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Paper_Conpat2015_Lorenzi3_final

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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/279513221
Concreto permeável: otimização do traço para pavimentação de fluxo leve
Conference Paper · September 2015
DOI: 10.13140/RG.2.1.4575.1528
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6 authors, including:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Innovation and Entrepreneurship Strategies and Management View project
Engineered cementitious composite View project
P. F. Schwetz
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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SEE PROFILE
Alexandre Lorenzi
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
89 PUBLICATIONS   124 CITATIONS   
SEE PROFILE
Luiz Carlos Pinto da Silva Filho
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
323 PUBLICATIONS   348 CITATIONS   
SEE PROFILE
Lívia Zoppas Ferreira
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
2 PUBLICATIONS   0 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Alexandre Lorenzi on 01 July 2015.
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CONCRETO PERMEÁVEL: OTIMIZAÇÃO DO TRAÇO PARA PAVIMENTAÇÃO DE 
FLUXO LEVE 
 
 P.F. SCHWETZ A. LORENZI 
 Prof. Arquitetura Pesq. Eng.° Civil 
 UFRGS LEME/UFRGS 
 Porto Alegre; Brasil Porto Alegre; Brasil 
 pauletefs@gmail.com alexandre.lorenzi@ufrgs.br 
 
 L.C.P. SILVA FILHO LIVIA ZOPPAS FERREIRA 
 Prof. Eng.º Civil Grad. Eng.ª Civil 
 LEME/UFRGS LEME/UFRGS 
 Porto Alegre; Brasil Porto Alegre; Brasil 
 lcarlos66@gmail.com alexandre.lorenzi@ufrgs.br 
 
 VITOR LINHARES MICHAEL PARISOTO 
 Grad. Eng.º Civil Grad. Eng.ª Civil 
 LEME/UFRGS LEME/UFRGS 
 Porto Alegre; Brasil Porto Alegre; Brasil 
 alexandre.lorenzi@ufrgs.br alexandre.lorenzi@ufrgs.br 
 
