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Luiza Ocáriz Acioly Medicina UNIDERP 2019 Laparotomia Definição: Laparotomia (laparon = flanco + tome = corte = ia) significa, na acepção exata do termo, "secção do flanco"; tem, entretanto, o significado de "abertura cirúrgica da cavidade abdominal" no conceito da maioria dos cirurgiões. Celiotomia (celiocelio = abdome + tome = corte + ia) seria outro termo, pouco usado nos dias de hoje, e significa precisamente incisão da parede abdominal em qualquer região. Introdução: no século 20, com o advento das drogas curarizantes e da entubação orotraqueal, Se tornou um procedimento rotineiro. O melhor conhecimento dos aspectos anátomo-funcionais da parede abdominal e dos mecanismos do processo de cicatrização da ferida cirúrgica, contribuíram significativamente para a redução das complicações pós operatória. Em 1988, desenvolveu-se a vídeo-laparoscopia, que vem substituindo a laparotomia. Princípios básicos: Acessibilidade: exposição clara da anatomia + espaço suficiente Flexibilidade: possibilita extensão + interfere o mínimo possível na parede Segurança: fechamento da ferida deve ser forte e seguro Etapas da laparotomia: 1. Laparotomia - abertura cirúrgica da cavidade abdominal 2. Exploração da cavidade abdominal para avaliar a extensão da patologia e para identificar outras possíveis patologias não diagnosticadas previamente 3. Realização da cirurgia propriamente dita 4. Inventário ou revisão da cavidade abdominal para que se tenha certeza de que a cirurgia está completa e bem feita e para verificar se não foram esquecidos corpos estranhos na cavidade (compressas, gazes, agulhas, etc) 5. Fechamento da cavidade Classificação das laparotomias Quanto à finalidade: • Eletivas: quando têm um objetivo definido e conhecido • Exploradoras: quando o objetivo é definir diagnóstico. • Via de drenagem de coleções líquidas Com relação à cicatriz umbilical: • Supra-umbilical • Peri-umbilical • Infra-umbilical Com relação à linha média do abdome: • Medianas - sobre a linha média: - supra-umbilical - infra-umbilical - xifo-púbica Si n ô n im o s • Paramedianas, direita ou esquerda Com relação aos músculos retos: • Transretais - por divulsão; • Pararretais: Interna (Lennander) - supra-umbilical - para-umbilical - infra-umbilical - xifo-púbica Externa - supra-umbilical - infra-umbilical (Jalaguier) Quanto à direção: • Longitudinais • Transversais - Supra-umbilical - parcial (Sprengel) e total - Infra-umbilical - parcial (Pfannestiel e Cherney) e total (Gurd) • Oblíquas - Subcostal - Kocher - diagonal epigástrica - estrelada supra-umbilical - estrelada infra-umbilical - Mc Burney - lombo-abdominal - toracolaparotomia e toracofrenolaparotomia • Combinadas - Rio Branco - Kebr (em baioneta) - Mayo-Robson - Alfredo Monteiro Quanto à complexidade: • Simples - uma incisão; • Combinadas - associação de incisões. - abdominais puras; - tóraco-abdominais. ANATOMIA PAREDE ABDOMINAL: Pele Subcutâneo Fáscias: • Fáscia superficial • Fáscia profunda Músculos • Retos abdominais • Oblíquos interno e externo • Transverso • Fáscia transversa Peritôneo Irrigação sanguinea e inervação A) Incisão mediana; em pontilhado, o traçado para a ressecção do apendice sifoide; B) paramediana pararretal interna (Lennander); em pontilhado o traçado para toracolaparotomia; C) transretal; D) paramediana parametal externa; E) para piloromiotomia (robertson); F) Mediana intraumbilical; G) pararretal interna intraumbilical; em ponilhado a extensao cranial; H) transretal infra-umbilical; I) subcostal (Kocher); J) para sigmoidostomia, K) obliqua baixa (McBurney); L) obliqua alta A) Transversa parcial (Sprengel); em pontilhado o traçado para passar a total; B)Transversa infra-umbilical; em pontilhado os prolongamentos para os flancos (Gurd); C) ?? D) Toracolaparotomia direita; E) Transversa para colostomia; F) Para gastrostomia; G) Toracolaparatomia esquerda, em pontilhado o traçado da extensao horizontal e obliqua; H) Para transversostomia; I) Para apendicectomia (Elliot- Babcock).Utilizada para exploração bilateral da adrenais. A) Rio Branco; B) Em Baioneta (KEHR); C) Mayo- Robson; D) Alfredo Monteiro; E)Lombo-Abdominal . Incisões Oblíquas: Supra-umbilical Infra-umbilical MC BURNEY Escolha da incisão ideal: Depende do: Órgão Postura corporal do paciente Grau de obesidade Urgência da cirurgia Presença de incisões abdominais prévias Preferência e experiência do cirurgião Reentrada deve ser realizada através de incisão prévia se possível Nova incisão nunca deve ser feita numa posição paralela muito próxima (<5cm) Longitudinal Paramediana Pararetal externaInfra- umbilical JALAGUIER Longitudinal Paramediana Pararetal interna Supra-umbilical LENANDER Sobre as incisões: Incisão mediana: é feita na linha que vai do apêndice xifóide à sínfise púbica, passando pela cicatriz umbilical. A abertura se faz no entrecruzamento das fibras da bainha dos músculos reto-abdominais, conseqüentemente não há secção de planos musculares "incisão universal" porque permite o acesso a qualquer órgão, tanto em situação intra-abdominal como retroperitoneal, além de proporcionar acesso mais rápido e menos hemorrágico, permitir ampliações e não traumatizar partes moles. Obs: incisões medianas supraumbilicais são sujeitas a maior incidência de eviscerações e eventrações, pelo fato da região estar sujeita a maiores tensões, oferecer apoio inseguro na realização das suturasresulta em más condições de cicatrização. Incisões paramedianas: 1,5 a 2 cm à direita ou à esquerda da linha mediana, com extensão variável, do rebordo condral até o púbis. Paramediana pararretal interna - incisão de Lennander Seccionase a lâmina anterior da bainha do músculo reto abdominal, paralelamente à linha mediana, afastando-o lateralmente, expondo a lâmina posterior do músculo, que é aberta juntamente com o peritônio, na mesma direção e extensão da incisão da lâmina anterior. O músculo reto-abdominal pode ser deslocado medialmente (pararretal externa - incisão de Jalaguier, quando infraumbilical) ou atravessado por divulsão sua fibras (transretal). A incisão paramediana pode ser ampliada rapidamente ou pode ser longa de início, estendendo se do rebordo condral ao púbis; o acesso é bom e amplo como o que proporciona a incisão mediana; a reconstrução é feita pela sutura de dois planos resistentes interpostos pelo músculo reto-abdominal (as aponeuroses, anterior e posterior do músculo reto abdominal); Não secciona músculos e nem nervos e vasos importantes. Pode ser à direita ou à esquerda da linha mediana, acima ou abaixo da cicatriz umbilical. A incisão paramediana pararretal externa tem o seu uso limitado devido ao maior risco de lesão dos nervos que penetram no músculo por sua borda lateral. É executada no segmento infraumbilical, quando há possibilidade de mínima lesão de nervos, pois permite bom acesso ao ceco, ao apêndice e aos anexos uterinos direitos, se feita à direita, e ao colon sigmoide e aos anexos uterinos esquerdos, se à esquerda. Incisãotransretal: é pouco usada e geralmente empregada em pequenas incisões para confecção de estomias (gastrostomia, jejunostomia e colostomia). Incisões longitudinais, a paramediana em menor escala, não deixam de estar situadas na posição onde as forças antagônicas se fazem em direção perpendicular à abertura, tendendo sempre a afastar as bordas suturadas; esse fato condiciona risco de deiscência pós-operatória; mais dolorosa aos mínimos esforços, repercutindo no reflexo de defesa protetor, na diminuição da amplitude respiratória e no ato defensivo de evitar a tosse; sobrevêm as complicações pulmonares conhecidas (atelectasias pós-operatórias, acúmulo de secreção brônquica, etc.). As incisões transversais: são perpendiculares ao plano sagital. As incisões podem ser amplas, total, estendendo-se de flanco a flanco e a linha mediana pode ser cruzada acima ou abaixo do umbigo. O músculo reto abdominais é seccionado transversalmente e os músculos oblíquos, externo e interno, obliquamente. Nas pequenas incisões as camadas musculares podem ser apenas divulsionadas. As incisões amplas infraumbilicais (Gurd): oferecem bom acesso para a realização de colectomia e pancreatectomia. As