Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 1 CÁLCULO TRABALHISTA Prof. Marcos Antonio Carneiro 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, trataremos dos conceitos pertinentes à composição de uma auditoria, em especial a auditoria de recursos humanos, bem como as definições de auditoria interna e auditoria externa. Dentre os conteúdos apresentados, entenderemos também o perfil e as características de cada processo. CONTEXTUALIZANDO A busca pela eficiência produtiva, assim como o avanço tecnológico, tem contribuido para que as empresas estejam verifiquem constantemente os seus processos e controles internos. Nesse contexto, a auditoria vem ganhando corpo dentro das organizações. Para atender essa demanda globalizada, irreversível, é necessário um acompanhamento eficaz das mudanças em ambientes empresariais, competitividade dos negócios, fatos estes que demandam maior controle e planejamento das atividades organizacionais. Nesse contexto, é imprescindível a implementação de ferramentas de apoio, como as auditorias, e principalmente sua aplicabilidade na área de recursos humanos, de forma a evitar autuações, multas em caso de fiscalizações, e também contingências trabalhistas e previdenciarias. TEMA 1 – ORIGEM E EVOLUÇÃO DA AUDITORIA São vários os relatos que tratam do surgimento dos serviços de auditoria. Um dos mais antigos recomenta a sua origem a 200 a.C., na República Romana, quando era realizada por magistrados romanos denominados questores. Eles eram os encarregados pelas finanças do Império, bem como por verificar se os impostos eram cobrados e recolhidos pelos governadores conquistados de acordo com as leis da época. Sabe-se que o efetivo surgimento dos serviços de auditoria como hoje conhecemos teve início na Inglaterra, nos idos do século XVIII, em decorrência da Revolução Industrial. Segundo Marques, (2010, p. 13), a auditoria surgiu da necessidade de controlar os registros contábeis, as movimentações financeiras e muitos outros fatores. A atividade de auditoria, em termos globais, de acordo com Magalhães, Lunkes e Muller (2001, p. 17) se dá pelo “aparecimento das grandes empresas, necessidade de credibilidade nos registros contábeis, tributação do imposto de 3 renda na Inglaterra, empresas formadas por capitais de muitas pessoas e grandes companhias inglesas de comercio e navegação.” Dessa forma, fica claro que o objetivo da auditoria, quando efetivamente aplicada, é o de preservar a empresa na execução de seus processos e procedimentos, prevenindo e corrigindo possíveis irregularidades que possam contrastar com normativos legais em vigência. 1.1 Histórico da auditoria no Brasil Segundo Melo (2017), a história mais antiga de auditorias vem da colonização portuguesa, com o seu objetivo de exploração, o que requeria organização econômica de forma que a produção em grande escala para exportação gerasse ganhos para a metrópole. Daí a necessidade de controle rígido nas finanças por profissionais com conhecimento técnico. Historicamente, sabe-se que a primeira empresa de Auditoria Independente a se estabelecer no Brasil foi a Deloitte Touche Tohmatsu, com o primeiro escritório instalado na cidade do Rio de Janeiro, em 1911, e o segundo na cidade de Recife, em 1917. Para Gonçalves, Marin e Silva (2015), as datas acima coincidiram com um período em que o Brasil não esboçava nenhuma preocupação com o assunto. Prova disso é que uns dos primeiros artigos sobre o tema foi publicado somente em 1928, pela antiga Revista Paulista de Contabilidade, com o título “Contabilidade na Grã-Bretanha”. O primeiro livro demorou ainda mais para ser publicado – somente em 1957, com o título Curso de Auditoria. Vale ressaltar que a auditoria no Brasil é regulamentada pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que determina que o exercício da auditoria independente seja privativo, de bacharéis em contabilidade com registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC). TEMA 2 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DE PADRÕES DE AUDITORIA Para Melo (2017), a auditoria vem contribuindo consideravelmente para as organizações, pois oferece maior credibilidade nas demonstrações contábeis, eficácia dos controles, além de integridade e confiabilidade nos sistemas estabelecidos. Pode ser definida como uma tecnologia contábil aplicada ao exame de registros, demonstrações ou outros informes ou elementos, ou ainda um exame 4 sistemático e cauteloso das operações de um determinado setor ou empresa, cujo objetivo é verificar se eles estão pautados em procedimentos ou rotinas previamente estabelecidos, de forma a atestar a eficácia e a conformidade dos demonstrativos contábeis. Ainda, a auditoria como um todo visa gerar recomendações e comentários, proporcionando a gestores, conselheiros e acionistas parâmetros para a tomada de decisões estratégicas, auxiliando assim com assertividade e, por conseguinte, com o melhor rumo da organização. 