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Epidemiologia 
das Doenças Ocupacionais
2/127
Epidemiologia das Doenças Ocupacionais
Autor: Alessandro Formenton
Como citar este documento: FORMENTON, Alessandro. Epidemiologia das Doenças Ocupacionais. 
Valinhos: 2014.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Epidemiologia das Doenças Ocupacionais
 Assista a suas aulas
04
29
Unidade 2: Epidemiologia das Doenças e Agravos Não Transmissíveis: principais doenças 
relacionadas ao trabalho 
Assista a suas aulas
38
Unidade 3: Estudos Epidemiológicos
Assista a suas aulas
64
85
Unidade 4: Monitoramento Clínico-Epidemiológico das Populações Humanas Expostas a 
Situações de Risco
Assista a suas aulas
94
2/123
118
55
3/127
Apresentação da Disciplina
Nesta disciplina, você será apresentado aos principais conceitos da epidemiologia. Esses 
conceitos servirão de base para você, durante sua atividade profissional como enfermeiro 
do trabalho. Dentro desse escopo, na primeira aula da disciplina você será apresentado à 
epidemiologia, seus conceitos básicos e a história natural das doenças. Em seguida, você terá 
acesso à epidemiologia e agravos de doenças não transmissíveis relacionadas ao trabalho e 
vigilância epidemiológica. Na terceira aula serão discutidos os estudos epidemiológicos. Na 
quarta aula você terá acesso ao monitoramento das situações de risco. 
Bons estudos!
4/127
Unidade 1
Epidemiologia das Doenças Ocupacionais
Objetivos
Nesta primeira aula nós vamos entrar 
em contato com uma visão geral e com 
aspectos históricos da ciência chamada 
Epidemiologia. Para melhor entender como 
o processo saúde-doença se dá e quais são 
seus determinantes, estaremos discutindo 
também a história natural das doenças. Por 
fim, vamos conhecer os conceitos básicos e 
usos da epidemiologia descritiva. 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais5/127
Introdução
Etimologicamente, epidemiologia (epi= sobre; demo= população e logos= tratado) significa 
“ciência do que se abate sobre o povo” ou “o estudo que afeta a população”. 
Com o avanço e ampliação do campo de aplicação da epidemiologia, muitas definições 
surgiram na tentativa de expressar com maior precisão a evolução da disciplina, visto que 
sua temática é dinâmica e seu objeto, complexo. As definições mais antigas estão limitadas 
à preocupação com as doenças transmissíveis, já as mais recentes incluem as doenças não 
infecciosas e outros problemas e agravos à saúde. 
Tradicionalmente, a Epidemiologia tem sido definida como a ciência que estuda a distribuição 
das doenças e suas causas em populações humanas e pode ser considerada a ciência básica da 
saúde coletiva. Atualmente, pode-se dizer que a Epidemiologia se constitui a principal ciência 
da informação em saúde.
A International Epidemiological Association (IEA, 1973, p. 25) define epidemiologia como:
o estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças 
nas coletividades humanas. Enquanto a clínica dedica-se ao estudo da doença no 
indivíduo, analisando caso a caso, a Epidemiologia debruça-se sobre os problemas 
de saúde em grupo de pessoas [...] na maioria das vezes envolvendo populações 
numerosas.
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais6/127
Para Rouquayrol (1993), epidemiologia é 
a ciência que estuda o processo saúde-
enfermidade na sociedade, analisando 
a distribuição populacional e fatores 
determinantes do risco de doenças, 
agravos e eventos associados à saúde, 
propondo medidas específicas de 
prevenção, controle ou erradicação 
de enfermidades, danos ou problemas 
de saúde e de proteção, promoção ou 
recuperação da saúde individual e coletiva, 
produzindo informação e conhecimento 
para apoiar a tomada de decisão no 
planejamento, administração e avaliação 
de sistemas, programas, serviços e ações 
de saúde. 
Autores norte-americanos, europeus e 
latino-americanos definem epidemiologia 
de modo bastante semelhante, tendo como 
ponto comum o estudo da distribuição 
das doenças nas coletividades humanas e 
dos fatores causais responsáveis por essa 
distribuição. Esse conceito toma por base 
relações existentes entre os fatores do 
ambiente, do agente e do hospedeiro.
Outros autores, especialmente latino-
americanos, avançam em direção a uma 
nova epidemiologia, que dá ênfase ao 
estudo da estrutura socioeconômica 
a fim de explicar o processo saúde-
doença de maneira histórica, tornando a 
epidemiologia um dos instrumentos de 
transformação social.
Entre os principais objetivos da 
epidemiologia estão o de identificar fatores 
etiológicos na gênese das enfermidades e 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais7/127
o de fornecer subsídios para a redução dos problemas de saúde na população, e sua aplicação 
pode ser colocada em três grupos:
• Análise das situações de saúde – desenvolve e aplica metodologias para a descrição e 
análise das situações de saúde, fornecendo subsídios para o planejamento e organização 
das ações de saúde.
• Estudo dos determinantes de saúde-enfermidades – possibilita o avanço do 
conhecimento sobre os determinantes do processo saúde-doença, contribuindo para o 
avanço no conhecimento etiológico-clínico.
• Avaliação de tecnologias e processo no campo da saúde – pode ser empregada na 
avaliação de programas, atividades e procedimentos terapêuticos no que se refere 
tanto a sistemas de prestação de serviços quanto ao impacto das medidas de saúde na 
população. 
Essas formas de aplicações podem auxiliar decisões em nível coletivo e individual. Em nível 
coletivo, as decisões em saúde são tomadas a partir das evidências epidemiológicas, no sentido 
de implementar novas intervenções, reorientar ou manter as existentes. Em nível individual, 
o uso da epidemiologia pode orientar os profissionais de saúde no sentido de fundamentar 
decisões e condutas como diagnósticos clínicos, solicitação de exames e prescrição de vacinas, 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais8/127
drogas e regimes alimentares.
1. Evolução Histórica da Epidemiologia
A história da epidemiologia pode ser traçada desde a Antiguidade Clássica, tendo Hipócrates, 
médico grego que viveu há cerca de 2500 anos, como seu precursor. Esse sábio dominou o 
pensamento médico de sua época e dos séculos seguintes. Para ele, as doenças eram produto 
da relação entre o indivíduo e o ambiente que o cerca, analisando a doença em bases racionais, 
distanciando-se das explicações sobrenaturais até então aceitas. Além disso, estudou as 
doenças epidêmicas e as variações geográficas das condições endêmicas e é considerado por 
alguns o primeiro epidemiologista (FILHO, ROUQUAYROL, 2006).
A tradição de Hipócrates foi mantida na Roma Antiga, preservada por árabes na Idade Média 
e retomada, primeiramente por clínicos na Europa Ocidental, a partir da Renascença, e depois, 
por toda a parte. Porém, durante séculos, até a metade do século XIX, a teoria que dominou os 
pensamentos médicos em relação às doenças foi a teoria dos miasmas.
No início da Idade Média, o domínio do catolicismo romano e as invasões bárbaras 
determinaram o predomínio de práticas de saúde de caráter mágico religioso. Amuletos, 
orações e cultos a santos protetores da saúde materializavam a ideologia religiosa da salvação 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais9/127
da alma, ficando as ações coletivas em saúde em segundo plano, restritas a momentos de 
pragas e epidemias. 
Somente no século XIX uma massa crítica de investigações e pensamento epidemiológico 
surge na ciência. Uma sucessão de acontecimentos, na Europa, influenciava profundamente 
as pessoas e as ideias. A Revolução Industrial, que produziu um intenso deslocamento da 
população do campo para as cidades, atraída pelos empregos nas fábricas recém-criadas, 
a RevoluçãoFrancesa e movimentos políticos sociais da metade do século XIX transformam 
o contexto de vida político e social europeu. Epidemias de cólera, febre tifoide e febre 
amarela constituíam graves problemas nas cidades, levantando preocupações com a higiene, 
aprimoramento da legislação sanitária e criação de estrutura administrativa para aplicação das 
medidas preconizadas. 
 Franceses e ingleses ocuparam posição de destaque na história da medicina e da 
epidemiologia daquela época. Entre eles, podemos destacar:
• Pierre Louis, francês que viveu de 1787 a 1872. Entre suas principais obras destacam-se 
estudos clínico-patológicos sobre a tuberculose e a febre tifoide e análises de internações 
hospitalares em Paris, mais especificamente, a letalidade da pneumonia em relação à 
sangria. Sua maior contribuição foi ter introduzido e divulgado o método estatístico, 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais10/127
utilizando-o na investigação clínica 
das doenças. 
• Louis Villermé (1782-1863), um 
dos pioneiros dos estudos sobre 
a etiologia social das doenças, 
investigou a pobreza, as condições 
de trabalho e suas repercussões 
sobre a saúde, realçando as relações 
entre situação socioeconômica e 
mortalidade.
• William Farr (1807-1883). Entre 
as suas contribuições podem-
se destacar uma classificação 
das doenças, uma descrição das 
leis das epidemias e produção 
de informações epidemiológicas 
sistemáticas que compunham 
os relatórios do Registro Geral 
da Inglaterra. Essas informações 
subsidiaram diversas ações de 
planejamento, prevenção e controle 
das doenças, além de ter servido de 
fonte de dados para os trabalhos 
sobre saúde de outras importantes 
figuras, como Freidrich Engels e 
Edwin Chadwich.
