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Erving Goffman: O asilo, o self eo estigma
Goffman, sociólogo canadense, ao desenvolver pesquisas em Sociologia, Psicologia Social e Antropologia, nos Estados Unidos,(Mannville,Alberta,11 de Junho de 1922 – Filadélfia, 19 de Novembro de 1982) foi umcientista social,antropólogo, sociólogo e escritor canadense. Foi considerado "o sociólogo norte-americano mais influente do século XX"
OBRA:
Prisões, conventos e manicômios
A representação do eu na vidacotidiana
Estigma. Notas de uma identidade deteriorada
O CAMPO DE ESTUDO
Goffman inovou a pesquisa etnográfica nos estudos socio-antropológicos. Esta marca pode ser observada desde os seus primeiros trabalhos nos quais aborda a apresentação do self na vida diária, os manicômios, o estigma e são, por sinal, aqueles que mais referências receberam nos estudos sociais sobre a doença, instituições e práticas de saúde.
Goffman apresenta um sólido quadro de referência para pensarmos a ordem da interação em contextos institucionais, escolares, de trabalho, na mídia, na família e mesmo na política.
Para Goffman (1992, p. 8), “qualquer grupo de pessoas desenvolve uma vida própria que se torna significativa (...) e uma boa forma de conhecer qualquer desses mundos é submeter-se à companhia de seus participantes, de acordo com as pequenas conjunturas a que estão sujeitos”
Goffman procurou estabelecerum novo campo de investigação constitutivo davida social que, em seu entendimento, havia sidonegligenciado na sociologia: a ordem interacional.Em sua perspectiva esse campo possui estruturas,processos e regularidades específicos que, do pontode vista analítico, não poderiam ser reduzidosa situações macrossociais. A ordem interacionalconstituía para ele uma perspectiva heurística voltadapara capturar e analisar a interação que doisou mais atores desenvolvem entre si nos diversosespaços sociais existentes na vida cotidiana, ou seja,no ambiente de trabalho, no interior das diversasinstituições, num hospital, num restaurante, numelevador etc.
MANICÔMIOS,PRISÕES e CONVENTOS 
A PARTIR DAS TRÊS IMAGENS ESCREVA ALGO SOBRE A QUESTÃO DA LOUCURA E AS DVERSAS FORMAS ENCONTRADAS PELA SOCIEDADE EM TENTAR LIDAR COM ELA:
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Os estabelecimentos sociais –instituições - no sentido diário do termo, são locais, tais como salas, conjuntos de salas, edifícios ou fábricas ero que acorre atividade de determinado tipo. Na sociologia, no temos urna forma bem adequada para sua classificação.
CONCEITO DE INSTITUIÇÃO TOTAL: Instituição total é vista “como um local deresidência e trabalho onde um grande número de indivíduos com situaçãosemelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo,levam uma vida fechada e formalmente administrada” (GOFFMAN, 1987, p.11).
- Para o autor, essas instituições podem ser divididas em cinco grupos:
Em primeiro lugar, instituições criadas para cuidar das pessoas que, segundo sepensa, são incapazes e inofensivas; nesse caso estão as casas para cegos, velhos,órfãos e indigentes. 
Em segundo lugar, há locais estabelecidos para cuidar depessoas consideradas incapazes de cuidar de si mesmas e que são também umaameaça à comunidade, embora de maneira não intencional; sanatórios paratuberculosos, hospitais para doentes mentais e leprosários. 
Um terceiro tipo deinstituição total é organizado para proteger a comunidade contra perigos intencionais,e o bem-estar das pessoas assim isoladas não constitui o problema imediato:cadeias, penitenciárias, campos de prisioneiros de guerra, campos de concentração.
Em quarto lugar, há instituições estabelecidas com a intenção de realizar de modomais adequado alguma tarefa de trabalho, e que se justificam apenas através de taisfundamentos instrumentais: quartéis, navios, escolas internas, campos de trabalho,colônias e grandes mansões (do ponto de vista dos que vivem nas moradias dosempregados). 
Finalmente, há os estabelecimentos destinados a servir de refúgio domundo, embora muitas vezes sirvam também como locais de instrução para osreligiosos; entre exemplos de tais instituições, é possível citar abadias, mosteiros,conventos e outros claustros. (GOFFMAN 1987, p. 16-17).