2.1 Objetivos de uma auditoria Segundo Gonçalves, Marin e Silva (2015), inicialmente pode-se afirmar que o objetivo de uma auditoria consiste em avaliar procedimentos internos da empresa, registros e riscos de possíveis distorções contábeis e materialmente relevantes, de forma a introduzir medidas para a correção de diferenças entre resultados previstos e encontrados. Enfim, tem por finalidade a melhoria contínua nos procedimentos, evitando assim (ou minorando) o risco de ocorrência de erros. Por consequência, previne a empresa contra possíveis prejuízos, multas ou autuações por procedimentos que não estejam em conformidade com os dispositivos legais vigentes. Conforme Gonçalves, Marin e Silva (2015, p. 15), são objetivos dos serviços de auditoria, dentre outros: estabelecer base para guiar e medir a atuação da auditoria e seu aperfeiçoamento; fornecer suporte para padrões mais específicos de auditoria; proporcionar um entendimento do papel e responsabilidade dos auditores, aos gerentes, clientes, etc., para que estes possam auxiliar aqueles; dar mais clareza aos dizeres “de acordo com os padrões de auditoria geralmente aceitos”, documentando procedimentos dos auditores, da auditoria e dos relatórios; definir um escopo mais amplo de auditoria. 2.2 Auditoria Externa Caracteriza-se pelo fato de os responsáveis não fazerem parte do quadro de funcionários da empresa. Logo, é feita por profissionais independentes e tem sua intervenção ajustada em contrato de serviços. Para Busse e Manzoki (2014), a auditoria externa tem como função a análise de um determinado conjunto de procedimentos e normas técnicas para emissão de pareceres sobre a sua adequação à posição patrimonial e financeira, 5 ao resultado das operações, às mutações do patrimônio líquido e às origens e aplicações de recursos da empresa auditada. Quanto à auditoria externa, Lima (2012, p. 12) descreve que está focada “nos mais diversos setores e atividades, em que o objetivo é a opinião técnica de um profissional apto a opinar sobre o tema em questão, sem vínculo empregatício com a empresa auditada.” 2.3 Auditoria Interna De acordo com as normas brasileiras de contabilidade de auditoria interna NBC TI 01 e NBC PI 01 (CFC, 2012, p. 5): A auditoria interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informação e de controles internos integrados ao ambiente e de gerenciamentode riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos. Na auditoria interna, o auditor é um empregado pertencente ao quadro de pessoal da empresa, e como tal não pode estar subordinado àquele cujo trabalho examina. Ainda, o auditor interno não deve desenvolver atividades que venha um dia a examinar. Para Busse e Manzoki (2014), o propósito da auditoria interna deve preponderar sobre a melhoria dos procedimentos, dos processos e do desempenho. Sua atuação, portando, visa fornecer auxílio operacional aos colaboradores e principalmente aos gestores, de maneira a orientá-los na ampliação dos resultados gerais. A implantação da auditoria interna, dentro da empresa, visa à minimização e eliminação de erros nos processos e nas áreas auditadas, além da vantagem de se ter um departamento que exerce controle contínuo, prévio, concomitante e participativo em todos os atos da administração (Franco; Marra, 2001). TEMA 3 – AUDITORIA DE RECURSOS HUMANOS Segundo Busse e Manzoki (2014, p. 82), “a finalidade principal da auditoria de recursos humanos é averiguar irregularidades para fazer as orientações preventivas e corretivas, evitando não apenas resultados desagradáveis quando houver a presença dos agentes fiscais do trabalho, mas também pagamentos incorretos ou indevidos.” 