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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Profª Thalita Campanholo Uberlândia 2018 1- ADMINSTRAÇÃO HOSPITALAR Compreender a atividade hospitalar como um negócio e equilibrar esse conceito com a função social do hospital exige uma gestão empresarial ética, e desafiadora. Mais do que isso, adaptar o hospital ao novo paradigma da competente qualidade é questão de sobrevivência. E, sendo essa organização tão complexa, a adaptação envolve a alocação de recursos materiais e a gestão de pessoas, bem como a avaliação da capacidade técnica e sua utilização adequada. (GONÇALVES, 2006, p. 44). Os hospitais no Brasil, como em qualquer outro país, foram administrados por religiosos, médicos, enfermeiros ou pessoas da comunidade, devido ao fato de não serem vistos como uma empresa e sim como uma “instituição de caridade”. Anterior a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) somente uma pequena parcela da população brasileira dispunha do acesso aos serviços de saúde, uma mínima parte que tinha condições de pagar pelos serviços, e uma outra parte que eram atendidos por intermédio do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e posteriormente pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), e em ambos os casos, atendendo somente aos chamados previdenciários. As ações desenvolvidas pelo INAMPS, que tinham caráter contributivo, beneficiavam somente os trabalhadores da economia formal, com “carteira assinada”, e seus dependentes, os chamados previdenciários. Não havia, portanto, caráter universal na atuação desta autarquia. (BRASIL, 2003) Este sistema de saúde adotado fazia com que a população brasileira fosse divida em duas classes, os previdenciários, considerados de 1ª Classe, que, apesar de algumas dificuldades pertinentes ao próprio sistema da época, tinham acesso à saúde, e, os demais membros da população que pertenciam a 2ª Classe – os indigentes – os quais somente tinham assistência à saúde através de hospitais públicos ou por algumas entidades de cunho filantrópico. (BRASIL. 2003) Os primeiros passos no sentido de universalização da saúde no Brasil, se deu através do INAMPS, quando este, passou a não mais exigir a carteirinha do INAMPS para o atendimento em suas unidades. Com a evolução deste processo, o INAMPS passou a realizar parcerias com os governos estaduais, surgindo o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), primeira ação antes da criação efetiva do Sistema Único de Saúde (SUS). Todo este processo culminou com a criação do SUS, consagrado a partir da Constituição Federal de 1988, segundo a qual é garantido a todo cidadão brasileiro um serviço de saúde de qualidade e gratuito. De acordo com Azevedo (1993), atualmente a organização hospitalar é uma das mais complexas, não apenas pela nobreza e amplitude de sua missão, mas, sobretudo, por apresentar uma equipe multidisciplinar com elevado grau de autonomia, para dar assistência à saúde em caráter preventivo, curativo e reabilitador a pacientes em regime de internação, com o uso de tecnologias de ponta. Constituiu-se, ainda, num espaço de práticas de ensino- aprendizagem e produção cientifica. A organização hospitalar foi definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja função é prestar à sociedade completa assistência no que se refere à saúde (OMS, 2008). No Brasil, as organizações desse setor vêm promovendo as mudanças necessárias para o desenvolvimento da função de prestação de serviços à sociedade e para promover a implementação das políticas de saúde definidas na Constituição Federal (CF) de 1988 (ARRETCHE, 2003). Nesse sentido, Souza et al. (2008) defendem que, para atingir o objetivo de prestação de serviços de saúde à sociedade, é necessário que os gestores hospitalares realizem a avaliação do desempenho organizacional, a fim de mensurar a eficiência da gestão. Assim, para a avaliação e o controle eficientes, os gestores das organizações, de forma geral, necessitam de conhecimentos avançados e específicos sobre a gestão e o custeamento das atividades operacionais e sobre as operações de investimento e de financiamento (SHAW, 2003). Veja um organograma simplificado de um hospital: Controlar e reduzir custos, formar corretamente os preços de venda dos serviços e arquitetar a estrutura operacional, eis a receita básica para o sucesso de uma organização. Se por um lado, as empresas necessitam de cortes ou racionalização de custos para oferecer preços mais acessíveis do que a concorrência, sem deixar de lado a qualidade dos serviços ou produtos; por outro, a Contabilidade de Custos pode prestar grande auxílio à estas organizações pois fornece, segundo ALMEIDA (1987) e diversos outros autores, as Seguintes análises: a) do comportamento dos custos e despesas; b) do desperdício e tempo improdutivo, em paralisação de atividades, em reprocessamento de produtos, em funcionamento e preparação de máquinas; c) das variações entre custos previstos e reais; d) da evolução das vendas, custos e lucro; e) da conveniência de realizar na própria empresa certas atividades, ou preferir que terceiros a realizem; f) do capital investido em linhas de produtos; g) dos inventários. No passado, muitas empresas viam a contabilidade de custos como um mal necessário, que tinha como objetivo apenas o de atender as exigências contábil-fiscais, deixando de ser explorada como ferramenta gerencial, devido à deficiências, principalmente relacionadas com agilidade e confiabilidade das informações, que consequentemente perdiam a utilidade como ferramenta de gerenciamento e tomada de decisão (BRIMSON, 1996). Atualmente, devido à globalização da economia, a liderança em custos passou a ser uma vantagem competitiva das empresas, devendo fazer parte de sua estratégia. Para isso, os velhos conceitos da contabilidade de custos devem ser substituídos por novos conceitos. A perseguição ao menor custo, sem afetar a funcionalidade e a qualidade dos produtos/serviços, deve ser um objetivo permanente nas empresas que buscam a excelência empresarial. A gestão hospitalar, percepcionadas, de alguma forma, nos relatórios divulgados, que se poderão constituir como instrumento indispensável ao planeamento e à avaliação do desempenho. Na verdade, o aumento dos custos com a saúde e o esforço dos governos para conter as despesas públicas exigem o melhor desempenho de gestão às unidades de saúde. A complexidade do ambiente no qual se inserem as organizações em geral provoca uma demanda crescente por informações cada vez mais acuradas para a tomada de decisão. Para que as organizações hospitalares possam atuar nesse ambiente, é necessário que seus gestores busquem ferramentas de gestão que tenham comprovada eficácia no meio empresarial. De acordo com relatório da OMS apud Borba (2006), um hospital é um elemento de organização de caráter médico-social, cuja função consiste em assegurar uma assistência médica completa, curativa e preventiva a determinada população. Segundo Shaw (2003), as organizações hospitalares têm as funções de: (a) prevenir doenças, oferecendo