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Direito trabalhista (pós-reforma) FORMAS ESPECIAIS DE REMUNERAÇÃO 1 Sumário Introdução ............................................................................................................................. 2 Objetivo ................................................................................................................................. 2 1. Adicionais salariais ....................................................................................................... 2 1.1. Conceito ................................................................................................................. 2 1.2. Adicional de hora extra ......................................................................................... 3 1.3. Adicional noturno.................................................................................................. 3 1.4. Adicional de transferência ................................................................................... 4 1.5. Adicional de insalubridade .................................................................................. 4 1.6. Adicional de periculosidade ................................................................................. 5 2. Abonos ........................................................................................................................... 5 Exercícios ............................................................................................................................... 6 Gabarito ................................................................................................................................. 8 Resumo .................................................................................................................................. 8 2 Introdução O ato de trabalhar gera uma contraprestação. Seja qual for o trabalho, seja qual for o lugar. Se o trabalhador trabalha na lavoura do seu sítio, ele sabe que em algum tempo seu trabalho vai lhe gerar frutos, a contraprestação do seu trabalho. Trazendo para a realidade do direito trabalhista, a própria CLT, ao conceituar empregado em seu art. 3o, estabelece que salário é a contraprestação do empregado. Além do salário básico do trabalhador, a Constituição Federal e a CLT garantem mais alguns benefícios pecuniários em algumas situações específicas. Você sabia que os adicionais salariais, pagos de forma habitual, possuem natureza salarial e impactam no cálculo de outras verbas? Nesta apostila vamos estudar dois institutos que podem compor a remuneração do trabalhador: o abono e os adicionais. Objetivo • Apresentar as formas especiais de remuneração. • Apresentar a definição dos institutos do abono e dos adicionais. 1. Adicionais salariais 1.1. Conceito Os adicionais salariais ocorrem quando o empregado é submetido a situações desvantajosas específicas e se referem a um percentual que, somado ao seu salário, comporá sua remuneração com o intuito de compensá-lo pela desvantagem advinda daquele trabalho. São adicionais salariais: 1) adicional de hora extra; 2) adicional noturno; 3) adicional de transferência; 4) adicional de insalubridade; 5) adicional de periculosidade. Quando a condição de desvantagem do trabalhador deixar de existir, o adicional deverá ser cessado. Essa situação não é considerada um fator de prejuízo ao trabalhador visto que o adicional existe por ser um compensador da desvantagem e perde a razão de ser quando tal desvantagem deixa de existir. Cada 3 adicional irá refletir diretamente no cálculo de outras verbas trabalhistas e a seguir vamos estudar cada adicional e seu respectivo impacto. É importante mencionar que posterior à lei da reforma trabalhista (lei 13.467/2017), houve a Medida Provisória 808 de 14 de novembro de 2017 que alterou 10 pontos da reforma, entre eles alguns pontos ligados à remuneração como gratificações, prêmios e outras parcelas indenizatórias e gorjetas. Contudo, toda medida provisória possui efeito temporário até que seja votada e aprovada no Congresso Nacional. Ocorre que a MP 808/2017 não foi submetida ao Congresso e, assim, perdeu sua eficácia no dia 23 de abril de 2018. Por tais motivos, vamos nos ater exclusivamente ao ordenamento jurídico vigente. 1.2. Adicional de hora extra O adicional de hora extra é regulamentado por diversos institutos distintos (CF, CLT, Súmulas) mas é bem definido por nossa carta magna, vejamos: Art. 7o, XVI, CF: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal. Assim, o adicional de hora extra é aquele que visa compensar o fato do trabalho sobre jornada e deve ser o valor da hora acrescido de, no mínimo, 50% por cento e não deverão ultrapassar o limite de 2h/dia, de acordo com o art. 59 da CLT. As horas extras trabalhadas incidirão sobre: a) o descanso semanal remunerado; b) décimo terceiro salário; c) férias + 1/3; d) FGTS; e) aviso prévio. 