incisões transversas no quadrante superior direito (Sprengel) são usadas na cirurgia das vias biliares. Nas mulheres as incisões transversas são indicadas para acesso de cirurgias ginecológicas (Pfannestiel) e tem como particularidade a abertura do plano músculo-aponeurótico pela linha Alba, como nas incisões longitudinais. As incisões transversais apresentam vantagens sobre as longitudinais: a abertura na mesma direção das linhas de tensão predominantes no abdome, resguarda as bordas suturadas da tendência ao afastamento condicionado, situação adversa à deiscência. As lesões dos nervos intercostais são mínimas ou nenhuma, pois o traçado lhes é quase paralelo; a secção muscular, mesmo em direção transversal, cicatriza-se perfeitamente, formando, em relação ao músculo reto anterior, nova interseção aponeurótica; as suturas ao ficarem perpendiculares à direção das fibras, prendem melhor essas estruturas. A abertura é mais demorada; o sangramento é maior e o fechamento exige mais tempo e minúcia técnica; são essas desvantagens compensadas pelo pós-operatório suave, menos dolorido; há menor incidência de complicações respiratórias e são quase nulas as eviscerações e as hérnias incisionais. As incisões oblíquas: seccionam o plano sagital ou transversal e os planos musculares podem ou não ser seccionados, dependendo da extensão da incisão. As incisões mais conhecidas são a incisão subcostal (Kocher) e a estrelada de Mac Burney na fossa ilíaca direita. A incisão de Kocher segue paralelamente o rebordo costal e pode-se estender do apêndice xifoide ao flanco. À direita permite acesso a vesícula biliar e às vias biliares e à esquerda está indicada nas esplenectomias e nas adrenalectomias. Mac Burney, indicada nas apendicetomias, a abertura é feita por divulsão das camadas Musculares. As incisões oblíquas, que sacrificam músculos e nervos, são inconvenientes; além de não respeitarem a anatomia e a fisiologia da parede abdominal, com freqüência, não permitem exposição adequada. Há, entretanto, boas incisões oblíquas, principalmente as curtas, com passagem pelo plano muscular por divulsão ou por secção na direção das fibras aponeuróticas - incisão estrelada. Nessas condições, compreende- se perfeitamente a boa reconstituição anatômica e a firmeza que condicionam; as linhas de coaptação e de cicatrização se cruzam ou ficam em sentidos diferentes, exemplo figuram a incisão de Mc Burney e a estrelada supra- umbilical de Arce. As incisões combinadas associam direções verticais obliquas e transversais em traçados retilíneos e curvilíneos. Atualmente são raramente usadas, mas tiveram o seu valor no passado, época em que não havia relaxantes musculares, hoje comumente usados nos atos anestésicos. Essas incisões são muito trabalhosas e nem sempre oferecem um bom campo operatório LONGITUDINAIS TRANSVERSAIS Rápidas Mais demoradas Universais Relativamente limitadas quanto ao campo operatório Inestéticas Estéticas (linhas de langer) Mais frágeis Fechamento com vários planos Tendem a ser mais hemorrágicas Fechamento do Peritônio É desnecessário e não recomendado: - maior duração da cirurgia - aumento da dor pós-cirúrgica - aumento das formações das aderências Fechamento Fáscia: Sutura contínua X Sutura interrompida Contínuo: distribuição das diferenças de tensão ruptura porém: 1 ruptura compromete toda ferida Conclusão: Os 2 tipos de suturas têm incidências de deiscência, hérnia incisional, infecção da ferida, dor na ferida e fístula na sutura. Sutura com mono ou multifilamento? Multifilamento: maior incidência de infecção Fechamento Subcutâneo: Estudo não demonstrou nenhuma diferença significativa nas complicações entre o fechamento e o não fechamento do TCS Fechamento Pele: Sítio cirurgico contaminado à deixar aberta, cicatrização por 2ª intenção (ferida classe III ou IV) Feridas limpas (classe 1) : à diversas técnicas de suturas Feridas limpas-contaminadas (classe 2) - suturas com fios - grampos cirúrgicos - colas adesivas - fita cirúrgica Deiscência da parede abdominal Deiscência é o afastamento total ou parcial de um ou de todos os planos suturados. Evisceração: quando tem lugar nos primeiros dias do pós-operatório, com visualização ou exteriorização do conteúdo abdominal. Tempo médio de ocorrência: Entre 8-10 dias após a cirurgia Índice de mortalidade: 9 – 43% Fatores de risco para evisceração: >65 anos Hipoalbuminemia Infecção da FO (5x o risco) Ascite Obesidade Uso de esteróides DPOC PNM AVE Cirurgia> 2,5h Residente Hérnia incisional ou eventração: Se a pele ficou íntegra e as consequências do afastamento das estruturas suturadas aparecerem tempo depois, surgem a fraqueza da parede e a hérnia incisional ou eventração. Deiscência da sutura da aponeurose, mantendo-se íntegro o peritônio e a pele, não havendo exteriorização de vísceras. - Surgem no pós operatório tardio; - Fatores responsáveis pela evisceração contribuem; - Investigar qualidade do fio, o tipo de sutura e o emprego de pontos de retenção. A deiscência da parede abdominal representa um insucesso operatório e todas as medidas preventivas possíveis devem ser usadas. O preparo pré-operatório adequado do paciente, o uso de técnicas cirúrgicas primorosas e cuidados rigorosos com a antissepsia reduz o risco de deiscência de incisão cirúrgica. Retirar os pontos cutâneos (absoluta assepsia) Proteger a ferida com compressas estéreis Centro cirúrgico para correção (se estável hemodinamicamente); ATB; No centro cirúrgico: Anestesia geral SNG p/ descompressão do estômago Ferida deve ser totalmente aberta; Retirar fios de sutura e tecidos desvitalizados; Revisão da cavidade; Lavar a cavidade (soro fisiológico morno); Fechar (sempre que possível) primariamente a aponeurose; Sutura contínua com fiosmonofilamentares inabsorvíveis TTO EVISCERAÇÃO: Hérnia Evisceração SUTURAS Interrompidas Os nós são atados e os fios cortados após uma ou duas passagens através dos tecidos. Nas suturas interrompidas, cada nó é uma entidade separada, e o rompimento de um ponto não envolve a estrutura dos outros, mas ao acontecer, leva a destruição de toda a linha de sutura. São fáceis de serem colocadas e possuem a capacidade de ajustar-se a tensão em cada sutura, de acordo com a tensão nas margens. Um ganho mais rápido em força de tensão é obtido com as suturas simples interrompidas. As suturas simples interrompidas são mais fortes que as contínuas. Suturas interrompidas são preferidas quando se quer mais tensão, mobilidade dos tecidos e distensibilidade. Desvantagens • Incluem o tempo maior de atarem os nós, aumento de volume de material deixado nas feridas ou de material sepultado. Contínuas Possui um nó inicial, o fio não é cortado, estendendo-se do ponto de origem após várias passagens pelos tecidos, onde o fio é cortado após o nó final. As suturas contínuas usam menos material, o que minimiza a quantidade de material de sutura nos nós e diminui o tempo de cirurgia. As suturas contínuas também fazem um melhor selamento ao ar e água. Desvantagens • Menor controle da tensão e a possibilidade de rompimento. Devido a forma helicoidal, as suturas contínuas têm uma tendência de reduzir a microcirculação das bordas das feridas. Este fato prolonga a fase destrutiva da cicatrização aumentando a formação de edema. De acordo com a aparência de suas bordas, as suturas podem ser classificadas em: • Aposição: as bordas se encostam, no mesmo plano; • Eversão: maior contato das bordas, que se voltam para fora, formando uma crista evertida; • Inversão: a borda das feridas volta-se para o interior, causando uma invaginação. • Sobreposição: uma borda sobre a outra. 