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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA DANILO LEPRE JOSÉ EDUARDO PINHEIRO MACHADO CONSIDERAÇÕES SOBRE A ABORDAGEM PEDAGÓGICA SAÚDE RENOVADA MATINHOS 2019 DANILO LEPRE JOSÉ EDUARDO PINHEIRO MACHADO CONSIDERAÇÕES SOBRE A ABORDAGEM PEDAGÓGICA SAÚDE RENOVADA Pesquisa apresentada como requisito parcial para obter aprovação na matéria Introdução aos estudos em Educação Física, do curso Licenciatura em Educação Física. Professor: Dr. Vilson Aparecido da Mata MATINHOS 2019 INTRODUÇÃO O presente trabalho vem expor as observações dos alunos José Eduardo Pinheiro Machado e Danilo Lepre Alves, sobre a abordagem em Educação Física conhecida como Saúde Renovada, no âmbito escolar. Tal motivação se deu pois acreditamos que o referido tema é de grande importância, tendo em vista que nos dias atuais a saúde tem sido deixada de lado, tendo em vista as novas rotinas, reflexos de novos hábitos de um cotidiano contemporâneo de constante vicissitude. É interessante essa abordagem para a Educação Física escolar, pois promove a ideia de se levar hábitos e práticas saudáveis ao longo da vida do aluno. Bem como trata o temo de forma mais biológica, apoiado em estudos realizadas ao longo do tempo. Não se pode deixar de lado, também, o lucro promovido a sociedade, que terá os conhecimentos necessários para uma estilo de vida mais saudável e com maior qualidade de vida, também influenciando no reconhecimento, absorção e transmissão desse aprendizado em casa e no meio social. O presente trabalho foi organizado e pensado em responder se é possível aplicar essa abordagem, quais são suas barreiras e quais suas contribuições para a prática da Educação Física no ambiente escolar. DESENVOLVIMENTO O ensino da Educação Física, no âmbito escolar vem se modificando ao longo dos anos, mas nunca deixando de sofrer influências do passado, e nem deixando de influenciar o futuro. Várias metodologias já foram aplicadas ao ensino escolar da Educação física ao longo do tempo. No começo estávamos apenas preocupados com o movimento pelo movimento, em preparar o corpo para a mão de obra, para o trabalho ou para o combate, mudamos para utilizar o corpo como uma máquina de conseguir resultados nos esportes e atualmente estamos vivendo uma ideologia dentro da Educação Física escolar que prima por não somente a prática de algum esporte e o seu rendimento, mas um local/matéria/área de conhecimento, onde o aluno possa adquirir conhecimentos sobre o seu corpo, cultura e meio em que vive através da Educação física. Dentro de várias abordagens e interpretações do tema, surge uma nova, no início dos anos 80 (MOTRIVIVÊNCIA, 2012). Essa abordagem, a da Saúde renovada, traz a consigo o seguinte princípio: de que o aluno internalize conceitos, conhecimentos e práticas saudáveis, que ele leve para toda a vida, tendo resultados positivos na sua saúde e qualidade de vida. Essa nova abordagem é apoiada muito em conhecimentos técnicos e científicos adquiridos ao longo dos anos por vários pesquisadores, entidades de pesquisa e órgãos governamentais. Com essa nova abordagem o Professor de Educação Física, na escola, trabalhará assuntos sobre qualidade de vida, práticas de atividades físicas e assuntos relacionados (teóricos) que embasam toda essa esfera de conhecimento (qualidade de vida, saúde). O professor então, levando em consideração estudo e prática aplicado em colégio de aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina, fará um levantamento dos dados sobre aluno e suas aptidões físicas e a partir desse estudo irá propor uma metodologia a ser aplicada para aquela escola (NAHAS et al., 1995). Pode o professor ou a equipe pedagógica lançar mãos de testes e questionários antes, durante e após a implantação desse novo projeto, para poder avaliá-lo e quantificá-lo, podendo até, a partir da interpretação de tais dados, modificar a metodologia aplicada às aulas. No caso do Colégio de Aplicação, vinculado à UFSC, essa pesquisa, junto com os alunos, se mostrou frutífera, onde a maioria dos alunos aprovaram a prática dessa abordagem e informaram que levariam tais mudanças dos hábitos para o restante de sua vida, segundo os próprios alunos, em pesquisa feita pela equipe pedagógica (NAHAS et al., 1995). Ainda sobre a experiência