• John Snow (1813-1858) é 
considerado um clássico da 
epidemiologia de campo e recebeu 
esse reconhecimento por seu 
trabalho de investigação no intuito 
de esclarecer a origem das epidemias 
de cólera ocorridas em Londres de 
1849 a 1854. Como resultado de 
uma cuidadosa e planejada coleta 
de dados na comunidade, Snow 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais11/127
conseguiu relacionar o consumo 
de água poluída com os episódios 
de cólera e traçar os princípios da 
prevenção e controle de novos surtos, 
válidos até hoje. 
• Louis Pasteur (1822-1895), 
considerado o pai da bacteriologia, 
foi figura central da microbiologia, 
identificou e isolou inúmeras 
bactérias, além de fazer trabalhos 
pioneiros na imunologia. A partir 
das descobertas de Pasteur, as bases 
biológicas para o estudo das doenças 
infecciosas foram solidificadas dando 
a impressão de que as doenças 
poderiam ser explicadas por uma 
única causa, o agente etiológico, 
e as pesquisas em epidemiologia 
passaram a ter forte componente 
ambulatorial. 
O desenvolvimento da bacteriologia 
na segunda metade do século XIX 
influenciou profundamente as primeiras 
décadas do século XX, levando a uma 
reorientação do pensamento médico e ao 
fortalecimento da medicina organicista 
e científica; o individual suplanta o 
coletivo na abordagem da doença e seus 
determinantes. O conhecimento básico 
sobre as doenças transmissíveis cresce 
rapidamente, dirigindo o conhecimento 
epidemiológico para os processos de 
transmissão ou controle de epidemias. 
Nesse contexto, no Brasil, podemos 
destacar os trabalhos de Oswaldo Cruz, 
que além de fundar o Instituto Oswaldo 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais12/127
Cruz de pesquisa, empreendeu vitoriosa 
campanha contra a febre amarela no Rio 
de Janeiro e o combate à peste e à varíola. 
Além dele, podemos destacar também 
Carlos Chagas, Adolfo Lutz e Emílio 
Ribas, que contribuíram em muitas obras 
Link
Atualmente, os rumos da epidemiologia no 
Brasil são discutidos pela ABRASCO (Associação 
Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva). 
Para saber mais, acesse: http://www.epi2011.
com.br/ e http://www.abrasco.org.br/
grupos/g3.php
públicas com a indicação de medidas de 
saneamento preventivas que deviam ser 
tomadas no controle das doenças.
Na década de 1930, a medicina científica 
entra em crise. O avanço tecnológico leva 
a uma fragmentação do cuidado médico 
que conduz à especialização, à ênfase no 
procedimento, a uma elevação dos custos 
e à capitalização da saúde, o que revela 
uma incapacidade desse modelo de prover 
condições mínimas de vida e saúde para a 
totalidade da população. Assim, renasce 
nesse contexto o caráter social e cultural 
da enfermidade e da medicina. 
A partir da Segunda Guerra Mundial há o 
aperfeiçoamento dos grandes inquéritos 
epidemiológicos, principalmente a respeito 
das doenças não infecciosas que se haviam 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais13/127
revelado como problemas de saúde 
durante o processo de seleção de recrutas 
para o exército. 
Nos Estados Unidos, a medicina preventiva 
se consolida como movimento ideológico, 
o que leva à instalação de departamentos 
específicos nas escolas médicas. Na Europa 
Ocidental, onde o pós-guerra foi marcado 
pelo welfare state, a assistência à saúde 
se integra mais claramente às políticas 
sociais.
O século XX é marcado pela mudança das 
doenças prevalentes, com a crescente 
importância das doenças crônico-
degenerativas como causas de morbidade 
e mortalidade e a epidemiologia progride 
através da pesquisa sobre temas como: 
a determinação das condições de saúde 
da população; a busca sistemática de 
fatores antecedentes ao aparecimento das 
doenças; e a avaliação das intervenções 
propostas para alterar a incidência ou a 
evolução da doença, através de estudos 
controlados.
O desenvolvimento da epidemiologia fez 
com que a disciplina, antes restrita à saúde 
pública e aos aspectos físicos e biológicos, 
se expandisse para a área clínica e social. 
Assim, podemos dizer que a epidemiologia 
moderna se vale dos conhecimentos de 
três áreas básicas: ciências sociais, ciências 
biológicas e estatística.
Das ciências biológicas, a epidemiologia 
apoia-se em conhecimentos da clínica, 
patologia, microbiologia, parasitologia e 
imunologia. Estas áreas do conhecimento 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais14/127
contribuem para melhor descrever as 
doenças e classificá-las. 
As ciências sociais conferem à 
epidemiologia uma visão mais ampla. 
A sociedade como está organizada 
oferece aos indivíduos tanto proteção 
como também determina muitos riscos 
de adoecer, com maior ou menor acesso 
das pessoas às técnicas de prevenção de 
doenças e de promoção e recuperação 
da saúde. Os fatores que produzem as 
doenças são biológicos e ambientais, com 
significados sociais complexos.
A estatística tem papel fundamental 
na epidemiologia. Em diversas fases da 
pesquisa epidemiológica, assume papel 
de realce, como, por exemplo, nas fases 
de planejamento, execução, análise e 
interpretação dos resultados de estudos 
sobre a saúde de grupos de pessoas. 
Após o advento da computação, na 
década de 1960, a estatística traz para 
a epidemiologia um grande avanço e 
transformação. À ampliação dos bancos 
de dados é somada a criação de técnicas 
analíticas com múltiplas especificações, se 
comparadas à analise mecânica dos dados, 
além disso, a computação torna possível 
a realização de pareamentos múltiplos, 
estratificação de variáveis, entre outros 
procedimentos mais complexos e cada vez 
mais precisos.
2. História Natural da Doença 
História natural da doença é o nome dado 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais15/127
ao conjunto de processos interativos 
compreendendo as 
inter-relações do agente, 
do suscetível e do meio 
ambiente que afetam 
o processo global e seu 
desenvolvimento, desde as 
primeiras forças que criam o 
estímulopatológico no meio 
ambiente, ou em qualquer 
outro lugar, passando pela 
resposta do homem ao 
estímulo, até as alterações 
que levam a um defeito, 
invalidez, recuperação ou 
morte (LEAVELL; CLARK, 
1976, p. 50).
O curso da doença no organismo não é 
uniforme, podendo apresentar grandes 
variações, porém é possível delinear alguns 
padrões de progressão da doença que 
podem ser colocados em cinco categorias 
principais (PEREIRA, 2006):
1. Evolução aguda, rapidamente fatal.
2. Evolução aguda, clinicamente 
evidente e com rápida recuperação 
na maioria dos casos.
3. Evolução sem alcançar o limiar 
clínico, de modo que o indivíduo 
não saberá do ocorrido, salvo se for 
submetido a exames laboratoriais.
4. Evolução crônica, que se exterioriza e 
progride para o êxito letal após longo 
período.
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais16/127
5. Evolução crônica, com períodos 
assintomáticos entremeados de 
exacerbações clínicas. 
Embora conceitualmente o processo 
saúde-doença seja contínuo, para melhor 
entendimento, usualmente a história 
natural da doença pode ser dividida 
em período pré-patológico e período 
patológico, em quatro fases a seguir:
• Fase Inicial (ou de suscetibilidade): 
ocorre no período pré-patológico 
e nesta fase ainda não há doença 
propriamente dita, embora existam 
condições que favoreçam o seu 
aparecimento. Vale ressaltar que 
as pessoas não possuem o mesmo 
risco de adoecer e a ocorrência da 
doença vai depender da interação do 
indivíduo com o meio.
• Fase Patológica Pré-Clínica: é a 
primeira fase do período patológico 
e nela a doença ainda está no estágio 
de ausência de sintomatologia, 
embora o organismo já apresente 
alterações patológicas. O seu curso 
pode ser subclínico e evoluir para 
a cura, ou progredir para a fase 
seguinte. Hoje já é possível fazer a 
detecção de diversas doenças ainda 
nesta fase, como, por exemplo, a 
hipertensão arterial assintomática. 
Essa detecção precoce pode 
resultar, muitas vezes, em maior 
êxito no tratamento e prevenção de 
complicações.
• Fase Clínica: é a fase de 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais17/127
manifestação da doença. Há diferentes graus de acometimento do organismo, 
podendo ser leve, mediana ou de grave intensidade, e de evolução aguda ou crônica. 
Essa classificação vai depender da natureza da própria doença e das características e 
suscetibilidade do indivíduo e do meio em que vive. 
• Fase de Incapacidade Residual: esta fase caracteriza-se quando a doença não progride 
até a morte ou não há cura completa e as alterações anatômicas e fisiológicas se 
estabilizam. Nesta fase há um grande predomínio das medidas de reabilitação que visam 
o desenvolvimento da pessoa afetada, que, por vezes, apresenta sequelas.
Quadro 1.1. Período pré-patológico e patológico da história natural da doença (extraído e adaptado de PEREIRA, 2006). 
PERÍODO PRÉ-PATOLÓGICO PERÍODO PATOLÓGICO
Antes de o indivíduo adoecer Curso da doença no organismo humano
Interação de agentes mórbidos, o 
hospedeiro humano e os fatores 
ambientais
Doença 
precoce 
discernível
Doença 
avançada
Convalescença
Alterações 
Precoces
Fase de suscetibilidade
Fase patológica 
pré-clínica
Fase clínica Fase residual
Morte
Invalidez
Cronicidade
LIMIAR CLÍNICO
Recuperação
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais18/127
A divisão da história natural das doenças 
em fases é útil para a compreensão do 
processo saúde-doença e para colocar 
os indivíduos em diferentes categorias 
de acordo com o risco e danos à saúde 
que apresentam, além de facilitar o 
planejamento das ações preventivas e 
curativas. 