 
RESUMO 
 
A drenagem da água superficial em excesso em pavimentos de trafego leve é uma questão que vem preocupando a 
comunidade cientifica. Dentro deste contexto, o pavimento desenvolvido em concreto permeável vem surgindo como 
uma ótima alternativa. Entretanto, a falta de normas técnicas específicas e de estudos mais aprofundados neste tipo de 
concreto tem dificultado suas aplicações em larga escala. Este trabalho tem como objetivo principal buscar uma 
otimização para o traço do concreto permeável, proporcionando uma boa permeabilidade agregada a um bom 
desempenho em relação ao desgaste mecânico. Para tanto, foram moldados blocos de concreto permeável com 
dimensões de 60x30x20cm nos traços 1:3, 1:4 e 1:5, cuja compactação foi feita com a utilização de um rolo 
compactador manual. Foram extraídos corpos de prova cilíndricos de 10 cm de diâmetro, submetidos a ensaios de 
permeabilidade e resistência mecânica, cujos ensaios foram baseados nas recomendações das Normas Internacionais 
desenvolvidas pela ASTM. Como os resultados não foram conclusivos em relação ao traço a ser adotado, foram 
concretadas e ensaiadas à flexão 6 vigas de 12x15x45cm, nos traços 1:4 e 1:5. Os resultados destes ensaios indicaram a 
utilização do traço de 1:4 como mistura básica, sendo que esta composição associou um bom coeficiente de 
permeabilidade com uma boa resistência mecânica. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Os episódios de inundações nas cidades vêm aumentando exponencialmente, reduzindo a qualidade de vida da 
população e trazendo prejuízos para o valor das propriedades. Este fato é atribuído ao processo acelerado de 
desenvolvimento urbano e à consequente impermeabilização do solo junto com a canalização do escoamento pluvial. 
Os efeitos da urbanização sobre o escoamento das águas pluviais têm sido verificados em diferentes localidades, sendo 
que os aspectos normalmente destacados são o aumento da magnitude das vazões críticas, dos volumes escoados, bem 
como a redução do tempo para a ocorrência das vazões máximas. As consequências desses impactos se manifestam sob 
a forma de inundações urbanas, através de frequentes alagamentos e enxurradas causados pela água da chuva [1]. 
Uma alternativa para reverter o grande impacto ambiental que a impermeabilização urbana acarreta ao meio ambiente, 
tanto direta como indiretamente, seria a adoção de tecnologias mais limpas, que permitissem uma maior infiltração da 
água pluvial, tal como o uso de pavimentos de concreto permeável. Embora o uso de concretos com pouco ou nenhum 
agregado miúdo já tenha sido registrado desde o pós-guerra, somente nos últimos anos, com o aumento das áreas 
urbanizadas e o incremento dos problemas de drenagem urbana (que resultam em inundações e outros problemas), esse 
material começou a ser estudado de forma sistemática, constituindo-se em um tipo especial de concreto denominado 
Concreto Permeável. Os primeiros estudos mais amplos evidenciaram as características atraentes do concreto permeável 
como alternativa à realização de custosas obras para gerar a infraestrutura de drenagem com o objetivo de sustentar 
cidades cada vez mais impermeáveis. 
Paulete Schwetz, Alexandre Lorenzi, Luiz Carlos P. Silva Filho, Livia Zoppas Ferreira, Vitor Linhares, Michael 
Parisoto, Otimização do traço do concreto permeável para pavimentação de fluxo leve 
A alta permeabilidade é, portanto, a principal razão porque esse material está sendo investigado e produzido nos dias 
atuais. Quando o concreto permeável é utilizado em pavimentação externa, a água da chuva pode infiltrar diretamente 
no solo, diminuindo a vazão que segue para o sistema de drenagem urbano. Além disso, sua adoção também contribui 
para a manutenção dos aquíferos subterrâneos e à redução da velocidade e da quantidade do escoamento superficial 
dessas águas. E, ao permitir a infiltração natural das águas pluviais, o material acaba contribuindo para um uso mais 
eficiente do solo, pois não são mais necessárias obras de drenagem extensas e dispendiosas, como pontos de retenção, 
valas, tubulações e outros mais. Além disso, evidências coletadas indicam que o uso desse material pode colaborar para 
reduzir os efeitos de ilha de calor, favorecer a vegetação, evitar acidentes por escorregamento em superfícies lisas com 
acúmulo de água, colaborar para a captura de gás carbônico e reduzir o consumo de agregados e cimento. 
Para garantir a permeabilidade do concreto o mesmo deve possuir um alto índice de vazios interligados, com pouca ou 
nenhuma porção de areia na sua composição, para permitir a percolação de grande quantidade de águas pluviais. 
Quando o material é dimensionado adequadamente, o seu grau de permeabilidade é suficiente para permitir a passagem 
de todo o fluxo precipitado na maioria dos eventos de chuva, praticamente anulando o escoamento superficial [2]. 
Para a produção do concreto permeável é muito importante que se formem vazios interligados, fato fundamental para 
garantir a permeabilidade das águas pluviais. Por essa razão, na maioria das misturas, não se utiliza de agregado miúdo 
(areia), sendo o concreto confeccionado apenas com água, cimento e agregado graúdo. Dessa forma se obtem um 
material conglomerado, formado por partículas de agregado graúdo recobertas com uma camada razoavelmente espessa 
de cimento e água. Devido à sua alta porosidade, a resistência desse concreto pode ser mais reduzida, quando 
comparada ao concreto convencional. Por essa razão, seu uso é muitas vezes limitado a áreas de tráfego leve ou pouco 
intenso. Segundo a norma do American Concrete Institute [3], as misturas de concreto permeável normalmente tendem 
a desenvolver resistências de compressão na escala de 3,5 MPa a 28 MPa. Ou seja, apesar do elevado índice de vazios, 
o contato entre os agregados graúdos que compõem o esqueleto do concreto permeável garante uma resistência 
razoável. A pasta ou argamassa de cimento, usada em pequenas quantidades, garante que os agregados permaneçam 
unidos, evitando o desmoronamento e dificultando a perda dematerial por abrasão. 
Por todas essas razões, foi estabelecido um estudo sobre o mesmo, no âmbito da linha de pesquisa em Concretos 
Especiais do Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (LEME) da Escola de Engenharia da Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul (UFRGS) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS) 
em conjunto com Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para o desenvolvimento de 
um estudo como objetivo de otimizar o traço do Concreto Permeável com materiais locais. 
 