6 A auditoria de recursos humanos, dentre os processos administrativos de uma empresa representa a função de controle, porque é o meio pelo qual seus administradores verificam se os objetivos traçados para a área de Recursos Humanos estão de acordo com o planejamento estratégico, e se não há distorções. A área de pessoal, comumente assim chamada, é o setor mais visado pelas auditorias, pois é quem operacionaliza todas as informações oriundas das obrigações acessórias, tais como: admissões, controle de jornada, benefícios, folha de pagamento, rescisões de contrato, recolhimento de encargos, entre outros. 3.1 Características do auditor de RH Segundo Busse e Manzoki (2014), o auditor interno de RH, como qualquer outro profissional da área de auditoria, além de conhecimento técnico, também deve observar e seguir o que reza o código de ética do auditor. Tal requisito é importante, uma vez que sua atuação será em atividades e áreas que impactam diretamente na vida dos colaboradores de uma empresa. Importante ressaltar que o auditor de RH deve ter qualificação própria, uma vez que os usuários de seus relatórios deverão confiar na integridade de seus conteúdos. Sua qualificação resulta de uma educação formal que contempla treinamento, orientação, experiência, reciclagem de estudo e trabalho. São elementos essenciais na qualificação dos auditores de RH: conhecimento, habilidade, atitude, aptidões, independência, entre outros. Uma empresa ou uma auditoria em grupo deve exigir alta qualificação de todos os auditores envolvidos. Quanto à ética profissional, o quadro a seguir apresenta características essenciais que constam no Código de Ética do Profissional. Quadro 1 – Características do Código de Ética Profissional Características Descrição Sigilo e Discrição São condições essenciais ao auditor de RH, uma vez que este tem acesso irrestrito a informações e documentações, as quais não poderão ser reveladas, sob pena legal, civil ou trabalhista, salvo se houver alguma determinação legal ou expressa da administração. Objetividade Avaliação equilibrada da relevância dos dados; postura de imparcialidade e independência, não deixando interesses pessoais ou de terceiros 7 interferirem na análise; é o que dará consistência ao relatório e às sugestões do auditor. Cautela e Zelo Profissional Traduzem por uma postura de ponderação e equilíbrio, visto terem plena consciência do impacto de suas conclusões tanto para as pessoas quanto para a organização. Comportamento Ético Refletido na integridade, na honestidade e no senso moral, sem arrogância ou prepotência, mantém uma atitude de respeito pelo auditado. Soberania Autonomia e respeito conquistado por sua autoridade moral; precisa existir respaldo por parte da organização, o que deverá ser evidenciado na política do profissional e representado no seu posicionamento na organização. Imparcialidade e Independência O profissional deve respeitar seu vínculo empregatício, mas que deve obediência às normas técnicas e aos padrões de auditoria. Conhecimento Técnico Para garantir sua competência profissional, o auditor deve estar atualizado no conhecimento específico de sua especialidade e daqueles inter-relacionados, possuindo assim uma visão sistêmica dos processos. Fonte: Elaborado com base em Busse; Manzoki, 2014, p. 88-89. Portanto, se o auditor de RH observa rigorosamente o Código de Ética, recebe, das pessoas envolvidas no processo, respeito, confiança e valorização, estabelecendo uma parceria entre auditor-auditado, o que torna o ambiente interno da empresa mais agradável, uma vez que impacta diretamente na vida pessoal e profissional de seus colaboradores. TEMA 4 – PERFIL E CARACTERÍSTICAS DA AUDITORIA DE RH A auditoria de recursos humanos também se caracteriza como uma assessoria, portanto deve funcionar como staff e reportar-se somente à alta direção da empresa. Essa prática é muito comum e países como os Estados Unidos. Portanto, quando a auditoria de recursos humanos está diretamente subordinada à alta direção, ela deve trabalhar de forma coordenada e periódica para que os trabalhos não sejam vistos de forma preconceituosa, ou até mesmo entendidos como um instrumento de controle e de punição pontual. 4.1 Diagnóstico para uma administração de RH eficiente O diagnóstico em qualquer área é indispensável para qualquer auditoria, especificamente em RH, pois aqui se trata de investigar aspectos funcionais e situações organizacionais na administração no que tange aos recursos humanos. 