1.3. Adicional noturno O adicional noturno existe, pois entende-se que se despende mais esforço desempenhar atividades durante o período da noite que durante o dia. Assim, ele vem para suprir essa desvantagem do trabalhador. É considerado noturno o trabalho desempenhado entre as 22h e as 5h do dia seguinte nos trabalhos urbanos; E das 21h às 4h nos trabalhos rurais e 20h as 4h no trabalho pecuário. Além de um percentual a mais por hora trabalhada, a CLT também entende que a hora do trabalhador noturno deverá ser computada em 52min30s e não o valor exato de 60min que de fato correspondem a uma hora. Considerando esse cálculo, o trabalho entre 22h e 5h dá exatamente 8h de trabalho. O valor do adicional noturno para os trabalhadores urbanos é, no mínimo, de 20% sobre o valor da hora diurna, definido pela CLT em seu art. 73, vejamos: Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para 4 esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. § 1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos. Já o valor do adicional noturno para os trabalhadores rurais é, no mínimo, de 25% sobre o valor da norma diurna, imposto pela lei 5.889/73, que regula o trabalho rural. De acordo com a OJ 97, SDI-I do TST, as horas laboradas posteriores às 5h, devem ser consideradas horas extras noturnas. Para os casos de trabalho noturno por jornada 12 x 36, o atual entendimento é que se consideram compensadas as horas trabalhadas após as 5h da manhã. Por fim, é importante saber que a incidência do adicional noturno reflete nas seguintes verbas: 1) décimo terceiro salário; 2) férias + 1/3; 3) FGTS; 4) descanso semanal remunerado; 5) aviso prévio. 1.4. Adicional de transferência Este adicional possui natureza salarial, sendo devido quando o trabalhador é transferido provisoriamente de seu domicílio em virtude de necessidade do empregador. Será de no mínimo 25% sobre o salário base do trabalhador, conforme estabelecido na CLT, art. 469, §3o. O adicional de transferência incide sobre: 1) décimo terceiro salário; 2) férias 1/3; 3) FGTS; 4) aviso prévio. FIQUE ATENTO! 1.5. Adicional de insalubridade O adicional de transferência apenas é devido se a transferência for provisória. Quando a transferência for definitiva, não há possibilidade do adicional.A norma, contudo, não estabelece o tempo máximo de transferência então fique bem atento se houver ou não transitoriedade na transferência. 5 Assim como a hora extra, o adicional noturno e o adicional de transferência, o adicional de insalubridade também foi previsto pela Constituição Federal e está disposto no artigo. 7o, inciso XXIII. O adicional de insalubridade é devido ao trabalhador que estiver exposto a agentes nocivos a sua saúde, podendo estes serem químicos, biológicos ou físicos. Para tanto, é imprescindível que o agente nocivo seja constatado em perícia, por médico ou engenheiro do trabalho e deverá estar presente na relação oficial de agentes nocivos à saúde elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Quanto ao valor do adicional de insalubridade, ele não foi estipulado em lei e por isso, vai variar de acordo com a convenção coletiva de cada região. Via de regra, tem-se admitido o salário mínimo como base de cálculo e o percentual vai variar entre 10 e 40% de acordo com o grau de exposição do trabalhador. 1.6. Adicional de periculosidade O adicional de periculosidade também foi previsto pelo artigo. 7o, inciso XXII e é devido quando o trabalhador está exposto a situações de perigo. As atividades perigosas foram definidas pela CLT no artigo 193, vejamos: Art. 193: São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I - Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II - Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. Já no que se refere ao percentual e à base de cálculo para o pagamento do adicional de periculosidade, a lei é bem clara e estabelece que é devido o adicional de 30% sobre o salário base. 2. Abonos Diferentemente dos adicionais, com o advento da Reforma Trabalhista, os abonos não possuem natureza salarial. Eles dizem respeito às parcelas pagas pelo empregador por liberalidade ou por previsão em acordo coletivo. Eles estão previstos na CLT: Art. 457, §2o, CLT: As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao 6 contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. Exercícios 1. (Instituto AOCP, 2018) Henrique foi contratado pela Loja de Conveniência Aki Tem Tudo, que funciona 24 horas, para exercer a função de atendente no horário das 21h de um dia às 6h do outro, com 1 hora de intervalo para repouso e alimentação. Diante dessa realidade contratual, é correto afirmar que: a. Henrique terá direito ao pagamento do adicional noturno de 20% sobre o valor da hora normal, devendo ser considerada a hora reduzida de 52 minutos e 30 segundos, além de horas extras noturnas. É devido o adicional respectivo e a computação da hora reduzida das 22h até as 5h. O adicional noturno integrará a base de cálculo das horas extras prestadas em período noturno, vez que laboradas em condições de maior desgaste físico e mental. O adicional noturno, porque pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos. b. Será devido a Henrique o pagamento do adicional noturno de 20% sobre o valor da hora normal, devendo ser considerada a hora reduzida de 52 minutos e 30 segundos, além de horas extras noturnas. É devido o adicional respectivo e a computação da hora reduzida das 22h até as 5h. O adicional noturno integrará a base de cálculo das horas extras prestadas em período noturno, vez que laboradas em condições de maior desgaste físico e mental. Adicional noturno e adicional horas extras, porque pagos com habitualidade, integram o salário do empregado para todos os efeitos. c. Henrique terá direito ao pagamento do adicional noturno de 20% sobre o valor da hora normal, devendo ser considerada a hora reduzida de 52 minutos e 30 segundos. É devido o adicional respectivo e a computação da hora reduzida das 22h até as 6h. É devida uma hora