Buscar

Orçamento e investimentos no setor esportivo

Prévia do material em texto

FACULDADE SOGIPA 
CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
O PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL E O ORÇAMENTO DO SETOR
ESPORTIVO
Helenara Martins Vaz
PROFESSOR JORGE ECKERT
PORTO ALEGRE
2017
 O artigo “O planejamento governamental e o orçamento esportivo”, de Luiz Fernando Camargo Veronez, tem o objetivo de trazer e avaliar dados que mostrem as ações do governo no setor esportivo e o quanto essas leis privilegiaram o setor privado. O autor inicia o artigo apresentando os principais conceitos abordados durante o trabalho, como as leis de diretrizes orçamentárias, os programas governamentais, etc. 
	A Constituição de 1988 obriga o governo a disponibilizar gastos para o setor esportivo. Esses gastos, no entanto, não são vinculados, ou seja, o governo é livre para decidir a quantidade de recursos destinados à atividade esportiva. De acordo com os dados apresentados no artigo, apenas 10% da receita prevista anualmente pelo governo é de gastos não vinculados. Os outros 90% devem ser distribuídos, por previsão constitucional, para os estados e municípios e para áreas como saúde, educação, seguridade social, etc. 
	Dos 10% restantes, o governo forma a previsão de gastos para o setor esportivo a cada ano. No entanto, as mudanças na economia acabam alterando os gastos do setor esportivo. Como o governo não possui grande margem de escolha, os recursos devem ser realocados, e a área dos esportes acaba perdendo recursos. Os dados apresentados no trabalho de Veronez mostram que, em um período de mais de uma década, o governo nunca gastou o previsto na área esportiva. 
	As fontes dos recursos destinados ao esporte não são bem especificadas. Não existe um imposto destinado ao incentivo da atividade esportiva, e as isenções de impostos, que seriam outra opção de incentivar o setor, acabariam reduzindo a receita do governo sem uma garantia adequada de que as isenções acarretariam na aplicação de recursos adequados para o esporte. 
	No entanto, algumas leis determinam fontes de recursos que devem obrigatoriamente ser aplicados ao esporte. A Lei Pelé define que os recursos para o setor esportivo devem vir de onze fontes, dentre elas, os municípios, os estados e a União, os fundos desportivos, as fontes oriundas de concursos e prognósticos, as doações, patrocínios e legados, os incentivos fiscais que são previstos em lei, os prêmios de concursos esportivos de loterias que não foram resgatados pelos ganhadores, entre outros. 
	Mesmo assim, os dados mostram que se todos esses recursos fossem utilizados pelos governos como previsto na Constituição e nas leis, o investimento no setor esportivo seria muito maior. O autor destaca que, embora os institutos de pesquisa não tenham pesquisado suficientemente sobre o tema, as instituições desportivas e os movimentos sociais da sociedade civil se manifestaram, pressionando o governo por maior transparência e rigor nos gastos voltados ao esporte. 
	No fim o artigo, o autor faz uma crítica ao modo como o governo resolveu o problema. Atendendo à pressão da sociedade civil, acabou destinando os recursos para sociedades desportivas que já tinham grandes recursos, e para outras instituições de grande porte. Deste modo, os recursos foram gastos para aumentar o apoio das elites em relação ao governo, para aumentar a influência de políticos sobre comunidades (através, por exemplo, da construção de ginásios com nomes de políticos), e para promover a ideia de que o governo está ajudando os mais pobres. 
	O autor também critica que o governo investiu em atletas famosos dizendo que eles serviriam de “exemplo” para a juventude pobre. Esse discurso assistencialista, junto a um aumento de gastos do governo onde o setor esportivo já tinha recursos, faz com que os investimentos continuem ineficientes na área. 
	O artigo traz questões relevantes sobre a forma como o orçamento do Governo Federal é desenhada e sobre como os investimentos no setor esportivo são historicamente negligenciados por todas as gestões. No entanto, o autor deixa de apresentar argumentos para opiniões que parecem ser puramente políticas, o que torna a conclusão da pesquisa menos confiável do ponto de vista científico. Cabe aos profissionais da educação física e do setor esportivo em geral voltar as atenções para esse tema e fiscalizar o governo em relação a esses gastos, dada a evidente relevância social de se investir nos esportes.

Outros materiais