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A Conexão Criativa - Natalie Rogers

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A CONEXÃO CRIATIVA (1)
 (2) Natalie Rogers
INTRODUÇÃO:
“A resposta me leva a responder. O movimento me move. Sinto-me deliciada e encantada olhando o meu/nosso mistério. Tambores são esmurrados, estrondam,
 Minha raiva emerge e mexe comigo... com você... comigo... com você. Medo do tremor... tremor do medo.”
“Deixar acontecer é uma liberação da vida. Deixar acontecer nos faz líricos, macios, um rio impetuoso correndo, cambaleante, 
circunavegante,
	canção cânone,
vindo e indo
“A resposta me leva a responder encontrando mais de mim mesmo, sendo totalmente eu Meu corpo é a mensagem... a mensagem, meu corpo. (massageia meu corpo)”
“Dor? Raiva? Amor? Conforto? Sacodem partes novas em mim/nós. Eu posso fazer isto. Meu corpo se esforça, se arrisca a ser, a ver, e a sentir a mensagem.” 
“Criando o espaço, descobrindo, explorando... aonde ir, o que encontrar, como viver... como ser eu mesmo, totalmente ou livremente... respondendo, dando, recebendo, prestigiando, acariciando, fazendo, desfazendo, deixando fluir, fazendo sons. Isto pode ser feito. Posso ajudar isto acontecer. Soando a profundidade, indo ao fundo do poço.” 
“Esta é a primeira vez que eu tive um grupo de três dias para eu mesma fazer este trabalho (seria isto um trabalho?). Estou pronta para orquestrar estes dias de abertura para si mesmo e para os outros. Que ambiente fabuloso! E as pessoas estão querendo o que eu tenho a oferecer...”
____________________
1 Trabalho apresentado no I Fórum Internacional da Abordagem Centrada na Pessoa, México, 1982.
2 Tradução de Maria do Céu Lamarão Battaglia e Revisão de Marcia Tassinari – Abril – 1989 
 Escrevi estas linhas após uma manhã de trabalho com um grupo de quinze pessoas através de alguns movimentos (vagarosos e rápidos) com e sem sons e música. Depois do movimento, nós utilizamos lápis cera e expressamos nossos sentimentos usando cor, linha e ritmo sobre o papel. Depois de criarmos nosso painel, nós escrevemos por dez minutos sem parar para editar o que escrevemos ou nos preocupar com a grafia ou pontuação. Então o poeta em mim e nos outros, transbordou. Meu entusiasmo, por ser possível ter pessoas que queriam aprender comigo num ambiente convidativo, estava aparente.
Este grupo em particular ocorreu em Averbad, na Bélgica. Nós estávamos em um mosteiro do século XIV, no 5º andar, avistando um pátio. A antiga parede de pedra circundava alguns celeiros para os carneiros, alguns chalés para os fazendeiros, o gigantesco mosteiro e a igreja. Nosso quarto era uma grande capela, de teto bem alto e um tapete vermelho cor forte. Os bancos da capela e todos os símbolos religiosos foram removidos no fim de semana para utilizarmos o espaço com o nosso workshop, “The Creative Connection”. Nossa reclusão num lugar como este, onde as pessoas têm pensamentos voltados para encontrar sua verdade interior e se conectar com o universo, parecia bastante apropriado. O processo que desenvolvo visa nos ajudar a fazer a conexão com nosso inconsciente e com o universo. É como descobrir o quão profundo nossas raízes precisam ir para nos possibilitar alcançar as estrelas. 
É difícil colocar em palavras (desde que as palavras são lineares) um processo que necessita ser experienciado para ser totalmente compreendido. Contudo é o que tentarei fazer neste artigo. Eu realmente necessito de música, slides, um local para dançar e uma forma de envolver vocês para descobrirmos juntos o processo de desabrochar. E, a medida que escrevo, sinto-me como desembrulhando uma criança que está iniciando seu desenvolvimento. Mesmo tendo trabalhado uma meia dúzia de anos com este processo, não tenho “respostas”. Estou dividindo com vocês minhas descobertas.
COMO A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA EVOLUIU PARA A TERAPIA EXPRESSIVA?
	Em 1974 iniciei, com meu pai Carl Rogers e mais cinco colaboradores, workshops de verão residenciais chamados “The Person Centered Approach”. Por sete estações nós nos reunimos em várias partes do mundo (de San Diego, Califórnia até Nottingham, Inglaterra) com a participação de sessenta a cento e cinqüenta pessoas. Estes workshops foram grandes experiências de aprendizagem para mim como um dos membros do staff. Nós tínhamos encontros da comunidade (grupão), grupos de encontro, grupos de interesse e bons momentos. Jared Kass (um dos membros do staff) e eu sentimos necessidade de algo mais que falar e, logo oferecemos um “grupo de movimento” (o qual era muito mais que movimento, e alertava as pessoas para o fato de que elas não teriam que ficar apenas sentadas e falando) ou um “grupo de arte e movimento”, ou “espaço-studio” que envolveria toda a mídia. 
	Jared e eu não sabíamos como descrever o que fazíamos. Se tivéssemos que escrever uma brochura para divulgar nosso trabalho, nos atrapalharíamos. Como haviam muitas pessoas nestes workshops que se empolgavam conosco como pessoas experimentando coisas novas elas vieram aprender conosco. Jared e eu morávamos em lugares distantes e esta era a única oportunidade que tínhamos de nos encontrar em cada ano que trabalharmos juntos. Para mim, cada verão era a centelha que mantinha fogo aceso para este tipo de trabalho durante o ano. Após um dia estimulante em San Diego solicitei uma sessão de feedback acerca de trinta e cinco pessoas. Dei por mim tentando explicar o que eu e Jared estávamos fazendo, o que foi gravado: “Sinto que alguma coisa está acontecendo no intimo desta experiência intensa e que é realmente um tipo de experiência extraordinária, que não sei exatamente o que é. Conheço alguma coisa do que estamos fazendo. Estou atenta de que a forma que estamos operando, é uma forma de hemisfério-direito. Usamos um processo não linear intuitivo e integrativo. Jared e eu nos complementávamos e usamos nossa energia para criarmos essa experiência. 
	Posso lhes falar um pouco sobre o que isto é. Não é brincar, não é teatro, não é realmente uma improvisação, dança ou mímica. Não é arte terapia, não é diário escrito, não é trabalho de corpo, não é estimulação sensorial, e ainda (a esta é uma parte importante) é tudo isso junto. 
	“Jared e eu somos treinados em todas estas áreas e já vivenciamos tudo isso, tanto como participantes, quanto como professores. Mas o que me empolga é exatamente integrar, todas estas áreas e verificar que esta soma é mais do que qualquer um destes métodos em separado. Eu não compreendo exatamente o que ocorre e, é por isso que preciso de vocês para nos ajudar. Está bem para mim estar neste período duvidoso e de questionamento sobre o nosso trabalho. 
	“Estou consciente que estamos usando o sentido intuitivo, sensorial e cinesterico... Em nossa longa sessão diurna chamada “The Creative Connection” nós nos voltamos para: a criança em nós, o primitivo em nós, o mitológico, o alegórico, o psique e nossa conexão com o cosmos. Isto é, algumas vezes, eu sinto e me abro para receber o que estiver para emergir. Também percebo que algumas vezes nós encontramos nossas facetas primitivas e regredimos. Outras vezes nos sintonizamos com a natureza. Às vezes sinto mesmo que estamos conectados com nossas vidas passadas, se é que existe tal coisa”. 
	A carta seguinte a meus colegas também dará ao leitor o contexto no qual esta abordagem evoluiu: 
“Queridos amigos e colegas,
	Este programa reflete meu desenvolvimento pessoas como psicoterapeuta. Como uma forte seguidora da teoria de meu pai, Carl Rogers, a Terapia Centrada no Cliente, eu primeiramente percebi que sendo uma ouvinte empática (isto é, ouvindo a “música” da mesma forma que ouça as palavras) e, partindo do ponto de referencia interno do cliente, possibilito que ele encontre sua verdade interior. É também imprescindível oferecer um clima seguro e de amor, onde o cliente e eu possamos ser abertos e autênticos.
	A partir daí, tornei-me consciente do contexto político /social no qual vivemos. Nossas teorias de crescimento pessoas evoluíram fora das crenças, das necessidades e dos valoresde nossa época. Em nossa era, os papéis masculino e feminino têm muito a ver com nossos problemas e patologias pessoais. Olhando para minhas próprias dificuldades nos relacionamentos, escrevia meu diário e, criava quadros ligeiros de meu humor, que capturavam meus sentimentos naquele momento. Sobre isto escrevi alguma coisa no livro “Emerging Woman” e fiz uma exposição artística: “Self Understanding through Expressive Art” (A mulher emergente). 