 
2. CONCRETO PERMEÁVEL 
 
Por definição, o concreto permeável é um material que possui um índice de vazios de 15 a 25% do seu total, usando 
pouca ou nenhuma quantidade de agregado fino na sua pasta, apenas o necessário para manter uma coesão entre os 
agregados graúdos e a porosidade. Em virtude desta baixa quantidade de agregado miúdo, em função da porosidade, o 
mesmo apresenta uma baixa resistência à compressão, algo em torno a 3,5 a 28 MPa [3]. Desta forma, o mesmo vem 
sendo usado para locais de tráfego leve, tais como: estacionamentos, entradas de garagens, calçadas e outros mais. 
Ao se optar pela utilização do concreto permeável, existe a possibilidade de uma diminuição da construção de grandes 
obras de drenagem, permitindo um melhor uso do solo e evitando grandes alterações no meio ambiente [4]. Quando se 
trabalha com este tipo de concreto, a relação a/c aplicada deve ser na faixa de 0,26 a 0,45. O material deverá 
apresentar, também, uma capacidade de percolação das águas pluviais variando entre 120 l/min./m2 e 320 l/min./m2, 
com uma média de 200 l/min./m2 e picos de até 700 l/min./m2. Contudo, na sua produção, e conseqüente 
funcionamento, é preciso levar em conta dois fatores importantes: a capacidade de percolação do solo abaixo do 
pavimento permeável e o índice pluviométrico característico da região. 
Dentre os pontos positivos para a utilização deste concreto, pode-se ressaltar: 
• eliminação dos problemas das enxurradas urbanas 
• recarga dos lençóis freáticos 
• redução da poluição dos corpos hídricos pelo carreamento de poluentes 
• minimização dos efeitos do aquecimento global 
• aumento da arborização em centros urbanos 
• redução dos custos com obras de drenagem 
• favorecimento de economias regionais 
• melhora na tração dos carros por conta da sua rugosidade. 
Existem, porém, alguns pontos negativos a serem considerados na utilização deste material. Como este concreto possui 
um processo único de implantação, o mesmo necessita ser produzido por empresa especializada. Existe também, a 
 
 
questão do entupimento dos poros, que exige uma manutenção anual. Além disso, por ser um material relativamente 
novo, constata-se uma resistência por parte da população em sua adoção [2]. 
O transporte do local da produção do concreto permeável até o local da pavimentação não deve exceder em uma hora. 
Isto se dá pelo fato de que este concreto reage muito mais depressa do que o convencional pela pouca quantidade de 
água na sua mistura. A concretagem deve ser feita com cuidado, com a checagem da consistência visualmente. A 
mesma deverá ser contínua em todo o pavimento, devendo-se utilizar uma vibroacabadora para permitir uma melhor 
acomodação dos agregados. Contudo, em virtude do rápido tempo de pega, este processo deverá ser concluído em, no 
máximo, 15 minutos. Tão logo é finalizada esta etapa, utiliza-se um rolo compressor da largura do pavimento, para 
evitar danos como abertura de fissuras. Através da utilização do rolo, tem-se a garantia de uma maior compactação do 
pavimento, sem o comprometimento da permeabilidade. Como o concreto permeável possui um alto índice de 
porosidade, o processo de cura torna-se muito importante, de forma a evitar-se ao máximo uma perda excessiva de 
água. O processo de cura também deve iniciar logo no término da pavimentação, cobrindo-se a região concretada com 
um plástico sobre o pavimento durante sete dias [4]. A Figura 1 mostra um pavimento de concreto permeável sendo 
executado. 
A utilização deste tipo de concreto data do século XVIII, sendo que sua grande difusão se deu durante a Segunda 
Guerra Mundial, quando a Alemanha, com uma grande quantidade de entulhos para dispor e carência de matéria-prima, 
fez uso dos mesmos para produzir este tipo de concreto. Após isto, se seguiram outros exemplos, onde o concreto 
permeável foi utilizado como uma alternativa economicamente viável e ambientalmente correta. Nos dias atuais, 
existem empresas especializadas no desenvolvimento deste tipo de material nos EUA, Europa e Japão. Foram, também, 
desenvolvidas normas internacionais com recomendações para seu preparo, podendo ser citadas a ACI-522R-06 
“Pervious Concrete” e a ACI-211.3R-02 “Guide for selecting proportions for no-slump concrete” do American 
Concrete Institute. 
 
