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Educação Juventude e Sociedade -Ciência da Nat e Mat

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Educação, Juventude e Sociedade 
 
 
 
 
RENATA MENEGHINI 
 EDUCAÇÃO, JUVENTUDE E SOCIEDADE 1ª Edição Taubaté Universidade de Taubaté 2014 
 
Copyright©2014.Universidade de Taubaté. Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade. Administração Superior Reitor Prof.Dr. José Rui Camargo Vice-reitor Prof.Dr. Marcos Roberto Furlan Pró-reitor de Administração Prof.Dr.Francisco José Grandinetti Pró-reitor de Economia e Finanças Prof.Dr.Luciano Ricardo Marcondes da Silva Pró-reitora Estudantil Profa.Dra.Nara Lúcia Perondi Fortes Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Prof.Dr. José Felício GoussainMurade Pró-reitora de Graduação Profa.Dra.Ana Júlia Urias dos Santos Araújo Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof.Dr.Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira Coordenação Geral EaD Profa.Dra.Patrícia Ortiz Monteiro Coordenação Acadêmica Profa.Ma.Rosana Giovanni Pires Coordenação Pedagógica Profa.Dra.Ana Maria dos Reis Taino Coordenação Tecnológica Profa. Ma. Susana Aparecida da Veiga Coordenação de Mídias Impressas e Digitais Profa.Ma.Isabel Rosângela dos Santos Ferreira Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Ma. Fabrina Moreira Silva Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti Coord. de Curso de Pedagogia Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Revisão ortográfica-textual Projeto Gráfico Diagramação Autor 
 Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira Profa. Dra. Lídia Maria Ruv Carelli Barreto Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos Ferreira Me.Benedito Fulvio Manfredini Bruna Paula de Oliveira Silva Renata Meneghini Unitau-Reitoria Rua Quatro de Março,432-Centro Taubaté – São Paulo CEP:12.020-270 Central de Atendimento:0800557255 Polo Taubaté Polo Ubatuba Polo São José dos Campos 
 Avenida Marechal Deodoro, 605–Jardim Santa Clara Taubaté–São Paulo CEP:12.080-000 Telefones: Coordenação Geral: (12)3621-1530 Secretaria: (12)3625-4280 Av. Castro Alves, 392 – Itaguá – CEP: 11680-000 Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 13h às 17h / 18h às 22h Av Alfredo Ignácio Nogueira Penido, 678 Parque Residencial Jardim Aquarius Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 8h às 22h Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU 
M541e Meneghini, Renata Educação, juventude e sociedade / Renata Meneghini. Taubaté: UNITAU, 2010. 56p. : il. ISBN: 978-85-62326-37-0 Bibliografia 1. Juventude. 2. Fatores biopsicosocioculturais do jovem. 3. Relações familiares. 4. Droga. 5. Violência. 6. Amparo social. I. Universidade de Taubaté. II. Título. 
 
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PALAVRA DO REITOR Palavra do Reitor Toda forma de estudo, para que possa dar certo, carece de relações saudáveis, tanto de ordem afetiva quanto produtiva. Também, de estímulos e valorização. Por essa razão, devemos tirar o máximo proveito das práticas educativas, visto se apresentarem como máxima referência frente às mais diversificadas atividades humanas. Afinal, a obtenção de conhecimentos é o nosso diferencial de conquista frente a universo tão competitivo. Pensando nisso, idealizamos o presente livro-texto, que aborda conteúdo significativo e coerente à sua formação acadêmica e ao seu desenvolvimento social. Cuidadosamente redigido e ilustrado, sob a supervisão de doutores e mestres, o resultado aqui apresentado visa, essencialmente, a orientações de ordem prático-formativa. Cientes de que pretendemos construir conhecimentos que se intercalem na tríade Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de forma responsável, porque planejados com seriedade e pautados no respeito, temos a certeza de que o presente estudo lhe será de grande valia. Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa leitura. Bons estudos! Prof. Dr. José Rui Camargo Reitor 
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Apresentação Este livro-texto, intitulado Educação, Juventude e Sociedade, pretende analisar fatores biológicos, psicológicos e sócio-culturais do desenvolvimento do jovem, bem como sua sexualidade. Analisará as relações familiares na perspectiva da Psicologia Ambiental, bem como os conflitos gerados neste âmbito e o apoio que o jovem recebe de seu grupo mais próximo, que inclui família e amigos. Veremos aqui o significado da instituição escolar para o jovem, como o Ensino Médio é organizado por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais em áreas de conhecimento, e, por fim, como a violência é gerada na escola segundo a percepção dos jovens e dos professores. O livro-texto ainda analisará o quanto os (des)amparos sociais influenciam na violência e na drogadição; e, ainda, a necessidade de pertencimento e amparo que o jovem tem perante a diversidade social. Tratará também dos direitos e deveres dos jovens pautando-se no Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como do desenvolvimento da moralidade e diretrizes para ações sociais. Desse modo, o livro-texto aborda os vários setores sociais dentre os quais está o jovem, verificando se a educação escolar e a familiar estão conseguindo construir um diálogo com os jovens, dando-lhes apoio para seu desenvolvimento global. É nosso objetivo incentivar um debate sobre o desenvolvimento da moralidade perante as adversidades que o jovem encontra no mundo de hoje, visando à reflexão sobre o que podemos mudar na trama social do jovem. 
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Sobre a autora RENATA MENEGHINI - É graduada em Psicologia (1996) e Mestre em Psicologia da Educação (Desenvolvimento humano - 2000) pela Universidade de São Paulo. Tem experiência na área acadêmica: Unitau (Psicologia, 2000 e 2009-2010), Unisal (Psicopedagogia, 2002), Unesp (Projeto Institucional Pedagogia Cidadã, 2002-2007), Senac – Gestão de Pessoas (2005-2006). Formadora da equipe de educação infantil da Prefeitura Municipal de Queluz (SP) e oficineira da Fundação Vanzollinni (Prefeitura Municipal de Jundiaí), em 2010. Experiência também como consultora de Recursos Humanos em treinamento de equipes pela Altus Turismo Ecológico desde 2000. Atuou como coordenadora pedagógica de Educação Infantil na Prefeitura de Campos do Jordão (2001-2004) e trabalha como professora de formação social do Ensino Fundamental I, desde 2008. 
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Caros(as) alunos(as), 
Caros( as) alunos( as) O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande experiência adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, ao longo de mais de 35 anos de História e Tradição. Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial. Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais preparada especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais. A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementaresao conteúdo estudado. Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem. Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais atores desta formação. Para todos, os nossos desejos de sucesso! Equipe EAD-UNITAU 
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Sumário Palavra do Reitor .............................................................................................................. v Apresentação .................................................................................................................. vii Sobre a autora .................................................................................................................. ix Caros(as) alunos(as) ........................................................................................................ xi Ementa .............................................................................................................................. 1 Objetivos ........................................................................................................................... 2 Introdução ......................................................................................................................... 3 Unidade 1. Fatores Biopsicossocioculturais do Desenvolvimento do jovem .................. 5 1.1 Desenvolvimento Físico e Emocional ........................................................................ 6 1.2 Desenvolvimento Sociocultural e Sexualidade .......................................................... 8 1.3 Síntese da Unidade ................................................................................................... 11 1.4 Para saber mais ......................................................................................................... 12 1.5 Atividades ................................................................................................................. 12 Unidade 2. O Jovem no contexto Familiar .................................................................... 13 2.1 Desafios dos Jovens na Atualidade .......................................................................... 13 2.2 Psicologia Ambiental: entendendo e norteando as relações familiares .................... 16 2.3 Apoio Familiar e Conflitos ....................................................................................... 17 2.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 19 2.5 Para saber mais ......................................................................................................... 20 2.6 Atividades ................................................................................................................. 21 Unidade 3. O Jovem e a Escola ...................................................................................... 23 3.1 Significado das Instituições Escolares ...................................................................... 24 3.2 Organizando a Educanção Escolar segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio ............................................................................................................. 27 3.3 Violência na Escola – Percepção de Professores e Alunos ...................................... 30 3.4 Sintese da Unidade ................................................................................................... 36 3.5 Atividades ................................................................................................................. 36 Unidade 4. Os Jovens perante a violência, a drogalização e o (des)amparo social ........ 37 4.1 Violência e drogadição ............................................................................................. 38 4.2 Necessidade de pertencimento.................................................................................. 40 
xiv 
4.3 Como amparar o jovem em uma época de contradição ........................................... 42 4.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 44 4.5 Para saber mais ......................................................................................................... 44 4.6 Atividades ................................................................................................................. 44 Unidade 5. O Jovem e os amparos sociais: caminhos a seguir....................................... 45 5.1 Estatuto da criança e do adolescente ........................................................................ 46 5.2 Desenvolvimento da moralidade .............................................................................. 49 5.3 Onde erramos? O que podemos mudar? ................................................................... 51 5.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 53 Referências ..................................................................................................................... 55 
 
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 ORGANIZE-SE!!! Você deverá usar de 3 a 4 horas para realizar cada Unidade. 
Educação Juventude e Sociedade 
Ementa 
 
 
 
EMENTA Protagonismo juvenil. Movimentos culturais juvenis. Juventude enquanto categoria social. Transformações biopsicossocioculturais na juventude. Sexualidade humana. Características da pós-modernidade. Complexidade da realidade contemporânea. Significados das instituições educativas para os jovens. Violência escolar. 
 