- Para o autor, as características dessas instituições podem ser assim resumidas:
1. todos os aspectos da vida são conduzidos no mesmo lugar e sob a mesmaautoridade central;
2. cada fase da atividade diária dos membros é realizada na companhiaimediata de uma grande quantidade de outras pessoas, que são tratadasda mesma maneira e das quais são exigidas as mesmas coisas;
3. todas as atividades diárias são rigorosamente estabelecidas em horários,pois uma atividade leva em tempo predeterminado, à seguinte, e toda asequência de atividades é imposta de cima, por um sistema de regrasformais explícitas e um grupo de funcionários;
4. as várias atividades obrigatórias são reunidas num plano racional único,supostamente planejado para atender aos objetivos oficiais da instituição
(GOFFMAN, 1987, p. 17-18).
Carreira do paciente, que aparece no segundotexto que Goffman incluiu em seu livro sobre Manicômios. Para ele, em sentidoamplo, o termo designa “qualquer trajetória percorrida por uma pessoa durantesua vida” (GOFFMAN, 1987, p. 111).
Goffman justifica o uso do conceito,assinalando sua ambivalência: “De um lado ligado a assuntos íntimos e preciosos,tais como, por exemplo, a imagem do eu e a segurança sentida; o outro lado se ligaà posição oficial, relações jurídicas e um estilo de vida, e é parte de um complexoinstitucional acessível ao público”. Nesse sentido, a questão fundamental que embasasua importância está no fato de que o conceito “permite que andemos do públicopara o íntimo, e vice-versa, entre o eu e sua sociedade significativa, sem precisardepender manifestamente de dados a respeito do que a pessoa diz que imaginaser” (GOFFMAN, 1987, p. 111-112). 
A ênfase será sobre “os aspectos morais dacarreira”, ou seja, “a sequência regular de mudanças que a carreira provoca no euda pessoa e em seu esquema de imagens para julgar a si mesma e aos outros” (p.112). 
Assinala que a carreira do doente mental apresenta três fases principais:
- pré-paciente(anterior à entrada no hospital); 
- internamento (período no hospital); 
- ex-doente(posterior à alta hospitalar). 
Pode ocorrer, entretanto, readmissão ao hospital(fase de reincidência ou reinternamento).
A representação do eu na vida cotidiana
AO MANIPULARMOS NOSSAS IMAGENS NO COTIDIANO DAS RELAÇÕES HUMANAS, CRIAMOS UMA APRESENTAÇÃO DO EU NA VIDA COTIDIANA QUE NOS SERVE COMO UMA BASE NAS INTERAÇÕES SOCIAIS. ESSA APRESENTAÇÃO É MANIPULADA CONFORME NOSSOS OBJETIVOS.
Debata a partir das imagens acima essa manipulação social realizada por todos na vida cotidiana.
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A sociologia de Goffman mostra repetidamente como questões comumentevistas como qualidades pessoais, propriedades da psicologia do indivíduo,podem ser adequadamente reconceitualizadas como parte de nossa competênciasocial como agentes da interação (SMITH,2006, p. 97-98).
A apresentação do self na vida diária/As pessoas definem uma situação, e a partir ‘disso orientam-se para agir de maneira adequada.
Quando um indivíduo desempenha um papel, implicitamente solicita de seusobservadores que o levem a sério a impressão sustentada perante eles. Pede-lhes para acreditarem que o personagem que veem no momento possui osatributos que aparenta possuir, que o papel que representa terá as consequênciasimplicitamente pretendidas por ele e que, de um modo geral, ascoisas são o que parecem ser (GOFFMAN, 1985, p. 25).
Definir a situação, pois, é fundamental para a vida de qualquer indivíduo que vive em sociedade, no sentido de entender o que está acontecendo e se alinhar adequadamente às diferentes situações.O modo pelo qual as coisas são chamadas quase sempre reflete relações de poder.
A perspectiva de Goffman nos permite entender, em vez da relação entre burguesia e proletariado, as interações entre patrões e empregados em uma fábrica; em vez de uma luta de classes explícita, a relação entre uma dona de casa e sua empregada doméstica. Nesses silenciosos campos de batalha, onde a luta de classes ocorre na nossa frente, nós temos no quadro teórico de Goffman uma magnífica ferramenta para estudar as relações entre pessoas, que geralmente são bastante problemáticas, que raramente não envolvem uma relação de ascendência de poder ou de desigualdade.
