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1 Cálculo de Parâmetros de Linhas de Transmissão 1.1 Introdução Como em qualquer dispositivo elétrico – estático ou baseado em conversão eletromecânica – os parâmetros de uma linha de transmissão são elementos de circuitos elétricos – resistências, indutâncias e capacitâncias – que representam, indiretamente, as energias associadas ao seu funcionamento. Para o caso particular das linhas de transmissão, tem-se: i) a energia de dissipação térmica nos condutores, ii) a energia armazenada em seu campo magnético, iii) a energia armazenada em seu campo elétrico e iv) a energia de perdas devidas a imperfeições no dielétrico e de induções em elementos condutores próximos à rede elétrica. Os parâmetros de uma linha de transmissão são afetados por diversos fatores, dentre os quais destacam-se o nível de tensão, o comprimento da linha, o tipo de condutor utilizado, a configuração (quantidade) de condutores utilizados por fase e o espaçamento que os mesmos possuem entre si e em relação ao solo. 1.2 Resistência série A resistência série dos condutores que formam uma rede elétrica está associada à energia de dissipação térmica nos condutores de uma linha de transmissão. A resistência efetiva de um condutor pode ser expressa como )( 2 I P R d (1.1) onde Pd é a potência dissipada no condutor (W) e I é a corrente (A) que circula no mesmo. Esta resistência pode ser computada a partir de ensaios em laboratório ou, ainda, a partir de medições efetuadas em campo. Para tanto, são conhecidas diversas condições operativas, tais como a temperatura ambiente e do condutor, além da própria frequência de excitação das grandezas envolvidas. Uma forma aproximada de obtenção do valor da resistência está baseada na utilização de )(0 S l R (1.2) onde R0 é a resistência em corrente contínua (Ω), é a resistividade do material (Ω·m), l é o comprimento do condutor (m) e S é a área de sua seção transversal (m2). Estas unidades seguem o Sistema Internacional (SI) de medidas. Em unidades inglesas tem-se em Ω·cmil/ft, l em foot e A em circular mil1. A área de 1 circular mil representa a área de um círculo que possui diâmetro de 1 milésimo de polegada. Assim, 2423 mm10067,5)2/104,25(milcircular1 . Dada a reduzida ordem de grandeza desta unidade, os 1 Na conversão de unidades é importante lembrar que 1” (in – inch, polegada) = 25.4 mm, 1’ (ft – foot, pé) = 12” e 1 milha (mi – mile) = 1609 m. cabos condutores utilizados em sistemas de energia normalmente são especificados em múltiplos de 1000 do circular mil: 1000 circular mils = 1 MCM (ou 1 kcmil). O cobre recozido (annealed copper) é o padrão internacional de condutividade (padrão IACS – International Annealed Copper Standard), sendo tomado como referência para outros materiais. O cobre duro (hard-drawn copper) e o alumínio padrão, por exemplo, possuem, respectivamente, 97,3% e 61,0% da condutividade do cobre recozido. A Tabela 1.1 apresenta as características elétricas dos materiais normalmente utilizados em condutores elétricos. Dependendo das ligas adotadas para o alumínio2, a composição resultante pode ter uma resistividade de 2,65 a 2,84×10−8 Ω·m. Tabela 1.1. Características de alguns materiais utilizados em condutores elétricos. material condutividade (% IACS) resistividade – ρ a 20℃ (×10−8 Ω·m) coef. de temp. – α a 20℃ (1/℃) cobre recozido 100,0 1,7241 0,00393 cobre duro 97,3 1,7719 0,00393 alumínio padrão 61,0 2,8264 0,00403 alumínio 13503 61,2 2,8172 0,00403 aço zincado 8,0 13,8 0,0045 A resistividade de um metal possui uma variação em função da temperatura com uma característica muito próxima da linear. Uma aproximação linear permite que se obtenha ))(1()( 00 TTT (1.3) onde α é o coeficiente de temperatura da resistência em 1/℃ e T0 é a temperatura de referência (normalmente 20℃). A Tabela 1.1 apresenta os valores deste coeficiente para os materiais destacados. Para casos particulares de temperaturas muito baixas e muito elevadas é necessária a utilização de fatores de correção para o coeficiente de temperatura – normalmente não necessários para a faixa típica de temperatura de operação dos condutores utilizados em sistemas de energia. A correção do valor da resistência, para valores distintos da temperatura de referência, pode ser efetuada diretamente através de (1.3) após uma adequada substituição dos termos de resistividade por resistência. A resistência também deve ser corrigida em função do encordoamento dos fios que compõem um condutor. Pelo encordoamento dos fios, o comprimento destes será maior do que o do cabo. São utilizados incrementos no comprimento dos fios em relação ao do cabo de 2% (para encordoamento com 19 fios), 2,6% (37 fios), 3% (49 fios) e 4% (133 fios ou mais). Por fim, a resistência calculada através de (1.2) deve ser corrigida em função da frequência. Em corrente contínua ocorre uma densidade uniforme de corrente em toda a seção transversal do condutor. Porém, para campos magnéticos internos variantes no tempo existe uma distribuição não uniforme de corrente no interior do condutor. Ela será mais intensa na periferia do condutor, com um efeito de redução exponencial em direção ao centro do condutor. Tal fenômeno é denominado de efeito pelicular (skin effect) e traz consigo um aumento no valor da resistência em CA se comparado com a existente em CC. Este efeito será abordado na Seção 1.3.2. 2 As ligas utilizadas em cabos normalmente são formadas a partir da adição de ferro, silício, cobre, manganês, cromo e zinco. O ferro reduz a trabalhabilidade, enquanto que o silício e o cobre aumentam a resistência à tração. 3 O primeiro dígito (1) significa que se trata de uma liga da série 1XXX, que identifica o alumínio comercialmente puro. O segundo dígito indica modificações no limite de impurezas ou a adição de algum elemento de liga. Se o 2.º dígito for 0 (zero), indica que o Al não foi ligado e apresenta o limite de impurezas convencional. Os números entre 1 e 9 indicam controle especial sobre uma ou mais impurezas ou a adição de elementos de liga. Os dois últimos dígitos indicam a percentagem de Al acima de 99%. Assim, para o alumínio 1350, o material possui 99,50% de alumínio. PR 1. Avalie a influência da alma de aço no cálculo da resistência em corrente contínua do cabo Cardinal. Este cabo possui uma área de alumínio de 954 MCM e uma formação 54/7 para os seus fios, cada qual com um diâmetro de 0.1329 in. A camada condutora é formada por fios de alumínio 1350 e é composta por 54 fios dispostos em 3 camadas. A sua alma de aço é composta por 7 fios de aço galvanizado. Solução. Cada fio utilizado na confecção do cabo possui uma área de 22 22 mm9497,84/)4,251329,0( in01387,04/)in1329,0( fioS Considera-se inicialmente apenas a resistência devida aos fios de alumínio. A área total da seção transversal de alumínio será de MCM954cmil784.95310067,5/3,483 mm3,4839497,854 4 2 AlS Observa-se que a área útil de alumínio corresponde à especificação nominal do cabo Cardinal (954 MCM). Para a temperatura de 20℃, a resistência da camada condutora de alumínio valerá ft1000/01777,08.3041029,58 m/1029,58 m1028,483 m108172,2 6 6 26 8 Al AlAl Sl R Considerando um incremento de 2% na resistência devido ao efeito do encordoamento dos fios, ft1000/01813,002,101777,0 m/1046,5902,11029,58 66 AlR O valor encontrado difere ligeiramente do encontradoem algumas tabelas de condutores. Conforme a Tabela A.1, tem-se para este cabo uma resistência em corrente contínua de 0,0180 Ω/1000 ft. Esta diferença, neste caso, está relacionada ao fator de encordoamento adotado para os cálculos, bem como no valor da resistividade considerado para o alumínio. Para uma temperatura de 50℃ tem-se para as camadas de alumínio m/34,65)2050(00403,011029,58))50(1()50( 600 TRR As tabelas, em geral, apresentam valores de resistência em corrente contínua desconsiderando o efeito da alma de aço dos cabos – como recomendado pela NBR 7270. Caso a alma seja levada em conta, tem-se para a mesma uma área total de 7×8,9497 = 62,65 mm2. A sua resistência em 20℃, considerando um fator de encordoamento de 1,02, será de m/10247,202,1 m1065,62 m108,13 02,102,1 3 26 8 aço açoaço Sl R Como a resistência da alma de aço pode ser considerada em paralelo com a resistência do alumínio, tem-se para o cabo, a uma temperatura de 20℃, ft1000/01766,08,3041093,57 m/1093,57// 6 6 açoAlcabo RRR A redução no valor da resistência do cabo considerando o efeito da alma de aço é de 2,6% em relação ao caso em que esta não é considerada. O efeito da alma de aço será menor ainda – sendo considerado desprezível – no cômputo da resistência em corrente alternada em função do efeito pelicular. 