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Objetivo Geral O livro-texto tem como objetivo estimular a reflexão sobre quem é o jovem na sociedade atual em seus aspectos biológicos, afetivos e sociais, bem como explorar a relação juventude, educação e violência social. 
Obj eti vos Objetivos Específicos 
 identificar aspectos relevantes do desenvolvimento do jovem; 
 reconhecer a família e a escola como espaço relevante no resgate da cidadania do jovem; 
 relacionar os direitos e deveres dos jovens com as contradições complexas da sociedade atual, como violência e drogadição. 
 
 
 
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Introdução Este livro-texto conta com um apanhado sobre a juventude, em seus aspectos biológicos, afetivos e sociais, o que envolve a família, a escola, as diversas formas de violência social, bem como a drogadição, esclarecendo os direitos e deveres do cidadão jovem. Na Unidade 1, estudaremos as transformações pelas quais os adolescentes passam, definindo o que é a adolescência e a juventude – desenvolvimento físico e emocional, sociocultural e os estudos recentes realizados no Brasil sobre sexualidade e juventude. Esta Unidade apresenta com referência bibliográfica sobre juventude e sexualidade, sexualidade na adolescência e as interações sociais na concepção de Jean Piaget. Na segunda Unidade, trataremos das questões culturais e familiares dos jovens, o que inclui os desafios do jovem na atualidade (violência, drogadição, necessidade de pertencer a um grupo social), as relações familiares a partir da perspectiva da Psicologia Ambiental, destacando-se o apoio e os conflitos familiares. A Unidade conta uma referência bibliográfica voltada para as necessidades dos adolescentes, para a abordagem ecológica de Bronfenbrenner em estudos familiares, bem como para a mediação dos conflitos familiares. Na terceira Unidade, faremos uma análise crítica do significado da instituição escolar para o jovem e de como o Ensino Médio é organizado segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais; sendo necessário tratar da violência na escola napercepção de professores e alunos. A Unidade propõe que o professor-aluno acesse o site do Ministério da Educação com objetivo de compreender na íntegra do que tratam os Parâmetros Curriculares Nacionais para Ensino Médio e analisar se o que se propõe é de fato o que está sendo realizado. As referências bibliográficas desta Unidade analisam os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, a violência na escola, a 
 
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importância do esporte escolar como forma de usar a energia do jovem de um modo socialmente aceito, a qualidade de educação para a juventude, a relação entre educação e trabalho, a formação de conceitos para Vygotsky, a violência na escola na percepção de alunos e professores e a agressividade na escola. Na Unidade 4, faremos um apanhado do significado da escola e da violência ali gerada, bem como da relação violência e drogadição, da necessidade de pertencimento do jovem e de como ampará-lo em uma época de contradições. As referências aqui utilizadas ficam em torno da adolescência na atualidade e da Psicologia. Na última e quinta Unidade, tratamos dos direitos e deveres dos jovens, buscando no Estatuto da Criança e do adolescente o que diz respeito à violência; do desenvolvimento da moralidade; do papel social da família e da escola na busca de mudanças para a juventude e, finalmente, do papel do educador na construção da moralidade desde a infância. As referências bibliográficas visaram entender o Estatuto da Criança e do Adolescente e os direitos de escolha de cada um, bem como por que a negação da cidadania a muitos jovens acaba, tantas vezes, por levá-los à violência e à agressão. 
 
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Unidade 1 
Unidade 1 . Fatores Biopsicossocioculturais do Desenvolvimento do jovem 
“Aquele era seu pior inimigo (espelho). O mais cruel, o mais cínico, o mais sem piedade. Um inimigo que falava a verdade. Ainda com a escova de cabelo na mão, ela não podia deixar de encará-lo. 
“Feia...” Isabel sufocou um soluço. “Gorducha...” Uma lágrima formou-se na pontinha da pálpebra. 
“Que óculos horrorosos...” 
“Você plantou uma rosa no nariz, é?” 
“Sabe que essa rosa vai ficar amarela? Amarela e 
grande...” “O seu nariz vai inchar...” Aquela garota que sempre tinha uma resposta para tudo, sempre uma gozação na hora certa, não sabia o que dizer quando seu grande inimigo apontava sadicamente cada ponto fraco que havia para 
apontar”. (BANDEIRA, Pedro. A marca de uma lágrima.1988, p. 6). 
 Nesta Unidade, vamos ver as transformações biopsicossocioculturais do jovem, como se dá seu desenvolvimento e as questões que despertam nessa fase. No trecho acima, de um texto de Pedro Bandeira, podemos perceber como o adolescente se sente quando se encontra em plena transformação. A adolescência é a fase da necessidade dos participantes se sentirem belos e aceitos, ao mesmo tempo em que eles se acham feios e fora de contexto. Dessa forma, o desenvolvimento dos jovens é cheio de conflitos, inclusive o da crise de identidade. 
 
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De acordo com La Taille (1992), sobre a visão de Piaget, o desenvolvimento humano se dá pelas e nas interações sociais; é nas interações sociais que a inteligência humana se desenvolve, pois o ser humano não pode ser pensado fora do contexto social em que nasce e vive. Portanto, o jovem não pode ser pensado em seu processo de transformação sem que pensemos o quanto família e escola estão prontas para acolhê-lo, quando o jovem sente-se em crise com sua própria identidade. Será que as instituições sociais se dispõem a entender assuntos que afligem os jovens, expressos ora pela agressividade, ora pela negligência, e que nem sempre são entendidos nesses contextos? 1.1 Desenvolvimento Físico e Emocional O jovem está no momento de pleno desenvolvimento físico, marcado pela aquisição da imagem corporal adulta, fase na qual sua personalidade irá ganhar estruturação; é a época de transformações biológicas, quando o corpo passa por muitas modificações (desenvolvimento de pelos, barba, penugem etc, e a possibilidade de procriar). Assim, o corpo juvenil está influenciado pela ação hormonal, sendo a transição da perda do corpo infantil e a aquisição do corpo adulto uma fase em que o jovem está desenvolvendo sua identidade, e, para afirmá-la, fica frente ao espelho se avaliando. O jovem começa a criar uma relação de independência para com seus pais, mas ainda depende muito deles para se manter, seja economicamente ou afetivamente. Perante o desenvolvimento do jovem, fase que se inicia por volta de 12 anos, a relação com os pais continua sendo importante, mas é muito ambivalente. Muitos são os aspectos conflitantes entre os jovens filhos e pais, como o questionamento das regras impostas pelos pais, as notas escolares, as vestimentas, os trabalhos domésticos, dentre outros. Entretanto, ocorre ainda a busca de diálogo, apoio, conselhos e carinho. 
 
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 Figura 1.1 - adolescentes próximas, mas comunicando-se com outras pessoas pelo celular. Fonte: <hhttp://www.sxc.hu/photo/1209438> Autora: Sanja Gjenero 
O que será que faz o adolescente experimentar a sexualidade tão precocemente? Mesmo diante de uma diversidade de meios tecnológicos e informações, ele age pela imitação e pressão dos companheiros. Com todos os métodos anticoncepcionais disponíveis ainda são os inúmeros os casos de gravidez não desejada ou doenças sexualmente transmitidas (COSTA et al, 2001). Será que o adolescente está somente preocupado em satisfazer suas fantasias e prazeres, sendo as trocas afetivas desvalorizadas? 
Segundo Costa et al (2001), a maturação física puberal inicia-se entre 10 e 14 anos, fase em que há extremo interesse e curiosidade sobre o próprio corpo e sobre o corpo de seus parceiros, devido ao desenvolvimento da sexualidade. As fantasias sexuais são frequentes; às vezes, vêm com a masturbação (que pode ter-se iniciado na infância), podendo resultar em sentimento de culpa, caso o jovem não entenda bem o que está acontecendo com ele. As relações amorosas costumam ser platônicas, sem ou com pouco contato físico, considerando-se as “intermináveis” conversas ao telefone e, atualmente, o avanço tecnológico, os programas de bate-papo pela internet e celular. Na adolescência, entre 14 e 17 anos, a energia sexual está no auge, privilegiando o contato físico, como coloca Costa et al (2001), de maneira exploratória e egoísta. Isso ocorre pela imaturidade emocional que influencia muito essa fase do desenvolvimento. Entretanto, os autores acima abordam riscos do comportamento sexual, caso não haja orientação por parte dos pais e professores. 
A maturidade emocional começa a se estruturar entre 17 e 20 anos, quando há também a maturação física. Nessa fase, segundo Costa et al (2001), o comportamento sexual costuma ser mais expressivo e menos exploratório e as relações mais íntimas e compartilhadas. 
 