A “representação” que se refere “a toda atividade de um indivíduo que se passa numperíodo caracterizado por sua presença contínua diante de um grupo particular deobservadores e que tem sobre estes alguma influência” (GOFFMAN, 1983, p.29). 
Isto ele denomina de fachada - a parte do desempenho pelo indivíduo, que éregular, geral, fixa, padronizada. Antes, encaminha o leitor oferecendo algumasdefinições (GOFFMAN, 1983, p. 23-24) que são básicas para se entender asrelações indivíduo/representações:
- interação, ou “encontro” (face a face) – influênciarecíproca dos indivíduos sobre as ações uns dos outros, quando em presença físicaimediata; 
- desempenho- toda a atividade de um determinado participante, emdada ocasião, que sirva para influenciar, de algum modo, qualquer um dos outrosparticipantes;
- “movimento” ou “prática” - padrão de ação preestabelecido que sedesenvolve durante a representação, que pode ser apresentado ou executado emoutras ocasiões; papel social - promulgação de direitos e deveres ligados a umadeterminada situação social.
Goffman procurou mostrar como os episódios triviais da vida cotidiana constituíam, não um domínio marginal reservado aos curiosos e diletantes, mas uma dimensão central da pesquisa sociológica.
- ErvingGoffmanem "A Representação do Eu na vida Cotidiana"aborda as interações sociais entre indivíduos, entretanto, ele foca numa “micro-interação”, ou seja, naquela que se caracteriza entre um pequeno grupo num dado momento e num determinado espaço. Para ele, a informação sobre um indivíduo possibilita o conhecimento prévio do que se pode esperar dele, e o que ele espera dos demais. Se o indivíduo for desconhecido, tal informação se baseará na sua conduta e aparência, de acordo com experiências prévias com o mesmo estereotipo.
- A “representação” que se refere “a toda atividade de um indivíduo que se passa numperíodo caracterizado por sua presença contínua diante de um grupo particular deobservadores e que tem sobre estes, alguma influência” (GOFFMAN, 1983, p.29)
- No jogo da interação, o indivíduo deverá expressar a si mesmo e impressionar os observadores. Sua expressão envolve duas atividades: 1. Expressão transmitida; 2. Expressão emitida. Será do interesse do indivíduo regular a conduta dos outros, independentemente de seu objetivo na relação ou das razões para isto. Das duas formas de comunicação (expressão transmitida e emitida) o autor se focará na expressão emitida, de natureza não verbal, seja ela intencional ou não. Para Goffman, o indivíduo influencia o modo que os outros o verão pelas suas ações. Por vezes, agirá de forma teatral para dar uma determinada impressão para obter dos observadores respostas que lhe interesse, mas outras vezes poderá também estar atuando sem ter consciência disto. Muitas vezes na será ele que moldará seu comportamento, e sim seu grupo social ou tradição na qual pertença.
- A partir da ação dos outros, vinculada a impressão dada pela ação do indivíduo, pode-se obter uma visão funcional ou pragmática da interação, e também considerar que o indivíduo provocou uma definição da situação e sua compreensão. Os observadores podem utilizar os aspectos fora do controle do indivíduo para legitimar os aspectos controláveis pelo mesmo. Percebe-se desta maneira uma assimetria na comunicação, onde o indivíduo só tem consciência de um aspecto da sua expressividade, e o observador tem dos dois aspectos. Entretanto, tendo consciência disto, o indivíduo pode manipular suas expressões de modo a dissimular os observadores para que os mesmos utilizem destas expressões moldadas para validarem as informações transmitidas. Isso restabelece a simetria da comunicação e possibilita o jogo de informação e atuação.
