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CENTRO UNIVERSITÁRIO TERESA D’ÁVILA RAFAEL AUGUSTO DE LIMA ARQUITETURA EFÊMERA E A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO: RESGATANDO A MEMÓRIA E O VALOR PATRIMONIAL DO LARGO DO ROSÁRIO – LORENA/SP Lorena - SP 2017 RAFAEL AUGUSTO DE LIMA ARQUITETURA EFÊMERA E A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO: RESGATANDO A MEMÓRIA E O VALOR PATRIMONIAL DO LARGO DO ROSÁRIO – LORENA/SP Monografia apresentada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Teresa D’Ávila, como trabalho de conclusão de curso. Orientador (a): Prof(a) Me. Fernanda Vierno de Moura Lorena - SP 2017 X000x Lima, Rafael Augusto de Lima Arquitetura efêmera e a transformação do espaço: Resgatando a memória e o valor patrimonial do largo do Rosário – Lorena/SP. Rafael Augusto de Lima – Lorena/SP – 2017. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Centro Universitário Teresa D’Ávila. Orientador(a): Prof(a) Me. Fernanda Vierno de Moura 1. Arquitetura Efêmera. 2. Praça. 3. Patrimônio. 4. Eventos RAFAEL AUGUSTO DE LIMA ARQUITETURA EFÊMERA E A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO: RESGATANDO A MEMÓRIA E O VALOR PATRIMONIAL DO LARGO DO ROSÁRIO – LORENA/SP Monografia apresentada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Teresa D’Ávila, como trabalho de conclusão de curso. Aprovada em de __ de 2017 Banca Examinadora: Profª Examinador Profª Examinador Prof(a) Me. Fernanda Vierno de Moura Examinador Orientador Lorena - SP 2017 Dedico este trabalho primeiramente а Deus, base de toda minha vida, a minha mãе e ao mеυ pai João, as minhas irmãs, aos meus avós e toda minha família que não mediram esforços para me apoiar nesta grande conquista. Aos meus amigos que partilharam e viveram comigo todo este caminho. AGRADECIMENTOS Chegar ao fim desta etapa me faz reconhecer o tamanho do valor da gratidão. Olhar para arquitetura é reconhecer a grande responsabilidade de ser arquiteto das pequenas coisas, diante de Deus que é autor e arquiteto das grandes coisas e de tudo o que existe, a Ele meu primeiro agradecimento. Hoje, mais do que nunca reconheço, que sem Ele não sou nada, e esta caminhada me fez querer estar na presença Dele, falar com Ele, falar sobre Ele. E o mais importante: fez-me querer permanecer em Seu caminho. Agradeço de forma muito particular, a minha mãe Silvana que reconhecia no meu olhar tudo o que se passava, mesmo que eu permanecia em silêncio. Ao meu Pai João, que revela no olhar todo seu orgulho, as minhas irmãs e sobrinho. A minha Avó Georgina que com seu amor de Mãe em dobro me fortaleceu muito e toda minha família que se demonstram orgulhosos sempre e que souberam me apoiar e fortalecer nos momentos em tudo parecia estar de cabeça para baixo. Posso afirmar com toda propriedade que família é base, é alicerce da vida de qualquer pessoa. Não poderia deixar de agradecer aos meus eternos e grandes amigos, todos! Mas de maneira especial, a Mariana, Gabi, Olivia, Laís, Marisa, Cleber, Isabela e Bárbara, que junto a mim, viveram as mesmas angústias e acima de tudo as maiores aventuras e alegrias da vida! Agradeço também toda a paciência e ajuda, força e carinho da minha orientadora Prof. Fernanda Vierno. Ao Coordenador José Ricardo que soube ser presença e muito apoio quando mais precisava. E a todos os professores que foram canal e luz para todo este mérito. Agradeço a todos que torceram por mim! Minha gratidão. Meu muito Obrigado! “Há no efêmero um movimento do ser ao não ser. É uma metamorfose. A obra é e logo deixa de ser". Victor Molina Escobar RESUMO LIMA, Rafael Augusto de. ARQUITETURA EFÊMERA E A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO: RESGATANDO A MEMÓRIA E O VALOR PATRIMONIAL DO LARGO DO ROSÁRIO – LORENA/SP. 2017. 53 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) – Centro Universitário Teresa D’Ávila, Lorena, São Paulo, 2017. [Orientador: Profª. Me. Fernanda Vierno] A proposta será dar uso ao Largo do Rosário localizado no Centro histórico de Lorena/SP, por ter seu potencial de uso pouco explorado, primeiro propondo a sua valorização como patrimônio histórico sem descaracterizá-lo, melhorar a condição em que se encontra, propondo para a área um projeto de arquitetura efêmera direcionada a eventos como meio de transformar um espaço temporariamente, propondo novas possibilidades e dinâmicas de uso, chamando a atenção da comunidade para usar o espaço e ao mesmo tempo valorizar a história e a memória que o espaço traz consigo. Palavras-chave: Arquitetura Efêmera – Praça - Patrimônio - Eventos. ABSTRACT LIMA, Rafael Augusto de. EFFECTIVE ARCHITECTURE AND THE TRANSFORMATION OF SPACE: REDEEMING THE MEMORY AND THE VALUE OF THE PATRIMONIAL LONG OF THE ROSARY - LORENA / SP. 2017. 53 f. [Conclusion of the course (Bachelor in Architecture and Urbanism) - University Center Teresa D'Ávila, Lorena, São Paulo, 2017. [Orientador: Profª. Me. Fernanda Vierno] The proposal will be to use the Largo do Rosário located in the Historic Center of Lorena / SP, because its potential of use is little explored, first proposing its valuation as historical heritage without mischaracterizing it, improving the condition in which it is, proposing to the area is an ephemeral, event-driven architecture project as a means to transform a space temporarily, proposing new possibilities and dynamics of use, drawing the attention of the community to use space and at the same time value the history and memory that space brings with it . Keywords: Ephemeral Architecture - Square - Heritage - Events. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 13 1.1 OBJETIVO ---------------------------------------------------------------------------------------- 15 1.2 JUSTIFICATIVA -------------------------------------------------------------------------------- 16 1.3 METODOLOGIA -------------------------------------------------------------------------------- 17 2 ARQUITETURA EFÊMERA -------------------------------------------------------------------- 18 2.1 REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------------- 20 2.1.1 Estudo de Caso: Atelier do Rossio – Jardim Éfemeros (Viseu Portugal) -- ------------------------------------------------------------------------------------------ 20 2.1.2 Estudo de Caso: Matadoro – Centro de Criação Contemporânea (Madrid/Espanha) ------------------------------------------------------------------ 22 3 CARACTERISTICA DA ÁREA DE INTERVENÇÃO ------------------------------------ 23 3.1 Apresentação da cidade / Contextualização ------------------------------------------- 24 3.2 Histórico da área -------------------------------------------------------------------------26 3.3 Contextualização paisagística------------------------------------------------------------ 28 4 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO---------------------- 34 4.1 Acessos e Hierarquia Viária ------------------------------------------------------------- 35 4.2 Uso e Ocupação do Solo ----------------------------------------------------------------- 35 4.3 Aspectos Naturais ------------------------------------------------------------------------ 36 4.4 Estado Físico Atual------------------------------------------------------------------------ 37 4.5 Legislações urbanas e condicionantes legais ------------------------------------------ 41 4.5.1 Taxa de Ocupação------------------ -------------------------------------------41 4.5.1 Recuos-------------------------------- ------------------------------------------ 