3 Seminós: 1. Seminó de contenção 2. Seminó de Fixação 3. Seminó de segurança A habilidade de uma sutura inverter ou everter as bordas pode não ser indicada, dependendo da região anatômica. A inversão pode ser desejável no fechamento de uma víscera oca, porém, não é aconselhável para o fechamento da pele. Colocação das suturas Após o fechamento de uma ferida, as bordas tornam-se enfraquecidas pela colagenólise e o suporte das suturas está enfraquecido. As suturas colocadas a uma distância de mais de 0,5 cm das margens da ferida, aparentemente não são afetadas pela colagenólise. A inflamação também contribui para diminuir a tensão, é aconselhável colocar as suturas mais de 0,5 cm afastadas das bordas em feridas muito traumatizadas. A tensão máxima junto aos tecidos é também obtida quando as suturas são colocadas a uma distância de 0,5 cm uma das outras. Quando colocadas mais próximas que 0,5 cm, causam retardamento da cicatrização devido a reação tecidual e comprometimento da circulação sangüínea nas bordas da ferida. Suturas interrompidas (tipos): Sutura Interrompida Simples A mais usada de todas as suturas e também a mais versátil. Mantém uma boa aposição, tem ação independente das outras na linha de sutura e permite mobilidade tecidual entre as suturas. A sutura é inserida perpendicularmente através do tecido de um lado, passando através de igual quantidade de tecido no lado oposto e o nó é amarrado. Os nós devem ser colocados fora da linha de incisão. O próximo ponto interrompido deve ser colocado a uma distância igual ao tamanho do ponto anterior (ex: 0,5 + 0,5 cm = 1 cm de distância). O sentido da colocação dos pontos deve ser da direita para a esquerda em incisões horizontais, se destro, ou da esquerda para a direita, se canhoto. A colocação apropriada dos pontos mais uma tração moderada nos nós, permite um resultado bem satisfatório. Usada em suturas internas (vísceras) e externas (pele). Sutura Horizontal em “U”, de Wolff Ë uma sutura que promove uma leve eversão se colocada de maneira apropriada. Ela forma um quadrado perfeito, com ambas extremidades de sutura saindo pelo mesmo lado ou borda da ferida. Está indicada para suturar feridas sob tensão moderada. Vantagens Uso de menor quantidade de material de sutura; É de execução rápida; Pode ser usada como sutura de tensão quando colocada longe das bordas da pele; Pode ser usada para reduzir espaço morto. Desvantagens Dificuldade relativa quando aplicada na pele; Formação de cicatriz excessiva devido a eversão das bordas; Tendência a reduzir o suprimento sangüíneo das bordas da ferida, quando os pontos são apertados demais (em função do formato geométrico). Sutura Vertical em “U”, de Donatti Promove uma aposição completa e precisa das bordas, com leve eversão após a confecção dos nós. A primeira passagem da agulha é feita a uma distância maior do que 0,5 cm da borda e a Segunda passa de 2 ou 3 mm da borda. Vantagens: • mínima alteração do suprimento sangüíneo, se colocado distante da borda; • pode ser usada como sutura de tensão como ajuda a uma primeira linha de sutura. Desvantagem • Realização mais demorada com maior reação inflamatória. Sutura em “X”ou Cruzado ( Sultan ) É uma sutura de aposição, sendo uma modificação do “U” horizontal. A agulha penetra de um lado da incisão e passa perpendicularmente através da mesma, e uma segunda passagem é feita através dos tecidos, paralela e de 5 a 10 mm da primeira passagem. Vantagens • não promove alteração do suprimento sangüíneo, mesmo sob tensão; • previne a eversão dos tecidos. Tensão moderada e aposição É uma combinação de suturas de aposição com sutura de tensão. Faz um movimento de espiral. Ponto em U Ponto Simples Donatti Em x Sua principal indicação é quando a pele requer tensão moderada para aposição. O componente longe atua como redutor de tensão, ao passo que o perto faz aposição. A tração excessiva dos fios deve ser evitada, para prevenir a inversão da incisão. A força de tensão obtida com esta sutura é maior do que a obtida com sutura interrompida simples. Jaquetão Indicada principalmente na redução de onfalocelle Suturas contínuas As suturas contínuas não têm os fios cortados após a aplicação dos nós. Sutura contínua simples ou sutura de Kurschner Consiste em usar uma série de pontos interrompidos com nós no início e no final da sutura. A agulha é introduzida através dos tecidos, perpendicularmente à linha de incisão. A sutura é reintroduzida na mesma direção que a anterior. No final da sutura, as pontas do fio são amarradas com, no mínimo quatro camadas de nós (ou seja, duas de cirurgião). Desta maneira podem ser executadas com maior facilidade e rapidez. São indicadas para o fechamento de tecido subcutâneo e fáscia desde que não haja planos de tensão. Os nós são geralmente escondidos (ou sepultados). São também usadas em tecidos que requeiram mínima força de segurança, porém com aposição máxima. Sutura Festonada, Retrógrada, Ancorada de Ford ou de Reverdin É uma modificação da sutura contínua simples. A cada passagem através dos tecidos, o fio é unido ao ponto passado anteriormente. A vantagem desta sutura é a grande estabilidade na eventualidade de falha de um nó ou de uma porção de linha de sutura. Quando isto acontece, necessariamente não resulta em perda de toda a sutura. Uma grande estabilidade é obtida devido aos tecidos apresentarem menor tendência a movimentarem-se. Desvantagem Maior quantidade de materialusado, mais demorada, e pode causar necrose na pele quando usada com muita tensão (muito apertadas). Sutura de colchoeiro ou “U” contínua Pode ser usada na pele quando houver indicação para sutura contínua e um certo grau de eversão. A sutura inicia como um ponto isolado simples e avança aproximadamente 1 a 2 cm, e uma segunda passagem é feita através dos tecidos perpendiculares à incisão. Após a saída dos tecidos, a agulha avança de 1 a 2 cm e é inserida perpendicularmente à linha de incisão na direção contra-lateral. Vantagem Rapidez no fechamento é a principal vantagem desta sutura. Sutura intradérmica ou subcutânea As suturas intradérmicas têm sido incorretamente chamadas de subcuticulares. Como diz o nome, sutura intradérmica são colocadas sob a derme no tecido subcutâneo. As suturas intradérmicas e subcutâneas são usadas mais freqüentemente na forma contínua. A sutura inicia escondendo o nó no interior dos tecidos, seguindo em formato de zig-zag, com a agulha colocada perpendicularmente à incisão, porém, avançando paralela à incisão. Bolsa de tabaco Em U contínua Sepultura de coto apendicular Fixar sonda gastrostomia ou jejunostomia Sepultar ângulo de cirurgias digestiva Ancorada Nós Manuais (Cirúrgicos) Definição “Entrelaçamento das extremidades de um fio, formando uma alça, para comprimir, ligar ou aproximar estruturas (ou bordas de estruturas)” Não afrouxar Fácil execução Rápida execução Eficiência: prática 1. Primeiro: seminó constritor 2. Segundo e terceiro: seminó(s) fixador(es) Nós consecutivos com sentidos opostos Evitar nó corrediço Fios sintéticos com pouco atrito Nylon, Polipropileno Maior número de seminós Dedos em direções opostas e sem tracionar estrutura Nó do Sapateiro ACESSO VENOSO CENTRAL A cateterização venosa central proporciona acesso mais seguro à circulação sistêmica e permite a administração de medicamentos que podem lesar tecidos quando ocorre extravasamento a partir de um acesso venoso periférico, como vasopressores e soluções hipertônicas de bicarbonato de sódio e cálcio. AVC possibilita a monitorização da pressão venosa central e a coleta de amostras de sangue. A escolha da via de acesso: se dá de acordo com a experiência de quem realiza o procedimento e as características do paciente. Crianças: as veias jugulares internas e as femorais são as mais frequentemente cateterizadas Adultos: a veia subclávia é a via de escolha para colocação de um cateter venoso central. Durante a RCP, deve-se dar preferência às veias femorais, pois sua obtenção não interfere com as manobras de ressuscitação. Equipamentos / Materiais: Equipamentos de proteção individual { Para realização de AVC é necessário paramentar- se (máscara, gorro, avental cirúrgico, luvas estéreis e campos estéreis) } Materiais necessários: bolsa e equipo de soro anestésico local campo estéril gaze estéril INDICAÇÕES PARA AVC Bisturi kit de cateter central (contendo agulha, fio guia, dilatador e cateter intravenoso) agulha fio para fixação (nylon) curativo transparente estéril. Veia jugular interna O local de referência é o triângulo de Sedillot, formado em sua base pela clavícula e lateralmente pelas porções esternal e clavicular do músculo esternocleidomastoideo. 1º Antes de iniciar o procedimento, ausculta-se o tórax para verificar se o murmúrio vesicular é simétrico bilateralmente. 