- Na interação, o grupo espera que o indivíduo ignore seus sentimentos pessoais e expresse-se de maneira supostamente aceitável a todos. Com o progresso da interação, este estado inicial será somado a outras informações ou modificado, desde que não seja de forma contraditória. Quando esta impressão inicial pertence a uma longa série de interações, fala-se em “começar com o pé direito”. Podemos supor que certos fatos cometidos pelo indivíduo contradigam esta posição inicial, ou que lance dúvida sobre o mesmo, isso poderia provocar uma confusão ou constrangimento na interação. Consequentemente, os observadores podem tomar uma postura hostil sob o indivíduo que se contradize, ou deixá-los embaraçados. O que provocaria uma anomia devido ao colapso gerado nesta interação social. Atribuindo-se características específicas deste posicionamento inicial, não se poderia deixar de inserir elementos distintos nas definições projetadas em situações posteriores, e é deste aspecto “moral” das projeções que Goffman se ocupará principalmente.
- Goffman, afirma que a sociedade se organiza baseando-se no fato de que um indivíduo possuindo certas características sociais deve moralmente ser valorizado, e consequentemente, o indivíduo que possua (ou simule) tais características devem ser de fato o que expressa. Entretanto, o indivíduo que possui tais características exerce uma exigência moral sobre os outros de modo que devam tratá-lo e valorizá-lo de acordo com tais características. O autor acredita que existam práticas preventivas para que estas rupturas não ocorram, e práticas corretivas para diminuir os efeitos das contradições que não foram evitadas. Quando o indivíduo tenta conservar a definição da situação projetada por outro, conceitualmente está se falando de “diplomacia”. Quando se soma as práticas defensivas (das projeções) com a diplomacia, forma-se uma ferramenta para conservação da impressão emitida por um indivíduo perante outros.
- Goffman inovou a pesquisaetnográfica nos estudos socio-antropológicos. Esta marca pode ser observada desdeos seus primeiros trabalhos nos quais aborda a apresentação do self na vida diária,os manicômios, o estigma e são, por sinal, aqueles que mais referências receberamnos estudos sociais sobre a doença, instituições e práticas de saúde
- Interação, ou “encontro” (face a face) – influênciarecíproca dos indivíduos sobre as ações uns dos outros, quando em presença físicaimediata; 
- desempenho- toda a atividade de um determinado participante, emdada ocasião, que sirva para influenciar, de algum modo, qualquer um dos outrosparticipantes;
- “movimento” ou “prática” - padrão de ação preestabelecido que sedesenvolve durante a representação, que pode ser apresentado ou executado emoutras ocasiões; papel social - promulgação de direitos e deveres ligados a umadeterminada situação social.
- Uma equipe, por conseguinte,pode ser definida como um conjunto de indivíduoscuja íntima cooperação é necessária, para ser mantida uma determinada definiçãoprojetada da situação. Uma equipe é um grupo mas não um grupo em relação auma estrutura ou organização social, e sim em relação a uma interação, ou sériede interações, na qual é mantida a definição apropriada da situação. (GOFFMAN,1983, p. 99).
ESTIGMA
A PARTIR DAS DUAS IMAGENS ESCREVA ALGO SOBRE A QUESTÃO DO ESTIGMA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA:
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MILTON NASCIMENTO EM MARIA MARIA ESCREVE:
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
RELACIONE A CANÇÃO À QUESTÃO DO ESTIGMA.
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Estigma
substantivo masculino
1. marca ou cicatriz deixada por ferida.
"os e. da psoríase"
2. sinal natural no corpo.
ErvingGoffman foi o pioneiro em pensar o conceito de estigma numa perspectiva social. Para Goffman, estigma é uma relação entre atributo e estereótipo, e tem sua origem ligada à construção social dos significados através da interação. A sociedade institui como as pessoas devem ser, e torna esse dever como algo natural e normal. Um estranho em meio a essa naturalidade não passa despercebido, pois lhe são conferidos atributos que o tornam diferente. 