1.3 Indutância série A indutância série que será utilizada no modelo de circuito elétrico de uma linha transmissão está associada à energia que a mesma armazena em seu campo magnético. Indutância de um condutor devido ao seu fluxo interno Considere que um fio condutor maciço de raio r seja percorrido por uma corrente de intensidade I, conforme indicado na Figura 1.1. x dx I Hx r Figura 1.1. Fio condutor percorrido por uma corrente elétrica e seu resultante campo magnético interno. A circulação da corrente I através do fio irá produzir uma intensidade de campo magnético H, interna e externamente ao condutor. Esta subseção considera apenas a parcela de campo magnético interna. Dada a condição de simetria do campo formado e da corrente que o originou, o campo H pode ser facilmente determinada através da lei circuital de Ampère: envIldH onde Ienv é a corrente envolvida pelo percurso fechado adotado para a circulação fechada de H. Para uma distância x do centro do fio condutor, com envolvimento de uma corrente Ix, a intensidade de campo magnético será determinada a partir da resolução de xx IxH 2 (1.4) A corrente Ix envolvida no percurso fechado de raio x é uma parcela da corrente total I no condutor. Supondo que a densidade de corrente J seja uniforme em todo o condutor, pode-se estabelecer I r x I x I r I J x x 2 2 22 de onde esp/m)(A 2 2 22 2 x r I HI r x xH xx A densidade volumétrica de energia armazenada no campo magnético valerá )J/m( 8 32 42 2 02 02 1 x r I Hw rxrx Considerando um volume incremental em x com espessura dx e comprimento de 1 m, tem-se para a energia armazenada internamente ao condutor: dxx r I xdxwdvwdW rxx 3 4 2 0 4 2 Adotando valores adequados para os limites da integração pode-se determinar a energia total interna ao condutor: )J/m( 164 2 0 0 3 4 2 0 I dxx r I W r r x r int Deve-se destacar que a unidade resultante, J/m, é resultante da adoção de um comprimento unitário para o condutor. Por sua vez, como a energia armazenada no campo magnético pode ser relacionada com a indutância através de W = ½LI2, a indutância associada a esta energia pode ser determinada através de )J/m( 16 2 02 2 1 I ILW rintint de onde )H/m( 8 0 r intL Desde que )H/m(104 70 e, assumindo que o material condutor possua 1r (hipótese válida para materiais tipicamente utilizados em condutores elétricos, como alumínio, cobre e suas ligas), tem-se )H/m(105.0 7intL (1.5) Por fim, o fluxo concatenado, LI , interno ao condutor e associado à corrente I, valerá esp/m)(Wb105.0 7 Iint (1.6) As expressões (1.2), (1.5) e (1.6) foram obtidas a partir da hipótese de que a corrente circulante no condutor esteja uniformemente distribuída em seu interior. Na situação real em que a frequência de excitação das correntes não seja nula, torna-se necessário efetuar uma correção – tanto da resistência como da indutância internas – devido ao efeito pelicular. Este efeito será abordado na Seção 1.3.2. Influência da frequência na impedância interna de um condutor A impedância interna de um condutor possui duas distintas componentes: a resistiva e a indutiva. Os parâmetros de resistência e de indutância internas já foram abordados nas subseções anteriores com a consideração de uma densidade de corrente uniforme no seu interior. Caso as correntes envolvidas possuam uma frequência de excitação não nula tal consideração já não é mais válida – ocorre uma concentração maior de corrente em regiões próximas da superfície externa do condutor, decaindo em direção ao seu centro. Este efeito ocorre apenas em CA e é denominado de efeito pelicular (skin effect). A Figura 1.2 indica a seção transversal e longitudinal de um condutor cilíndrico percorrido por uma corrente [1]. Nesta figura podem ser observadas as intensidades de campo magnético, Hx, e a densidade de corrente elétrica, Jx, a uma distância x do centro do condutor. x dx I r dx x dxJ x J x x xJ l A A seção A-A Hx a b a' b' Figura 1.2. Seção transversal e longitudinal de um condutor cilíndrico maciço. A intensidade de campo Hx pode ser determinada em função da corrente envolvida Ix, partindo de (1.4), onde Hx e Ix são expressas em termos fasoriais. Considerando valores instantâneos para estas grandezas e, após um desenvolvimento adequado, chega-se a xx x JH xx H 1 (1.7) onde Hx e Ix figuram como variáveis dependentes exclusivamente de x. A solução de (1.7) pode ser obtida através da obtenção de uma nova equação que relacione entre si as variáveis Hx e Ix, como a partir da aplicação da lei das tensões de Kirchhoff às quedas de tensão ao longo do circuito a’b’ba, conforme indicado na Figura 1.2. Como resultado deste procedimento obtém-se x J jH xx (1.8) A substituição de (1.8) em (1.7) resulta em 0 1 2 2 x xx Jj dx dJ xdx Jd (1.9) Definindo m (1.10) chega-se à solução de (1.9): mrjmr mxjmx JJ rx BeiBer BeiBer onde Jr é a densidade de corrente fasorial na superfície do condutor. Os termos “Ber” e “Bei” são abreviações de “Bessel real” e “Bessel imaginária”, respectivamente, e são dados por séries de infinitos termos: 2222 8 22 4 8642 )( 42 )( 1Ber mxmx mx 22222 10 222 6 2 2 108642 )( 642 )( 2 )( Bei mxmxmx mx Deve-se observar que a variável auxiliar m, como definida em (1.10), está associada com a denominada profundidade de penetração δ de um material condutor: m 22 A intensidade de campo magnético H, assim como a densidade de corrente J, sofrerá um decaimento exponencial de seu valor na superfíciedo condutor em direção ao centro do condutor. Este decaimento será tal que o seu valor estará reduzido a 37% na profundidade de penetração. Para exemplificar, para o alumínio, em 60 Hz, tem-se δ = 10,905 mm. Torna-se óbvio que o raio do condutor é importante na identificação da influência da frequência no efeito pelicular. Para condutores com raios reduzidos este efeito será menor a uma mesma frequência do que em condutores com raios maiores. Na solução final do problema utiliza-se rr frfrrmr 727 1081042 (1.11) A variável auxiliar mr definida em (1.11) é função do raio externo r do condutor e das características de permeabilidade e de resistividade do material que o compõe. Alternativamente, pode-se utilizar 00 7 2 7 001585,0 10421042 R f R f r f mr rrr (1.12) onde R0 é a resistência em corrente contínua, Ω/m, do fio condutor. Efetuando uma conversão de unidades, para uma resistência R0 fornecida em Ω/milha, tem-se 0 06358,0 R f mr r (1.13) Por fim, pode-se provar que a impedância interna do condutor vale mrjmr mrjmr r m Zi erBeiB BeiBer 2 (1.14) Isolando as partes real e imaginária de (1.14) obtém-se a resistência e a indutância internas do condutor: 22 0 )erB()eiB( erBBeieiBBer 2 mrmr mrmrmrmrmr R R (1.15) 22 0 )erB()eiB( erBBereiBBei4 mrmr mrmrmrmr mrL L i i (1.16) Nas equações (1.15) e (1.16) os valores de resistência R e de indutância internas Li estão relacionados com aqueles obtidos com a suposição de uma densidade uniforme de corrente no interior do condutor, R0 e Li0, respectivamente. Nestas equações, os termos de Bessel e de suas derivadas valem 2222 8 22 4 8642 )( 42 )( 1Ber mrmr mr 22222 10 222 6 2 2 108642 )( 642 )( 2 )( Bei mrmrmr mr )ber( )( erB mr mrd d mr )bei( )( eiB mr mrd d mr A Figura 1.3 apresenta os resultados gráficos de (1.15) e (1.16) em função de mr. A faixa de valores apresentada para mr nestes gráficos é representativa para a frequência e para as bitolas de fios normalmente utilizados nos cabos em sistemas de energia. Devido ao efeito pelicular, o fluxo interno diminui com a frequência, ao contrário do efeito verificado na resistência. 