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AULA 4 FONTES DE FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO Prof. João Antônio Salvador de Souza 02 CONVERSA INICIAL Olá! Nesta aula será identificada a estrutura principal para a captação de recursos para fins de consecução de projetos nas entidades, por meio da abertura de capital. Este tipo de procedimento visa dar continuidade ao negócio por meio da obtenção de recursos capitalizados no mercado acionário. Para a consecução dos investimentos internos, as empresas podem escolher se recorrem ao financiamento de seus títulos junto ao mercado de capitais e, assim, conseguem novos investidores para os seus negócios. Dessa forma, precisam saber primeiramente como realizar a abertura de capital, que demanda um processo burocrático. Após a Oferta Pública Inicial (IPO, ou Initial Public Offering), as ações negociadas passam a ser fontes de análise criteriosa de pessoas capacitadas disponíveis no mercado, a fim de apresentar a saúde financeira e econômica de determinada entidade e fazer com que existam negociações dos seus títulos. Afinal, um investidor não quer escolher uma ação de uma entidade com riscos e incorrer em perdas no valor das suas ações. Neste momento acontece uma intensa negociação junto ao mercado secundário. Estas negociações são realizadas na bolsa de valores, um centro de negociações que apresenta informações de forma transparente. Importante frizar que todas as informações nem sempre estarão sendo colocadas no mercado acionário. Por este motivo, existem analistas aptos para minimizar a falta de informações e realizar análises detalhadas fundamentadas na economia, no setor de atuação, nas políticas do governo, entre outras. Porém, nem sempre as empresas querem permanecer com tal prática de financiamento, fazendo com que estas prefiram em determinado momento realizar o fechamento de capital por vários motivos colocados no decorrer da aula, como o baixo valor das ações. Por último, cabe entender como é a estrutura normativa, regulatória e fiscalizadora do sistema financeiro brasileiro e como está estruturado o mercado de capitais em tal ambiente, pois é neste contexto que as empresas que negociam ações estão inseridas. CONTEXTUALIZANDO As formas de financiamentos nas entidades podem variar e dependem da política adotada para fins de execução dos seus projetos de investimento e 03 financiamentos, alinhados aos objetivos estratégicos da entidade. Este é um fator comum tanto para as pequenas empresas quanto para as maiores. Aquela empresa que resolve realizar abertura de capital irá se deparar com diversos fatores, como: burocracias para colocar ações na bolsa, custos administrativos relacionados à abertura de capital, alinhamento junto às regulamentações do sistema financeiro, entre outros. Após a escolha por tal fonte de financiamento, poderão aparecer dúvidas. Tais dúvidas serão elencadas nesta aula e irão colaborar com o estudo daqueles que visam entender melhor como acontece a negociação de ações no mercado acionário. Logo, as perguntas norteadoras serão as seguintes: por que as empresas resolvem abrir capital? Existem custos sobre a opção de abertura de capital? Como os analistas de mercado analisam a situação das entidades de capital aberto? A empresa tem a opção de fechar capital? Por que as empresas escolhem fechar o capital? O sistema financeiro influencia na negociação de títulos? Para que serve o mercado de capitais e como se estrutura? Dessa forma, o foco está nas principais informações sobre a captação de recursos financeiros junto ao mercado acionário brasileiro e as vantagens em realizar a abertura de capital. TEMA 1 – ABERTURA DE CAPITAL Durante a consecução inicial das atividades da empresa, o comum é que esta venha a ser integrada como de capital fechado. Isso se explica, uma vez que inicialmente as entidades são constituídas com capital próprio advindo dos sócios ou proprietários. Quando é capital fechado, existe uma limitação em angariar recursos externos. Para resolver tal impasse, a empresa deve abrir o seu capital para fins de emissão de ações junto ao mercado de capitais. Esse fato ocorre geralmente devido ao crescimento do negócio que eleva a projeção a fim de suportar a expansão dos negócios. A abertura de capital tem como consequência facilitar a obtenção de capital