Os gregos, que tinham bastante conhecimento de recursos visuais, criaram o termo estigma para se referirem a sinais corporais com os quais se procurava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou mau sobre o status moral de quem os apresentava. (Goffman, 1963)
A sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e o total de atributos considerados como comuns e naturais para os membros de cada uma dessas categorias: Os ambientes sociais estabelecem as categorias de pessoas que têm probabilidade de serem neles encontradas. As rotinas de relação social em ambientes estabelecidos nos permitem um relacionamento com "outras pessoas" previstas sem atenção ou reflexão particular. Então, quando um estranho nos é apresentado, os primeiros aspectos nos permitem prever a sua categoria e os seus atributos, a sua "identidade social" - para usar um termo melhor do que "status social", já que nele se incluem atributos como "honestidade", da mesma forma que atributos estruturais, como "ocupação". (Goffman, 1963)
O termo estigma, portanto, será usado em referência a um atributo profundamente depreciativo, mas o que é preciso, na realidade, é uma linguagem de relações e não de atributos. Um atributo que estigmatiza alguém pode confirmar a normalidade de outrem, portanto ele não é, em si mesmo, nem horroroso nem desonroso. Por exemplo, alguns cargos nos Estados Unidos obrigam seus ocupantes que não tenham a educação universitária esperada a esconder isso; outros cargos, entretanto, podem levar os que os ocupam e que possuem uma educação superior a manter isso em segredo para não serem considerados fracassados ou estranhos.
O termo estigma e seus sinônimos ocultam uma dupla perspectiva: Assume oestigmatizado que a sua característica distintiva já é conhecida ou é imediatamenteevidente ou então que ela não é nem conhecida pelos presentes e nem imediatamenteperceptível por eles? No primeiro caso, está-se lidando com a condição dodesacreditado, no segundo com a do desacreditável. Esta é uma diferença importante,mesmo que um indivíduo estigmatizado em particular tenha, provavelmente,experimentado ambas as situações. (GOFFMAN, 1982, p. 14 - grifos no original).
A característica central da situação de vida, do indivíduo estigmatizado pode, agora, ser explicada. É uma questão do que é com freqüência, embora vagamente, chamado de "aceitação". Aqueles que têm relações com ele não conseguem lhe dar o respeito e a consideração que os aspectos não contaminados de sua identidade social os haviam levado a prever e que ele havia previsto receber; ele faz eco a essa negativa descobrindo que alguns de seus atributos a garantem.
O indivíduo estigmatizado pode, também, tentar corrigir a sua condição de maneira indireta, dedicando um grande esforço individual ao domínio de áreas de atividade consideradas, geralmente, como fechadas, por motivos físicos e circunstanciais, a pessoas com o seu defeito. Isso é ilustrado pelo aleijado que aprende ou reaprende a nadar, montar, jogar tênis ou pilotar aviões, ou pelo cego que se torna perito em esquiar ou em escalar montanhas. O aprendizado torturado pode estar associado, é claro, com o mau desempenho do que se aprendeu, como quando um indivíduo, confinado a uma cadeira de rodas, consegue levar uma jovem ao salão, numa espécie de arremedo de dança. Finalmente, a pessoa com um atributo diferencial vergonhoso pode romper com aquilo que é chamado de realidade, e tentar obstinadamente empregar uma interpretação não convencional do caráter de sua identidade social.
A Carreira Moral 
As pessoas que têm um estigma particular tendem a ter experiências semelhantes de aprendizagem relativa à sua condição e a sofrer mudanças semelhantes na concepção do eu - uma “carreira moral" semelhante, que não só causa como efeito do compromisso com uma seqüência semelhante de ajustamentos pessoais. (A história natural de uma categoria de pessoas com um estigma deve ser claramente diferençada da história natural do próprio estigma - a história das origens, difusão e declínio da capacidade de um atributo servir como estigma numa sociedade particular, por exemplo, o divórcio na classe média alta da sociedade americana.) Uma das fases desse processo de socialização é aquela na qual a pessoa estigmatizada aprende e incorpora o ponto de vista dos normais, adquirindo, portanto, as crenças da sociedade mais ampla em relação à identidade e uma idéia geral do que significa possuir um estigma particular. Uma outra fase é aquela na qual ela aprende que possui um estigma particular e, dessa vez detalhadamente, as conseqüências de possuí-lo. A sincronização e interação dessas duas fases iniciais da carreira moral formam modelos importantes, estabelecendo as bases para um desenvolvimento posterior, e fornecendo meios de distinguir entre as carreiras morais disponíveis para os estigmatizados. Poderá-se mencionar quatro desses modelos.
TIPOS DE ESTIGMA
Podem-se mencionar três tipos de estigma nitidamente diferente. 
- Em primeiro lugar, há as abominações do corpo - as várias deformidades físicas. 