	Acredito que estamos na era da transformação. Como uma espécie nós ou alteraremos nosso estado de conscientização ou perecemos. Existem, evidentemente, muitas formas de transformar a conscientização de uma pessoa. Como terapeuta, olho novamente para a minha própria experiência, para encontrar minha relação com o universo. Descubro que, a medida que uso meu corpo em movimento com consciência, debato-me em emoções inexploradas, as quais podem então ser expressadas por meio da arte, escrita, sons ou movimentos/dança. Seguir esta sequência abriu-me as portas para meu intuitivo e criativo self (eu). Denominei esto de “The Creative Connection” ( A Conexão Criativa). 
	Nos grupos que facilitei, constatamos que o processo martela em nosso self primitivo, nosso self criança, nosso lado de sombra e nosso lado de luz. Uma conscientização de grupo emerge. Este processo é, para muitas pessoas uma integração de mente, corpo, emoção e espírito. Agora estou me juntando com outros para compartilhar nosso aprendizado. Queremos ensinar aquilo que queremos aprender. Você é parte do processo. Eu imagino uma árvore; as raízes são a filosofia centrada no cliente, tão básica para o crescimento humano; o tronco é o contexto social no qual existimos e os inúmeros galhos e flores são os modos de criatividade e beleza que temos dentro de nós. Estamos ainda para descobrir os frutos verdadeiros. 
Sinceramente, Natalie Rogers”,
	Uma vez que as raízes da minha filosofia vêem da Abordagem Centrada na Pessoa ou Centrada no Cliente, de meu pai e uma vez que esta abordagem muito especificamente permite ao cliente encontrar seu caminho, tornou-se um dilema durante meus primeiros anos de profissional, de como eu poderia conduzir a pessoa em exercícios estruturados e ser também centrada na pessoa. Na década de 70, quando eu estava trabalhando em uma Universidade na unidade de pacientes internos, eu era uma terapeuta de grupo fazendo experiências com o uso da arte terapia e da ioga para ajudar a libertar estes jovens adultos de suas amarras emocionais. A medida que eu dava as instruções para que se movessem ou desenhassem, uma vozinha dentro de mim dizia, “Você não está sendo uma terapeuta centrada no cliente. Você está dizendo a esta pessoa o que fazer”. Eu sentia como se estivesse traindo a filosofia de meu pai. Os clientes, no entanto, me davam um feedback de que eu era muito tímida na maneira como passava as instruções para as pessoas. Eles me diziam: “Aquilo que você tem para oferecer é bom, não se desculpe por isso, mas fale alto e claro”. 
	A confusão na minha mente vinha da observação de meu pai como facilitador de grupo. Sua maneira pessoal de iniciar seus grupos de “crescimento pessoal” era dizendo as pessoas: “Sou Carl e estou aqui para conhecer você o mais profundamente possível e para deixar que vocês me conheçam”. Esta era toda a estrutura. Deste ponto ele seguia a liderança dos participantes. Este estilo, como eu vejo, é profundo no sentido de que imediatamente coloca toda a responsabilidade da direção do grupo nas mãos de cada individuo. Eventualmente eles começam a perceber que: “Se eu quero que aconteça alguma coisa, tenho que fazer com que isto aconteça”. Algumas pessoas aprendem rapidamente a se tornarem potentes, e outras nunca tiram proveito dessa oportunidade. 
	Uma vez eu aprendi muito por mim nestes grupos “não estruturados” sobre me potencializar, ainda levou algum tempo para que eu entendesse que existem meio de ser um “facilitador centrado na pessoa”. Centrado na pessoa, na minha mente, não quer dizer sem estrutura. Em minha opinião, a não estrutura de Carl é muito claramente uma estrutura com alguns resultados previsíveis.
	Acredito que seja importante entender a diferença entre liderança e facilitação. Carl tem um estilo de liderança que abrange sua filosofia mas é também uma projeção da personalidade dele. 
	Sinto que quando aplico a filosofia dele a meus grupos, minha personalidade irá determinar a estrutura. Meus valores, minha filosofia, o modo que sou como facilitadora é aceitador, congruente, empático e vindo do coração (Não gostei das palavras consideração positiva incondicional). O que faço como facilitadora é oferecer as pessoas algum movimento, técnicas de arte e escrita, que irão dar a elas uma maneira de se expressar sem verbalizar. Eu as conduzo em exercícios estruturados em movimentos de modo que eles tenham o “vocabulário” com o qual poderão falar através de seus corpos. Eu os levo, através de experiências de arte, fantasia e escrita, que irão possibilitar a elas, a exploração de seu mundo interior. Deste modo, respondo a eles no meu modo (centrado na pessoa). Ser um psicoterapeuta e um facilitador de grupo é uma forma de arte baseada na filosofia e não na metodologia. 
	Para aqueles leitores que não sejam estreitamente familiarizados com a Abordagem Centrada na Pessoa, esta discussão pode parecer desnecessária. Para aqueles de nós que batalharam com o fato de terem um estilo diferente com o pai da Abordagem Centrada na Pessoa, isto faz sentido. 
O QUE É A TERAPIA EXPRESSIVA?
	As palavras “Terapia Expressiva” ou “Terapia da Arte Expressiva” foram usadas para descrever as terapias não verbais: Dança-terapia, Arte-terapia e em particular, músico-terapia. Este termo inclui também terapia através da escrita (particularmente poesia), drama e teatro improvisado. 
	Minha própria definição evoluiu com o passar dos anos e inclui as palavras “Abordagem Centrada na Pessoa para a Terapia Expressiva”, para distinguir a minha abordagem da escola analítica de psicoterapia e das artes. Estou combinando o processo de psicoterapêutico centrado na pessoa com o uso de formas de expressão artística. 
	Meu processo é assim: 
	“O Terapeuta Expressivo combina o movimento arte-escrita, imaginação guiada pela música, meditação, trabalho corporal, comunicação verbal e não verbal, para facilitar o auto-conhecimento interior, a auto-expressão, a criatividade e estados mais alteados da consciência. Este é um processo integrador que utiliza nossas habilidades intuitivas tanto quanto nossos processos de pensamento lógico lineares. Envolvemos nossa mente, corpo, emoções e espírito: A Abordagem Centrada na Pessoa, desenvolvida por Carl Rogers, enfatiza ao papel do facilitador como sendo empático, congruente, aberto e honesto, na medida em que ele/ela escuta em profundidade e facilita o crescimento do indivíduo ou do grupo. Esta filosofia incorpora a crença de que cada indivíduo tem valor, dignidade e a capacidade de se auto dirigir”. 
	A medida que observo aquilo que outros terapeutas expressivos estão fazendo e escrevendo, chego a conclusão que eu e uns poucos colegas desenvolvemos um processo bastante singular. Os departamentos das Universidades de Terapia Expressiva oferecem cursos separados de dança-terapia, arte-terapia, etc. Estou interessada em combinar as diversas formas de expressão para desencadear o potencial criativo que existe em cada indivíduo. Estou intrigada com aquilo que chamo “a conexão criativa”. Quer dizer, a conexão entre o movimento, escrita e arte. Quando toma consciência de meus movimentos, me abro para sentimentos profundos que poderão então ser expressos em cor, linha ou forma. Quando escrevo imediatamente após o movimento e a expressão artística, existe um fluir (algumas vezes poesia). Quando descobri este processo, por mim mesma, quis expandi-lo e criar uma atmosfera onde outros poderiam se explorar do mesmo modo. 
	Mais adiante irei discutir as várias sequências que desenvolvi para atingir entre processo de abertura. Por agora, querofrisar que estou dando ênfase a um processo, não aos produtos da arte ou execução da dança. Desejo permitir que as pessoas possam se desinibir (descascar a cebola) e usar os sentimentos que estão aflorando como uma fonte para seu auto-conhecimento e criatividade. Frequentemente isto leva também a uma sensação de unidade com o Universo. 
	Cito uma descrição em um curso de fim de semana:
	“Se você dança mas não escreve, se você escreve mas não pinta, se você pinta mas não se move, este é um curso para você descobrir as conexões. Ou se você pensa que não faz ou não pode fazer nenhuma dessas coisas, junta-se a nós e você ficará surpreso. Nós criamos para conectar as nossas fontes interiores e para alcançar o mundo e o Universo. Iremos discutir como estas formas de expressão poderão ser usadas no seu trabalho e em suas casas”. 
	A estrutura improvisada fornece um caminho para usar todas as nossas partes livremente. Esta pode ser uma jornada alegre, cheia de vivacidade, onde aprenderemos em muitos níveis: o sensorial, cinestésico conceitual, emocional e místico. 
Aqui alguns participantes descrevem o que aconteceu para eles nestes workshops: “Explorando meus sentimentos descobri que eu poderia romper estruturas ou barreiras interiores, que havia imposto a mim mesmo, através do movimento/dança das emoções. Desenhar aquele sentimento após o movimento fez com que continuasse a fluir o processo de desdobramento. Aprendi a buscar novamente, a abrir Mao daquilo que “sei”, meus sucessos, minhas realizações e meus conhecimentos. Descobri a importância de ser capaz de recomeçar. 
É muito mais fácil para mim lidar com algumas emoções fortes “fazendo” do que falando/pensando”. 
