Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Superovulação e Colheita de Embriões (SOV-TE) A técnica de superovulação e colheita de embriões consiste em re- colher embriões de uma H¿mea doadora� Sue serão transHeridos para uma H¿mea receptora com a ƒnalidade de completarem o perÃodo de Iestação� 4epresenta uma biotecnoloIia mundialmente diHundida� e um importante instrumento para o melhoramento genético de reba- nhos� acelerando e conHerindo maior precisão no processo de sele- ção animal (BARUSELLI et al., 2006). A H¿mea bovina é monoovulatÉria, portanto apenas um oÉcito deve ser liberado de um HolÃculo durante seu ciclo estral. 1 princÃpio da técnica de superovulação envolve o conceito de induzir a ovula- ção de v±rios HolÃculos, e a liberação de v±rios oÉcitos, e permitir a Hertilização e o desenvolvimento destas estruturas até o est±dio de blastocisto. Assim, são coletados v±rios embriões de uma H¿mea superovulada, o Sue permite a disseminação de sua genética de Hor- ma mais abrangente do Sue no caso da inseminação artiƒcial, onde apenas um embrião é Hormado. Este resultado é alcançado através da aplicação de hormÊnios, Sue impedem o HenÊmeno de domin³ncia Holicular, observado nas vacas (B¡ et al., 2006). 10 Biotécnicas da Reprodução em Bovinos Dinâmica folicular &urante a onda de crescimento Holicular, tr¿s Hases estão presentes. 1 recrutamento corresponde ao inÃcio do crescimento de v±rios HolÃculos, desencadeado pelo hormÊnio HolÃculo estimulante ((S*). A segunda Hase corresponde ¯ seleção e dominância� um HolÃculo cresce mais do Sue os outros, e se torna dominante. A presença de um HolÃculo maior inibe o crescimento dos demais HolÃculos. 1 crescimento Holicular nesta Hase depende do (S* e de pulsos basais de L*. 1 HolÃculo dominante produz alta concentração de estrÉgeno (1�b estradiol). A terceira Hase é a ovulação, Sue é desencadeada pelo pico de L* liberado pela hipɃse. A ovulação somente ocorre se, no momento em Sue o HolÃculo dominan- te produz alta concentração de estrÉgeno, não eZistam nÃveis elevados de progesterona. 1u seLa, caso um corpo lÐteo Huncional esteLa presen- te, não haver± liberação de pico de L* nem a ovulação. 1s HolÃculos da onda Sue não ovularem (incluindo os HolÃculos dominantes), entrarão em atresia ş processo de degeneração das estruturas. 2ortanto, normal- mente apenas um HolÃculo ovula por ciclo estral, liberando um oÉcito. 1 ciclo estral da vaca compreende 2 a � ondas de crescimento Holicular, porém somente uma é terminada na aus¿ncia de nÃveis elevados de progesterona ()I06*ER et al., 1���� AER6S e B1LS, 2010). Superovulação Os protocolos de superovulação visam promover o crescimento e ovu- lação de todos os HolÃculos recrutados. 2ara tanto, a onda Holicular é sincronizada, e altas doses de (S* são administradas aos animais antes Sue se estabeleça a domin³ncia. Assim, os eHeitos inibitÉrios do HolÃculo dominante sobre o crescimento dos demais HolÃculos são bloSueados, e os eHeitos deletérios da atresia sobre a Sualidade dos oÉcitos ovula- dos são evitados. 2ortanto, o hormÊnio HolÃculo estimulante em altas concentrações promove o crescimento simult³neo de v±rios HolÃculos com caracterÃsticas ƒsiolÉgicas semelhantes daSueles selecionados para ovularem. A diverg¿ncia Holicular é impedida, e os HolÃculos terci±rios Sue seriam Hadados a atresia se tornam HolÃculos ovulatÉrios (%AR8A- L*O et al., 200�). 11 Biotécnicas da Reprodução em Bovinos Seleção das doadoras As H¿meas selecionadas para participar de programas de superovulação devem ser geneticamente superiores, e apresentar adequado estado nutricional. Ao contrário do que ocorre na produção in vitro de embri- ões, na qual todo o processo de embriogênese ocorre no laboratório, no procedimento de SOV o sistema reprodutivo da doadora é utilizado para produzir os embriões. 