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Adicional de insalubridade e periculosidade

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Direito trabalhista (pós-reforma) 
 
 
 
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E 
PERICULOSIDADE 
 
 
 
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Sumário 
 
Introdução ............................................................................................................................. 2 
 
Objetivo ................................................................................................................................. 2 
 
1. Adicional de insalubridade e periculosidade ............................................................ 2 
1.1. Insalubridade ......................................................................................................... 2 
1.1.1. Grávidas e lactantes em ambientes insalubres. ................................................ 3 
1.2. Periculosidade ....................................................................................................... 4 
 
Exercícios ............................................................................................................................... 5 
 
Resumo .................................................................................................................................. 8 
 
 
 
 
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Introdução 
A função principal do direito do trabalho é proteger o trabalhador de abusos e 
explorações por parte de seu empregador hipersuficiente e responsável pelo 
sustento financeiro de seu empregado. Há, porém, situações que expõe os 
empregados à riscos e a forma de proteção do direito é criar mecanismos de 
compensação para o trabalhador. 
De uma forma geral, esse é o objetivo dos adicionais de insalubridade e 
periculosidade, que compensam financeiramente os riscos físicos, químicos, 
biológicos e até mesmo de vida que algumas profissões expõem seus trabalhadores. 
Mas, afinal, como funciona essa proteção e compensação na prática? 
Objetivo 
• Demonstrar como incluir, enquadrar e calcular os adicionais de insalubridade 
e periculosidade. 
 
1. Adicional de insalubridade e periculosidade 
Os dois adicionais estão previstos na Constituição Federal no artigo 7o, inciso 
XXIII, CF/88: 
Art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de 
outros que visem à melhoria de sua condição social:adicional de 
remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, 
na forma da lei; 
 
A CLT é a forma da lei, citada no artigo acima, que vai regulamentar e 
estabelecer o pagamento de cada adicional. 
 
1.1. Insalubridade 
As atividades insalubres são aquelas que expõe a saúde do empregado à 
agentes nocivos, podendo eles serem químicos, físicos ou biológicos. Contudo, em 
primeiro lugar, para constatação da insalubridade é necessária uma perícia técnica 
elaborada por um médico ou engenheiro do trabalho, como preceitua o artigo 195 
da CLT: 
 
 
 
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Art. 195, CLT: A caracterização e a classificação da insalubridade e 
da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, 
far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou 
Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. 
Em segundo lugar, para fazer jus ao adicional, é necessário que o agente 
nocivo esteja presente na relação oficial de agentes nocivos à saúde do MTE, a 
Norma Regulamentadora 15. 
Se porventura houver descaracterização de insalubridade de algum agente 
nocivo, o empregado deixará de receber o adicional de insalubridade sem ofensa ao 
direito adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial, de acordo com a súmula 
248 do TST. 
Por força do artigo 192 da CLT, e reforçado por entendimentos sumulados de 
5 diferentes Tribunais Regionais do Trabalho do país, a base de cálculo para o 
pagamento do adicional de insalubridade fica sendo o salário mínimo. 
Por sua vez, o enquadramento do grau de insalubridade, a CLT, em seu artigo 
611-A, inciso XII, determina que deverá ser fixado por acordo ou convenção coletiva 
de trabalho e poderá variar entre 10% (grau mínimo), 20% (grau intermediário) e 
40% (grau máximo). A doutrina entende que essa fixação deverá respeitar os 
parâmetros mínimo estipulados pelo MTE. 
O adicional de insalubridade incidirá sobre: 1) décimo terceiro salário; 2) 
férias + 1/3; 3) FGTS e 4) aviso prévio. 
Nos termos do art. 611-A, XIII da CLT, é permitida a prorrogação da jornada 
em ambientes insalubres desde que haja previsão expressa em acordo coletivo ou 
convenção coletiva. Para o cálculo de horas extras, primeiramente soma-se o 
adicional de insalubridade à hora normal, para posteriormente incluir o adicional de 
hora extra. 
Quando o empregador fornecer de equipamento de proteção individual (EPI) 
e for constatada a exclusão da exposição pelo uso do equipamento, o respectivo 
adicional deixa de ser devido com base na súmula 80 do TST. 
 
1.1.1. Grávidas e lactantes em ambientes insalubres. 
O artigo 394-A da CLT trouxe uma série de possibilidades de afastamento das 
atividades sem prejuízo do recebimento do adicional de insalubridade. Para fins 
didáticos, na tabela seguinte estão organizados os enquadramentos do artigo em 
que a gestante e a lactante têm direito ao afastamento das atividades sem prejuízo 
do recebimento do adicional de insalubridade. 
 