São consideradas medidas preventivas 
todas aquelas utilizadas para evitar 
a progressão das doenças ou suas 
consequências. Essas medidas podem ser 
classificadas em medidas inespecíficas 
e específicas; prevenção primária, 
secundária e terciária; cinco níveis de 
prevenção; e medidas universais, seletivas 
e individualizadas (PEREIRA, 2005). Cada 
um desses níveis pode ser aplicado em 
fases específicas da história natural da 
doença. 
• As medidas inespecíficas ou gerais 
têm o objetivo de promover o bem-
estar das pessoas e as medidas 
específicas ou restritas incluem as 
técnicas para lidar com dada doença 
ou agravo à saúde em particular. Elas 
podem ser aplicadas em todas as 
fases do processo saúde-doença.
• A prevenção primária é dirigida 
para a manutenção da saúde, 
ou seja, para evitar novos casos 
de doença ou agravo à saúde. 
As medidas são empregadas no 
período pré-patológico da doença 
e podem ser subdivididas em 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais19/127
dois níveis: promoção da saúde 
(destinadas a manter o bem-estar, 
sem focar nenhuma doença em 
particular, ex.: educação sanitária, 
habitação adequada, emprego e 
salários adequados) e proteção 
específica (inclui medidas para 
impedir o aparecimento de uma 
determinada doença, ex.: vacinação, 
quimioprofilaxia, fluoretação da 
água). 
• A prevenção secundária visa à 
prevenção da evolução do processo 
patológico na tentativa de fazê-lo 
regredir. As medidas são utilizadas 
no período patológico, nas fases 
pré-clínica e clínica da doença, e 
podem ser subdivididas em dois 
níveis: diagnóstico e tratamento 
precoce (trata-se de identificar 
a doença em seu início, antes do 
aparecimento dos sintomas, para 
tentar evitar sua progressão, ex.: 
rastreamento, exames periódicos 
de saúde, autoexame) e limitação 
do dano (consiste em identificar 
a doença, limitar a extensão das 
lesões e retardar o aparecimento das 
complicações, se não for possível 
evitá-las, ex.: acesso ao serviço de 
saúde, tratamento adequado). 
• A prevenção terciária visa 
desenvolver a capacidade funcional 
do indivíduo cujo potencial foi 
reduzido pela doença, ou seja, 
promover o ajustamento do paciente 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais20/127
a condições irreversíveis. As medidas 
são aplicadas na fase residual da 
doença e coincidem com o nível de 
reabilitação (ex.: terapia ocupacional, 
próteses e órteses, adequação 
das ações a uma determinada 
deficiência). 
• As medidas universais são aquelas 
que podem ser aplicadas a todas 
as pessoas já que os benefícios 
ultrapassam os riscos (ex.: 
higiene oral, dieta balanceada). 
As medidas seletivas são aquelas 
aconselhadas apenas a um subgrupo 
da população identificado por 
alguma característica marcante, 
como sexo, idade, ocupação (ex.: 
uso de proteção no trabalho). As 
medidas individualizadas são aquelas 
aplicadas unicamente na presença de 
uma condição que coloca o indivíduo 
em alto risco para o desenvolvimento 
da doença (ex.: quimioprofilaxia da 
tuberculose). Essas medidas são mais 
restritas e individualizadas e são 
utilizadas no período pré-patológico 
da doença.
3. Epidemiologia Descritiva 
A epidemiologia descritiva tem como 
objetivo principal o conhecimento da 
distribuição de um evento na população e 
esse conhecimento pode ser utilizado para 
o direcionamento de ações norteadoras 
e para a elaboração de explicações e 
relações, para mostrar as razões das 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais21/127
variações de frequências na população.
O processo descritivo consiste da 
organização de dados de maneira a 
evidenciar as frequências do evento em 
diversos subgrupos da população, de modo 
a compará-los, por exemplo, entre faixas 
etárias, sexo e tipo de ocupação.
Para o conhecimento da distribuição 
de um evento podemos lançar mão de 
informações sobre a saúde que podem 
referir-se globalmente ou parcialmente a 
uma população.
Quando as informações são globais, ou 
seja, referem-se a toda a população, 
dizemos que há um coeficiente geral.Exemplo: coeficiente geral de natalidade 
(todos os nascimentos de uma dada 
população em um dado período divididos 
pela população geral). Quando as 
informações são específicas, ou seja, 
referem-se a um subgrupo populacional, 
dizemos que há um coeficiente específico. 
Exemplo: mortalidade por sarampo, na 
faixa etária de 1 a 5 anos, no ano de 2011.
 Um estudo epidemiológico descritivo é 
composto por alguns elementos essenciais 
que podem ser resumidos pelos verbetes: 
“que”, “quem”, “onde”, “quando”, “como” 
e “por quê”.
O “que” representa o tipo de evento que 
está sendo estudado. É preciso definir 
muito bem o evento e especificar as suas 
frequências em relação às seguintes 
características, que também podemos 
chamar de variáveis:
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais22/127
• “Quem”, as pessoas que foram 
atingidas pelo evento.
• “Onde”, os lugares em que se deu o 
evento.
• “Quando”, o tempo em que ocorreu o 
evento.
Além disso, é preciso que as informações 
sejam organizadas de forma a mostrar 
“como” os eventos acontecem e variam 
na população, no caminho de esclarecer 
“por quê” o evento ocorre com aquelas 
características, naquela população, 
naquele local e naquele tempo. 
A partir dessa detalhada descrição é 
possível traçar um diagnóstico da situação 
que se pretende estudar e levantar 
hipóteses para explicar a distribuição 
encontrada, acompanhar a evolução 
do problema na coletividade e atuar em 
função desse conhecimento, priorizando 
algumas intervenções e avaliando seus 
efeitos (PEREIRA, 2005).
O estudo descritivo segue as mesmas 
linhas gerais de qualquer estudo científico 
partindo da definição do problema, 
identificação e exame das fontes de dados, 
seleção das variáveis que serão utilizadas, 
discussão dos principais achados 
apontando hipóteses para explicar o 
evento, análise crítica desses achados e 
conclusão.
Um ponto importante a ser destacado para 
o entendimento dos estudos descritivos 
são as fontes de dados. As estatísticas que 
expressam a frequência e distribuição de 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais23/127
um evento podem ser preparadas a partir de três tipos de fontes ou bases de dados: 1) rotineira, 
contínua ou permanente (prontuários médicos, notificações de doenças, atestados de óbitos); 
2) periódica (pesquisas realizadas anualmente) e 3) ocasional (investigações de morbidade). 
Para quem investiga um tema, a busca de informações se dá primeiramente a partir de 
estatísticas que tratem do assunto, que geralmente provêm dos sistemas de informação. As 
estatísticas têm a vantagem de permitir o uso imediato da informação sem precisar coletar os 
dados de outra forma. 
Na falta de estatísticas são feitos levantamentos dos dados em registros já existentes, como 
fichas e prontuários, e se ainda forem necessários dados adicionais que esses últimos registros 
não fornecem, são realizados inquéritos para obtenção dos dados junto às pessoas. 
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais24/127
Glossário
Determinantes: fatores contribuintes ou determinantes parciais, que em sua articulação e provável 
sinergia propiciam a atuação do estímulo patológico.
Epidemia: é a ocorrência em uma comunidade ou região de casos de natureza semelhante, claramente 
excessiva em relação ao esperado.
Teoria miasmática: teoria que defende que a origem das doenças situava-se na má qualidade do 
ar, proveniente das emanações da decomposição de animais e plantas. Os miasmas, ou as emanações, 
passariam do ambiente para os indivíduos suscetíveis, o que explicaria a origem das epidemias das doenças 
contagiosas.
Questão
reflexão
?
para
25/127
Procure em bases de dados científicos um trabalho que 
utilize a epidemiologia descritiva e, de acordo com o 
texto, identifique suas principais características.
26/127
Considerações Finais
 » Epidemiologia tem sido definida como a ciência que estuda a 
distribuição das doenças e suas causas em populações humanas e pode 
ser considerada a ciência básica da saúde coletiva.
 » Os principais objetivos da epidemiologia são identificar os fatores 
etiológicos na gênese das enfermidades e fornecer subsídios para a 
redução dos problemas de saúde na população.
 » As principais aplicações da epidemiologia são: análise das situações de 
saúde, estudo dos determinantes de saúde-enfermidade e avaliação de 
tecnologias e processos no campo da saúde. 
 » A história da epidemiologia pode ser traçada desde a Antiguidade 
Clássica, passando por importantes expoentes no século XIX, 
que levaram ao advento da bacteriologia, importante marco no 
desenvolvimento dessa ciência. O século XX é marcado pela crescente 
importância das doenças crônico-degenerativas.
27/127
 » A epidemiologia moderna se vale dos conhecimentos de três áreas 
básicas: ciências sociais, ciências biológicas e estatística.
 » A história natural da doença pode ser dividida em período pré-
patológico e período patológico, e em quatro fases: inicial, patológica 
pré-clínica, clínica e incapacidade residual.
 » São consideradas medidas preventivas todas aquelas utilizadas para 
evitar a progressão das doenças ou suas consequências. Essas medidas 
podem ser classificadas em medidas inespecíficas e específicas; 
prevenção primária, secundária e terciária; cinco níveis de prevenção; e 
medidas universais, seletivas e individualizadas.
 » A epidemiologia descritiva tem como objetivo principal o conhecimento 
da distribuição de um evento na população.