externo. O proprietário do patrimônio líquido também é beneficiado, à medida em que as ações emitidas tenham seu preço elevado de acordo com o estabelecido pelo mercado, aumentando seu capital. Porém, a empresa deve entender que a partir deste tópico terá responsabilidades não só perante os sócios, mas também junto aos investidores 04 que estarão atentos às notícias vinculadas à instituição. Portanto, haverá um custo associado à emissão de informações no mercado para que os interessados possam fazer análises dos negócios. Além do mais, os sócios podem até ter o controle da entidade, mas deverão agir com respeito aos direitos dos investidores minoritários e não atender apenas aos seus interesses particulares. Este último item pode causar o que se chama de conflito de agência. 1.1 Etapas para a abertura de capital Quando a empresa resolve, então, abrir capital, deve atender também às exigências para que esteja apta a tal procedimento. Estando apta, algumas ações devem ser tomadas para a oferta de ações. Entre elas está a escolha de um intermediário financeiro, estimar um valor para a empresa ser negociada no mercado e realizar a emissão de ações. O primeiro, escolha do intermediário financeiro, visa: A empresa não pode emitir as ações por conta própria e deverá escolher um intermediário apto para isto; São bancos de investimento; Visam atender às exigências da SEC (Securities and Exchange Commission); Auxiliam as empresas no estabelecimento do valor das ações e na quantidade a ser disponibilizada; Após a emissão, acompanham o andamento da negociação no mercado. A SEC atua regulamentando a venda de títulos novos, ou daqueles que já estão sendo negociados e fazem parte do mercado secundário. Basicamente, visa que as empresas atendam à jurisdição estabelecida por ela e colocada para execução da oferta pública; também realizam o registro dos títulos de acordo com as normas de prazo e dos formulários estabelecidos para a aprovação da emissão do título; e autenticam a veracidade das informações colocadas no registro da SEC com posterior autorização para emissão. Quanto à avaliação do custo da ação, de acordo com Brigham e Ehrhardt (2016), a empresa pode estabelecer o preço a partir da quantidade das ações que pretende vender e a quantidade de investimentos que necessita. Damodaram (2007) coloca que o banco de investimentos geralmente utiliza algumas informações presentes na empresa, como é o caso dos fluxos de caixa descontado ou através do índice preço/lucro comparando com as empresas do 05 mesmo setor de atuação que já negociam ações para estabelecer o valor da empresa. Com as informações da quantidade de ações a serem colocadas no mercado e o valor da empresa, será possível identificar o valor que a empresa espera por ação. Se a empresa resolveu que o valor da empresa é o seu patrimônio líquido, então basta aplicar a fórmula abaixo: 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠 𝑎 𝑠𝑒𝑟𝑒𝑚 𝑛𝑒𝑔𝑜𝑐𝑖𝑎𝑑𝑎𝑠 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠𝑜𝑟 Mas este valor ainda não é o que de fato será negociado, pois os bancos deinvestimento tendem a ofertar abaixo do valor uma vez que isso auxilia o banco a vender as ações com maior facilidade e com esse ato, após a emissão, quando aumentar o valor da ação, isso vai ser visto com bons olhos pelos investidores (Damodaram, 2007). Após estes procedimentos, basta que a instituição bancária lance a notícia da oferta para que os interessados possam estar prontos e aptos a realizar negociações junto ao mercado acionário na data estabelecido para a transação das ações. O caso destacado serve para empresas de capital fechado que optam por abrir capital. As empresas de capital aberto podem também emitir novas ações ou títulos para captação de novos recursos. Dentre as opções para a emissão destes novos investimentos, estão a subscrição geral e a colocação de títulos privados. O primeiro é semelhante à oferta pública inicial, mas se diferencia uma vez que podem ser mais competitivas, já que existem informações por parte dos bancos de investimento a fim de acordar um preço fixo da ação e nesse tipo de negociação são colocadas mais garantias para aqueles compradores. Já o segundo, os títulos são direcionados para a venda junto a investidores específicos garantindo menores custos de transação. Dessa forma, percebe-se que realizar abertura de capital incorpora ações relacionadas à precificação da empresa, questões jurídicas e, também, questões éticas uma vez que deve haver cuidado para que não exista lançamento de informações privilegiadas. No caso, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é quem atua no mercado acionário brasileiro para fins de regulamentações que possam vir a impedir tais atos antiéticos. 