0 0.5 1 1.5 2 1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 0 0.5 1 1.5 2 0.96 0.965 0.97 0.975 0.98 0.985 0.99 0.995 1 0i i L L 0R R mr mr Figura 1.3. Resistência (R) e indutância internas (Li) corrigidas em função de mr. R0 e Li0 são, respectivamente, os valores de resistência e de indutância internas determinadas para o caso em que não existe efeito pelicular. PR 2. Verifique a influência do efeito pelicular sobre a resistência e a indutância internas de fios condutores maciços de alumínio 1350 com raios de 1, 10 e 20 mm, para as frequências de 60 Hz e 3 kHz. Solução. Considerando que o alumínio 1350 possua μr = 1 e ρ = 2,8172×10−8 Ω·m, tem-se para o mesmo: fr f r f rmr r 7412,16 108172,2 1108108 8 7272 Para os raios e frequências assinalados, através do uso de funções de Bessel, tem-se os valores indicados na tabela que segue. A influência do valor do raio no aumento da resistência interna e na redução da indutância interna será mais significativa a partir de raios do condutor com valores maiores do que o da profundidade de penetração. Tal efeito pode ser nitidamente verificado para ambas frequências uma vez que alumínio possui uma profundidade de penetração de 10,905 e de 1,5422 mm para as frequências de 60 e de 3kHz, respectivamente. frequência r, raio (mm) mr 0/ RR 0/ ii LL 60 Hz 1 0,1297 1,0000 1,0000 10 1,2968 1,0146 0,9927 20 2,5935 1,1989 0,9021 3 kHz 1 0,9170 1,0037 0,9982 10 9,1695 3,5061 0,3069 20 18,3390 6,7410 0,1540 Indutância de um condutor devido ao seu fluxo externo A intensidade de campo magnético externa a um fio percorrido por uma corrente I, a uma distância x do seu centro, conforme indicado na Figura 1.4, vale esp/m)(A 2 x I H x x r dx d Hx I Figura 1.4. Fio condutor percorrido por uma corrente elétrica e seu resultante campo magnético externo. Para uma mesma distância x do centro do condutor haverá uma densidade volumétrica de energia igual a )J/m( 8 3 22 2 02 02 1 x I Hw rxrx Assumindo que seja considerado novamente um volume incremental em x, com espessura dx e comprimento de 1 m, a energia no campo magnético será dx x I xdxwdvwdW rxxx 4 2 2 0 A energia do campo magnético, externa ao fio condutor, até um ponto com distância d do centro deste, valerá )J/m(ln 44 2 0 2 0 r dI x dxi W r d rx r ext A resultante indutância associada ao campo externo do condutor pode ser determinada a partir de r dI ILW rextext ln 4 2 02 2 1 de onde )H/m(ln 2 0 r d L rext Assumindo que o meio externo ao condutor seja o ar – hipótese aplicável diretamente a um condutor que faça parte de uma rede elétrica aérea – tem-se 1r . Assim, a expressão da indutância externa pode ser simplificada de acordo com )H/m(ln102 7 r d Lext O fluxo concatenado com o condutor devido ao seu campo magnético externo valerá esp/m)(Wbln102 7 r d Iext (1.17) Fluxo concatenado total de um condutor O fluxo concatenado total de um condutor até uma distância d do seu centro será computado a partir da soma de seus fluxos concatenados interno e externo: r d IIextint ln102105.0 77 (1.18) Uma manipulação adequada dos termos de (1.18) permite que se obtenha re I r d e I r d eI 41 7 41 77 1ln102ln 1 ln102lnln 4 1 102 Finalmente, o fluxo concatenado total pode ser expresso como esp/m)(Wbln102 7 r d I (1.19) onde rrer 7788.041 é o denominado raio corrigido do condutor. Uma comparação entre (1.17) e (1.19) permite o entendimento de que este raio corrigido seja o raio de um condutor fictício assumido como não possuidor de fluxo interno, mas com indutância igual ao do condutor com raio r. O fator 7788.041 e utilizado na correção do raio é oriundo da hipótese de que a corrente esteja uniformemente distribuída no fio condutor, conforme Seção 1.3.1. Caso uma distribuição não uniforme de corrente seja assumida, este fator de correção será dependente das características físicas do material, bem como da frequência assumida para a corrente circulante. Fluxo concatenado entre dois condutores Assume-se que existam dois fios a e b na configuração indicada na Figura 1.5. Dada a proximidade entre estes condutores, cada um terá um valor de fluxo concatenado oriundo não apenas de própria corrente, mas também pela corrente do outro condutor. dap dbp dab ra rbIa Ib p Figura 1.5. Dois condutores próximos percorridos por corrente. O enlace de fluxo com o fio a criado pela sua própria corrente Ia, até o ponto p,valerá a ap aIap r d I a ln102 7_ Por outro lado, o fio a também será enlaçado pelo fluxo que a corrente Ib produz externamente ao condutor b, conforme ab bp bIap d d I b ln102 7_ Assim, o fio a terá um fluxo concatenado total, até o ponto p, valendo ab bp b a ap aIapIapap d d I r d I ba lnln102 7__ (1.20) Rearranjando os termos de (1.20) pode-se escrever bpbapa ab b a aap dIdI d I r I lnln 1 ln 1 ln102 7 (1.21) Assumindo que os condutores a e b formem um circuito elétrico, ab II , de onde bp ap a ab b a aap d d I d I r I ln 1 ln 1 ln102 7 Caso o ponto p seja deslocado para uma região suficientemente distante dos fios a e b, 0ln1 bp ap bp ap d d d d Esta consideração permite que seja determinado o fluxo concatenado total com o condutor a: ab b a aa d I r I 1 ln 1 ln102 7 (1.22) Por analogia, o fluxo concatenado total com o fio b valerá ab a b bb d I r I 1 ln 1 ln102 7 (1.23) As equações (1.22) e (1.23) podem ser escritas em forma matricial como b a bbba abaa b a rd dr b a I I LL LL I I bab aba 11 11 7 lnln lnln 102 onde Laa e Lbb são as indutâncias próprias dos fios a e b, respectivamente, e Lab e Lba são as indutâncias mútuas entre os mesmos. Deve-se notar a igualdade entre as indutâncias mútuas: ab b a dbaab rbb raa LL L L 17 17 17 ln102 ln102 ln102 (1.24) Uma possível representação em circuito elétrico das indutâncias próprias e mútuas está indicada na Figura 1.6. Nesta figura todas as grandezas estão denotadas no domínio do tempo. av bv ai bi baab LL aaL bbLa b Figura 1.6. Circuito elétrico equivalente de dois condutores acoplados magneticamente com representação das indutâncias próprias e mútuas. A representação explícita dos fluxos concatenados é de particular interesse para os casos em que se deseja analisar tensões induzidas através de acoplamentos mútuos entre circuitos. As equações de queda de tensão decorrentes de variações nos fluxos concatenados nos fios analisados são dt di L dt di Lv bab a aaa (1.25) dt di L dt di Lv bbb a bab (1.26) A representação fasorial das variáveis de tensão e de corrente em (1.25) e (1.26) pode ser efetuada através da substituição do operador d/dt por jω. Assim, estas equações serão reescritas, no domínio da frequência, como babaaaa ILjILjV (1.27) bbbabab ILjILjV (1.28) Os termos jωL resultantes em (1.29) e (1.30) serão as reatâncias indutivas associadas aos efeitos de autoindução (associados a Laa e Lbb) e de indução mútua entre os fios condutores (associados a Lab e Lba). Uma forma alternativa de representação do efeito indutivo dos condutores pode ser obtida a partir de um adequado desenvolvimento de (1.22) e (1.23). Considerando novamente que ab II , tem-se, para o condutor a, a ab a ab a a aa r d I d I r I ln102 1 ln 1 ln102 77 de onde tem-se a denominada indutância