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 Figura 1.2 - adolescente pedindo socorro. Fonte: <http://www.istockphoto.com/stock-photo-11573406-teenager-with-help-sign.php> Autor: Cristian Lazzari 
Agora temos algo mais próximo do sentimento do adulto, quando o jovem pode ter a necessidade de formar vínculos afetivos, o que vai depender de suas vivências. O que a sociedade pode promover para o enriquecimento afetivo do jovem, no sentido de ele mesmo despertar para a necessidade de vínculos seguros? Possivelmente, os programas sociais que resgatem a autoestima de nossos jovens, seja na escola, no clube, no serviço de saúde etc. 1.2 Desenvolvimento Sociocultural e Sexualidade Na contemporaneidade, crianças e adolescentes têm acesso aos mais variados recursos audiovisuais que suscitam a sensualidade e sexualidade. Entretanto, o significado pessoal que cada adolescente dá à sexualidade varia conforme suas vivências, as quais irão gerar expectativas. Pensemos que se a sexualidade for exacerbada será utilizada frequentemente como referência social, mas por outro lado pode ser também fonte de frustrações. Por isso é que o sistema social,a família e a escola são importantes na construção de maturidade, para criar um ambiente em que o pequeno jovem possa dialogar e construir noções reais e assertivas sobre sua vida. O início da vida sexual pode variar de acordo com algumas realidades sociais, pois, segundo Costa et al (2001), algumas adolescentes iniciam vida sexual de 15 a 17 anos, sendo mais tardia nas classes sociais mais favorecidas. Os adolescentes do sexo masculino iniciam a sexualidade entre os 13 e 15 anos. De 40 a 50% mantêm sexo com namoradas ou eventuais parceiras e cerca de 30%, com prostitutas. Desse modo, os autores acima citados apontam que, em decorrência de mudanças no comportamento sexual, profissionais de saúde, pais, professores e sociedade em geral precisam atentar para a gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, entre 
 
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 Figura 1.3 - Jovens apresentando maturidade e saúde físico-afetivo-social. Fonte:<http://www.istockphoto.com/file_closeup/?id=10562178&refnum=3296437&source=sxchu04&source=sxchu04> Autor: Christopher Futcher. 
A juventude seria a fase ideal para o desenvolvimento da genitalidade ou intimidade, sem que o adolescente 
͞Ƌueiŵe͟ uŵa etapa do seu deseŶvolviŵeŶto; seŶdo taŵbéŵ o ŵoŵeŶto de tƌabalhaƌ, teƌ filhos e lazeƌ – marco entre o fim da adolescência e o início da vida adulta. O jovem faz tudo para ser aceito no grupo. Desse modo, o fracasso nas relações afetivas/sociais e cognitivas pode levá-lo ao isolamento. A ausência da construção de um projeto de vida pode ocasionar dependência familiar e favorecer as flutuações afetivas, que impedirão outras experiências vitais ao desenvolvimento. Cabe-nos discutir aqui os meios que o jovem utiliza para se comunicar com o mundo, os quais garantem seu pertencimento a um grupo. Por meio da linguagem, o indivíduo cria e recria processos mentais, que ajudarão também na sua convivência social e afetiva – quanto mais elaborada, mais fácil é seu contato com o mundo. 
outras questões (COSTA et al, 2001). Algumas intervenções, tais como técnicas individuais e grupais, por meio de atividades dinâmicas e lúdicas, ajudariam. Entretanto, a educação para a sexualidade é um processo contínuo, vinculado à formação de crianças e jovens, que, além das informações científicas, oferece esclarecimentos para a compreensão e o desenvolvimento da sexualidade, de forma plena e saudável, em diferentes momentos da vida. Segundo Costa et al (2001), para promover a educação sexual de forma adequada é necessário que, além da empatia e do trato do assunto com naturalidade, o educador deve ter bom nível de conhecimento sobre determinados conceitos e determinadas características da sexualidade humana, imprescindíveis à discussão dos temas relacionados. Segundo Costa et al (2001), somente na juventude (18 a 25 anos) que as principais características do jovem (estruturas intelectuais, morais e físicas) atingem o auge; é uma fase em que diminuem as mudanças fisiológicas, acontece o ingresso na vida social plena e a estabilização afetiva. Quanto aos estudos superiores e trabalho, é a fase em que começa a surgir o autossustento social, psicológico e econômico, ou seja, é uma época da plenitude do desenvolvimento físico, sendo a idade em que o jovem apresenta força, energia e resistência. 
 
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Discriminação e homofobia - O estigma social e a discriminação contra homossexuais continuam sendo forças poderosas na sociedade ocidental contemporânea. Comparados aos casais heterossexuais, os casais homossexuais não desfrutam dos mesmos direitos e da mesma profissão proteção. Exemplos de discriminação incluem os homossexuais barrados na carreira militar e a exclusão de adolescentes gays do Boy Scouts of America (Boy Scouts of America x Dale, 2000). A antipatia contra os homossexuais resulta, por vezes, em ataques diretos e crimes por ódio (Federal Bureau of Investigations, 2001), como o assassinato, com repercussão nacional, de um jovem gay em Montana no ano de 1998. O conceito de homofobia foi desenvolvido na década de 1970, para explicar o preconceito da sociedade contra homossexuais. De acordo com esse paradigma, as pessoas se sentem pouco à vontade ao lidar com questões referentes à homossexualidade ou com os próprios homossexuais. Trabalham esse desconforto evitando tais contatos. Esse comportamento se torna entranhado porque efetivamente elimina o desconforto e, sendo tão prevalente, faz com que os homossexuais sejam marginalizados na sociedade. A homofobia também é usada para descrever sentimentos negativos e autorrelutância entre os homossexuais, o que não lhes permite uma reivindicação apropriada de tratamento não discriminatório na sociedade. Fonte: <http://www.conteudoglobal.com/sociedade/homossexualismo/index.asp?action= aspectos_sociais_homossexualismo&nome=Aspectos+sociais+do+Homossexualismo>. Acesso em 08 ago. 2010. 
Vale ressaltar o papel da escola e da família para o desenvolvimento do jovem no sentido de orientá-lo de maneira acolhedora e dinâmica, com uma possibilidade lúdica, na qual ele se sinta envolvido com as questões tratadas. É preciso, por exemplo, estar alerta ao que Berquó (apud ABRAMOVAY E SILVA, 2004) aponta como as causas de gravidez precoce entre os jovens: falta de diálogo sobre sexualidade no contexto familiar, conflito de gerações, necessidade de autoafirmação do jovem, falta de estímulos para um projeto de vida e falta de conhecimento que os jovens têm de si mesmos e do mundo. 
Quais são as idealizações dos jovens sobre a sexualidade? Como será que o jovem 
debate assuntos como: “ficar” e namorar, virgindade, afetividade, fidelidade, gravidez, métodos contraceptivos, abortamento, sexualidade, violência sexual, preconceitos e homofobias? Alguns estudos, como o de Abramovay e Silva (2004), desenvolvem um importante questionamento que contribui para o debate sobre as relações existentes entre sexualidade e juventude na escola, dão enfoque aos atores que compõem a comunidade escolar (alunos, professores e pais), bem como suas motivações, condutas, ideários etc. Esse estudo aponta que a juventude é momento em que a experimentação da sexualidade vai possibilitar a estruturação da identidade do jovem (ABRAMOVAY e SILVA, 2004), ainda cerceado por preconceitos e crenças que organizam as possibilidades sexual-afetivas dos jovens. 
A sexualidade está vinculada a um povo e a sua cultura, que precisa ser reconhecida, olhada com atenção, para uma apreciação do que o jovem, membro daquela cultura, precisa. 
 
 
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Segundo Figueiredo (apud ABRAMOVAY e SILVA, 2004), quando reconhecemos a sexualidade como construção social, é o mesmo que dizer que as práticas e os desejos são também construídos culturalmente, considerando-se a diversidade, a concepção de mundo e os costumes do povo (mesmo quando as pessoas estão integradas a um só país). Para Figueiredo, reconhecer a sexualidade envolve a necessidade de questionamento de ideias, majoritariamente presentes na mídia, em condutas idealizadas que são naturalizadas e, assim, generalizadas para todos os grupos sociais, independentemente de suas origens e localização. A família e a escola precisam desenvolver espaços para e com o adolescente/jovem, no 
sentido de fazer parte de seu mundo, de falar sua “língua”, ajudando-o a construir um projeto de vida, resgatando sua autoestima. É importante criar na escola um espaço de convivência, crescimento e desenvolvimento, um lugar prazeroso e não mais um lugar para passar o tempo. Já a família precisa criar um espaço para o jovem sem esquecê-lo e, ao mesmo tempo, sem sufocá-lo (MENEGHINI, 2009). 1.3 Síntese da Unidade A Unidade 1 tratou dos aspectos gerais do desenvolvimento do jovem, do ponto de vista biopsicossociocultural, como ele ocorre e os entraves enfrentados pelo jovem nas diversas fases, até alcançar a fase adulta. A Unidade trouxe informação sobre o desenvolvimento físico e sexual, o amadurecimento afetivo nas relações sociais, bem como sobre as influências socioculturais (famíliae escola) nesse processo. Investigou-se, ainda, o que as pesquisas demonstram sobre o desenvolvimento físico e sexual do jovem em diferentes contextos sociais brasileiros, as quais demonstram a importância dos diversos autores sociais na constituição da personalidade do jovem. 
 