 
 
 
Figura 1: Execução de Pavimento em Concreto Permeável [5]. 
 
Os sistemas de drenagem urbana pluvial têm a função de direcionar e auxiliar o escoamento do volume de água não 
absorvido pelo solo após a ocorrência de precipitações atmosféricas, prevenindo desta forma a formação de inundações. 
Estes sistemas tradicionais de drenagem são constituídos, tipicamente, pela rede de transporte de escoamento e as 
soluções normalmente empregadas consistem em galerias e condutores subterrâneos, responsáveis por transportar 
rapidamente os excessos de água para jusante. Atualmente, tem-se observado uma grande ineficiência das redes 
pluviais, visto que a grande maioria dos sistemas existentes encontra-se ultrapassado, não atendendo mais as 
necessidades dos atuais centros urbanos, que naturalmente cresceram e estenderam-se para além dos seus limites, 
comprometendo todo o fluxo das águas na bacia [6]. 
A concepção clássica de sistemas de drenagem objetiva principalmente o rápido escoamento das águas pluviais, 
transportando-a de montante a jusante no menor tempo possível. Como consequência, pode-se observar o aumento das 
vazões de pico, aumento do volume escoado, redução do tempo de escoamento e principalmente a ocorrência de 
alagamentos, enchentes e enxurradas. Este princípio, porém, foi abandonado nos países desenvolvidos já no início da 
década de 1970 [7]. Entretanto algumas cidades brasileiras ainda adotam esta concepção de projeto. 
Princípios modernos da drenagem urbana pluvial defendem que novos projetos não contribuam para o aumento da 
vazão de pico das condições naturais. Para isso o planejamento da bacia deve incluir controle do volume de saída, 
Paulete Schwetz, Alexandre Lorenzi, Luiz Carlos P. Silva Filho, Livia Zoppas Ferreira, Vitor Linhares, Michael 
Parisoto, Otimização do traço do concreto permeável para pavimentação de fluxo leve 
evitando-se a transferência dos impactos para jusante. O controle da drenagem na fonte pode ser executado através de 
áreas de infiltração e trincheiras, pavimentos permeáveis ou sistemas de retenção. O princípio é manter a vazão 
preexistente, não permitindo a transferência do problema para localidades a montante da bacia. 
A utilização dos concretos permeáveis na drenagem urbana é uma alternativa para reverter o grande impacto que a 
impermeabilização urbana acarreta ao meio ambiente. A contribuição da utilização do concreto permeável pode se dar 
tanto de forma direta como indireta, visto que além de permitir uma maior infiltração da água pluvial, esta tecnologia 
favorece a redução da necessidade de custosas obras de infraestrutura de drenagem urbana. 
O concreto permeável, quando utilizado em áreas externas, permite que a água da chuva infiltre diretamente no solo, 
diminuindo a vazão que segue para o sistema de drenagem urbano. Além disso, a sua adoção também contribui para a 
manutenção dos aquíferos subterrâneos e à redução da velocidade e da quantidade do escoamento superficial dessas 
águas. Ao permitir a infiltração natural das águas pluviais,o material acaba contribuindo também para um 
desenvolvimento mais sustentável. 
3.PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL 
Em virtude de que o concreto permeável ainda não possui uma grande difusão no Brasil como em outros países, pouco 
se sabe sobre os seus métodos de produção e instalação em pavimentação. Desta forma, fez-se necessário uma 
investigação quanto ao melhor traço utilizado, vislumbrando-se os melhores resultados de permeabilidade deste 
concreto de maneira a permitir uma rápida percolação da água das chuvas para o lençol freático, associado a bons 
resultados de abrasão, 
A pesquisa teve início com a busca pela otimização do traço do concreto permeável, que proporcionasse uma boa 
permeabilidade associada a um bom desempenho em relação ao desgaste mecânico. Para tanto, foram moldados blocos 
de concreto permeável com dimensões de 60x30x20cm nos traços 1:3, 1:4 e 1:5. A relação água/cimento foi fixada em 
0,3. A dosagem final para cada traço, em peso, pode ser visualizada no Quadro 1, sendo que para cada traço foram 
utilizadas 6 formas. 
A concretagem foi feita individualmente para cada bloco (Figura 2a). Primeiro foi colocado o agregado (pedrisco) e 
deixou-se rodar por 1 min. Após foi inserido o cimento, deixando rodar por mais um minuto e por último foi adicionada 
a água, rodando a mistura por 2 minutos. A seguir, a mistura final foi colocada na forma (Figura2b), previamente 
preparada com desmoldante, e compactada com um rolo (Figura 3). Após a moldagem dos 6 blocos, os mesmos foram 
envoltos em plástico para iniciar o processo de cura. 
 