06 TEMA 2 – AVALIAÇÃO DE AÇÕES Após a emissão das ações no mercado, a empresa fica exposta à avaliação por parte do mercado a fim de identificar se as ações ali investidas estão dando retornos positivos ou o contrário. Dessa forma, para as empresas é importante entender qual o comportamento dos investidores e como os mesmos realizam as suas avaliações uma vez que isto impacta no preço de negociação no mercado acionário. Primeiro, deve-se entender que existem ações ordinárias e preferenciais. Os acionistas ordinários podem ser definidos como aqueles que têm direitos sobre a propriedade da empresa, sendo que estes têm o direito a voto nas assembleias para decisões sobre a administração da entidade. Em alguns casos, as empresas podem ter classificações de ações ordinárias onde uma parte pode ser vendida ao público e a outra caracterizada como ações das partes beneficiárias. Isto visa angariar recursos, mas de forma conservadora para fins, por exemplo, de não sacrificar valores referentes à distribuição de lucros. Porém, essa prática é pouco comum. Já as ações preferenciais não dão direito a voto em assembleias. Portanto, há uma restrição do controle deste acionista sobre a entidade. Conforme definido por Brigham e Ehrhardt (2016, p. 266): ...as ações preferenciais possuem um valor nominal e um valor fixo de dividendos a ser pago antes dos dividendos das ações ordinárias. No entanto, caso o dividendo preferencial não seja recebido, os conselheiros podem omiti-lo (ou “passar”) sem levar a empresa à falência. Portanto, embora ações preferenciais tenham um pagamento fixo como os títulos, a inadimplência nesse pagamento não levará a empresa à falência. Nesse sentido, sua maior diferença daquelas classificadas como ordinárias está no fato de que nas preferenciais os direitos a dividendos e controle são limitados em comparação aos primeiros. Para análise das ações, serão abordadas as do tipo fundamentalista, macroeconômica e setorial e aquelas relativas às questões econômicas e financeiras. 2.1 Análise fundamentalista Este tipo de análise verifica questões relacionadas ao desempenho das ações e questões relativas à situação econômica e financeira. 07 De acordo com Pinheiro (2016, p. 472): Pode-se conceituar a análise fundamentalista como o estudo de toda a informação disponível no mercado sobre determinada empresa, com a finalidade de obter seu verdadeiro valor e assim formular uma recomendação de investimento. O analista resume e analisa a informação, parte do passado e trata de predizer o futuro, para dar sua opinião. Neste sentido, percebe-se que a análise fundamentalista está suportada por fatores históricos advindos de informações financeiras e de acontecimentos que podem servir como projeções futuras para a análise das ações. Além do mais, para a consecução deste tipo de análise todas as informações devem estar disponíveis para fins de verificação. Porém, o mercado financeiro não se comporta de forma eficiente disponibilizando todas as informações. Ou seja, haverá falhas nas informações ou a não apresentação de algumas, as quais o analista não terá como utilizar. Para a consecução de tal atividade fundamentalista, basicamente o que irá ocorrer é que o analista ou investidor irá realizar um aparato sobre todas as informações qualitativas e quantitativas sobre a empresa, realizando logo após análises e projeções de fluxos futuros de caixa, expectativas de lucros, expectativas quanto às projeções de investimentos que estão sendo realizados e que irão ser realizados, entre outras características importantes. Por fim, emite aos interessados no mercado a sua perspectiva. 