2ortanto, a mesma deve apresentar ciclos estrais regulares. Ao exame reprodutivo, é importante descartar animais apre- sentando deHeitos anatÊmicos, tais como desvio de cervix, distÐrbios reprodutivos, incluindo patologias de etiologia genética – que podem ser transmitidas aos descendentes – e adquiridas, como aderências uterinas, de tuba, ovário, mucometra, entre outras. Estas condições im- pedem a coleta, o desenvolvimento e transporte adequado dos gametas e embriões, inviabilizando o procedimento (BARUSELLI et al., 2006). Seleção das receptoras A seleção das receptoras é um ponto crÃtico. A aquisição das Hêmeas é custosa e delicada, e o ideal é a utilização de animais do próprio reba- nho para evitar problemas inHecciosos (S%A0AVE< et al., 201�). Aqui no Campo Experimental Santa Mônica (CESM), as receptoras utilizadas são novilhas pesando mais de ��0 Mg, com porte adequado ¯ raça da doadora do embrião a ser transHerido, e com condições reprodutivas adequadas. O animal deve ter apresentado pelo menos dois cios regula- res, não demonstrar distúrbios de pelve e nutricionais, e ter condições uterinas adequadas, sem assimetria e sinais de endometrite. A escolha das receptoras é crucial para o sucesso do programa de TE, pois qual- quer distúrbio pode causar reabsorção embrionária, abortamento, e até mesmo distocias no momento do parto. Protocolo de Superovulação O 2rotocolo apresentado Hoi adaptado para animais mestiços )ir-*olan- dês, e é utilizado com sucesso nas condições do CESM. Diluição do FSH – O protocolo hormonal utilizado Hoi delineado para animais mestiços. A quantidade de (S* administrada pode variar de 12 Biotécnicas da Reprodução em Bovinos acordo com caracterÃsticas raciais e também individuais. A dose ideal deve ser ajustada de acordo com a resposta de cada doadora. 1. &iluir o conteúdo lioƒlizado de (S* (1.000 UI) em 21 mL de so- lução ƒsiológica. Em seguida, dividir o conteúdo em 0� Hrascos contendo 7 mL cada. 2. Acrescentar 1� ml de solução ƒsiológica em cada Hrasco, de modo a completar para um volume ƒnal de 20 mL. 3. 2reparar duas seringas dos seguintes volumes� � mL, 3 mL, 2 mL e 1 mL – duas de cada, correspondendo ao volume ƒnal de 20 mL. 4. Identiƒcar as seringas com os dias para aplicação de cada uma (opcional) – exemplo: 6ª manhã, 6ª tarde, sábado manhã, sába- do tarde, domingo manhã, domingo tarde, 2ª manhã, 2ª tarde -, e completar cada seringa para � mL com solução ƒsiológica. (Este procedimento evita possÃveis perdas na aplicação de volumes pequenos, mas as seringas poderão ser conHundidas caso não haja identiƒcação adequada). Sincronização da onda folicular (d0) - Este procedimento visa “zerar” as ondas Holiculares existentes e iniciar uma nova onda. 0a presença de progesterona, o benzoato de estradiol induz a atresia de todos os HolÃcu- los ovarianos, e uma nova onda Holicular emergirá em 4 dias. 2ara este ƒm, inserir o dispositivo de progesterona (implante auricular ou vaginal) e aplicar 2 mg de benzoato de estradiol. Aplicação de FSH para driblar o fenômeno de seleção e dominância (d5 a d8) – Suplementar o (S* a partir do quinto dia do protocolo, em doses decrescentes conHorme especiƒcado abaixo: - dia �: 66 UI (seringa de 4 mL) pela manhã e ¯ tarde� - dia 6: �0 UI Horam aplicadas (seringa de 3 mL) pela manhã e pela tarde� - dia 7: 33 UI Horam aplicadas (seringa de 2 mL) pela manhã e pela tarde� - dia �: 16 UI Horam aplicadas (seringa de 1 mL) pela manha e pela tarde. 13 Biotécnicas da Reprodução em Bovinos Lise do corpo lúteo, fonte endógena de progesterona (d7) – Na tarde do sétimo dia do protocolo, aplicar nas doadoras via intramuscular 225 mg (3 mL) de d-clorprostenol, análogo da 2)(2D, para promover a lise do CL. Indução de ovulação dos folículos crescidos (d9) e inseminação (d9 e 10) – Ao ƒnal do tratamento com (S*, os HolÃculos já estarão cres- cidos e deverá ser aplicado um indutor de ovulação, por exemplo, um medicamento análogo ao )nR* (buserelina), na quantidade de 0,02 mg (5 mL)no nono dia. A inseminação artiƒcial deve ser realizada 12 h após (dia � do protocolo ¯ tarde), e se possÃvel repetida no décimo dia do protocolo pela manhã. Procedimento de colheita dos embriões – A colheita dos embriões é realizada no sétimo dia após a segunda inseminação artiƒcial. Neste