 
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1.4 Para saber mais Filmes e telenovelas Na novela MALHAÇÃO, exibida pela Rede Globo, diariamente, às 17h30, podemos notar como adolescentes e jovens se desenvolvem em relação a sua sexualidade e afetividade e como as relações sociais vão sendo construídas diante dos entraves que cercam essa fase do desenvolvimento humano. 1.5 Atividades Observe um adolescente ou jovem, entre 12 e 18 anos, e descreva alguns dos comportamentos que ele apresenta do ponto de vista físico, emocional e social, de acordo com o que foi estudado na presente Unidade. 
 
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Unidade 2 
Unidade 2 . O Jovem no contexto Familiar 
A sociedade atual tem grandes preocupações com a juventude e suas transformações, seja pelos aspectos gerais de desenvolvimento, seja pela diversidade de modelos de vida ou pelo desenvolvimento da sexualidade. Nessa multiplicidade de acontecimentos, tanto a família quanto a escola estão tendo que buscar novas maneiras de encontrar soluções que ajudem o jovem a se encontrar consigo mesmo, com seus pares, com seus familiares, de maneira saudável e estável, pensando no bem-estar do protagonista e em planos sociais mediados pela ética e pelo bem-estar geral. Para falarmos da família, é preciso olhá-la num contexto sócio-histórico-cultural e num processo dinâmico de construção de relações com o jovem, no sentido de orientar o diálogo entre os diversos atores. Nesta Unidade, veremos quais são os desafios do jovem na atualidade (como trabalho, educação e relações familiares) e como a Psicologia Ambiental pode contribuir para a clareza das regras existentes no meio familiar, ajudando a entender e nortear as relações com os jovens, ampliando e abrindo um debate sobre apoio e conflitos familiares. 2.1 Desafios dos Jovens na Atualidade Na contemporaneidade, o jovem tem muitos desafios, dentre os quais se destacam 
trabalho, estudo e família. “O jovem é fruto de um momento social, em que somos habitantes de uma aldeia global, que põem em xeque as identidades nacionais, sócio-políticas, religiosas e culturais” (OSÓRIO, 1992, p. 34). Dessa forma, precisamos atentar para a necessidade de integração mundial, convivendo com contradições e conflitos existentes entre as diferentes gerações. É preciso lembrar que as expectativas 
 
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conservadoras do meio familiar e as demandas sociais contribuirão para a formação do futuro adulto. Diante da crise adolescente de redefinição corporal, da perda do corpo infantil para aquisição do corpo adulto, Osório (1992) faz um paralelo com a reconfiguração dos centros urbanos que viraram grandes cidades. Assim, pode-se comparativamente observar na vida do jovem (assim como a vida em certas cidades) a substituição do vínculo de dependência com os pais pelas relações de autonomia (liberdade política e econômica das grandes cidades); a elaboração do luto pela perda da condição infantil (perda da condição colonial dos modos de viver); o estabelecimento de valores de ética próprios (objetivos ideológicos nacionais); a busca de identificação com seus iguais (mundo passa pela busca de um comportamento padrão internacional). Desse modo, como vemos em Osório (1992), esse paralelo entre indivíduo e mundo traz ao jovem muitas crises: com quem e por que se identificar. Ainda esse autor cita o padrão de luta/fuga do jovem com a geração precedente, comparado ao confronto/distanciamento entre países subdesenvolvidos e ricos; a aceitação dos ritos de iniciação de ingresso no mundo adulto com os ritos de iniciação democrática no mundo; as tendências sexuais, independentemente da expectativa familiar, comparadas a inclinações nacionais ou às expectativas dos povos. Assim, o jovem fica à deriva na sociedade, sem poder escolher muito, pois, no macrossistema, pensam e fazem por ele o que, certamente, ele nem projetou para sua vida. A adolescência contemporânea, segundo Osório (1992), existe com todas as dúvidas e perplexidades existenciais, nascendo, com isso, as angústias e os movimentos transgressores. Desse modo, o dilema do jovem é hoje organizar e construir um projeto de vida, por meio do qual possa se realizar. Mas, diante da contradição política e econômica, isso fica cada vez mais difícil, nascendo aí o dilema vocacional. O desafio vocacional é marcado por uma escola imediatista e conteudista, pouco preocupada com um espaço para o aluno expressar seus conhecimentos prévios e compreender, refletir e criticar; falta uma escola que ensine, segundo Freire (2003), a 
“ser presença no mundo”. 
 
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Figura 2.1 - Pessoas, inclusive jovens, em reunião de trabalho. Fonte: <http://www.shutterstock.com/pic-7 704406/stock-photo-business-group-meeti ng-portrait-five-business-people-working-together-a-diverse-work-group.html> Autor: Yuri Arcurs 
Nesse contexto não muito otimista, o jovem é convencido de que só alcança o patamar do sucesso aquele que busca o curso superior. Mas, diante de tantas crises econômicas, é preciso questionar se as possibilidades de um bom emprego serão igualmente divididas por todos. Além disso, o jovem sofre algumas pressões pela busca da formação superior, que o levam, muitas vezes, a entrar e sair dos cursos superiores na busca incessante pela identidade vocacional. Segundo Osório (1992), embora, na atualidade, os pais não mais condicionem os filhos a seguirem suas profissões, são crescentes a indecisão e os conflitos do jovem perante a escolha profissional. Levemos em conta os fatores intrapsíquicos, tais como insatisfação com as figuras parentais, que acarretam perturbações no processo de constituição da identidade, e os fracassos nas escolhas profissionais e afetivas. Estamos diante de uma sociedade que prega uma coisa e faz outra, na qual o jovem, como vimos nas comparações de Osório (1992), é forçado a ter bom desempenho em detrimento da ludicidade, ação em detrimento da reflexão e o condicionamento mental em detrimento da ética. Quando o que vale é o poder, o jovem fica à mercê de não ser mais visto como um ser único, que busca realização na sua formação, tendo nas mãos o dilema de ter que buscar uma formação e não poder obtê-la como realização profissional. O jovem precisará de orientação para que, em um processo vocacional, receba ajuda de um profissional da área com objetivo de orientá-lo em suas dúvidas, com auxílio da família e da escola. 
 
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2.2 Psicologia Ambiental: entendendo e norteando as relações familiares Recorremos à teoria ecológica e sistêmica de Bronfenbrenner, para compreendermos em qual dimensão está a família na sociedade, na busca de entender o jovem e seus contextos sociais e quais processos interativos influenciam seu desenvolvimento (MARTINS e SZYMANSKI, 2004). Segundo as autoras, Bronfenbrenner, em seus estudos sobre desenvolvimento humano, realizados desde a década de 70, propõe uma análise da pessoa em desenvolvimento, levando em consideração as influências dos vários contextos em que os indivíduos vivem (BRONFENBRENNER, 1977; MARTINS e SZYMANSKI, 2004). Precisamos considerar a bidirecionalidade pessoa-ambiente para entendermos o jovem imerso no contexto familiar, tal como proposto por Bronfenbrenner e Morris (1998 apud MARTINS e SZYMANSKI, 2004). Entretanto, para entendermos a formação de um jovem, devemos levar em conta não só a família, mas as relações estabelecidas a partir do modelo ecológico (bioecológico) de desenvolvimento humano, tal como propõem os autores acima. Esse jovem está se desenvolvendo em um contexto não só familiar, mas mediado também pela escola, pelos locais sociais, pelas mídias etc. O jovem de hoje não se parece em nada com o jovem das décadas anteriores e do século passado, pois o jovem do século XXI pode experimentaruma gama de estímulos e condições sociais de viver, que o jovem de antigamente não tinha. 
Antes, quando atingia 10 ou 12 anos, o jovem já era “jogado” no mercado de trabalho para ajudar no sustento da família. Hoje, na universidade, muitos jovens são sustentados pelos pais e, muitas vezes, até já constituem suas próprias famílias. Segundo o modelo de Bronfenbrenner, se tomarmos a situação do jovem, no contexto social das relações familiares, com suas interações e padrões comportamentais, ele se desenvolve em seu microssistema. Já suas vivências em diversas situações sociais 
 
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 Figura 2.2 - Pessoas convivendo em contexto cultural diversificado, cada um participando da sua maneira; neste contexto deve haver sintonia entre ações dos vários sistemas sociais. Fonte:<http://www.domusterapia.com.br/principal/Show Materia.asp?var_chavereg=100> 
formam seu mesossistema (inter-relações entre dois ou mais ambientes nos quais uma pessoa participa ativamente). O jovem vivencia situações das quais não participa ativamente, mas que influenciam seus comportamentos. Trata-se do exossistema (regras sociais elaboradas por uma escola) e do macrossistema (a sociedade em si e suas interconexões). Nessas condições, o jovem convive com os mais variados canais de relacionamento, sendo um ambiente influenciador do outro em uma bidirecionalidade que sugere relações dinâmicas. Desse modo, fica difícil estabelecermos um padrão comportamental entre os vários microssistemas em que o jovem convive. Entretanto, esses sistemas precisam “falar a 
mesma língua” e a família precisa ser atuante e presente na formação do jovem, desde sua tenra idade, dando-lhe limites, norteando o seu desenvolvimento, apontando problemas que poderão surgir em seu desenvolvimento e soluções possíveis. Sabemos que nem sempre é assim. Os jovens, inseridos nos diversos microssistemas, falam línguas diferentes, comportam-se diferen-temente de um ambiente para outro. 2.3 Apoio Familiar e Conflitos Prudente (2008) aborda a mediação de conflitos como meio eficaz de compreender as desavenças familiares. Esclarece que a família, ao longo dos anos, enfrenta profundas transformações, o que pode gerar novos tipos de conflitos. Estes fazem parte da família, uma vez que ela é dinâmica, composta de várias relações, nas quais acontecem os encontros e desencontros como um processo natural do desenvolvimento. 
 