8 Quanto à gestão de pessoas, Busse e Manzoki (2014, p. 114) descrevem: A avaliação da gestão de pessoas deve ser objetiva e funcionar como uma espécie de diagnóstico completo. Sua finalidade é preventiva e profilática, e deve: encorajar os gerentes de linha a examinarem todo o sistema de RH; promover a ideia de que todos os gerentes são gestores de pessoas; colocar a área de RH em perspectiva como fornecedora de serviços, consultoria interna e parceira do negócio; programar oportunidades para examinar o valor das práticas de RH vigentes; proporcionar estímulos para mudança; proporcionar suporte para os esforços de qualidade total na organização; avaliar a contribuição das práticas de RH para a base da organização. Tradicionalmente, o diagnóstico realizado pela auditoria de RH está focado na conjuntura, nas políticas e rotinas de pessoal, nas atividades básicas e em ferramentas de trabalho, sendo fundamentado principalmente em dados históricos. Isso se dá porque as ações do presente são influenciadas pelo entendimento do passado. Logo, o auditor de Rh tem como objetivo a investigação de fatos passados, para em seguida fundamentar sua origem, causa e efeito, e somente após esse levantamento elaborar um cenário atual da situação. Em tese, o diagnóstico consiste em um método de identificação e análise das causas da patologia, para depois seguir-se à elaboração de um projeto de reorganização da área. O levantamento caracteriza-se por verificação de normativos, política da empresa, entrevistas, questionários, observação e análise de registro de dados quantitativos. Em resumo, destacamos alguns tópicos que devem ser observados peloauditor de RH para um melhor diagnóstico: Regulamento Interno Plano de Carreira ou Cargos e Salários Descrição de cargos Programa de Participação nos Resultados Manual de Integração Código de Ética e/ou Conduta Programa de Avaliação Desempenho ou Competências Certificação ISO Riscos de Passivo Trabalhista 9 Relações Trabalhistas e Sindicais Ouvidoria Interna A análise dos itens mencionados fornece um diagnóstico completo do sistema organizacional da empresa, e com isso é possível a solução de problemas como rotatividade, comunicação, conflitos internos e externos, desmotivação, contendas judiciais, além de outros fatores que diminuem a produtividade da organização como um todo. 4.2 Definição de prognóstico para a área de RH A palavra prognóstico é derivada do antigo grego e significa “saber antecipadamente”. Portanto, podemos dizer que prognóstico é todo resultado que é tido como uma hipótese ou probabilidade, ou seja, algo que pode acontecer devido a circunstâncias observadas no presente. Por isso, a produção de provas ou o prognóstico é a tarefa mais ingrata realizada pelo auditor de RH, pois tem como finalidade desvendar possíveis situações futuras decorrentes de mudanças globalizadas, e ainda determinar fatores internos ligados a aspectos de pessoal, política organizacional, desempenho do corpo de gestores, aspectos psicossociais, mercado de trabalho e movimentos sindicais e governamentais. Enfim, trata-se de analisar tendências de mercado e melhorias tecnológicas que possam impactar nas metas da organização. TEMA 5 – INICIANDO UMA AUDITORIA Segundo Busse e Manzoki (2014, p. 110), “definir a abordagem que se deve utilizar na avaliação da administração de recursos humanos é um dos pontos determinantes do processo de auditoria”. Nesse sentido, é indispensável que antes do início de uma auditoria de RH o auditor realize entrevistas com os colaboradores da área envolvida nas rotinas a serem examinadas. Dessa forma, é possível entender o clima da empresa e afastar estereótipos em relação ao auditor. O auditor de Rh deve ser imparcial, ou seja, deve ver os processos/procedimentos como eles são, sem o pré-julgamento de que “tudo está errado” ou de que “existem más intenções”. 