pe- rÃodo, os embriões estão Ɠutuando no lúmen da ponta dos cornos uteri- nos, e se apresentam normalmente em Hase de mórula ou blastocisto. Com o animal contido no tronco, é realizada higienização da região perineal do mesmo. Em seguida, a doadora é anestesiada por injeção epidural baixa de 0,06 g de cloridrato de lidocaÃna (3 mL). O expansor de cérvix pode auxiliar o procedimento em animais de cer- vix estreita, como normalmente é o caso de novilhas. Este instrumento é passado no interior da cérvix. A sonda de (ole[ estéril deve ser inserida via intracervical com o auxÃlio de um mandril, e posicionada no corpo uterino. O balão deve ser inƓado com ar, até ƒxar a sonda no local desejado. O mandril é retirado, e uma sonda um ; é acoplada ¯ sonda de (ole[, compondo o sistema Hechado de colheita de embriões (Figura 1). Em suas outras extremidades, são ƒxados o Hrasco de &2BS, e o copo coletor de embriões. O sistema contém uma trava em cada extremidade, para controle da entrada e saÃda do lÃquido instilado, Hormando uma pressão negativa que Hacilita a retirada do conteúdo, por siHonagem. 14 Biotécnicas da Reprodução em Bovinos A solução utilizada, “&WNDGEEo 2JoURJCtG $WƑGrGF 5CNinG” (&2BS) é uma solução salina tamponada, com osmolaridade e p* ƒsiológico, de Horma a manter as caracterÃsticas do embrião. Também contém antibió- tico, reduzindo as possÃveis contaminações. O copo coletor apresenta um ƒltro que permite a retenção apenas dos embriões, desprezando o restante do conteúdo recuperado. Instila-se o conteúdo até encher os cornos, Hecha-se a trava da saÃda do &2BS, e a saÃda para o copo coletor é aberta, recolhendo o lÃquido instilado. A operação é repetida várias vezes, até lavar o útero com cerca de 1 L, quando o balão é desinƓado e é retirada a sonda do animal. A sonda pode ser ƒxada no corpo do útero, lavando o útero de uma só vez, ou na base de cada corno uterino, e a lavagem é realizada em um corno por vez. Seleção e classiƒcação dos embriões recuperados 1. &eixar todo o lÃquido retido no sistema escorrer ao copo coletor. 2. Retira-se o copo, e com auxÃlio de seringa agulhada, o ƒltro é lava- do com &2BS, e transHere-se o conteúdo para uma placa de 2etri 15 Biotécnicas da Reprodução em Bovinos (placa de rastreamento). Com uma caneta de retroprojetor, marcar a placa para Hacilitar a procura. 3. Em outra placa de 2etri, distribuir dez gotas de solução de manuten- ção de embriões. No microscópio estereoscópico, selecionar as estru- turas recuperadas presentes na placa de rastreamento, e com auxilio de uma micropipeta transHerir os embriões para a primeira gota de meio. Os embriões devem ser lavados em todas as gotas do meio para diminuir a possibilidade de contaminação, de acordo com as recomendações da Sociedade Internacional de TransHerência de Em- briões (“International Embryo Transfer Society”- IETS). Os embriões são classiƒcados por sua morHologia em mórula, blastocisto inicial e blastocisto, que são normalmente as estruturas encontradas quando a coleta é Heita no 7o dia após a IA, além de estruturas degeneradas. 4. Os embriões produzidos no CESM pela técnica de superovulação são destinados ¯ criopreservação, e serão transHeridos Huturamen- te para receptoras, no 7º dia após cio. O resumo esquemático do protocolo apresentado encontra-se na Figura 2. Desenvolvimento embrionário em bovinos Embrião é um organismo nos primeiros estádios de desenvolvimento, que não apresenta ainda caracterÃsticas anatômicas que permitam a 16 Biotécnicas da Reprodução em Bovinos identiƒcação de sua espécie – um embrião de bovino é semelhante a um embrião de camundongo, por exemplo. Feto é um organismo que já se apresenta potencialmente Hormado, caracterizado anatomicamente por sua espécie, mas ainda depende das condições uterinas para sobrevivência. A embriogênese em mamÃHeros se inicia com a Hecundação do oócito e Hormação do zigoto (Figura 3). A singamia é o processo de Husão entre o pronúcleo Heminino e masculino, após a Hertilização do oócito pelo espermatozóide (WATSON & BARCROFT, 