assistência e vigilância à população, e contribuir para a educação sanitária e a higiene no trabalho; (b) restaurar a saúde, realizando diagnóstico e tratamento curativo de enfermidades em geral; e (c) promover a pesquisa e o ensino de graduação, pós-graduação e educação continuada. Na área preventiva deve fornecer à comunidade: a) serviços preventivos como educação sanitária, pré-natal e vigilância no parto normal; b) prevenção da invalidez mental e física; e c) auxílio nas campanhas de vacinação, organização de cursos e palestras como também distribuição de informativos com a finalidade deincentivar a prevenção de doenças. Na área curativa: a) deve manter atividades de diagnóstico; b) propiciar tratamento curativo de enfermidade; c) oferecer um serviço de alto nível no desempenho tanto de recursos humanos, quanto materiais; e d) oferecer assistência aos pacientes em casos de urgência. Na área educativa: a) adaptar cada centro do hospital para garantir um estágio de alta qualidade aos profissionais de saúde; b) oferecer cursos, seminários e simpósios aos chefes e diretores de unidades administrativas; c) promover cursos na área da saúde e ampliar o campo de literatura específica aos servidores que trabalham na instituição; e d) manter um número suficiente de convênios com entidades educacionais para residência e estágios oficiais. Na área de pesquisa: a) promover e incentivar pesquisas clínicas e na área administrativa; e b) procurar manter dados atualizados de todas as áreas do hospital. Um hospital é uma unidade econômica que possui vida própria e, difere das outras empresas porque o seu objetivo ou “produto” básico é a manutenção ou restabelecimento da saúde do paciente. A gestão hospitalar é um dos grandes desafios no setor Saúde mundial. A organização hospitalar, como já se disse, é uma das mais complexas. O setor Saúde, especificamente, o setor hospitalar público é também considerado pela sociedade em geral, como tendo uma gestão caótica, conforme amplamente divulgado pela mídia. Ao mesmo tempo, a baixa disponibilidade de informações, especialmente sobre custos hospitalares, constitui fator limitante na criação de indicadores de gestão, essenciais na fundamentação de ações e políticas públicas estruturantes, principalmente no que tange à organização das redes de prestação de serviços, incentivos e pagamentos. O fato de que a saúde, em quase sua totalidade, é pública, isto é, é financiada pelo Governo, e segundo, os recursos destinados são insuficientes para a elevada e crescente demanda, os valores são defasados, causando um déficit nas contas das instituições e quarto, o investimento em tecnologia e capacitação profissional são bastante elevados, isto, para garantir um mínimo de qualidade. Muitas são as estratégias que as instituições de saúde, em especial, hospitais filantrópicos vem adotando com o objetivo de minimizar o déficit deixado pelos atendimentos prestados ao SUS, seja com a implantação de serviços particulares, para com o lucro, subsidiar os atendimentos pelo SUS, pela qualificação em gestão, dos colaboradores da instituição, ou mesmo, pela implantação de novas metodologias e ferramentas de gestão, tais como, o planejamento estratégico e/ou a implantação de um sistema de custeio, sendo este último ainda pouco utilizado, mesmo com sua ampla lista de benefícios para as instituições – na revisão dos processos, na definição da precificação e na melhoraria das tomadas de decisão. A identificação dos custos, receitas e resultados, em relação a atividades, centros de custos e unidades de negócios, constitui, assim, um primeiro passo importante para uma gestão de sucesso direcionada a efetivos objetivos de saúde econômico-financeiro.(BEULKE; BERTÓ, 2008, p. 3). 2 – PLANO DE CONTAS PARA AS ATIVIDADES HOSPITALARES O Plano de Contas, é uma lista que apresenta as contas necessárias para que a empresa possa registrar todos os eventos e movimentações econômicas e financeiras que acontecem durante suas atividades e operações. A elaboração de um plano completo de contas bem estruturado é fundamental para a gestão econômico-financeira de qualquer empresa, pois é ele que norteia os trabalhos contábeis de registro de fatos e atos inerentes à entidade, além de servir de base para a elaboração das demonstrações contábeis (Demonstrativo de Resultados do Exercício, Demonstrativo de Fluxo de Caixa e Balanço Patrimonial). Vejamos a parte correspondente à Contabilidade Hospitalar, começando pelas NBC - Normas Brasileiras de Contabilidade, no que se refere especialmente à NBC-T-10. Aspectos Contábeis Específicos em Entidades Diversas (NBC-T-10.7. Entidades Hospitalares), passando pelo Plano de Contas Padronizado e chegando à Contabilidade de Custos. Considerando que o CFC - Conselho Federal de Contabilidade, apesar de ter expedido normas sobre os Aspectos Contábeis Específicos de Entidades Diversas e ainda não expediu a NBC-T- 10.7, que deve discorrer sobre as Entidades Hospitalares, é de se julgar que o tema não seja dos mais fáceis de se tratar. Dada a complexidade da estrutura operacional das unidades hospitalares, é sabido que são necessários sistemas contábeis e de controle mais aguçados para que sejam evitados prejuízos operacionais em determinadas áreas de atuação. Esses controles e sistemas de custeamento permitirão a fixação de preços de cada um dos serviços prestados e ainda o controle da lucratividade e da rentabilidade do capital investido em cada segmento operacional. O registro dos atos e fatos administrativos na entidade hospitalar deve ser mantido com base em plano de contas específico, que contemple as receitas, os custos e despesas por tipo de serviço ou por unidade operacional, levando-se em consideração a relevância da informação. O plano de contas é dividido em grupos e por nível. Nivel 1 1. Ativos 2. Passivos Não há consenso, nos grupos de resultado, porém a grande maioria utiliza: 3. Receitas 4. Custos 5. Despesas 6. Amortização e Depreciação 7. Reservas 8. Provisões Dentro de cada um destes grupos são criadas as contas sintéticas (ou contas agrupadoras), que por sua vez são detalhadas em contas e subcontas. X – Grupamento Principal XX – Subgrupo XX.X – Natureza XX.XX – Ordem XX.XXXX – Conta Exemplo: 1. Ativo (Grupamento Principal) 1.1 Ativo Circulante ( Subgrupo) 1.1.1 Estoque ( Natureza) 1.1.1.1 Medicamentos (Ordem) 1.1.1.1.01 Analgésico ( Conta). 3– CUSTOS HOSPITALARES Para Leone,”A Contabilidade de Custo é o ramo da contabilidade que se destina a produzir informações para os diversos níveis gerenciais de uma entidade, como auxilio às funções de determinação de desempenho, de planejamento e controle das operações e de tomada de decisão”. Sendo assim, É possível aos gestores dos hospitais, identificar a receita dos serviços prestados, como internações, consultas, praticas complementares; além do resultado de sua gestão financeira (déficit ou superávit). Raimundini(2003), esclarece que os custos em especialidades médicas, tem fatores adicionais que devem ser considerados na categoria. Dentre esses fatores, destacam-se: os custos diário de um paciente, não são equivalentes a outro, ou seja, não há linearidade de custos. Os custos de hospitalização ocorrem uma única vez durante todo o período de permanência do paciente no hospital (Jarvinen, 2005). Já o custo diário do paciente, consiste nos recursos consumidos em cada dia de internação. Os custos dos serviços clínicos são os custos com equipamentos, pessoal (equipe médica e enfermagem), material consumido no procedimento clinica. 