mencionada anteriormente, de acordo com os estudos feitos, no Colégio de Aplicação, vinculado à UFSC os alunos tiveram uma pequena melhora nos testes e exames físicos. Tais dados não podem ser levados como definitivos, pois a experiência foi aplicada por apenas dois anos, sendo meio ano para desenvolver a aplicação do estudo e mais um ano e meio da aplicação em sala de aula. Ainda assim, esta abordagem não leva em consideração o contexto social em que o aluno vive, e nem qual sua cultura, suas barreiras, se o aluno tem acesso à infraestrutura para se ter uma boa qualidade de vida. Um aluno que vive em uma comunidade carente, onde não há saneamento básico, serviços como coleta de lixo, postos de saúde, serviços minimamente essenciais dificilmente teriam condições de se exercitar ou ter como preocupação prioritária a melhoria de sua qualidade de vida através de exercícios físicos. Muitas das vezes e geralmente, nos dias atuais, é muito perigoso para uma pessoa sair e fazer uma simples caminhada na rua, sem temer ser vítima de algum tipo de crime, um roubo, latrocínio. Temos também as condições biológicas, a maioria das pessoas vivem em centros urbanos, onde o ar, se não é poluído, não está na sua melhor qualidade, por assim dizer. A abordagem Saúde Renovada não leva em consideração estes fatores sociais, pois delega ao aluno toda a responsabilidade de promover a sua qualidade de vida, a sua saúde. Estas dificuldades deveriam ser sanadas pelo Estado, que inclusive é o mínimo que eles poderiam oferecer, cuidando da educação, sistema de saúde, segurança e infraestrutura, ainda assim, indiretamente, promoveriam a saúde, pois não colocariam obstáculos a pessoa que quer mudar seu estilo de vida, que quer promover uma mudança em seus hábitos de vida e o levar para o restante de sua vida. Não se pode afirmar que somente o esporte promove a saúde, isso é muito superficial, pois a questão de saúde está ligado a muitos outros fatores, fatores estes inclusive, alheios a Educação Física. Nesse sentido, De maneira geral, poderíamos sintetizar que a relação entre atividade física e saúde, conforme defendida pelo campo hegemônico da EF, pode ser entendida numa relação “positiva”, ou seja, a prática de atividade física resultar em ganhos em relação à saúde, desde que as condições de vida e o contexto do indivíduo sejam “favoráveis” em relação ao acesso a uma educação digna e de qualidade, aos serviços básicos de saúde, aos bens de consumo diversos etc. Entretanto, quando o contexto de vida do indivíduo é “desfavorável”, quando não há a disponibilidade de uma alimentação adequada, uma boa moradia, vestimenta, educação que encaminhe o cidadão à alfabetização e à aquisição dos conhecimentos fundamentais/profissionalização, entre tantos outros exemplos, podemos inferir que é muito contraditório afirmar que atividade física geraria saúde (até porque, que saúde é essa?) (MOTRIVIVÊNCIA, 2012, p. 235). Outro problema que se apresenta, também, no tocante a implementação da Abordagem renovada no âmbito escolar é a falta de estudos relacionados ao tema. Numa pesquisa feita por Zancha et al. (2013), mostrou que, pelo menos, na rede municipal de educação do município de Jaguariúna no estado de São Paulo,todos os professores de Educação Física de uma determinada escola, deste município, não possuíam conhecimentos sobre a abordagem Saúde Renovada. Que muitos dos professores deste município compreendiam o termo saúde como qualidade de vida, mas essa saúde/qualidade de vida para estes professores não estava diretamente e unicamente relacionada à prática de atividades físicas. Nessa pesquisa ficou evidenciado também que os professores tentam implementar mudanças nos hábitos dos seus alunos, que eles querem e aprovam tais mudanças nos hábitos de seus alunos, porém não sabem como aplicar estas mudanças, usando o esporte como pano de fundo para tais mudanças. Os professores têm a ideia, a vontade, porém não tem a técnica necessária para tal, eles até usam alguns conceitos usados na abordagem Saúde Renovada, mas as usam isoladamente e sem saber ao certo qual seria a fundamentação e a finalidade de tal abordagem. Tal desconhecimento por falta dos professores se deve em muito, como verificado por Darido, Rodrigues e Sanches Neto (2007), pela falta de pesquisas e discussões