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A ENTREVISTA PSICOLÓGICA E SUAS NUANÇAS

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A ENTREVISTA PSICOLÓGICA E SUAS NUANÇAS 
 
“Cada indivíduo tem um mundo interno diferente, e o estímulo tem um significado para cada um” (Irvin D. 
Yalom). 
I - UM BREVE HISTÓRICO 
A entrevista psicológica sofreu algumas modificações no início do século XIX, quando predominava o modelo 
médico. Naquela época, Kraepelin usava a entrevista com o objetivo de detalhar o comportamento do 
paciente, e, assim, poder identificar as síndromes e as doenças específicas que as classificavam segundo 
a nosografia vigente. Enquanto isso, Meyer, psiquiatra americano, se interessava pelo enfoque 
psicobiológico (aspectos biológicos, históricos, psicológicos e sociais) do entrevistado. A partir de Hartman 
e Anna Freud o interesse da entrevista se deslocou para as defesas do paciente. Isto é, a psicanálise teve 
sua influência na investigação dos processos psicológicos, sem enfatizar o aspecto diagnóstico, antes 
valorizado. 
Nos anos cinquenta, Deutsch e Murphy apresentaram sua técnica denominada Análise Associativa que 
considerava importante registrar não somente o que o paciente dizia, mas, também, em fornecer 
informações sobre o mesmo. Desse modo, desviou-se o foco sobre o comportamento psicopatológico para 
o comportamento dinâmico. Ainda nesta década, Sullivan concebeu a entrevista como um fenômeno 
sociológico, uma díade de interferência mútua. 
Após este período, a entrevista e o Aconselhamento Psicológicos se deixaram influenciar, entre outros, por 
Carl Rogers, cuja abordagem consiste em centrar no paciente. Ou seja, em procurar compreender, de 
acordo com o seu referencial, significados e componentes emocionais, tendo como base a sua aceitação 
incondicional por parte do entrevistador. 
II - DEFINIÇÃO DE ENTREVISTA PSICOLÓGICA 
A entrevista psicológica é um processo bidirecional de interação, entre duas ou mais pessoas com o 
propósito previamente fixado no qual uma delas, o entrevistador, procura saber o que acontece com a outra, 
o entrevistado, procurando agir conforme esse conhecimento (WIENS apud NUNES, In: CUNHA, 1993). 
Enquanto técnica, a entrevista tem seus próprios procedimentos empíricos através dos quais não somente 
se amplia e se verifica, mas, também, simultaneamente, absorve os conhecimentos científicos disponíveis. 
Nesse sentido, Bleger (1960) define a entrevista psicológica como sendo “um campo de trabalho no qual se 
investiga a conduta e a personalidade de seres humanos” (p.21). Uma outra definição caracteriza a 
entrevista psicológica como sendo “uma forma especial de conversão, um método sistemático para entrar 
na vida do outro, na sua intimidade” (RIBEIRO, 1988, p.154). Enfim, Gil (1999) compreende a entrevista 
como uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta 
como fonte de informação (p.117). 
A entrevista psicológica pode ser também um processo grupal, isto é, com um ou mais entrevistadores e/ou 
entrevistados. No entanto, esse instrumento é sempre em função da sua dinâmica, um fenômeno de grupo, 
mesmo que seja com a participação de um entrevistado e de um entrevistador. 
III - OS OBJETIVOS DA ENTREVISTA 
Com base nos critérios que objetivaram a entrevista em saúde mental, pode-se classificar a entrevista 
quanto aos seguintes objetivos: 
a) Diagnóstica – Visa estabelecer o diagnóstico e o prognóstico do paciente, bem como as indicações 
terapêuticas adequadas. Assim, faz-se necessário uma coleta de dados sobre a história do paciente e sua 
motivação para o tratamento. Quase sempre, a entrevista diagnóstica é parte de um processo mais amplo 
de avaliação clínica que inclui testagem psicológica; 
b) Psicoterápica – Procura colocar em prática estratégia de intervenção psicológica nas diversas 
abordagens - rogeriana (C. Rogers), jungiana (C. Jung), gestalt (F. Perls), bioenergética (A. Lowen), 
logoterapia (V. Frankl) e outras -, para acompanhar o paciente, esclarecer suas dificuldades, tentando ajudá-
lo à solucionar seus problemas; 
c) De Encaminhamento – Logo no início da entrevista, deve ficar claro para o entrevistado, que a mesma 
tem como objetivo indicar seu tratamento, e que este não será conduzido pelo entrevistador. Devem-se obter 
informações suficientes para se fazer uma indicação e, ao mesmo tempo evitar que o entrevistado 
desenvolva um vínculo forte, uma vez que pode dificultar o processo de encaminhar; 
d) De Seleção – O entrevistador deve ter um conhecimento prévio do currículo do entrevistado, do perfil do 
cargo, deve fazer uma sondagem sobre as informações que o candidato tem a respeito da empresa, e 
destacar os aspectos mais significativos do examinando em relação à vaga pleiteada, etc.; 
e) De Desligamento – Identifica os benefícios do tratamento por ocasião da alta do paciente, examina junto 
com ele os planos da pós-alta ou a necessidade de trabalhar algum problema ainda pendente. Essa 
entrevista também é utilizada com o funcionário que está deixando a empresa, e tem como o objetivo obter 
um feedback sobre o ambiente de trabalho, para providenciais intervenções do psicólogo em caso, por 
exemplo, de alta rotatividade de demissão num determinado setor; 
f) De Pesquisa – Investiga temas em áreas das mais diversas ciências, somente se realiza a partir da 
assinatura do entrevistado ou paciente, do documento: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
(Resolução CNS no 196/96), no qual estará explícita a garantia ao sigilo das suas informações e 
identificação, e liberdade de continuar ou não no processo. 