3.1 Conceitos GASTO – sacrifício que a entidade arca para a obtenção de um bem ou serviço, representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro). O gasto se concretiza quando os serviços ou bens adquiridos são prestados ou passam a ser de propriedade da empresa. Exemplos: gastos com mão-de-obra (salários e encargos); gasto com setores administrativos; gasto com aquisição de máquinas e equipamentos. Os gastos podem ser: INVESTIMENTOS, CUSTOS ou DESPESAS. INVESTIMENTO – gasto com bem ou serviço ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros. Exemplos: Como exemplo de investimento podemos citar, a aquisição de um tomógrafo ou de instrumental cirúrgico resultando em benefíciomaior para a Assistência. Ainda, a adequação de uma UTI às normas técnico-sanitárias é um investimento em direção ao bem-estar do paciente, a qualidade da assistência e ao atendimento das exigências legais. Aquisição de móveis e utensílios; aquisição de imóveis; aquisição de marcas e patentes CUSTO – gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços; são todos os gastos relativos à atividade de produção. Exemplos: salários do pessoal da equipe médica; material utilizado na cirurgia de um paciente, aluguéis do prédio do hospital; depreciação dos equipamentos médicos; gastos com manutenção das máquinas de exame. DESPESA – gasto com bens e serviços não utilizados nas atividades produtivas e consumidos com a finalidade de obtenção de receitas. Exemplos: Salários e encargos sociais do pessoal de vendas e do escritório de administração; energia elétrica consumida no escritório; gasto com combustíveis e refeições do pessoal de vendas; contas telefônicas do escritório de vendas; aluguéis e seguros do prédio da administração. PERDA – gasto não intencional decorrente de fatores externos fortuitos ou da atividade produtiva normal da empresa.Exemplos: perdas com incêndio, obsoletismo de estoques etc. DESEMBOLSO – pagamento resultante da aquisição de bens ou serviços. Pode ocorrer concomitantemente ao gasto (pagamento à vista) ou depois deste (pagamento a prazo). RECEITA – entrada de elementos para o ativo sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondente normalmente à venda de bens ou serviços. ATENÇÃO!!! Podemos dizer então que o gasto (por exemplo, o pagamento de medicamentos ou o pagamento da folha de pessoal) só se transforma em custo quando é utilizado para produzirmos um bem (produto) ou prestar um serviço. No caso do medicamento, os gastos relativos à sua aquisição só se transformarão em custo quando ele for efetivamente utilizado pelo paciente. Os gastos se transformam na medida em que “caminham” na organização. Podemos exemplificar o “caminho” dos medicamentos na rede. Quando o medicamento entra para o estoque no almoxarifado o gasto com ele é um INVESTIMENTO. Quando ocorre o pagamento da Nota Fiscal deste medicamento acontece a ação de DESEMBOLSO. A utilização do medicamento pelo paciente internado transforma o gasto em CUSTO. Por fim, caso ocorra um descarte de medicamento que excedeu o prazo de validade, o gasto é uma PERDA. 3.2 Elementos de Custos São três os elementos básicos do custo: Materiais Diretos: São aqueles claramente associados a prestação do serviço. Exemplo: anestesia usada para se fazer uma cirurgia. Mão-de-obra Direta: Mão-de-obra compreende ao serviço utilizado na prestação de serviço. Exemplo: serviço de um médico. Custos Indiretos dos Serviços (CIS) São os recurso ou insumos economicamente difíceis de serem mensurados e avaliados a cada unidade de produto. Compreendem os demais gastos necessários para a execução dos serviços, como por exemplo: aluguéis, energia elétrica, serviços de terceiros, manutenção, depreciação, seguros diversos, material de limpeza, telefones e comunicações, etc. 3.3 Classificação de Custos Os custos podem ser classificados de diversas formas: 1. Em relação à quantidade de produtos ou serviços prestados eles podem ser: Fixos ou Variáveis Custos Fixos são aqueles cujo valor não se altera quando se aumenta ou diminui a quantidade de produtos ou o volume dos serviços produzidos em determinado período de tempo. Os custos fixos existem mesmo que não haja produção. Por exemplo, não importa se você atender 10, 20 ou 30 pacientes, o custo com a segurança e com a iluminação, não irá alterar, eles são fixos no período, no mês no nosso caso. Custos Variáveis são aqueles cujo valor se altera quando se aumenta ou se diminui a quantidade dos produtos produzidos ou o volume dos serviços prestados. O melhor exemplo de custos variáveis é aquele relacionado ao consumo de matéria-prima. Se produz 10, 20 ou 30 produtos, serão consumidos, respectivamente, 10, 20 ou 30 quantidades de matéria-prima necessárias para fazer estes produtos. O aumento ou diminuição do número de raios-X causa um aumento ou diminuição proporcional do consumo de chapas e reveladores, por exemplo. 2- Em Relação à forma de aplicação: Diretos e Indiretos Custos Diretos são os custos que são identificáveis diretamente no produto ou no serviço. Muito simples, consegue-se identificar a quantidade consumida ao se observar o produto sendo construído ou o serviço sendo prestado. Exemplos típicos de custo direto são: medicamento consumido e tempo dos profissionais envolvidos na prestação do serviço. Observação: é pressuposto que esse custo seja vinculado a um paciente que ao consumir determinando insumos ou serviços são apropriados a uma ficha corrente. São lançados também nessa ficha o tempo gasto pela equipe médica. Esses lançamentos serão valorizados a preço de venda para servir de tabela de procedimentos particulares, SUS, planos de saúde. Custos Indiretos, por sua vez, como o próprio nome diz, são os custos que não tem possibilidade de identificação direta com o produto ou com o serviço prestado. São alocados por meio de rateio estimados ou arbitrários. Um exemplo típico seria o custo da iluminação do ambulatório ou da UTI. Ora, é impossível medir o quanto cada produto ou serviço consumiu da iluminação geral. O que se sabe é que todos os produtos ou serviços consumiram um montante da iluminação geral. Neste caso, em que se sabe que todos os produtos ou serviços consumiram uma quantidade de iluminação para serem produzidos ou executados mas não se sabe precisamente quanto. RESUMO 4– DEPARTAMENTALIZAÇÃO Para a aplicação dos sistemas de custeio, uma das abordagens comumente utilizadas é a departamentalização, que representa a divisão da organização em departamentos ou centros de custos(CC). Essa abordagem é utilizada principalmente para facilitar a identificação dos custos decorrentes das diferenças operações de cada departamento