Quadro 1: Dosagem Final do Concreto Permeável. 
Traço 1:3 1:4 1:5 
Volume de cada forma 0,0315 0,0315 0,0315 
Porcentagem de vazios 15% 15% 15% 
Massa de pedrisco por forma (kg) 45,06 49,62 52,83 
Massa de cimento por forma (kg) 15,02 12,41 10,47 
Massa de agua por forma (kg) 4,51 3,72 3,17 
 
 
 
(a) 
 
(b) 
Figura 2: Concretagem das formas. 
 
 
 
 
 
Figura 3: Compactação dos blocos de Concreto Permeável. 
 
Após 24 horas os blocos foram desmoldados e identificados. Dois blocos foram imersos em um tanque com água para 
que tivessem uma cura saturada por 28 dias. Outros dois blocos foram envolvidos em uma manta geotêxtil denominada 
BIDIM. Estes blocos foram mantidos encharcados com água para simular uma cura úmida. Os dois blocos restantes 
foram deixados no laboratório na temperatura ambiente. 
O processo de extração dos corpos de prova teve início 28 dias após a concretagem. Foram extraídos 8 corpos de prova 
cilíndricos de cada bloco. A Figura 4 mostra a extração dos corpos de prova. 
Após a extração dos corpos de prova, foram realizados os ensaios de permeabilidade, abrasão e resistência à 
compressão, bem como a e dos resultados obtidos. 
 
 
 