Acredito que todos nós somos capazes de ser profunda e lindamente criativos quer visando esta criatividade no modo como nos relacionamos com nossa família, ou pintando um quadro. As sementes da maior parte de nossa criatividade vem do inconsciente, de nossos sentimentos e intuições. O inconsciente é o nosso poço profundo. Muitos de nós pusemos uma tampo sobre este poço. Os sentimentos também são uma finte de nossa criatividade, amor, ódio, medo, mágoa, alegria, todas elas são emoções que podem ser canalizadas em feitos criativos dança, música, arte ou escrita. 
Quais são os meus objetivos quando eu encaminho as pessoas através deste processo?
Eu espero prover um clima onde as pessoas possam: 
Explorar suas forças interiores (o que inclui olhar para o seu lado sombrio);
Experienciar a si próprio e aos demais de maneiras significativas;
Abrir-se para suas habilidades intuitivas;
Aprender a se expressas por diversos meios;
Experienciar uma consciência de grupo;
Integrar suas mentes, corpos, emoções e espírito. 
O que uma terapeuta expressiva faz é ajudar as pessoas a abrir o hemisfério direito de seu cérebro que é a parte que nos permite ser intuitivos holísticas, emocionais subjetivos. Acredito que se o mundo deve sobreviver e ir além desta era tecnológica nós, como indivíduos, devemos ampliar o lado direito de nosso cérebro. Porque, a medida que cada um de nós encontra seu equilíbrio interno, também o mundo entrará mais harmoniosamente em equilíbrio.
Resumindo, um indivíduo que se torna um terapeuta expressivo centrado na pessoa se encontrará guiando as pessoas através do movimento consciente, das experiências artísticas pela improvisação com a musica e dramatização, numa atmosfera que compreende as diferenças e respeita a visão do mundo e os problemas pessoais de cada um. Tal terapeuta irá criar uma atmosfera de confiança e comunicação entre as pessoas e estará preparado para aprender dos participantes, permitindo ao processo do grupo emergir em um esforço criativo geral. 
PREPARANDO O CENÁRIO PARA UM PROGRAMA DE TERAPIA EXPRESSIVA CENTRADA NA PESSOA
O ambiente físico: 
	O local em que estamos afetam nosso modo de sentir e aquilo que podemos fazer. Portanto um ambiente apropriado para nossas atividades criativas é essencial. Dos espaços que tenho usado três deles se sobressairiam como sendo muito adequados às nossas atividades. Um foi o espaço da Capela na Bélgica mencionado no início deste artigo, outro foi o espaço em uma velha capela em New College, em São Francisco e o terceiro foi o espaço dormitório em Ashland, no Oregon. Ambas as capelas tinham tetos bem altos, boa acústica, um grosso tapete no assoalho (que torna o sentar, deitar e movimentos no chão muito mais confortável), de um lado um palco baixo e uma iluminação que poderia variar. Ar fresco, alguma vista e privacidade são também pré-requisitos. Se nós quisermos cantar alto ou agir como ursos cinzentos, devemos poder fazer isso sem incomodar os outros. O espaço deve ser grande o bastante para um grupo de vinte pessoas poderem se movimentar rapidamente sem bater nos outros. Ainda assim deverá ser íntimo o bastante de modo que, ao sentarmos em um canto falando sobre nossas descobertas interiores, não iremos sentir uma frieza impessoal no aposento. Um ginásio é muito grande e a maioria das salas de reunião são muito pequenas. O salão dormitório vazio, revestido de lajotas e as grandes janelas nos serviam muito bem. No caso de respingar tinta no chão, tornava-se fácil limpar. 
	Preparei a sala previamente de modo que, as pessoas ao chegar pudessem receber a mensagem (que fosse necessário que eu dissesse nada): aquele era um lugar para se brincar, para tentar alguma coisa nova, onde todos eles seriam ajudados no processo. Nas paredes, alguns cartazes que discutem o processo criativo e fornecem subsídios para o processo do grupo que estamos para começar. Alguns desses cartazes dizem: 
CRIATIVIDADE - “Não acho que a experiência do processo criativo significa o fenômeno sobrenatural que irá acontecer apenas em momentos muitos muito especiais. Também não acredito que ele seja frágil no sentido de que irá se dissolver ou desaparecer se tentarmos compreendê-lo... Ao invés, parece-me que criatividade é um predicado que todos nós temos. É um fenômeno humano que deverá ser experienciado por todos nós, que traz alegria e compreensão as nossas vidas” (COELLEN KIBERT).
	“O motivo principal da criatividade parece ser a mesma tendência que nós descobrimos tão profundamente como a força curativa em psicoterapia: a tendência do homem de se atualizar, de reconhecer suas potencialidades” (CARL ROGERS).
BRINCADEIRA – “O principio dinâmico da fantasia é a brincadeira que pertence a criança e, como tal, parece ser inconsciente com o principio do trabalho. Porém sem este brincar com a fantasia, nenhum trabalho criativo jamais nasceu. (CARL JUNG)
	Em volta das paredes da sala estão localizadas mesas com vários equipamentos, material artístico, instrumentos musicais e fantasias. A medida que os participantes começam a se movimentar em volta do aposento para explorar o ambiente (o que eu os convido a fazer) isto é o que eles veem: 
Uma mesa com material artístico incluindo tintas e óleo, vários tamanhos e cores de fita gomada, grampeadores, hifrocor, papel, argila, pratos de papel (para usar embaixo das peças de barro ou qualquer outro propósito) e talvez algum material para colagem como revistas, fazendas, algodão e lixas de papel;
Uma mesa com instrumentos musicais que qualquer pessoa seja capaz de tocar como: tambores, pratos, sinos, tamborins, triângulos, blocos de madeira, latas e jarras e flautas simples;
Equipamentos de som incluindo um gravador, um cassete e um sistema stereo com discos;
Uma mesa com fantasias, maquiagem e um espelho na parede. Quando eu digo “fantasias” não menciono item complicador de teatro, porém peças colecionadas durante anos para mudar o vestuário, coisas que podem ser convertida em muitos usos, tais como xales, chapéu de todos os tipos perucas, grandes pedaços de pano, bijuterias antigas, roupões de banho ou quimonos, um guarda chuva ou bengala, grandes jaquetas e mascaras. Esperamos que o aposento tenha um espelho bem grande assim como espelho de parede que providenciei anteriormente;
Algumas vezes tivemos materiais que poderiam ser usados paraconstruir estruturas, coisas tais como escadas e pranchas de madeira, caixas ou módulos de papelão grosso, uma rede de tênis ou um para quedas. Estes itens podem ser usados para modificar totalmente o ambiente se os participantes assim o desejarem;
Uma mesa cheia de livros e artigos em exposição para consulta e leitura. Tenho livros com quadros de mascaras e grupos primitivos praticando seus próprios rituais e também os livros que constam das referências deste artigo. Os tópicos são: arte-terapia, terapia do movimento, músico-terapia, criatividade, discussões sobre o hemisfério direito do cérebro e artigos sobre o processo de grupo e psicoterapia centrada no cliente;
É conveniente também ter um colchão ou grandes travesseiros onde as pessoas possam cochilar, relaxar ou cair com segurança sem se machucar;
Caso meu sonho se realize, algum dia terei equipamento de vídeo e uma pessoa que goste de participar ficando atrás da câmera. Uma das mais eficazes ferramentas para a aprendizagem neste tipo de trabalho é o feedback pelo vídeo. Tive a ocasião de experienciar isto numa das aulas de movimento de Anna Halprin e achei de um valor incalculável. Usei esta técnica treinando conselheiros mas nunca tive a oportunidade de usar este sistema no meu trabalho de Conexao Criativa. Como participante você irá explorar este ambiente e as possibilidades de tentar novas coisas irão ocorrer. Talvez seja amedrontador antecipar o que pode vir a acontecer, se você não estiver se sentindo bloqueado no uso de qualquer desses materiais ainda assim a variedade de materiais é tentadora. Sua tendência natural será: pegá-los, olhá-los, tocá-los e experimentá-los. Algumas pessoas têm a reação “Oh! Que bacana”, outras poderão pensar “Meu Deus! Em que espécie de bobagem eu fui me meter!” Outros podem se sentir tímidos, porém curiosos. 
 O ambiente, no entanto, compõe a atmosfera para o trabalho/brincadeira que irá acontecer. Apesar de eu estar coordenando um grupo sob luz florescente, num espaço sem janelas, de ar condicionado no Hyatt Hilton Hotel, gosto de criar um ambiente que proporcione comunicação, divertimento e intimidade, esteja eu na minha casa ou no trabalho. Ar fresco, luz natural e cores quentes ajudam. 