ou centro de custo. Um centro de custo representa um subconjunto ou uma parte das operações. Em um hospital, os centros de custos podem ser agrupados em tres tipos de unidades, conforme figura abaixo. SÁ & SÁ (1995, p.73) definem centros de custos como sendo o “lugar ou seção de uma empresa que recebe as cargas dos custos com a finalidade de saber o quanto se aplicou para mantê-la. .... o centro de custo é, no conceito geral, uma subdivisão técnica utilizada contabilmente para que se consiga uma racional divisão dos custos indiretos do exercício, observando-se as unidades de gestão e controle”. Para SÁ & SÁ (1995, p.73) “o critério adotado para as divisões de tais centros é o da natureza dos trabalhos ou responsabilidades administrativas. Cada empresa obedece a um critério, pois é variável a divisão”. A definição dos centros de custo varia de acordo com o processo de trabalho de cada organização. ROCCHI (1982, p.21) Antes de explicarmos os diferentes Centro de Custos dentro de um hospital, será apresentado um organograma para ilustrar a estrutura organizacional dentro de um hospital geral. No hospital, identificamos os CC que existem para atender diretamente ao paciente (finais ou finalísticos). Eles são considerados responsáveis pela entrega do serviço ou o produto final ao paciente. Os CC que dão sustentação ao trabalho dos CC finais são os CC meios. Eles trabalham de modo a possibilitar que os CC finais possam desenvolver seu trabalho. Desta forma, estes CC devem ter seus custos repassados aos CC finais. Considerando a metodologia adotada, as especificidades e atividades desenvolvidas nos CC, estes foram separados em quatro grupos assim especificados.Vamos apresentá-los aqui. 4.1 Centro de Custos Produtivos Os centros de custos finais, finalísticos ou produtivos são, usualmente, aqueles que atendem diretamente ao paciente (usuário/cidadão), isto é, são produtores de serviços finais. Por serem finalísticos, os centros de custos produtivos absorvem os custos dos centros de custos administrativos e/ou auxiliares (ou outro tipo que se crie) e não têm seus custos repassados para outros centros de custos e sim para o procedimento (serviço prestado) ou paciente. Os centros de custos produtivos podem ser categorizados, como já se disse anteriormente, conforme a particularidade dos serviços prestados. Em uma organização hospitalar, a categorização dos grupos pode ser em decorrência do atendimento recebido pelo paciente. É importante que se considere a particularidade de cada organização de saúde, para que a subdivisão represente a organização, de forma a ter validade na gestão e no uso das informações para a instituição. Portanto, esta subdivisão poderá ser devidamente adequada às particularidades encontradas. Exemplos de Grupos de Centros de Custos Produtivos em Razão do Tipo de Atendimento: 4.2 Centro de Custos Não Operacionais Alguns centros de custos que não estão diretamente relacionados ao objetivo finalístico da organização hospitalar podem ser do tipo não operacionais ou externos. Veja o caso da creche do hospital (caso exista). Ela tem custos. Entretanto, uma creche não está, pode-se dizer, diretamente ligada à linha de prestação do serviço hospitalar. Não se discute aqui o quão imprescindível é uma creche. Portanto, quando necessário gerencialmente, pode se verificar situações em que seriam ou são classificados aqueles centros de custos que não estão diretamente relacionados às atividades principais da organização de saúde. Os custos destes centros de custos são identificados, porém, não são rateados a outros. Eles serão ou são classificados como centros de custos não operacionais por não estarem diretamente ligados aos objetivos finalísticos do hospital, mas são consumidores de recursos e merecedores de nossa atenção. Esses custos serão apurados, porém serão separados dos demais centros de custos, facilitando o entendimento gerencial da informação. 4.3 Centro de Custos Auxiliares Os centros de custos intermediários ou auxiliares são aqueles que produzem bens ou serviços que dão sustentação à assistência ao paciente. Para facilitar a compreensão desta situação, tome-se como exemplo o Centro de Custos SND (Serviço de Nutrição e Dietética) de um hospital. Este centro de custos produz e/ou entrega os produtos de nutrição (refeição, lanche, colação, ceia etc.) e/ou, ainda, presta o serviço de nutrição (fornecimento de refeições) tanto para os pacientes quanto para os funcionários e acompanhantes. Portanto, ele presta serviço (ou fornece produtos) aos centros de custos produtivos, ou seja, para os pacientes e funcionários, por exemplo, do Centro de Custos UTI. O mesmo acontece quanto ao fornecimento para os funcionários de um Centro de Custos Administrativo – como no caso do Centro de Custos Compras e, ainda, para outros centros de custos auxiliares – funcionários do Centro de Custos Lavanderia. Por sua vez, grupos dos centros de custos-meio podem também ser categorizados, conforme a particularidade dos serviços prestados. Pode-se categorizá-los, portanto, por ramo hierárquico: administrativo ou assistencial. O Quadro abaixo apresenta esta proposta de categorização dos grupos dos centros de custos intermediários ou auxiliares, suas descrições e exemplos. Esta subdivisão deverá ser adequada a cada organização em particular para atender às necessidades locais. 4.3 Centro de Custos Adminstrativo São os centros de custos relacionados com as atividades de natureza administrativa. Também prestam serviços para outros centros de custos administrativos, produtivos e auxiliares. Seus custos são rateados aos demais centros de custos, igualmente, por serviços prestados. São exemplos de centro de custos administrativos: apoio à farmácia, à diretoria hospitalar e à telefonia. Os centros de custos administrativos também podem, caso seja útil gerencialmente, ser classificados ou categorizados em grupos. O Quadro abaixo apresenta exemplos dos centros de custos administrativos classificados de acordo com o serviço prestado. Para fazer uma analogia entre a estrutura de centros de custos de uma organização de saúde e a estrutura de uma árvore frutífera. A árvore frutífera é uma forma simples, mas útil, de representar a estrutura de custos. A Figura abaixo apresenta essa forma. O objetivo da árvore é produzir frutos (produtos ou serviços primários) em seus galhos e prover sombra (produtos ou serviços secundários). Em uma árvore, as raízes são responsáveis pela obtenção dos nutrientes, fixação e sustentação da estrutura. As raízes não interferem diretamente na produção dos frutos, mas são essenciais para a consolidação do tronco, a provisão de nutrientes e a fixação da árvore. Os centros de custos administrativos podem ser considerados as raízes da árvore. Não são percebidos, à primeira vista, mas, são absolutamente necessários. O objetivo da árvore é dar frutos (produtos) em seus galhos e prover sombra (serviços). Numa árvore, as raízes são responsáveis pela obtenção dos nutrientes e sustentação da estrutura. As raízes não interferem diretamente na produção dos frutos mas são essenciais