 » Um estudo epidemiológico descritivo é composto por alguns elementos 
essenciais que podem ser resumidos pelos verbetes: “que”, “quem”, 
“onde”, “quando”, “como” e “por quê”.
Considerações Finais
Unidade 1 • Epidemiologia das Doenças Ocupacionais28/127
Referências
AIE. Associação Internacional de Epidemiologia. Guia de métodos de Enseñanza. IEA/OPAS/OMS, 
Publ. Cient. 266, 1973, 246p.
FILHO, A. N.; ROUQUAYROL, M. Z. Introdução à Epidemiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2006. 281p. 
LEAVEL, H.; CLARK, E. G. Medicina Preventiva. São Paulo: Megraw-Hill, 1976, 744p.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e Saúde. Rio de Janeiro: MEDSI, 1993.
29/127
Aula 1 - Tema: Introdução à Epidemiologia – 
Parte I 
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/75e4fa0c12655b6111225b0bfafd510a>.
Aula 1 - Tema: Conceitos de Epidemiologia – 
Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
ddf5f5912ef2ea23c2c1da4fcb58174e>. 
Assista a suas aulas
30/127
Aula 1 - Tema: Vigilância em Saúde – Parte III 
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
be0c89af861ec25b4a739c0b5a315f7c>.
Aula 1 - Epidemiologia e as Doenças – Parte IV
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/76a37683d904983379e55c20cebbed19>. 
Assista a suas aulas
31/127
1. Assinale a alternativa que apresenta o objetivo da epidemiologia:
a) Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades.
b) Fornecer subsídios para o aumento dos problemas de saúde na população.
c) Compreender o processo saúde-doença.
d) Planejar ações preventivas e curativas à saúde.
e) Promover o bem-estar das pessoas.
Questão 1
32/127
2. O desenvolvimento da bacteriologia na segunda metade do século XIX 
influenciou profundamente as primeiras décadas do século XX, levando 
a uma reorientação do pensamento médico e ao fortalecimento da medi-
cina organicista e científica. Assinale a alternativa queindica uma conse-
quência do desenvolvimento da bacteriologia:
a) Cresce a importância das doenças crônico-degenerativas como causas de morbidade e 
 mortalidade.
b) A medicina preventiva se consolida como movimento ideológico, o que leva à instalação 
 de departamentos específicos nas escolas médicas.
c) O estudo das doenças infecciosas foi solidificado, dando a impressão de que as doenças 
 poderiam ser explicadas por uma única causa, o agente etiológico.
d) Há o aperfeiçoamento dos grandes inquéritos epidemiológicos, principalmente a respeito 
 das doenças não infecciosas.
e) Renasce o caráter social e cultural da enfermidade e da medicina.
Questão 2
33/127
3. Assinale a alternativa que contenha fases da história natural das doen-
ças.
a) Fase pré-patológica e fase pré-clínica.
b) Fase inicial ou de suscetibilidade e fase clínica.
c) Fase pré-patológica e fase clínica.
d) Fase capacidade residual e fase clínica.
e) Fase residual e fase pré-patológica.
Questão 3
34/127
4. Ações de prevenção primária são:
a) Aquelas que visam à prevenção da evolução do processo patológico na tentativa de fazê- 
 lo regredir.
b) Aquelas que visam desenvolver a capacidade funcional do indivíduo cujo potencial foi 
 reduzido pela doença.
c) Aquelas que podem ser aplicadas a todas as pessoas, já que os benefícios ultrapassam os 
 riscos.
d) Aquelas dirigidas para a manutenção da saúde, ou seja, para evitar novos casos de doença 
 ou agravo à saúde. 
e) Aquelas aconselhadas apenas a um subgrupo da população identificado por alguma 
 característica marcante.
Questão 4
35/127
5. O principal objetivo da epidemiologia descritiva é: 
a) Compreender o processo saúde-doença e colocar os indivíduos em diferentes categorias 
 de acordo com o risco e danos à saúde que apresentam.
b) Tornar possível a realização de pareamentos múltiplos, estratificação de variáveis, entre 
 outros procedimentos mais complexos e cada vez mais precisos. 
c) Facilitar o planejamento das ações preventivas e curativas. 
d) Permitir o uso imediato da informação sem precisar coletar os dados de outra forma.
e) Conhecer a distribuição de um evento na população.
Questão 5
36/127
Gabarito
1. Resposta: A.
Entre os principais objetivos da 
epidemiologia estão identificar fatores 
etiológicos na gênese das enfermidades 
e fornecer subsídios para a redução dos 
problemas de saúde na população.
2. Resposta: C.
O desenvolvimento da bacteriologia 
na segunda metade do século XIX 
influenciou profundamente as primeiras 
décadas do século XX, levando a uma 
reorientação do pensamento médico e ao 
fortalecimento da medicina organicista 
e científica, e o individual suplanta o 
coletivo na abordagem da doença e seus 
determinantes. As bases biológicas para 
o estudo das doenças infecciosas foram 
solidificadas, dando a impressão de que 
as doenças poderiam ser explicadas por 
uma única causa, o agente etiológico, e 
as pesquisas em epidemiologia passaram 
a ter forte componente ambulatorial. O 
conhecimento básico sobre as doenças 
transmissíveis cresce rapidamente, 
dirigindo o conhecimento epidemiológico 
para os processos de transmissão ou 
controle de epidemias.
3. Resposta: B.
A história natural da doença pode ser 
dividida em período pré-patológico e 
período patológico, e em quatro fases: 
inicial ou de suscetibilidade, patológica 
pré-clínica, clínica e incapacidade residual.
37/127
4. Resposta: D.
A prevenção primária são ações dirigidas 
para a manutenção da saúde, ou seja, para 
evitar novos casos de doença ou agravo 
à saúde. As medidas são empregadas 
no período pré-patológico da doença e 
podem ser subdivididas em dois níveis: 
promoção da saúde (destinadas a manter 
o bem-estar, sem focar nenhuma doença 
em particular, ex.: educação sanitária, 
habitação adequada, emprego e salários 
adequados) e proteção específica (inclui 
medidas para impedir o aparecimento de 
uma determinada doença, ex: vacinação, 
quimioprofilaxia, fluoretação da água).
Gabarito
5. Resposta: E.
A epidemiologia descritiva tem como 
objetivo principal o conhecimento da 
distribuição de um evento na população, e 
esse conhecimento pode ser utilizado para 
o direcionamento de ações norteadoras 
e para a elaboração de explicações e 
relações, para mostrar as razões das 
variações de frequências na população..
38/127
Unidade 2
Epidemiologia das Doenças e Agravos Não Transmissíveis: principais doenças relacionadas ao 
trabalho 
Objetivos
Nesta aula, você irá conhecer a 
epidemiologia das principais doenças e 
agravos relacionados ao trabalho. Você 
será apresentado aos riscos ocupacionais: 
químico, físico, biológico e ergonômico. 
Por fim, discutiremos as relações entre o 
adoecimento e os riscos do trabalho.
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho39/127
Introdução
Observa-se um aumento significativo 
na incidência de doenças crônicas 
degenerativas relacionadas ao aumento 
da exposição a agentes tóxicos de origem 
ambiental ou ocupacional. Tal fenômeno 
é resultado das mudanças do processo 
produtivo e do uso de novas tecnologias. 
Nesta aula, será discutida a epidemiologia 
das doenças e agravos não transmissíveis: 
suas condições geradoras e possíveis 
agravos à saúde do trabalhador.
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho40/127
1. Epidemiologia das Doenças e Agravos Não Transmissíveis: princi-
pais doenças relacionadas ao trabalho
1.1. Risco Químico
É o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos como 
solventes, agrotóxicos, metais pesados, entre outros.
1.2. Mercúrio.
A exposição ocupacional ao mercúrio é conhecida desde a antiguidade, quando era usado 
na decoração e pintura de castelos. A industrialização diversificou sua aplicação, além de ser 
utilizado como cosmético em ambiente médico hospitalar e em restaurações de amálgama 
na odontologia (FARIA, 2003). O Hidrargirismo é a denominação da doença ocupacional 
decorrente da intoxicação por mercúrio.
Atualmente, a exposição ao mercúrio ocorre em atividades como garimpo, manipulação de 
amálgamas, indústria elétrica, na produção de cloro e soda. Inúmeros acidentes ambientais 
têm levado à contaminação das águas, de peixes e crustáceos que são consumidos pela 
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho41/127
população. 
Em seres humanos, a mortalidade devido 
à contaminação por mercúrio varia de 7% 
a 11%, sendo que muitos sobreviventes 
apresentam sequelas neurológicas. Em 
intoxicações agudas, são observados 
efeitos como depressão do sistema 
respiratório, alterações cardiovasculares 
(edema pulmonar) e gastrointestinais 
(diarreia, vômito, corrosão da mucosa 
gástrica). Já em intoxicações crônicas, 
observa-se alteração do sistema nervoso 
central, levando a danos cerebrais 
irreversíveis.
1.3. Chumbo
A intoxicação ocupacional por chumbo 
é denominada Saturnismo e o aumento 
da sua incidência é uma consequência do 
processo de industrialização. Ela ocorre 
em atividades como mineração, fundição, 
manipulação de baterias elétricas, soldas, 
manipulação de sucatas, indústria de 
plástico e tinturas. 
A absorção do chumbo ocorre por contato 
com a pele, ingestão de alimentos ou 
água contaminada e, na maioria dos 
casos, por inalação. Ele tem ação tóxica 
sobre o sistema nervoso, promovendo 
a desmielinização e degeneração dos 
axônios, o que pode provocar um dano ao 
nervo periférico conhecido como “queda 
do punho” devido à paresia do nervo radial. 