aparente do condutor a: )H/m(ln102 7 a ab a a a r d I L (1.29) Por analogia, o condutor b terá uma indutância aparente igual a )H/m(ln102 7 b ab b r d L (1.30) As indutâncias La e Lb são denominadas de aparentes por serem vistas pela fonte que origina as correntes Ia e Ib, não possuindo propriamente um significado físico. Cada uma também pode ser denominada simplesmente por indutância do condutor. Uma comparação entre (1.24), (1.29) e (1.30) permite que se escreva babbb abaaa LLL LLL Cada uma das indutâncias aparentes corresponde à indutância própria de cada fio subtraída da indutância mútua existente com o outro condutor. Assim, com o uso de indutâncias aparentes, os fluxos concatenados com cada condutor são expressos apenas em função de sua própria corrente: b a b a b a I I L L 0 0 Em termos de um circuito elétrico equivalente tem-se o indicado na Figura 1.7. av bv ai bi a b aLbL Figura 1.7. Circuito elétrico equivalente de dois condutores acoplados magneticamente com representação de suas indutâncias aparentes. Neste caso, as equações de tensão nos fios analisados valem dt di Lv aaa (1.31) dt di Lv bbb (1.32) Supondo raios iguais para ambos fios, ba rrr , pode-se definir a indutância total de uma linha monofásica a dois fios: )H/m(ln104 7 r d LLL abba (1.33) Indutância de linha monofásicas com condutores compostos Considere uma linha de transmissão monofásica em uma configuração de condutores compostos, conforme indicado na Figura 1.8. Cada condutor é formado por diversos fios. As distâncias envolvidas entre fios de um mesmo condutor e entre fios dos condutores não são desprezíveis. b a condutor X : n c a´ c´ m b´ n fios I/n em cada fio ........ condutor Y : m fios I/m em cada fio Figura 1.8. Linha monofásica formada por condutores compostos. Cada fio condutor terá um valor de fluxo concatenado total que dependerá não apenas de sua própria corrente, mas também das correntes de todos os demais fios. Para cada um dos n fios que compõem o condutor X tem- se uma corrente I/n, enquanto que esta corrente vale I/m para os m fios do condutor Y. O fluxo concatenado com cada um dos fios pode ser obtido através da aplicação de (1.22). Após o cômputo de todos os fluxos concatenados, com uma representação explícita de todas as correntes envolvidas, pode-se obter a matriz de indutâncias desta linha: m b a n b a rddddd drdddd ddrddd dddrdd ddddrd dddddr m b a n b a I I I I I I mbmammnmbma mbbabnbbbab mabaanabaaa nmbnannnbna bmbbabbnbba ambaaaanaba 111111 111111 111111 111111 111111 111111 7 lnlnlnlnlnln lnlnlnlnlnln lnlnlnlnlnln lnlnlnlnlnln lnlnlnlnlnln lnlnlnlnlnln 102 (1.34) Todos os elementos da matriz em (1.34), incluindo o fator 2×10−7, são termos de indutâncias. As indutâncias próprias de cada fio são aquelas da diagonal da matriz, enquanto que os elementos fora da diagonal são as indutâncias mútuas entre fios.Considerando que as correntes nos fios do condutor X sejam iguais entre si, com Ia = Ib = ...= In = I/n, bem como no condutor Y (Ia’ = Ib’ = ... = Im = −I/m), o fluxo concatenado total com o fio a (condutor X) será dado por amcabaaa anacaba a ddddm I dddrn I 1 ln 1 ln 1 ln 1 ln102 1 ln 1 ln 1 ln 1 ln102 7 7 de onde n anacaba m amcabaaa a dddr dddd I ln102 7 Portanto, a indutância do fio a valerá n anacaba m amcabaaaa a dddr dddd n nI L ln102 7 De forma similar, n bnbcbba m bmcbbbabb b ddrd dddd n nI L ln102 7 A indutância média dos fios do condutor X valerá n LLLL L ncbaXmédia Como todos os n fios do condutor X estão em paralelo, a indutância do condutor X poderá ser determinada através de 2n LLLL n L L ncba Xmédia X Após desenvolvimento, chega-se a 2 )())(( )())(( ln102 7 n nnncnbnabnbcbbbaanacabaa mn nmcnbnanbmcbbbabbmcabaaa X dddddddddddd dddddddddddd L (1.35) onde os raios corrigidos ( nba rrr ,,, ), conforme utilizados nas expressões iniciais das indutâncias, foram propositalmente substituídos pelas “distâncias próprias” dos fios ( nnbbaa ddd ,,, ). A expressão (1.35) pode ser reescrita de forma simplificada como )H/m(ln102 7 s m X D D L (1.36) onde Dm é a distância média geométrica (DMG, GMD – Geometric Median Distance) entre os condutores X e Y e Ds é o raio médio geométrico (RMG, GMR – Geometric Median Radium) do condutor X. Por fim, após o cômputo da indutância LY do condutor Y, pode-se determinar a indutância da linha monofásica: YX LLL A modelagem de cabos no cálculo da indutância própria de um condutor Os cabos utilizados em sistemas de energia são compostos por diversos fios encordoados em camadas próprias, com ou sem alma de aço. Os arranjos genéricos apresentados para os fios de cada condutor na Figura 1.8 podem ser adaptados para o caso de um cabo comercial, onde as distâncias entre fios são perfeitamente conhecidas. Apesar deste fato, o cálculo do RMG que considere a influência do efeito pelicular não é uma tarefa trivial dada a não homogeneidade da superfície do cabo, bem como entre as camadas de fios condutores. Por esta razão, os valores de raio médio geométrico são fornecidos pelos fabricantes de cabos, como os indicados na coluna GMR da Tabela A.1. Estes valores de RMG são fornecidos para uma frequência específica e, portanto, já incluem o efeito pelicular. PR 3. Verifique a influência na indutância da utilização de um cabo composto por diversos fios encordoados em comparação ao caso em que seja utilizado um condutor maciço com mesma área total de material condutor. Considere uma configuração de 7 fios de material condutor, como indicado abaixo e desconsidere nesta análise o efeito pelicular. r rc=3r 2r 2√3r 4r 2r req Solução. Para o cabo indicado, considerando que cada fio da composição possua um raio r, o seu raio médio geométrico valerá, em função do raio de cada fio, r r rrrrrr rrrrrrD cabos 1767,2 7788,0)2()4()32()2( )2(7788,04)32()2(7788,0 )2(4)32()2( 49 49766624 49 6623 49 6623 ou, em termos de seu raio externo rc, cccabos rrD 7256,01767,2 3 1 Supondo um único condutor maciço com mesma área total de material condutor do cabo composto por 7 fios, o mesmo terá uma área total de 7×πr2, com um raio equivalente rreq 7 Este condutor único terá, portanto, como raio médio geométrico, rrreq 0605,277788,0 Este valor é menor do que aquele encontrado para o caso de 7 fios encordoados. Como a indutância própria do condutor é inversamente proporcional ao RMG do condutor, conclui-se que a utilização de cabos com diversos fios encordoados acarreta em diminuição do valor da indutância própria do condutor. Neste caso a diferença obtida não é significativa. Para cabos compostos por várias camadas de fios condutores, aliado à presença da alma de aço, esta diferença será ainda mais saliente, contribuindo para uma diminuição no efeito indutivo da linha. A utilização de cabos múltiplos por condutor Uma redução significativa no valor da indutância própria do condutor pode ser obtida a partir da utilização de cabos múltiplos (bundled conductors) em cada condutor. A Figura 1.9 apresenta as configurações de cabos múltiplos utilizadas na atualidade, com composições de 2, 3, 4, 6 e 8 cabos individuais. Estes cabos individuais possuem uma distância uniforme entre os subsequentes, através de uma disposição geométrica específica. d r d=r r d d d a) b) c) d) e) Figura 1.9. Configurações de cabos múltiplos mais utilizadas, com composições de 2, 3, 4, 6 e 8 cabos individuais. O raio médio geométrico de cada cabo múltiplo pode ser obtido em cada arranjo através de uma simples média geométrica das distâncias envolvidas. Considerando que sD seja o RMG de cada cabo individual, o raio médio geométrico do cabo múltiplo, b sD , será dado por: 2 cabos: dDdDD ss b s 4 2)( 3 cabos: 3 29 3)( dDddDD ss b s 4 cabos: 4 316 4 091.1)2( dDdddDD ss b s 6 cabos: 6 536 6 348.1)233( dDdddddDD ss b s O uso de tabelas Os valores