O CLIMA PSICOLÓGICO 	
	 Estou ciente, como facilitadora de grupo, que muitas pessoas se sentem inibidas, encabuladas ou bloqueadas quando se trata de usar seus corpos em movimento, ou usando materiais de arte, ou fazendo qualquer tipo de “performance”, ou mesmo escrevendo. Faço o possível para ajudar as pessoas a se sentirem bem-vindas, seguras, compreendidas e amparadas. Estou sempre lá para saudar as pessoas a medida que vão chegando. A medida, que o grupo inicia, apresento-me num nível pessoal contando aos participantes algumas coisas de minha vida corrente, sabendo que isso irá ajudá-los a falar sobre suas próprias vidas. Algumas vezes falo sobre vencer minhas inibições no movimento e na dança. Quando começo a usar meu material de arte, posso dizer: “Sei que seu professor de arte no ginásio disse que você não sabe desenhar, mas isto não é desenhar... é apenas um produto da arte”. Enfatizo que não estamos aqui para nos compararmos aos outros, mas para dar um passo adiante onde quer que estejamos agora. Frequentemente participo na movimentação, nos exercícios de arte e de escrita com um ou mais parceiros. Isto é divertido e frutífero para mim (muitas vezes chego a novos insights) e também permite aos participantes me conhecerem como pessoa tanto como professora. 
 O clima psicológico de segurança é realçado pelo meu respeito pessoal em relação a cada pessoa do grupo. Meu treinamento centrado na pessoa tem sido sempre o alicerce para a facilitação das habilidades do meu grupo. Quando eu me apresento ou quando as pessoas estão falando a respeito de seus problemas ou alegrias, deixo que elas percebam que eu realmente estou escutando, frequentemente acrescentando um comentário meu aquilo que eles disseram, demonstrando que escutei a “essência” de seu dilema. Isto foi denominado “escutar ativamente”. Qualquer que seja o nome que se dê a isto, sei que eu devo escutar a “música” tanto quanto as palavras, tenho que responder como coração. Algum feedback que tenha recebido de meus participantes ilustram o clima psicológico que tento criar. 
 “Natalie, seu equilíbrio entre participação e liderança esteve excelente. Sua energia acalma e é agradável”.
 “Você (e Jared Kass) são excelentes lideres de grupos e professores logo a classe, realmente, tornou-se um processo ativo e coeso de aprendizagem”.
 “Natalie esteve valorosa e receptiva, Jared esteve energético e inspirador”. 
 “Eles nos deram a liberdade e o auxilio necessário para todo este esclarecimento e crescimento pessoal”.
 “O ponto alto foi a sua habilidade em facilitar o grupo em termos como nos relacionarmos uns com os outros”.
MEU ESTILO DE LIDERANÇA
 Como facilitadora de grupo, eu nos guio através de varias experiências (movimentos, arte, etc.), participo nestas experiências e então facilito e participo nas discussões que seguem. Revelo meus próprios sentimentos de ansiedade, raiva, o quanto me preocupo ou fico confusa quando falo sobre minha própria dança ou pintura. Também esclarecer os pensamentos e os sentimentos de alguns membros do grupo de um modo que mostre, “compreendo aquilo que você está dizendo como uma pessoa total”. Aprendi que quando eu ouço com sensibilidade e verbalizo aquilo que estou percebendo, outros membros do grupo seguem este exemplo, o que, em troca, leva um tipo orgânico de crescimento entre os membros do grupo, onde eles, eventualmente, tomam a responsabilidade por eles mesmos e por todos. Frequentemente questiono as pessoas para ajudá-los a localizar a tensão física ou seus corpos que podem estar acompanhando sua dor emocional ou sua raiva. No entanto, raras vezes interpreto aquilo que estão dizendo (ou dançando ou pintando ou escrevendo), se tenho uma suspeita sobre aquilo que eles estão sentindo, irei esclarecer com eles. Poderei dizer: “Suas palavras soam muito calmas e controladas, mas você me parece muito triste. Você tem consciência disto? “o participante então poderá entrar em contato com seus próprios sentimentos e verificar minha suspeita ou negá-la. Ele ou ela poderá dizer “não eu não estou triste. No fundo estou mesmo com muita raiva”. Este seu sentimento é aceito.
 Pela minha maneira de trabalhar através de uma escuta sensível, respeito pelo outro e frequentemente dividindo o grupo em pequenos subgrupos de dois ou três para um compartilhar mais pessoal, os participantes muitas vezes tornam-se conselheiros entre si e a confiança no grupo impera. Quando o clima é psicologicamente seguro, os indivíduos podem assumir novos riscos. Se eles sabem que estão sendo respeitados, encorajados, empatizados e confrontados de maneira amável, estarão mais disponíveis a enfrentar o desconhecido. A seguir vem comentários de participantes que encontraram o ambiente seguro o bastante para desenvolver novos aspectos sobre eles próprios: 
 “Fiz coisas que sempre temi, como ficar em pé diante de um grupo e atuar”.
 “Senti-me vivo e energético a medida que interpretei meu desenho ou representei um papel da nossa vila”.
 “Liberar-me e criar espontaneamente apreciando aquilo que eu tinha criado foi muito importante para mim”.
 “Quantos anos eu vivi tentando estar OK nos padrões de outras pessoa?”
 Embora eu frequentemente participe das estruturas ou exercícios que eu mesmo dirijo, nunca perco contato com o fato de que como facilitadora sou a única responsável pelo clima psicológico do grupo. Com isto quero dizer que deixar a comunicação aberta entre a pessoas (particularmente no desenrolar de uma situação durante o encontro) é responsabilidade apenas minha. Isto implica no estabelecimento de algumasregras para a liberdade a segurança emocional e física. Tenho um pôster com minhas regras escrita como um primeiro passo para que as pessoas possam compreender o que se espera delas no processo do grupo. Creio que todos os facilitadores de grupo desejam obter dos participantes um certo comportamento e atitudes (tal como ser honesto e aberto com relação a seus sentimentos) e é de ajuda que se tenha algumas destas expectativas colocadas em aberto. O mistério em relação ao processo do grupo então desaparece.
 Estas são as regras que estou usando no momento:
Estar ciente de seus sentimentos são uma fonte para que a expressão criativa seja canalizada para a arte (pintura, argila ou colagem) ou escrita ou movimentação. Por exemplo se você está se sentindo confuso, você pode dançar ou desenhar a confusão. Mesmo se você estiver cansado, você pode dançar este cansaço. Se você estiver triste ou alegre você pode usar cores ou um poema, uma canção ou um movimento para expressar estes sentimentos.
Esteja ciente de seu próprio corpo e cuide de si próprio neste grupo. Você é a única pessoa que sabe se está sofrendo alguma dor e precisará adaptar os movimentos às possibilidades de seu próprio corpo. 
Todas as instruções dadas são sempre sugestões. Você tem a opção de não as seguir.
Se você escolher observar, seja um observador participante. Isto poderá ser um importante aprendizado para você e para o grupo. Você pode:
Identificar-se com alguém no grupo e experienciar através do outro;
Estar atento a interação e dinâmica do grupo;
Observar sem julgar.
Estas experiências e, em particular a movimentação, mexem com muitos sentimentos. Se você sentir vontade de chorar ou emitir sons altos, isto é definitivamente OK! Deixe que cada pessoa tenha seu próprio espaço para experienciar estes sentimentos em profundidade sem interrupção para que ele/ela possa encontrar uma maneira de colocar estes sentimentos dentro da arte, movimento, música, sons ou escrita. Não se apresse muito em “ajudar”. Preste atenção aos outros e seja atencioso, porém use seu bom julgamento ao permitir a eles o tempo suficiente para experienciar seus sentimentos. 
COMPONENTES BÁSICOS DO PROGRAMA DA TERAPIA EXPRESSIVA CENTRADA NA PESSOA
		A maioria dos programas de arte-terapia movimento, arte, escrita e musica-terapia como cursos separados. Isto merece legitimo. Eu mesma estudei movimento e arte-terapia separadamente. Gosto de pensar que estou oferecendo alguma coisa única neste campo pela pesquisa da conexão entre estes modos de expressão. Uma vez que eu gostei de dançar, pintar e escrever, me parece natural que eu deseje colocar todas estas boas coisas no trabalho que faço como psicóloga. Afinal, não é a orientação da vida, fazer todas as coisas que se gosta e receber algum pagamento por isso?
		Gostaria de discutir a terapia orientada humanisticamente atrás de cada modo de terapia que utilizo. Gostaria de falar sobre cada modo separadamente, descrevendo mais tarde como eu as coloco em sequência. 
		Existe uma diferença entre workshop de terapia expressiva e um programa de treinamento. Os workshops são basicamente para o crescimento individual dos participantes. Num programa de treinamento gastamos o tempo discutindo cada uma das modalidades de terapia separadamente, rebuscando dentro da teoria a aplicação. 
ARTE COMO TERAPIA
		Cor, linha e forma fala a nós. A arte é uma linguagem. Ao pendurar quadros nas nossas paredes ou indo a exposições de arte, estamos absorvendo a mensagem daquela linguagem. Quando pegamos um giz vermelho na nossa Mao e passamos no papel, nós estamos falando. Esta, é uma linguagem que não necessita passar pelo processo de fazer palavras. É direta. Quando rabiscamos no bloco de telefone estamos falando a nós mesmos (não sabemos aquilo que estamos dizendo mas se olharmos realmente para os rabiscos poderemos ter uma impressão geral da mensagem). As crianças se sentem confortáveis com esta linguagem. Durante um tempo de sua vida, você não tinha consciência disso. Crianças pegam as cores e brincam. Elas não estão preocupadas com a aparência do desenho ou aquilo que os outros pensam sobre ele. Elas estão “explorando” livremente. A medida que vamos crescendo, começamos a procurar aprovação imitando os outros e nos tornamos preocupados com aquilo que fazemos.