2ºPosicionamento: o paciente em decúbito dorsal horizontal com a cabeça para baixo a 30º, em posição de Trendelenburg, com coxim abaixo das escápulas, deixando a cabeça levemente estendida e rodada para lado oposto ao da punção. Dá-se preferência ao lado direito, pois as complicações como pneumotórax, hemotórax e quilotórax são mais frequentes após tentativas de punção do lado esquerdo. o ápice do pulmão é mais alto à esquerda do que à direita e o ducto torácico se localiza à esquerda. O caminho entre a veia jugular interna direita e o átrio direito é mais direto. 3º faz-se a degermação da pele com clorexidina degermante 4º antissepsia com clorexidina alcoólica, em movimentos circulares do centro para a periferia 5º coloca-se um campo estéril 6º Administra-se, então, anestésico local (1 a 2 ml de lidocaína 1%) com agulha 25 gauge no local da cateterização 7º procede-se à punção Técnica de Seldinger : O procedimento se inicia pela introdução da agulha pouco acima do ápice do triângulo em ângulo de 30 a 45 graus em relação ao plano coronal, em direção ao mamilo ipsilateral, aplicando sucção leve. Ao atingir a veia, desconecta-se a seringa, ocluindo a extremidade proximal da agulha com o dedo e introduz-se o fio guia por dentro da agulha, avançando-o bem além da ponta da agulha. Caso haja batimentos cardíacos ectópicos no monitor, traciona-se o fio guia até que os batimentos ectópicos desapareçam. Remove-se, então, a agulha, mantendo o fio guia inserido. Faz-se uma incisão de 1 a 2 mm no local da punção na pele e introduz-se o dilatador sobre o fio guia. Após a dilatação do trajeto, remove-se o dilatador e introduz-se o cateter sobre o guia na veia. Remove-se o fio guia e após visualizar o retorno de sangue, conecta-se o cateter ao equipo com soro fisiológico 0,9%. O retorno de sangue deve ser verificado pela aspiração de cada via do cateter. Coloca-se a bolsa de soro abaixo do nível do átrio direito para permitir que o sangue reflua até o equipo de soro, antes de iniciar a infusão pelo cateter. Se não houver retorno de sangue, a ponta do cateter pode estar alojada contra a parede do vaso ou do átrio direito. Nesta situação, traciona-se o cateter levemente e repete-se a aspiração. Se ainda assim não houver retorno de sangue, deve-se presumir que o cateter não esteja na veia e, desta forma, ele deve ser removido. O fio guia deve ser utilizado para medir as distâncias: para posição central, a extremidade do cateter deve estar no átrio direito, o que corresponde externamente ao 2º ou 3º espaço intercostal à direita. Fixa-se, subsequentemente, o cateter com fio de algodão e aplica-se curativo estéril. Após o término do procedimento, deve ser feita uma radiografia para verificar a posição do cateter. 2 Técnicas: a anterior e a posterior Via anterior: é feita na borda anterior do músculo esternocleidomastoideo, na porção média entre a mastoide e a clavícula, em direção à base do triângulo, com angulação de 30 graus. Via posterior: a punção é feita na borda posterior do esternocleidomastoideo, ao nível da união de seu terço médio com o inferior, em direção à fúrcula esternal, com angulação de 30 graus em relação à pele Ultrassonografia tem sido utilizada para guiar a inserção do cateter e diminuir o risco de complicações. A veia e a artéria aparecem com forma circular e cor escura na imagem do ultrassom, porém a veia é mais compressível quando se aplica pressão sobre a pele com o transdutor. A agulha é ecogênica e pode ser vista dentro da veia pelo ultrassom Veia femoral O paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal horizontal, com a coxa fixada em ligeira rotação externa. Pode-se colocar um coxim sob a região lombo-sacral, para leve extensão. Após a administração de anestésico local, identifica-se a artéria femoral pela palpação ou, se os pulsos estiverem ausentes, encontrandoo ponto médio entre a crista ilíaca anterossuperior e a sínfise púbica. O ponto de referência para a punção da veia femoral é 5 mm medial ao pulso arterial e 2 a 3 cm abaixo do ligamento inguinal. A agulha deve ser inserida neste ponto paralelamente à artéria femoral, em direção ao umbigo, com inclinação de 45 graus em relação ao plano da pele. Para prevenir a cateterização inadvertida da artéria femoral, mantém-se a palpação da artéria enquanto se introduz a agulha na veia. Havendo refluxo de sangue, desconecta-se a seringa e passa-se o fio guia através da agulha. Remove- se a agulha, faz-se pequena incisão na pele com bisturi, passa-se o dilatador sobre o fio guia e, subsequentemente, introduz-se o cateter sobre o fio guia, segundo a técnica de Seldinger. Após a fixação do cateter à pele, faz-se uma radiografia para verificar a posição de sua extremidade, que deve estar localizada na junção da veia cava inferior com o átrio direito ou na altura da segunda vértebra lombar, caso o comprimento do cateter não seja suficiente para atingir a posição central. Veia subclávia Posiciona-se o paciente em decúbito dorsal horizontal com a cabeça em posição mediana inclinada para baixo a 30 graus (Trendelenburg), com o pescoço levemente estendido. O ponto de inserção do cateter é na junção do terço médio com o terço medial da clavícula. Após anestesia local, insere-se a agulha com ângulo de 30 graus em relação à pele até a passagem sob a clavícula (a agulha deve passar tangenciando a clavícula). A partir daí, a agulha é inclinada 10 a 15 graus e direcionada à fúrcula esternal. O cateter é inserido utilizando a técnica de Seldinger. Complicações: podem ser mecânicas, infecciosas e tromboembólicas. As complicações mecânicas incluem punção arterial, hematoma, pneumotórax e hemotórax (associados à cateterização de veia jugular interna e subclávia), arritmia e colocação imprópria do cateter. O uso do ultrassom para guiar a cateterização venosa central reduz o número de tentativas e o risco de complicações. As complicações infecciosas podem ser prevenidas pela lavagem das mãos e adoção de precauções de barreira completa durante a inserção do cateter, antissepsia da pele com clorexidina, revisão diária da necessidade do cateter e sua remoção imediata, quando ele não for mais necessário. As complicações trombóticas podem ocorrer desde o primeiro dia após a inserção do cateter, com risco potencial de tromboembolismo venoso. O local com o maior risco de trombose é a veia femoral. O tempo de permanência do cateter deve ser limitado ao mínimo necessário para diminuir o risco de trombose. CHOQUE CLASSIFICAÇÃO CHOQUE HEMORRÁGICO SINAIS ASSOCIADOS AOS DIFERENTES TIPOS DE CHOQUE Sinais vitais HIPOVOLEMICO NEUROGENICO SEPTICO CARDIOGENICO Temperatura da pele Fria, pegajosa Quente, seca Fria, pegajosa Fria, pegajosa Coloração da pele Pálida, cianótica rosada Pálida, rendilhada Pálida, cianótica P.A Diminuída Diminuída Diminuída Diminuída Nível de consciência Alterado Lúcido Alterado Alterado Enchimento capilar Retardado Normal Retardado Retardado Videocirurgia História 1911, Jacobeus – 1ª Peritonioscopia em humanos 1938, Janos Veress – Criou 1ª agulha para punção e confecção de pneumoperitôneo 1983, Mouret e Semm – 1ª apendicectomia videolaparoscópica 1987, Mouret – 1ª colecistectomia videolaparoscópica 1990, Thomas Szego e Sérgio Roll – 1ª Videocolecistectomia no Brasil 2000, FDA aprova Da Vince – 1º sistema Robótico Indicações Vantagens Redução do desconforto ao paciente Redução do tempo de permanência hospitalar Retorno precoce as atividades laborativas Menor resposta endócrino-metabólica ao trauma Estética Equipamentos 1. Imagem Monitor de alta resolução Microcâmera Processador Fonte de Luz Ópticas 2. Pneumoperitôneo Insuflador Mangueira Gás Carbônico 3. Limpeza da cavidade Aspirador/irrigador 4. Documentação Gravador 5. Trocartes 6. Instrumental Cirúrgico: Pinças de apreensão e dissecção Diagnóstica Estadiamento Terapêutica Tesouras Ganchos Porta-Agulhas Clipadores 7. Instrumentos especiais: Bisturi elétrico Bisturi harmônico Ligasure Princípios técnicos Anestesia Geral: Invariavelmente GERAL com entubação orotraqueal Oximetria de pulso Capnografia Monitorização não invasiva: FC, PA e TºC Posicionamento e fixação do paciente: Conforme a operação a ser realizada DDH Litotomia Lateral (D/E) SEMPRE FIXAR O PACIENTE À MESA CIRÚRGICA Posicionamento da torre de vídeo Anti-sepsia + Assepsia Distribuição de cabos, mangueiras e conexões ACESSOS: PNEUMOPERITÔNEO Considerada a fase mais importante da cirurgia laparoscópica. 