 
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Gestantes e Lactantes em ambientes insalubres 
Empregada Grau de Insalubridade Afastamento 
 
Gestante 
Grau máximo Obrigatório 
Grau médio e mínimo Afastamento com atestado 
médico de confiança da mulher 
 
Lactante 
Qualquer grau de 
insalubridade 
Afastamento com atestado 
médico de confiança da mulher 
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019 
1.2. Periculosidade 
O adicional de periculosidade é devido quando o empregado for exposto à 
riscos com inflamáveis, explosivos, energia elétrica, segurança patrimonial, 
atividades com motocicleta e atividades com radiações ionizantes ou substâncias 
radioativas (este último com base no artigo 200, CLT). 
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na 
forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e 
Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, 
impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente 
do trabalhador a: 
I - inflamáveis, explosivos ou energía elétrica; 
II – roubos ou otras espécies de violência física nas atividades 
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. 
§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao 
empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salario 
sem os acréscimos resultantes de gratificações, premios ou 
participações nos lucros da empresa. 
§ 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade 
que porventura lhe seja devido. 
§ 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da 
mesma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por 
meio de acordó coletivo. 
§ 4o São também consideradas perigosas as atividades de 
trabalhador em motocicleta. 
De acordo com a súmula 364 do TST, o adicional é indevido quando a 
exposição for por tempo reduzido, ainda que seja habitual, e também quando estiver 
 
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sobreaviso, uma vez que nessas condições ele não está exposto a riscos, com base 
na súmula 131, II, do TST. Por sua vez, é considerado devido quando a exposição for 
permanente ou intermitente. 
A base de cálculo do adicional de periculosidade é o salário base e o 
percentual seráde 30%. Para recebimento do referido adicional, é necessária 
comprovação da atividade perigosa mediante perícia técnica. 
Contudo, quando inexiste a perícia, mas o empregador pratica o pagamento 
do adicional, mesmo que de forma proporcional ao tempo de exposição ao risco ou 
em percentualinferior ao máximo legalmente previsto, fica dispensada a 
necessidade de prova técnica pelo reconhecimento espontâneo da existência do 
trabalho em condições perigosas, nos termos na súmula 453, TST. 
Há também a dispensa da perícia quando a empresa houver fechado, o qual o 
magistrado deverá utilizar outros meios de prova, com base na OJ 278, da SDI-I, TST. 
O adicional de periculosidade incidirá sobre 1) décimo terceiro salário; 2) 
férias + 1/3; 3) FGTS; 4) Aviso prévio. 
Quando ao empregado for devido os adicionais de insalubridade e 
periculosidade, nos termos do artigo 193, §2o, não haverá cumulação, o empregado 
irá fazer a opção que lhe convier. 
Exercícios 
1. (Cespe, 2019) Considerando-se o entendimento dos tribunais superiores 
acerca das atividades insalubres ou perigosas, é correto afirmar que: 
a. os tripulantes de uma aeronave que permanecerem a bordo enquanto 
ocorre o abastecimento devemreceber o adicional de periculosidade 
em razão do risco a que estão expostos. 
b. caso a perícia ateste a atividade como insalubre, este fato é suficiente 
para que o empregado possua o direito de receber o respectivo 
adicional. 
c. o trabalho exercido em condições perigosas, mas de forma 
intermitente, nãogera ao empregado o direito ao recebimento do 
adicional de periculosidade, uma vez que o risco nesse caso é reduzido. 
d. Em uma demanda judicial para a concessão e pagamento de adicional 
de insalubridade, caso seja constatado pela perícia agente nocivo 
diverso do apontado na inicial, o pedido deverá ser julgado 
improcedente. 
e. no caso de a empresa ter efetuado, de forma espontânea, o pagamento 
do adicional de periculosidade, não é necessária a realização de 
períciatendo em vista que o fato se tornou incontroverso. 
 
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2. (FCC, 2018) A caracterização e a classificação da insalubridade 
dependem de perícia, sendo que as atividades ou operações insalubres 
são aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, 
exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos 
limiteslímites de tolerância. O adicional de insalubridade, ainda que 
recebido por longo período, não se incorpora à remuneração do 
empregado, podendo deixar de ser pago. Segundo a previsão legal, a 
perícia de insalubridade: 
a. deve ser feita por engenheiro de segurança do trabalho; os limites 
límites de tolerancia são fixa do sem razão da natureza e da intensidade 
do agente, sendo indiferente o tempo de exposição a seus efeitos; há 
possibilidade de o adicional deixar de ser pago com a eliminação do 
risco à integridade física. 
b. deve ser feita por engenheiro de segurança do trabalho; os limites 
límites de tolerancia são fixado sem razão da natureza e da intensidade 
do agente, e do tempo de exposição a seus efeitos; a possibilidade de o 
adicional deixar de ser pago depende da eliminação do risco à saúde. 
c. pode ser feita por médico do trabalho ou engenheiro do trabalho, 
registrados no Ministério do Trabalho; os limites límites de tolerancia 
são fixados em razão da natureza e da intensidade do agente, e do 
tempo de exposição a seus efeitos; há possibilidade de o adicional 
deixar de ser pago com a eliminação do risco à saúde nos termos 
previstos pela lei e nas normas expedidas pelo Ministério do Trabalho. 
d. pode ser feita por médico do trabalho, desde que registrado no 
Ministério do Trabalho; os limites límites de tolerancia são fixados em 
razão da intensidade do agente e do tempo de exposição a seus efeitos; 
há possibilidade de o adicional deixar de ser pago com a eliminação do 
risco à saúde nos termos previstos pela lei e nas normas expedidas pelo 
Ministério do Trabalho. 
e. pode ser feita por médico do trabalho ou engenheiro do trabalho, 
registrados no Ministério do Trabalho; os limites límites de tolerancia 
são fixados em razão da natureza e do tempo de exposição a seus 
efeitos; há possibilidade de o adicional deixar de ser pago com a 
eliminação do risco à saúde e à integridade física, comprovada por meio 
de perícia judicial. 
 