Observam-se ainda como sintomas gerais: 
cólicas abdominais,anemia e neuropatia.
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho42/127
 1.4. Agrotóxicos
Os agrotóxicos são utilizados para o 
controle de pragas na agricultura, combate 
a vetores, tratamento de madeiras, 
produção de flores e na pecuária. Quanto 
à classificação, temos: inseticidas 
(organofosforados, carbamatos e 
organoclorados), fungicidas, herbicidas, 
paraquat e agente laranja (utilizado como 
arma de guerra no Vietnã). 
A intoxicação por agrotóxicos atinge 
principalmente os trabalhadores rurais, 
porém, pode atingir outros profissionais 
que atuam na produção, transporte, 
manipulação e armazenamento. 
Nos casos de intoxicação crônica, os 
sintomas aparecem de forma tardia e são 
indefinidos, já nos casos de intoxicação 
aguda, os sintomas são severos. 
Os sintomas são variáveis, podendo ser 
classificados como leves (fadiga, cefaleia 
e distúrbios gastrointestinais), moderados 
(fraqueza, dificuldade de fala, mialgia) e 
intensos (dificuldade respiratória, sudorese 
intensa, náuseas e vômitos). 
1.5. Solventes
A manipulação de solventes ocorre 
principalmente em indústrias 
petroquímicas, na produção e manipulação 
de vernizes, tintas, colas e plásticos. Muito 
frequentemente, a absorção ocorre por 
inalação, uma vez que existe uma alta 
solubilidade desses elementos na corrente 
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho43/127
sanguínea.
Entre os sintomas temos: irritabilidade, 
depressão respiratória, agitação psíquica, 
cefaleia severa, fadiga, perda de memória.
2. Risco Biológico
É o perigo a que determinado indivíduo 
está exposto ao manipular produtos 
contendo micro-organismos, como 
bactérias, vírus, fungos, parasitas, ou 
secreções, como sangue.
O risco biológico é frequentemente 
observado em atividades de profissionais 
de saúde, como enfermeiros, 
fisioterapeutas, médicos e dentistas, 
mas outros profissionais também estão 
expostos ao manipular alimentos, lixo, 
restos de animais e meios de cultura. 
Os acidentes com material biológico 
são classificados em: leves (contato 
com secreções, urina ou sangue em 
pele íntegra), moderados (contato com 
secreções ou urina em mucosas; sem 
sangue visível) e graves (contato de líquido 
orgânico contendo sangue visível com 
mucosas ou exposição percutânea com 
materiais perfurocortantes).
Estima-se que após a exposição 
percutânea com agulha contaminada o 
risco de contaminação com o vírus da 
hepatite B (HBV) é de 6 a 30%, com o vírus 
da hepatite C (HCV) é de 0,5 a 2% e com o 
vírus da AIDS (HIV), de 0,3 a 0,4% (BRASIL, 
2005).
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho44/127
Profissionais que atuam diretamente em 
contato com o público (recepcionistas, 
enfermeiros, professores) estão sujeitos 
a contato com pessoas portadoras de 
enfermidades e podem ser acometidos 
por virose, escabiose e infecções das vias 
aéreas.
As atividades laborais desenvolvidas 
por trabalhadores braçais, pedreiros, 
marceneiros, lixeiros, trabalhadores rurais, 
jardineiros, expõem esses profissionais 
ao risco de adquirir tétano, doença grave 
causada pela toxina do Clostridium tetani 
– bactéria que penetra no organismo via 
lesões da pele. 
3. Risco Ergonômico 
É o perigo a que determinado indivíduo 
está exposto ao desenvolver a tarefa, 
considerando a biomecânica do 
trabalhador relacionada à carga 
de trabalho, ritmo e movimentos 
desenvolvidos.
A sobrecarga estática ocorre quando 
o trabalhador desenvolve a atividade 
por longos períodos com limitação 
de movimentos corporais, levando à 
sobrecarga do sistema osteomuscular; 
da mesma forma, trabalhos de ritmo 
intenso também podem provocar lesões 
musculoesqueléticas e alterações 
psíquicas. 
Observa-se, frequentemente, o 
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho45/127
desrespeito da biomecânica do trabalhador 
na realização de tarefas que impõem 
movimentos de torção, flexão de tronco, 
braços suspensos, cadeiras sem apoios, 
exigência de força muscular intensa, 
jornadas prolongadas, controle excessivo 
de produtividade, repetitividade de tarefas, 
ritmos excessivos ou monotonia. 
4. Risco Físico 
São considerados riscos físicos as diversas 
formas de energia, tais como: ruído, 
temperaturas extremas, vibração, pressões 
anormais, radiação e umidade.
4.1. Ruído
A exposição ao ruído, a curto, médio e 
longo prazo, pode provocar sérios prejuízos 
à saúde. As alterações podem ser imediatas 
ou graduais dependendo da exposição, 
nível sonoro e da sensibilidade individual. 
O limite para exposição ao ruído segue 
a lógica de quanto maior o ruído, menor 
deve ser a exposição. Níveis elevados de 
ruído podem ocasionar fadiga, perda de 
memória, irritabilidade, dificuldade de 
concentração, hipertensão, alterações 
cardíacas, gastrointestinais e perda 
temporária ou definitiva da audição. 
A exposição máxima ao ruído não pode 
ultrapassar o limite de tolerância para 
ruído, de acordo com o Quadro 2.1:
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho46/127
Quadro 2.1: Limites de tolerância para exposição ao ruído.
Nível de ruído dB
Máxima exposição 
diária permissível
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 40 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
Nível de ruído dB
Máxima exposição 
diária permissível
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
Fonte: BRASIL, 2011, p. 2.
4.2. Vibração
Ao operar máquinas ou manipular 
equipamentos o trabalhador pode ser 
exposto a vibrações que podem ser 
localizadas (uso de ferramentas manuais) 
ou generalizadas (operação de tratores). 
Essa exposição pode levar a alterações 
neurovasculares em membros superiores e 
inferiores, assim como a lesões na coluna.
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho47/127
4.3. Radiação
É uma forma de energia que é transmitida 
por ondas eletromagnéticas. Pode ser 
classificada em dois grupos: radiações 
ionizantes (que podem afetar o organismo 
em nível celular), como aparelhos de 
raios X, e radiações não ionizantes 
(provenientes de operação em fornos, 
radiação ultravioleta), que geram efeitos 
como perturbações visuais (conjuntivites, 
cataratas), queimaduras, lesões na pele 
etc. 
4.4. Temperaturas Extremas 
A exposição ao calor excessivo em trabalho 
a céu aberto, em fornos ou próximo de 
outras fontes de calor intenso pode levar 
o trabalhador a desenvolver desidratação, 
insolação, fadiga e alterações neurológicas.
Já o trabalho em condições de frio intenso 
pode acarretar no desenvolvimento de 
congelamento, doenças respiratórias, 
hipotermia fadiga física.
4.5. Pressões Anormais 
O trabalho em altas pressões é aquele 
que é desenvolvido com níveis de pressão 
acima da pressão atmosférica normal. 
Pode ocorrer em atividades realizadas em 
tubulações de ar comprimido, máquinas 
de perfuração, caixões pneumáticos e 
trabalhos executados por mergulhadores. 
Geralmente são usados na construção 
de pontes e barragens. A variação brusca 
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho48/127
dos níveis de pressão pode causar mal-
estar, cefaleia e embolias, podendo levar o 
trabalhar a óbito.
4.6.Umidade 
As atividades ou operações executadas 
em locais alagados ou encharcadas, 
com umidade excessiva, são capazes de 
produzir danos à saúde dos trabalhadores. 
A exposição do trabalhador à umidade 
pode acarretar doenças do aparelho 
respiratório, quedas, doenças de pele, 
doenças circulatórias, entre outras. 
5. Doenças Osteomuscula-
res Relacionadas ao Trabalho 
(DORT)
As DORT também são conhecidas como 
doenças dos tecidos moles causadas por 
esforços repetitivos. São caracterizadas 
por acometer tendões, nervos e músculos 
de membros superiores, estão presentes 
em diferentes ocupações e ocorrem devido 
à associação de movimentos repetitivos e 
sobrecarga muscular.
A fisiopatologia inclui processo 
inflamatório, fadiga neuromuscular e 
isquemia de tecidos. O diagnóstico é 
definido pela história ocupacional e exame 
físico, observa-se: dor, paresia, edema, 
rigidez matinal, alterações de temperatura 
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho49/127
e formigamento.
O tratamento inclui a avaliação do 
trabalho buscando eliminar os possíveis 
estressores que estão fadigando o 
sistema osteomuscular do trabalhador. 
Além de eliminar a fonte, dependendo 
do grau de lesão o tratamento pode 
envolver fisioterapia, medicamentos (anti-
inflamatórios) ou ato cirúrgico.
5.1 Lesões de Coluna 
A atividade laboral gera frequentemente 
lesões de coluna. Os sintomas evoluem de 
forma gradativa e não necessariamente 
o trabalhador apresenta histórico de 
acidente ou trauma direto sobre a coluna, 
sendo observada relação direta entre 
insatisfação profissional e desconforto 
motor.
Além dos fatores de risco individuais 
(idade, sexo, anormalidades 
musculoesqueléticas, força e resistência 
muscular e condicionamento físico), 
a coluna sofre durante a ocupação 
profissional com atividades de 
levantamento, torção e encurvamento, 
com posturas inadequadas e tarefas 
repetitivas.