41 4.6 Limites ------------------------------------------------------------------------------------ 42 4.7 Usuários ----------------------------------------------------------------------------------42 5 PARTIDO ARQUITETÔNICO ----------------------------------------------------------------- 44 5.1 Conceito : Arquitetura e as estações do ano ------------------------------------------45 6 ANTEPROJETO --------------------------------------------------------------------------------- 46 6.1 Programas de Necessidades Básicos -------------------------------------------------- 46 6.2 Programas de Necessidades Complementar ------------------------------------------ 47 6. Diagnóstico da Área / Plano de Massas ------------------------------------------------ 49 7 CONCLUSÃO -------------------------------------------------------------------------------------- 50 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ---------------------------------------------------------- 51 LISTA DE MAPAS MAPA 01 – Acessos a Cidade e Área de Intervenção --------------------------------------------- 21 MAPA 02 – Estrutura Primária – Área de Intervenção / Centro---------------------------------- 27 MAPA 03 – Uso do Solo – Área de Intervenção / Centro ---------------------------------------- 28 MAPA 04 – Hierarquia Viária e Transporte Público – Área de intervenção / Centro----------29 MAPA 05 – Acessos e Hierarquia Viária – Objeto de Estudo ----------------------------------- 34 MAPA 06 – Uso e Ocupação do Solo – Objeto de Estudo ---------------------------------------- 35 MAPA 07 – Aspectos Naturais – Objeto de Estudo ----------------------------------------------- 36 MAPA 08 – Diagnóstico da Área / Plano de Massas ---------------------------------------------- 51 13 1 INTRODUÇÃO A arquitetura efêmera tem sua definição de acordo com Scóz, Uma obra efêmera é aquela que tem já em seu início a anuência que precisa ser desmontada. Os caminhos que se abrem frente a essa condicionante de projeto são diversos, entretanto não estão exclusivamente ligadas a resolver o problema de seu impacto ambiental. Mesmo desaparecendo, sendo desmontada ou demolida, existem cicatrizes que permanecem no ideário coletivo (mesmo individualmente) que não podem ser desprezadas pelo arquiteto. (SCÓZ, 2009, p. 53). Não sendo permanente, faz com aconteça uma forte ligação emocional criada pela pessoa, a arquitetura efêmera resgata a valorização do espaço através do vínculo e proximidade entre o individuo e o local, principalmente quando o espaço possui grande potencial e carga para ser denominado como patrimônio histórico. Seja o patrimônio histórico, um bem material ou imaterial, ele apresenta grande importância como retratos que revelam a identidade de uma sociedade passada. Estabelecido o conceito de patrimônio histórico pelo Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, e estabelecido na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 216. Enquanto o Decreto de 1937 estabelece como patrimônio “o conjunto de bens móveis e imóveis existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”, o Artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como sendo os bens “de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. (Patrimônico Cultural – http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/218 Acesso 01 de julho de 2017.) O espaço a receber a intervenção é conhecido tradicionalmente como Largo do Rosário, no Centro Histórico de Lorena. O local com seu potencial de uso pouco utilizado e necessita de valorização e proteção como patrimônio histórico, para que o espaço exerça sua função social de praça. As praças, ao longo dos tempos, levando-se em conta os diversos aspectos que as envolvem, como definição, funções, usos e concepções, sofreram significativas mudanças. Todavia, é consenso que, a despeito das transformações impostas pelo tempo, às praças ainda representam um espaço público de grande importância no cotidiano urbano (DE ANGELIS et al., 2005). Sendo assim, a fim de preservar a referência, marca e marcos da vida de uma sociedade e ressaltar o importante valor histórico do local para a região, retratando as memórias que foram construídas ao longo dos anos e a contribuição na evolução histórica da cidade, a iniciativa de preservação do bem impede a sua descaracterização e valorização do patrimônio. Essa valorização será aplicada de forma concreta incentivando o sentimento de 14 pertencimento da população com relação ao espaço público da praça e trazendo benefício à comunidade e das cidades locais que compõem o eixo turístico da região, através de um novo uso, direcionada especificamente a eventos culturais multidisciplinares, onde as instalações arquitetônicas de caráter efêmero retratarão as lembranças constituintes no ideário das pessoas e também apresentarão às novas gerações a história que constitui a formação da cidade de Lorena. Essas ações estão inteiramente ligadas às emoções que a arquitetura efêmera vem suscitar nas pessoas, ao transformar um local em um espaço repleto de emoções e sentimentos. 15 1.1 OBJETIVO Tendo em vista o atual desenvolvimento da cidade de Lorena/SP, considerada pólo industrial e universitário, porém com poucos espaços de lazer e entretenimento para sua população, este trabalho tem como objetivo a resolução desta problemática, fazendo o Largo do Rosário, com sua carga histórica e valor patrimonial, amparo para festividades e eventos culturais tornando este espaço um ponto de encontro para comunidade local e da região, dando-o uma nova ocupação e também um lazer para a população. Com a grande responsabilidade de acolher um público estudantil flutuante e ganhando destaque na região pela sua infraestrutura, ainda assim a cidade carece de espaços de entretenimento. A ideia é transformar o Largo do Rosário em um espaço de convívio social e lazer de uso constante para a população local e da região. Essa proposta visa impactar de forma significativa a economia como estratégia de recuperação do local. A qualidade do espaço é uma ferramenta de valorização para atrair novos investimentos, além de promover também uma integração social e cultural, promovendo a sensação de pertença à comunidade, característica que hoje não é assumida, pois a praça se encontra pouco usada pela vizinhança local, tornando-a pouco explorada em seu potencial de uso e consequentemente pouco preservada.16 1.2 JUSTIFICATIVA O Largo do Rosário, em Lorena/SP, se encontra pouco utilizada, a praça atende uma movimentação em horários específicos, tornando outros sem nenhum uso, o que atrai a marginalidade. Jane Jacob, em seu livro, Morte e vida de grandes cidades, ressalta a importância do uso combinado dos espaços, medida que faz com que “a calçada tenha usuários transitando ininterruptamente”, promovendo condições para que haja pessoas nas ruas de forma que elas exerçam a vigilância natural sobre os espaços públicos e, com isso, promova maior segurança. A valorização e o novo uso ao Largo do Rosário – Lorena/SP através da arquitetura efêmera, com instalações temporárias que se renovem constantemente, e que também comportem eventos, feiras, exposições, festas populares e eventos em geral pretende integrar cultura e lazer, transformando o espaço em um local de convívio social. O uso constante, por diferentes públicos, ao longo do dia aumenta a sensação de segurança e atrai cada vez mais pessoas. Isso poderá modificar a atual realidade da cidade de Lorena/SP, que se encontra em 7º lugar no ranking das cidades mais violentas da região, segundo uma pesquisa feita pela FLACSO (Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais) em 2012. 