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 Figura 2.3 - Adulto e filhote em harmonia durante pescaria. Fonte:<http://maribraga.wordpress. com/2009/06/28/conflito-de-geracoes-a-expressao-que-comeca-a-se-perder/> Autora: Mariana Braga. 
Segundo Prudente (2008), cabe à família, desde muito cedo, dar apoio à criança e ao adolescente, orientando-os nos caminhos a serem percorridos e oferecendo-lhes as possibilidades de ter um encontro feliz ou preparando-os para se depararem com o fracasso. De fato, entre sucessos e fracassos, o jovem vai galgando o processo de amadurecimento, na busca de construir sua própria identidade, diferenciando-se de seus pais e de todos que compõem a geração antecedente. A família tenta apoiar o jovem, mas, muitas vezes, não existe maturidade suficiente entre seus membros. Outras vezes, o apoio 
familiar é confundido com o “ter” bens materiais, condições financeiras etc. A família se esquece do diálogo, do dar apoio por meio do diálogo, justamente como prevenção dos insucessos de relacionamento. Segundo Osório (1992), a comunicação entre gerações continua emperrada como sempre foi e as exigências e intolerâncias ajudam a cavar um abismo entre elas. Cabe aos familiares pensar nos jovens e no seu desenvolvimento, estando atentos à realidade de um dia também terem sido jovens, na busca de se entenderem enquanto família. Por sua vez, a escola precisa abrir mais espaço para a relação familiar acontecer em um terreno neutro, no qual os pais e irmãos do jovem possam, de fato, fazer parte do projeto pedagógico com a abertura de espaço para o diálogo, seja em uma data comemorativa, seja em uma semana pedagógica. De acordo com Dolto (1990), é muito difícil para os pais e familiares dos jovens vê-los como seres inativos e improdutivos, cada vez mais absortos na televisão, que apresentam problemas quanto à procura de emprego, formação, ocupação social, entre outros. O autor coloca que faltam a esses filhos verdadeiras responsabilidades. Por outro lado, lamentavelmente, falta aos pais o contato com os filhos. Está aí declarado o 
 
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Sobre o conflito familiar Existem nas famílias antagonismos e conflitos essenciais para promoção do crescimento, quando bem administrados. O vínculo para o apoio familiar existirá a partir da possibilidade de diálogo e de escuta, que serão imprescindíveis ao respeito mútuo. Cada uma das partes deverá ser solidária, compreensiva, paciente para o ganho mútuo, em busca de soluções dos problemas que valorizem os interesses em comum. A mediação de conflitos na família por meio de um profissional ajuda na solução de problemas, na melhoria do diálogo e da comunicação. Segundo Prudente (2008), a violência familiar ocorre devido a fatores relacionados com desemprego, falta de diálogo, adultério, alcoolismo, drogas etc, o que leva, muitas vezes, a consequências como: abuso físico, psicológico, sexual, patrimonial e moral. Desse modo, todos sofrem e têm perdas. O jovem em formação sofre muito com os conflitos familiares; vale lembrar que ele agirá no futuro com base naquilo que teve como espelho. <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id= 2536> Acesso em 17 nov. 2009. Vários são os profissionais da saúde que podem realizar essa mediação, principalmente os psicólogos, que têm esse papel do âmbito da Psicologia Clínica e, no contexto escolar, podem abrir espaços para a resolução de algumas situações provenientes de discórdias e conflitos. 
conflito de gerações, que, atualmente, não é aberto, fica escondido por trás das relações e por aquilo que, de fato, os jovens pensam de seus pais (DOLTO, 1990). Algumas vezes, os conflitos familiares são permeados por hostilidade, vingança, depressão, ansiedade, arrependimento, ódio, mágoa, medo etc, o que dificulta a comunicação. Durante uma crise, os parentes não conseguem conversar de forma ordenada e pacífica, trazendo à tona conflitos, muitas vezes, represados por anos a fio. Cabe ao núcleo familiar, em processo de constantes transformações, pensar em suas relações e em como prevenir os conflitos e a violência, principalmente na atualidade, quando os mais variados modelos de família e seus membros precisam negociar suas diferenças o tempo todo. 
 2.4 Síntese da Unidade A Unidade 2 tratou da família em um processo de transformações e construção de relações com o jovem na busca do diálogo. Nesse âmbito, trouxe uma discussão sobre o jovem na atualidade e seus desafios, como trabalho e educação. 
 
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Vimos, nesta Unidade, como a Psicologia Ambiental pode ajudar a entender o jovem em um microssistema e em outros núcleos sociais que norteiam sua vida. Por fim, a Unidade trouxe um pouco das dificuldades e dos conflitos no meio familiar, lugar onde o jovem, em transformação, deveria receber apoio. Entretanto, a família como um todo também tem problemas e seus membros são pessoas também em desenvolvimento, em processo dinâmico. Desse modo, nem sempre a família está preparada para dar o apoio de que o jovem tanto precisa. 2.5 Para saber mais Filmes e telenovelas Em Confissões de adolescente, seriado que estreou em 22 de agosto de 1994, na TV Cultura, são destacados os inúmeros conflitos das adolescentes, como namoro, escola, família, com enfoque na relação pai e filhas. É um programa voltado para adolescentes e familiares na busca de entender essa fase do desenvolvimento humano. Também foi exibido nos canais Bandeirantes e Multishow. Sob a direção de Daniel Filho, o elenco inicial era formado por Débora Secco, Georgiana Góes, Daniele Valente e Maria Mariana. Na época,os episódios causaram impacto positivo no público e na mídia porque tratavam, de maneira franca, o aborto, as doenças sexualmente transmissíveis, as drogas, o relacionamento com os pais, a menstruação, o namoro, os problemas de saúde, os conflitos profissionais e outros assuntos do universo teen. Daniel Filho teve a ideia do programa quando assistiu à peça de teatro baseada no livro "Confissões de Adolescente" de Maria Mariana. Fonte: <http://onododono.blogspot.com/2009/05/confissoes-de-adolescente.html>. Acesso em: 20 jul. 2010. 
 
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2.6 Atividades Quantos modelos familiares você observa nos seus alunos ou nos adolescentes com os quais convive? Faça um levantamento de quantas vezes o jovem passou por situações difíceis e/ou desesperadoras e de quais âmbitos sociais foram envolvidos, com o objetivo de identificar de quem recebeu apoio e o que gerou os conflitos (família, escola, amigos, clube, igreja etc). 
 
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 Figura 3.1 - Livro representando ideias que se soltam – como pássaros que voam. Representa o que o texto diz sobre uma educação dialética – relação teoria e prática. Fonte:<http://www.shutterstock.com/pic-29736928/ stock-photo-the-magical-world-of-reading-magic-book-with-pages-transforming-into-birds.html> Autor: Lobke Peers 
Unidade 3 
Unidade 3 . O Jovem e a Escola As instituições escolares têm amplo significado para os jovens, como meio social no qual possam buscar ser diferentes daquela pessoa que se apresenta à família. A escola é o meio no qual o jovem tende a mostrar suas habilidades sociais e cognitivas para apreciação dos outros companheiros. Não podemos afirmar que o desenvolvimento para a aprendizagem ocorre em um único sentido, pois ele é o resultado da condição genética e do ambiente social em que o jovem está inserido. Assim, entendemos por que a escola deve agir a partir do princípio de que o aluno é capaz de realizar as atividades propostas, de que precisa de estímulo e motivação, de precisa de desafio para seu desenvolvimento global – motor, cognitivo e afetivo. Dessa forma, a aprendizagem ocorre de acordo com as habilidades do indivíduo mais experiente na interação, engajando o mais novo no desafio de imitar e compartilhar das interações sociais. Conforme o parceiro menos experiente desenvolve suas próprias habilidades, ocorre a aprendizagem, a partir da qual ambos têm papel diversificado na interação social. A educação não se faz apenas em um aspecto, ela ocorre em uma dialética na qual todos os fatores envolvidos no processo educacional (alunos, professores, direção, funcionários e pais) devem participar da solução dos problemas. Nesta Unidade, vamos tratar do significado que a instituição escolar tem para o jovem, entendendo o jovem na atualidade, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Em seguida, abordaremos a violência na escola. 
 