2.2 Análise macroeconômica Para esse tipo de análise, o fundamental está nas observações sobre a estrutura econômica do país. Logo, as questões norteadoras desse tipo de análise são: Taxa de inflação que afeta os preços da economia e, consequentemente, a situação financeira das entidades, uma vez que uma grande circulação de moeda na economia faz com que aumente o consumo e os preços; Taxa de juros presentes na economia, como a Selic, que pode afetar as decisões de financiamento das empresas; Risco país que apresenta a importante informação da capacidade do país em arcar com as suas obrigações junto aos credores estrangeiros; Taxa de câmbio principalmente para as empresas que transacionam com a economia externa e estão concorrendo com estas outras economias; Crescimento econômico que dita os lucros das empresas e, 08 consequentemente, os lucros por ação. Neste tipo de análise, é importante analisar o ciclo de vida da empresa. Ou seja, qual a maturidade da empresa levando em consideração o seu crescimento durante o decorrer de sua vida. Dessa forma, poderá ser notado o comportamento daquela entidade quanto às suas expectativas de desenvolvimento. Também, deve-se observar as características de mercado daquele setor para avaliar as suas demandas, a diferença de produtos existentes entre as empresas, entre outras características relacionadas à questão da competitividade. Por último, qual a expectativa de crescimento daquele determinado setor na economia para saber qual melhor o momento de investir. TEMA 3 – FECHAMENTO DE CAPITAL Da mesma forma que as empresas têm opção de realizar a abertura de capital, estas também têm a opção de fechar o seu capital. Para que isso ocorra, um pequeno grupo de investidores, principalmente aqueles ligados à alta gestão, fazem a recompra das ações dos investidores externos. Porém, deve haver uma informação antecipada para o mercado de que haverá tal fechamento de capital e a recompra de ações. A primeira tarefa a ser realizada pela empresa que irá executar o fechamento é realizar a oferta pública de aquisição de ações (OPA). Na OPA deverá ser determinado o valor da compra de ação que deve seguir uma avaliação por parte de um laudo da avaliação da companhia. Este procedimento é exigidopela Comissão de Valores Mobiliários. Tal laudo deve ser elaborado levando em consideração, por exemplo, o preço médio de cotação das ações nos últimos 12 meses, o valor de avaliação da empresa que leva em consideração fluxos de caixa e o valor do patrimônio líquido da empresa. 3.1 Fatores para o fechamento de capital Existem alguns fatores que podem levar as empresas a realizar o fechamento de capital. Geralmente, estas estão atreladas à forma como as empresas querem estruturar seu capital, ou à questão de fusão das empresas, ou pelo fato de que as ações estão com um baixo valor de mercado, entre outros itens que podem ser observados devido às escolhas estratégicas da entidade. De forma geral, o fechamento de capital irá influenciar o Balanço Patrimonial das 09 empresas no quesito participação de acionistas não controladores junto ao patrimônio líquido. Pesquisas empíricas indicam que no Brasil o fator determinante para o fechamento de capital está principalmente relacionado à concentração acionária. Ou seja, para manter o controle da companhia, as empresas resolvem fechar o seu capital (Bortolon e Silva Junior, 2015). Existem vantagens para que haja o fechamento de capital como destacado por Brigham e Ehrhardt (2016) no Quadro 1 a seguir: Quadro 1 – Vantagens do fechamento de capital Minimizar os custos administrativos – vinculado principalmente ao fato de que as entidades passam a ter menos obrigações de apresentar relatórios para acionistas, CVM, SEC, entre outras entidades que precisam de dados precisos sobre empresas de capital aberto. Incentivos quanto ao controle da administração – como a empresa tenderá a não ter mais que dar continuidade aos negócios e auferir resultados para acionistas externos, os gestores internos da entidade tendem a melhorar seu desempenho uma vez que os resultados serão para estes, como aumento no patrimônio líquido. Maior flexibilidade da gestão – há uma maior flexibilidade diante de incertezas futuras e do fato de que não deverá mais ter uma preocupação exaustiva em gerar retornos esperados para que as ações não sofram com impactos negativos. Fiscalização e participação dos acionistas com maior empenho – devido à redução do número de acionistas, a tendência é que o controle seja mais centralizado, facilitando a fiscalização interna da entidade e atribuindo um maior desempenho por parte dos gestores. Geralmente é constituído um conselho para a gestão