Dependendo do grau da lesão, além de 
dor local e limitação de movimento, pode 
ocorrer lesão do disco intervertebral. O 
grau de lesão, a limitação e a dor são 
parâmetros que devem ser avaliados para 
indicação de afastamento do trabalhador. 
Orienta-se tratamento conservador, 
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho50/127
sintomatológico, fisioterapia e avaliação do 
ambiente de trabalho.
5.2. Cardiorrespiratório
O trabalho pode levar tanto ao 
agravamento de doenças preexistentes 
quanto à ocorrência de muitas patologias. 
O estresse influencia diretamente a 
ocorrência de patologias do miocárdio, a 
organização do trabalho tem relação direta 
sobre a saúde do trabalhador. Fatores 
como: carga de trabalho, insegurança, 
insatisfação, monotonia, grau de 
responsabilidade e trabalho em turnos são 
fatores ambientais geradores de estresse.
Os nitratos orgânicos têm ação 
vasodilatadora, influenciando o controle 
da pressão arterial; os solventes são 
cardiotóxicos e levam à diminuição 
da contractilidade do miocárdio e, 
dependendo da exposição, podem levar à 
parada cardiorrespiratória.
Gases, partículas suspensas, fumos e 
aerossóis são absorvidos pelos pulmões. As 
partículas maiores atingem nasofaringe e 
traqueia, já as partículas menores chegam 
aos brônquios e alvéolos. A gravidade das 
lesões é determinada pela natureza do 
agente, tempo de exposição, concentração 
do agente e suscetibilidade do indivíduo.
Os principais agentes causadores de lesões 
pulmonares são: arsênico, sílica, poeiras de 
algodão, asbesto, gás cloro, flúor e poeiras 
de resíduos biológicos. 
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho51/127
5.3. Rins e Fígado 
Tanto os rins quanto o fígado são órgãos filtradores que desempenham função de 
desintoxicação do organismo. Quando o trabalhador é exposto a uma substância química 
tóxica, observam-se reflexos na atividade devido a lesões agudas ou crônicas que interferem na 
eficiência desses órgãos.
A hepatite aguda pode ocorrer devido à exposição a solventes alifáticos, aromáticos e metais, 
como arsênico, chumbo e fósforo. Já a manifestação crônica ocorre de forma tardia e pode 
ser associada a medicamentos, álcool e infecções virais. O diagnóstico diferencial buscando 
identificar possível relação com o trabalho é feito com base na história clínica-ocupacional e 
análise dos riscos a que o trabalhador está exposto.
Glossário
Aerossóis: uma suspensão de matérias sólidas ou líquidas sob a forma de partículas muito finas em um 
gás.
DATASUS: Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde.
Paresia: perda parcial da função muscular. Pode atingir membros superiores e inferiores. 
Questão
reflexão
?
para
52/127
O portal DATASUS (disponível em: http://www2.
datasus.gov.br) disponibiliza informações que podem 
servir para subsidiar análises objetivas da situação 
sanitária, tomadas de decisão baseadas em evidências 
e elaboração de programas de ações de saúde. 
Visite o site, conheça as estatísticas de sua região e 
compare o local onde vive com outras regiões do Brasil. 
Estão disponíveis dados de morbidade, incapacidade, 
acesso a serviços, qualidade da atenção, condições de 
vida e fatores ambientais.
53/127
Considerações Finais
 » Risco químico: é o perigo a que determinado indivíduo está exposto 
ao manipular produtos químicos como solventes, agrotóxicos, metais 
pesados, entre outros.
 » Risco biológico: é o perigo a que determinado indivíduo está exposto 
ao manipular produtos contendo micro-organismos, como bactérias, 
vírus, fungos, parasitas, ou secreções, como sangue.
 » Risco ergonômico: é o perigo a que determinado indivíduo está 
exposto ao desenvolver a tarefa, considerando a biomecânica do 
trabalhador relacionada à carga de trabalho, ritmo e movimentos 
desenvolvidos.
 » Lesões de coluna: a coluna sofre durante a ocupação profissional, com 
atividades de levantamento, torção e encurvamento, com posturas 
inadequadas e tarefas repetitivas.
Unidade 2 • Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho54/127
Referências 
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, 
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e 
dá outras providências.
BRASIL, Ministério do Trabalho. NR32. Segurança e segurança no trabalho em serviços de saúde. 
Brasília: Ministério do Trabalho em Emprego, 2005. 
BRASIL, Ministério do Trabalho. NR15. Atividades e operações insalubres. Brasília: Ministério do 
Trabalho em Emprego, 2011. 
FARIA, M. A. M. (2003) Mercuralismo metálico crônico ocupacional. Revista de Saúde Pública. São 
Paulo, v.37, n.1. 
MEDRONHO, A. R. Epidemiologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2009.
MORAES, Giovanni; BENIT, Juarez (orgs.). Normas Regulamentadoras Comentadas. Legislação de 
segurança e saúde no trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: GVC, 2000.
ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e Saúde. Rio de Janeiro: MEDSI, 1993.
55/127
Aula 2 - Tema: Doenças Relacionadas ao 
Trabalho - Bloco I.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
eef11229d49e90c90f33a5051201469a>.
Aula 2 - Tema: Gerenciamento dos Fatores de 
Risco - Bloco II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
cc740cfb3c5cddb777885fcfda2f316d>. 
Assista a suas aulas
56/127
Aula 2 - Tema: Riscos Ocupacionais - Físicos - 
Bloco III
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
b036fbbdaea8f81aedf57af665d15f6e>.Aula 2 - Tema: Classificação dos 
Riscosocupacionais - Bloco IV
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/8a2fde4dbb8d3525ec8c964ea2e18f66>. 
Assista a suas aulas
57/127
1. O levantamento de situações de risco é uma estratégia que tem como 
objetivo:
a) Avaliar o indivíduo.
b) Controle estatístico de doenças.
c) Informação em saúde.
d) Avaliar situações e acontecimentos que podem levar a agravos de saúde.
e) Implantar serviços de saúde.
Questão 1
58/127
2. Dentre as alternativas, que lesão o trabalhador que sofre intoxicação 
crônica por mercúrio pode apresentar?
a) Varizes.
b) Osteopenia.
c) Lesões no Sistema Nervoso Central.
d) Hipotireoidismo.
e) Hipotensão.
Questão 2
59/127
3. Risco ergonômico pode ser definido como:
a) Risco de acidentes ou situações que podem levar à ocorrência de acidentes, tais como 
 máquinas e equipamentos sem manutenção adequada ou com defeito.
b) É o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos contendo 
 micro-organismos, como bactérias, vírus, fungos, parasitas, ou secreções, como sangue.
c) É o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos, 
 como solventes, agrotóxicos, metais pesados, entre outros.
d) É o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao desenvolver a tarefa 
 considerando a biomecânica do trabalhador relacionada à carga de trabalho, ao ritmo e 
 aos movimentos desenvolvidos.
e) Intoxicação por agrotóxico, que atinge principalmente os trabalhadores rurais, porém, 
 pode atingir outros profissionais que atuam na produção, transporte, manipulação e 
 armazenamento.
Questão 3
60/127
4. O trabalhador portador de DORT apresenta o seguinte quadro:
a) Dor, paresia, edema, rigidez matinal, alterações de temperatura e formigamento. 
b) Anestesia, edema, flacidez e coceira.
c) Sintomas gastrointestinais, como azia e sangramentos.
d) Tontura.
e) Infertilidade.
Questão 4
61/127
5. Assinale a alternativa que apresenta uma situação de exposição a risco 
biológico.
a) Trabalhadores expostos a ruído de um trator.
b) Utilização de máquinas de solda.
c) Realização de pulverização com agrotóxicos.
d) Realização de um curativo.
e) Vibração e calor durante a operação de um equipamento.
Questão 5
62/127
Gabarito
1. Resposta: D.
Áreas e situações de risco: o levantamento 
desses dados tem como objetivo avaliar 
situações e acontecimentos que podem 
levar a agravos de saúde. Exemplos: 
condições de saneamento, abastecimento, 
qualidade de água, exposição a agentes 
tóxicos.
2. Resposta: C.
Em seres humanos, a mortalidade devido 
à contaminação por mercúrio varia de 7% 
a 11%, sendo que muitos sobreviventes 
apresentam sequelas neurológicas. Em 
intoxicações agudas são observados efeitos 
como depressão do sistema respiratório, 
alterações cardiovasculares (edema 
pulmonar) e gastrointestinais (diarreia, 
vômito, corrosão da mucosa gástrica). 
Já em intoxicações crônicas, observa-se 
alteração do sistema nervoso central, 
levando a danos cerebrais irreversíveis. 
3. Resposta: D.
Risco ergonômico é o perigo a que 
determinado indivíduo está exposto ao 
desenvolver a tarefa, considerando a 
biomecânica do trabalhador relacionada 
à carga de trabalho, ao ritmo e aos 
movimentos desenvolvidos.
4. Resposta: A.
As DORT são também conhecidas como 
63/127
doenças dos tecidos moles causadas por 
esforços repetitivos. São caracterizadas 
por acometer tendões, nervos e músculos 
de membros superiores, estão presentes 
em diferentes ocupações e ocorrem 
devido à associação de movimentos 
repetitivos e sobrecarga muscular. A 
fisiopatologia inclui processo inflamatório, 
fadiga neuromuscular e isquemia de 
tecidos. O diagnóstico é definido pela 
história ocupacional e exame físico, 
observa-se: dor, paresia, edema, rigidez 
matinal, alterações de temperatura e 
formigamento.