IV - A SEQUÊNCIA TEMPORAL DAS ENTREVISTAS DIAGNÓSTICAS 
Essa sequência pode ser subdividida em: entrevista inicial; entrevistas subsequentes e entrevista de 
devolução, caracterizadas de forma diferente, e mostrando objetivos distintos conforme o momento em que 
elas ocorram (GOLDER, 2000). 
a) Entrevista Inicial 
É a primeira entrevista de um processo de psicodiagnóstico. Semidirigida, durante a qual o sujeito fica livre 
para expor seus problemas. Segundo Fiorini (1987), o empenho do terapeuta nessa primeira entrevista pode 
ter uma influência decisiva na continuidade ou no abandono do tratamento (p.63). Pinheiro (2004) salienta 
que a mesma ocorre num certo contexto de relação constantemente negociada. O termo negociação se 
refere ao posicionamento definido como “um processo discursivo, através do qual [...] são situados numa 
conversação como participantes observáveis, subjetivamente coerentes em linhas de histórias 
conjuntamente produzidas”(DAVIES & HARRÉ apud PINHEIRO, 2004, p.186). 
Essa entrevista, geralmente, inicia-se com a chamada telefônica de um outro técnico, encaminhando o 
entrevistado para a avaliação psicodiagnóstica, ou com a chamada do próprio entrevistado. Tem como 
objetivos discutir expectativas, clarear as metas do trabalho, e colher informações sobre o entrevistado, que 
não poderiam ser obtidas de outras fontes. As primeiras impressões sobre o entrevistado, sua aparência, 
comportamento durante a espera, são dados que serão analisados pelo entrevistador, e que podem facilitar 
o processo de análise do caso. Para Gilliéron (1996), a primeira entrevista deve permitir conhecer: 
- O modo de chagada do paciente à consulta (por si mesmo, enviado por alguém ou a conselho de 
alguém, etc.); 
- O tipo de relação que o paciente procura estabelecer com o seu terapeuta; 
- As queixas iniciais verbalizadas pelo paciente, em particular a maneira pela qual ele formula seu 
pedido de ajuda (ou sua ausência de pedido). 
A partir dessas impressões e expectativas, entrevistador e entrevistado constroem mutuamente suas 
transferências, contratransferências, e resistências que foram ativadas bem antes de ocorrer o encontro 
propriamente dito. Um clima de confiança proporcionado pelo entrevistador facilita que o entrevistando 
revele seus pensamentos e sentimentos sem tanta defesa, portanto, com menos distorções. No final dessa 
entrevista devemficar esclarecidos os seguintes pontos: horários, duração das sessões, honorários, formas 
de pagamento (quando particular), condições para administrar instrumentos de testagem e para as 
condições de consulta a terceiros. 
b) Entrevistas Subsequentes 
Após a entrevista inicial, em que é obtida uma primeira impressão sobre a pessoa do paciente, 
esclarecimentos sobre os motivos da procura, e realização do contrato de trabalho de psicodiagnóstico, via 
de regra são necessários mais alguns encontros. O objetivo das entrevistas subsequentes é a obtenção de 
mais dados com riqueza de detalhes sobre a história do entrevistado, tais como: fases do seu 
desenvolvimento, escolaridade, relações familiares, profissionais, sociais e outros. 