		Como uma arte-terapeuta, estou tentando criar uma atmosfera onde passamos a re-experienciar a comunicação direta com a cor e a linha que tínhamos como crianças. Não podemos de maneira nenhuma ser aquela criança novamente. Nós sabemos demais. Mas existe umas maneira de nos permitirmos o luxo e a alegria de nos expressarmos através da arte: pintura, pastel, colagem e barro. 
		Janie Rhyne, em seu livro “Gestalt Art Experience” (2), define cada uma destas três palavras. Ela resume dizendo:
		“Gestalt Art Experience, então, é todo o conjunto pessoal que você traz nas formas de arte, estando envolvido nas formas que você cria como eventos, observando o que você faz, na esperança de perceber através de suas próprias produções artísticas não apenas sua própria pessoa como é no momento, mas, também, alternando os caminhos que estão à sua disposição, criando aquela pessoa que você gostaria de ser”. 
Janie continua,
		“Imagino que estou usando a comunicação artística como uma ponte entre as realidades internas e externas, encorajando as pessoas a criarem sua própria forma de arte visual e usá-las como mensagens que estão mandando para si próprios. Tomadas visíveis, as mensagens podem ser percebidas por quem as faz uma vez que quem envia e quem recebe são a mesma pessoa, as chances de perceber o conteúdo total da mensagem (gestalt), são grandes”. (3) 
		Como participante de um dos programas de treinamento da Janie, há alguns anos, fui encorajada a manter uma coleção de meus trabalhos de arte. “Durante o dia”, ela disse: “Pegue as canetas hidrocor ou o pastel e façam um rabisco. Guarde estes rabiscos por muitas semanas e vejam o que acontece”.
		O que me aconteceu foi que eventualmente deixei de me preocupar como produto e apenas me divertir como processo. “Divertir” talvez seja a palavra errada. Eu usei esse processo para descarregar alguns de meus sentimentos a respeito de meu divórcio, de frustração, perda de identidade e de amor. Durante muitos anos deixei de olhar os rabiscos. Quando o fiz, notei uma progressão como uma onda. Os sentimentos chegando a um pico, se quebrando, se revolvendo, se espalhando e então chegando a um pico novamente. Alguns dos rabiscos são barrados e feios, alguns são gráficos, outros cheios de paixão e êxtase. Os blocos de papel que usei cresceram de cindo ou seis polegadas para taboas muito maiores. Aparentemente os de tamanho pequeno não mais puderam conter meu processo (4). 
		Agora passo para vocês o presente que Janie me deu. Eu encorajo os outros a manterem seus arquivos de arte e sou a eles exemplos suficientes de experiências nos meus workshops para que eles possam realmente utilizar esta nova forma de linguagem, para que possam ver e entender a si próprios 
		O barro é algo que me interessa muito. A maioria das pessoas tem menos preconceito sobre o que é “bom” e “mau” em esculturas e acham mais fácil apenas brincar com o barro. A arte terapeuta Margaret Frings Keyes diz: “Materiais de arte vivificam o processo e atingem diferentes níveis de personalidade muito mais do que podem as palavras. O barro é usado pelas suas qualidades sensoriais, táteis e capacidade de exprimir o não verbal. Eu particularmente gosto de usá-lo quando tenho alguém que se mantém afastado de seus sentimentos pela análise e especulação dos porquês de seu comportamento”. (5)
		 As palavras dos participantes do workshop descrevem o processo:
		“Fiz dez rabiscos que disseram uma historia real sobre mim mesmo, a qual eu não estava ciente durante o processo de fazê-los”. 
		“... Desenhar com a minha mão esquerda abriu minha criatividade, me fez mais solto”.
		“Criar arte após me movimentar leva a criação mais espontâneas”.
FrancesFuchs,minha filha feminista e arte-terapeuta coloca isto poeticamente:
		“A maior parte de minha dor psicológica chegou quando eu senti minhas próprias possibilidades se estreitarem, quando o mundo pareceu pequeno e se fechando. Foi naquele tempo, em que mais usei meu diário de arte, que a cor e a forma abriram portas até então desconhecidas para mim, o auto conhecimento”.
		Um propósito de arte-terapeuta é ajudar o individuo a liberar sua energia criativa (daí para frente a escolha é sua, até mesmo para adquirir a habilidade e disciplina necessárias tornando essa criatividade um produto profissional). A perda da inibição pelo uso de materiais de arte é um grande passo. Fomos condicionados, por muitos anos, para nos tornarmos inibidos principalmente por nossos professores que nos graduaram em trabalhos de arte ou que nos disseram que não poderíamos desenhar. Agora, leva tempo desatar estes fios apertados que nos amarram. Algumas pessoas arrebentam estes fios, outras vão se enrolando lentamente.
		Eu jamais presumi que tivesse me desatado. Ao contrario, criei um ambiente para que eu também possa desenrolar os fios do condicionamento social que diz: “O produto é aquilo que valemos, o processo meramente nos leva aquele produto”.
MOVIMENTO COMO TERAPIA
 		Todos nós nos movemos todo o tempo. Tente ficar perfeitamente parado e verá que isto é impossível. Movimento é vida e vida é movimento. Nossos corpos estão expressando nosso estado interno todo o tempo. Mesmo assim a maioria de nós fica congelada se alguém nos pede para nos mover ou dançar ou expressar aquilo que estamos sentindo. 
		Atualmente, a movimentação pelo exercício físico está nos levando para fora da cadeira de escritórios, durante hora de almoço para correr ou para as academias, para nos esticarmos e adquirir força com exercícios aeróbicos. As pesquisas dizem que as pessoas se sentem melhor, não apenas fisicamente mas também psicologicamente; os corredores falam a respeito de estados alterados de consciência durante a corrida ou de refletirem sobre um problema obtendo então insights durante o percurso. 
		Mary Whithehouse, uma dança-terapeuta de orientação humanista disse: “Expressão criativa no movimento físico é linguagem sem palavras”. Ela está dizendo que temos um completo sistema de linguagem (nossos corpos) que ainda não havíamos percebido como tal. Estamos falando com ou através de nossos corpos com cada bocejo, cada gesto, nossa distancia ou proximidade, e ainda assim poucas vezes percebemos ser esta uma forma de falar. 
		O tipo de movimento que estou usando em meus grupos é um movimento com consciência. A pessoa que está na aula de aeróbica não está propriamente “sentindo” o movimento ale da preocupação em realizá-lo. O “movimento consciente focaliza intencionalmente os sentimentos evocados quando alguém se move. Quando estou tentando alcançar o céu com meus braços estendidos como me sinto? Onde eu sinto o movimento? Quando eu estou na posição fetal, no solo, como me sinto? Sozinha? Segura? O que acontece quando começo a me esticar gradualmente? Se estou satisfeita que movimentos irão expressar este sentimento para poder me comunicar com meus amigos? Se eu estiver zangada, que movimentos irão demonstrar a zanga, soltá-la e me levar para outro nível?
		Cheguei a conclusão que o modo como a pessoa se move, reflete seu estado interior e sua personalidade. A dança-terapeuta Susan Wallock diz o seguinte:
		“O corpo e a psiquê são uma totalidade e a condição física é analogia à condição psicológica. A comunicação não verbal revela como é o indivíduo, mesmo que suas palavras digam outras coisas. Um principio na dança-terapia é que o corpo não mente e que o movimento pode ser uma representação gráfica, uma metáfora, para a dinâmica intra-psiquica da personalidade”. (6)
		O primeiro passo na terapia do movimento é nos tornarmos conscientes de nosso corpo – nossos movimentos no dia a dia tornam-se tão automáticos que não temos consciência de como nos movemos ou qual o conteúdo emocional que este movimentos passam. Podemos nos tornar conscientes de nossos corpos focalizando nossa atenção em nossos movimentos. Se por exemplo, estou caminhando com a cabeça para frente guiando meu corpo, preciso focalizar sobre como me sinto. Posso exagerar, para entender o que isto está causando a meu corpo. Posso reverter o processo pressionando meu queixo ao peito firmemente. Então, posso sentir as emoções que estou carregando e demonstrando, ao viver a vida “esticando meu pescoço para frente”. 
		O segundo passo no processo é confiar no impulso interno do corpo e deixar que o movimento aconteça. 
		Pedi aos participantes que fizesse um movimento “isto sou eu” começando com um impulso e deixando que o movimento leve a dança a diante. A emissão de sons ajuda a conscientização dos sentimentos que estão ligados ao movimento. O inconsciente fornece a centelha que põe o corpo em movimento. É a diferença entre fazer alguma coisa e deixar que alguma coisa aconteça. 