2001). Clivagens – 2or um perÃodo variável entre espécies, o zigoto soHre su- cessivas clivagens – ciclos de divisões mitóticas. As células dos embri- ões são denominadas blastômeros. As células do zigoto e dos embriões de 2, 4 e � células são totipotentes – podem dar origem a indivÃduos completos e aos componentes Hetais da placenta (SEN)ER, 2003). Morulação – A Hormação da mórula ocorre no estádio de 16 a 32 célu- las, e corresponde ao aparecimento de junções tipo )A2 nas células in- ternas, que permitem a comunicação entre elas além de Hazer com que 17 Biotécnicas da Reprodução em Bovinos as mesmas permaneçam Hortemente unidas. As células externas desen- volvem as junções “tight” entre as células, Hazendo com que as mesmas apresentem Horte comunicação. Se torna diHÃcil a distinção dos blastô- meros nestas estruturas, e sua contagem, por sua compactação. Assim, o sódio é bombeado para espaços intercelulares e por osmose a água se acumula nestes locais, Hormando a blastocele (STANTON et al, 2003). Blastulação - Neste estádio, é Hormado o primeiro grupo de células que contribuirá para a Hormação de um novo indivÃduo, denominado massa celular interna - a porção embrionária dos blastocistos. Esta diHerencia- ção ocorre quando o acúmulo de lÃquido e a blastocele (cavidade em- brionária) são estabelecidos. Este grupo de células permanece protegido da exposição ao lÃquido, e se mantém pluripotente. As células externas do embrião se diHerenciam em células troHoblásticas – um grupo de células que dará origem ¯ porção embrionária da placenta. Após a ex- pansão dos blastocistos, ocorre a segregação da massa celular interna em células que constituirão o endoderma primitivo (que mais tarde dará origem ao saco vitelino), e em células pluripotentes, do epiblasto (que darão origem ao indivÃduo). A partir do estádio de blastocisto, células troHoblásticas não contribuem mais para a Hormação das linhagens deri- vadas da massa celular interna (SENGER, 2003). Eclosão – Após o desenvolvimento do blastocisto, é preciso que haja a eclosão do mesmo para que seja possÃvel sua implantação. 2rimeira- mente, o blastocisto precisa aumentar o número de células e acumular lÃquido suƒciente na blastocele, para que exerça pressão adequada so- bre a zona pelúcida. As células troHoblásticas então iniciam a produção de enzimas proteolÃticas que promoverão o enHraquecimento da zona pelúcida, que é Hacilmente rompida quando ocorre o aumento da pres- são. Nos últimos estádios do processo, o blastocisto intercala pulsos de contração e relaxamento, e estes pulsos de pressão gerados cau- sam a ruptura ƒnal da zona pelúcida. Assim, o embrião adquire contato direto entre as células troHoblásticas do embrião e as células uterinas da Hêmea gestante, dando inicio ao processo de implantação embrionária (WATSON et al., 2004). 18 Biotécnicas da Reprodução em Bovinos 2ara Classiƒcação de Embriões e Vitriƒcação de Embriões, acessar o capÃtulo de 2rodução in vitro de Embriões. Material utilizado para a realização da superovulação e colheita de embriões - Estereomicroscópio (70 X) - Sondas uterinas de Foley (tamanhos 18, 20, 22) - Mandril para ƒxação da sonda - Sistema coletor (equipo) em Y - Filtros com copo coletor para coleta de embriões - Seringas descartáveis de 20 ml - Seringas descartáveis de 50 mL - Agulha 19G - 2lacas de 2etri 100 x 20 mm - 2lacas de 2etri 40 x 10 mm - Micropipetador 5-20 uL - 2alheta de 0,25mL - &M2BS - Solução *olding - 2onteiras descartáveis Literatura Complementar GONALVES, 2. B. &.� FIGUEIRE&O, ,. R.� FREITAS, V. ,. F. Biotécni- cas Aplicadas à Reprodução Animal. São 2aulo: Varela, 2002. 340 p. *AFE<, E. S. E.� *AFE<, B. Reproduction in Farm Animals. 7. ed. Maryland: Lippincott Williams & Wilkins, 2000. 528 p. 2ALMA, G. A. Biotecnologia de la Reproducción. Local: Argentina. Ediciones Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuaria (INTA), 2001. p. 149-197. SENGER, 2. L. Pathways to Pregnancy and Parturition. 2. ed. Local: Moscow, Indiana. Current Conceptions, Inc., 2003. p. 284-296.
Compartilhar