17 1.3 METODOLOGIA A pesquisa se orientou, primeiramente, pela coleta de dados referentes ao histórico do tema proposto, tais como patrimônio histórico, o surgimento da arquitetura efêmera, suas características e campo de atuação, a sua importância e influência nos projetos arquitetônicos, benefícios que a arquitetura efêmera oferece para a reestruturação dos espaços e resgate de toda sua memória e valor, amparados por referencias bibliográficas encontrados em livros, sites da internet, periódico e monografias, a fim de angariar o conhecimento necessário para organização e desenvolver do projeto. Subsequente, para elaboração do projeto foi necessário buscar bons embasamentos e referências projetuais que nortearam e ajudaram na elaboração do partido arquitetônico, elemento encontrado nos estudos de casos, que apresentam exemplos, meios e técnicas a serem adotadas no projeto. Fez-se necessário neste processo o levantamento de informações da área de estudo, contemplando todas as edificações existentes no local e no entorno, levantamento arquitetônico, fotografias, levantamento de dados e pesquisa de campo para amostragem, visitas técnicas ao local, levantamento métrico da área, elaboração de plano de massas, programa de necessidades e estudo preliminar. A revisão bibliográfica complementar com base nos levantamentos de dados das etapas anteriores foi necessária a fim de promover correta adequação do projeto à realidade contemporânea, dinâmica e em constante aperfeiçoamento e desenvolvimento. Já a elaboração do Projeto Arquitetônico com base nos estudos realizados no decorrer de todas as etapas de pesquisa, levantamento de dados e necessidades, referências e estudo de casos, foi realizado através de um processo projetual específico e detalhado, em nível de Estudo Preliminar e Anteprojeto. E por fim foi elaborada a apresentação Gráfica da Produção de Desenho Arquitetônico em pranchas detalhadas e com informações relativas ao projeto com detalhamento dos aspectos construtivos, com desenhos técnicos e maquete física da Praça (Largo) do Rosário, em Lorena/SP. 18 2. ARQUITETURA EFÊMERA A arquitetura efêmera se manifestou de inúmeras maneiras ao longo do tempo, tendo como razão de ser, atender às necessidades dos povos primitivos. Não há como definir de maneira exata seu surgimento, tudo indica que a efemeridade vem acompanhando esta evolução da humanidade, desde as tendas nômades, que transportavam seus abrigos para vários locais, mas também nas ocas indígenas, até as atuais construções de grandes pavilhões de exposições. Figura 1– Iglu. Photo: GuidoVrola/iStock (Disponível em: https://www.outsideonline.com/1785956/what-do-i- need-build-igloo - Acesso em: 13/06/2017). Os iglus (figura 01), por exemplo, usados pelos esquimós como abrigo das viagens e caçadas, são modelos de construções efêmeras, e que foram sendo aprimorados com o tempo. Assim também as tendas árabes, que servem como abrigo, são estruturas simples, sem muita tecnologia, porém destaca-se pela sua mobilidade em viagens no deserto, e que hoje proporciona uma abrangência muito maior, sendo desde tendas de habitação nômades, a cenários para teatros, espaços para shows, pavilhões de exposições e eventos, stands de feiras e etc. Cada qual apresentando sua particularidade e seu projeto. Neste evoluir da arquitetura efêmera, deparamos com situações de edifícios que foram projetados para ser temporário e acabaram se tornando permanente, como, por exemplo, a 19 Torre Eiffel (figura 02), projetada e executada para Exposição Mundial em 1889 na França, pelo engenheiro Gustave Eiffel, a fim de demonstrar o domínio das tecnologias metálicas (BENEVOLO,2001). A principio, pensada como uma estrutura a ser desmontada com o fim da exposição, acabou se tornado um marco e referência para o mundo todo. Figura 2– Visitea da Torre Eiffel no fim da tarde. Foto: iStock, Getty Images. (Disponível em: http://mapadomundo.org/paris/4-pontos-turisticos-de-paris - Acesso em: 13/05/2017). Dentre tanta diversidade, atualmente, uma grande tendência da arquitetura transitória são as estruturas metálicas, com sistemas ágeis no transporte e remontagem, o que garante a rapidez. A transição é a grande característica deste elemento construtivo, favorecendo também a leveza da construção e possibilitando vencer grandes vãos, além de contribuir de forma eficaz o visual. (ALBUQUERQUE, 2013). Anualmente acontecem inúmeros eventos por todo o planeta que se abrigam em espaços temporários. 20 2.1 Referências 2.1.1 Estudo de Caso: Atelier do Rossio – Jardins Efémeros (Viseu/Portugal) Arquitetura efêmera possui um leque muito grande de atuação e pode atingir, também, um âmbito mais amplo e complexo, envolvendo os contextos urbanos e multidisciplinares da cultura local. Referenciando esta área da área de estudo, o Festival Jardim Efémeros que é um Festival cultural que acontece no Centro Histórico de Viseu/Portugal, representa bem, em que o projeto regido pelo Atelier do Rossio, onde quatro arquitetos usam a criatividade e a experiência profissional para confrontar o tema do festival a atender a expectativa de impacto da emoção das pessoas, tudo isso decorre entre edifícios memoráveis e devolutos no centro da cidade a fim de valorizar o patrimônio que ali se encontra. No jardim de arquitetura efémera que transforma a Praça D. Duarte, em Portugal, aproxima as pessoas a vivenciar seus sentimentos, a emoção e o encontro com as artes visuais, som, cinema, teatro, danças entre tantas outras faces que cultura contempla. O ambiente é uma reprodução de um jardim, que é composto por muitas árvores, anfiteatro, zonas de descanso e lazer e palcos que recebem os concertos de final de tarde e muitas atividades culturais ao longo do dia. A transformação acontece como uma intervenção, os edifícios devolutos e esquecidos, porém com grande carga histórica ganham vida ao serem reconhecidos e valorizados mantendo ele como se encontra, como se cada ruína representasse uma página de história que ali se escreveu. Lisbeth Rebollo fala sobre as instalações realizadas em edifícios antigos e o reflexo que isso gera. Figura 3 –JARDINS EFÉMEROS Autor: Fernando Carqueja Fotografia - 2016 Figura 4 – JARDINSEFÉMEROS Autor: Fernando Carqueja Fotografia - 2016 21 “(...) assim como os museus instalados em edifícios antigos, históricos, são especialmente interessantes para a observação da cenografia das exposições de arte. Neles, já no primeiro contato com o museu o visitante é envolvido pela arquitetura do prédio; antes mesmo da exposição, o visitante depara com um verdadeiro espetáculo.” (GONÇALVES, 2004). É possível trazer uma nova estetização para o que ficou esquecido. Tudo se transforma constantemente. As cidades passam por uma metamorfose e nem tudo o acompanha e o Festival Jardim Efémeros vem concretizar o que Gilles Lipovetsky e Jean Serroy mencionam em seu livro, A estetização do Mundo correlacionando a concepção que os arquitetos e urbanistas vem aparecendo “como uma espécie de decoradores de cidades que procuram encena-la, fazer desta um espetáculo em si.”