		O terceiro passo é fazer a conexão externa com o que estava ocorrendo intra-psiquicamente, (7). Por exemplo, um dos participantes começou o movimento “isto sou eu” no chão enrolado como uma bola apertada. Ele experimentou isto fazendo sons diferentes durante o movimento. Gradualmente ele tornou-se ciente da ligação com sua vida real, a segurança que sentiu enquanto se esticava ficando aberto e vulnerável. Foi deste modo que ele relacionou seu movimento espontâneo com sua realidade psicológica. 
		Este homem agora pode criar um movimento ou dança que irá exagerar e demonstrar os elementos de segurança e medo que vem de alguma resolução interna cinestesicamente. Quando dançamos nossos sentimentos, pode-se mudar o estado emocional, por varias vezes, permanentemente. O movimento espontâneo ou improvisado, particularmente em um grupo, pode ser o caminho de conexão com nosso inconsciente e nosso conteúdo espiritual. Diversos comentários dos participantes falam sobre este tema:
		“O movimento foi o parteiro de meus sentimentos, a arte tornou-se a expressão dos mesmos”.
		“Através de meu corpo tive minhas experiências mais profundas: os exercícios que me tornaram pequeno e me fizeram sentir dor e os movimentos expansivos que me trouxeram uma sensação de alegria e poder”. É interessante notar que o mesmo exercício evocou sentimentos opostos no homem que discutimos acima). 
 		“Devo dizer que não dancei. Quando você nos pediu que fossemos semestre e começássemos a crescer, eu era a semente no solo: isto me dançou! Sou apenas um homem de negócios. Nunca vi um fantasma ou um espírito mas “isto” dança. Fiz algo, importante para mim. Isto me deu um imenso prazer”. 
		Um outro participante fala de sua experiência retirado de uma fita gravada de uma sessão de feedback em São Diego.
Ray: Entrei em contato com quão poderosa é a inibição que tenho sendo um homem de nível acadêmico, com todo o processo de socialização que me inibe. Sempre me choquei com a experiência estética, que é para mim olhar as pessoas dançarem. Fico nostálgico e me pergunto: “Porque nunca aprendi a fazer isto? Por que eu conservo esta parte em mim mesmo reprimido?”.
Natalie: Você poderia descrever sua experiência ontem? O que aconteceu com você? 
Ray: Eu me lembro de ter sentido muita raiva. Eu estava dando nós com minhas próprias mãos e com as mãos de outras pessoas. Estou desatando os nós. Quando fiz este gesto com meu corpo e minhas mãos, tomei consciência de como estes nós são apertados e que grande fonte de raiva é isto. Eu poderia sentar e pensar sobre esta minha raiva durante vinte e duas horas e jamais estar tão consciente do que esta, na realidade, fosse! Mas a medida que eu me senti a mim mesmo me opondo ( ele fez uma demonstração juntando as duas mãos e separando uma da outra fortemente.
Natalie: Quando olho para você afastando suas mãos dessa maneira, realmente entendo o que você quer dizer sobre se opor a você mesmo e o sentimento interno de raiva.
Ora (uma mulher de uns 60 anos) fala a respeito da alegriaque sentiu a respeito da experiência: de movimento: 
		Há alguns anos e anos que venho desejando que um homem forte me segurasse pela cintura e rodopiasse comigo, preferivelmente na praia. Tenho tido esta visão ou desejo há muito tempo. Aqui eu expressei este desejo verbalmente. A realização desse desejo infantil foi maravilhosa. Emocionalmente eu voei! O despertar desta criança em mim foi uma delicia”. 
		Eu citei estes participantes para ilustrar o valor da pessoa se tornar consciente e se expressar através do movimento. A excitação do homem de negócios que descobriu que aquela experiência “o dançou”... Que experiência maravilhosa.
		Susan Wallock, citou sua professora Mary Whitehouse: “Quando o momento em que “sou movida” aconteceu, é espantoso tanto para os que dançam como para os que não tem a intenção de dançar. É o momento quando o ego perde o controle, para de escolher, para de exercer de mandar, permitindo ao self tomar a iniciativa, movendo o corpo físico à sua vontade. É um momento de rendição da premeditação que não pode ser explicada, descrita exatamente, buscada ou tentada... Isto é humilhante e libertador para a personalidade que exige perfeição, controle, conformidade e todas as doenças de nosso condicionamento social”. 
		Tenho notado que, prestando atenção a experiência do movimento, nós podemos encontrar níveis mais profundos de nosso ser e então usar este conhecimento como um recurso para criar outros movimentos ou dançar (ou pintar, escrever, criar música). 
		O homem que se percebeu com nós se opondo a si mesmo, poderia, se estivéssemos tempo, expressar aquele conflito e talvez mover seu caminho dentro de um novo sentido de si mesmo. A medida em que ele foi, mais cinestesicamente entrando nessa experiência de se atar em nós, ele poderia ter sido encorajado a encontrar um caminho e viver a experiência de libertar-se fisicamente, dissolvendo estes nós. Esse tipo de aprendizado cinestésico dura muito tempo. É uma espécie de “ah há” que permite a uma pessoa “saber” o que é certo e apropriado para si mesmo. Existe uma mudança para o hemisfério direito o aprendizado intuitivo neste tipo de experiência. Uma vez mais eu cito Wallock, descrevendo sua professora: 
		“Foi como se, na sessão, houvesse uma mudança da conscientização para a forma do hemisfério direito, tanto em Mary quando no cliente. Houve uma vontade de suspender o julgamento, de se relacionar com as coisas como elas eram no momento presente, de entender os relacionamentos metafóricos, de ver as coisas em relação as outras coisas e perceber como as partes poderiam se juntar para formar um todo. De fato, a abordagem de Mary, movimento em profundidade, encorajou a mudança do processo analítico verbal para um processo espacial e global. Ela sempre falou a respeito de se confiar na intuição das pessoas, trazendo insights muitas vezes baseados em padrões incompletos, palpites, sentimentos, imagens visuais que seriam funções do hemisfério direito”. (8) 
		Desde que, descobrir novos aspectos de mim mesma, através d movimento, não me surpreende, é que eu desejo encontrar maneiras de criar um ambiente propício para outros. Em meu livro, “A mulher Emergente – Uma década de transição na meia idade”, eu descrevo uma das experiências que tive no Anna Halprins Dancer`s Workshop; em São Francisco. Aos 42 anos de idade, eu estava reencontrando meu corpo e aprendendo a delícia do movimento. Eu teria adorado dançar como criança, mas deixei de lado, à medida que me tornei adulta e mãe “responsável”. No workshop de Anna desenhei um auto-retrato de tamanho natural de meus lados direito e esquerdo. Pendurei esse retrato na parede, o estudei e dancei aquilo que tinha desenhado, sendo filmada pelo vídeo. 
		Devido à câmera, pude ver minha atuação de 10 minutos. Foi uma experiência profundamente movimentada, sacudida e tremula. Eu dancei o meu lado direito. 
		“Estou rígida, circunspecta, me acuso, me culpo e me coloco para baixo. Eu sou energética comigo mesma, bato meus pés para mim mesma, ma por dentro estou trêmula. Sinto pânico. Me ponho no chão e me arrasto, batendo meus punhos. Meu lado direito julga, é circunspecto e duro para comigo. Eu me canso. Então levanto e me movo para atirar meu lado esquerdo. 
“Estou livre coando, alegre e lírica, graciosa. Relaxo gradualmente. Sinto meu eu espiritual, sensual, indo através do espaço. Divirto-me por muitos minutos. Faço um contato visual com algumas das pessoas da sala. Este foi o primeiro movimento em que me atrevi a olhar para qualquer pessoa... Sinto-me muito exposta, como se todas as pessoas estivessem vendo um eu interior que eu acabava de começar a ver”.
“A medida em que danço meus dois lado tomo consciência que isto é o dialogo continuo entre estes dois aspectos de mim mesma, que é parte de minha fonte de criatividade. Se um lado de mim dominasse totalmente os outros aspectos, aí então eu deveria começar a me preocupar comigo mesma. Se eu me tornasse completamente lógica, linear em pensamento, pragmática, moralista e circunspecta, eu iria me achar simplória e monótona. Se eu fosse predominantemente intuitiva, receptiva, sensual e espiritual, eu iria me sentir fora da realidade, desligada e estranha. É esta confrontação ocasional face a face de ambas as minhas partes que traz grande excitação.” (1)
		É desta forma que sei, tanto pela minha própria experiência quanto pela condução da experiência de outros, que ao expressar nossos sentimentos através de movimentos, descobrimos, em um nível cinestésico novos aspectos de nós mesmos. 
ESCRITA COMO TERAPIA
		Eu aprendi sobre a escrita livre de Patsy Cumming e seu grupo de colegas do Departamento de Humanidade do MIT (10). Eles haviam me pedido que co-liderasse um workshop de cinco dias com eles para aumentar suas habilidades no Ensino Centrado na Pessoa. Os doze ou mais professores de redação e literatura se reuniram no meu local de trabalho o dia inteiro, durante uma semana. Foi um período muito significante para mim como professora/aluna. Próximo ao fim de semana, me atrevi a mostrar um trabalho que havia escrito para Patsy, que encorajou a continuar. Eventualmente esta redação se tornou um livro: A Mulher Emergente.
