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Arqueologia_Urbana_trajetoria_e_perspect

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sempre correspondem a esse volume, na medida em que os relatórios de campo acabam 
por ficar armazenados nos arquivos do IPHAN. De toda forma, as pesquisas 
aumentaram de forma substancial e houve atenção crescente aos excluídos, tanto do 
passado, como no presente. 
 Não se poderia deixar de citar ainda, como um importante campo em 
desenvolvimento e com perspectivas promissoras para o futuro próximo da Arqueologia 
urbana brasileira, o que engloba questões que se inserem dentro do tema da Arqueologia 
da Repressão e da Resistência. O fim da ditadura militar brasileira não só tem permitido 
o desenvolvimento do campo arqueológico como um todo, possibilitando o surgimento 
de leis e de debates que põem a questão patrimonial em primeiro plano, mas também 
tem permitido, ainda que timidamente, um questionamento das próprias ações do 
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regime, abrindo também espaço para o aprofundamento das análises de outros períodos 
ditatoriais ou repressivos da história do país. 
Neste contexto, a colaboração de importantes pesquisadores que se tem dedicado 
ao tema, não somente em contexto brasileiro, mas também numa perspectiva latino-
americana tem sido crucial para o despertar de questionamentos acerca dos (não) 
lugares clandestinos destinados à repressão de grupos opositores durante os períodos 
estudados, bem como a revisão da produção científica do próprio campo durante a 
vigência desses governos repressivos (Funari, 2002; Zarankin; Salerno, 2008; Zarankin; 
Funari, 2008; Funari et al, 2009; Funari; Ferreira, 2012; Salerno; Zarankin, 2013). 
No atual momento político do país em que os trabalhos da chamada Comissão da 
Verdade se desenvolvem assim como pesquisas em contextos como o do Araguaia, 
buscando clarificar os acontecimentos e dar voz e reconhecimento aos abatidos pelo 
regime naquele sítio de conflito, o papel da Arqueologia urbana revela-se de novo 
crucial na revelação e compreensão dos lugares relacionados à repressão e à resistência 
durante a vigência dos regimes ditatoriais brasileiros. 
Por outro lado, se este, bem como outros campos da Arqueologia urbana se tem 
desenvolvido de maneira promissora no país, os horizontes da disciplina ainda 
apresentam muitos desafios. Estes referem-se à maior difusão das pesquisas 
arqueológicas urbanas e à ampliação das ações de Arqueologia Pública e interação entre 
estudiosos e as pessoas. O predomínio da pesquisa ligada ao mercado tende a continuar 
e aprofundar-se, o que constitui um grande desafio. As pesquisas multiplicam-se e há 
necessidade premente de uma melhor difusão dos estudos resultantes das pesquisa 
arqueológicas urbanas. Esta deverá ser a tendência nos próximos anos, na medida em 
que apenas dessa forma essa produção poderá efetivar seu potencial tanto para a ciência, 
como para a população mais ampla. Pode concluir-se, de todo modo, que os avanços 
foram notáveis, tendo em vista a breve trajetória da Arqueologia Urbana no Brasil e que 
as perspectivas são as mais promissoras. 
 
 
 
Agradecimentos 
Agradecemos a Fábio Vergara Cerqueira, Carlos Fabião, Lúcio Menezes Ferreira, 
Nelsys Fusco, Carlos Magno Guimarães, Harold Mytum, Cláudio Plens, Raquel Rolnik, 
Daniel Schávelzon, Michael Shanks, Christopher Tilley, Fernanda Tocchetto, Paulo 
Zanettini e Andrés Zarankin. Mencionamos o apoio institucional do Laboratório de 
Arqueologia Pública Paulo Duarte (LAP/NEPAM/Unicamp), FAPESP e CNPq. 
 
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