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 Figura 3.2 - Figura que representa a zona de desenvolvimento proximal de Vygotsky, onde há interação entre o parceiro mais experiente (pais ou professores) com a criança/jovem. Fonte:<http://thebrain.mcgill.ca/flash/i/i_09/i_09_p/i_09 _p_dev/i_09_p_dev_2b.jpg> 
3.1 Significado das Instituições Escolares Oliveira (1992) chama a atenção para a teoria de Vygotsky, sobre as relações de pensamento e linguagem serem influenciadas pela mediação cultural, no processo de construção de significados, por parte do indivíduo; na internalização de conhecimentos produzidos socialmente. A escola pode construir situações nas quais o desenvolvimento cognitivo pautado no pensamento e na linguagem possa proporcionar momentos de relação com o outro. Assim, nossas funções psicológicas são construídas ao longo da história social do homem, sendo as funções psicológicas flexíveis o suficiente para as imensas possibilidades da realização humana (OLIVEIRA, 1992). A escola precisa criar uma linguagem próxima dos jovens alunos, no sentido de conquistá-los para o conteúdo desenvolvido, pois a linguagem tem papel fundamental nas relações com o outro e a escola constitui o grupo social mais vivenciado depois da família. Um educador preocupado com a linguagem que irá empregar com seus alunos refletirá o quanto suas atividades são atraentes no sentido das relações diretas nesse contexto, permeadas pelo simbólico e imaginário (MENEGHINI, 2009). As instituições escolares precisam pensar nas experiências e nos desafios que proporcionarão aos seus alunos, possibilitando um cotidiano dinâmico, bem como nas situações fora da rotina normal, que os ajudarão a ter uma visão do seu local de convivência e do mundo, despertando-os para a formação de normas sociais. O mundo é apresentado às crianças e aos adolescentes pela linguagem e ela influencia 
muito no processo de desenvolvimento do aluno e da relação “eu-outro”, com seus significados e valores sociais. Por isso, o educador tem que saber que linguagem usar com seu alunado (o que faz, como faz e por que faz determinada atividade), pois o que 
 
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não for dotado de significado para o professor, muito menos o será para o aluno (MENEGHINI, 2009). É nesse sentido que chamo a atenção para a realidade da escola. Ela deve proporcionar atividades dinâmicas, nas quais não só o professor fale, exponha e explique, mas crie situações que levem os alunos a pesquisar, interagir, trocar ideias e conteúdos, tornando-os significativos. Para tanto, é essencial o trabalho em grupo em sala de aula. Pensando no pré-adolescente, entre 10 e12 anos, e no jovem, tudo é prático e simbólico. Eles lidam com os mais diversos meios de comunicação e não devem exercer na sala de aula um papel passivo que os paralisa diante do conteúdo. O jovem tem muito a oferecer para a escola, apresenta um potencial riquíssimo, seja cognitivo, artístico, social, ou afetivo. Por que não investirmos em uma educação crítica e reflexiva que desenvolva no jovem os valores sociais e culturais para a convivência em sociedade? A escola é praticamente a segunda instituição social à qual pertence o jovem e, nesse sentido, é utilizada como ponto de referência e vazão aos múltiplos sentidos sociais, como a realização das operações não permitidas na família. Por isso, é necessário que a escola dê conta não só de transmitir valores, mas de falar abertamente das questões sociais que a envolvem, criando espaços para a formação cidadã de qualidade. Nakano e Almeida (2007) fazem algumas reflexões sobre a busca de qualidade de educação. Elas afirmam que, no Brasil, a educação deixa a desejar na formação da juventude, pois a escola só será de qualidade quando combinar direito à escola com qualidade. As autoras se remetem a uma sondagem realizada com jovens de 15 a24 anos, na qual a educação escolar demonstrou ser uma das questões que mais inquietam e mobilizam esses jovens. Os relatos chamam a atenção para a deterioração dos prédios, equipamentos e mobiliários e para os problemas com professores (distanciamento e desconsideração), bem como para a inadequação dos currículos, das metodologias de ensino-aprendizagem, dos materiais didáticos e das atividades extraclasses. 
 
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 Figura 3.3 - Cena que demonstra uma educação sem objetivos e fracassada. Fonte:<http://www.jomar.pro.br/portal/uploads/smartsection/ima ges/item/escola_1.jpg> 
Assim, o que podemos perceber é que o fracasso escolar não remete apenas à escola. Segundo Dolto (1990), tem causas sociológicas (condições sociais, econômicas culturais), psicológicas (segurança, estabilidade familiar, deficiências, motivações) e pedagógicas (qualificação docente, organização dos programas, relação professores-professores e professores-alunos). Ainda em relação à escola, levanta-se a questão de qual lugar social o jovem ocupa na escola atual. Historicamente, o jovem na década de 50 era visto como alguém a ser socializado segundo os padrões e poderes dos adultos; para tanto, recebia valores transmitidos. Atualmente, os adultos pensam que os jovens devemter suas opiniões ouvidas, como sujeitos de direitos, capazes de análise crítica sobre o que vivem na escola (NAKANO e ALMEIDA, 2007). Assim, a realidade é contraditória: ao mesmo tempo em que os jovens supostamente são ouvidos, são submetidos à autoridade dos professores e induzidos a participar do mercado de diplomas. Fica aí a pergunta sobre o jovem que queremos e o que a educação faz de fato para a formação social crítica e reflexiva, por meio dos conteúdos lecionados ou construídos. Os jovens são constrangidos a fazer escolhas e produzir estratégias em busca de esperança social. Nakano e Almeida (2007) colocam que os jovens brasileiros atribuem muito significado à educação escolar, como possibilidade de mobilidade social. Se antigamente o diploma estava ligado às origens sociais, atualmente o jovem é induzido a viver na escola e a experimentar a competição em um sistema que não oferece as mesmas oportunidades a todos. 
 
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Quando falamos de qualidade da educação, entramos numa discussão difícil, já que, no Brasil, o sistema nunca esteve aberto para todos. Os jovens são induzidos a assumir os fracassos escolares como sendo individuais, ao passo que qualquer incompreensão da realidade deveria ser debatida. Esses jovens deveriam ser compreendidos pela escolar-direção, pela coordenação, pelos professores, pelos funcionários e pelos alunos. Desse modo, a escola precisa ser pensada não como instituição que retira o sentimento de pertencer do jovem, mas aquela que precisa produzir, junto dele e com ele, o sentimento de busca e construção de conhecimentos, dando o significado que esse jovem procura. 3.2 Organizando a Educanção Escolar segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), Brasil-1998, para o Ensino Médio, propõem que, para que haja exercício pleno da cidadania, o jovem deve vivenciar a vida em sociedade, exercer atividade produtiva e ter experiências subjetivas. Desse modo, os quatro pilares considerados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para a educação contemporânea devem ser respeitados e desenvolvidos pela escola. São eles: - aprender a conhecer: educação geral e ampla com aprofundamento que garanta compreender a complexidade do mundo e desenvolver potencialidades pessoais e profissionais; - aprender a fazer: desenvolver habilidades de acordo com estímulos, dando condições para enfrentar novas situações, nas quais a teoria pode ser aplicada à prática; - aprender a viver: desenvolver a capacidade de viver em grupo, gerindo conflitos vindouros; 
 
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 Figura 3.4 - Relação professor-aluno de respeito e com objetivos claros. Fonte:<http://www.fotosearch.com.br/TGR370/trd014ca1 607/> 
- aprender a ser: desenvolver globalmente o ser em formação, para elaborar pensamentos autônomos e críticos, formulando juízos que ajudem a decidir sobre sua vida, além de exercitar liberdade de pensamento, discernimento, sentimento e imaginação. A base comum do Ensino Médio para o território nacional propõe três áreas de formação, nas quais os conhecimentos estão ligados ao campo técnico-científico e ao cotidiano da vida social, em três áreas relacionadas (PCN): - linguagens, códigos e suas tecnologias: a linguagem é a ferramenta capaz de articular significados às práticas grupais, de acordo com o grupo em questão; ela gerará sentido às produções dos jovens na escola, às regras e às negociações entre pares; - matemática e tecnologias: a construção de sistemas abstratos e ressignificados (momento em que a aproximação das concepções científicas para solução dos problemas ocorre gradualmente) juntamente com a matemática devem servir para explicar o funcionamento do mundo, bem como para planejar, executar e avaliar ações e intervenções na realidade; - ciências humanas e tecnologias: nas quais o jovem deve ser capaz de construir, segundo as ciências humanas, pensamentos críticos e criativos, com repostas adequadas a problemas atuais (direitos e deveres, consciência cívica e social), e a historicidade do processo social esteja presente em um processo contínuo que reflita sobre os debates dos espaços públicos e privados. Engloba a Filosofia. 
 