. Assim mencionam a dimensão e o reflexo gerado nestes espaços em que a vida das pessoas perpassa. “Velhos galpões são reativados, acolhendo atividades culturais e mercantis; velhos espaços ligados a atividades desaparecidas são requalificados (...). Teatralizando-se, tematizando-se, espetacularizando-se a cidade gera experiências, suscita emoções, cria sensações; nela busca-se uma atmosfera. (...) Nessa ótica se multiplicam as Figura 5 – JARDINS EFÉMEROS Autor: Fernando Carqueja Fotografia - 2016 22 festas e as animações programadas, tornando-se estas um componente essencial das políticas urbanas.” (Lipovetsky, Gilles. 2015) Esta intervenção exprimiu toda emoção da arquitetura em favor da cidade, confrontando ela com a emoção das pessoas. Principalmente ao integrar elementos robustos como madeira, aço como instalação sem descaracterizar a essência dos edifícios, e ainda integrar a iluminação como forma de valorizar os espaços. 2.1.2 Estudo de Caso: Matadero – Centro de Criação Contemporânea (Madrid/Espanha) Localizado em Madrid, o Matadero – Centro de Criação Contemporânea situa-se em um antigo matadouro e mercado de gado, projetado pelo arquiteto municipal Luis Bellido (1869-1955). O arranjo original apresenta uma arquitetura Neomudéjar, típica das construções indústrias realizadas na transição do século XIX para o XX, na Espanha. A partir da sua desativação em 1996, foram realizados inúmeros projetos que davam funções alternativas para estes edifícios, desde Museu de Arquitetura, a Biblioteca Municipal, cinemas e centro comercial. Em 2005 o local começou a ser transformado em um centro com atividades multidisciplinares culturais e artísticas. Esses projetos foram divididos em várias fases, Figura 6 –Matadero. Fonte: Flickr. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/mataderomadrid/with/33910284883/ Acesso em 13/04/2016. 23 concedidos a diferentes arquitetos, num processo que se associa ao conceito de work in progress. Todas estas intervenções tiveram a intenção de preservar os edifícios, conduzindo-se pela ideia de reversibilidade e mantendo as mostras da passagem do tempo, valorizando e acentuando a sua flexibilidade. As obras realizadas agem em meio ao equilíbrio entre o espaço original e a utilização de novos materiais. Sendo assim, as necessidades do extenso programa deste Centro Cultural foram satisfeitas mantendo a composição geral, os espaços da construção original, o caráter, a memória e as marcas da passagem do tempo pelos edifícios. 3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO Figura 7 –Matadero. Fonte: Flickr. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/mataderomadrid/with/33910284883/ Acesso em 13/04/2016. 24 3.1. Apresentação da Cidade/ Contextualização A área de estudo está inserida no Centro Histórico da cidade de Lorena, município do Estado de São Paulo e integrante da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, oficialmente delimitada pela Lei Municipal N° 1963 de 24 de fevereiro de 1992. Cidade de localização privilegiada, por se encontrar no eixo de três importantes capitais do país, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte grande atrativo para as Indústrias, sendo classificada como pólo industrial. Lorena também conta com três centros universitários que atraem estudantes de toda a região. Condicionantes que torna a cidade mais populosa e consequentemente com maior anseio por espaços de lazer e entretenimento. Figura 8– Localização da cidade de Lorena e do seu centro histórico. Fonte: Elaboração própria, 2017 Além disso, a cidade esta integrada ao Circuito Turístico Religioso do Vale do Paraíba. Segundo informações das coletas de dados disponíveis pelo IBGE (2016) – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - a cidade conta com 82.537 habitantes e seu IDH elevado, sendo 0,807. A área de estudo esta localizada no centro da cidade, conforme documentação oficial da Prefeitura Municipal de Lorena (ver mapa 01). A cidade contempla cinco acessos, sendo duas pela Rodovia Presidente Dutra (BR- 116), ligadas a Rodovia Juscelino Kubitscheck de Oliveira (BR-459) e Avenida Peixoto de Castro. Outros dois acessos se dá pela Estrada Velha, Rodovia Washington Luiz (SP-62) que liga Lorena à cidade de Guaratinguetá e pela Rodovia Oswaldo Junqueira Ortiz Monteiro (SP- 62) que dá acesso às cidades de Canas, Cachoeira Paulista, Cruzeiro entre outras cidades. Por fim, partindo do Estado de Minas Gerais, o acesso é realizado pela Rodovia Juscelino Kubitscheck (BR-459) (Ver mapa 01). MAPA - ACESSO A CIDADE MAPA 01 ELABORAÇÃO PRÓPRIAÁREA DE INTERVENÇÃO - CENTRO 1-Rodovia Washington Luiz (SP-62); 2-Rodovia Presidente Dutra (BR-116) ligada Av. Peixoto de Castro; 3- Rodovia Oswaldo Junqueira Ortiz Monteiro (SP-62); 4-Rodovia Presidente Dutra ligada a Rodovia Juscelino K u b i t s c h e c k d e O l i v e i r a ( B R - 4 5 9 ) ; 5- Rodovia Juscelino Kubitscheck (BR-459). 1 2 4 5 3 ACESSOS A CIDADE ACESSO A ÁREA DE INTERVENÇÃO ÁREA DE INTERVENÇÃO LEGENDA 26 3.2 Histórico da Área: Devido à travessia do Rio Paraíba em direção a Minas Gerais, espontaneamente surgiu um pequeno porto com a finalidade de receber os barcos que na região transitavam (REIS, 1988). A cidade por se localizar em uma posição estratégica entre os eixos das Capitais de São Paulo e Rio de Janeiro e também a área de mineração no interior mineiro e goiano, era extremamente requestada por nomes influentes da época (MACEDO, 2009 apud AYRES do CASAL, apud EVANGELISTA, 1978). A área em estudo deste trabalho foi onde a cidade começou, e elevou-se com a chegada de Bento Rodrigues Caldeira em 1695, um bandeirante com rota a Minas, com sua família e mais outras pessoas que ali se abrigaram (BARRETO, 1998). Figura 9 – Catedral Nossa Senhor da Piedade vista das margens do Rio Paraíba. Disponível em: http://www.lorena.sp.gov.br/wordpress/index.php/2015/11/11/aniversario-de-lorena/#prettyPhoto/0/ Acesso em: 13/05/2017). Em 1705, com auxilio de João de Almeida Pereira e Pedro da Costa Colaço, levantaram uma capela com título de Nossa Senhora da Piedade, muito simples, de taipa de pilão, que passado o tempo foi demolida e construída a atual Matriz no lugar, levando o título de primeiro patrimônio histórico religioso do então povoado (BARRETO, 1998). A capela foi construída em um ponto estratégico, próximo ao porto, com incumbência de facilitar as orações dos bandeirantes que por ali iam e descansavam para depois seguirem 27 viagem. (MACEDO, 2009 apud D‟ELBOUX, 2004) Ao redor dessa capela o povoado cresceu e se desenvolveu. Correspondente ao crescimento a pequena freguesia,em 14 de novembro de 1788, transcendeu a Vila, pela Portaria de 06 de setembro de 1788, auferindo o nome de Lorena em homenagem ao governador da Capitania de São Paulo, Bernardo José de Lorena - “em 1788, de tal forma se encontrava desenvolvida a pequena Freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Hepacaré [...] foi elevada a Vila, desmembrando do território de Guaratinguetá” (RODRIGUES, 1956). A Matriz prosseguiu sendo a maior e mais representativa construção da Vila. O local tinha o aspecto semelhante às vilas coloniais do período, com suas casas ocupando a testada dos lotes e constituindo assim uma paisagem contínua e com gabarito semelhante em todos os edifícios (D‟ELBOUX, 2004). Figura10 – Croqui Igreja Nossa Senhora do Rosário – Lorena/SP. Fonte: Elaboração própria, 2016. Por volta de 1851 houve uma ampliação da área urbana da cidade e novos espaços públicos surgiram como é o caso do Largo Imperial (atual Pça Dr. Arnolfo de Azevedo) e o Largo do Rosário. 