c) Entrevista de Devolução ou Devolutiva 
No término do psicodiagnóstico, o técnico tem algo a dizer ao entrevistado em relação ao que fundamenta 
a indicação. Em 1991, Cunha, Freitas e Raymundo (apud NUNES, In: CUNHA, 1993), elaboraram algumas 
recomendações sobre a entrevista de devolução: 
- Após a interpretação dos dados, o entrevistador vai comunicar-lhe em que consiste o 
psicodiagnóstico, e indicar a terapêutica que julga mais adequada; 
- O entrevistador retoma os motivos da consulta, e a maneira como o processo de avaliação foi 
conduzido; 
- A devolução inicia com os aspectos menos comprometidos do paciente, ou seja, menos 
mobilizadores de ansiedade; 
- Deve-se evitar o uso de jargão técnico (expressões própria da ciência circulante entre os 
profissionais da área, em outras palavras “gíria profissional”), e iniciar por sintoma ligado 
diretamente à queixa principal; 
- A entrevista de devolução deve encerrar com a indicação terapêutica. 
V - DIFERENÇA ENTRE ENTREVISTA, CONSULTA E ANAMNESE 
A técnica da entrevista procede do campo da medicina, e inclui procedimentos semelhantes que não devem 
ser confundidos e nem superpostos à entrevista psicológica. Consulta não é sinônimo de entrevista. A 
consulta consiste numa assistência técnica ou profissional que pode ser realizada ou satisfeita, entre as 
mais diversas modalidades, através da entrevista. A entrevista não é uma anamnese. Esta implica numa 
compilação de dados preestabelecidos, que permitem fazer uma síntese, seja da situação presente, ou da 
história de doença e de saúde do indivíduo. Embora, se faça a anamnese com base na utilização correta 
dos princípios que regem a entrevista, porém, são bem diferenciadas nas suas funções. 
Na anamnese, o paciente é o mediador entre sua vida, sua enfermidade, e o médico. Quando por razões 
estatísticas ou para cumprir obrigações regulamentares de uma instituição, muitas vezes, ela é feita pelo 
pessoal de apoio ou auxiliar. A anamnese trabalha com a suposição de que o paciente conhece sua vida e 
está, portanto, capacitado para fornecer dados sobre a mesma. Enquanto que, a hipótese da entrevista é 
de que cada ser humano tem organizado a história de sua vida, e um esquema de seu presente, e destes 
temos que deduzir o que ele não sabe. Ou seja, “o que nos guia numa entrevista, do mesmo modo que em 
um tratamento, não é a fenomenologia reconhecível, mas o ignorado, a surpresa”(GOLDER, 2000, p.45). 
Nessa perspectiva, Bleger (1980) compreende que, diferentemente da consulta e da anamnese, a entrevista 
psicológica tenta o estudo e a utilização do comportamento total do indivíduo em todo o curso da relação 
estabelecida com o técnico, durante o tempo que essa relação durar (p.12). 
A entrevista psicológica funciona como uma situação onde se observa parte da vida do paciente. Mas, nesse 
contexto não consegue emergir a totalidade do repertório de sua personalidade, uma vez que não pode 
substituir, e nem excluir outros procedimentos de investigação mais extensos e profundos, a exemplo de um 
tratamento psicoterápico ou psicanalítico, o qual demanda tempo, e favorece para que possa emergir 
determinados núcleos da personalidade. Este tipo de assistência, também não pode prescindir da entrevista. 
Esta que apresenta lacunas, dissociações e contradições que levam alguns pesquisadores a considerá-la 
um instrumento pouco confiável. Mas, com diz Bleger (1980), essas dissociações e contradições, são 
inerentes à condição humana, e a entrevista oferece condições para que as mesmas sejam refletidas e 
trabalhadas. 
VI - TIPOS DE ENTREVISTA 
Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser classificadas em: informal, focalizada, por pautas e 
estruturada. 
a) Entrevista Informal (livre ou não-estruturada) – É o tipo menos estruturado, e só se distingue da simples 
conversação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. O que se pretende é a obtenção de uma 
visão geral do problema pesquisado, bem como a identificação de alguns aspectos da personalidade do 
entrevistado; 
b) Entrevista Focalizada (semi-estruturada ou semidirigida) – É tão livre quanto a informal, todavia, enfoca 
um tema bem específico. Permite ao entrevistado falar livremente sobre o assunto, mas quando este se 
desvia do tema original o entrevistador deve se esforçar para sua retomada; 
c) Entrevista por Pautas (semi-estruturada ou semidirigida) – Apresenta certo grau de estruturação, já que 
se guia por uma relação de pontos de interesses que o entrevistador vai explorando ao longo do seu curso. 