Figura 4: Extração dos corpos de prova 
 
1.1. Ensaio de Permeabilidade 
 
Para o concreto permeável é necessário caracterizar o coeficiente de permeabilidade previamente à execução do 
pavimento. 
Em função de não existirem normas brasileiras para a realização deste ensaio, o procedimento foi realizado segundo as 
recomendações do American Concrete Institute [3]. Esta norma propõe a utilização um permeâmetro de carga variável 
(Figura 5), onde a amostra de concreto poroso é posicionada. Após a instalação, o circuito é aberto permitindo-se a 
passagem de água através da amostra de concreto permeável até o dreno, saturando-a e garantindo a retirada do ar. Em 
seguida, o circuito é fechado através de uma válvula, mantendo-se o nível entre a superfície da amostra e o dreno do 
permeâmetro. 
Para o ensaio de permeabilidade do concreto tomou-se como base o ensaio descrito por Neithalath [8]. Basicamente o 
corpo-de-prova cilíndrico foi envolto em uma membrana de látex e inserido no interior do equipamento. Após a 
instalação, o circuito é aberto permitindo-se a passagem de água através da amostra de concreto permeável até o dreno, 
Paulete Schwetz, Alexandre Lorenzi, Luiz Carlos P. Silva Filho, Livia Zoppas Ferreira, Vitor Linhares, Michael 
Parisoto, Otimização do traço do concreto permeável para pavimentação de fluxo leve 
saturando-a e garantindo a retirada do ar. Em seguida, o circuito é fechado através de uma válvula, mantendo-se o nível 
entre a superfície da amostra e o dreno do permeâmetro. Aplica-se uma coluna d’água de 290 mm e a válvula é 
novamente aberta, registrando-se o tempo para a coluna d’água descer até 70 mm da superfície da amostra. O 
procedimento é repetido três vezes para cada corpo de prova e considera-se o tempo médio. O coeficiente de 
permeabilidade é determinado de acordo com a Lei de Darcy. 
 
 
 
 
Figura 5: Permeâmetro de carga variável. 
 
2.2. Ensaio de Abrasão 
 
O ensaio de abrasão foi realizado segundo especificações da norma Standard Test Method for Determining Potencial 
Resistence to Degradation of Pervious Concrete by Impact and Abrasion [9]. Este ensaio tem início com a pesagem de 
três corpos de prova simultaneamente. Após a pesagem, os corpos de prova são colocados em uma máquina 
denominada Los Angeles Machine, que consiste em um tambor de aço que pode ser rotacionado a uma velocidade 
controlada. 
Neste ensaio, a norma recomenda que a máquina deve ser rotacionada a uma velocidade de 30 a 33 rotações por minuto. 
Após 500 rotações, o material é retirado e peneirado. A peneira deve ter um diâmetro de 25 mm. O material retido na 
peneira é novamente pesado. A partir dos resultados obtidos na pesagem inicial e final do material, é calculada a perda 
de massa em porcentagem. 
 
2.3. Ensaio de Resistência à Compressão Simples 
 
Os ensaios de resistência à compressão foram realizados em uma prensa hidráulica servo-controlada, marca 
SHIMADZU, com capacidade para 2.000 kN. O ensaio de resistência à compressão foi realizado segundo as 
especificações da NBR 5739 [10]. Foram rompidos os corpos-de-prova resultantes da extração dos blocos concretados. 
Durante o ensaio, foram utilizados discos de neoprene contidos em cápsulas metálicas para melhorar a distribuição das 
cargas, uma vez que a superfície do concreto permeável é bastante irregular. Os resultados obtidos podem ser 
visualizados no Quadro 2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 2 – Resultados de resistência à compressão 
 
 
 
 
3. ANÁLISE DE RESULTADOS 
 
Os resultados obtidos nos ensaios realizados com os corpos de prova extraídos de blocos concretados nos traços 1:3, 1:4 
e 1:5, cada um exposto a três diferentes tipos de cura, são apresentados a seguir. 
 
3.1 Ensaio de Permeabilidade 
 
A Figura 6 apresenta os resultados obtidos no ensaio de permeabilidade para cada um dos traços, relacionando os três 
tipos de cura utilizados. Analisando a figura, observa-se que quanto menor o traço, maior a quantidade de pasta e maior 
a influência da cura. Verifica-se, ainda, que com o traço 1:3 foram obtidos coeficientes de permeabilidade muito baixos 
em comparação com os demais traços. 
 