3. (FCC, 2018) Rosana e Marcela são empregadas da empresa “D”. Apesar 
de trabalharem na mesma empresa, elas laboram em atividades 
 
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consideradas insalubres, respectivamente, em grau médio e mínimo. No 
começo deste ano, Rosana e Marcela deram à luz seus filhos, Bernardo e 
Frederico, respectivamente, sendo que, coincidentemente, as 
empregadas devem retornar ao trabalho na próxima segunda-feira. 
Considerando que ambas estão amamentando seus filhos, de acordó 
com a Consolidação das Leis do Trabalho, sem prejuízo de sua 
remuneração, nessa situação: 
a. Incluído o valor do adicional de insalubridade, ambas as empregadas 
deverão afastar-se das atividades consideradas insalubres que exerciam 
quando apresentarem atestado de saúde, emitido por médico de 
confiança delas, recomendando o afastamento. 
b. Não incluso o valor do adicional de insalubridade, ambas as 
empregadas deverão afastar-se das atividades consideradas insalubres 
que exerciam quando apresentarem atestado de saúde, emitido por 
médico de confiança delas, recomendando o afastamento. 
c. Incluído o valor do adicional de insalubridade, ambas as empregadas 
deverão afastar-se das atividades consideradas insalubres que exerciam 
independentemente de apresentarem qualquer atestado de saúde, 
tratando-se de um direito constitucionalmente garantido. 
d. Não incluso o valor do adicional de insalubridade, somente Rosana 
deberá afastar-se das atividades consideradas insalubres que exercia 
quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico de sua 
confiança, recomendando o afastamento. 
e. Incluído o valor do adicional de insalubridade, somente Rosana deberá 
afastar-se das atividades consideradas insalubres que exercia 
independentemente de apresentar qualquer atestado de saúde, 
tratando-se de um direito constitucionalmente garantido. 
 
Gabarito 
1. Resposta correta: E, com base na súmula 453 do TST que diz que: O 
pagamento de adicional de periculosidade efetuado por mera 
liberalidade da empresa, ainda que de forma proporcional ao tempo de 
exposição ao risco ou em percentual inferior ao máximo legalmente 
previsto, dispensa a realização da prova técnica exigida pelo art. 195 da 
CLT, pois torna incontroversa a existência do trabalho em condições 
perigosas. 
2. Resposta correta: C - Com base nos artigos 189, 195 da CLT e na súmula 
448 do TST.Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações 
insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de 
 
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trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima 
dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade 
do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos; Art. 195 - A 
caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, 
segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de 
perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, 
registrados no Ministério do Trabalho. Súmula 448: I - Não basta a 
constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o 
empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a 
classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo 
Ministério do Trabalho. 
3. Resposta correta: A - Com base no artigo 394-A da CLT que diz o Art. 394-
A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o valor do 
adicional de insalubridade, a empregada deverá ser afastada de: III - 
atividades consideradas insalubres em qualquer grau, quando 
apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança da 
mulher, que recomende o afastamento durante a lactação.Resumo 
Nesta apostila aprofundamos o estudo sobre os adicionais de insalubridade e 
periculosidade. Vimos que a insalubridade é devida quando constatada em perícia e 
presente na NR-15 do MTE, a exposição do empregado à agentes físicos, químicos ou 
biológicos nocivos à saúde. Quando a empregada grávida ou lactante for elegível 
para o recebimento do adicional de insalubridade, por força de lei, ela deverá ser 
deslocada das atividades sem prejuízo do adicional. O adicional de insalubridade 
poderá ser no percentual de 10%, 20% ou 40% tendo como base o salário mínimo. 
Já o adicional de periculosidade é devido quando o empregado for exposto à 
riscos com inflamáveis, explosivos, energia elétrica, segurança patrimonial, 
atividades com motocicleta e atividades com radiações ionizantes ou substâncias 
radioativas. Ele também deve ser comprovado mediante perícia e constar na NR-15 
do MTE. Seu percentual é de 30% sobre o salário-base. 
 
 
 
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Referências bibliográficas 
Correia, H. Direito do trabalho para concursos de analista do TRT e MPU. 11a Edição. JusPodivm, 2018.

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