As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação entre si. O entrevistador faz poucas perguntas 
diretas e deixa o entrevistado falar livremente à medida que se refere às pautas assimiladas. Quando este, 
por ventura, se afasta, o entrevistador intervém de maneira sutil, para preservar a espontaneidade da 
entrevista; 
d) Entrevista Estruturada (fechada) – Desenvolve-se a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem 
e redação permanecem invariável para todos os entrevistados, que geralmente são em grande número. Por 
possibilitar o tratamento quantitativo dos dados, este tipo de entrevista torna-se o mais adequado para o 
desenvolvimento de levantamentos sociais. 
VII – A ENTREVISTA QUANTO AO SEU REFERENCIAL TEÓRICO 
O processo de entrevista é orientado por seu referencial teórico. Aqui serão vistas, em síntese, algumas das 
perspectivas: 
a) Perspectiva Psicanalítica – Tem como base os pressupostos dos conteúdos inconscientes. O 
entrevistador busca avaliar a motivação inconsciente, o funcionamento psíquico e a organização da 
personalidade do entrevistado. A entrevista é orientada para a psicodinâmica da estrutura intrapsíquica ou 
das relações objetais1 e funcionamento interpessoal; 
b) Perspectiva Existencial-humanista – Não procura formular um diagnóstico, e sim, verificar se o interesse 
do indivíduo está auto-realizado ou não. Aqui não existe uma técnica específica de entrevista, estas são 
consideradas pelos existencialistas como manipulação. O entrevistador reflete o que ouve, pergunta com 
cuidado, e tenta reconhecer os sentimentos do entrevistado; 
c) Perspectiva Fenomenológica – Estuda a influência dos pressupostos e dos preconceitos sobre a mente, 
e que os acionam ao estruturar a experiência e atribuir-lhe um significado. Além de uma atitude aberta e 
receptiva, é necessário que o entrevistador atue como observador participante, e que, assim, seja capaz de 
avaliar criticamente, através de sua experiência clínica e conhecimento teórico, o que está ocorrendo na 
entrevista. 
VII – A ENTREVISTA QUANTO AO SEU MÉTODO 
Segundo Ribeiro (1988), a realização da entrevista psicológica segue diferentes enfoques: 
a) Psicométrico – O entrevistador faz uso constante de uma série de instrumentos: testes, pesquisas, 
controle estatístico, etc., predeterminados, enquanto dispositivos para a aquisição de conhecimentos sobre 
o entrevistado. Nessa situação, dificilmente o entrevistador conseguirá aprofundar a relação, o encontro 
permanece mais em nível formal e informativo do que espontâneo, criativo e transformador. Isto não quer 
dizer que seja menos válidaou mais superficial; 
b) Psicodinâmico – A relação poderá ser mais aprofundada devido ao fato do entrevistador contar com 
maior disponibilidade de tempo para questionar o entrevistado, e conduzir a situação de maneira “menos 
estruturada”. Sua atenção não está no aqui e no agora, ela atende a uma dinâmica de causa-efeito na qual 
submensagens poderão dificultar a comunicação; 
c) Antropológico – Abrange a relação ambiente-organismo na compreensão da comunicação. Qualquer 
dado será considerado, mas, nem sempre, é possível dizer em que momento ele está e onde será utilizado. 
Esse tipo de entrevista parece mais complexo, assim sendo, exige mais prática do entrevistador para 
analisar as informações. 
VIII - TÉCNICAS DE ENTREVISTA 
Um dos aspectos essenciais da entrevista está na investigação que se realiza durante o seu transcurso. As 
observações são registradas em função das hipóteses que o entrevistado emite. O entrevistador ordena na 
seguinte disposição: observação, hipótese e verificação. Uma boa observação consiste, de algum modo, em 
formular hipóteses que vão sendo reformuladas durante a entrevista em função das observações 
subsequentes. No entender de Bleger (1980), o trabalho do psicólogo somente adquire real envergadura e 
transcendência quando coincidem a investigação e a tarefa profissional, porque estas são as unidades de 
uma práxis que resguarda a tarefa mais humana: compreender e ajudar os outros. Assim, indagação e 
atuação, teoria e prática, devem ser manejadas como momentos e aspectos inseparáveis do mesmo 
processo. 
8.1) Segundo Bleger (1980), a entrevista se diferencia de acordo com o beneficiário do resultado: 
- A entrevista que se realiza em benefício do entrevistado, a exemplo da consulta psicológica ou 
psiquiátrica; 
- A entrevista cujo objetivo é a pesquisa, valorizando, apenas, o resultado científico da mesma; 
- A entrevista que se realiza para terceiro, neste caso, a serviço de uma instituição. 