dos negócios. Alavancagem financeira maior – como a abertura de capital é uma forma de captar financiamentos para a entidade, em seu fechamento a tendência é haver uma maior participação nas dívidas, o que o que impacta na tributação da empresa uma vez que os juros entram como despesas de dedução para a base do valor a ser utilizado para fins de provisão de imposto de renda. Fonte: adaptado de Brigham e Ehrhardt, 2016. No Quadro 1, percebe-se o foco da vantagem relacionada ao fechamento de capital principalmente ligada a custos relacionados à gestão de informações para o mercado acionário, bem como à questão de que os gestores passarão a trabalhar de forma mais focada aos seus interesses. Pode-se observar que além de custos a empresa passa a trabalhar de forma mais centralizada, podendo impactar na questão da alavancagem financeira entendida como “...a possibilidade de os acionistas da empresa obterem maiores lucros para suas ações, com o uso mais intensivo de capital de terceiros, ou seja, empréstimos” ( Padoveze, 2010, p. 166). TEMA 4 – SISTEMA FINANCEIRO BRASILEIRO O sistema financeiro pode ser definido como uma estrutura criada para regulamentar, normatizar, acompanhar e fiscalizar todas as ações das instituições 010 intermediadoras, atuando, também, sobre as modalidades de crédito, emissão de títulos e valores mobiliários. A estrutura do sistema financeiro brasileiro se deu principalmente pela necessidade de regulamentação dos bancos que são os responsáveis pelas transações financeiras, tendo por intuito fortalecer a visão da estrutura financeira brasileira junto aos investidores externos. Nesse sistema, podem ser encontrados entidades normativas, supervisoras e operadoras. Cada uma desempenha sua atividade de forma a complementar a regulação das entidades financeiras. Existe uma hierarquia no sistema financeiro brasileiro sendo que algumas organizações têm responsabilidades normativas e outras concentradas em questões executivas. 4.1 Entidades normativas Para estas entidades, existem apenas atribuições normativas. Ou seja, apresentam diretrizes e políticas para fins de apoiar os demais órgãos na tomada de decisão. Neste contexto estão inseridos o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). Suas finalidades são: CMN – desempenha a função normativa de formular a política relacionada à moeda do país e à prática de crédito para fins de garantir o desenvolvimento do país e à estabilidade da moeda. Visto como o órgão deliberativo máximo no sistema; CNSP – desempenha a função de elaborar as diretrizes e políticas para os seguros privados, colocando em prática atividades como estabelecer os critérios nos contratos de seguros, previdência privada aberta, disciplinar a atividade de corretor bem como direcionar a corretagem de seguros; CNPC – desempenha o papel de regulamentar as atividades das entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). Nestas entidades, o importante está em conferir e dar diretrizes para que os demais órgãos do sistema financeiro possam fiscalizar, monitorar e agir em prol dos interesses da economia nacional, dos investidores, segurados e demais participantes do sistema financeiro. 011 4.2 Entidades supervisoras As entidades supervisoras são aquelas que, além de funções normativas, também desempenham funções executivas realizando fiscalização junto às instituições financeiras com o intuito de regulamentar aquelas ações colocadas pelos órgãos normativos. O conjunto dessas entidades é constituído pelo Banco Central do Brasil (BCB), pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC). Suas finalidades são: BCB – desempenha o papel de gestor cambial, emissor de moeda, fixar a taxa SELIC, zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras nacionais, autorizar o funcionamento de entidades financeiras, entre outras atividades. Este é quem executa a tarefa de manter o equilíbrio monetário; CVM – desempenha o papel de fiscalizadora da bolsa de valores, controla e monitora ações de fraude e atos ilícitos na oferta de ações, credenciar auditores independentes, apurar más condutas e atos ilegais dos administradores de companhias abertas, entre outras atividades; SUSEP – desempenha o papel de controle e fiscalização dos órgãos de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro no mercado brasileiro; PREVIC – Esta atua como fiscalizadora junto às entidades fechadas de previdência complementar. Junto às diretrizes estabelecidas pelos órgãos reguladores, estas entidades irão trabalhar de forma a garantir o melhor andamento das instituições financeiras e daqueles que realizam as atividades junto a seguros e previdências, monitorando os contratos e indicando às operadoras como estas devem proceder. 