		Patsy descreve a “escrita livre” que ela e seus colegas visam em seus grupos: 
		“A escrita livre é um exercício básico e muito simples, assim como tocar o dedão do pé alternadamente com suas mãos ou a respiração diafragmática, que todos deveriam fazer todos os dias, porque é fácil (leva apenas 10 minutos) e os benefícios morais, espirituais e físicos são incalculáveis. Isto ajuda você a se conhecer, pode livrar você do mundano ou mostrar que você está perdidamente emaranhado nele. É melhor que aspirina para tensão e não tem contra indicação. Ajuda quando você está deprimido e algumas vezes a encontrar o motivo de sua preocupação. Estas são as instruções que damos para os grupos, os amigos e para nós mesmos:
 “Escreva durante dez minutos. Não pare de escrever. Não se preocupe com a ortografia, a pontuação, as frases e com a gramática. Se você não pode lembrar de nada para dizer, escreva “Eu não tenho nada para dizer”, uma porção de vezes, até que você vai se lembrar de alguma coisa. Não releia aquilo que você escreveu (pelo menos por algum tempo). 
 “A escrita livre não é apenas um meio de se saber aquilo que se está pensando, mas também como, em que ritmo, em que palavras, em que frase; é uma saída para pessoas que estão bloqueadas pelas linguagens dos livros, de textos ou pensamentos dos outros para encontrar os seus próprios”. 
		“Para pessoas, cujo treinamento serviu, principalmente para torná-los mais conscientes de sua redação, pode acontecer que pensamentos e sentimentos que eles acreditavam jamais poder expressão irão aparecer muitas vezes de maneira fluída e coerente no papel. Alguns dos melhores textos que vi foram escritos quando eu parei de “ensinar” e pedi que o grupo escrevesse por dez minutos”.
		“Especialmente no começo é importante que as pessoas encontremreceptividade em suas escritas livres...” (11)
		Eu concordo com Patsy. Nós, definitivamente, precisamos de um auditório empático e encorajador para nossos poemas recém-nascidos. Nos grupos de terapia expressiva eu tento estabelecer este tipo de segurança psicológica. Quando peço às pessoas para fazerem sua escrita livre, sempre aviso: “Não censure aquilo que você escreve. Você não irá compartilhar aquilo que escreveu com ninguém a não ser que deseje. Seja honesta consigo mesmo, no que escrever; mais tarde você poderá decidir se deseja ler seu artigo para outra Pessoa”.
		Após o processo de redação, peço as pessoas que se encontrem em grupos de três e quatro. Em geral elas preferem compartilhar seus escritos em grupos mais íntimos. Se não quiserem ler, sua privacidade é respeitada. Caso o autor leia seu trabalho com a voz muito tímida, algumas vezes pergunto se posso ler para eles com minhas próprias entonações. Então o poder daquilo que eles escreveram e o ritmo que deram à sua redação tem um impacto maior. As pessoas ficam surpresas com aquilo que transparece e como isto emerge. 
		Minha própria teoria é que movimento e arte aumentam o ritmo e liberam a, expressão, aumentando a criatividade para a redação. Por exemplo, a redação livre com a qual eu iniciei este artigo oferece um estilo que, me é muito pouco familiar. Ela veio a mim do ritmo que foi estimulado, eu acho, pela dança que vínhamos fazendo. 
		A maioria dos participantes diz que a escrita livre é bem diferente de qualquer outra escrita que já tenha sido feita por eles. Aqui vão três exemplos de participantes do grupo. O primeiro é de um homem, Bermard Bronimel, que co-escreveu Family Communications. Ele é professor na Northeastern Illinois University: 
		“Eu me sinto como um diamante multifacetado, cinzelas e brilhantes. Nem sempre me senti assim e, depois de ontem à noite, eu nem mesmo tinha motivos para me sentir tão brilhante, reluzente ou facetado. Esta manhã, com meu filho também não foi muito boa mas, diabos, basicamente eu tenho a pedra. Sou eu. Eu venho escavando naquela rocha - eu – por 51 anos. 
		“Muito tempo já passou desde aqueles dias em uma fazenda em Iowa e a escravidão, a miséria, que eram parte de minha vida lá. Porém, depois de inúmeras mudanças, direções e graus, eu agora sei quem sou e já é tempo de faturar algumas das facetas, começar a usá-las e então aproveitar também aquilo que foi criado”.
		“Eu sou eu ainda que imperfeito, o diamante simboliza aquela luta pela perfeição. Obrigado, mamãe, por aquele senso do que é certo – faça sempre o melhor que puder – é a vontade de Deus – você é inteligente – e daí – seja humilde. Os que são realmente grandes são sinceramente humildes. (Eu tinha que continuar movendo a caneta). Não quero nem mesmo olhar para o que ficou para trás e usar o que ficou guardado nas facetas da pedra”.	
		“Deixe que a pedra ilumine o caminho com seus reflexos para me ajudar a encontrar os meios e os propósitos para que eu seja mais autentico. Crie tempo e espaço para mim e deixe de lado a missão de resgate para tantos outros. Deixe algum tempo para a preguiça – para olhar o Lago Michigan da janela. Melhor, ainda, para sentir a água nos meus pés, para correr pelas suas viagens e me embriagar com a beleza do seu pôr do sol e do seu amanhecer”.
		“Deixa que eu lide com a solidão sem que seja necessário ter alguém significativo para compartilhar comigo. Vamos compartilhar juntos e encontrar algum significado misto”. 
		O segundo exemplo é elegante em sua simplicidade. O autor participava de uma Conferência de Liderança em Chicago: 
		“Os altos e os baixos - notas
		“O perto e o longe – alcance 
		“O céu e a terra – toque
		“O preto e o branco – mistura
		“O mesmo e o diferente – todos os homens são criados iguais
		“O fraco e o forte – espaço
		“Vida e morte – Homem”
		O próximo trabalho foi escrito por um oficial de justiça no Condado de Main. Eu estava particularmente satisfeita em trabalhar com dois grupos de oficiais de justiça, cujo trabalho era muito desgastante e não muito compensador. Eu esperava que o material que estava dando a eles durante o programa de dois dias seria útil para seus clientes. Eles disseram: “Não, nós não podemos adaptar seu material para trabalhar com nossos clientes, mas precisamos muito deste sentido de renovação e criatividade que estamos obtendo com seu trabalho. 
		Joseph Doherty escreveu:
		“Sua beleza é como uma rosa que, cortada, nasce vagarosamente do solo, atirando seus caules em direção ao sol, e logo as minúsculas pétalas entrelaçadas desabrocham em botão. Este pequenino ser surge e envia um grito para todos os seus vizinhos “aqui estou eu” e todos vem correndo. Primeiramente a fuga precipitada, indo a procura do suprimento, prossegue volta e parte novamente, depois pára, os chifres contorcidos no fulgor matinal apressam-se, para trás e para frente, no mesmo caminho. Outros juntam-se, um a um e, depois a cavalgada, todos vindo de lá para cá, ansiosos para saudar o recém chegado. E sempre o recém-chegado é um amigo não para um, mas para milhares de habitantes que, diariamente se revezam para cumprimentar. Por agora, o botão rompido transborda de excitação e tamanho. Ele está notável, ainda que desajeitado, uma sensação de espanto no que está para acontecer. Novos amigos chegam, cada um com uma saudação diferente – cada um maior em sua acolhida do que o anterior – algumas vezes deixando presentes e saudações para o menino em crescimento. 
		“Dentro de semanas, o botão se separou e cresceu, olha em volta e vê que está numa multidão, existem muitos outros, todos iguais, porém na verdade todo diferentes. Novamente bem abaixo, este botão maior começa a mostrar sinais de cor. Ele vigia, à medida que as semanas passam e devaneia , enquanto as pétalas macias, leves e sensuais começam a se abrir”. 
		Existem outras formas de escrever, que eu aconselho as pessoa as experimentar também. Freqüentemente nós escrevemos cinco ou mais comentários “Eu...” nas costas do trabalho que criamos tais como “Eu me sinto só” ou “eu me sinto esquisito e inseguro” ou “Eu estou voando alto”. Isto pode ajudar os indivíduos a vivenciar seu trabalho mais do que analisá-lo ou interpretá-lo. 
MÚSICA E SOM COMO TERAPIA
		Discuti algumas das teorias e práticas que adotei nas terapias de arte, movimento e escrita. Tenho menos experiência ou conhecimento sobre música e som como terapia, mas sei, intuitivamente, que isto é básico para o conhecimento de nós mesmos. Espero aprender mais com minha filha Janet Fuchsns nesta área. Como musicista, ela e suas colegas estão explorando o uso terapêutico do som.