sobre o assunto. Essa falta de pesquisa se dá no âmbito da aplicação dessa abordagem no campo escolar. Falta a metodologia, a aplicabilidade de tal metodologia, ficou claro na pesquisa feita por Darido, Rodrigues e Sanches Neto (2007) que a principal barreira para a aplicação dessa abordagem é a falta de estudos sobre essa abordagem. Quando a ideia do que viria a ser essa abordagem se iniciou, início dos anos 1980, o campo científico e o campo pedagógico não se entendiam, o campo biológico não desenvolvia sua pedagogicidade por faltas de investimentos e reconhecimento; o campo pedagógico não aceitava essa nova abordagem por não ter nenhum enfoque social, nenhuma abordagem mais humana ou social. Tais divergências nos pontos de vista vem sendo derrubadas atualmente, onde os pedagogos enxergam os conhecimentos produzidos pelos biologistas ao longo do tempo, e que estes conhecimentos podem sim ajudar em uma educação de maior qualidade e que envolvam os temas saúde e qualidade de vida. CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluímos então que a abordagem sobre Saúde Renovada traz, a importância da saúde e bem-estar, através da informação e reconhecimento de conteúdos. Também da importância de hábitos saudáveis, para o bem-estar do indivíduo, e de alguma forma transmitir esse conhecimento para pessoas próximas, e por consequência para a sua sociedade. Os objetivos desta abordagem, vem com o intuito de mudar a visão que os alunos têm da educação física, trazendo uma alternativa para a manutenção da saúde e bem-estar, dentro da prática pedagógica escolar. Assim não sendo vista como uma matéria de lazer e prática de esportes. A abordagem de uma forma didática tenta a obtenção de hábitos saudáveis para com os alunos, sabendo os benefícios da prática física. Traz a importância de manter práticas saudáveis aliada com atividades físicas. Muitas vezes a transmissão desse conteúdo já é o bastante para o aluno passar esse conhecimento para seus familiares e amigos, informando os benefícios de uma constante manutenção da saúde e prática da educação física. E também os malefícios de não se manter práticas saudáveis. Mudando o conceito sobre a educação física, sendo pensada como saúde mais ampla, não só na saúde do indivíduo, mas influenciando a mudança de pessoas ao seu redor. A proposta traz também a promoção de uma Educação Física com reconhecimento como de grande importância para a valorização da saúde, informando e promovendo os benefícios da prática de atividades físicas, e manter uma boa saúde dentro e fora da sala de aula. A participação de todos, sem exceções em jogos, brincadeiras e entre outras atividades para o cuidado da saúde individual e do grupo. Uma crítica sobre esta abordagem seria, por exemplo: Um funcionário de um escritório, que inicia sua jornada às 7:00, com o término de sua jornada às 19:00 e ao chegar em casa se deparando com atividades domiciliares e sociais, como seria sua rotina de exercícios? Levando em conta estes obstáculos sociais e ambientais? Por fim a didática deste tema com enfoque na conscientização sobre a atividade física e bem-estar, no que lhe diz respeito, não se aplica a toda população, sendo desprovido neste ponto, de fatores sociais e ambientais individuais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DARIDO, Suraya Cristina; RODRIGUES, Ana Cristina Bonfá; SANCHES NETO, Luiz. SAÚDE, EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS NO BRASIL. In: XV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIêNCIAS DO ESPORTE | II CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIêNCIAS DO ESPORTE, 15., 2007, Pernambuco. Anais... . Pernambuco: Cbce, 2007. p. 1 - 9. MORE: Mecanismo online para referências, versão 2.0. Florianópolis: UFSC Rexlab, 2013. Disponível em: ‹ http://www.more.ufsc.br/ › . Acesso em: 19 jun. 2019 MOTRIVIVÊNCIA. Florianópolis: UFSC, n. 38, jun. 2012. NAHAS, Markus Vinicius et al. Educação para atividade física e saúde. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, [s. L.], v. 1, n. 1, p.57-65, 1995. ZANCHA, Daniel et al. Conhecimento dos professores de educação física escolar sobre a abordagem saúde renovada e a temática saúde. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 11, p.204-217, 2013.
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