50% das maiores complicações ocorrem durante a entrada inicial no abdomerisco de complicações na entrada é o mesmo que há 25 anos. Visa proporcionar ambiente para realização da intervenção proposta Fluxo baixo no início: 2,5L/min Pressão média de 10 a 12mmHg Obesos: 15mmHg Extraperitonial: 10mmHg Pediatria: 6mmHg Gás IDEAL: Inerte// Inodoro//Invisível// Solúvel na corrente sanguínea// Eliminável com a respiração// Baixo custo Gás Combustão Embolia Efeitos Biológicos CO2 Não Muito Baixo Múltiplos He Não Muito ALTO Inerte N2O SIM Baixo Anestésico Ar atmosférico SIM ALTO Oxidante O2 ALTISSIMO - CONTRAINDICADO Hasson Descrita desde 1971, objetiva diminuir lesões vasculares e viscerais Ideal: Cirurgias prévias Cirurgiões iniciantes Crianças Inconvenientes: Não elimina o risco de lesões; Aumenta o tempo cirúrgico; Necessita de incisões amplas. Inserção do 1º TROCARTE ABERTA FECHADA HASSON AGULHA DE VERESS INSERÇÃO DIRETA DO CATETER TROCARTE OPTICO Incisão de pele com cerca de 1 a 3cm Dissecção até localizar a aponeurose Fixação da aponeurose com duas Kocher Abertura de aponeurose com bisturi Realizar sutura em cada lado da abertura Inserção de trocarte de Hasson e fixar com as suturas Técnica TROCARTE OPTICO Tão seguro quanto Hasson Permite reconhecimento imediato de lesões Vantagem: Incisões menores Pneumoperitonio as Cegas Menos recomendáveis Maior chance de lesões Reconhecimento tardio das injúria Agulha de Veress: Trocarte direto: Trocarte especialRecolhe a superfície cortante após penetrar na cavidade Pneumoperitôneo-EFEITOS Cardiovascular: Golden five minutes Alterações hemodinâmicas mais intensas Aumento da PIA Diminui retorno venoso: Aumenta a FC Aumenta a RVP: Compressão da aorta e vasos viscerais Aumenta a PVC ... Diminui o DC em até 40% Técnica: Incisão na pele Dissecção de TCSC até localizar aponeurose Fixação da aponeurose com pinças de Kocher Introdução de Agulha de Veress até sentir duplo clique e perda resistência Teste da gota/injeção de SF Pulmonar:CO2 Hipercapnia... Acidose respiratória Aumento a PIT Diminui a complacência pulmonar Aumento da resistência aérea Aumento do espaço morto... Shunt SNC: Hipercarbia pode levar à um aumento na PaCO 2 Aumento do fluxo sanguíneo no SNC Aumento da PIC... Edema cerebral Trendelenburg: Eleva a PIC em até 150% Renal: Aumento da pressão nos vasos e parênquima renal Ativação do sistema RAA... Vasoconstrição renal Diminui a perfusão renal Diminui a filtração glomerular Queda do débito urinário Coagulação e trombose: Aumento da PIA Compressão parcial de veia ilíaca e cava inferior Baixo fluxo venoso MMIIInício do processo de TVP EFEITO CONSEQUENCIA CVC ↓ Retorno venoso ↑FC, ↑PA, ↑ RVP RENAL ↓ Fluxo sanguíneo ↓ Débito urinário SNC Hipercarbia ↑ PIC COAGULAÇÃO Estase em MMII TVP Complicações Pneumoperitôneo Enfisemas do TCSC: Diagnóstico: Crepitação no TCSC Solução: Esvaziamento do CO 2 Reinserção da agulha 0,4 a 2% Danos vasculares: Os vasos mais afetados são os da parede abdominal Atenção especial com os vasos epigástricos Sangramento ao redor do trocarte Aorta, Cava, Porta Danos gastrointestinais Danos do trato urinário: Hematúria Lesões: < 2cm: SVD > 2cm: Sutura em 2 camadas Prevenção: Conhecimento anatômico ´Esvaziamento vesical Embolia gasosa: Mais frequente se há lesão vascular Suspeita: Diminuição da fração expirada de CO 2 Hipotensão profunda Dessaturação AP: “Murmúrio da roda de moinho Manejo: Desinsuflar a cavidade Suspender o uso de N 2 O Aumentar a fração inalada de O 2 DLE + Trendelenburg Hiperventilação Punção venosa central com aspiração de bolhas de CO2 Pneumotórax Pneumomediastino Novas Técnicas MiniLap Avanço natural da CMI Menos trauma Menos dor Menos infecção Melhor estética LESS (Laparoendoscopic Single Site Surgery) Única incisão N.O.T.E.S ( Natural Orifice Translumenal Endoscopic Surgery) ´ Operações realizadas pelo estômago, vagina, bexiga,reto... ´ Sem incisões cutâneas Sem cicatriz ´ Recuperação mais rápida ´ Menos dor ´ Menor hospitalização ´ Ausência de hérnias ´ Menor alterações fisiológicas Desvantagens: Custo elevado Materiais muito frágeis´ Desvantagens: Custo Ergonomia ruim Não evita grandes incisões Perfuração de vísceras ocas Infecção intrabdominal Fístulas Curva de aprendizado maior Maior tempo cirúrgico Custo elevadoPerfuração de vísceras ocas Infecção intrabdominal Fístulas Maior tempo cirúrgico custo elevado Cirurgia Robótica Visão 3D Visão com aumento de até 15x Movimentos precisos e livres de tremor Boa amplitude de movimento Excelente ergonomia Excelentes resultados pós-operatórios Urologia Cirurgia Geral Ginecologia Cirurgia Cardíaca Cirurgia Torácica Princípios a serem observados na escolha de um material de sutura: as suturas devem ser tão ou mais fortes do que os tecidos normais através dos quais são colocadas; a pele e a fáscia são os tecidos mais fortes, sendo que o estômago, intestino e bexiga urinária são os mais fracos; as suturas não são necessárias após a ferida ter cicatrizado; as feridas viscerais cicatrizam rapidamente, mantendo a ten-são entre 14 e 21 dias, sendo que as suturas absorvíveis são mais adequadas para estes tecidos. a fáscia e a pele cicatrizam com mais vagar, sendo as suturas não absorvíveis as mais indicadas; suturas monofilamentosas su-portam mais contaminação do que as suturas multifilamentosas; suturas sintéticas são superio-res às suturas naturais; ácido poliglicólico, poliglactina 910, polidioxanona, náilon monofilamentoso e polipropileno têm a menor incidência de infecção quando usado em tecidos contaminados as condições mecânicas das su-turas devem ser similares a dos tecidos a serem unidos. Absorvíveis: -categute: biológico, podem ser simples ou cromados. Não devem ser empregados em suturas superficiais devido sua grande permeabilidade. Muito usados em cirurgias gastrintestinais, ginecológicas e urológicas - ácido poliglicólico: sintético. Resistência tênsil maior que o categute. Usado na sutura de músculos, fáscias, tecido celular subcutâneo. - ácido poligáctico: usado em cirurgias gastrintestinais, urológicas e ginecológicas. - polidioxanona: absorção lenta com manutenção da resistência tênsil por longo período. Usado na sutura de tendões, capsulas articulares, fechamento da parede abdominal. Não absorvíveis: - seda - algodão - poliéster: fios resistentes e de grande durabilidade. Exelentes para suturas de aponeuroses, tendões e vasos. - nylon: caracteriza-se pela elasticidade e resistência á água. - polipropileno: muito usado em sutura vascular. DIRETRIZES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA A ABORDAGEM INICIAL DAS QUEIMADURAS No Brasil, as queimaduras representam um agravo significativo à saúde pública. Algumas pesquisas apontam que, entre os casos de queimaduras notificados no País, a maior parte ocorre nas residências das vítimas e quase a metade das ocorrências envolve a participação de crianças. Entre as queimaduras mais comuns, tendo as crianças como vítimas, estão as decorrentes de escaldamentos (manipulação de líquidos quentes, como água fervente, pela curiosidade característica da idade) e as que ocorrem em casos de violência doméstica. Por sua vez, entre os adultos do sexo masculino, as queimaduras mais frequentes ocorrem em situações de trabalho. Os idosos também compreendem um grupo de risco alto para queimaduras devido à sua menor capacidade de reação e às limitações físicas peculiares à sua idade avançada. Já para as mulheres adultas, os casos mais frequentes de queimaduras estão relacionados às várias situações domésticas (como cozimento de alimentos, riscos diversos na cozinha, acidentes com botijão de gás etc.) e, eventualmente, até as tentativas de autoextermínio (suicídio). De uma forma geral, para toda a população, as queimaduras devido ao uso de álcool líquido e outros inflamáveis são as predominantes. Outras formas muito comuns de queimaduras são as que ocorrem por agentes químicos e as decorrentes de corrente elétrica. Estas são as mais frequentes no atendimento às vítimas em centros de tratamento de