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a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts 205 e 206” (art. 189 do CC). A pretensão nasce com a violação do direito e é deduzida em juízo através da ação, porém é a pretensão que prescreve. São requisitos da prescrição: A inércia do titular e o decurso do tempo. “A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão” (art. 190 do CC). Exceção, neste caso, é o direito de o réu invocar a sua pretensão na forma de defesa. Exemplo: Uma pessoa que deixou um crédito prescrever não pode alegar em sua defesa o crédito para que haja compensação de dívidas. • Decadência: É a perda de um direito potestativo (poder de influir, unilateralmente, na esfera de interesses do outrem. Exemplo: Anulação de um negócio jurídico) em decorrência da inércia do seu titular no prazo estabelecido pela lei. • Perempção: É a perda do direito de ação pelo autor contumaz, por ter dado causa a três extinções do processo, sem julgamento do mérito. “Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no n. III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito” (art. 268, parágrafo único do CPC). Na perempção perde-se o direito de ação, ou seja, não pode mais ser exercido nem mesmo por reconvenção. Entretanto, o direito material ainda pode ser alegado em matéria de defesa. • Preclusão: É a perda de uma faculdade processual por não ter sido exercida num momento próprio. 3. Prescrição e decadência: Embora ambas sejam conseqüências da inércia do titular somada ao decurso do tempo, possuem regimes jurídicos diferentes. • Identificação dos prazos: • Antes do Código Civil de 2002: Levava-se em conta o tipo de sentença a ser proferida diante de uma pretensão para saber se o prazo era prescricional ou decadencial. • Para pretensões cuja sentença fosse condenatória: O prazo era prescricional. • Para pretensões cuja sentença fosse constitutiva (positiva ou negativa), com prazo estabelecido em lei: O prazo era decadencial. • Para pretensões cuja sentença fosse constitutiva, sem prazo estabelecido em lei: Imprescritíveis. • Para pretensões cuja sentença fosse meramente declaratória: Imprescritíveis. • Com o advento do Código Civil 2002: Ficou estabelecido que são prescricionais os prazos dos artigos 205 e 206 (rol taxativo) e decadenciais os que não estiverem nestes artigos. Portanto, podemos encontrar prazos decadenciais na parte geral, logo após a disciplina de certo assunto, e na parte especial. • Quanto a alteração dos prazos: • Prescrição: Os prazos prescricionais decorrem exclusivamente da lei, assim as partes não podem aumentar, diminuir e nem transigir a respeito dela. - “Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes” (art. 192 do CC). • Decadência: Os prazos decadenciais podem ser legal (resultar da lei) ou convencional (resultar de contrato ou testamento). • Quanto a possibilidade de reconhecimento de ofício pelo juiz: • Prescrição: “O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição” (art. 219, §5º do CPC). Antes da Lei 11280/06 o juiz não podia reconhecer a prescrição de ofício, salvo com relação à direitos não patrimoniais e a prescrição em favor de absolutamente incapazes. “A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita” (art. 193 do CC). Assim, podemos dizer que a prescrição não esta sujeita a preclusão. Os Tribunais superiores incluíram nos regimentos internos a necessidade de prequestionamento da matéria, assim para que a prescrição possa ser alegada em sede de recurso especial e recurso extraordinário é necessário que tenha ocorrido prequestionamento da matéria nas instâncias inferiores. A prescrição não pode ser alegada depois do trânsito em julgado da decisão. • Decadência: O juiz pode conhecer de ofício a decadência legal - “Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei” (art. 210 do CC). A decadência convencional precisa ser alegada pela parte e esta pode fazê-la em qualquer grau de jurisdição. - “Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação” (art. 211 do CC). • Quanto a possibilidade de renúncia: • Decadência: Não pode haver renúncia da decadência. - “É nula a renúncia à decadência fixada em lei” (art. 209 do CC). • Prescrição: Pode haver renúncia da prescrição. A renúncia da prescrição só vale quando feita após sua consumação e sem prejuízo a terceiros, que em regra são outros credores. Assim, não se admite a renúncia prévia da prescrição. “A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição” (art. 191 do CC). • Quanto aos benefícios: • Prescrição: • “Também não corre a prescrição: I – contra os incapazes de que trata o art. 3º” (art. 198, I do CC). Não corre prescrição contra os absolutamente incapazes, mas a favor corre. • “Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente” (art. 195 do CC). O artigo não faz menção aos absolutamente incapazes, pois não há tal necessidade, visto que contra eles não corre a prescrição. • Decadência: “Aplica-se à decadência o disposto nos arts 195 e 198, inciso I” (art. 208 do CC). Assim, o novo Código Civil estendeu alguns benefícios à decadência. 4. Suspensão e interrupção da prescrição: É relevante mencionar que os prazos decadenciais não se sujeitam a suspensão ou interrupção,