para a consolidação do tronco e fixação da árvore. Os CC administrativos são as raízes da árvore. Não são percebidos, à primeira vista, mas precisamos deles. O tronco é essencial para a sustentação dos galhos e, em conjunto com as raízes, conduzem a seiva até eles. Por fim, os galhos são responsáveis pela frutificação e sombreamento. Os centros de custos Auxiliares formam o tronco que sustenta e alimenta a produção dos frutos. Os trabalhos desenvolvidos por eles aparecem como auxiliares para a produção dos frutos, portanto os custos destes CC são rateados para outros CC auxiliares e para os CC produtivos. Frutos e sombra são de responsabilidade dos CC Produtivos, na forma de geração de produtos e prestação de serviços que constituem os objetivos finais da nossa árvore. Eles só terão condições de produzir se receberem o apoio dos demais CC. Desta forma, arcam com os custos dos CC administrativos e auxiliares. Eles recebem os custos de toda a Unidade Assistencial. Os CC Não Operacionais, por não estarem diretamente ligados ao objetivo final da Unidade, podem ser representados como um gramado em volta da árvore. Protege as raízes mas não faz parte diretamente da mesma. Um bom exemplo de CC não operacional seria a Creche. 5– FUNDAMENTOS DE CUSTOS E MÉTODO DE CUSTEIO Vários foram os sistemas de custeios desenvolvidos ao longo da evolução da contabilidade de custos, contudo, os mais utilizados são o custeio por absorção, custeio direto ou variável, custeio baseado em atividades. Por determinação legal (Lei 6.404/76) a contabilidade de custos foi integrada a contabildiade geral, com grande importancia legal e fiscal. Sendo o Custeio por Abosorção o aceito pelas autoriadades tributárias. Matos (2005) afirma que é necessário a utilização dos sistemas de custeios adequados a necessidade das instituições de saúde. Segundo o mesmo autor, os sistemas selecionados como relevantes á gestão dos custos hospitalares propiciam uma cobertura ampla das necessidades gerenciais, pertinentes às características do segmento de saúde. As diferentes abordagens – custeio por absorção, custeio direto e custeio baseado em atividades – não têm características mutuamente excludentes, ou seja, é possível a adoção simultânea das alternativas, casa uma com um conjunto de informações específicas às funções decontrole e planejamento das operações de uma empresa hospitalar. 5.1 Custeio por Absorção Segundo esta metodologia, todos os custos – diretos, indiretos, fixos e variáveis – são apropriados aos serviços produzidos, ou seja, todos os gastos referentes ligados diretamente a processo são distribuídos aos serviços produzidos. De acordo com Kroetz (2001), este modelo possui as vantagens de considerar o total dos custos por serviço, formar custos para estoques e permitir a apuração do custos por centro de custos, e como desvantagem a possibilidade de elevar artificialmente os custos de alguns serviços, não evidencia a capacidade ociosa da empresa e os critérios de rateios são sempre arbitrários, portanto nem sempre justos. 5.2 Custeio Direto ou Variável Segundo essa metodologia, os custos totais dos serviços, é composto apenas pelos custos variáveis, ou seja, custos que se alteram de forma diretamente proporcional ao volume de produção. Os custos fixos são identificados e classificados como despesa, sendo considerados apenas na apuração do resultado. É um método que não é reconhecido pela legislação fiscal.Tem, entretanto, reconhecida importância gerencial, pois fornece informação para criação da margem de contribuição dos serviços em determinado período. 5.3 Custeio Baseado em Atividades Também conhecida como Activity Based Costing (ABC), é uma metodologia que faz a apuração dos custos por atividade, para somente depois fazer a apropriação para os bens Esta metodologia, apesar de são ser aceita para fins contábeis e fiscais, vem sendo cada vez mais utilizada pelas empresas, devido sua metodologia de apropriação mais eficiente, causando menos distorção na apropriação dos custos. De acordo com Kaplan e Anderson (2007), o ABC surgiu na década de 1980 como uma resposta ao custeio por absorção, que não fornecia o suporte necessário aos tomadores de decisão. O ABC, a descrição de custos é realizada a partir da segmentação de atividades, e não por itens de custos. Isso proporciona ao gestor verificar se a atividade utilizada par a geração do serviço, é compatível com o nível de valor agregado ao serviço prestado. 6– SISTEMAS TRADICIONAIS DE CUSTOS O sistema tradicional de custos tem como característica a utilização de um método de apropriação de custos em dois estágios: primeiro estágio os custos são imputados aos centros de custos - unidade mínima de acumulação de custos - através de várias bases de apropriação como, por exemplo, quantidade de serviços prestados, horas de mão-de-obra direta, valor de mão-de obra direta, área ocupada, valor dos serviços prestados, potência das máquinas, etc; segundo estágio os custos são apropriados dos centros de custos aos serviços através de uma base de volume, quase sempre horas de mão-de-obra direta. Outra característica importante dos sistemas tradicionais é a consideração de que os custos fixos permanecem inalterados com a alteração no volume e os variáveis alteram em degraus de acordo com o nível de atividade. A apropriação de custos indiretos com base na mão-de-obra direta é classificada por Schemenner como um dos "buracos negros" da contabilidade de custos, pois um gerente de departamento “X” pode fazer sua operação parecer melhor. No mínimo a curto prazo, se ele reduzir a Mão-de-obra direta. Agindo assim ele recebe um benefício duplo: o custo da Mão-de- obra direta por si só é reduzido e o custo indireto apropriado para sua operação é menor. O problema surge naquelas situações onde a adição de Mão-de-obra direta é a única forma de remediar um gargalo ou de melhorar um processo. Por ser uma atividade com necessidade de informações a curtíssimo prazo, o controle de custos deve se utilizar da tecnologia computacional atualmente disponível para coletar dados e produzir relatórios de forma instantânea. De acordo com Keegan, Eiler dones (1997) as medidas de performance não necessariamente têm de ser expressas como custo, mas o custo é a base mais importante para a medida de performance. A preocupação principal em obter informações de custos para alimentar relatórios financeiros e a elevação constante da tecnologia, com consequente diminuição da proporção de mão-de-obra direta podem ser consideradas as principais causas da obsolescência dos sistemas de custos tradicionais. Enquanto que a busca pela eliminação de desperdícios, objeto de filosofias produtivas como "Just-in-Time" prevalecem, a contabilidade de custos atual destina esforços para a avaliação de estoques. É fundamental que os sistemas de custos se direcionem não só para o auxílio, mas para a participação ativa, compondo o leque de ferramentas utilizadas pelas empresas que pretendem ser competitivas. Merece destaque o surgimento do sistema de custos baseado em atividades - o ABC (ActÍvÍty-Based Costing) - que