reescreve, apenas o diminui. 
 
4. SÍNTESE: sintetizar é resumir com as próprias palavras, sem se preocupar em seguir a 
ordem das informações passadas (como ocorre com o resumo). Portanto, pode-se 
sintetizar um texto apenas reunindo as informações mais apropriadas e pertinentes ao 
todo do texto. 
 
 
PROCESSOS DE COESÃO TEXTUAL 
 
A coesão de um texto é decorrente das relações de sentido que se operam entre os seus 
elementos. Muitas vezes, a compreensão de um termo depende da interpretação de outro ao qual ele 
faz referência. Está-se falando aqui de união de sentidos. Tudo aquilo que servir para remeter a outro 
elemento dentro ou fora do texto, mas que se atenha ao sentido, é um elemento de coesão. 
 
Coerência significa que o texto como um todo possui uma ligação tal de seus termos que não se 
contradiz, não entra em erros sequenciais de explanação. Entender coerência é entender o texto inteiro, 
seu objetivo, sua viabilidade interpretativa. 
 
Os elementos de que a língua dispõe para relacionar termos ou segmentos na construção de um 
texto são os recursos vocabulares, sintáticos e semânticos – chamados de conectivos, coesivos ou 
conectores. 
 
Para esse estudo não vale a pena separar cada um dos tipos possíveis de elementos de coesão. 
Isso não faz sentido porque qualquer coisa mesmo pode ser considerada elemento de coesão. Veja só o 
exemplo: 
 
 
 10 
Pele veio a Brasília. Em seu discurso, destacou duas grandes “alegrias”: o futebol e seu filho Edinho. Este vai 
mal – pela atual situação –; aquele, pior –pela proximidade da derrota no Mundial. O Rei deixou-nos um recado: ‘eu 
voltarei’. 
Neste texto, perceba quanto elementos de coesão há. Tanto os que se ligam a elementos 
anteriores, quanto a posteriores. Ainda há elementos que se referem a elementos extratextuais, fora do 
texto. 
Veja: 
Pele veio a Brasília. Em seu discurso, [ele]destacou duas grandes “alegrias”: o futebol e seu filho Edinho. 
Este vai mal – pela atual situação –; aquele,[vai] pior –pela proximidade da derrota no Mundial. O Rei deixou-nos 
um recado: ‘eu voltarei’. 
 Os elementos destacados em negrito se referem a elementos anteriores no texto, perfazendo o 
que se chama de anáfora. 
 
Veja: 
 
Pele veio a Brasília. Em seu discurso, destacou duas grandes “alegrias”: o futebol e seu filho Edinho. 
Este vai mal – pela atual situação –; aquele, pior –pela proximidade da derrota no Mundial. O Rei deixou-nos um 
recado: ‘eu voltarei’. 
Os elementos destacados desta vez se referem a elementos posteriores, que ainda serão ditos no 
texto, ao que se dá o nome de catáfora. 
 
Pele veio a Brasília. Em seu discurso, destacou duas grandes “alegrias”: o futebol e seu filho Edinho. Este vai 
mal – pela atual situação –; aquele, pior –pela proximidade da derrota no Mundial. O Rei deixou-nos 
um recado: ‘eu voltarei’. 
Os elementos destacados agora se referem a informações extratextuais de inferência, de 
suposição que estão implícitas no texto, ao que se nomeia exófora. Veja entre colchetes: 
 
Pelé veio a Brasília. Em seu discurso, destacou duas grandes “alegrias”[as aspas indicam que há algum 
problema na palavra, ou seja, não serão alegrias de fato; aqui se tem ironia]: o futebol e seu filho Edinho. Este vai mal 
[pressupõe-se que antes estivesse bem]– pela atual situação [pressupõe-se que antes estivesse bem]–; aquele, pior [há 
uma comparação indireta com o futebol, que está pior que o Edinho]–pela proximidade da derrota [pode ter perdido 
há pouco tempo ou perderá em breve] no Mundial [pode ser a Copa – mais provável – ou mesmo mundial interclubes] . 
O Rei deixou-nos [a nós, os que em Brasília estão] um recado: ‘eu voltarei’ [para Brasília ou para o futebol – mais 
provável]. 
 