- Em segundo, as culpas de caráter individual, percebidas como vontade fraca, paixões tirânicas ou não naturais, crenças falsas e rígidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir de relatos conhecidos de, por exemplo, distúrbio mental, prisão, vicio, alcoolismo, homossexualismo, desemprego, tentativas de suicídio e comportamento político radical. 
- Finalmente, há os estigmas tribais de raça, nação e religião, que podem ser transmitidos através de linhagem e contaminar por igual todos os membros de uma família.
O termo estigma e seus sinônimos ocultam uma dupla perspectiva: Assume o estigmatizado que a sua característica distintivajá é conhecida ou é imediatamente evidente ou então que ela não é nem conhecida pelos presentes e nem imediatamente perceptível por eles? No primeiro caso, está-se lidando com a condição do desacreditado, no segundo com a do desacreditável. Esta é uma diferença importante, mesmo que um indivíduo estigmatizado em particular tenha, provavelmente, experimentado ambas as situações. Começarei com a situação do desacreditado e passarei, em seguida, a do desacreditável, mas nem sempre separarei as duas.
Os estigmas: a deterioração da identidade social
Zélia Maria de Melo Profa . Adjunta da Universidade Católica de Pernambuco. Mestre em Antropologia e Doutora em Psicologia, Universidade de Deusto, Bilbao - Espanha 
Goffman (1993, p. 11) faz referência ao uso da palavra "estigma"pelos gregos, definida como "signos corporales, sobre loscuales se intentabaexhibir algo malo y poco habitual enel status moral de quienlospresentaba". O estigma era a marca de um corte ou uma queimadura no corpo e significava algo de mal para a convivência social. Podia simbolizar a categoria de escravos ou criminosos, um rito de desonra etc. Era uma advertência, um sinal para se evitar contatos sociais, no contexto particular e, principalmente, nas relações institucionais de caráter público, comprometendo relações comerciais. Na época do cristianismo, as marcas corporais tinham um significado metafórico; os sinais representavam a "graça divina", que se manifestava através da pele. Eram também uma referência médica, representando perturbações físicas. Na atualidade, a palavra "estigma"representa algo de mal, que deve ser evitado, uma ameaça à sociedade, isto é, uma identidade deteriorada por uma ação social. Para Goffman (1993, p. 11), "lasociedadestablecelosmedios para caracterizar a las personas y el complemento de atributos, que se perciben como corrientes y naturales a losmiembros de cada uma de esascategorías". A sociedade estabelece um modelo de categorias e tenta catalogar as pessoas conforme os atributos considerados comuns e naturais pelos membros dessa categoria. Estabelece também as categorias a que as pessoas devem pertencer, bem como os seus atributos, o que significa que a sociedade determina um padrão externo ao indivíduo que permite prever a categoria e os atributos, a identidade social e as relações com o meio. Criamos um modelo social do indivíduo e, no processo das nossas vivências, nem sempre é imperceptível a imagem social do indivíduo que criamos; essa imagem pode não corresponder à realidade, mas ao que Goffman (op. cit.) denomina de uma identidade social virtual. Os atributos, nomeados como identidade social real, são, de fato, o que pode demonstrar a que categorias o indivíduo pertence. Alguém que demonstra pertencer a uma categoria com atributos incomuns ou diferentes é pouco aceito pelo grupo social, que não consegue lidar com o diferente e, em situações extremas, o converte em uma pessoa má e perigosa, que deixa de ser vista como pessoa na sua totalidade, na sua capacidade de ação e transforma-se em um ser desprovido de potencialidades. Esse sujeito é estigmatizado socialmente e anulado no contexto da produção técnica, científica e humana. Segundo Goffman, o estigma estabelece uma relação impessoal com o outro; 1 o sujeito não surge como uma individualidade empírica, mas como representação circunstancial de certas características típicas da classe do estigma, com determinações e marcas internas que podem sinalizar um desvio, mas também uma diferença de identidade social. O estigma é um atributo que produz um amplo descrédito na vida do sujeito; em situações extremas, é nomeado como "defeito", "falha"ou desvantagem em relação ao outro; isso constitui uma discrepância entre a identidade social virtual e a identidade real. Para os estigmatizados, a sociedade reduz as oportunidades, esforços