de indutâncias próprias e mútuas entre condutores podem ser fornecidos indiretamente em tabelas específicas através de suas reatâncias indutivas. A reatância indutiva pode ser determinada, através da indutância, como s m L D D fLfX ln10222 7 de onde )/m(ln104 7 s m L D D fX Convertendo os valores de reatância obtidos em Ω/m para Ω/milha, pode-se escrever )/milha(ln10022,2 3 s m L D D fX Esta expressão pode ser reescrita como )/milha(ln10022,21ln10022,2 33 da X m X sL DfDfX onde Xa é a denominada reatância indutiva para 1 pé de afastamento e Xd é o fator de espaçamento da reatância indutiva. As reatâncias Xa e Xd estão associadas às indutâncias própria e mútua entre condutores, respectivamente, e são fornecidas para uma frequência estipulada. A reatância Xa depende, além da frequência, apenas do raio médio geométrico do cabo (Ds), sendo fornecida na Tabela A.1. Por outro lado, o fator de espaçamento Xd depende do espaçamento entre condutores, sendo fornecido na Tabela A.2. Linhas trifásicas a) Indutância de linhas trifásicas sem transposição de fases Considere o caso em que uma linha trifásica tenha as suas fases dispostas de maneira assimétrica, conforme indicado na Figura 1.10. a b c dbc dca dab Figura 1.10. Linha de transmissão trifásica com disposição desequilibrada das fases. O fluxo concatenado total com cada uma das fases do circuito vale c L ca b L ba a L s ca c ba b s aa I d I d I D d I d I D I acabaa 1 ln102 1 ln102 1 ln102 1 ln 1 ln 1 ln102 777 7 c L cb b L s a L ab b I d I D I d bcbbba 1 ln102 1 ln102 1 ln102 777 c L s b L bc a L ac c I D I d I d cccbca 1 ln102 1 ln102 1 ln102 777 onde são destacadas as indutâncias própria de cada fase, Laa, Lbb e Lcc, bem como as indutâncias mútuas entre fases, Lab, Lac, Lba, Lbc, Lca e Lcb. Nestas equações, Ds representa o raio médio geométrico de cada fase, considerado igual para todas as fases. Os fluxos concatenados podem ser agrupados em forma matricial como c b a cccbca bcbbba acabaa c b a sbcac cbsab cabas c b a I I I LLL LLL LLL I I I Ddd dDd ddD 1 ln 1 ln 1 ln 1 ln 1 ln 1 ln 1 ln 1 ln 1 ln 102 7 As indutâncias próprias serão iguais a partir da hipótese das fases possuírem o mesmo raio médio geométrico (Laa = Lbb = Lcc). Por outro lado, dado que os afastamentos entre fases não são iguais entre si, torna-se óbvio que as indutâncias mútuas também não o serão, a menos de: cbbc caac baab LL LL LL O sistema será, portanto, desequilibrado do ponto de vista das indutâncias existentes. O circuito elétrico resultante será: a Laa b Lbb c Lcc Lab=Lba Lbc=Lcb Lca=Lac b) Indutância de linhas trifásicas com transposição de fases O desequilíbrio de indutâncias entre fases verificado na situação em que a linha possua distribuição assimétrica de fases pode ser contornado caso seja adotado um esquema de transposição de fases. Um ciclo de transposição de fases, conforme indicado na Figura 1.11, compreende uma sucessiva troca de posicionamento das fases tal que, ao seu final, todas as fases percorram a uma mesma distância todas as possíveis posições. a b c d12 d23 d31 c a b b c a posição 1 posição 2 posição 3 trecho 1 trecho 2 trecho 3 1 2 3 Figura 1.11. Ciclo de transposição de fases contendo três trechos. Os fluxos concatenados com a fase a, em cada um dos trechos de um ciclo de transposição valem 3112 7 1trecho 1 ln 1 ln 1 ln102 d I d I D I cb s aa 1223 7 2trecho 1 ln 1 ln 1 ln102 d I d I D I cb s aa 2331 7 3trecho 1 ln 1 ln 1 ln102 d I d I D I cb s aa O valor médio de fluxo concatenado com a fase a será de eq cb s a cb s a cb s a cb s a aaa a D II D I ddd II D I ddd II D I ddd I ddd I D I 1 ln)( 1 ln102 1 ln)( 1 ln102 1 ln)( 1 ln310 3 2 1 ln 1 ln 1 ln310 3 2 3 7 3 312312 7 312312 7 312312312312 7 3trecho2trecho1trecho (1.37) onde Deq é a média geométrica entre as possíveis distâncias entre as fases: 3 312312 dddDeq A equação (1.37) pode ser reescrita em termos da indutância própria Ls da fase a e das indutâncias mútuas Lm da fase a com as demais: )( 1 ln102 1 ln102 77 cb L eq a L s a II D I D ms (1.38) onde eq m s s D L D L 1 ln102 1 ln102 7 7 (1.39) Os fluxos concatenados das fases podem ser agrupados em forma matricial como c b a smm msm mms c b a I I I LLL LLL LLL (1.40) A transposição de fases efetuada acarreta em uma matriz de indutâncias simétrica, como indicado em (1.40). Indutâncias aparentes de sequência positiva e negativa Para as sequências positiva e negativa, denotadas no que segue pelos numerais 1 e 2, respectivamente, tem-se 2,12,12,12,12,12,1 0 acbcba IIIIII (1.41) Substituindo (1.41) em (1.38), 2,12,12,12,1 )( amsamasa ILLILIL de onde )( 2,1 2,1 2,1 ms a a a LL I L Como as três fases possuirão as mesmas indutâncias devido à transposição de fases, as suas indutâncias de sequência positiva e negativa valerão ms LLL 2,1 (1.42) Reescrevendo (1.42) em termos das indutâncias aparentes, )H/m(ln102 72,1 s eq D D L (1.43) com fluxos concatenados dados por 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 00 00 00 c b a c b a I I I L L L (1.44) Indutância aparente de sequência zero Para a sequência zero, denotada pelo índice 0, vale 000000 2 acbcba IIIIII (1.45) Substituindo (1.45) em (1.38), 0000 )2(2 amsamasa ILLILIL de onde cada fase terá uma indutância aparente de sequência zero igual a ms LLL 20 (1.46) com fluxos concatenados dados por 0 0 0 0 0 0 0 0 0 00 00 00 c b a c b a I I I L L L (1.47) Linhas trifásicas de circuitos em paralelo a b c a' b' c' a b c a' b' c' a b c a' b' c' Circuito I Circuito II trecho 1 trecho 2 trecho 3 Circuito I Circuito II Figura 1.12. Linha trifásica com dois circuitos em paralelo com indicação da transposição de fases. 3 cabcabeq dddD onde: dab: DMG entre fases a (a e a’) e b (b e b’) no trecho 1 dbc: DMG entre fases b (b e b’) e c (c e c’) no trecho 2 dca: DMG entre fases c (c e c’) e a (a e a’) no trecho 3 3 cba ssss DDDD onde: Dsa: RMG da fase a (a e a’) no trecho 1 Dsb: RMG da fase b (b e b’) no trecho 2 Dsc: RMG da fase c (c e c’) no trecho 3 Por fim, a indutância aparente desta linha, por fase, válida para as sequências positiva e negativa, será determinada através de )H/m(ln102 7 s eq D D L PR 4. Calcule a indutância aparente de uma linha de transmissão de circuito duplo conforme indicado abaixo. Cada fase é composta por um cabo CAA, 26/7, Hawk, 477 MCM. Considere que a mesma possua transposição de fases. a b c a' b' c' 8 m 4 m 4 m d1 d2 Solução. O cabo Hawk, conforme Tabela A.1, possui um RMG de 0,0289 pés. As distâncias d1 e d2 podem ser determinadas por m944,848 221 d m314,1188 222 d Adotando as mesmas posições relativas entre fases da Figura 1.12, as distâncias médias geométricas entre fases valerão m88888 m9813,54944,8944,84 m9813,54944,8944,84 4 3trecho 4 2trecho 44 1trecho ca bc bababaabab d d ddddd De onde m5901,689813,59813,533 3trecho2trecho1trecho cabcabeq dddD Por sua vez, tem-se para os raios médios geométricos das fases:m2655,0)3048,00289,0(88)3048,00289,0( m3157,0)3048,00289,0(314,11314,11)3048,00289,0( m3157,0)3048,00289,0(314,11314,11)3048,00289,0( 4 4 3trecho 4 4 2trecho 4 4 1trecho ccccccccsc bbbbbbbbsb aaaaaaaasa ddddD ddddD ddddD Resultando em m2980,02655,03157,03157,033 3trehco2trecho1trecho scsbsas DDDD A indutância aparente, por fase, desta linha valerá mH/km6192,0H/m106192,0 2980,0 5901,6 ln102 67 L 1.4 Capacitância em derivação O parâmetro capacitância de uma linha de transmissão está associado à energia armazenada em seu campo elétrico. Obtenção da capacitância a partir de uma distribuição de cargas Considera-se que um condutor longo, retilíneo, conforme indicado na Figura 1.13a, possua em seu interior uma distribuição linear de cargas q (C/m). Pela simetria resultante, o campo elétrico E criado por esta distribuição de cargas não possui componente tangencial, ou seja, possui apenas componente