se distingue Tais atividades necessitam. Os Hospitais e demais empresas, necessitam de informações de custo que identifiquem como e onde os custos ocorrem, isto é, suas causas e efeitos. Além disso, a alocação de custos deve estar baseada no consumo de recursos nos processos e suporte, de forma que as informações resultantes do sistema de custos representem a realidade. A filosofia de custeio total considera os custos indiretos fixos relacionados com a produção como parte dos custos dos serviços Todos os custos fixos e variáveis do período são alocados aos serviços baseados no volume. O custeio por absorção também relaciona custos fixos aos serviços, porém baseados no volume normal, ou seja, na utilização eficiente dos recursos produtivos. Assim, se por oscilações de mercado ou outros fatores externos, a empresa não produzir seu volume normal, isto não deverá afetar o custo dos serviços, ao contrário do custeio total que considera como parte dos custos dos serviços as variações de produção. Por sua vez, o custeio direto ou custeio variável não considera os custos fixos como parte dos custos produtivos. Esta filosofia de custeio baseia-se no fato de que os custos indiretos fixos não sofrerão alterações, por causa do volume produzido e, portanto, não devem fazer parte do custo dos serviços. O custeio total e o custeio por absorção têm aplicações nas decisões de médio e longo prazo, onde os custos fixos são considerados variáveis. Aplica-se a filosofia de custeio direto nas decisões de curto prazo, pois se consideram somente as despesas variáveis de determinado período, baseadas no volume. 6.1 A problemática dos Sistemas de Custos Tradicionais A contabilidade de custos desenvolveu-se paralelamente ao desenvolvimento industrial. Assim que surgiram atividades de manufatura, surgiu também a contabilidade para armazenar dados destas atividades. Nesta época, a contabilidade de custos tinha por objetivo principal simplesmente obter e manter informações sobre os custos das vendas. Mais tarde, com a Revolução Industrial e o surgimento de máquinas, informações dos custos tornaram-se necessárias para planejar lucros e estipular o preço dos produtos. A produção em larga escala, homogeneidade dos produtos eram características dos sistemas produtivos do início do século. Segundo Johnson e Kaplan (1987). Por volta de 1925, virtualmente, todas as práticas de contabilidade utilizadas atualmente já haviam sido desenvolvidas. Estes métodos surgiram para atender às necessidades de informação e controle de gerentes nas organizações em crescimento contínuo, caminhando para maior complexidade e diversificação. Porém, a evolução das organizações e as novas tecnologias não foram acompanhadas pela inovação das informações de custo. Os métodos de custeio tradicionais estão baseados em assertivas que não fazem parte da realidade das empresas modernas. Tais diferenças enfatizam a necessidade de informações de custosbaseadas no ambiente organizacional moderno. O desenvolvimento da complexidade hospitalar, diversidade de departamentos e tecnologia de informação faz com que os métodos de custeio tradicionais não mais se adaptem à organização atual devido as seguintes causas (Coral, 1996): Os métodos de custeio tradicionais têm como principal objetivo estimar custos para estipular preços: atualmente, o preço é estipulado pelo mercado e, nesse caso, a empresa deve ser capaz de produzir a um determinado custo, a fim de possibilitar o lucro. As informações obtidas através dos sistemas tradicionais não oferecem subsídios suficientes para gerenciar as causas dos custos. Utilização da mão-de-obra direta como principal base de rateio: atualmente, os custos indiretos e matéria-prima representam grande parte dos custos de uma organização. Portanto, utilizar mão-de- obra direta como base para alocação de custos não é mais representativo e leva a informações imprecisas; Custos indiretos menores que custos diretos: tradicionalmente toda a ênfase empresarial estava baseada na produção. Atividades de suporte como marketing, nutrição e atendimentos aos pacientes eram consideradas secundárias e seus custos relativamente baixos. Atualmente, tais atividades são tão importantes quanto a principal. Serviços diversificados consomem diferentes recursos da organização. Por isso, a alocação de custos aos serviços tornou-se um fator mais complexo e exige a identificação de bases de rateio que representem o consumo de recursos necessários para cada tipo de serviço; Com o aumento da automatização, os custos indiretos fixos de depreciação aumentaram e o cálculo da depreciação baseado em relatórios contábeis não expressa a realidade, uma vez que o valor real ou de mercado difere dos relatórios financeiros; Métodos tradicionais estão baseados em informações contábeis que não expressam a realidade dos custos, não suportam a tomada de decisão gerencial, não funcionam como indicadores de desempenho e não identificam as causas dos custos dos processos, pois estão voltados para o cálculo do custo dos produtos/serviços. Portanto, torna-se evidente a necessidade da utilização de sistemas de controle adequados à nova realidade. Shank (1989), afirma que “armada de informações de custo precisas, a empresa tem melhores chances de construir e implementar uma estratégia viável. A escolha de estratégias competitivas para diferentes serviços depende de informações de custo. Se tais informações não representarem a realidade, estratégias errôneas Podem significar enormes perdas para a organização. É importante salientar que informações de custo devem fazer parte de um contexto de melhoria contínua e suporte nas decisões estratégicas, do contrário, se mal utilizadas ou interpretadas, resultarão em excessivo esforço e investimento, sem adicionar o devido valor para a organização. O Custeio Baseado em Atividades, vem cada vez ganhando mais espaço nas empresas, devido atender os custos por atividade realizada. 7– CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES Em organizações hospitalares, a busca de melhores padrões de eficiência no uso dos recursos alocados às atividades operacionais são condições impostas pelo mercado (MATOS, 2005). No entanto, uma grande parte das organizações hospitalares ainda utiliza puramente métodos contábeis tradicionais e não dispõe de sistema de gerenciamento de custos que forneça as informações necessárias ao controle das atividades, bem como às decisões administrativas e de investimentos. Os sistemas de custeio implantados restringem-se à apuração dos custos setoriais, e, em alguns casos, atendem a análises de avaliação de resultado por área. Uma etapa importante deixa de ser cumprida, que é a apuração do custo dos procedimentos hospitalares, com a atribuição dos custos das áreas ou atividades aos serviços prestados (ABBAS, 2001; BEULKE E BERTÓ,1997). Vários autores como BORNIA (1997), BRIMSON (1996) e KAPLAN & COOPER (1995) defendem a ideia de que os principais fatores que proporcionaram o desenvolvimento do ABC foram: a) a prática da contabilidade gerencial está divorciada das necessidades financeiras; b) a