5.1 Principais fontes de informações para a auditoria de RH 10 Em geral, a auditoria de RH utiliza dos seguintes processos para análise e início dos trabalhos: Tipos de trabalhadores: aprendizes (cota de aprendizes); autônomos; avulso; celetista; cooperado; deficiente/reabilitado; diretor de companhia; doméstico; estagiário; eventual; preso; rural; safrista; servidor público; temporário; terceiro; voluntário. Contrato de trabalho: contrato por prazo indeterminado; contrato por prazo determinado; contrato de experiência; rescisão antecipada; conversão do contrato de experiência em contrato por prazo indeterminado; contrato regido pela Lei n. 9601/98; contrato por obra certa; contrato de safra. Processo de admissão: documentos necessários para a contratação; documentos preenchidos na contratação (carteira de trabalho e previdência social – CTPS, prazo para anotação na CTPS, valor das anotações); registro de empregados (registro informatizado); proibições; contrato de trabalho; processo de cadastramento no PIS/PASEP (CNIS); declaração de encargos de família para fins de imposto de renda; termo de responsabilidade – salário família; ficha de salário família; vale transporte. Jornada de trabalho: ponto eletrônico; empregados desobrigados da marcação; trabalho externo; quadro de horário de trabalho; anotações de descansos; períodos de descanso; prorrogação de horas; acordo de compensação de horas; escala de revezamento; descanso semanal remunerado – DSR; jornada de trabalho – mensalistas; jornada de trabalho – horistas. Folha de pagamento: vencimentos (proventos ou créditos); descontos; pagamento aos empregados; cálculo dos proventos, vencimentos ou créditos (salário, salário-família, horas extras, reflexos e descanso semanal remunerado – DSR sobre horas extras, remuneração variável/comissões, abonos, gratificações, prêmios ou comissões, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade, adicional noturno, afastamentos); cálculo de descontos (INSS, imposto de renda, desconto para sindicatos, faltas e atrasos, atestados médicos, desconto do descanso semanal remunerado – DSR, vale transporte, pensão alimentícia, adiantamento salarial, seguro de vida, vale refeição, vale alimentação/refeição ou cesta básica); recibos de 11 pagamento/envelopes de pagamento/holerites (modalidade de cálculo de folha de pagamento). Obrigações mensais: contribuições pagas ao INSS (contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso; contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo; contribuição da empresa; contribuição adicional no caso de aposentadorias especiais; grau de incidência de incapacidade laborativa e fator acidentário previdenciário; contribuições do empregador doméstico; outras contribuições); contribuições de terceiros; como se calcula o valor do INSS (base de contribuição previdenciária patronal pela receita bruta – programa de desoneração da folha de pagamento); imposto de renda retido na fonte – IRRF; fundo de garantia do tempo de serviço – FGTS (depósitos rescisórios, possibilidades de saque do FGTS); encargos – multas e juros por atrasos no recolhimento; cadastro geral de empregados e desempregados – Caged (como informa o Caged); obrigações mensais das microempresas e empresas de pequeno porte. Gratificação de Natal – 13º salário: pagamento por ocasião das férias; calculo da 1ª parcela do 13º salário; cálculo da 2ª parcela do 13º salário; salário variável/diferença/ajustes; empregados admitidos no curso do ano; faltas/apuração; auxílio-doença previdenciário; auxílio-doença acidentário; serviço militar; incidências de encargos sociais no 13º salário; multa. Férias: concessão de férias; perda de direito das férias; auxílio-doença e licença-maternidade; remuneração de férias; adicional de 1/3 nas férias; abono pecuniário de férias; férias pagas na rescisão de contrato de trabalho; férias coletivas; pagamento da 1ª parcela do 13º salário por ocasião das férias; encargos sociais. Segurança e Medicina do Trabalho: normas regulamentadoras (listas das normas regulamentadoras); serviço especializado em engenharia de segurança e medicina do trabalho – SESMT (dimensionamento do SESMT, grau de risco – mesma nomenclatura provoca riscos); equipamento de proteção coletiva – EPC e equipamento de proteção individual – EPI; comissão interna de prevenção de acidentes – Cipa; programa de prevenção de riscos ambientais – PPRA; programa de controle médico de saúde ocupacional – PCMSO; perfil profissiográfico previdenciário. 