4.3 Entidades operadoras As entidades operadoras podem ser entendidas como aquelas que são responsáveis em geral pelas intermediações financeiras daqueles que precisam poupar ou tomar recursos,ou seja, todas as demais entidades financeiras, monetárias ou não, que auxiliam ou são responsáveis pela execução de serviços financeiros. De acordo com Pinheiro (2016, p. 63), as instituições financeiras são aquelas que desempenham as atividades relacionadas abaixo: 012 • transformação de ativos financeiros (pelos intermediários financeiros) que se adquirem por meio do mercado e sua conversão a diferentes tipos de ativos que chegam a ser seus passivos; • troca de ativos financeiros em benefício de seus clientes; • troca de ativos financeiros para suas próprias contas; • assistência na criação de ativos financeiros de seus clientes e a venda desses ativos financeiros a outros participantes do mercado; • disponibilização de avisos de investimento a outros participantes do mercado; e • administração de carteiras de outros participantes do mercado. Entre estes existem os órgãos oficiais que são o Banco do Brasil (BB), o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF). TEMA 5 – MERCADO DE CAPITAIS NO BRASIL O sistema financeiro é aquele que vai regular, normatizar, fiscalizar as ações relativas à moeda a fim de garantir a saúde financeira do país. Dentro desse contexto, está presente o que se chama de mercado no qual ocorrem as trocas de produtos ou fatores dentro da economia. 5.1 Característica do mercado de capitais Nesse sentido, está o mercado financeiro que engloba as diversas transações pactuadas do sistema financeiro nacional. Mais especificamente, tem- se o mercado de capitais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC): Mercado de capitais é constituído de um conjunto de instrumentos, instituições e agentes econômicos cuja missão é mobilizar recursos de poupança financeira de pessoas físicas, empresas e outras unidades econômicas que tem excedentes financeiros e promover sua alocação eficiente para financiar a produção, a comercialização e o investimento das empresas e o consumo das famílias. O surgimento do mercado de capitais se deu devido à necessidade de se ter um meio para impulsionar a poupança privada e propor meios de captar recursos para investimentos, bem como para orientar e abrir a economia de mercado para uma gama de pessoas interessadas. Dentro dessa perspectiva, o mercado de capitais é classificado em mercado primário e mercado secundário. No primeiro estão caracterizados os títulos iniciais quando da abertura de capital por parte de uma empresa interessada em captar recursos para fins de financiamento. Já o segundo é aquele onde ocorrem as transações ou negociações com trocas de propriedade de títulos, 013 fazendo com que seja apresentada ao mercado a liquidez dos títulos ali negociados. No mercado secundário, serão colocados títulos para os investidores na bolsa de valores. Por ser um mercado que deve ter uma rapidez nas informações, é importante que sua estrutura esteja baseada em transparência e eficiência junto às informações ali reportadas. Existe o mercado balcão e o mercado de bolsa. O primeiro não dispõe de um local físico sendo que suas negociações ocorrem por uma comunicação telefônica. O mercado de bolsa já é mais dinâmico no sentido de que há uma livre concorrência em relação aos participantes, os títulos são iguais no sentido de terem a mesma característica sendo que todos que estão ali presentes negociando receberão o mesmo tratamento. 