insatisfação com os dados de custos, apurados pelos sistemas tradicionais que distorcem os custos dos produtos/serviços, atribuindo custos indiretos aos produtos/serviços, de acordo com bases de rateio arbitrárias (geralmente horas de mão de-obra direta, horas máquina ou custo de material). Os sistemas tradicionais foram desenhados para épocas anteriores, quando a mão-de-obra direta e os materiais eram os fatores de produção determinantes, a tecnologia era estável e as despesas indiretas apresentavam valores pequenos em relação aos custos totais; c) competitividade, ou seja, o mercado está cada vez mais competitivo, sendo necessários sistemas de custos gerenciais que gerem informações para melhoria nos processos; d) a busca pela excelência empresarial. O ABC é um sistema de custos que tem o objetivo de avaliar com precisão as atividades desenvolvidas em uma empresa (tanto industrial, quanto de serviços), utilizando direcionadores para alocar as despesas indiretas de uma forma mais realista aos produtos e serviços. O ABC parte do princípio de que não é o produto ou serviço que consome recursos, mas sim, os recursos são consumidos pelas atividades e estas, por sua vez, são consumidas pelo produto ou serviço. O ABC demonstra a relação entre recursos consumidos (o que foi gasto: água, luz, salários, ...), atividades executadas (em que foi gasto: produção, informática, vendas, ...) e os objetos de custos/produtos ou serviços (para que foi gasto: produto A, produto B, atividade X, ...). Considerado muitas vezes um sistema de difícil implantação, trata-se, em sua essência, de uma poderosa metodologia de custeamento, que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelos sistemas tradicionais os quais atribuem custos fixos aos produtos, de acordo com bases de rateio arbitrárias (geralmente horas de mão-de-obra direta - MOD, horas – máquina ou custo da mão-de-obra direta). Reforçando a opinião de diversos autores, pode-se dizer que os principais objetivos do ABC são: a) apurar com maior precisão os custos dos produtos ou serviços; b) dar subsídios para a análise na tomada de decisão; c) uniformizar a linguagem, bem como divulgá-la para todas as áreas da empresa; d) determinar a eficiência e a eficácia das atividades executadas; e) identificar novas atividades, com a finalidade de melhorar o desempenho da empresa no futuro; f) detectar as atividades que estão onerando o produto/serviço; g) determinar quais as atividades que podem ser executadas por terceiros com menor custo e maior eficiência; h) servir como base para novas estratégias competitivas; i) possibilitar um cálculo com maior precisão em seus preços de venda 7.1 Etapas e Implantação do Sistema ABC O desenvolvimento do sistema ABC corresponde a uma série de etapas que devem ser seguidas. Considera-se que as atividades constituem a base do sistema ABC e que os direcionadores de custos são os rastreadores dos custos. De acordo com Hansen & Mowen ( 2001, p.392 ), ao se projetar um sistema ABC, há seis etapas essenciais: (1) Identificar, definir e classificar as atividades e os atributos chaves; (2) atribuir os custos dos recursos para as atividades; (3) atribuir o custo de atividades secundarias para as atividades primárias; (4) identificar os objetos de custo e especificar o montante de cada atividade consumida por objeto de custo específico; (5) calcular as taxas de atividades primárias; e (6) atribuir os custos de atividades aos aspectos de custo. Na primeira etapa, com relação à identificação, definição e classificação das atividades. Identifica as principaisatividades, com descrição detalhada de cada uma delas, as tarefas realizadas em cada uma das atividades, as medidas de consumo de cada atividade (direcionador de atividade), os usuários (objetos de custeio) e classificadas as atividades em primárias e secundárias. A segunda etapa, como orientação para a implantação do sistema ABC. Os recursos são os fatores utilizados na produção ou execução de serviços, tais como, mão-de-obra, materiais e tecnologia ( BRIMSON, 1996). A terceira etapa consiste em atribuir o custo das atividades secundárias para atividades primárias, conforme Hansen & Mowen ( 2001, p.397). Os custos são atribuídos às atividades e estas são classificadas em primárias e secundárias. As atividades de suporte, secundárias, necessitam, na maioria das vezes, ser atribuídas a outras atividades. A quarta etapa, consiste na identificação dos objetos de custos. Para esta etapa, é necessário, antes de fazer qualquer atribuição de custos, identificar os objetos de custo e a quantidade que estes objetos consomem nas atividades. Na quinta etapa, as taxas das atividades são computadas por meio da divisão dos custos de atividades primárias pela quantidade de direcionadores para cada atividade. A última etapa do sistema ABC, proposta por Hansen & Mowen (2001), consiste em conhecer o resultado dos serviços prestados. 8– ANALISE DO SISTEMA TRADICIONAL DE CUSTOS VERSUS SISTEMA ABC A atividade hospitalar, é complexa e exige instrumentos de gestão que acompanhem o nível de exigência da organização. Percebe-se que a utilização do sistema ABC é útil no gerenciamento de custos das diversas modalidades. Com a implementação do sistema ABC o gestor deve mudar o foco de utilização de taxas departamentais para as atividades envolvidas nos diversos processos, ou seja, avaliar quanto custa para a entidade prover cada atividade de determinado produto ou serviço. O método ABC contribui para uma correta identificação do custo dos recursos utilizados e não utilizados na execução das atividades, criando oportunidades para que decisões que utilizem informações de custos sejam tomadas de forma consciente e seguras. O sistema ABC em uma organização hospitalar, tem a finalidade de servir como: ferramenta para planejamento e controle de recursos; ferramenta para mensurar o desempenho operacional e financeiro, o que possibilita a comparação do custo dos procedimentos/serviços com o valor recebido dos planos de saúde ou repassado pelo SUS; banco de informações confiáveis e oportunas para a tomada de decisão; identificar custos desnecessários e tarefas ineficientes. Embora bastante disseminado, o sistema de custeio por absorção e o variável, não é adequado as necessidades dos hospitais (ABBAS, 2001). Esses sistemas rateiam os custos indiretos com base na mão de obra direta ou no material direto, fazendo com que as organizações não tenham poder de decisão perante os contraentes de serviços e se sujeitam às tabelas de preços fixadas pelo SUS e pelas operadoras de planos de saúde (SOUZA ET Al., 2006). Todas as críticas lançadas por Catelli; Guerreiro (1995) sobre o método de custeio por absorção e, consequentemente, sobre o ABC recaem sobre as chamadas técnicas de rateio, as quais presumem-se arbitrárias e que distorcem os resultados finais, levando a erros nas decisões gerenciais. Tais distorções na apuração dos custos identificados pelo método por absorção ocorrem, pelo fato de os rateios dos custos indiretos serem realizados em função apenas do volume de produção/serviços e