28 Nesse mesmo período, existiam algumas construções ostensivas para a época, entre elas: o sobrado Comendador Antônio Clemente dos Santos, a Praça da Matriz e o Solar do Senhor Lauro Monte Claro, à Rua Viscondessa de Castro Lima (MACEDO, 2009 apud RODRIGUES, 1956). No Largo do Rosário como é tradicionalmente conhecida a Praça Capitão Mor Manoel Pereira de Castro, situava-se a sede da Prefeitura Municipal e biblioteca que foi demolida, não há registros do acontecimento, o fato é reconhecido pelos relatos dos moradores mais antigos e as marcas que ainda permanecem na pavimentação da praça revelando o uso anterior. Sidnéia Barbosa Flores relata em um poema o fato, “Saudades da Biblioteca Municipal, também no Largo do Rosário, onde passei maravilhosos momentos da minha vida. Sinto que o magnifico casarão que a abrigava tenha sido demolido.”. Evangelista (1978) também descreve a configuração qual a o Largo do Rosário se encontrava quando por volta do ano de 1830 começavam as mudanças na paisagem urbana local; Do Largo da Matriz seguia se pela Rua Augusta(atual Pe. Manoel Teotônio) até o Largo do Rosário. Aí estavam o sobrado da Camara ,e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Também o Largo não era o mesmo : a capela tinha uma torre , o prédio da Camara avançava mais para o centro, deixando um pequeno largo no fundo ,onde funcionava aos domingos a „‟ Quitanda‟... A região em análise, sendo parte da área central da cidade, carrega consigo uma grande bagagem histórica, histórias essas lembradas até hoje contada pelos edifícios ali construídos e que permanecem em pé. Como é o caso do casarão da Família Moreira que atualmente abriga a Secretaria da Cultura e o Museu Municipal. Entende-se que o processo de transformação e evolução urbana ocorre de modo lento. A Vila de Lorena passa a Cidade por Lei provincial nº 21 ou 541, de 24 de abril de 1856, sendo o 26º município do estado de São Paulo (MACEDO, 2009). 3.3 Contextualizações paisagísticas Ao analisar a arquitetura da cidade, podemos identificar os diversos elementos formadores da paisagem urbana, sua evolução ao longo da história, sua composição na forma da cidade, a influência que sofre a cultura, economia, história, entre tantos outros fatores que contribuem para formação de uma identidade da arquitetura. A morfologia da área é mostrada em mapas que expressam diferentes tópicos de análise, que traduz mais claramente os diversos elementos citados acima como formadores da paisagem urbana. 29 Primeiramente, o perímetro de estudo, situado na área central e histórica da cidade, conta com um grande acervo de estrutura primária que articula todo o movimento do local, tais como a Catedral Nossa Senhora da Piedade, Casa da Cultura, Câmara Municipal, Unisal, Bancos, comércio e etc. A composição do sistema viário de Lorena possui características muito importantes para a cidade, pois ajudou a definir a forma da cidade. Os sistemas de serviços rodoviário e ferroviária de Lorena, por exemplo, são privilegiados, pois a cidade é beneficiada pela sua localização estrategicamente instalada nas proximidades de 4 dos 9 principais portos do Brasil, a saber: Santos, Sepetiba, Rio de Janeiro e São Sebastião. (CITY’S BOOK, 2015. Pág 15). A cidade também conta com uma grande base educacional, por acolher importantes instituições de ensino que atrai estudantes oriundos de toda região. São as instituições: um campus da Universidade de São Paulo – USP, referência na área de engenharia. O UNIFATEA e UNISAL, direcionada a formação na área de Humanas. A presença de três centros de ensino de excelência faz com que a cidade seja um atrativo para as indústrias. Além disso, a cidade possui importantes edifícios religiosos, que torna a cidade parte do eixo do turismo religioso, e possui também outros elementos referentes à saúde e cultura. (Ver mapa 02) Toda esta morfologia poderia contribuir para a homogeneidade da cidade, não criando usos específicos para cada área e em determinados horários do dia apenas, e sim, fazer com que a ideologia de Jane Jacobs fosse colocada em prática. A autora defendia o uso combinado dos espaços, a fim de propor um movimento contínuo nos diversos horários do dia. Dessa maneira evita-se que um local só funcione em horário comercial e seja pouco utilizado a noite, ou mesmo evitar que um local tenha pouco movimento por ser uma área estritamente residencial. É muito necessário o uso combinado dos horários e principalmente em fazer uso do velho para coisas novas, valorizando ainda mais a localidade. Outra análise é a apresentação dinâmica dos mapas, diferenciando os usos e fluxos da área, que nos permite fazer algumas comparações. Diante de tal análise, vemos grande uso misto e comercial, que se desenvolvem ao longo da Rua Dom Bosco, a paralela Rua Dr. Rodrigues de Azevedo e a Praça Arnolfo de Azevedo, diferente da região do largo do Rosário onde a predominância se dá pelas residências (Ver mapa 03). Devido a esta diferenciação de usos, os fluxos também se divergem, por exemplo, a área essencialmente constituída por residências, é composta por vias locais de pouco movimento, já nas vias onde se dá a predominância de uso misto e comercial é onde se 30 concentra o fluxo intenso de veículos e pedestres, por concentrar as mais importantes atividades da cidade (Ver Mapa 04). Essa analise, se reflete também no aspecto segurança. Certamente as ruas com grandes predominâncias de comercio e misto, os pedestres circulam com mais segurança e na área de predominância residencial acontece o contrário, devido a pouca movimentação de pedestres. Como citado, a área em estudo faz parte do centro histórico da cidade de Lorena, porém muitas coisas foram sofrendo alterações ou adaptações ao longo do tempo. As edificações onde se estabelece o comércio precisou adaptar-se à grande característica da antiguidade do local, como a falta de recuo das construções, característica histórica da arquitetura. São muitas as análises paisagísticas apresentadas por este estudo. A própria preservação é muito mais na área residencial, do que na região mista e comercial. Analisando a configuração morfológica, vemos a intensidades das áreas verdes encontradas nas áreas de lazer, e algumas interações do verde com a área edificada. A própria Praça do Rosário, foi alvo de críticas por moradores que alegam que a arborização já foi melhor cuidada e que hoje está abandonada, diferentemente da Praça Arnolfo de Azevedo que detém de uma grande reforma por se encontrar em uma localidade de grande circulação. A relação dos espaços livres com o privado mostra-se diferenciado, pois a área é bem densa,e o contraste acontece apenas com as praças públicas, não obtendo lotes desocupados com vegetação. Outra analise observada é que, de acordo com os dados obtidos através da pesquisa, é possível perceber que os edifícios de dois pavimentos são predominantes na área de zonas comerciais e mistas, onde o pavimento térreo é utilizado para comércios e os pavimentos superiores são residenciais. Além disso, o estilo Colonial predomina nas construções, influência do início da urbanização da área e característica marcante do início do Séc. XIX, principalmente na área residencial. Apesar de serem perceptíveis esses estilos nos edifícios, a maioria deles não está bem preservada. Todos estão descaracterizados de alguma forma. Isso se dá, como já dito anteriormente, pela necessidade de reutilizar as construções para outros fins, principalmente o comercial. Essa descaracterização poderia ser impedida caso tais prédios fossem protegidos por legislação e tivessem o acompanhamento de arquitetos capacitados para orientar