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No Ensino Médio, a interdisciplinaridade dever estar presente, permeando os conhecimentos das linguagens, da Filosofia, das ciências naturais e humanas e das tecnologias e deve servir para resolver um problema concreto, real e contemporâneo. Os PCN (Brasil, 1998) para Ensino Médio pontuam que é preciso estabelecer interconexões entre os diversos conhecimentos teóricos e práticos, para que o jovem possa atuar criticamente sobre esta realidade proposta (diferentes modos de vida, problemas de desigualdade social, dificuldades de relacionamento etc). Desse modo, a integração dos diferentes conhecimentos pode proporcionar uma aprendizagem motivadora, pois oferece mais liberdade ao professor e alunos, para seleção de conteúdos, o que o ajuda na construção de uma educação significativa aos alunos, na qual ele identifica e se identifica com as questões propostas. É nesse sentido que o jovem constrói sua cidadania, em um processo dialético, exercendo o papel de agente social sobre sua formação, em interação horizontal (ou a mais próxima possível) com professores e colegas. Assim, abre-se a possibilidade de que o Ensino Médio ajude a estabelecer a ética em suas relações, promovendo aprendizagem com procedimento e avaliação coerentes e valores estéticos, políticos e éticos – sensibilidade, igualdade e identidade. O aluno do Ensino Médio passa a aprender com sensibilidade, quando se substitui a repetição e a padronização, estimula-se a criatividade, o espírito inventivo, a curiosidade e a afetividade, tendo como perspectiva formar indivíduos capazes de suportar a inquietação, o incerto e o diferente (PCN). Sobre a política da igualdade, a escola, no papel docente, deve estar preparada para reconhecer os direitos humanos, bem como para abrir espaço ao exercício da cidadania, por meio de direitos e deveres, promovendo debates que combatam as formas de preconceito e discriminação e estimulem a solidariedade e o respeito pelo bem público. Quanto à ética da identidade, o meio escolar não deve se preocupar em transmitir valores morais, mas, sobretudo, sensibilizar o coletivo, para o reconhecimento do direito à igualdade perante diferentes identidades. É preciso reconhecer os diferentes de 
 
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maneira autônoma, para sensibilizar o coletivo para a solidariedade. Tudo isso poderá gerar significados verdadeiros nos jovens. Enfim, falemos um pouco das diretrizes propostas pelos PCN, por uma pedagogia de qualidade, pois é preciso educar enquanto se ensina, com o cuidado de não cairmos na retórica emocional e moral. Cabe aos sistemas educacionais de Ensino Médio criar e desenvolver, sempre com a participação dos docentes e da comunidade, alternativas institucionais com identidade própria, com a missão de educar o jovem, utilizando as várias possibilidades de organização pedagógica. Cabe-nos, perguntarmo-nos o que difere a nossa prática docente da proposta pelos PCN? O que temos e podemos mudar? Como fazer isso gradualmente sem passar por cima do que já existe na educação brasileira? Ou seja, quantos dos problemas pedagógicos estão postos e quanto à escola os cria e os recria a fim de resolver de cima para baixo os problemas já existentes? A educação tem muito a pensar sobre interdisciplinaridade, ética e cidadania, pois, se queremos que nossos alunos façam eticamente, temos que nos organizar para o modelo ser ético e transparente, autônomo e competente. 3.3 Violência na Escola – Percepção de Professores e Alunos Segundo Cassimiro (2008), a escola é como um projeto da ideologia burguesa, mas funciona a favor da lógica capitalista: formar pessoas em prol do mercado de trabalho, da economia e da política. Desse modo, cumpre o papel de controlar e produzir fatores à deriva na sociedade, como evasão, repetênciae exclusão. Os fatores que levam os jovens à deriva acabam vitimizando-os socialmente e esses jovens acabam introjetando o estigma do fracasso, da incompetência, da incapacidade; mais tarde, quando forem lançados na sociedade, o rótulo de fracasso irá gerar a condição e o sentimento de exclusão, tirando-lhes o direito de pertencimento social. 
 
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DICA DE LEITURA CENAS DO COTIDIANO ESCOLAR - CONFLITO SIM VIOLÊNCIA NÃO (Isabel Galvão). O livro traz uma realidade crítica. O jovem precisa do conflito para amadurecer, entretanto, quando os conflitos vêm juntamente com a violência, é hora de a sociedade preocupar-se com esse jovem. 
Podemos nos perguntar o que nasce a partir desse jovem jogado na sociedade e excluído dela. Cabe-nos questionar se esse comportamento agressivo contra o jovem gera algum tipo de violência, que poderá se voltar contra as pessoas e a sociedade. Pensemos na escola que, tirando do jovem a chance de crescer intelectual e culturalmente, cria, no seu próprio contexto, uma violência arraigada e presa. Segundo Cassimiro (2008), a violência escolar alcança índices alarmantes na nossa sociedade, ganha contornos epidêmicos e faz alunos, professores, gestores e comunidade reféns. Desse modo, a violência contra os professores é um fato que preocupa a sociedade. Ao estudarmos o contexto escolar, verificamos que a escola é o espaço de convivência de diversas ambiguidades e diversos conflitos. Entretanto, para isso, não há soluções mágicas, cabe, sim, às escolas adotar uma postura que implique mudança do paradigma escolar. 
 Comecemos pela discriminação. Será que a escola atende de fato a todos os jovens da mesma maneira, com direitos iguais, tal como é colocado pela Constituição brasileira? Silvia (2009) comenta que a violência atinge a vida e a integridade física dos indivíduos e é bastante divulgada pelos meios de comunicação massificada. A multiplicidade de 
 
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fatores geradores da violência está difícil de ser combatida, uma vez que, por sua complexidade, requer definição e implementação de políticas públicas sociais nas áreas básicas destinadas ao atendimento de todos os cidadãos. Em relação à Educação, a repetência e a evasão vêm gerando, durante décadas, o que a educação não consegue prover à realidade posta, uma vez que não garante a universalização escolar de qualidade. Isso cria seletividade, e os que são excluídos se tornam geradores de inconformidade e violência reprimida. Uma pesquisa realizada por Silvia (2009), em seis escolas da Rede Municipal de São Paulo, utilizou um questionário aberto para buscar o que diretores, coordenadores pedagógicos, professores e alunos pensavam sobre a violência. O assunto gerou muito interesse entre os alunos, possivelmente pela sua convivência muito próxima com as diferentes formas de violência na sociedade brasileira e na escola. As respostas desses sujeitos sociais demonstraram uma realidade, a da convivência com a violência, confirmada pela maioria dos entrevistados (90%), que afirmaram já ter sido vítimas de alguma violência (física, moral e/ou sexual). Segundo Silvia (2009), os alunos citam a agressão física, na forma de estupro, brigas em família e também falta de respeito entre as pessoas, conforme Silvia (2009): 
[...] violentar é romper a liberdade e os direitos do cidadão. É alguém que passa dos limites e invade a privacidade do outro. É a falta de solidariedade e o desrespeito aos direitos dos humanos. É a agressão física, psicológica, sexual e moral (SILVIA, 2009, p. 259). Segundo a autora, para os diretores, coordenadores pedagógicos e professores, a percepção apresentada com maior frequência é a da violência, enquanto descumprimento das leis e derivada da falta de condições materiais da população. Acrescenta Silvia (2009): 
[...] violência é atingir o direito do outro, o direito de viver, de trabalhar. É o descumprimento das leis em todos os sentidos. É a fome, o preconceito, o autoritarismo e a perda da dignidade (SILVIA, 2009, p. 259). 
 
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Dessa forma, a autora trata de um dado interessante em relação à explicação da violência: a ênfase que os alunos dão aos filmes e aos programas violentos da televisão, um aspecto muito mais enfatizado por eles do que pelos professores. Com relação ainda à mídia, todos os entrevistados focalizaram a associação da violência à liberação da censura pela televisão. Eles acreditam que as pessoas "copiam" os programas, a ponto de determinadas atitudes virarem moda entre as crianças e os jovens. Portanto, defendem a necessidade de disciplina. Na visão da maioria dos entrevistados, a sociedade está corrompida nos seus valores éticos e morais e a escola também é afetada por esse tipo de corrupção. Na verdade, nossa sociedade vive uma grande desigualdade social; nem todos têm os direitos garantidos segundo a Constituição brasileira. Dessa forma, nossos jovens sentem-se invadidos e roubados de suas identidades, o que pode gerar certo grau de violência contra a família, a escola e a sociedade de maneira geral. Sobre a violência na escola, cabem aqui algumas questões. Se o problema da violência é gerado na escola e pela escola, quem somos nós para nos redimirmos desse fio condutor? Quem tem culpa? Ou somos todos culpados? A violência praticada no interior da escola é uma violência simbólica à segurança da escola e, principalmente, à depredação e à deterioração do patrimônio escolar. Foi naquele contexto que, muitas vezes, o jovem, desde criança, teve suas potencialidades inibidas e desprezadas, em uma cultura que, por preconceito, discrimina o aluno desde o início. Quanto à violência na escola, entre alunos, Souza (2009) define o bullying como comportamento agressivo, intencional e prejudicial, tanto físico como mental, sendo os praticantes desse tipo de violência jovens que ameaçam, insultam, roubam, excluem etc. O que se percebe é que essa violência corresponde à necessidade de os jovens mostrarem suas forças, suas regras, por isso se reúnem em grupos. Podemos observar, no contexto social, e, especificamente, no escolar, que os jovens se agrupam por modalidades, indo a favor das regras estabelecidas por eles mesmos – andar na moda, ser líder ou liderado, não desafiar a categoria masculina (por exemplo, quem anda de 
 