 
TRAÇO CURA BLOCO N° CPs Mpa kN Media Mpa Media KN
5,13 36,4
4,28 30,4
5,99 42,6
5,04 35,8
10,06 71,4
7,74 55
8,75 62
9,36 66,4
7,05 50
8,05 57
4,74 33,6
7,26 51,6
6,69 47,4
5,73 40,6
6,30 44,6
6,05 43
3,22 22,8
3,82 27,2
5,18 36,8
4,62 32,8
4,29 30,4
4,03 28,6
5,73 40,6
5,68 40,4
4,01 28,4
3,98 28,2
4,17 29,6
3,42 24,2
6,09 43,3
4,60 32,6
4,67 33,2
4,31 30,6
2,93 20,8
3,90 27,8
3,50 24,8
4,06 28,8
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
3,90 27,60
4,92 34,92
3,60 25,55
6,19 43,90
4,21 29,90
4,93 35,00
5,11 36,3
63,78,98
6,78 48,05
bloco 2
AMBIENTE
IMERSA
1:3
1:4
BIDIM
bloco 1
bloco 2
AMBIENTE
bloco 1
BIDIM
bloco 1
bloco 2
bloco 1
bloco 2
bloco 1
bloco 2
IMERSAbloco 1
bloco 2
1:5
BIDIM
bloco 1
bloco 2
AMBIENTE
bloco 1
bloco 2
IMERSA
bloco 1
bloco 2
Paulete Schwetz, Alexandre Lorenzi, Luiz Carlos P. Silva Filho, Livia Zoppas Ferreira, Vitor Linhares, Michael 
Parisoto, Otimização do traço do concreto permeável para pavimentação de fluxo leve 
 
 
Figura 6: Resultados do ensaio de permeabilidade, considerando os diferentes tipos de cura 
 
3.2 Ensaio de Abrasão 
 
A Figura 7 apresenta os resultados obtidos no ensaio de abrasão para cada um dos traços, relacionando os três tipos de 
cura utilizados. A análise do gráfico indica que, no traço 1:3, a cura com a manta geotextil (BIDIM) apresentou os 
melhores resultados. Observa-se, ainda, que as curas imersa e ambiente não tiveram influência significativa na abrasão. 
Outra constatação que pode ser feita é que no traço 1:4, a cura ambiente foi a melhor e no traço 1:5 a cura imersa foi a 
melhor. Mas observa-se que a variação dos resultados entre os tipos de cura não é significativa. 
 
 
 
 
Figura 7: Resultados do ensaio de abrasão, considerando os diferente tipos de cura. 
 
3.3 Ensaio de resistência à compressão 
 
A figura 8 ilustra os resultados obtidos no ensaio de abrasão para cada um dos traços, relacionando os três tipos de cura 
utilizados. Analisando as mesmas observa-se que o tipo de cura interferiu significativamente na resistência à 
compressão dentro do mesmo traço. Não foi encontrado um padrão de comportamento nesta variação. Uma das razões 
para isto pode ser a dificuldade encontrada em manter um paralelismo entre as superfícies superior e inferior do corpo 
de prova. Além disso, durante a extração, as superfícies superior e inferior sofrem danos, impedindo uma adequada 
distribuição das tensões de compressão. 
 
 
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
1:3 1:4 1:5
K
 (
cm
/
s)
Traço
IMERSA
BIDIM
AMBIENTE
0
10
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50
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1:3 1:4 1:5
P
e
rd
a
 d
e
 m
as
sa
 (
%
)
Traço
IMERSO
BIDIM
AMBIENTE
 
 
 
 
Figura 8: Resultados do ensaio de resistência à compressão, considerando os diferentes tipos de cura. 
 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Esta pesquisa procurou mostrar a eficácia do concreto permeável, tendo com o objetivo principal a otimização do traço 
para encontrar o equilíbrio entre uma boa permeabilidade associada a um bom desempenho em relação ao desgaste 
mecânico. Foram, também, realizados ensaios de resistência à compressão em corpos de prova extraídos. 
A partir da análise dos resultados obtidos com os ensaios realizados foram elencadas as algumas considerações: 
• O traço 1:3 não apresentou bons resultados no ensaio de permeabilidade e deve, portanto, ser descartado; 
• A cura imersa e a cura utilizando manta geotextil (BIDIM) não agregaram valor do ponto de vista de 
permeabilidade e abrasão, além de demandarem custo e complexidade de execução. Desta forma, sugere-se a 
adoção da cura ambiente para o concreto permeável. 
 