os moradores em reformas de casos especiais, como são os da área. MAPA - ESTRUTURA PRIMÁRIA MAPA 02 ELABORAÇÃO PRÓPRIAÁREA DE INTERVENÇÃO - CENTRO 1 - AMBULATÓRIO E ESPECIALIDADES 2 - COLÉGIO PATROCÍNIO DE SÃO JOSÉ 3 - CÂMARA MUNICIPAL 4 - PRAÇA DA CATEDRAL 5 - CATEDRAL DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE 6 - IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO 7 - PRAÇA ARNOLFO DE AZEVEDO 8 - E.E. GABRIEL PRESTES 9 - UNISAL 10 - IGREJA SÃO BENEDITO 11 - ESCOLA PROFISSIONALIZANTE MILTON BALLORINI 12 - LAR SÃO JOSÉ 13 - IGREJA DO LAR 14 - VELÓRIO 15- BIBLIOTECA MUNICIPAL 16 - PRAÇA CONDE MOREIRA LIMA 17 - SANTA CASA DE MISERICÓRDIA 18 - CANÇÃO NOVA 19 - CLUBE COMERCIAL 20 - RUA DOM BÔSCO 21 - RUA DR. RODRIGUES DE AZEVEDO 22 - RUA MAJOR DE OLIVEIRA BORGES 23 - RUA DUQUE DE CAXIAS 24 - RUA CORONEL JOSÉ VICENTE 25 - RUA BARÃO DE CASTRO LIMA 26 - RUA COMENDADOR CUSTÓDIO VIEIRA 27 - RUA SÃO BENEDITO 28 - FERROVIA 29 - AV. JOÃO PAULO XVIII LARGO DO ROSÁRIO- LOCAL DE INTERVENÇÃO FLUXOGRAMA- ESTUDOS DE IMPLANTAÇÃO 0 50 100 150 200 ESCALA GRÁFICA R U A A C E S S O A C E S S O C IR C U LA Ç Ã O IS T. A PO IO M U LT IU S O C IR C U LA Ç Ã O PA LC O C O N V IV Ê N C IA LA N C H O N E TE MAPA 03 ELABORAÇÃO PRÓPRIA COMERCIAL MISTO LAZER RESIDENCIAL MAPA - USO DO SOLO ÁREA DE INTERVENÇÃO - CENTRO INSTITUCIONAL Largo do Rosário - Área de Intervenção MAPA 03 ELABORAÇÃO PRÓPRIA 0 50 100 150 200 ESCALA GRÁFICA COMERCIAL MISTO LAZER RESIDENCIAL MAPA - USO DO SOLO ÁREA DE INTERVENÇÃO - CENTRO INSTITUCIONAL MAPA - HIERARQUIA VIÁRIA E TRANSPORTE MAPA 04 ELABORAÇÃO PRÓPRIAÁREA DE INTERVENÇÃO - CENTRO LARGO DO ROSÁRIO- LOCAL DE INTERVENÇÃO 34 4. Diagnóstico da área de implantação do projeto: A área de intervenção será a Praça Capitão-Mor Pereira de Castro, localizado no Centro, Lorena – SP, tradicionalmente conhecido como Largo do Rosário. O local se encontra no centro Histórico, abastecido por uma estrutura primária bem significativa, que influência muito à dinâmica e fluxo da cidade, compõe-se de edifícios como Catedral de Nossa Senhora da Piedade (Igreja Matriz), Centro Universitário Salesiano (Unisal), Agencias bancarias, comércio e etc. E no entorno praça, nas ruas adjacentes, ainda conta com praças, igrejas, Postos de saúde, edifícios públicos e etc. A área de intervenção possui em média 1385 m² e o terreno é plano. Por se localizar no centro oferece toda infraestrutura básica, transporte e serviços em geral, que faz do local ter grande potencial e valor. A área retangular, os lados mais estreitas são para Leste e Oeste. E as principais vias adjacentes à área (Dr. Rodrigues de Azevedo e Rua Dom Bosco) localizam-se, respectivamente, a Norte e Sul. Figura 11 – Vista Praça do Rosário – Lorena/SP. Fonte: Rafael Lima , 2017. Figura 12 – Igreja N. S. do Rosário – Lorena/SP. Fonte: Heverton Oliveira , 2017. 35 Figura 13 – Vista Praça do Rosário – Lorena/SP. Fonte: Heverton Oliveira , 2017. 4.1 Acessos e Hierarquia Viária O acesso à área dá-se pelas mesmas vias mencionadas aos acessos da cidade, como vias prioritárias. No âmbito bairro, o acesso ao centro acontece pela Rua Dom Bosco e Rua Dr. Rodrigues de Azevedo, e pelas ruas perpendiculares, tais como, Rua Padre Manoel Teotônio de Castro e Rua Hepacaré. Outro acesso importante acontece pela Rua Conselheiro Rodrigues Alves e continua pela Rua Viscondessa de Castro Lima. (Ver mapa 05) É necessário trafegar por essas vias de grande importância para cidade, mencionadas acima, que possuem grande fluxo e interfere diretamente na dinâmica da cidade em horários específicos, por conta de ser um acesso ao centro comercial e também a Unisal (Centro Universitário Salesiano). O local, atualmente, serve a região como um estacionamento de carros, pela grande demanda de uso em seu entorno. O local é de fácil acesso, pois se encontra próximo a Catedral de Nossa Senhora da Piedade, que pela sua grandiosidade e importância, acaba sendo um marco visual, podendo ser observada de vários pontos da cidade, e também, se possui Paralela a sua localidade se encontra a Rua Dom Bosco que dá acesso a UNISAL, grande referência na cidade. 4.2 Uso e Ocupação do solo A área em análise possui grande predominância de residências e alguns edifícios com algum uso misto. Possui um gabarito bem característico e conservado, onde grande parte dos edifícios são de 1 e 2 pavimentos. A característica da vizinhança ainda se mantém grande 36 parte conservada em relação a sua origem, com moradores de famílias tradicionais da cidade. (Ver mapa 06) O local por manter esta característica de caráter residencial é frequentado por moradores locais e também um ambiente de transição por onde os cidadãos passam para chegar ao seu destino, como ao centro comercial ou edifícios públicos situados no Centro da cidade. Outra característica observada foi que por ser um local próximo ao centro comercial, o entorno da praça serve como um grande estacionamento público, fazendo com que a praça perca sua identidade e função de praça. (Ver figura 09) Visto que as praças são locais de encontro e convívio social; Os benefícios trazidos pelas praças públicas decorrem tanto da vegetação que pode ser abrigada por elas, quanto de aspectos subjetivos relacionados à sua existência, como a influência positiva no psicológico da população, proporcionada pelo contato com a área verde e/ou pelo uso do espaço para o convívio social (VIERO; FILHO, 2009). Figura 14 – Vista Praça do Rosário – Lorena/SP. Fonte: Rafael Lima , 2017. 4.3 Aspectos naturais Em relação aos aspectos naturais da área de intervenção a principal característica é que o terreno é plano. A praça também conta com número significativo de árvores e arbustos, algumas típicas de origem brasileira, e outras desconhecidas, além de canteiros gramíneos, características que a denomina como uma Área Verde. A composição arbórea se faz necessária em praças, primeiramente pelo conforto térmico proporcionado ao ambiente, e em relação à arquitetura efêmera, são elementos muito importantes para composição do projeto e 37 integração com elementos atuais da construção apresentando o contraste que os mesmo possuem. (Ver mapa 07) As áreas verdes urbanas são consideradas como o conjunto de áreas intraurbanas que apresentam cobertura vegetal, arbórea (nativa e introduzida), arbustiva ou rasteira (gramíneas) e que contribuem de modo significativo para a qualidade devida e o equilíbrio ambiental nas cidades. (Parques e Áreas Urbanas – Ministério do Meio Ambiente - Disponível em: http://www.mma.gov.br/cidades- sustentaveis/areas-verdes-urbanas/parques-e-%C3%A1reas-verdes Acesso em 28/05/2017). As residências e instituições vizinhas, por seu entorno, são também abastecidas por um grande arranjo arbóreo, criando uma grande composição verde na área de intervenção. Nas suas proximidades também conta com a passagem do Rio Paraíba do Sul, rio que corta e abastece várias cidades da região e o Rio Taboão. Diante da análise das condições arbóreas da praça e entorno, não será necessária a movimentação de qualquer elemento natural, porém será destinado um cuidado maior para a conservação das mesmas. 