12 Rotinas de desligamento: procedimentos importantes no desligamento; preenchimento do termo de rescisão do contrato de trabalho – TRCT; homologação da TRCT (órgãos competentes, das partes, documentos necessários, prazos para pagamento, seguro-desemprego, seguro- desemprego do trabalhador doméstico). Obrigações anuais: mudanças de legislação; declaração de informações de rendimentos na fonte – DIRF (transmissão e prazo de entrega, penalidades, declaração retificadora); relação anual de informações sociais – RAIS (forma, local e prazo de entrega, RAIS negativa, multa); comprovante de rendimentos pagos e de retenção de imposto de renda na fonte (informe de rendimentos); livro de inspeção e fiscalização do trabalho.O controle e acompanhamento dos processos/procedimentos de recursos humanos demanda atualização constante de seus envolvidos, isso devido às obrigações impostas pela legislação trabalhista, que uma vez não cumpridas e observadas, implicam em fiscalizações, multas e ainda processos judiciais danosos ao patrimônio da empresa 5.1.1 Estudo de caso A empresa SECC, instituição sem fins lucrativos, do ramo de saúde, lazer e turismo, solicitou auditoria em seus processos de recursos humanos. O relatório final apresentou inconformidades nos processos de admissão, jornada de trabalho e segurança e medicina do trabalho. O relatório foi enviado à direção de recursos humanos para que justificasse e apresentasse providências para solução das inconformidades. Apresentamos nossos comentários e recomendações por ocasião das análises realizadas na Área de Recursos Humanos da SECC. As recomendações apresentadas são partes integrantes do relatório e têm por finalidade contribuir para o aperfeiçoamento dos controles internos, propiciando à empresa maior segurança nos seus processos e atividades, com embasamento nos dispositivos legais vigentes, normativos internos e nas boas práticas de gestão. Para esta análise, foram considerados na maioria das amostras o exercício de 2016. Ao conferirmos os cálculos de verbas da folha de pagamento de agosto de 2016, constatamos que alguns funcionários com o cargo de professores não estão recebendo o valor correto do Adicional de Hora Atividade (8% sobre o salário) conforme previsto no Acordo Coletivo. 13 A título de exemplo, trazemos o quadro abaixo. Quadro 2 – Hora atividade Valor do Adicional Hora Atividade R$ Matrícula Colaborador Salário Folha de Pagamento (7%) Acordo Coletivo 2013-2015 (8%) Divergência Lotação 00001 Nilceia Maravilha 2.163,00 151,41 173,04 - 21,63 Educação Continuada 00005 EulanaBelavista 1.892,00 132,44 151,36 - 18,92 Educação Continuada 00008 Veruska Verão 1.892,00 132,44 151,36 - 18,92 Educação Continuada De acordo com a Cláusula Vigésima Terceira – Adicional de Hora Atividade, fica estabelecido que o adicional de que trata a cláusula beneficia os professores abrangidos, e será pago em rubrica específica, que constará dos demonstrativos mensais de salários. Diante do exposto, recomendamos que as diferenças apuradas sejam regularizadas, com o objetivo de atender ao que estabelece o Acordo Coletivo de Trabalho, evitando questionamentos de órgãos externos. Identificamos também problemas nos descontos nas folhas de pagamento referentes aos vales-transportes fornecidos para o servidor a seguir. Quadro 3 – Vale-transporte Mat Nome Mês/Ano Salário do Mês Desconto que deveria ser feito cfe. Manual do Colaborador Desconto realizado Diferença 00016 Hortelino Marmota 11/2016 1.522,00 72,60 0,00 -72,60 00016 Hortelino Marmota 12/2016 1.522,00 91,32 66,00 -25,32 Lembrando que, no mês 11/2016, o referido funcionário estava afastado, e retornou a suas atividades em 18/11/2016, totalizando 22 vales. Já em 12/2016, o funcionário gozou férias coletivas, a partir 28/12/2016. Assim, os vales para o mês de referência totalizaram 42 vales-transportes. 14 Recomendamos avaliar os casos citados e possíveis outros, observando se os descontos dos vales foram realizados corretamente, conforme art. 4º da Lei n. 7.418 /1985, e assim efetuar os descontos necessários para a regularização das diferenças identificadas. Constatamos também diferença de cobrança da coparticipação do plano de saúde se comparados à Folha de Pagamentos e ao Demonstrativo de Faturamento. Quadro 4 – Plano de saúde Mat Nome Mês/Ano Folha de Pag. Demonst. De Fat. Unimed Diferença 00016 Hortelino Marmota 08/2016 36,76 31,97 4,79 Recomendamos avaliar o caso citado e possíveis outros, observando se os descontos da coparticipação do Planos de Saúde foram realizados corretamente, para assim efetuar as regularizações