Em face aos resultados obtidos, conclui-se que o Concreto Permeável deve possuir as seguintes características para 
apresentar um bom desempenho: 
• Equilíbrio entre a permeabilidade, a abrasão e a resistência mínima para tráfego leve; 
• O custo do material não pode exceder ao do concreto convencional; 
• O concreto permeável precisa ter uma boa resistência à flexão. 
 
Os resultados encontrados ainda precisam ser mais trabalhados, sobretudo os de resistência à compressão, para que este 
concreto tenha uso numa pavimentação como calçada e estacionamentos. Os resultados de permeabilidade obtidos, 
apesar de serem muito bons, ainda precisam estar de acordo com a capacidade de permeabilidade do solo onde vai ser 
instalada a pavimentação. Torna-se necessário, ainda, o estudo da capacidade pluviométrica da região. 
Existem, ainda, outros fatores a serem levados em consideração na produção desse concreto, condizentes com a 
realidade brasileira, como: a resistência da população; o descaso desta com os seus resíduos sólidos, o que poderá 
entupir os poros, comprometendo a permeabilidade; e a necessidade de mão-de-obra especializada na construção de um 
pavimento permeável, sobretudo por conta das etapas a seguir na sua construção. 
Em vista de todo esse processo de urbanização e expansão dos grandes centros urbanos é preciso observar a questão da 
gestão das águas pluviais. Nos dias atuais, em função de uma má gestão das mesmas, inúmeros transtornos são causados 
à população, tanto em relação aos danos estruturais quanto à proliferação de doenças. Deve-se levar em conta o impacto 
causado no meio ambiente pela poluição carreada nos centros urbanos para os corpos hídricos, a modificação do 
ambiente pela construção de tubulações de drenagem e os custos necessários para estes empreendimentos. Nesse 
cenário se insere o concreto permeável, como uma alternativa ecologicamente correta e viável, aproximando o ambiente 
urbano das condições de urbanização. 
 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
 [1] Lamb, G.S., “Desenvolvimento e Análise do Desempenho de Elementos de Drenagem Fabricados em Concreto 
Permeável”. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre, 2014, 145p. 
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1:3 1:4 1:5
fc
 (
M
P
a)
Traço
IMERSO
BIDIM
AMBIENTE
Paulete Schwetz, Alexandre Lorenzi, Luiz Carlos P. Silva Filho, Livia Zoppas Ferreira, Vitor Linhares, Michael 
Parisoto, Otimização do traço do concreto permeável para pavimentação de fluxo leve 
[2] Polastre, B.; Santos, L.D., “Concreto Permeável”. Disponível em: http://www.usp.br, 2006. 
[3] ACI COMMITTEE 522. Pervious Concrete (ACI 522R-06). Farmington Hills: American Concrete Institute, 2006. 
[4] Tennis, P.D.; Leming, M.L.; Akers, D. J., “Pervious Concrete Pavements”. EB302.02, Portland Cement Association, 
Skokie, Illinois, e National Ready Mixed Concrete Association, Silver Spring, Maryland, USA, 2004. 36p. 
[5] Huffman, D., “Understanding Pervious Concrete”. In: The Construction Specifier. Buffalo: CSI, Dezembro/2005. 
p.42 – 49. 
[6] Aciolli, L.A., “Estudo experimental de pavimentos permeáveis para o controle do escoamento superficial na fonte”. 
Porto Alegre, UFRGS: Instituto de Pesquisas Hidráulicas. Março/2005. 162p. 
[7] Tucci, C., Inundações Urbanas. Porto Alegre: ABRH/RHAMA, 2007, Vol.11. 393p. 
[8] Neithalath, N. et al., “Development of Quiet and Durable Porous Portland Cement Concrete Paving Materials”.Final 
Report, The Institute for Safe, Quiet, and Durable Highways, 2003, 179p. 
[9] ASTM INTERNACIONAL. Standard Test Method for Determining Potencial Resistance to Degradation of 
Pervious Concrete by Impact and Abrasion, 2013. 
[10] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - NBR 05739:1994 - Ensaio de Compressão de Corpos 
de Prova Cilindrícos. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. 
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