e movimentos, não atribui valor, impõe a perda da identidade social e determina uma imagem deteriorada, de acordo com o modelo que convém à sociedade. O social anula a individualidade e determina o modelo que interessa para manter o padrão de poder, anulando todos os que rompem ou tentam romper com esse modelo. O diferente passa a assumir a categoria de "nocivo", "incapaz", fora do parâmetro que a sociedade toma como padrão. Ele fica à margem e passa a ter que dar a resposta que a sociedade determina. O social tenta conservar a imagem deteriorada com um esforço constante por manter a eficácia do simbólico e ocultar o que interessa, que é a manutenção do sistema de controle social. Para Goffman (1993, p. 13), os atributos indesejados são considerados estigmas: Aquellos que son incongruentes connuestro estereotipo acerca de cómodebe ser determinada especie de individuos. El término estigma será utilizado, pues, para hacerreferencia a un atributo profundamente desacreditador; pero lo que enlarealidad se necesita es unlenguaje de relaciones, no de atributos. Un atributo que estigmatiza a un tipo de poseedorpuede confirmar lanormalidad de otro y, por conseguinte, no es ni honroso ni ignominioso ensímismo. Retomando o conceito de individualidade virtual e identidade real do sujeito, o autor sublinha que, quanto mais discrepante for a diferença entre as duas identidades, mais acentuado o estigma; quanto mais visual, quanto mais acentuada e recortada a diferença, mais estigmatizante; quanto mais visível a diferença entre o real e os atributos determinantes do social, mais se acentua a problemática do sujeito regido pela força do controle social. A discrepância entre as duas identidades é prejudicial para a identidade social; o sujeito assume uma posição isolada da sociedade ou de si mesmo e passa a ser uma pessoa desacreditada. Em consequência, passa a não aceitar-se a si mesmo. O sujeito passa a ser o diferente, dentro de uma sociedade que exige a semelhança e não reconhece, na semelhança, as diferenças. Sem espaço, sem voz, sem papéis e sem função, não pode ser nomeado e passa a ser um "ninguém", "um nada", nas relações com o outro. Não pode ser o sujeito da ação. Os estigmatizados assumem um papel fundamental na vida dos ditos normais, pois colaboram estabelecendo uma referência entre os dois e demarcam assim as diferenças no amplo contexto social. Segundo Goffman (1993, p. 56), outra possibilidade de os estigmatizados demarcarem seu papel social é quando sua diferença "no se revela de modo inmediato, y no se tieneunconocimientoprevio (o, por lo menos, él no sabe que losdemáslaconocen), es decir, cuandono se trata enrealidad de uma persona desacreditada, sino desacreditable". O desacreditado não necessita manter somente o controle da tensão emocional diante dos controles sociais, mas um bom controle da informação acerca dos estigmas, como, por exemplo, dizer a verdade ou mentir a quem, como, onde e quando queira, em determinada situação ou momento. 2 O autor conceitua a informação social como uma representação social do sujeito, com suas características mais ou menos permanentes, contrapostas aos sentimentos, estados de ânimo e à intenção que o sujeito pode ter em dado momento. São signos que o sujeito transmite para o outro através da expressão corporal. O autor denominou "social"a tal informação, que pode ser de freqüência acessível e recebida de forma rotineira. Segundo ele (1993, p. 58), "lainformación social transmitida por cualquier símbolo particular puedeconfirmarnossimplementelo que otros signos nos dicendel individuo, completando laimagen que tenemos de él de manera redundante y segura". A informação social transmitida por um símbolo pode constituir um registro especial de prestígio, honra ou posição social privilegiada. O símbolo de prestígio pode contrapor-se aos símbolos de estigmas. Para Goffman (1993, p. 58), Los símbolos de estigmas sonaquellos signos especialmente efectivos para llamarlaatención sobre una degradante incongruencia de laidentidad, y capaces de quebrar lo que de otro modo, sería uma imagen totalmente coherente, disminuyendo de tal suertenuestravalorizacióndelindividuo. A visibilidade doestigma constitui um fator decisivo e aqueles que convivem com o indivíduo podem exercer influência na apreensão da sua identidade social. Em um primeiro momento, é necessário diferenciar o que o autor denominou visibilidade ou evidências do estigma e "conhecimento". Em um sujeito portador de um estigma muito