 
Com exceção do primeiro tipo de entrevista, os demais exigem do entrevistador que desperte 
interesse ou motive a participação do entrevistado. 
8.2) Segundo Gil (1999), as entrevistas podem se dá em duas modalidades: Face a face e por 
Telefone. A entrevista tradicional tem sido realizada face a face. No entanto, nas últimas décadas 
vem sendo desenvolvida a entrevista por telefone. 
- Principais vantagens da entrevista por telefone, em relação à entrevista pessoal: custos mais 
baixos; facilidade na seleção da amostra; rapidez; maior aceitação dos moradores das grandes 
cidades, que temem abrir suas portas para estranhos; facilidade de agendar o momento mais 
apropriado para a realização da entrevista; 
- Limitações da entrevista por telefone: interrupção da entrevista pelo entrevistado; menor 
quantidade de informações; impossibilidade de descrever as características do entrevistado ou as 
circunstâncias em que se realizou a entrevista; parcela significativa da população que não dispõe 
de telefone ou não tem seu nome na lista. 
8.3) Segundo Erickson (apud SCHEEFFER, 1977), algumas recomendações devem ser 
aplicáveis ao processo de entrevista psicológica: 
- O entrevistador deve ter o cuidado para não transformar a entrevista numa conversa social. “Como 
posso ajudá-lo?”, é uma boa maneira de se iniciar uma entrevista; 
- O entrevistador não deve completar as frases do entrevistado. Devem-se evitar perguntas que 
induzam respostas do tipo “sim” ou “não”. Não interromper o fluxo do pensamento do entrevistado, 
a não ser que ele se perca em ideias que fogem dos tópicos da entrevista; 
- A atitude do entrevistador deve ser de aceitação completa das vivências do entrevistado. Não 
deve haver discussão de pontos de vista; 
- As pausas e silêncios são, quase sempre, embaraçosos para o entrevistador. Nesses momentos, 
possivelmente, o entrevistado está revivendo experiências que não consegue expressar 
verbalmente. Quando as pausas forem longas, o entrevistador poderá retomar um tópico anterior 
que estava sendo discutido; 
- O tempo de entrevista deve ser marcado, e o entrevistado será comunicado de quanto tempo 
dispõe. Se necessário, marca-se outra (s) entrevista (s). Deve-se limitar o número de assuntos em 
cada sessão para não confundir o entrevistado; 
- É necessário trocar o pronome pessoal “eu”, pelo uso de expressões2 mais vagas, tais como: 
“parece que ...”; “parece melhor ...”; etc.; 
- Recomenda-se fazer o resumo do que fora discutido em cada final de entrevista. E que o 
entrevistador faça uma síntese para o entrevistado do que foi abordado na sessão; 
- O término da entrevista não deve transformar-se numa conversa social, sem nenhuma relação 
com os problemas discutidos. Isto pode prejudicar o resultado da entrevista. 
8.4) Segundo Foddy (2002), é aconselhável o investigador ou entrevistador: 
- Adotar uma atitude comum e casual. Ex. “Por acaso você ...”; 
- Empregar a técnica “Kinsey” de olhar os inquiridos bem nos olhos, e colocar a pergunta sem 
rodeios de modo a que eles tenham dificuldade em mentir; 
- Adotar uma aproximação indireta de modo a que os inquiridos forneçam a informação desejada 
sem terem consciência disso, a exemplo das técnicas projetivas; 
- Colocar as perguntas perturbadoras na parte final do questionário ou da entrevista de modo a que 
as respostas não sofram qualquer consequência desse efeito. 
8.5) Segundo Gilliéron (1996), pode-se estudar os comportamentos do paciente praticamente em 
relação a dois eixos: 
- A anamnese do sujeito que permite a observação dos comportamentos repetitivos que dão uma 
ideia exata da sua personalidade: trata-se do ponto de vista histórico; 
- A observação do comportamento do paciente quando da primeira entrevista também fornece 
indicações muito precisas sobre a organização da sua personalidade. 
IX – DINÂMICA DA ENTREVISTA 
O entrevistador, no seu papel de técnico, não deve expor suas reações e nem sua história de vida. Não deve 
permitir em ser considerado como um amigo pelo entrevistado e, nem entrar em relação comercial, de 
amizade ou de qualquer outro benefício que não seja o pagamento dos seus honorários. Para Gilliéron 
(1996), a investigação repousará: 
- Na análise do comportamento do paciente com relação ao enquadre; 
- Num modelo preciso suscetível de evidenciar a dinâmica relacional que se estabelece entre o paciente e 
o terapeuta; modelo de apoio objetal. 