extra normal, sem considerar, para o cálculo respectivo, o adicional noturno. Adicional noturno e adicional horas extras, porque pagos com habitualidade, integram o salário do empregado para todos os efeitos. d. Será devido a Henrique o pagamento do adicional noturno de 20% sobre o valor da hora normal, devendo ser considerada a hora reduzida de 52 minutos e 30 segundos, além de horas extras noturnas. É devido o adicional respectivo e a computação da hora reduzida das 22h até as 6h. O adicional noturno integrará a base de cálculo das horas extras 7 prestadas em período noturno, vez que laboradas em condições de maior desgaste físico e mental. Adicional noturno e adicional horas extras, porque pagos com habitualidade, integram o salário do empregado para todos os efeitos. e. Henrique terá direito ao pagamento do adicional noturno, de 20% sobre o valor da hora normal, devendo ser considerada a hora reduzida de 52 minutos e 30 segundos, além de horas extras noturnas. É devido o adicional respectivo e a computação da hora reduzida das 22h até as 6h. O adicional noturno não integrará a base de cálculo das horas extras. Adicional noturno e adicional horas extras, porque pagos com habitualidade, integram o salário do empregado para todos os efeitos. 2. (Instituto AOCP, 2018) Alceu foi contratado para trabalhar como segurança no Banco Crédito Fácil S.A., permanecendo, durante toda sua jornada de trabalho, zelando pelos caixas eletrônicos e verificando a movimentação de clientes do estabelecimento, almejando, assim, evitar possíveis furtos e roubos no local. Considerando o exposto, é correto afirmar que Alceu a. não tem direito ao recebimento de qualquer adicional, considerando que, ao ser contratado, estava ciente das condições laborais e as assumiu expressamente ao assinar o contrato de trabalho. b. tem direito ao adicional de periculosidade de, respectivamente, 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifique nos graus máximo, médio e mínimo a sua exposição à violação física. c. tem direito ao adicional de periculosidade no importe de 30% (trinta por cento) sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. d. tem direito ao adicional de periculosidade no importe de 30% (trinta por cento) sobre o salário-mínimo da região. e. tem direito ao adicional de periculosidade no importe de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. 3. (Autora, 2019) Assim como as horas extras e o adicional noturno, o abono pago pelo empregador incide sobre demais verbas trabalhistas nos termos da lei. A afirmativa está: a. verdadeira b. falsa 8 Gabarito 1. Resposta correta: D - Henrique trabalha das 21 às 6h, o que gera um total de 10 horas trabalhadas. Lembre-se que das 22h às 5h, é considerada a hora 52min30 e, justamente esse tempo, dá um total de 8h de trabalho. Somada a hora de 21h à 22h mais a hora de 5h às 6h, fecha nas 10 horas de trabalho. Quando se subtrai 1h de intervalo, contabiliza-se 9h trabalhadas,o que gera 1h extra noturna por dia. 2. Resposta correta: C - O adicional de periculosidade é devido no importe de 30% sobre o salário base e nos casos de atividades perigosas, incluindo profissionais de segurança patrimonial de acordo com o artigo 193 e incisos da CLT. 3. Resposta correta: B – falsa - O abono não possui natureza salarial e não incide sobre outras verbas trabalhistas, nos termos do artigo Art. 457, §2o da CLT. Resumo Iniciamos essa apostila falando sobre o conceito de adicionais salariais, os quais dizem respeito às verbas compensadoras, ou seja, aquelas criadas para compensar alguma situação de desvantagem do trabalhador. Os adicionais possuem natureza salarial e incidem sobre outras verbas trabalhistas. São adicionais previstos em lei: 1) horas extras; 2) adicional noturno; 3) adicional de transferência; 4) adicional de insalubridade; 5) adicional de periculosidade. O adicional de horas extras é aquele que para 50% a mais sobre o valor da hora regular quando o trabalhador ultrapassar sua jornada diária. O limite de horas extras diários é de 2h. O adicional noturno foi criado para compensar a situação desvantajosa de se trabalhar durante a noite. Ele compreende um percentual a mais de 20% sobre a hora diurna e também considera que a hora noturna, aquela compreendida entre 22h e 5h, deve ser considerada de 52m30s. O adicional de transferência diz respeito ao adicional transitório, pago ao empregado que por necessidade do empregador, precisou provisoriamente mudar-se para trabalhar em outro domicílio. Ele deve ser pago no valor de 25% sobre o salário base. Já os adicionais de insalubridade e periculosidade, aprendemos que aquele diz respeito ao pagamento de um adicional quando as atividades desenvolvidas são em ambiente nocivos e o percentual vai variar de acordo com o grau de exposição. Enquanto a periculosidade, será de 30% sobre o valor do salário base e é devido quando o empregado está exposto a situações de risco. 9 Sobre o abono, não possui natureza salarial e, por isso, não incide sobre verbas trabalhistas. Não é uma verba obrigatória, é pago por deliberadamente pelo empregador ou por previsão em acordo coletivo. 10 Referências bibliográficas Correia, H. Direito do trabalho para concursos de analista do TRT e MPU. 11a Edição. JusPodivm, 2018. Pantaleão, S.F. Medida provisória 808/2017 perde a validade e muda as regras da reforma trabalhista. Guia Trabalhista.com . Abril, 2018
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