radial. Ademais, considera-se que a componente tangencial (longitudinal) seja desprezada nos extremos do condutor. É importante destacar que todo o campo elétrico criado está localizado na região externa do condutor –pode-se desprezar o campo elétrico em seu interior, Eint, a partir da aplicação da lei de Ohm na forma pontual: Eint = ρJ, onde ρ é a resistividade do material e J é a densidade de corrente. Dado que para condutores perfeitos ρ = 0, tem-se Eint = 0. Tal consideração pode ser feita para os materiais usualmente utilizados em condutores elétricos (alumínio, cobre e suas ligas). x E q d1 q d2 P1 P2 y a) b) Figura 1.13. a) Campo elétrico produzido por cargas distribuídas em um condutor longo retilíneo; b) Percurso adotado para cálculo da diferença de potencial entre dois pontos externos ao condutor com cargas. Dada a simetria do campo elétrico resultante, pode-se utilizar uma superfície gaussiana (oriunda da aplicação da lei de Gauss) para a determinação da densidade de fluxo elétrico no exterior do condutor: (C/m) 2m12 m1 x q x q S Q D env onde D é a densidade de fluxo elétrico em uma superfície formada por um cilindro de raio x com 1 m de comprimento. O campo elétrico E externo ao condutor valerá, a uma distância x do seu centro, (V/m) 2 x qD E onde ε é a permissividade do meio. Este campo elétrico terá o mesmo valor em todos os pontos que pertençam à superfície gaussiana adotada. Em outras palavras, esta superfície gaussiana é caracterizada por possuir o mesmo potencial elétrico em seus pontos (o gradiente do potencial elétrico nestes pontos será nulo), caracterizando uma superfície equipotencial. A diferença de potencial entre dois pontos distantes da distribuição de cargas pode ser determinada através da análise da circulação em um percurso aberto da intensidade de campo elétrico entre estes pontos. Para os pontos P1 e P2 indicados na Figura 1.13b, o caminho de integração destacado em linha contínua (P1→y→P2) é de especial interesse dada a simplificação no equacionamento (a circulação do campo elétrico entre os pontos y e P2 será nula). Assim, a diferença de potencial entre P1 e P2 valerá (V)ln 22 1 2 12 2 1 2 1 d dq dx x q EdxV d d d d (1.48) onde V12 é a diferença de potencial entre os pontos P1 e P2 ou, simplesmente o potencial no ponto P1 em relação ao ponto P2 (V12 = V1 − V2), e d1 e d2 são, respectivamente, as distâncias dos pontos P1 e P2 ao centro das cargas distribuídas no interior do condutor. Uma vez determinada a diferença de potencial elétrico entre dois pontos é possível caracterizar o parâmetro capacitância a partir de (F/m) 12 12 V q C onde q é a distribuição de cargas que originou o campo elétrico entre os pontos P1 e P2. É importante destacar que para meios uniformes e homogêneos existem uma proporcionalidade constante entre o valor da carga e do campo elétrico que esta origina. A definição do parâmetro capacitância está associada a esta mencionada proporcionalidade. Linhas monofásicas Uma linha de transmissão monofásica, formada por dois condutores aéreos, está indicada na Figura 1.14. dab I −I qa qbra rb Figura 1.14. Linha de transmissão monofásica formada por dois condutores sobre o solo. Na configuração apresentada, assume-se que os condutores a e b possuam, respectivamente, as cargas qa e qb. A partir da aplicação de (1.48), pelo teorema da superposição, pode determinar a diferença de potencial entre estes condutores devida à presença das duas cargas. Assumindo que o raio de cada condutor seja desprezível em relação à distância entre condutores (ra << dab, rb << dab) e, lembrando que no interior de cada condutor o campo elétrico seja igualmente desprezível, tem-se ba bb b aa ab aab d d q d d qV lnln 2 1 Como 0 ba qq e, portanto, ab qq , ba bb a aa ab aab d d q d d qV lnln 2 1 ba a bbaa baab aab rr dq dd dd qV 2 ln 2 ln 2 1 Caso os condutores possuam o mesmo raio, r = ra = rb, e, denotando d = dab = dba, r dq r dq V aaab lnln 2 2 (1.49) Portanto, a capacitância entre os condutores a e b devida à configuração dos condutores (raios e distâncias entre condutores) será dada por (F/m) ln r dV q C ab a ab (1.50) Esta capacitância está apresentada na Figura 1.15a. a b Cab a b Cn Cn n n n' V = 0 b +q −q aa) b) c) Figura 1.15. a,b) Capacitâncias de uma linha de transmissão monofásica; c) superfície equipotencial com potencial nulo resultante de duas cargas, ± q. Outra possibilidade de representação da capacitância da linha monofásica consiste em sua determinação tendo por base o neutro elétrico (baseado na superfície equipotencial com potencial nulo entre as duas cargas), conforme indicado na Figura 1.15c. As diferenças de potencial entre os condutores e a superfície equipotencial n–n’ valem 2 ab bnan V VV de onde pode-se definir a capacitância destes em relação ao neutro elétrico (vide Figura 1.15b): ab an a bnann C V q CCC 2 E, portanto, neutro) ao(F/m ln 2 r d Cn (1.51) Modelagem de condutores para o cálculo da capacitância A inexistência de campo elétrico no interior de um condutor, conforme abordado na Seção 1.4.1, conduz à utilização do seu raio externo, ao contrário do que ocorre na modelagem de condutores para a determinação de indutâncias. Assim, valem os comentários que seguem, pertinentes ao cálculo de capacitâncias. a. Cabos elétricos Para cabos formados por diversas camadas de fios encordoados utiliza-se o raio externo do mesmo. b. Cabos compostos O cálculo do raio externo equivalente de cabos compostos por diversos cabos individuais segue o mesmo procedimento indicado na Seção 1.3.8, com a exceção de que, neste caso, utiliza-se o raio externo de cada cabo individual. Considerando que cada cabo individual possua um raio externo r, tem-se para as configurações apresentadas na Figura 1.9: 2 cabos: rddrDbsC 4 2)( 3 cabos: 3 29 3)( rdddrDbsC 4 cabos: 4 316 4 091.1)2( rddddrDbsC 6 cabos: 6 536 6 348.1)233( rddddddrDbsC Linhas trifásicas com espaçamento assimétrico Caso a linha de transmissão possua espaçamento assimétrico entre suas fases haverá desequilíbrio de capacitâncias entre as fases, pela mesma razão já verificada para a sua indutância, conforme Seção 1.3.10. A transposição de fases efetuada para equilibrar os valores de indutância também trará consigo um equilíbrio nas capacitâncias. Considera-se no desenvolvimento que segue a mesma disposição de fases e nomenclatura apresentadas na Figura 1.11. Para cada trecho da transposição de fases tem-se os valores de diferença de potencial entre as fases a e b: 31 23 12 12 1trecho lnlnln 2 1 d d q d r q r d qV cbaab 12 31 23 23 2trecho lnlnln 2 1 d d q d r q r d qV cbaab 23 12 31 31 3trecho lnlnln 2 1 d d q d r q r d qV cbaab O valor médio de Vab em um ciclo completo de transposição valerá )( 3 1 3trecho2trecho1trecho abababab VVVV 312312 312312 312312 3 3 312312 lnlnln 6 1 ddd ddd q ddd r q r ddd qV cbaab eq b eq aab D r q r D qV lnln 2 1 (1.52) onde 3 312312 dddDeq é a média geométrica entre as três possíveis distâncias entre as fases. A diferença de potencial média entre as fases a e c, por analogia, vale eq c eq aac D r q r D qV lnln 2 1 (1.53) Os valores de Vab e Vac são úteis para a determinação da diferença de potencial da fase a em relação ao neutro elétrico, Van. Para tanto, considera-se a disposição dos fasores das tensões de linha e de fase a neutro conforme indicado na Figura 1.16. Van n Vbn Vcn Vab Vbc Vca 2 1 2 33303 jVVV ananab 2 1 2 33303 jVVVV anancaac Figura 1.16. Tensões entre fases e neutro e entre fases de um sistema trifásico. A partir das tensões Vab e Vac, referenciadas a Van, chega-se a anacab VVV 3 de onde, após a substituição de (1.52) e (1.53), eq c eq b eq aacaban D r q D r q r D qVVV lnlnln2 2 1 )(3 eq cb eq aan D r qq r D qV ln)(ln2 2 1 3 Assumindo que instantaneamente o somatório das cargas