Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pancreatite aguda Processo inflamatório agudo pancreático que pode envolver tecidos peripancreáticos e/ou órgãos à distância. Em casos mais graves, pode se comportar como sistêmica, gerando resposta inflamatória SIRS, com alta letalidade. Cerca de 90% dos casos cursam com áreas de pequeno edema e pouca necrose, sem complicações sistêmicas. Geralmente é autolimitado e se resolve em 3 a 7 dias: é a pancreatite aguda edematosa. 10% cursa com necrose e quadro sistêmico grave: pancreatite aguda necrosante. Fisiopatologia O que desencadeia a pancreatite aguda é a obstrução do ducto pancreático, que ocorre na maioria das vezes pela migração dos cálculos da vesícula (vão obstruir a papila duodenal maior). A secreção pancreática fica presa e as enzimas são ativadas dentro do próprio pâncreas, gerando todo o processo inflamatório e até necrose (que pode ser infectada por translocação bacteriana). O bloqueio da secreção gera aumento de pressão, alteração dos mecanismos de proteção intrapancreática, ativa as enzimas e isso gera uma autodigestão. A inflamação gera um sequestro líquido, o que pode culminar em choque. Causa mais comum de pancreatite crônica = alcoolismo. O álcool pode gerar quadros agudos de pancreatite crônica. Eventos que culminam na pancreatite aguda • Migração de cálculo (+). • Hipertrigliceridemia (> 500). • Hipercalcemia. • Áscaris. • Venenos. • Pâncreas divisum (drena para papila duodenal menor). • Trauma (CPRE). • Medicamentos. Manifestações clínicas • Dor abdominal intensa no andar superior do abdome em faixa, que vai para região dorsal. • Náusea e vômitos. • Icterícia. • Febre. • Distensão abdominal, AA inflamatório. • PA grave, hipotensão, choque. Diagnóstico Pelo menos 2 dos 3 = clínica + laboratorial + imagem. Avaliação da gravidade APACHE II (melhor, ≥ 8 indica gravidade), Critérios de Ranson, Escore de Balthzar-Ransone classificação de Atlanta. Ativação pancreática resulta em: • Injúria microvascular: vasoconstrição, estase, isquemia, aumento da permeabilidade. • Estresse oxidativo • Tempestade de citocinas: SIRS, lesão de órgãos à distância • Extravasamento enzimático para a vizinhança. Sinais ➔ Sinal de Grey-Turner = equimose em flancos. ➔ Sinal de Cullen = equimose periumbilical. ➔ Paniculite = necrose de gordura subcutânea. ➔ Sinal de Fox = equimose na base do pênis. Laboratório ➔ Amilase = 3x o LSN. OBS: pode aumentar na gravidez ectópica e na parotidite. ➔ Lipase elevada. Essas enzimas não são marcadores de gravidade. Imagem ➔ USG = bom para avaliar vesícula e dilatação de VB (se tem pedra é suspeito de pancreatite), ruim para ver pâncreas. ➔ TC = bom para ver pâncreas. Melhor exame para confirmar. Essas enzimas não são marcadores de gravidade. VALOR DE REFERÊNCIA Amilase: < 160 U/L Lipase: < 140 U/L Tratamento ➔ REPOSIÇÃO VOLÊMICA + JEJUM + ANALGESIA. o PA leve = dieta zero. o PA moderada e grave = nutrição enteral (prevenir translocação bacteriana) ou parenteral. ➔ Avaliação com TC 5 a 10 dias depois, para ver se tem necrose. ➔ ATB = só se for pancreatite com necrose infectada. Não tem indicação de profilaxia. ➔ Tratamento por CPRE = pode piorar a pancreatite. Exceção para fazer é quando persiste a obstrução sem migração do cálculo ou em pacientes com colangite: faz papilotomia por CPRE. Precisa ser em 48 a 72 horas. ➔ Indicação de cirurgia o Prevenir recorrência (Colecistectomia). o Necrose pancreática (extensa, infectada, após 2 semanas) = necrosectomia. o Evolução clínica desfavorável. o Pseudocisto persistente, uma consequência da PA (após 6 semanas de infecção): primeiro faz seguimento clínico, porque muitos regridem sozinhos. A ideia é criar, no tto cirúrgico, uma drenagem para um local mais próximo: ▪ Ultrassonografia endoscópica = coloca prótese para drenar. ▪ Anastomose com estômago, duodeno ou alça jejunal.
Compartilhar