4.4 Estado físico atual Atualmente o Largo do Rosário não apresenta boas condições, sua pavimentação foi danificada pelas raízes das árvores que cresceram na praça fazendo que o local não tenha nenhum segurança com relação à acessibilidade a deficientes físicos, além dessas calçadas não estarem adequados ao código de acessibilidade. A iluminação é precária, pois os postes de luz são cobertos pelas vegetações e árvores prejudicando a iluminação. O mobiliário urbano também se encontra bastante deteriorado e com poucos cuidados. MAPA 03 ELABORAÇÃO PRÓPRIA 0 50 100 150 200 ESCALA GRÁFICA COMERCIAL MISTO LAZER RESIDENCIAL MAPA - USO DO SOLO ÁREA DE INTERVENÇÃO - CENTRO INSTITUCIONAL FLUXOGRAMA- ESTUDOS DE IMPLANTAÇÃO 0 50 100 150 200 ESCALA GRÁFICA R U A A C E S S O A C E S S O C IR C U LA Ç Ã O IS T. A PO IO M U LT IU S O C IR C U LA Ç Ã O PA LC O C O N V IV Ê N C IA LA N C H O N E TE MAPA - ACESSO E HIERARQUIA VIÁRIA MAPA 05 ELABORAÇÃO PRÓPRIAOBJETO DE ESTUDO 0 50 100 150 200 ESCALA GRÁFICA PRAÇA CAPITÃO MOR PEREIRA DE CASTRO ÁREA DE INTERVENÇÃO FLUXO BAIXO FLUXO MODERADO FLUXO INTENSO HIERARQUIA VIÁRIA LEGENDA ACESSOS RUA PADRE MANOEL TEOTÔNIO DE CASTRO RUA VISCONDESSA DE CASTRO LIMA RUA DOM BOSCO RUA DR. RODRIGUES DE AZEVEDO RUA HEPACARÉ R U A PA D R E M A N O E L TE O TÔ N IO D E C A S TR O RU A VI SC ON DE SS A DE C AS TR O LI M A RUA DOM BOSCO RUA DR. ROD RIGUES DE AZ EVEDO R U A H E PA C A R É MAPA - USO DO SOLO MAPA 06 ELABORAÇÃO PRÓPRIAOBJETO DE ESTUDO ÁREA DE INTERVENÇÃO COMERCIAL - 1 PAVIMENTO COMERCIAL - 2 PAVIMENTOS RESIDENCIAL - 1 PAVIMENTO RESIDENCIAL - 2 OU MAIS PAVIMENTOS MISTO - COMERCIAL / RESIDENCIAL LAZER ISNTITUCIONAL LEGENDA 0 50 100 150 200 ESCALA GRÁFICA 41 4.5 Legislações Urbanas e Condicionantes Legais Ao se tratar de uma intervenção em uma praça, se faz necessário entender que o espaço se trata de um bem público, que são todos aqueles que pertencem às pessoas jurídicas de Direito Público, ou seja, União, Distrito Federal, Municípios, Autarquias e Fundações Públicas. Primeiramente, o espaço se classifica como um bem municipal, pela sua denominação de praça, e garantido pelo Código Civil de 2002, como bens de uso comum do povo ou de Domínio Público, categoria destinada a espaços de uso geral pela coletividade. Implica sobre os bens públicos algumas condições, a afetação, ato que por meio da deliberação da Administração Pública necessita ter uma finalidade pública. Segundo Filho (2007), “A Afetação de um bem público ocorre quando o bem está sendo utilizado para um fim público determinado, seja diretamente pelo Estado, seja pelo uso de particulares em geral. [...]”. Incide também sobre os espaços públicos, a inalienabilidade (o bem de caráter Público não pode ser alienado); Imprescritibilidade (Os bens públicos não são passiveis de prescrição – Usucapião); Impenhorabilidade (os bens públicos não estão propensos a serem utilizados para o deleite do credor no pressuposto de não efetivação da obrigação por parte do Poder Público); Pela não – oneração (os bens públicos não podem ser usados com fins de cobrir e garantir o direito de terceiros). Essas categorias garantem a continuidade da prestação de serviço por parte do Poder Público, a fim de atender as necessidades coletivas. Outra condicionante legal que implica sobre o local é que de acordo com o Art. 8º, § 1º, da Resolução CONAMA Nº 369/2006, o espaço possui a denominação de área verde de domínio publico. “[...] considera-se área verde de domínio público "o espaço de domínio público que desempenhe função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização". (Parques e Áreas Urbanas – Ministério do Meio Ambiente - Disponível em: http://www.mma.gov.br/cidades- sustentaveis/areas-verdes-urbanas/parques-e-%C3%A1reas-verdes Acesso em 28/05/2017). 4.5.1Taxa de ocupação Segundo a Lei Municipal de Lorena N° 1.963 de 1992, Capítulo III, Artigo 28º As taxas de ocupação dos terrenos edificáveis, independentemente de sua localização serão: I – Uso Residencial – 50% da área do terreno; II – Uso Comercial, Industrial e Institucional – 80% da área do terreno. 42 No Artigo 29º Para efeito de cálculo das taxas de ocupação do coeficiente de aproveitamento e dos recuos, serão consideradas tanto as áreas construídas e cobertas da edificação principal, como as das edificações acessórias, se existirem. 4.5.2 Recuos De acordo com a Lei N° 1.963 de 1992, Capítulo III, Artigo 20º fica estipulado recuo mínimo e obrigatório, de acordo com a classificação das vias, a partir do alinhamento do terreno, para ambos os lados, onde fica definido 4,00m (quatro metros) em vias V.D. e V.P. para usos residenciais, comerciais, institucionais, serviços e industriais. No Artigo 21º Fica estipulado o recuo lateral resultante da formula abaixo, em vias classificadas como V.P. e V.D., para edificações com piso de pavimento e/ou piso útil a uma distancia vertical maior que 10,00 m. contada a partir do nível da soleira do andar térreo. 4.6 Limites Os limites da área de intervenção se dão pelos edifícios do seu entrono, por ser uma praça publica é uma área toda aberta. Qualquer pessoa tem acesso, mas como já mencionado, pouco utilizado, por conta da precária segurança. As vias são de fáceis acessos, o que não impõe obstáculos em sua localização ou acesso. Oficialmente delimitada pela Lei Municipal N° 1963 de 24 de fevereiro de 1992, o local é denominado como Centro, e faz limite com os bairros, Matadouro Velho, Vila da Figueira, Cabelinha, Jd. Nova Lorena, Vila Aparecida, Jd. Margarida, Vila Celeste, Vila D. Bosco e Vila Buck. 4.7 Usuários A Praça é subutilizada e não exerce sua função social, em aproximar o cotidiano e fazer com as pessoas e sintam acolhidas ao frequentar o local, não há um sentimento de pertencimento. “[...] tanto em tempos remotos quanto na atualidade, fica claro que as praças desempenham importante papel como espaço democrático, de uso comum, palco de decisões e local de convívio e lazer de toda comunidade. Conhecer a importância, os usos e funções destas áreas é essencial para a valorização e preservação das praças públicas, especialmente numa época em que a preocupação global volta-se para o meio ambiente, a sustentabilidade e a qualidade de vida da população.” (VIERO; FILHO, 2009). 43 Figura 15 – Vista Praça do Rosário – Lorena/SP. Fonte: Rafael Lima , 2017.44 5 Partido Arquitetônico: Foi definido que o projeto deveria cumprir o papel de entretenimento para a população da cidade de Lorena/SP. Para isso, seria necessária uma implantação que possibilitasse espaços acolhedores que dialogue sutilmente com a rotina da cidade. Optou-se pela conservação de todas as edificações existentes, fazendo a população entenderem que ali se encontra boa parte da história da cidade e consequentemente carrega consigo muita memória, lembrança, marcos e marcas da sociedade. O espaço será utilizado com eventos culturais, com instalações temporárias e desmontáveis nos espaços, aplicadas através do conceito de arquitetura efêmera. Essas instalações seguirão um programa de necessidades básico, porém, serão renovadas quatro vezes ao ano, de acordo com cada estação do ano: verão, outono, inverno e primavera, referenciando a transição, a mudança da arquitetura de acordo com as estações, sem perder a memória e as lembranças da cidade. Sendo assim, a proposta será adaptar o local a usos de entretenimento atendendo a normas de acessibilidade ao espaço público, acolhendo classes sociais. O projeto se fundamentará através dessa arquitetura transitória que acompanhará a transição das estações do ano, propondo à população a interação com a praça, promovendo um ponto de encontro e convívio sociais através diversos eventos com espaços multidisciplinares e culturais. A transição e as instalações junto às estações acontecerão de forma que sejam destacadas as características de cada estação do ano, promovendo às sensações e atividades condizentes com a mesma. A proposta conta também com a desapropriação do edifício Casa Amarela e proposta de novo uso para ela, para servir como instalação fixa de apoio as atividades que venham a acontecer na praça. A referida “Casa amarela” foi projetado em 1890, pelo renomado arquiteto brasileiro Ramos de Azevedo, que também projetou a reforma da igreja Nossa Senhora do Rosário (antiga Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos) ao lado da residência. A Residência foi projetada para uma viscondessa sobrinha do Conde de Moreira Lima. Após seu falecimento, a residência foi comprada em 1928 pelo prefeito Cornélio de Azevedo Nunes. Atualmente pertence à filha dele, Sra. Lídia S. de Azevedo Nunes que atualmente reside no local. 