diretamente aos produtos/seviços, havendo assim, uma grande dose de arbitrariedade pessoal de quem os utiliza. Por sua essência ser calcada no rastreamento do consumo de recursos, ou seja, o ABC busca rastrear os gastos de uma empresa para analisar e monitorar as diversas rotas de consumo de recursos “diretamente identificáveis” com suas atividades, e destas para os produtos e serviços, entende-se não ser recomendado a realização do rateio dos gastos que não são diretamente identificáveis a determinada atividade. Tais gastos devem ser lançados no resultado do exercício, visando não distorcer as informações de custos. Portanto, a atribuição de custos no ABC deve ser realizada pela seguinte ordem de prioridade: 1) alocação direta; 2) rastreamento. Desta forma, Brasil (2004, p. 65) respalda tal afirmativa enfatizando que o fato gerador do custeio diz respeito à causa-raiz da atividade que irá produzir o efeito de consumir recursos, portanto o rateio não deve ser utilizado no método ABC. Existe uma concordância entre os autores Brimson (1996) e Nakagawa (1994) que defendem a utilização do ABC que a empresa não deve abandonar os métodos de custeio variável e direto. Cada método possui suas particularidades e funcionalidades, e neste caso em particular, não existem conflitos entre ambos, apenas que um poderá complementar o outro. Portanto, para finalizar o entendimento a respeito, Koehler (1991) enfatiza que os custos diretos constituem o limite mínimo para o preço de um produto considerado a curto prazo, enquanto que todos os demais custos incrementais fornecidos pelo ABC seriam considerados a longo prazo na decisão, neste contexto, da combinação de ambos resultará a realidade dos custos da organização. Isto é, através do custeio variável e direto obtém-se o custo direto de produção de determinado produto ou serviço, custo esse, composto somente pelos insumos diretamente consumidos em sua produção, logo, via de regra o seu preço jamais poderia ser inferior a esse custo, sob pena de se por em risco a estabilidade econômica da empresa. E com o ABC, são apurados os gastos indiretos e direcionados ao produto, para então, em conjunto com as informações do custeio variável a direção da empresa poder realizar o planejamento de longo prazo da organização. Repisamos as principais metodologias: Custo por Absorção: São considerados todos os custos das áreas operacionais de produção ou serviços, sejam eles diretos ou indiretos, fixos ou variáveis. Consiste que cada bem ou serviço receba seus custos inerentes, absorvendo-os na medida de sua constituição, apropriados diretamente ou em forma de rateio, de tal sorte que sejam os custos completamente absorvidos. Na doutrina este método também é conhecido como método integral, pela aplicação estrita dos princípios contábeis aceitos. Características: engloba todos os custos, existem rateios para os custos indiretos, é o critério aceito na contabilidade fiscal, e os resultados sofrem influências direta dos volumes de produção. Custeio Direto ou Variável: exige-se a classificação de custos variáveis e fixos. Apenas os custos variáveis são encarrilhados para custo. Os custos fixos há o entendimento que eles persistem mesmo que não haja produção e por este motivo deveriam ser considerados como despesa e não como custos. Embora exista fortes argumentos para a sua utilidade eles ferem os princípios contábeis geralmente aceitos no Brasil e a legislação fiscal, e portanto não podem ser utilizados, salvo gerencialmente com o consequente ajuste. Custeio Baseado em Atividade: igualmente visa diminuir os efeitos dos rateios do custeio por absorção. Tratando a relação direta com as atividades que os produtos ou serviço estão envolvidos, visando reduzir sensivelmente as distorções provocados pelos rateios dos custos indiretos realizados de forma arbitrária. A ideia central é atribuir custos as atividades e depois aos produtos/serviços, numa relação de causa e efeito. Este é um método de vanguarda, porém a técnica exige um acompanhamento especializado e constante, o que inviabiliza a sua utilização na relação custo x beneficio em relação algumas empresas. Vejamos em detalhes as particularidades de cada um deles: a) Custeio por Absorçãox Custeio Direto ou Variável: Existe consenso que entre o Custeio por Absorção e o Custeio Direto ou Variável a única diferença repousa que neste último os custos fixos são alocados integralmente à despesa do período e com isto resultará num menor lucro, portanto não admissível pelo fisco. b) Custeio por Absorção x Custeio ABC: O ponto que podem divergir é o rateio do custo indireto, pois no Custeio por Absorção estes possuem critérios objetivos consoante as suas necessidades, podendo sofrer criticas; enquanto no Custeio ABC haverá uma separação por cada atividade, com um refino maior, para depois apropriar a cada procedimento o rateio. Cada organização deve ponderar o custo de obter os rateios com precisão com a utilidade para os seus usuários finais. O certo que qualquer que seja a opção deverá registrar, conforme a atividade, os custos pelo método por Absorção para atendimento ao fisco, tendo ainda um sistema gerencial que melhor atenda os interesses da organização. Cada método possui vantagens e desvantagens, porém para efeito eminentemente contábil, somente o custeio por absorção é aceito pelas autoridades fiscais. BIBLIOGRAFIA ABBAS, Kátia. Gestão de custos em organizações hospitalares. 2001. Dissertação (Mestrado) Programa de Mestrado em Engenharia da Produção. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001. BEULKE, R.; BERTO, D. J. Gestão de custos e resultado na saúde: hospitais, clínicas, laboratórios e congêneres. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Saraiva, 2005. CHING, Hong Yuh. Manual de Custos de Instituições de Saúde. Sistemas Tradicionais de Custos e Sistemas de Custeio Baseado em Atividades (ABC). São Paulo: Atlas, 2001. DORNELLES, Janice de Castro. A utilização do sistema de custeio por absorção para avaliar custos da atenção básica de saúde reformulações e aprimoramentos metodológicos. 2000. 213 f. Tese (Doutorado)– Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, 2000. Gestão de Custos Hospitalares, 2009b. p. 48. Disponível em: <http://www. fhemig.mg.gov.br/pt/publicacoes/pecas-graficas>. Acesso em: 01 ago. 2016. KAPLAN, R. S. e COOPER Robin. Custo e desempenho: Administre Seus Custos Para Ser Mais Competitivo. São Paulo: Futura, 2000. LA FORGIA, G. M.; COUTTOLENC, B. Desempenho Hospitalar no Brasil em Busca da Excelência. São Paulo: Singular, 2009. LEAL, Edvalda. Aplicabilidade do Custeio Baseado em Atividades e Análise de Custos em Organizações Hospitalares. Dissertação (Mestrado) Programa de Mestrado em Ciencias Contabeis PUC. MARTINS, Domingos. Custos e Orçamentos Hospitalares. São Paulo: Atlas, 2003. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Gestão de Custos: manual técnico de custos: conceitos e metodologia. Brasília, 2006. SOUZA, Antonio. Gestao Financeira e de Custos em Hospitais. São Paulo: Atlas 2013.
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