Vamos às teorias: 
1. Anáfora: elemento de coesão que se refere a termo anterior 
2. Catáfora: elemento de coesão que se refere a termo posterior 
3. Exófora: elemento de coesão que se refere a termo exterior 
4. Endófora: elemento de coesão que se refere a termo interior (Anáfora/Catáfora) 
 
Ainda se deve estudar o termo de coesão chamado de dêitico ou a dêixis. Este elemento 
consiste em ser um elemento de coesão que se refere à bagagem cultural do interlocutor do texto. 
Quando a interpretação do texto, sua compreensão, depender de uma informação que não está no 
texto, mas que seja óbvia do ponto de vista da cultura do leitor, essa relação de significado se chama de 
dêixis. 
Veja: 
 
 11 
 
“Minha terra tem palmeira 
Onde canta o sabiá 
As aves que aqui gorjeiam 
Não gorjeiam como lá” 
 
Os termos destacados se referem a lugares que não estão no texto em si. Eles precisam de quem 
lê para serem identificados. Percebe que, sem a informação de a que lugar se referem os elementos 
destacados, não há completude da compreensão do texto. Você entende o texto, mas não o 
compreende.Então, já tentou? 
 
“Minha terra [Brasil] tem palmeira 
Onde canta o sabiá 
As aves que aqui [Portugal] gorjeiam 
Não gorjeiam como lá [Brasil]” 
 
Então, minha terra/aqui/lá são elementos de coesão em dêixis. 
 
FIGURAS DE LINGUAGEM 
 
“Figuras de estilo / figuras de retórica (Portugal) ou figuras de linguagem (Brasil) são estratégias que o escritor 
pode aplicar no texto para conseguir um determinado efeito na interpretação do leitor, que são características globais do 
texto. Podem relacionar-se com aspectos semânticos, fonológicos ou sintáticos das palavras afetadas. É muito usada no dia-
a-dia das pessoas, nas canções e também é um recurso literário.” http://pt.wikipedia.org/wiki/Figuras_de_linguagem 
 
Essa é a definição geral, mas se você encarar o fato de que a figura de linguagem é utilizada para 
torcer a linguagem do texto, fazendo que tome outro significado ou mesmo uma maior força 
argumentativa. Usar a figura de linguagem significa usar de artifícios da língua para enriquecer, 
aumentar, esvaziar, dar força, tirar força, dar mais atenção, menos importância a qualquer coisa. 
Abaixo, uma poesia de Florbela Espanca, poeta portuguesa do começo do século XX, para que 
seja analisada quanto às figuras de linguagem. Serão dadas definições originais minhas a cada uma das 
figuras, visando a uma melhor compreensão do conteúdo e a uma maior aplicabilidade em provas de 
concursos. São amis de 130 figuras, porém trataremos apenas de 12 – as que sempre caem. 
Fanatismo 
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida 
Meus olhos andam cegos de te ver! 
Não és sequer razão de meu viver, 
Pois que tu és já toda a minha vida! 
 
Não vejo nada assim enlouquecida... 
Passo no mundo, meu Amor, a ler 
No misterioso livro do teu ser 
A mesma história tantas vezes lida! 
 
 
 12 
Tudo no mundo é frágil, tudo passa... 
Quando me dizem isto, toda a graça 
Duma boca divina fala em mim! 
 
E, olhos postos em ti, vivo de rastros: 
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros, 
Que tu és como Deus: princípio e fim!..." 
 
(Livro de Soror Saudade, 1923) – Florbela Espanca 
 
1. METONÍMIA: palavra usada no lugar de outra, unidas pelo sentido. Pode ser a parte pelo 
todo; o conteúdo pelo continente; o autor pela obra; material pelo objeto. 
 
Enquanto líamos Machado de Assis [obra], eles brindavam a ignorância. 
É com o suor [trabalho] do meu rosto que compro o pão [sucesso] para dentro de casa. 
Minh'alma [ela mesma], de sonhar-te, anda perdida 
Meus olhos [ela mesma] andam cegos de te ver! 
 
2. PARADOXO: ideias opostas usadas em concomitância como se fossem congruentes. Ideias em 
sentido oposto. 
 
“Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado 
Da vossa alta piedade me despido 
Porque quanto mais eu tenho delinquido 
A perdoar vos tenho mais empenhado” (Gregório de Matos Guerra) 
 
“O amor é fogo que arde sem se ver 
É ferida que dói e não se sente 
É contentamento descontente 
É dor que desatina sem doer” (Luiz de Camões) 
 
Meus olhos andam cegos de te ver! 
 