visível, o simples contato com o outro dará a conhecer o estigma. O conhecimento que os outros têm do estigmatizado pode ser baseado nos rumores ou nos contatos anteriores. Outro aspecto a determinar em uma situação do sujeito portador de um estigma visível é até que ponto isso interfere em suas interações com o meio social. A identidade social estigmatizada destrói atributos e qualidades do sujeito, exerce o poder de controle das suas ações e reforça a deterioração da sua identidade social, enfatizando os desvios e ocultando o caráter ideológico dos estigmas. A sociedade impõe a rejeição, leva à perda da confiança em si e reforça o caráter simbólico da representação social segundo a qual os sujeitos são considerados incapazes e prejudiciais à interação sadia na comunidade. Fortalece-se o imaginário social da doença e do "irrecuperável", no intuito de manter a eficácia do simbólico. 1 Estigmas: caminhos da exclusão social A sociedade limita e delimita a capacidade de ação de um sujeito estigmatizado, marca-o como desacreditado e determina os efeitos maléficos que pode representar. Quanto mais visível for a marca, menos possibilidade tem o sujeito de reverter, nas suas inter-relações, a imagem formada anteriormente pelo padrão social. A escola, muitas vezes percebida de forma positiva, pode parecer inacessível àqueles que não podem participar dos logros construídos pela sociedade, pois estão excluídos do processo de desenvolvimento humano. Para Minuchin (1982), a família é uma unidade social que desenvolve múltiplos papéis fundamentais para o crescimento psicológico do sujeito, marcando as diferenças sociais e culturais, mas com raízes universais. A família é uma organização de apoio, proteção, limites e socialização. Tem uma proposta e propriedades de auto-perpetuação; uma vez favorecido um processo de mudança, 3 a família o preservará, pois as experiências são qualificadas dentro dela e permanecem na vida do grupo. A família convive com as mudanças de valores, de padrões éticos, econômicos, políticos e ideológicos da sociedade. A família transmite a tradição, que representa o cenário do imaginário cultural, com os significados e significantes dos ritos e mitos do presente e do passado, construindo sua história particular, marcando as relações internas e externas, os vínculos afetivos e sociais, com a intenção de estruturar o universo psicológico dos membros do grupo familiar. Através dos vínculos estabelecidos na família, o sujeito estigmatizado pode encontrar o suporte para a apreensão das suas diferenças, no contexto das semelhanças. Pode relativizar a diferença e acrescentar pontos significativos na sua identidade social, algo diferente no universo das semelhanças. Quando os lugares e os papéis não são definidos nas relações sociais, as histórias se mesclam e as funções são invertidas. Instaura-se a violência que, vivida na sua história particular, perpassa as fronteiras e vai perpetuar-se na história do sujeito, constituindo uma herança maldita de componentes destrutivos. A ausência de vínculos inscreve a desordem, a ausência da autonomia e da referência do ser individual no contexto do grupo social. A história pessoal pode ser uma mera repetição da relação com o grupo. Buscam-se componentes marcados pela impossibilidade de estabelecer vínculos com o grupo de referência; instaura-se o registro da violência nas relações, estrutura-se o ciclo da repetição dos componentes destrutivos, que atravessa os espaços, as fronteiras do individual para o coletivo e, em decorrência, contribui para os desvios dos sujeitos envolvidos na trama. Cabe às instituições abrir espaço para a reflexão, propor novas direções e contribuir para as transformações sociais. 
2 Referências bibliográficas 
GOFFMAN, Erving. Estigma: laidentidad deteriorada. 5. ed. Buenos Aires: Amorrortu Editores, 1993, 172p. MINUCHIN, Salvador. Famílias, funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982, 238p. MINUCHIN, Salvador. La recuperación de lafamilia: relatos de esperanza y renovación. Buenos Aires: Paidos, 1994, 307p. MINUCHIN, Salvador. Calidoscopio familiar: imágens de violencia y curación. Barcelona: Paidos, 1994, 217p. MELO, Zélia Maria. Bandidos e mocinhos. Universidade Federal de Pernambuco, 1991. (Dissertação, Mestrado em Antropologia). MELO, Zélia Maria. Violencia y familia: supervivenciaenla casa y enlacalle. Espanha, Universidad de Deusto, Bilbao, 1999. (Tese, Doutorado em Psicologia).

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