 
O entrevistado deve ser recebido com cordialidade, e não de forma efusiva. Diante de informações prévias 
fornecidas por outra pessoa, se deixa claro que essas não serão mantidas em reserva. Em função de não 
abalar a confiança do entrevistado, estas lhe serão comunicadas. A reação contratransferencial deve ser 
encarada com um dado de análise da entrevista, não se deve atuar diante da rejeição, inveja ou qualquer 
outro sentimento do entrevistado. As atitudes deste não devem ser “domadas” ou subjugadas, não se trata 
de querer triunfar e nem se impor perante o mesmo. Compete ao entrevistador averiguar como essas 
atitudes funcionam e como o afetam. O grau de repressão do entrevistado, de um certo modo, tem uma 
relação direta com o nível de repressão do entrevistador. 
Necessariamente, o entrevistado que fala muito não traz à tona aspectos relevantes das suas dificuldades. 
A linguagem que é um meio de transmitir informação, mas poderá ser também uma maneira poderosa de 
se evitar uma verdadeira comunicação (BLEGER, 1980). Nem sempre, uma carga emocional intensa 
significa uma evolução no processo. O silêncio é uma expressão não-verbal que muitas vezes comunica 
bem mais que as palavras. O silêncio é, geralmente, o fantasma do entrevistador iniciante. Ele pode ser 
também uma tentativa de encobrir a faceta de um momento o qual o sujeito não consegue enfrentar. Castilho 
(1995) cita uma série de tipos de silêncio que são comuns nas dinâmicas de grupo, mas que também 
ocorrem, com bastantefrequência, no processo de entrevista, etc. Para ilustrar foram destacados alguns 
tipos de silêncio: 
- Silêncio de Tensão – É a expressão da ansiedade. Facilmente observado através da postura 
corporal tensa ou inquieta do entrevistado, da sua respiração ofegante, do tamborilar dos dedos, 
etc.; 
- Silêncio de Medo – Deixa o entrevistado petrificado, na sua tentativa de fugir de uma situação 
psicologicamente ameaçadora. Esse silêncio suscita muita tensão e, como consequência, forte 
descarga psicossomática; 
- Silêncio de Reflexão – Surge normalmente após a intervenção do entrevistador, ou logo após 
um feedback, ou mesmo depois do entrevistador ter passado por algum tipo de vivência. Nele, 
observa-se a ausência de tensão, há um recolhimento introspectivo de elaboração mental; 
- Silêncio de Desinteresse – O indivíduo perde o foco da atenção, camufla resistência, se 
desinteressa pela situação externa porque interiormente ela o atinge. 
9.1) A Ansiedade na Entrevista 
A ansiedade é parte da existência humana, todas as pessoas a sentem em grau variado, por vezes 
consiste em uma resposta adaptativa do organismo (SIERRA, 2003). Para Bion (apud ALMEIDA & 
WETZEL, 2001), se duas pessoas estão numa sala de análise sem angústia, não está havendo 
análise (p.272). Calligaris (apud GOLDER, 2000), percebe que em todo encontro, o outro está 
imediatamente implicado enquanto “semelhante imaginário”, o que se busca primeiro é uma tela, 
uma espécie de cumplicidade que supõe um sentido comum ao que estamos dizendo(p.151). 
Desse modo, a ansiedade é um indicativo do desenvolvimento de uma entrevista, e deve ser 
controlada pelo entrevistador, a sua própria, e a que aparece no entrevistado. 
Durante a situação de entrevista, tanto à ansiedade quando os mecanismos de defesa do 
entrevistado podem aumentar, não somente devido a esse novo contexto externo que ele enfrenta, 
mas também devido ao perigo, em potencial, daquilo que desconhece em sua personalidade. O 
contato direto com seres humanos, coloca o técnico diante da sua própria vida, saúde ou doença, 
conflitos e frustrações. Considerando que o entrevistador é um agente ativo na investigação, sua 
ansiedadetorna-se um dos fatores mais difíceis de lidar. Em sua tarefa, o psicólogo pode oscilar 
facilmente entre a ansiedade e o bloqueio, sem que isto o perturbe, desde que possa resolver na 
medida em que surja. 