Gabarito
5. Resposta: D.
É considerado risco biológico qualquer 
exposição a micro-organismos, como vírus 
e bactérias, assim como a manipulação de 
tecidos ou peças anatômicas. Os curativos 
têm grande potencial de contaminação do 
trabalhador.
64/127
Unidade 3
Estudos Epidemiológicos
Objetivos
Nesta aula você irá aprender sobre as 
principais características e classificações 
dos estudos epidemiológicos, utilizados 
para melhor conhecer a saúde da 
população. De forma mais detalhada, 
serão apresentados os cinco principais 
estudos empregados em epidemiologia: o 
ensaio clínico randomizado, o estudo de 
coorte, o estudo de caso controle, o estudo 
transversal e o estudo ecológico.
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos65/127
Introdução
Com o objetivo de melhor conhecer a saúde da população, os fatores que a determinam, a 
evolução do processo saúde-doença e o impacto das ações de saúde, a ciência desenvolveu 
métodos de investigação que se adéquam a diversas situações, tendo, cada um, suas vantagens 
e suas limitações.
Na investigação de um tema, três estratégias têm sido utilizadas: o estudo de caso, a 
investigação experimental em laboratório e a pesquisa ao nível de população.
Os estudos de casos são utilizados para uma avaliação inicial de problemas ainda pouco 
conhecidos. Trata-se de observar um ou mais indivíduos com a mesma doença ou evento e, a 
partir da descrição detalhada, traçar um perfil das suas principais características.
Na investigação experimental de laboratório é possível imprimir maior precisão às etapas 
da investigação. O grau de subjetividade é reduzido pela adoção de rigorosos controles, que 
servem também de parâmetro para a comparação dos resultados.
A pesquisa populacional é a abordagem central dos estudos epidemiológicos e, a partir desse 
momento, será estudada mais profundamente.
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos66/127
1. Classificação dos Métodos 
Utilizados em Epidemiologia
Muitos são os critérios para classificar os 
métodos utilizados na epidemiologia, de-
pendendo do ângulo a partir do qual os 
métodos são enfocados. A seguir, conheça 
alguns desses critérios e classificações.
1.1 Experimentação x Observação
As informações científicas podem ser 
geradas por experimentação ou por 
observação.
Os estudos experimentais destinam-se 
a testar uma associação entre eventos, 
buscando verificar se há relação causal 
entre eles, e as condições de estudo estão 
sob controle direto do pesquisador. 
Já nos estudos observacionais não há 
intervenção e a investigação acontece 
a partir da observação de situações que 
ocorrem naturalmente. Os objetivos deste 
tipo de estudo são descrever a distribuição 
de um parâmetro na população ou testar 
uma hipótese sobre associação entre dois 
eventos, sem usar experimentação.
1.2 Estudo Descritivo x Analítico
 Esta é uma das classificações mais 
utilizadas na epidemiologia.
Os estudos descritivos têm o objetivo de 
informar sobre a distribuição de um evento 
na população em termos quantitativos e 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos67/127
podem ser de incidência ou prevalência. 
Não há formação de grupo controle e 
por isso são considerados estudos não 
controlados. Exemplo: a prevalência de 
hepatite B entre voluntários à doação de 
sangue; as principais causas de óbitos da 
população de um dado município.
Os estudos analíticos estão subordinados 
a uma questão científica – a hipótese, que 
relaciona eventos: uma suposta causa e um 
dado efeito. O intuito deste tipo de estudo 
é explorar em profundidade essa relação 
causa-efeito. Há presença de um grupo 
de controle formado simultaneamente 
com o grupo de estudo que serve para a 
comparação dos resultados. Exemplo: a 
exposição de umindivíduo a um fator de 
risco e a ocorrência da diabetes.
O modo como os grupos de estudo e 
controle são formados gera os diferentes 
tipos de estudos analíticos (estudo 
experimental randomizado, estudo de 
coorte, estudo de caso controle e estudo 
transversal). As principais características 
desses estudos serão apresentadas mais a 
frente, nesta aula.
1.3 Estudo de caso x Série de casos
 O que diferencia um tipo de estudo 
do outro é a quantidade de indivíduos 
investigados. A inclusão de um ou poucos 
indivíduos caracteriza o estudo de caso. 
Um número maior de pessoas incluídas 
na investigação constitui a série de casos. 
Nesses estudos, não há grupo de controle e 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos68/127
por isso também são considerados estudos 
não controlados.
1.4 Estudo controlado x Estudo 
não controlado
O termo “estudo controlado” está 
relacionado a dois aspectos dos estudos – 
neutralização de fatores que confundem a 
interpretação dos resultados e existência 
de grupo de controle – embora o segundo 
critério tenha sido o mais utilizado para 
diferenciar esses tipos de estudo.
Em epidemiologia, existe um consenso 
entre os especialistas de que para melhor 
testar as hipóteses é conveniente dispor de 
grupo de controle, de modo a possibilitar 
um referencial adequado de comparação 
(PEREIRA, 2005). 
1.5 Estudo Transversal x Longitu-
dinal
Transversal, seccional e prevalência são 
termos utilizados como sinônimo e quando 
os dados relativos aos indivíduos que 
compõem a amostra do estudo referem-
se a um determinado momento na vida 
das pessoas. Exemplo: renda familiar, 
estado imunitário das crianças naquele 
dia. Em investigações desse tipo, não há 
seguimento das pessoas para saber efeitos 
decorridos depois de passado certo tempo.
Longitudinal refere-se à pesquisa em que 
cada indivíduo é observado em mais de 
uma ocasião. Este tipo de investigação 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos69/127
tem o sentido de detectar mudanças 
no indivíduo com o passar do tempo. 
Exemplo: investigação do crescimento e 
desenvolvimento de crianças.
1.6 Estudo Prospectivo x Retros-
pectivo
O termo prospectivo tem a conotação de 
“seguimento” do presente ao futuro, ou 
seja, de ligação de um evento atual com 
um evento futuro. A condição para que 
uma pesquisa seja considerada prospectiva 
é a circunstância de o efeito ainda não 
ter ocorrido quando os participantes 
iniciarem o estudo. Exemplo: em pesquisa 
sobre o hábito de fumar, os fumantes são 
acompanhados para verificar os resultados 
clínicos que possam estar relacionados ao 
hábito de fumar.
O termo retrospectivo tem a conotação 
de utilização de dados do passado 
sobre a exposição ou doença. Exemplo: 
manutenção de um arquivo sobre a 
evolução de uma doença.
1.7 Estudo Paralelo x Cruzado
 Em investigações comparativas, quando 
os indivíduos participantes do estudo 
são mantidos no mesmo grupo em que 
foram colocados desde o início até o final 
da pesquisa, caracteriza-se um estudo 
paralelo. 
Em contrapartida, quando há mudança de 
um grupo para outro após um certo tempo 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos70/127
de observação, temos um estudo cruzado.
1.8 Estudo Experimental x Quase 
experimental
A palavra experimental caracteriza 
qualquer investigação na qual o 
pesquisador decide quais pessoas ou 
grupos serão expostas ou não ao fator 
cujo efeito está sob pesquisa, ou seja, há o 
controle do pesquisador sobre as variáveis 
pesquisadas.
As investigações quase experimentais 
são definidas como experimentos em 
que o investigador não tem completo 
controle sobre a alocação ou o momento 
da intervenção (LAST, 1988). Além disso, 
esses estudos implicam uma intervenção e 
não há emprego da alocação aleatória na 
formação dos grupos de comparação.
1.9 Estudo Randomizado x Não 
randomizado
Estes termos são utilizados em relação 
ao controle da composição dos grupos 
pertencentes ao estudo.
Diz-se que um estudo é randomizado 
quando os grupos são alocados a partir de 
processos aleatórios de seleção de casos, 
buscando uma distribuição equilibrada de 
variáveis de confundimento.
Já nos estudos não randomizados, os 
grupos experimental e de controle 
são escolhidos a partir de critérios de 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos71/127
disponibilidade ou conveniência (FILHO; 
ROUQUAYROL, 2006).
2. Principais Tipos de Estudos 
Epidemiológicos
Nesta seção serão apresentadas as 
principais características, vantagens 
e limitações dos principais estudos 
epidemiológicos.
2.1 Estudo Experimental: o ensaio 
clínico randomizado
O ensaio clínico randomizado é um tipo 
de experimento no qual os indivíduos são 
alocados aleatoriamente nos grupos de 
estudo (ou experimental) e controle (ou 
testemunha) de modo a serem submetidos 
a uma intervenção e terem seus efeitos 
avaliados.
Através desse tipo de pesquisa, visa-se 
responder uma questão central: quais são 
os efeitos da intervenção?
O ensaio clínico randomizado é 
considerado o padrão de excelência 
de todos os métodos de investigação 
em epidemiologia, pois é o que produz 
evidências mais diretas para esclarecer 
uma relação de causa e efeito entre dois 
eventos. 
O delineamento desse tipo de estudo 
pode ser esquematizado em etapas. 
Primeiramente, escolhe-se a população 
para a realização da pesquisa em função 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos72/127
de ser portadora de características 
específicas, que interessam para a hipótese 
em estudo.
 Cada indivíduo que aceita participar 
do estudo é colocado aleatoriamente em 
um dos grupos. O intuito é formar dois 
grupos semelhantes a fim de diminuir 
os efeitos dos fatores que poderiam 
causar confusão na interpretação dos 
resultados. O grupo experimental recebe 
o tratamento que está sendo testado e o 
grupo de controle recebe o alternativo. Os 
grupos são acompanhados, observados ou 
examinados de maneira semelhante.