de todas as fases seja nulo, 0 cba qqq , tem-se acb qqq e eq a eq aan D r q r D qV lnln2 2 1 3 Portanto, a fase a terá como diferença de potencial e uma capacitância em relação ao neutro elétrico: r Dq V eqa an ln 2 r D an a an eqV q C ln 2 Como todas as fases serão equilibradas em termos das capacitâncias, cnbnann CCCC . Assim, cada fase terá uma capacitância aparente ao neutro de fase)por neutro ao (F/m ln 2 r Dn eq C (1.54) Estas capacitâncias aparentes estão indicadas na Figura 1.17. Cn a b c Cn Cn a c Cn n b Figura 1.17. Capacitâncias aparentes de uma linha com equilíbrio entre fases. Efeito do solo na capacitância A camada superficial do solo terrestre é notoriamente uma superfície condutora com disponibilidade infinita de cargas (± q). Em condições de equilíbrio, sem que o solo esteja sujeito a campos elétricos externos – ou mesmo de induções elétricas – estas cargas estão em equilíbrio, com somatório nulo. Uma distribuição de cargas que porventura seja disposta sobre o plano condutor do solo atrairá cargas com sinais opostos e repelirá cargas com mesmo sinal, fato que origina uma densidade superficial de cargas induzida no solo (± qs), conforme exemplificado na Figura 1.18a. Esta redistribuição de cargas presentes no solo irá alterar o campo elétrico em todo o espaço. A modelagem destas cargas induzidas pode ser realizada através da inserção de uma imagem da distribuição de cargas externa à terra (Figura 1.18b,c). Esta imagem possui uma distribuição de cargas com sinal contrário à daquela que a originou, com simetria em relação ao plano do solo. Como resultado tem-se uma superfície equipotencial com potencial nulo no plano do solo. Este método é conhecido por método das imagens (method of image charges), abordado na eletrostática. +q plano condutor (V = 0) + + +++ + + − − −−− − − qE sq E sq E a) b) (V = 0) +q − q c) solo (V = 0) +qs −qs +q − q resE Figura 1.18. Método das imagens aplicado a uma carga pontual sobre o plano do solo terrestre. A Figura 1.19 apresenta uma linha de transmissão trifásica aérea com as cargas imagem de cada fase. Acima do solo as fases ocupam as posições denominadas pelos numerais 1, 2 e 3. Partindo da hipótese de que as fases estejam dispostas de forma assimétrica, esta figura indica os três trechos de um ciclo completo de transposição de fases. qa d12 d23 d31 h11 h22 h33 h12 h31 h23 qb qc − qa − qb − qc trecho 1 trecho 2 trecho 3 qc qa qb − qc − qa − qb qb qc qa − qb − qc − qa 1 2 3 1 2 3 1 2 3 Figura 1.19. Representação das cargas imagem de cada fase de uma linha trifásica com transposição de fases. As diferenças de potencial entre as fases a e b em cada um dos trechos do ciclo de transposição, a partir da aplicação de (1.48), valem 13 23 31 23 12 22 1211 1212 13 23 31 23 12 22 1211 1212 1trecho lnlnlnlnlnln 2 1 lnlnlnlnlnln 2 1 h h d d q h h d r q h h r d q h h q d d q h h q d r q h h q r d qV cba ccbbaaab 13 13 12 13 23 33 2322 2323 12 13 12 13 23 33 2322 2323 2trecho lnlnlnlnlnln 2 1 lnlnlnlnlnln 2 1 h h d d q h h d r q h h r d q h h q d d q h h q d r q h h q r d qV cba ccbbaaab 23 12 23 12 13 11 1333 1313 23 12 23 12 13 11 1333 1313 3trecho lnlnlnlnlnln 2 1 lnlnlnlnlnln 2 1 h h d d q h h d r q h h r d q h h q d d q h h q d r q h h q r d qV cba ccbbaaab O processo de desenvolvimento da equação da capacitância da linha será o mesmo adotado na Seção 1.4.3. Toma-se o valor médio da diferença de potencial Vab obtido para os três trechos, bem como o valor de Vac. A diferença de potencial Van é então obtida em função de Vab e Vac o que permite a determinação da capacitância da fase a em relação ao neutro elétrico.Após desenvolvimento, chega-se à equação da capacitância de cada uma das fases ao neutro: fase)por neutro ao (F/m lnln 2 3 332211 3 312312 hhh hhh C r D n eq (1.55) A influência do solo na capacitância surge no termo 3 3322113 312312ln hhhhhh em (1.55). As raízes cúbicas presentes neste termo são médias geométricas de distâncias que envolvem as cargas sobre o solo e suas imagens. Como 332211312312 hhhhhh , o efeito deste termo colabora para um aumento do valor da capacitância. O efeito do solo na capacitância da linha será tanto maior quanto menor for a sua distância em relação ao solo. Uso dos coeficientes de potencial de Maxwell no cálculo da capacitância Uma forma alternativa de cálculo da capacitância de linhas de transmissão está baseada na utilização dos denominados coeficientes de potencial de Maxwell. Este método está baseado na utilização de uma superfície equipotencial – especificamente com potencial nulo – e na representação de cargas com suas imagens. Considera-se, para tanto, que uma carga esteja localizada acima do plano do solo terrestre, a uma distância h de sua imagem, conforme indicado na Figura 1.20. +q − q h a a' n n' Figura 1.20. Uma carga +q e sua imagem, tendo a terra (neutro elétrico) como superfície equipotencial nula. A diferença de potencial entre os condutores a e a’, devido à presença do dipolo de cargas ± q, conforme (1.49), vale r hq V aa ln onde h é a distância da imagem da carga (− q) ao condutor a e r é a distância da carga (+ q) ao condutor a. Por sua vez, a diferença de potencial entre o condutor a (com carga + q) e o plano condutor n−n’ (com potencial nulo) vale 2 aa an V V de onde r hq Van ln 2 (1.56) Os dois termos de (1.56) possuem definições próprias, a saber: 2 q : coeficiente de carga (V) r h ln : coeficiente de potencial de Maxwell A generalização do problema para um total de m cargas envolvidas (Figura 1.21) pode ser efetuada através de uma adequada adaptação de (1.56). A diferença de potencial do i-ésimo condutor em relação ao plano n−n’ valerá mi d h qV ij ij m j jin ,1ln 2 1 1 (1.57) Em (1.57), para i = j, tem-se dii = r e djj = r. d12 d23 d31 h11 h22 h33 h12 h13 h23 1 2 3 1' 2' 3' m m' hmm n n' Figura 1.21. Distribuição de m cargas pontuais e suas imagens. A aplicação de (1.57) à distribuição genérica de m cargas, como indicada na Figura 1.21, conduz a mm mmm m m m m mn m mm n m mm n d hq d hq d hq V d hq r hq d hq V d hq d hq r hq V ln 2 ln 2 ln 2 ln 2 ln 2 ln 2 ln 2 ln 2 ln 2 2 22 1 11 2 2222 21 211 2 1 1 12 122111 1 e, em forma matricial, 2 2 2 lnlnln lnlnln lnlnln 2 1 2 2 1 1 2 222 21 21 1 1 12 1211 2 1 m mm mm m m m m m m m m mn n n q q q d h d h d h d h r h d h d h d h r h V V V (1.58) A expressão (1.58) pode ser generalizada como 11 2 mmmm qPV (1.59) onde [V] é o vetor de tensões dos condutores com carga, [P] é a matriz de coeficientes de potencial de Maxwell e [q/2πε] é o vetor de coeficientes de carga. Os elementos diagonais de [P] são os denominados coeficientes de potencial próprio de cada condutor enquanto que os fora da diagonal são os coeficientes de potencial mútuo entre condutores. Para linhas trifásicas pode-se extrapolar estas definições em termos de “condutor” para cada “fase” do circuito. O cálculo das capacitâncias envolvidas pode ser efetuado a partir de (1.59): VPq 12 11 mmmm VCq onde [C] é a matriz de capacitâncias da linha de transmissão: 12 PC (1.60) Caso a linha possua transposição de fases, a matriz de capacitâncias possuirá termos de capacitâncias próprias Cs iguais entre si, além de mesmos valores para as capacitâncias mútuas Cm entre fases: smm msm mms CCC CCC CCC C Estas capacitâncias próprias possuem representação em circuito elétrico conforme indicado na Figura 1.22a,b. Cs a b c Cs Cs a c Cn n b a c Cs n b CsCs Cm CmCm Cm Cm Cm Cn Cn a) b) c) Figura 1.22. Representação em circuito elétrico de: a, b) capacitâncias próprias e mútuas entre fases de uma linha trifásica e c) capacitâncias aparentes . Caso a linha não possua transposição de fases ter-se-á valores distintos para as capacitâncias próprias das fases (Caa, Cbb, Ccc) e para as capacitâncias mútuas entre fases (Cab, Cac, Cbc). Tal