Toda investigação implica a presença de ansiedade frente ao desconhecido, e o investigador deve 
ter a capacidade para tolerá-la, assim, poderá manter o controle da situação. Há casos em que o 
investigador, devido aos seus bloqueios e limitações, se vê oprimido pela ansiedade, e recorre a 
mecanismos de defesa para se sentir seguro, e assim, elimina a possibilidade de uma investigação 
eficaz, uma vez que conduz a entrevista de maneira estereotipada. Um outro problema frequente 
diz respeito a uma certa compulsão do entrevistador focalizar seu interesse ou encontrar 
perturbações exatamente na esfera que ele nega os seus próprios conflitos. 
A manipulação técnica, de toda ansiedade, deve ser realizada com referência a personalidade do 
entrevistado, e o nível de timing (sincronização e ajustamento) que se tenha estabelecido na 
relação. Toda interpretação fora desse contexto implica em agressão ao paciente ou entrevistado. 
Cabe ao psicólogo saber calar, na proporção inversa da sua vontade compulsiva de interferir. Nessa 
ótica, Almeida & Wetzel (2001, p.271) dizem que a interpretação algumas vezes vem de um desejo 
de intervenção com a finalidade de eliminar angústias (perda de continência), instados pela 
situação e autorizados pelo setting (grifo dos autores). 
Segundo Piaget (apud GIL, 1999), o bom entrevistador deve reunir duas qualidades: saber observar 
(não desviar nada, não esgotar nada); saber buscar (algo de preciso, ter a cada instante uma 
hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para controlar) (grifo do autor). Douglas 
(apud FODDY, 2002) corrobora com essa ideia quando afirma que entrevistar criativamente é ter 
determinação atendendo ao contexto, em vez de negar, ou não conseguir compreender. O que se 
passa numa situação de entrevista é determinado pelo processo de perguntas e respostas, a 
entrevista criativa agarra o imediato, a situação concreta, tenta perceber de que modo esta afetação 
vai sendo comunicada e, ao compreender esses efeitos, modifica a recepção do entrevistador, 
aumentando, assim, a descoberta das verdades3. 
9.2) Transferência e Contratransferência 
a) Transferência 
Freud (1914-1969) entende que a transferência é (...) apenas um fragmento da repetição e que a 
repetição é uma transferência do passado esquecido (...) para todos os aspectos da situação atual 
(p.166). A transferência é designada pela psicanálise como um processo através do qual os desejos 
inconscientes se atualizam sobre determinados objetos, num certo tipo de relação estabelecida, 
eminentemente, no quadro da relação analítica. A repetição de protótipos infantis vividos com um 
sentimento de atualidade acentuada. Classicamente a transferência é reconhecida como o terreno 
em que se dá a problemática de um tratamento psicanalítico, pois são a sua instalação, as suas 
modalidades, a sua interpretação e a sua resolução que as caracteriza (LAPLANCHE & PONTALIS, 
2004). 
A transferência e a contratransferência são fenômenos que estão presentes em toda relação 
interpessoal, inclusive na entrevista. Na transferência o entrevistado atribui papéis ao entrevistador, 
e se comporta em função dos mesmos, transfere situações e modelos para a realidade presente e 
desconhecida, e tende à configurar esta última como situação já conhecida, repetitiva. No entender 
de Gori (2002), repetindo transferencialmente, evoca-se a lembrança e é somente por meio da 
lembrança que temos acesso á história [...] Por meio da transferência é forjado num lugar 
intermediário entre a vida real e um ensaio de vida, para que o drama humano possa ter um 
desfecho (p.78). 
A articulação do conceito de “momento sensível”(grifo da autora) passa pelo posicionamento do 
terapeuta. Esse instante preciso determina os mecanismos que instalam a transferência. Com 
efeito, é o momento em que uma relação de trabalho se torna possível. A abertura ao outro, a 
espera de ajuda vinda do exterior é forte e expõe o paciente tanto ao melhor quanto ao pior dessa 
interação (GOLDER, 2000). 
Nessa perspectiva, Gilliéron (1996) diz que todo paciente procura obter alguma coisa do terapeuta. 
Ele não busca apenas a cura de um sintoma, mas também certa qualidade de relação (p.14). O 
entrevistado revela aspectos irracionais ou imaturos de sua personalidade, seu grau de 
dependência, sua onipotência e seu pensamento mágico. As transferências negativas e positivas 
podem coexistir num mesmo processo, embora, quase sempre com predomínio relativo, estável ou 
alterado, de uma delas. Segundo Sang (2001), é a situação analítica e não a sua pessoa o que 
levou a paciente a se apaixonar por ele, isto é, que o amor de transferência é essencialmente 
impessoal. [...] o analista não deve nem reprimir nem satisfazer as pretensões amorosas da 
paciente. Deve sim, tratá-las como algo irreal (pp.319-20). No que é confirmado por Yalom (2006), 
quando diz que os sentimentos que surgem na situação terapêutica geralmente pertencem mais ao 
papel que à pessoa, é um equívoco tomar a adoração transferencial como um sinal de sua 
atratividade ou charme pessoal irresistível (p.175). 