5.2 Mercado brasileiro De forma geral, o mercado acionário brasileiro tem por intuito facilitar a relação entre investidor e organizações visando à consecução de negociações, principalmente, para o financiamento das entidades. Dentro desse contexto, estarão inseridas as instituições aptas podendo ser as corretoras de valores mobiliários, as sociedades que tem por intuito distribuir valores mobiliários, os bancos de investimentos ou intermediários financeiros e, também, os bancos de desenvolvimento. Quanto às negociações, todas as transações são realizadas via corretoras. Podem ocorrer transações diretas entre empresas e investidor. Porém, estas não são institucionalizadas e ocorrem em mercado balcão. Já as demais transações ocorrem na bolsa com o monitoramento dos órgãos reguladores: Conselho Monetário Nacional, Comissão Técnica da Moeda e do crédito, Banco Central do Brasil e Comissão de Valores Mobiliários. A estrutura de participação da Bolsa vem a ser a que se segue: Companhias de capital aberto que colocam títulos para negociação; Instituições intermediárias aptas a realizar transações na bolsa; Gestores de mercado que realizam consultorias, gestão da bolsa, entre outras atividades; Devem ser considerados também os analistas do mercado que geram informações sobre os títulos negociados; 014 Investidores que podem ser pessoa física, jurídica, estrangeiros, entre outros. No Brasil, atualmente existe a B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) que é a união da BM&FBOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo) e da CETIP (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos), que integram o ambiente de negociação de ações na bolsa. Esta instituição tem a sua participação no mercado acionário assim como desempenha um papel importante ao se propor ser um centro de negócios para o investidor proporcionando transparência das informações relacionadas às empresas listadas em tal bolsa. FINALIZANDO Foram realizadas contextualizações sobre a abertura e fechamento de capital das empresas. Estas são ações que vão de acordo com a estratégia de atuação da entidade condizentes com a escolha por fontes de financiamento. A abertura de capital proporciona uma fonte de financiamento atraente para as empresas à medida que, também, pode apresentar o valor real da entidade. Porém, existem burocracias a serem seguidas e custos ali envolvidos para a negociação de ações e sua valoração. Quando da abertura de capital, as entidades devem ter em mente os custos ali incorridos, principalmente na geração e monitoramento das informações apresentadas ao mercado. Além do fato do controle passar a ser menor por parte daqueles que antes controlavam sem a inserção de acionistas minoritários. Fechar o capital também pode ser uma consequência vantajosa para as entidades e devem ir de encontro aos objetivos estratégicos do negócio. Importante frisar que esta forma de financiamento com abertura de capital é uma boa opção para aquelas empresas com fluxos de caixa limitados. No mais, o sistema financeiro brasileiro, bem como o seu mercado de capitais, é composto por órgãos que ajudam a manter a ética e o respeito nas negociações, uma vez que impõe normas e diretrizes, com aplicação de penalidades em caso de más condutas. Além de realizarem fiscalizações permanentes e de sempre estarem atentos aos acontecimentos no mercado acionário. Os investidores podem, assim, se sentirem mais seguros em realizar a compra de uma determinada ação uma vez que existem mecanismos e órgãos monitorando de forma permanente todos os acontecimentos do mercado acionário. 015 A estrutura financeira nesse cenário também impõe às empresas boas práticas para que estas continuem a sua negociação. Boas práticas estas ligadas à transparência das informações e das suas ações internas. 016 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. BORTOLON, P. M.; SILVA JUNIOR, A. Fatores determinantes para o fechamento do capital de companhias listadas na BM&FBOVESPA. Revista Contabilidade & Finanças, 26 (68), 140-153, 2015. BRIGHAM, E. F.; EHRHARDT, M. C. Administração financeira: teoria e prática.3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016 DAMODARAM, A. Finanças corporativas: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: BOOKMAN, 2007. IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais. Mercado de capitais no Brasil. Disponível em: <http://ibmec.org.br/empresario/o-que-e-mercado-de- capitais/mercado-de-capitais-no-brasil>. Acesso em: 20 fev. 2018. LIMA PINHEIRO, J. Mercado de capitais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2016. PADOVEZE, C. L. Introdução à administração financeira. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
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