matriz, no entanto, será simétrica uma vez que Cab = Cba, Cac = Cca e Cbc = Ccb : cccbca bcbbba acabaa CCC CCC CCC C Deve-se observar que, em qualquer hipótese – com ou sem transposição de fases – as matrizes [P] e [C] serão simétricas. A partir das capacitâncias próprias e mútuas é possível que sejam determinadas as capacitâncias aparentes dos condutores em relação ao neutro elétrico. Tal desenvolvimento pode ser efetuado através de componentes simétricas. Para o caso de uma linha trifásica com transposição de fases tem-se: cn bn an smm msm mms c b a V V V CCC CCC CCC q q q (1.61) Capacitância aparente de sequência positiva Para a sequência positiva tem-se, assumindo o operador 1201a , ancn anbn aVV VaV 2 Isolando a carga da fase a em (1.61), anms anmms anmmsa VCaaC VaCCaC V a aCCCq ))(( )( 1 2 2 2 Como 12 aa , anmsa VCCq )( e, portanto, a capacitância aparente de sequência positiva valerá ms CCC )(seq (1.62) Capacitância aparente de sequência negativa Para a sequência negativa tem-se ancn anbn VaV aVV 2 A partir de (1.61), anms anmms anmmsa VCaaC VCaaCC V a aCCCq ))(( )( 1 2 2 2 Portanto, a capacitância aparente de sequência negativa será igual à da sequência positiva: ms CCC )(seq (1.63) Capacitância aparente de sequência zero Para a sequência zero vale ancn anbn VV VV Logo, anms anmms anmmsa VCC VCCC VCCCq )2( )( 1 1 1 A capacitância aparente de sequência zero valerá ms CCC 2)0(seq (1.64) As capacitâncias aparentes Cn estão representadas na Figura 1.22c. Nesta figura, Cnrepresenta de forma genérica qualquer uma das sequências analisadas (Cn1, Cn2 ou Cn0). O cálculo das capacitâncias aparentes de sequência positiva e negativa pode ser efetuado através do equacionamento desenvolvido para o caso em que a influência do solo é considerada na análise (seção 1.4.5), como através de (1.55). Para uso de expressões que não considerem o efeito do solo, como (1.51) e (1.54), ocorrerão diferenças nos resultados numéricos. Através do uso de coeficientes de potencial de Maxwell não existem equações diretas para o cálculo das capacitâncias aparentes. No entanto, este método fornece com facilidade as capacitâncias próprias e mútuas de uma linha de transmissão. PR 5. Calcule através dos coeficientes de potencial de Maxwell as capacitâncias próprias e mútuas da linha de transmissão apresentada abaixo. Faça o cálculo para duas situações distintas: sem e com transposição de fases. Cada fase é composta por 2 cabos, cada um com diâmetro de 3,18 cm, e afastamento entre cabos de 45,72 cm. a b c a' b' c' h11 h22 h33 h12 h13 h23 15 m 11 m 11 m d = 45,72 cm Solução. Tem-se para o RMG de cada fase: m0853,04572,02/0318,0 rdDbsC com distâncias entre fases e suas imagens: m112312 dd m2213 d m30332211 hhh m95,311130 222312 hh m20,372230 2213 h Para o caso de não haver transposição de fases valem diretamente as distâncias calculadas para a posição das fases indicadas na figura. Os termos que compõem a matriz de coeficientes de potencial de Maxwell são, neste caso, 8628,50853,030lnlnln 111111332211 bsCDhdhPPP 0664,11195,31lnln 121232232112 dhPPPP 5253,02220,37lnln 13133113 dhPP A matriz de capacitâncias valerá nF/km 8472,96864,15756,0 6864,11024,106864,1 5756,06864,18472,9 10854,822 1 333231 232221 131211 121 cccbca bcbbba acabaa CCC CCC CCC PPP PPP PPP PC Pode-se observar valores distintos das capacitâncias próprias das fases, a menos dos valores para as fases a e c (Caa = Ccc). Isto ocorre pela disposição relativa existente entre as fases. Pela mesma razão, as capacitâncias mútuas Cab e Cbc serão iguais entre si, mas diferindo da capacitância mútua entre as fases a e c (Cac): Ccc a b c Cbb Caa Cab Cab Cbc nF/km5756,0 nF/km6864,1 nF/km1024,10 nF/km8472,9 caac cbbcbaab bb ccaa CC CCCC C CC Para o caso em que existe transposição de fases, desde que estas ocupam todas as três possíveis posições, pode-se trabalhar diretamente com a média geométrica das distâncias: m303030303332211 eqeqeq hhh m61,3320,3795,3195,313322331132112 eqeqeqeqeqeq hhhhhh m86,132211113132312 eqeqeq ddd A matriz [P] terá os seguintes elementos: 8628,50853,030lnlnln 111111332211 bsCeqeq DhdhPPP 8860,08591,136149,33lnln 1212322331132112 eqeq dhPPPPPP Finalmente, a matriz de capacitâncias pode ser determinada: nF/km 8810,92972,12972,1 2972,18810,92972,1 2972,12972,18810,9 22 1 333231 232221 131211 1 smm msm mms CCC CCC CCC PPP PPP PPP PC Pode-se verificar facilmente, além da simetria existente em [C], que as capacitâncias próprias das fases serão iguais entre si. O mesmo ocorre com as capacitâncias mútuas entre fases: Cs a b c Cs Cs Cm Cm Cm nF/km2972,1 nF/km8810,9 m s C C As capacitâncias aparentes são então determinadas para as sequências de fases: neutro) ao fase(por nF/km1782,11)seq()seq( ms CCCC neutro) ao fase(por nF/km2866,72)0seq( ms CCC Alternativamente, as capacitâncias aparentes de sequência positiva e negativa, para o caso com transposição de fases, poderiam ser determinadas a partir de (1.55): nF/km1782,11 30 61,33 ln 0853,0 8591,13 ln 2 lnln 2 3 332211 3 312312 hhh hhh D D C b sC eq n Cn a b c Cn Cn nF/km1782,11nC Capacitância de linhas com circuitos em paralelo A capacitância de linhas de transmissão com circuitos em paralelo é determinada de forma muito semelhante ao procedimento adotado no cálculo de sua indutância (Seção 1.3.11). Para uma linha aérea sem o efeito do solo, a expressão (1.54) pode ser reescrita como (F/m) ln 2 sC eq D Dn C (1.65) onde DsC é o raio médio geométrico de cada fase. Este valor será computado como aquele utilizado para o cálculo da indutância, exceto pelo fato de que, ao invés do RMG de cada cabo, será utilizado o seu raio externo. Uso de tabelas Os valores de reatância capacitiva podem ser disponibilizados em tabelas específicas, como no caso da reatância indutiva (Seção 1.3.9). A reatância capacitiva por fase de uma linha trifásica, ao neutro, será dada por: m)( 2 1 n Cn fC X Considerando que a linha seja aérea, assume-se para o ar 0 . Substituindo a expressão da capacitância ao neutro, m)(Ωln 10862,2 2 ln 2 1 9 0 sC eqsC eq Cn D D f D D f X Efetuando a conversão de Ω·m para Ω·milha (dividindo por 1609), pode-se escrever milha)(Ωln 10779,11 ln 10779,1 66 da X eq X sC Cn D fDf X Assim, a reatância capacitiva pode ser expressa em função de dois termos distintos: aX : reatância capacitiva para 1 pé de afastamento – é dependente da frequência e das características do cabo, sendo informado na Tabela A.1. dX : fator de espaçamento da reatância capacitiva – é função da frequência e do afastamento entre fases (Deq). Este fator é fornecido na Tabela A.3. Corrente de carregamento A corrente de carregamento está associada à capacitância distribuída de uma linha em relação ao neutro elétrico. Para linhas de transmissão monofásicas a corrente de carregamento pode expressa como (A/m)ababchg VCjI onde Cab é a capacitância entre os condutores a e b da linha monofásica e Vab é a diferença de potencial entre estes condutores (vide Seção 1.4.2). Para linhas trifásicas, a corrente de carregamento será computada como sendo aquela que flui entre cada uma das fases e o neutro elétrico. A corrente de carregamento, em função da suscetância capacitiva entre fase e neutro, Bc, e da tensão entre fase e neutro, Van, será dada por (A/m)ancchg VBI ou, em termos da capacitância entre fase e neutro, Cn, (A/m)annchg VCjI Associada à corrente de carregamento tem-se a potência reativa chgabchg IVMVar 3 onde Vab é a tensão de linha (entre fases). A potência reativa de carregamento, chgMVar , está relacionada com a suscetância cB através de cabancabchgabchg BVVBVIVMVar 233 2 ab chg c V MVar B Em casos não raros o fornecimento de dados de uma linha de transmissão pode prever a informação da potência chgMVar
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