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ASPECTOS ÉTICOS-LEGAIS NAS EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS

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INTRODUÇÃO 
 
● Emergência psiquiátrica: é qualquer situação clínica de alteração mental que 
represente risco real e significativo para o paciente ou para terceiros, necessitando 
de intervenção imediata. 
● Situações de emergência: risco de suicídio/homicídio, tentativa de suicídio, abuso 
de crianças/adolescentes/mulheres/idosos, abuso de substâncias psicoativas, risco 
de exposição social ou moral grave, atos automutilatórios, déficit do juízo crítico, 
negligência pessoal e incapacidade de autocuidados. 
 
SIGILO MÉDICO 
 
● A violação do sigilo médico pode ser inevitável, porque pode haver situações em que 
o psiquiatra precise recorrer à ajuda de terceiros (ex.: familiares), devido à condição 
psicopatológica do paciente, que limita sua capacidade de dimensionar o quadro. 
● Em caso de maus tratos, alguns estatutos (ex.: da criança e do adolescente) 
determinam que deve ser comunicado a suspeita às autoridades competentes, 
independente do paciente ser vítima ou perpetrador do abuso. 
● Como em algumas situações, princípios políticos, religiosos e morais influenciam no 
que diz respeito o sigilo, e em EP não há tempo hábil para se buscar direcionamento 
do CRM, existem alguns parâmetros que asseguram o profissional na tomada de 
decisão. ​OBS: caso Tasaroff (Califórnia) → dever de avisar a vítima em 
potencial. 
○ grave dano com probabilidade de ocorrer; 
○ pessoa específica e determinada; 
○ benefício real (o objetivo é evitar o dano); 
○ último recurso (apenas após recursos persuasórios disponíveis e ampla 
discussão com o paciente); 
○ generalização (a mesma decisão seria tomada independente da pessoa 
envolvida). 
 
AVALIAÇÃO DO RISCO 
 
● a avaliação do risco se faz por meio do binômio “alteração do estado mental” e 
“presença de risco”. 
● riscos que devem ser considerados: 
○ risco de autoagressão (risco direto de suicídio, envolver-se em acidentes e 
de ser agredido por terceiros); 
○ risco de heteroagressão (difusa ou pessoa determinada); 
○ risco de agressão à ordem pública (alarme social); 
○ risco de exposição social (de natureza moral, financeira ou sexual); 
○ incapacidade grave de autocuidado (prejuízos à saúde física e/ou mental do 
paciente). 
● diante de determinado quadro pode ser necessário a internação psiquiátrica. 
 
INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA 
 
● podem ser de 3 tipos: 
○ voluntária: os tratamentos médicos ocorrem em plena concordância com o 
paciente. Trata-se da modalidade mais preferível por uma questão de vínculo 
e autonomia do paciente. Costuma haver um termo de consentimento 
assinado pelo paciente. O término da internação acontecerá por solicitação 
escrita do paciente ou por determinação do médico assistente. 
○ involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e à pedido 
de terceiro. Algumas portarias desconsideram o envolvimento do terceiro, 
porque muitas vezes não existe essa figura. Considerar que: 
■ devido ao transtorno mental, existe sério e iminente risco de dano à 
pessoa ou à terceiros. 
■ no caso de transtorno mental severo, cujo julgamento está 
prejudicado, deixar de admiti-la ou retê-la pode ser deteriorante ou 
impedir oferta de tratamento adequado. 
Critérios: 
■ presença de transtorno mental; 
■ presença de risco. 
A IPI terminará quando determinado pelo médico assistente ou por 
solicitação escrita familiar ou responsável legal. 
○ voluntária que se torna involuntária: ​quando o paciente que se internou 
voluntariamente, se opõe a permanecer hospitalizado, mas devido à riscos 
que autorizam IPI, é mantido internado contra a sua vontade. 
○ compulsória: aquela determinada pela justiça. Pode ser de natureza criminal 
(antigos manicômios judiciários, destinado a pessoas que cometeram delitos 
e receberam uma medida de segurança em decorrência da qual são 
internados e recebem tratamento compulsoriamente) ou cível (pacientes que 
são internados por decisão judicial solicitada por familiares que não 
conseguem seguir o tratamento normalmente disponível). Ainda existem 3 
situaçãoes: 
■ o paciente não tem indicação médica para internação; 
■ o paciente em indicação médica para internação, mas não possui 
vaga; 
■ paciente tem indicação médica, mas só existem vagas privadas. 
 
SITUAÇÕES ESPECIAIS 
→ Paciente e familiares não aceitam a indicação da internação: a família deve assinar 
um termo de consentimento, que deve ser anexado ao prontuário com a descrição 
detalhada do exame, diagnóstico positivo ou sindrômico. Mas essa medida não isenta a 
responsabilidade do médico caso o paciente cometa algum ato, bem como será exposto a 
processo por cárcere privado, caso retiver o paciente contra a vontade deles. O ideal é 
acionar o Ministério Público, expor a situação e solicitar intervenção. Mas caso o paciente 
esteja em risco iminente de morte, a internação deve ser realizada. 
→ Paciente desacompanhado: caso seja detectada a necessidade de internação, o 
paciente deve ser internado e logo depois o Serviço Social deve ser acionado para a 
procura de responsáveis ou familiares. Caso o paciente se recuse, o Ministério Público deve 
ser acionado imediatamente. 
→ Contenção mecânica e isolamento: 
● contenção mecânica: meios físicos que interfiram na liberdade de movimentação 
do paciente visando impedir que este pratique ato violento de hétero ou 
autoagressão. Costuma ser aplicada em quadros de agitação psicomotora (APM). 
● isolamento: colocação ou retenção do paciente em sala especial para tratamento, 
contenção e controle das condições clínicas próprias de um estado de emergência. 
Pode ser usado em AMPs para não causar agitação em outros pacientes, bem como 
com dependentes químicos em período de desintoxicação. 
→ Alta a pedido: paciente voluntário e sem risco pode solicitar alta e esta deve ser 
concedida. No entanto, se houver riscos e indicação para uma IPI com o consentimento do 
responsável legal, esta deve ser realizada. Se paciente e familiares solicitarem e houver 
riscos, a alta não deverá ser concedida e deve haver o contato imediato com o 
representante do Ministério Público. 
→ Fuga: ​se uma paciente fugir e vir a sofrer/causar algum dano, a instituição tem o dever 
de ressarci-lo civilmente. Em relação ao médico, é importante demonstrar que não agiu com 
negligência. è recomendável que a notificação de fuga seja feita de maneira imediata aos 
familiares do paciente. A comunicação ao Ministério Público deve ser feita somente após 
24h.

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