45 Dar novo uso a esse edifício histórico, tornando-o público mostra o valor que a casa representa ao Largo do Rosário, e como meio de preserva-lo, foi à medida escolhida para preserva-lo consequentemente promovendo sua conservação. O partido ainda contempla um estudo conceitual que aponta que cada estação do ano possui cores e energias distintas, resultando em interações emocionais diversas e, consequentemente, diferentes reações físicas. Somos influênciado diretamente pela emoção. Esse conceito de estudo das cores promove a identidade visual do evento e mapeia as sensações do local setorizando os espaços em abertos e fechados; reunião de público e contemplação; som e silêncio; de luz e sombra e etc. A Primavera, é a estação em que surgem os tons pastel - branco, creme, lilás em seu inicio. Conforme a Primavera avança, as cores vão se tornando mais intensas - como amarelo e roxo - anunciando a aproximação do Verão. O Verão indica uma época de intensidade. Todas as cores apresentam mais ativas e alegres nessa época do ano. O vermelho, laranja e amarelo propõe vitalidade, saúde e energia. No Outono, as cores se tornam mais profundas - laranja, vermelho escuro, marrom, dourado - refletindo ao estado emocional que se torna mais introspectivo. O Inverno é a estação dos contrastes branco, vermelho e verde. 5.1 Conceito –Arquitetura e as estações do Ano As estações do ano tiveram sua origem através da percepção das variações sofridas pelo nosso clima (chuvas, estiagem, temperatura alta e baixa) que abrange cada região. As estações do ano ocorrem devido ao o movimento de Translação da Terra em torno do Sol e também devido à inclinação do eixo de Rotação de nosso planeta. O que mais contribui para esta variação é a inclinação do eixo de Rotação da Terra em relação a uma perpendicular ao plano de sua órbita (a órbita da Terra é chamada de Eclíptica), que é de 23 graus e 27 minutos. (...)Em certo momento temos o hemisfério norte mais voltado para o Sol e em outro momento temos o sul mais voltado para o Sol, provocando esta variação de temperatura que acaba ocasionando as estações do ano. (Conhecendo as Estações do Ano – Prof. Prof. Emerson Roberto Perez – Astrônomo e Diretor do Complexo Astronômico -Observatório e Planetário - da cidade de Presidente Prudente-SP – Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABfIQAC/conhecendo-as-estacoes-ano - Acesso em 15/06/2017) 46 Figura 16 – Estações do Ano. Disponível em: <http://bmjscomunidadeleitores.blogspot.com.br/2016/01/as- leituras-e-as-estacoes-do-ano.html> Acesso em 12/06/2017. Cada uma das estações, sendo elas Verão, Outono, Inverno e Primavera, tem a capacidade de transformar não apenas o clima, o tempo e a temperatura, mas também tem grande poder de influências as pessoas, nos sentimentos, humor e etc. Mas um grande fator que esta metamorfose acompanhada é a condicionante conforto. Cabe à arquitetura, tanto amenizar as sensações de desconforto impostas pelas variações climáticas, como também propiciar ambientes que sejam tão confortáveis como os espaços ao ar livre. 6 Anteprojeto 6.1 Programas de Necessidades básicas O programa básico de necessidades apresenta espaços para que o evento possa atender as necessidades básicas do projeto e acolher de forma favorável as pessoas que farão uso das atividades. Área de Convivência – área ao ar livre com elementos que promova a aproximação e integração das pessoas para trocas de experiências, mas também para descanso e lazer. Palco (Ar livre ou Coberto) - área de cena ao ar livre ou coberto que não terá limites definidos, o palco se adaptará ou será definido a partir das linhas de visão do espectador em relação à área de cena proposta pela cenografia ou apresentação. Salas/Tendas para cursos e atividades multiuso - Espaço destinado à realização de encontros, reuniões, oficinas, cursos de capacitação e atividades paralelas em geral. (Teatro Dança, Shows, etc.) Lanchonete/Restaurante – Espaço destinado à alimentação e refeições rápidas. 47 Instalações de apoio médico – Espaço de Apoio emergencial providência um atendimento pré-hospitalar. Espaço Multiuso – Espaço ao ar Livre para atender atividades diversas multidisciplinares que venham acontecer dentro do evento. Sanitários – Instalações sanitárias masculino, feminino e para deficientes, que venham atender aos usuários do espaço e evento. 6.2 Programas de necessidades complementar O programa de necessidades complementar inclui atividades condizentes as características marcantes de cada estação do ano; Verão Academia ao ar livre; Espaço Recreação. Shows; Dança; Teatro. Outono Biblioteca ao ar livre; Desfile de Moda. Shows; Dança; Teatro. Inverno Concerto Musical; Livraria Café Galeria; Festival de Culinária. Shows; 48 Dança; Teatro. Primavera Jardim; Feira Hortifrúti; Feira de artesanatos. Shows; Dança; Teatro. DIAGNÓSTICO DA ÁREA / PLANO DE MASSAS MAPA 08 ELABORAÇÃO PRÓPRIASETORIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO 0 50 100 150 200 ESCALA GRÁFICA 0 50 100 150 ESCALA GRÁFICA CIRCULAÇÃO PRINCIPAL SENTIDO DAS VIAS EDIFÍCIO A SER DESOCUPADO - SERVIR COMOINSTALAÇÃO DE APOIO (ATENDIMENTO EMERGÊNCIA; INFORMAÇÕES; SANITÁRIOS E ETC) ÁRVORE DESTAQUE PÁLCO ÁREA MULTIUSO LANCHONETE ÁREA DE CONVIVÊNCIA ACESSOS ÁREA DE INTERVENÇÃO 50 7 CONCLUSÃO Atualmente acompanhamos uma sociedade em constante mudança e que anseia sempre pelo novo. Tendo em vista esta demanda e como meio de resgatar o valor histórico de um espaço, o Largo do Rosário – Lorena/SP, este trabalho usa da arquitetura efêmera para proporcionar este resgaste, além de outros objetivos secundários. O efêmero vem compor junto à arquitetura a grande demanda dos eventos e da transformação do espaço. A escolha do tema se deu diante da falta de opções para lazer e entretenimento e cultura na cidade, bem como o meio de resgatar o valor da Praça que ao longo do tempo perdeu sua principal função de promover encontro. Diante disto é possível constatar que o investimento em áreas associadas ao lazer e a cultura pode gerar bons resultados econômicos, além de maior visibilidade ao município e contribuir para a qualidade de vida da população. Acompanha também muitos reflexos secundários, como diminuição da marginalidade e promove uso adequado aos espaços denominados bens públicos, conservando-o, mas também a história da cidade e toda memória ali contida. 51 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, Glauce Lilian Alves de. O Projeto de arquitetura de espaços temporários com uso de sistemas construtivos remontável: Um estudo exploratório. 2013. 423 f. Tese doutorado (Pós graduação - Arquitetura e Urbanismo) – UFRN. Daniel Paz. 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