queimaduras. As queimaduras químicas são produzidas por agentes ácidos ou por bases e são capazes de causar, além do dano cutâneo ou no trato respiratório, alterações sistêmicas diversas. Por sua vez, as queimaduras elétricas são geralmente muito agressivas. Muitas vezes, suas vítimas são trabalhadores que sofrem tais agravos no exercício de seu ofício profissional. A seguir: as diretrizes do Ministério da Saúde para o tratamento a pacientes portadores de queimaduras. As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (tais como a energia térmica, química ou elétrica) capazes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular. Tais agravos podem ser classificados como queimaduras de primeiro grau, de segundo grau ou de terceiro grau. Esta classificação é feita tendo-se em vista a profundidade do local atingido. Por sua vez, o cálculoda extensão do agravo é classificado de acordo com a idade. Nestes casos, normalmente utiliza-se a conhecida regra dos nove, criada por Wallace e Pulaski, que leva em conta a extensão atingida, a chamada superfície corporal queimada (SCQ). Para superfícies corporais de pouca extensão ou que atinjam apenas partes dos segmentos corporais, utiliza-se para o cálculo da área queimada o tamanho da palma da mão (incluindo os dedos) do paciente, o que é tido como o equivalente a 1% da SCQ. A avaliação da extensão da queimadura, em conjunto com a profundidade, a eventual lesão inalatória, o politrauma e outros fatores determinarão a gravidade do paciente. O processo de reparação tecidual do queimado dependerá de vários fatores, entre eles a extensão local e a profundidade da lesão. A queimadura também afeta o sistema imunológico da vítima, o que acarreta repercussões sistêmicas importantes, com consequências sobre o quadro clínico geral do paciente. TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA DAS QUEIMADURAS 1. Tratamento imediato de emergência: • Interrompa o processo de queimadura. • Remova roupas, joias, anéis, piercings e próteses. • Cubra as lesões com tecido limpo. 2. Tratamento na sala de emergência: ABCDE a. Vias aéreas (avaliação): Avalie a presença de corpos estranhos, verifique e retire qualquer tipo de obstrução. b. Respiração: Aspire as vias aéreas superiores, se necessário. Administre oxigênio a 100% (máscara umidificada) e, na suspeita de intoxicação por monóxido de carbono, mantenha a oxigenação por três horas. Atenção: na suspeita de lesão inalatória: queimadura em ambiente fechado com acometimento da face, presença de rouquidão, estridor, escarro carbonáceo, dispneia, queimadura das vibrissas, insuficiência respiratória: • Mantenha a cabeceira elevada (30°). • Indique intubação orotraqueal quando: a escala de coma Glasgow for menor do que 8; a PaO2 for menor do que 60; a PaCO2 for maior do que 55 na gasometria; a dessaturação for menor do que 90 na oximetria; houver edema importante de face e orofaringe. Atenção, na dúvida proceda a intubação. Lembre que o edema progride rapidamente e as conseqüências de uma demora serão sérias. c. Avalie se há queimaduras circulares no tórax, nos membros superiores e inferiores e verifique a perfusão distal e o aspecto circulatório (oximetria de pulso). d. Avalie traumas associados, doenças prévias ou outras incapacidades e adote providências imediatas. e. Exponha a área queimada. f. Acesso venoso: Obtenha preferencialmente acesso venoso periférico e calibroso, mesmo em área queimada, e somente na impossibilidade rêmora desta utilize acesso venoso central. Lembre: o acesso central não está indicado rotineiramente. g. Instale sonda vesical de demora para o controle da diurese nas queimaduras em área corporal superior a 20% em adultos e 10% em crianças. 3. Profundidade da queimadura: a. Primeiro grau (espessura superficial) – eritema solar: • Afeta somente a epiderme, sem formar bolhas. • Apresenta vermelhidão, dor, edema e descama em 4 a 6 dias. b. Segundo grau (espessura parcial-superficial e profunda): • Afeta a epiderme e parte da derme, forma bolhas ou flictenas. • Superficial: a base da bolha é rósea, úmida e dolorosa. • Profunda: a base da bolha é branca, seca, indolor e menos dolorosa (profunda). • A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias. c. Terceiro grau (espessura total): • Afeta a epiderme, a derme e estruturas profundas. • É indolor. • Existe a presença de placa esbranquiçada ou enegrecida. • Possui textura coreácea. • Não reepiteliza e necessita de enxertia de pele (indicada também para o segundo grau profundo). 4. Extensão da queimadura (superfície corpórea queimada – SCQ). • Regra dos nove (urgência). • A superfície palmar do paciente representa cerca de 1% da SCQ. • Áreas nobres/queimaduras especiais: Olhos, orelhas, face, pescoço, mão, pé, região inguinal, grandes articulações (ombro, axila, cotovelo, punho, articulação coxofemural, joelho e tornozelo) e órgãos genitais, bem como queimaduras profundas que atinjam estruturas profundas como ossos, músculos, nervos e/ou vasos desvitalizados. 5. Cálculo da hidratação: Fórmula de Parkland = 4 ml x % SCQ x peso (kg): • Idosos, portadores de insuficiência renal e de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) devem ter seu tratamento iniciado com 2 ml/kg/%SCQ e necessitam de observação mais criteriosa quanto ao resultado da diurese. • Use preferencialmente soluções cristaloides (ringer com lactato). • Faça a infusão de 50% do volume calculado nas primeiras 8 horas e 50% nas 16 horas seguintes. Considere as horas a partir da hora da queimadura. • Mantenha a diurese entre 0,5 a 1ml/kg/h. • No trauma elétrico, mantenha a diurese em torno de 1,5 a 2 ml/kg/hora ou até o clareamento da urina. • Observe a glicemia nas crianças, nos diabéticos e sempre que necessário. • Na fase de hidratação (nas 24h iniciais), evite o uso de colóide (ex: albumina), sangue, diurético, antibióticos profiláticos e drogas vasoativas. 6. Tratamento da dor: Instale acesso intravenoso e administre: • Para adultos: Dipirona 1 grama IV, ou Morfina = 1ml (ou 10mg) diluído em 9ml de solução fisiológica (SF) a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso. • Para crianças: Dipirona 25mg/kg IV; ou Morfina = 10mg diluída em 9ml de SF a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso. 7. Gravidade da queimadura - Condições que classificam queimadura grave: • Extensão maior do que 20% de SCQ em adultos. • Extensão maior do que 10% de SCQ em crianças. • Idade menor do que 3 anos ou maior do que 65 anos. Presença de lesão inalatória. • Politrauma e doenças prévias associadas. • Queimadura química. • Trauma elétrico. • Áreas nobres/especiais. • Violência, maus-tratos, tentativa de autoextermínio (suicídio), entre outras. 8. Medidas gerais imediatas e tratamento da ferida: • Limpe a ferida com água e clorexidina degermante a 2%. Na falta desta, use água e sabão neutro. Mantenha elevada a cabeceira da cama do paciente, pescoço em hiperextensão e membros superiores elevados e abduzidos, se houver lesão em pilares axilares. • Administre toxóide tetânico para profilaxia/reforço antitétano. • Administre bloqueador receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse. • Administre heparina subcutânea para profilaxia do tromboembolismo. • Administre sulfadiazina de prata a 1% como antimicrobiano tópico. • Curativo exposto na face e no períneo. • Curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de morim ou de tecido sintético (rayon) contendo o princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%), gaze absorvente/gaze de queimado, algodão hidrófilo e atadura de crepe. • Restrinja o uso de antibiótico sistêmico profilático (ATBP) apenas às queimaduras potencialmente colonizadas e com sinais de infecção local ou sistêmica. Em outros casos, evite o uso. Atenção: o ATBP não está indicado de forma rotineira. • Evite o uso indiscriminado de corticosteroides por qualquer via. • As queimaduras circunferenciais em tórax podem necessitar de escarotomia para melhorar a expansão da caixa torácica. • Para escarotomia de tórax, realize incisão em linha axilar anterior unida à linha abaixo dos últimos arcos costais. Para escarotomia de membros superiores e membros inferiores, realize incisões mediais e laterais. • Habitualmente,não é necessária anestesia local para tais procedimentos; porém, há necessidade de se proceder à hemostasia. 