O objetivo desse tipo de estudo consiste 
em introduzir um fator de diferença 
entre os grupos e verificar o impacto 
do tratamento diferencial, através da 
comparação dos resultados.
Entre as principais vantagens desse 
método podemos citar:
• Alta credibilidade como produtor de 
evidências científicas.
• A qualidade dos dados sobre a 
intervenção e os efeitos pode ser 
de excelente nível, já que é possível 
proceder à sua coleta no momento 
em que os fatos ocorrem.
• A interpretação dos resultados é 
simples, pois estão relativamente 
livres de fatores de confundimento.
Entre as limitações, podemos apontar:
• Por questões éticas, muitas situações 
não podem ser experimentalmente 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos73/127
investigadas, como os efeitos de 
virose na gravidez sobre o recém-
nascido.
• Requer estrutura administrativa e 
técnica de porte razoável, estável e 
bem preparada.
• Exigência de população estável e 
cooperativa.
2.2 Estudo de Coorte
Trata-se de uma pesquisa em que um 
grupo de pessoas é identificado, a 
informação sobre a exposição de interesse 
é coletada e o grupo é seguido no tempo 
com o objetivo de determinar quais de seus 
membros desenvolveram a doença e se 
essa exposição prévia está relacionada à 
doença. 
Formam-se dois grupos, os “expostos” e os 
“não expostos”, de modo que os resultados 
sejam comparados. Vale ressaltar que a 
exposição neste caso não é aleatória. 
A questão a ser esclarecida por um estudo 
de coorte é: quais os efeitos da exposição? 
Em relação ao delineamento do estudo, 
uma população ou amostra é selecionada 
em função de apresentar características 
que possibilitem a investigação. Por 
observação determina-se o nível de 
exposição a que a população está ou 
esteve submetida, então, a incidência 
dos desfechos clínicos nos doisgrupos é 
determinada por acompanhamento.
Entre as vantagens desse tipo de estudo, 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos74/127
podemos destacar:
• Não há problemas éticos quanto 
às decisões de expor as pessoas a 
fatores de risco ou tratamentos.
• A qualidade dos dados sobre a 
exposição pode ser de excelente nível, 
já que é possível coletar os dados no 
momento em que os fatos ocorrem.
• Os dados referentes à exposição são 
conhecidos antes da ocorrência da 
doença.
• Quanto às limitações, pode-se 
destacar:
• O número de pessoas a ser 
acompanhado costuma ser grande.
• Mudança de categoria de exposição 
pode levar a erros de classificação de 
indivíduos quanto à exposição.
• Em muitas situações os resultados 
somente são obtidos após longo 
prazo de seguimento.
Os estudos de coorte podem ser 
classificados em prospectivo e histórico, e 
o critério para diferenciá-los é a exposição 
do investigador frente aos acontecimentos.
No estudo de coorte prospectivo, o 
investigador acompanha de corpo presente 
o desenrolar da investigação e é em 
direção ao futuro. O pesquisador toma 
conhecimento da exposição nas pessoas 
antes de ocorridos os desfechos clínicos.
No estudo de coorte histórico ou 
retrospectivo, o investigador tem a 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos75/127
consciência de que tanto a exposição 
quanto a doença já ocorreram e que os 
dados de interesse podem ser recolhidos 
por pesquisas em arquivos ou por 
anamnese.
2.3 Estudo de Caso Controle 
Esse tipo de estudo parte do efeito de 
elucidar a causa. As pessoas são escolhidas 
porque têm a doença (os casos) e pessoas 
comparáveis que não possuem a doença 
(os controles) são investigadas para saber 
se foram expostas a fatores de risco, de 
modo a determinar se esses fatores de 
risco são causas da doença.
É uma pesquisa retrospectiva – parte 
do doente. A questão de pesquisa a ser 
respondida é: quais as causas da doença?
Em linhas gerais, o delineamento da 
pesquisa se inicia com a escolha de uma 
população para o estudo, em função de 
apresentar características de interesse. 
Especificam-se com objetividade os 
critérios de inclusão e exclusão para definir 
o que seja um caso da doença.
A cada caso são escolhidos controles 
adequados que devem ter tido a mesma 
probabilidade de serem expostos ao fator 
de risco em investigação, mas que não 
devem ter a doença.
Em seguida, verifica-se o nível de 
exposição ao fator de risco dos grupos de 
caso e controle. A coleta de dados, nesse 
tipo de estudo, pode ser feita através de 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos76/127
entrevista ou pesquisa em prontuários, 
atestados e resultados de exames 
laboratoriais. O importante é a coleta 
ser feita com o mesmo rigor para os dois 
grupos a fim de evitar um viés de aferição.
Quanto às vantagens desse tipo de estudo, 
cita-se:
• Os resultados são obtidos 
rapidamente.
• Baixo custo.
• Muitos fatores de risco podem ser 
investigados simultaneamente.
• Não há necessidade de 
acompanhamento dos participantes.
Entre as limitações temos:
• A seleção do grupo de controle é uma 
grande dificuldade.
• Os dados de exposição no passado 
podem ser inadequados, incompletos 
nos prontuários ou falhos quando 
baseados na memória das pessoas.
• Se a exposição é rara, pode ser difícil 
realizar o estudo ou interpretar os 
resultados.
2.4 Estudo Transversal
Este tipo de investigação, também 
chamado de seccional, corte ou corte 
transversal, representa a forma mais 
simples de pesquisa populacional. É uma 
pesquisa em que a relação exposição-
doença é examinada em uma dada 
população, em um dado momento. 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos77/127
A população em um estudo transversal 
é reunida em momento definido pelo 
investigador que, em geral, refere-se à 
coleta de dados.
Uma população é selecionada para 
o estudo em função de apresentar 
características que possibilitem a 
investigação, são coletados os dados de 
cada indivíduo e somente na análise é que 
os grupos de expostos e não expostos são 
formados, pois é apenas nessa fase que 
essas informações são conhecidas.
As questões científicas que um estudo 
transversal visa responder são: quais as 
frequências do fator de risco e da doença? 
A exposição ao fator de risco e a doença 
estão associadas?
Os resultados informam sobre a 
situação existente em um momento 
particular, característica muito útil para o 
planejamento em saúde.
Entre as principais vantagens desse tipo de 
estudo, destacam-se:
• Simplicidade e baixo custo.
• Rapidez – os dados referem-se a 
um único momento e podem ser 
coletados em um curto período de 
tempo.
• Objetividade na coleta de dados.
• Não há necessidade de seguimento 
das pessoas.
• Boa opção para descrever as 
características dos eventos na 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos78/127
população.
Quanto às limitações, pode-se citar:
• Dados da exposição atual não podem 
representar a exposição passada.
• A relação cronológica entre os 
eventos pode não ser facilmente 
detectada. 
• Não determina risco absoluto, é 
possível uma estimativa direta.
• Possibilidade de erros de 
classificação, os casos podem não ser 
mais casos no memento da coleta.
2.5 Estudos Ecológicos
 Também conhecidos como 
estudos de grupos, de agregados, 
de conglomerados, estatísticos ou 
comunitários, trata-se de uma pesquisa 
realizada com estatísticas e a unidade 
de análise é constituída de grupos de 
indivíduos, não se sabe se um particular 
indivíduo da população investigada é 
exposto ou doente, apenas as informações 
globais estão disponíveis, por exemplo, a 
proporção de expostos e doentes naquela 
população. 
Entre as vantagens dos estudos ecológicos 
estão:
• Simplicidade e baixo custo, não há 
fase de coleta de dados caso a caso.
• Rapidez.
• As conclusões são generalizáveis com 
mais facilidade do que em estudos 
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos79/127
em base individual.
 Entre as limitações estão:
• Não há acesso a dados individuais, só 
a informações estatísticas.
• Nem sempre o que se aplica ao todo é 
aplicável a cada parte desse todo.
• Possibilidade de efetuar muitas 
comparações, o que facilita encontrar 
correlações apenas ao acaso.
• Dados de fontes diferentes podem 
significar qualidade variável da 
informação.
Os estudos ecológicos são muito utilizados 
para levantar as possíveis relações causais, 
para testar hipóteses etiológicas e avaliar o 
efeito das intervenções.
É possível também planejar um estudo 
desse tipo, incluindo no planejamento 
a randomização de áreas e outros 
agregados. Depois da alocação aleatória, 
faz-se a intervenção de modo que certas 
áreas ou grupos sejam expostos a uma 
forma de tratamento, caracterizando o 
grupo experimental, enquanto as demais 
sirvam de controle, visto que não recebem 
o tratamento em foco.
Unidade 3 • Estudos Epidemiológicos80/127
Glossário
Delineamento: modelo de organização do estudo que deve ser definido de acordo com os objetivos da 
pesquisa e do objeto de estudo.
Nível de exposição: observação da exposição intencional ou ao acaso de um fator ou mais fatores de 
risco em um indivíduo ou população.
Variáveis de confundimento: quando parte do efeito observado de um fator de exposição resulta da 
presença de uma ou mais variáveis, que estão relacionadas tanto com a doença sob estudo quanto com a 
exposição de interesse na base populacional.
Questão
reflexão
?
para
81/127
Acesse os acervos de revistas científicas, selecione um artigo e 
identifique qual tipo de estudo foi utilizado, destacando suas 
características, vantagens e limitações.
82/127
Considerações Finais
 » O ensaio clínico randomizado é um tipo de experimento

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