3. ANTÍTESE: consiste em usar palavras em sentido contrário no texto. Não necessariamente as 
ideias são contrárias, mas algo mais objetivo mesmo: preto/branco; gordo/magro etc. 
 
Meu Deus, que estas pendente em um madeiro 
Em cuja lei hei de morrer 
Em cuja lei protesto de viver 
Animoso, firme, constante, e inteiro 
 
Que tu és como Deus: princípio e fim!... 
 
4. HIPÉRBOLE: consiste em exagerar uma informação, colocar ao máximo sua intenção. Veja o 
tanto de recurso hiperbólico fora usado na poesia em análise. 
 
O ‘petit gateau’ estava dulcíssimo. 
 
 13 
A maior mostra de arte do mundo. 
Nunca na história deste país.... 
 
Pois que tu és já toda a minha vida! 
 
Não vejo nada assim enlouquecida... 
 
A mesma história tantas vezes lida! 
 
Duma boca divina fala em mim! 
 
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros, 
Que tu és como Deus: princípio e fim!..." 
 
5. METÁFORA: é a mãe de todas as figuras de linguagem. Se apertarmos um pouquinho, todas 
acabam sendo metáfora. Até mesmo a palavra ‘apertamos’ no período anterior constitui uma 
metáfora. É uma figura de linguagem que se caracteriza por se utilizar de palavras fora do 
sentido real, sentido colocado normalmente em dicionários. Alguns dizer ser uma figura de 
linguagem de comparação indireta, uma espécie de analogia. 
 
Ela é uma flor! 
O amor é fogo que arde sem se ver. 
Vi sorrir o amor que tu me deste... 
 
No misterioso livro do teu ser 
 
6. COMPARAÇÃO: é uma figura de linguagem que se chamava ‘símile’, que consiste em uma 
comparação direta, sem rodeios. Os elementos não perdem suas características em seus 
significados reais. 
 
Ela é igual a uma flor. 
Ver minh'alma adejar pelo infinito 
Qual branca vela n'amplidão dos mares 
 
Que tu és como Deus: princípio e fim!..." 
 
7. ANÁFORA: repetição enfática de termos. 
 
O amor é fogo que arde sem se ver 
É ferida que dói e não se sente 
É contentamento descontente 
É dor que desatina sem doer. 
 
O Brasil não só fará a Copa como dará um espetáculo no campo; não só irá vencer o campeonato como 
será invicto; não só fará tudo certo como será exemplo de organização. Você acredita? 
 
Tudo no mundo é frágil, tudo passa... 
 
 14 
 
8. ZEUGMA: consiste em uma omissão, supressão, de um termo que fora escrito antes. Todo 
zeugma pode ser chamado de elipse (supressão de termos da oração). 
 
Ana e Bia saíram: esta comprou bolsas; aquela, [comprou] sapatos. 
O amor é fogo que arde sem se ver 
[O amor]É ferida que dói e não se sente 
[O amor]É contentamento descontente 
[O amor]É dor que desatina sem doer. 
 
Tudo no mundo é frágil, tudo [no mundo] passa... 
 
Que tu és como Deus [é]: princípio e fim!..." 
 
9. ELIPSE: supressão de termos em uma oração. 
 
Sob a cabeça, ao aviões [voam, sobrevoam, estão etc.] 
Sob a meus pés, os chapadões [estão, ficam etc.] 
 
Quando me dizem isto,[sinto, vejo, tenho etc.] toda a graça 
 
"Ah! Podem voar mundos, [podem]morrer astros, 
 
10. HIPÉRBATO: consiste em inverter a ordem direta da frase. 
 
“De tudo, ao meu amor, serei atento 
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 
Que mesmo em face de um maior encanto 
Dele se encante mais meu pensamento.” (Vinícius de Moraes) 
 
“Ouviram do Ipiranga 
As margens plácidas 
De um povo heroico 
O brado retumbante.” (Hino Nacional) 
 
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida 
 
11. SINESTESIA: consiste na mescla de sentidos: olfato, tato, paladar, audição e visão. 
 
“Vozes veladas, veludosas vozes” (Cruz e Sousa) 
Perfume doce ou cítrico? 
 
12. PERSONIFICAÇÃO (prosopopeia): consiste em dar características humanas a serem e objetos. 
 
“Um dia triste” (Djavan) 
“Enquanto o fogo dançava com a chuva, ...” 
O Brasil se viu numa situação difícil para decidir.

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