9. Trauma elétrico: • Identifique se o trauma foi por fonte de alta tensão, por corrente alternada ou contínua e se houve passagem de corrente elétrica com ponto de entrada e saída. Avalie os traumas associados (queda de altura e outros traumas). • Avalie se ocorreu perda de consciência ou parada cardiorrespiratória (PCR) no momento do acidente. • Avalie a extensão da lesão e a passagem da corrente. • Faça a monitorização cardíaca contínua por 24h a 48h e faça a coleta de sangue para a dosagem de enzimas (CPK e CKMB). • Procure sempre internar o paciente que for vítima deste tipo de trauma. • Avalie eventual mioglobinúria e estimule o aumento da diurese com maior infusão de líquidos. • Na passagem de corrente pela região do punho (abertura do túnel do carpo), avalie o antebraço, o braço e os membros inferiores e verifique a necessidade de escarotomia com fasciotomia em tais segmentos. 10. Queimadura química: • A equipe responsável pelo primeiro atendimento deve utilizar proteção universal para evitar o contato com o agente químico. • Identifique o agente causador da queimadura: ácido, base ou composto orgânico. Avalie a concentração, o volume e a duração de contato. • Lembre que a lesão é progressiva, remova as roupas e retire o excesso do agente causador. • Remova previamente o excesso com escova ou panos em caso de queimadura por substância em pó. • Dilua a substância em água corrente por no mínimo 30 minutos e irrigue exaustivamente os olhos no caso de queimaduras oculares. • Interne o paciente e, na dúvida, entre em contato com o centro toxicológico mais próximo. • Nas queimaduras por ácido fluorídrico com repercussão sistêmica, institua a aplicação por via endovenosa lenta de soluções fisiológicas com mais 10ml de gluconato de cálcio a 10% e acompanhe laboratorialmente a reposição do cálcio iônico. • Aplique gluconato de cálcio a 2,5% na forma de gel sobre a lesão, friccione a região afetada durante 20 minutos (para atingir planos profundos) e monitore os sintomas dolorosos. • Caso não haja melhora, infiltre o subcutâneo da área da lesão com gluconato de cálcio diluído em soro fisiológico a 0,9%, na média de 0,5ml por centímetro quadrado de lesão, com o uso de agulha fina de 0,5cm, da borda da queimadura com direção ao centro (assepsia normal). • Nos casos associados à dificuldade respiratória, poderá ser necessária a intubação endotraqueal. 11. Infecção da área queimada: São considerados sinais e sintomas de infecção em queimadura: • Mudança da coloração da lesão. • Edema de bordas das feridas ou do segmento corpóreo afetado. • Aprofundamento das lesões. • Mudança do odor (cheiro fétido). • Descolamento precoce da escara seca e transformação em escara úmida. • Coloração hemorrágica sob a escara. • Celulite ao redor da lesão. • Vasculite no interior da lesão (pontos avermelhados). • Aumento ou modificação da queixa dolorosa. 12. Critérios de transferência de pacientes para unidades de tratamento de queimaduras: • Queimaduras de 2° grau em áreas maiores do que 20% da SCQ em adultos. • Queimaduras de 2° grau maiores do que 10% da SCQ em crianças ou maiores de 50 anos. • Queimaduras de 3° grau em qualquer extensão. • Lesões na face, nos olhos, no períneo, nas mãos, nos pés e em grandes articulações. • Queimadura elétrica. • Queimadura química. • Lesão inalatória ou lesão circunferencial de tórax ou de membros. Doenças associadas, tentativa de autoextermínio (suicídio), politrauma, maus- tratos ou situações sociais adversas. • A transferência do paciente deve ser solicitada à unidade de tratamento de queimaduras (UTQ) de referência, após a estabilização hemodinâmica e as medidas iniciais, com leito de UTI reservado para queimados. • Pacientes graves somente deverão ser transferidos acompanhados de médico em ambulância com UTI móvel e com a possibilidade de assistência ventilatória. • O transporte aéreo para pacientes com trauma, pneumotórax ou alterações pulmonares deve ser realizado com extremo cuidado, pelo risco de expansão de gases e piora clínica. • As UTQs de referência sempre têm profissionais habilitados para dar orientações sobre o tratamento completo das vítimas de queimaduras. • A transferência do paciente deve ser solicitada à UTQ de referência após a estabilização hemodinâmica e as medidas iniciais. • Envie sempre relatório com todas as informações colhidas, as anotações de condutas e os exames realizados. Introdução ao Tratamento das Queimaduras - SBCP O conceito de Queimadura é bastante amplo, mas basicamente podemos entender como uma queimadura toda a lesão de tecido orgânico, com destruição do revestimento epitelial, a partir de um agente agressor externo. A gravidade da queimadura também pode ser ampla, podendo variar desde lesões mais simples, que se apresentam apenas com eritema e flictenas, até formas graves, capazes de desencadear um grande número de respostas sistêmicas na vítima. As queimaduras podem ser de 4 tipos: térmica, elétrica, química ou biológica, dependendo do mecanismo de agressão e de seu agente. No Brasil, o tipo de queimadura mais comum é a térmica, acometendo principalmente crianças abaixo de 5 anos de idade. As queimaduras são classificadas de acordo com sua profundidade em: Queimadura de Primeiro Grau: atinge somente a epiderme, não provoca alteração sistêmica, hemodinâmica ou clínica significativas, tem epitelização completa em cerca de 3-6 dias, sem deixar cicatrizes. Caracteriza-se basicamente pela dor, as vezes importante, e pelo eritema acentuado e persistente. Um exemplo clássico é a queimadura solar. Queimadura de Segundo Grau: atinge a epiderme e parte da derme. Clinicamente se apresenta com bolhas ou flictenas, hiperemiadas ou não. Preserva os anexos cutâneos, os quais são os responsáveis pelo processo de reepitelização (glândulas sudoríparas e folículos pilosos). Dependendo da profundidade na derme, são classificadas em Queimadura de Segundo Grau Superficial e em Queimadura de Segundo Grau Profundo. As primeiras atingem basicamente a camada papilar da derme. Caracterizam-se por terem uma superfície rósea abaixo da epiderme descolada na flictena ou bolha. São muito dolorosas, cicatrizam em cerca de 15 dias e geralmente, se bem conduzidas, não deixam cicatrizes. As de segundo grau profundo caracterizam-se por acometerem as camadas mais profundas da derme, por serem menos dolorosas e por terem uma superfície mais esbranquiçada abaixo do tecido descolado. A reepitelização é mais lenta, demorando cerca de 30 dias, evoluindo normalmente com cicatrizes. Um exemplo clássico é a queimadura com líquido superaquecido. Queimadura de Terceiro Grau: são profundas, acometem a epiderme, a derme e os tecidos mais profundos, atingindo o tecido celular subcutâneo (TCSC). Não são dolorosas, pela destruição das terminações nervosas sensitivas dérmicas. Não reepitelizam espontaneamente devido a destruição completa dos anexos cutâneos. Apresentam um aspecto céreo, endurecido, “tipo couro”. Têm consistência endurecida, podendo apresentar por transparência vasos trombosados. Deixam sequelas cicatriciais graves, com contraturas e retrações. Alguns autores classificam ainda as queimaduras graves que acometem tecidos profundos, como tendões, músculos e ossos em Queimadura de Quarto Grau. Atualmente a tendência da literatura é classificar as queimadurasem: Queimadura de Espessura Parcial Superficial: incluindo as Queimaduras de Primeiro Grau e as queimaduras de Segundo Grau Superficial. Queimadura de Espessura Parcial Profunda: incluindo as Queimaduras de Segundo Grau Profundo. Queimadura de Espessura Total: incluindo as Queimaduras de Terceiro Grau. Fisiopatologia: A fisiopatologia das queimaduras é basicamente dividida em dois aspectos principais: No aumento da permeabilidade capilar e no edema tecidual. Com o trauma determinado pela queimadura, temos a exposição de colágeno e consequente ativação e liberação de histamina pelos mastócitos – provocando aumento da permeabilidade capilar e edema. Ativam-se ainda o sistema da calicreína, produzidas pelas cininas, e as prostaglandinas, determinando