das diferenças identificadas. Realizamos o cálculo do pagamento do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço – FGTS, no entanto identificamos divergências em dezembro de 2016. Quadro 5 – FGTS Cálculo FGTS (R$) Competência Folha de Pagamento Auditoria Interna Divergência dez/15 610.050,56 610.053,75 - 3,19 Apesar de a divergência ser considerada irrelevante, recomendamos ao DRH verificar qual o motivo da diferença constatada, já que ele tem o objetivo de proteger o trabalhador demitido sem justa causa, mediante conta vinculada ao contrato de trabalho. Como se pode observar, o documento é objetivo e descreve claramente os fatos, enquadrando-os respectivamente em sua devida fundamentação legal. Também apresenta recomendações indispensáveis para a regularização das inconformidades. Pensando na gestão de recursos humanos, o que você, leitor, acrescentaria como recomendação e solução para as inconformidades? FINALIZANDO 15 Nesta aula, conhecemos a origem, evolução, características e objetivos de uma auditoria. Tratamos também da necessidade de acompanhamento das atividades de recursos humanos. Vimos o quão é importante a auditoria, seja interna ou externa, na prevenção ou minoração de riscos, além das ocorrências de erros que possam acarretar em prejuízos, multas ou autuações por inconformidades aos normativos legais vigentes. Ainda pontuamos os principais pontos de auditoria que devem ser analisados. Afinal, se a empresa assim não proceder, ficará exposta a possíveis contenciosos trabalhistas. LEITURA OBRIGATÓRIA Texto de abordagem teórica BUSSE, A. M. F.; MANZOKI, S. L. Auditoria de Recursos Humanos. Curitiba: InterSaberes, 2014. p. 63, 64, 65. MELO, M. M. de. Auditoria contábil: de acordo com as normas brasileiras de contabilidade emitidas até 2011, em consonância com as Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pela Federação Internacional de Contabilidade. Rio de Janeiro: Maria Augusta Delgado, 2015. Texto de abordagem prática ASSIS, D. da C. Auditoria trabalhista: um enfoque nesta ferramenta contábil visando auxiliar as empresas do ramo de comunicação estabelecidas na cidade de Barreiras – BA, a se resguardarem de um eventual futuro passivo trabalhista. Revista Científica Semana Acadêmica, Fortaleza, n. 48, dez. 2013. Disponível em: <https://semanaacademica.org.br/artigo/auditoria-trabalhista-um-enfoque- nesta-ferramenta-contabil-visando-auxiliar-empresas-do-ramo>. Acesso em: 2 jul. 2018. OLIVEIRA, A. P. de. A importância da auditoria em Recursos Humanos. Para prevenção dos passivos trabalhistas no setor de RH das empresas. Revista Científica Semana Acadêmica, Fortaleza, n. 18, jul. 2013. Disponível em: <https://semanaacademica.org.br/artigo/importancia-da-auditoria-em-recursos- humanos-para-prevencao-dos-passivos-trabalhistas-no>. Acesso em: 2 jul. 2018. 16 REFERÊNCIAS ALCÂNTARA, S. A. Legislação trabalhista e rotinas trabalhistas. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2016. ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BUSSE, A. M. F.; MANZOKI, S. L. Auditoria de Recursos Humanos. Curitiba: InterSaberes, 2014. CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Normas brasileiras de contabilidade: auditoria interna – NBC TI 01 e NBC PI 01. Brasília, 2012. FRANCO, H.; MARRA, E. Auditoria contábil: normas de auditoria, procedimentos e papéis de trabalho, programas de auditoria e relatórios de auditoria. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001. GONÇALVES,N. O.; MARIN, J. H., SILVA, L. S. D. da. Auditoria trabalhista: com ênfase no eSocial. São Paulo: IOB, 2015. JUND, S. Auditoria: conceito, normas, técnicas e procedimentos: teoria e 950 questões. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. MAGALHÃES, A. de D. F.; LUNKES, I. C.; MULLER, A. N. Auditoria das organizações: metodologias alternativas ao planejamento e a operacionalização dos métodos e das técnicas. São Paulo: Atlas, 2001. MARQUES, W. L. Auditoria contábil e financeira: a ferramenta de sucesso para o gerenciamento. S.l.: s.n., 2010. MELO, M. M. de. Auditoria contábil: atualizada pelas normas internacionais de auditoria emitida pela IFAC com adoção no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Maria Augusta Delgado, 2017. SÁ, A. L. de. Curso de auditoria. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Compartilhar