b) Contratransferência 
Na contratransferência emerge do entrevistador reações que se originam do campo psicológico em 
que se estrutura a entrevista. Porém, se constitui, quando bem conduzida, num indício de grande 
significação e valor para orientar o entrevistador no estudo que realiza. Seu manejo requer 
preparação, experiência e um alto grau de equilíbrio mental, para que possa ser utilizadacom 
validade e eficiência. Na contratransferência, salienta Gilliéron (1996), as emoções vividas pelo 
analista são consideradas reativas às do paciente, vinculando-se, portanto, ao passado deste 
último, e não dizendo respeito diretamente à pessoa do analista. 
Manfredi (apud ZASLAVSKY & SANTOS, 2005, p.296), distingue cinco tendências de abordagens 
desta questão: 
1 - A contratransferência não é mais considerada como uma criação unicamente do paciente, por 
ignorar a transferência do analista; 
2 - É problemático diferenciar a contratransferência normal da patológica (os dados á disposição 
do analista não permitem, quase sempre, uma diferenciação); 
3 - A tolerância à contratransferência já seria suficiente, dada, aqui, a dificuldade da diferenciação 
dos sentimentos envolvidos na dupla; 
4 - Devia-se, mais sábia e humildemente, fazer também a rota inversa: procurar no paciente, e não 
só procurar no analista; 
5 - A questão do confessar ou não, ou confessar/revelar até quando/quanto, os sentimentos 
contratransferenciais despertados. 
X – CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como auxiliar no trabalho do psicólogo, 
não é o bastante a sua compreensão ou domínio teórico e técnico que fundamenta e norteia sua prática, 
mas também de experiências que são adquiridas em rollyplays através de estágio, supervisão; laboratório 
ou oficinas de sensibilidade. É preciso desenvolver a sensibilidade para entrevistar, aprender ser empático, 
saber lidar com a própria subjetividade e com a subjetividade do outro (entrevistando), facilitando assim que 
seu universo, um tanto livre das “ameaças”, se descortine. O entrevistador precisa adquirir à habilidade da 
“dissociação instrumental”, e ser capaz de adentrar esse universo, sem juízo de valor, sem preconceito, para 
que assim possa estar com o Outro, conhecer, não temer, se perder e se achar e, finalmente, voltar à 
realidade do contexto. E agora, de posse de sua bagagem técnica tecer suas observações, ponderações e 
considerações, de modo axiomático, considerado que a utópica da neutralidade sempre deverá ser 
perseguida. Os princípios éticos serão avivados em cada encontro, e nenhum instrumento poderá adquirir 
uma aura de prevalência sobre a pessoa do entrevistado, que é mais importante e assim deve ser respeitado. 
O que não significa ser “meloso”, por demais solicito, muito menos autoritário. O entrevistador deve habilitar-
se em se inscrever na virtualidade da distância e proximidades ótimas que o trabalho possa fluir. Ser a 
pessoa na figura do profissional imbuído da intenção singular de realizar uma atividade sem perder sua 
essência humana. Nesse investida, é fundamental que o profissional se “conheça”, e que faça de rotineiras 
as reflexões sobre suas atitudes, postura e comportamento, bem como de que tenha também flexibilidade 
em reformulá-los, quando a necessidade aponte. Muito do trabalho do psicólogo certamente vem em 
consequência do auto “mergulho” que lhe dará a base na qual se apóiam à sua atuação e intervenção com 
toda transparência. 
 
NOTAS 
1 - Expressão usada na psicanálise para designar o modo de relação do sujeito com seu mundo, relação 
que é resultado complexo e total de uma determinada organização da personalidade, de uma apreensão 
mais ou menos fantasística dos objetos e de certos tipos de defesa (LAPLANCHE & PONTALIS, 2004). 
2 - Yalom (2006), diz que os terapeutas têm jeitinhos ardilosos, e se pergunta o que os terapeutas fariam 
sem recorrer ao recurso do “eu me pergunto”? “Eu me pergunto o que o impede de agir em relação a uma 
decisão que parece que você já tomou”. 
3 - Para Nietzsche, “Não existe verdade, só existe interpretação” (apud YALOM, 2006). 
XI - REFERÊNCIAS 
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Psiquiatria do Rio Grande do Sul. v. 27, n. 3, set/dez de 2005.

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