um aumento ainda maior na permeabilidade capilar, provocando acentuação no edema e gerando hipovolemia. A dificuldade de manter o líquido no intravascular atinge seu auge em cerca de 8h após a queimadura. Inicialmente, essas alterações se dão exclusivamente na área queimada, mas repercutem em todo o organismo. As moléculas de alto peso molecular migram para o interstício, levando consigo grandes volumes de líquido, reduzindo o volume circulante intravascular – contribuindo para o choque hipovolêmico. A diminuição do volume circulante eleva os níveis do hormônio anti-diurético, retendo Sódio e excretando Potássio nos rins. Além disso, a alteração na polaridade da membrana celular determina a migração de Sódio e água para o intracelular e a saída de Potássio. Assim, entende-se que a alteração na permeabilidade capilar é considerada o fator de maior impacto na chamada “Fase de Choque do Queimado”. Esse fenômeno, se bem conduzido e tratado, tende a ceder em 24h após a queimadura. Por isso, devemos infundir apenas cristalóides nas primeiras 24h de queimadura, deixando os colóides para a segunda fase do tratamento se necessário. Se infundirmos colóides nas primeiras 24h (período de aumento na permeabilidade capilar) teremos uma acentuação substancial no edema tecidual, que passará de local, para sistêmico, agravando a condição clínica do paciente. Abordagem primária do paciente queimado: A avaliação inicial equivale a de qualquer paciente vítima de trauma, preconizada pelo ATLS. Uma modificação minemônica inteligente é a preconizada pelo Advanced Burn Life Support que é o ABCDEF: A: Via aérea; B: Ventilação; C: Circulação; D: Déficit neurológico; E: Exposição F: Fluidos (reposição vigorosa de fluidos: Ringer Lactato (RL)) via veia periférica de grosso calibre. Durante a abordagem inicial, simultaneamente, devemos identificar possíveis lesões associadas, colher história detalhada do trauma, circunstâncias da lesão, antecedentes do paciente e etc. Resumo das Condutas Básicas (também chamado de “Princípios do Controle do Dano”): 1) Parar a queimadura (irrigação abundante e prolongada do local atingido). 2) Estimar a Superfície Corporal Queimada (SCQ). 3) Oferecer oxigênio suplementar (se SCQ>20%), intubação endotraqueal precoce se necessário. 4) Hidratação vigorosa (2-4ml de RL X Peso Corporal em Kg X SCQ), sendo que o volume total deve ser oferecido em 24h da seguinte forma: 50% do volume deve ser infundido nas primeiras 8h de queimadura, 25% nas próximas 8h e 25% nas 8h restantes. 5) SNG (se SCQ>20%). 6) Sonda de Foley. 7) Analgesia: Morfina IV. 8) Avaliar pulsos periféricos. 9) Estimar a limitação para ventilação. 10) Oferecer apoio emocional e para controle do suicídio. 11) Bloqueadores H2 ou Bomba de Prótons (se SCQ>20%). 12) Atenção: NÃO usar antibióticos profiláticos 13) Atenção: NÃO usar Diuréticos 14) Atenção: NÃO usar Corticóides Cálculo da SCQ: Em 1951, Wallace propôs um método não muito preciso, mas suficientemente acurado para servir de avaliação inicial aproximado da SCQ: “Regra dos Nove” = 9% para a cabeça, 9% para cada Membro Superior, 18% para cada membro inferior, 18% para o tronco anterior e 18% para o tronco posterior; e 1% para o pescoço. Outro método de aceitável precisão é usarmos a área da palma da mão da vítima para estimar o equivalente a 1% da sua superfície corporal. Nos centros especializados para tratamento de queimados (CTQs), utiliza-se a Tabela de Lund e Browder, que é mais acurada e específica, pontuando valores diferentes para áreas diferentes do corpo e variando com a idade do paciente. Na emergência, cabe ressaltar que o cálculo da SCQ é inexato (pois a queimadura ainda está em definição) e serve para estimar a gravidade do quadro e o volume líquido a ser infundido inicialmente. Critérios de Internação: O critério de internação é individual e muito variável, mas de modo geral interna-se o paciente: Adulto com >20% SCQ de Segundo Grau ou mais; e Crianças com >10% SCQ de Segundo Grau ou mais. Devemos internar ainda pacientes com queimadura em áreas de risco (face, genitais, etc); pacientes com comorbidades; vítimas de queimaduras elétricas, químicas, de via aérea; vômitos; condições sociais de risco. Na dúvida: devemos hospitalizar o paciente, por pelo menos 24h, e reavaliá-lo após o período inicial de hidratação.T Reposição Volêmica: Universalmente utilizada, a Fórmula de Parkland preconiza a infusão de 4 ml de RL X Peso Kg X %SCQ, oferecendo 50% nas primeiras 8h (contadas do horário da queimadura e não da chegada no hospital). Os 50% restantes são infundidos nas 16h restantes. Na verdade, este cálculo é APENAS uma estimativa inicial do volume a ser infundido. Atenção: a quantidade real de líquido a ser infundida nas primeiras 24h será titulada a partir do volume urinário do paciente. O objetivo será mantermos a diurese horária em pelo menos 0,5 ml/kg (nas queimaduras elétricas: 1-2 ml/kg). Se o volume calculado inicialmente não for suficiente para manter a diurese nestes níveis: aumentaremos a infusão ou alteraremos a conduta (soluções hipertônicas). Se a diurese for facilmente obtida (ou superada) poderemos reduzir a infusão. De modo geral, após o período inicial das primeiras 24h, o volume de hidratação deve ser controlado pela diurese do paciente, sendo esta mantida entre 30-50ml/h. Em queimaduras elétricas este volume deve aumentar, sendo que devemos obter uma diurese de 75-100ml/h. Se houver mioglobinúria, podemos utilizar um diurético osmótico (manitol 12,5g por litro de líquido reposto). Podemos ainda alcalinizar a urina com Bicarbonato de Sódio, visto que os pigmentos da Heme são mais solúveis em meio alcalino. Importante: Para calcular o número de gotas por minuto: Os níveis glicêmicos devem ser monitorados frequentemente, especialmente em lactentes. Se hipoglicemia: acrescenta-se 5%de glicose ao RL. Geralmente, inicia-se com Albumina IV no segundo dia de internação, com o objetivo de restaurar a pressão coloidosmótica. A infusão de albumina é então mantida durante todo o período de hidratação. Imunização do Tétano: O esquema de profilaxia vai variar de acordo com a imunização prévia do paciente e com as características do ferimento (toxóide tetânico e globulina hiperimune). Tratamento Tópico da Queimadura: Nos anos 1960, introduziu-se o tratamento tópico com antibióticos nos pacientes queimados, sendo que a mortalidade apresentou sua maior queda histórica. Desde então, a terapia tópica vem evoluindo e atualmente, nos CTQs utilizam-se os seguintes tratamentos: Sulfadiazina de Prata 1%: fármaco de escolha na maioria dos CTQs. Efeito adverso: Leucopenia transitória. Aplicação pode ser de12/12h. Tem amplo espectro, mas geralmente é ineficaz contrao enterococos. Nitrato de Cério: é um imunomodulador, se fixa ao Polímero Lipoproteico (LPC), metabólito tóxico presente na pele queimada, formando uma barreira que impede a entrada de elementos tóxicos na circulação. Ele penetra da escara da queimadura. Geralmente é associado à Sulfadiazina de Prata 1%. Mafenide 11%: boa opção para Pseudomonas.Tem especial indicação para ferimentos infectados, com pus ou profundos. Penetra muito bem na queimadura. Como efeito adverso, o Mafenide inibe a anidrase carbônica, levando o paciente a perda renal de bicarbonato, acidose metabólica e hiperventilação compensatória. A aplicação é dolorosa. É bem indicado na prevenção de condrite nas orelhas. Dependendo da área acometida pela queimadura e da experiência do CTQ, o curativo do queimado pode ser aberto ou fechado (oclusivo). Por exemplo: as queimaduras na face e nos genitais geralmente são conduzidas com curativos abertos, já queimaduras em membros: curativos oclusivos. Tratamento Cirúrgico da Queimadura: A abordagem cirúrgica atual das queimaduras é mais agressiva e invasiva, sendo que o objetivo é transformar uma queimadura em uma ferida cirúrgica e enxertá-la. Com isso, os resultados de redução de mortalidade e recuperação funcional apresentaram melhora. Geralmente, ainda na primeira semana de internação, inicia-se com as excisões precoces das áreas queimadas. Realiza-se o debridamento e a enxertia de segmentos queimados.
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