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acordo com as regras sociais da escola) ou feminina (quem anda mais bem arrumada, criando uma disputa entre elas). Desse modo, a violência entre pares vem gerando bastante atenção das mídias. Menina agride menina por causa de uma minissaia ousada, o que causa xingamentos e agressão física por parte de outras, porque, provavelmente, a garota mais ousada rompe com o padrão estabelecido entre as próprias meninas (estipulado para o padrão de beleza e moda). Pensemos em todos os grupos que acabam aliando simpatizantes, mas também, e talvez, inconscientemente, forças para ir contra aquilo que as pessoas desconsideram permitido, gerando uma agressividade que estava represada e contida, a qual é colocada para fora de maneira bastante descontrolada. Levantemos a importância de a escola estruturar-se a partir do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio (como proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais) e trabalhar, com os adolescentes e os jovens, os eixos transversais, como saúde, ética e cidadania, sexualidade, entre outros. Cabe à escola promover um trabalho de formação social de maneira dinâmica, a partir do qual promova: 
• respeito e dignidade, valorizando os aspectos positivos e negativos de cada um; 
• espaço de atualização dinâmico e atraente; 
• debates sobre a violência, incluindo direitos e deveres do cidadão, de significado para os educandos; 
• conscientização de que a violência é uma busca do jovem para se impor socialmente, ainda que de maneira errada, envolvendo comunidade, familiares etc; 
• resgate da família e deveres sobre a formação dos filhos – trazer a família para dentro da escola; 
• atividades dinâmicas para otimizar o relacionamento aluno-aluno,aluno-professor, aluno-família. 
 
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 Figura 3.5 - atividades esportivas que promovem dignidade, dinamismo, sociabilização, tal como colocado pelos PCN, além de promoverem a autoeficácia. Fonte: <http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/abril 2006 /fotosju319-online/ju319pg03a.jpg> 
Para não ficarmos sem respostas a tantas perguntas, citamos Machado (2004), que levanta alguns questionamentos sobre a necessidade de uma psicopedagogia do esporte escolar, a partir da qual a Educação Física é vista como meio de transformar o espaço escolar, gerando bem-estar social, com organização e espírito crítico, formando cidadãos que construam sua própria história. Segundo o autor, a Educação Física pode trabalhar a motivação dos alunos, no sentido de tratar as tensões inatas e adquiridas, a ansiedade como modo de conhecer o incerto e o novo de cada indivíduo, o medo de como cuidar da ira e a reação agressiva, muitas 
vezes, desencadeando a violência sobre a premissa de “é melhor bater logo, porque 
senão vou apanhar”. Desse modo, a Educação Física dá vazão à agressividade e à violência, nascidas de problemas ambientais como étnicos-raciais e religiosos ou mesmo inata (despertada pelo instinto de sobrevivência). A Educação Física é um modo de trazer a família para a escola e trabalhar repressões, ausência de afeto, levando em conta o conceito de autoeficácia (BANDURA, 1998, apud MACHADO, 2004), que tem por objetivo levantar os julgamentos que as pessoas fazem de sua capacidade de organizar e executar planos de ação, para atingir determinados compor-tamentos – o que seria, nesse caso, promover debates na busca de que a violência não seja banalizada em casa e na escola (MACHADO, 2004, p. 50). 
 
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Encerramos esta Unidade, pensando que quaisquer esforços para entender a violência na escola e promover espaços para que o assunto seja debatido e deixe de ser “tabu” (assunto proibido) são necessários para que adolescentes e jovens percebam que o corpo docente e os dirigentes escolares estão preocupados e atentos ao assunto. Desse modo, a escola não pode apenas transmitir conteúdos, ela precisa deixar de servir à sociedade capitalista, que é marcada pela desigualdade, pela insegurança e pela violência, sendo que nesta última ganha quem pode mais. Ela precisa abrir espaços de discussão sobre a juventude e seus dilemas. 3.4 Sintese da Unidade A Unidade 3 trouxe a questão do significado que a escola tem para o jovem da atualidade, que tem uma formação ampla e identidade social que influencia e é influenciada pela escola. Percebeu-se que essa escola tem que se adaptar às necessidades reais de um jovem em plena transformação, que, muitas vezes, agride e é agredido como forma de obter o poder. A Unidade também levantou os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e como aquele ajuda a entendermos a diversidade cultural do jovem. Por fim, trouxe a questão da violência na escola, do ponto de vista de professores e alunos, cercados pelas dificuldades de estabelecer um clima mais ameno entre os jovens, tendo a Educação Física como modo estratégico de trabalhar ansiedades e medos, violência e agressividade na escola. 3.5 Atividades 
Assista ao filme “Escritores da liberdade” e elabore um resumo, apontando qual o comportamento dos jovens no início, no meio e no final do filme. Em seguida, responda à questão: Por que a professora teve função crucial na vida daqueles jovens? 
 
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Figura 4.1 – jovem, aparentemente, entristecido, ajoelhado. Fonte: <http://www.sxc.hu/photo/1146858> Autor: David Garzon 
Unidade 4 
Unidade 4 . Os Jovens perante a violência, a drogalização e o (des)amparo social Segundo Calligaris (2000), os adolescentes usam muitas táticas para resolver seus conflitos, que surgem da necessidade de realização nos estudos e no trabalho, das expectativas de adequação social e da resolução da afetividade presente em suas vivências de amizade ou namoro, provavelmente como desejo de se tornar adulto. Os jovens utilizam muitas formas de fazer parte do mundo dos adultos, tais como: formar grupos com regras próprias; roubar, agredir, violentar e, até mesmo, prostituir-se, para mostrar aos adultos seus próprios meios de satisfazer seus desejos; tornar-se delinquente; fazer uso de drogas, a fim de obter satisfação instantânea e fácil (adolescente toxicômano); ostentar uma estética diferente, negando seus próprios desejos (CALLIGARIS, 2000). Segundo Calligaris (2000), a juventude é temida e invejada ao mesmo tempo; temida pelo desenvolvimento de potencialidades que estavam dormentes na criança e que começam a surgir na adolescência; invejada porque, quando se é adolescente, os problemas parecem ser menores, sem compromissos e obrigações. Nesse contexto, o adolescente questiona-se: Por que se 
tornar adulto se os adultos ‘invejam’ sua posição? Está posta uma confusão de identidade. 
 
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Uma pesquisa de 1999, da Revista Isto É, monstrou que a principal causa da violência escolar está nas drogas, comercializadas nos arredores do portão da escola e que muitos alunos usam e comercializam drogas na própria escola. Das escolas pesquisadas, 27% afirmam que os alunos portavam e consumiam bebidas alcoólicas durante as aulas, dentre as quais 19% já foram invadidas por traficantes ou pessoas com objetivo de furto e 17% dos alunos têm porte ilegal de armas. Esses dados apontam para a realidade de que violência-drogas-furto-arma estão relacionados, permeados pelos acontecimentos da rede social tal como a sociedade se constitui. 
Como podem os adultos ajudar a superar as crises advindas da adolescência e juventude se precisam, antes de mais nada, terem resolvido suas próprias crises de identidade e elaborar seus próprios processos existenciais? O jovem precisa contar com uma família estruturada, com regras claras, para que possa utilizá-las também de maneira consistente. Esta Unidade tem o objetivo de trazer dados sobre violência e drogadição, mostrando como os fatores estão relacionados, e sobre o amparo que pode ser dado aos jovens, em prol de uma vida mais digna, com ética e cidadania. Desse modo, na Unidade 4, trataremos a identidade jovem, entendendo que a formação cultural recebida ajuda a desencadear (ou não) a violência, a drogadição e o (des)amparo social. 4.1 Violência e drogadição Atualmente, são muitos os casos de violência na escola, fatos aos quais a mídia dá muito valor, desafiando o sistema escolar a repensar como a violência transpõe os muros escolares. De fato, nos ambientes onde coexistem os jovens, existem contradições, conflitos e desafios, mas a violência não está sozinha, muitas vezes está disputando lugar com a violência familiar e social e com as drogas. 
Segundo Osório (1992), o dilema do tóxico está inserido no contexto do conflito de gerações, no qual os adolescentes e jovens têm a ilusão de que as drogas os “libertam” dos pais ou dos valores sociais, ao passo que, na realidade, acabam submetendo e escravizando o jovem, colocando-o sob o poder e os interesses dos traficantes. Fica claro que o grupo social do jovem influencia muito seu contato com as drogas. Entretanto, não podemos culpar a família, tão pouco jogar sobre o jovem toda a culpa pelo drogadição. O que temos é que analisar a situação a partir de motivações 
 
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conscientes e inconscientes, que levam esse jovem a entrar nesse caminho (OSÓRIO, 1992). Segundo o autor, a droga sempre foi utilizada na humanidade para amenizar as ansiedades, como maneira de compensar algumas frustrações. E se pensarmos em qual momento a humanidade se encontra, deparamo-nos com a ansiedade, a angústia, os medos etc. Por isso, o combate ao uso das drogas está fracassado, pois onde há demanda (personalidades aflitas para amenizar a ansiedade), há oferta; esta oferta (tráfico) gera mais violência, mais exclusão social simbólica. O tráfico de drogas “sustenta” o que pede a sociedade capitalista – consumismo desenfreado que coloca

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