		Eu encorajo os participantes a usarem os instrumentos musicais que coloco à sua disposição. Quando estamos comendo ou jogando, ou quando um pequeno grupo está “dançando suas pinturas” eu escolho o grupo que observa para participar, usando instrumentos ou as vozes para apoiar o movimento. Isto evita que eles pensem que estão fazendo um solo. Eles sentem o apoio entusiástico que estamos dando, fazendo sons. 
		Naturalmente, nós também usamos discos e fitas como fundo musical para muitos dos movimentos, e frequentemente, faço com que as pessoas emitam sons para expressar os sentimentos que são evocados com seus movimentos. Um dos participantes disse: “A música acordou parte de mim, que jaziam estagnadas por uma década”. 
IMPROVISAÇÕES
		Os “happenings” que acontecem mais no fim do programa são muito difíceis de serem descritos. Jared e eu elaboramos um plano que chamamos “a vila”. Nunca é o mesmo. As instruções nunca são as mesmas e certamente os resultados variam também. As instruções são mais ou menos assim: 
		“Temos estado juntos por algum tempo e compartilhado algo de nós mesmos de maneira importante. Agora nós gostaríamos de levantar vôo numa aventura co-criativa. Você tem vinte minutos para decidir que tipo de pessoa gostaria de ser nesta vila que criaremos juntos (algumas vezes conduzo as pessoas numa fantasia dirigida para ajudá-los a descobrir algumasub-personalidade que eles talvez gostariam de representar). Temos maquiagem, perucas e fantasias. Use qualquer coisa que você encontrar ou criar, Depois, que tiver criado o personagem gostaria de ser, todos nós deixamos o recinto”.
		“Quando ponho a música para tocar, encontramos no recinto como se estivéssemos chegando numa vila de uma terra estranha. Não existe uma linguagem comum. Você pode fazer qualquer som que desejar, mas as palavras, como tais, não existem”.
		O que acontece é sempre surpreendente. Por um lado, dando as pessoas, mesmo às tímidas, a permissão para se vestir e ser alguma coisa diferente daquilo que elas são, é uma experiência estonteante. Em cada cena da vila figuras arquetipas emergiram: a virgem, a prostituta, o papa, o rei e a rainha, o diabo, a sombra, o ladrão, o mendigo, o professor, o bêbado, o campeão de atletismo, a menininha, o velho sábio, lobo feroz.
		Em Nottimgham, na Inglaterra, Jared e eu vínhamos oferecendo um “grupo de movimento” todas as manhãs, durante três dias. Quando Jared subitamente teve a inspiração de levar todos para fora. Era o primeiro dia de sol brilhando numa semana de muita chuva. Durante uma das brincadeiras que estávamos fazendo ele disse: “sigam-me escada abaixo para a terra do faz de conta”. Todos compreendemos a sua intenção e alegremente descemos as escadas em caracol desta antiga universidade de pedra cinza. Chegamos a relva verde do jardim e antes que soubéssemos o que estava acontecendo, uma mulher holandesa, de cabelos prateados, pediu para ser a rainha de nós e erguemos em nossas mãos e andamos em volta da calçada. Quando olhei para traz, vi que estamos fazendo um desfile: As pessoas fingiam tocar cornetas, marchando no compasso. A procissão estava linda. A rainha liderou a corte, um papa foi entronado (destronado), apareceram os ladrões e os mendigos, houve harmonia de piche e pena, um casamento e uma morte. Um piano apareceu no gramado, foi roubado e recapturado. Tudo isso com muito poucas palavras! Os acontecimentos se sucediam. Foram duas horas de “representação” mais concentrada que tínhamos jamais vivido.
		Embora eu nunca tenha entendido completamente este e outros eventos assim, sei que estamos criando, no nível metafórico e mitológico. Nesta atmosfera de brincadeira, podemos representar nossa sub-personalidade, quer seja ela o diabo ou um santo, pomposo ou humilde. Tentar estes papéis, parece que nos ajuda a redescobrir partes de nós mesmos e a nós dar uma nova perspectiva. Mais importante ainda, é divertido. 
		Eu gravei as discussões havidas após duas destas “vilas”. Durante um grupo de New College, uma mulher preferiu ser uma observadora, em vez de se juntar ao grupo. Ela levou a sério o esquema do programa ao invés de observar apenas, ela tornou-se uma observadora participante, tomando notas do que ia vendo. Ela tornou-se então a escrivã da “vila”. 
 Natalie: Eu gostaria de receber um feedback organizado sobre o que passou. O que sentiu? O que aconteceu? Cada um de nós estava tão envolvido com as cenas, que ficou difícil ver tudo que se passou. 
 Observadora: (lendo as suas notas): O dia está ensolarado e agradável. A vila encheu-se de vida, o cão acordou. Vê-se um bispo caminhando nas ruas. A prostituta arranjou outro freguês barato. A primavera começa a trazer as floes em botão. O bispo alcançou o seu palácio. Ele encontra o mal em diversas formas e tenta evitá-los. Ele conforta os pobres e os tristes. O pequeno cãozinho marrom parece estar procurando algum amigo. Parece que uma sombra vai cair sobre a cidade. A bandeira parada atrás do bispo é seguida pela sombra da morte. O bispo cai, revive, é tentado pela prostituta, cai novamente, tentado pelo pecado e pelo mal... até o cãozinho vai atrás dele. Ele é consolado apenas pela força.
 		Natalie: Whew! É realmente útil ter este apanhado. 
 		Mulher: A morte continuou morrendo e levantando sua cabeça novamente.
		Homem: Não se pode matar as ervas daninhas. 
		Mulher: Tenho a impressão que tudo isto aconteceu em outro tempo. 
	 Segunda Mulher: Eu desempenhei dois papéis. Comecei como um homem. Então passei a ser uma jovem que era muito boa no serviço de garçonete, servindo os outros... Eu me senti jogada fora da ação. O maior impacto foi quando percebi como eram desrespeitosas as pessoas as quais eu servia. 
		Segundo Homem: O que achei melhor foi estar dentro da representação... porque sempre estive marginalizado, um imigrante ou vivendo em culturas diferentes. Mas com esta peça eu estive sempre dentro do jogo. Eu era a sombra. Eu sempre soube a respeito desta sombra em mim, mas recentemente em um trabalho de terapia, pude observar o fato com os olhos da minha mente. Foi uma experiência poderosa extravazar este conhecimento por algum tempo. 
 ***
		É difícil para mim teorizar a respeito destes “happenings”. De certo modo, preferi não o fazer. Caso eu analise o processo até um certo grau, receio não ter habilidade para descrevê-lo. Estou ciente porém,que muitos de nós escolhemos o nosso lado mais “pastier” para representar. Nós nos damos permissão para representar os papeis aos quais poucas vezes tomamos conhecimento. As pessoas roubam do cego, destroem o rei ou tapeam o homem velho. Em uma das cenas na “vila” aconteceu um nascimento e alguém roubou o bebê do peito da mãe! Nós permitimos que nosso lado sombrio apareça de uma maneira brincalhona, mas autêntica. 
		Também nos permitimos ser poderosos: um ditador, um bispo, uma rainha surge então. Ou experimentamos representar um ser humilde: o cego, o pobre ou o aleijado. Quando eu escolhi ser o mendigo cego, fiquei surpresa ao notar que havia me sentido muito poderosa naquele papel. O pessoal da “vila” constantemente vem me relatar meus sentimentos de piedade, culpa, desgosto. Este não é o tipo de poder que eu gostaria, mas é, na verdade, uma forma de poder. 
		Novamente, quero citar uma fita gravada de uma discussão no dia de São Diogo (12). (Muita coisa aconteceu em um dia.) Novamente, uma mulher resolveu ser observadora e foi nos relatando aquilo que havia visto. 
		Ora: Tudo começou com um homem segurando um copo o vazio de plástico e ele batia gentilmente no copo e foi batendo mais alto. A próxima coisa que notei foi que eu estava batendo no chão com meus pés, e batendo palmas e então todo o movimento começou... foi como uma corrente... que não passou até que outra coisa acontecesse. Houve uma corrente. Eu não quis participar porque eu não queria NÃO ser o que acontecia. Eu estava aturdida porque se existe isto de conscientização de grupo, isto era o que estava acontecendo. 
		Natalie: A um certo ponto pareceu haver uma mudança da dança livre para o teatro e a mímica e então cenas e cenários... foi como num crescendo. A energia subia ora descia e então retomava outro crescendo. Você diria que foi como uma conscientização de grupo que nunca nos deixava. 
		Rosa (da Espanha): A respeito da palavra “conscientização de grupos: no flamenco cigano, na terceira ou quarta noite de um festival flamenco acontece um momento místico, mágico. Nós o chamamos “duende”, que não se pode traduzir, mas que é mais ou menos a alma. Isto somente acontece quando não estamos esperando, vem por sua própria vontade, mas nós recebemos”. 
		Natalie: Trata-se então de receber... de se abrir para que aconteça?
		Rosa: Não foi julgamento, nem constrangimento. Vem de algum lugar polifônico. Não apenas a harmonia que está correndo no recinto. O duende é um fantasma, ou espírito. O mágico.
		Maureen: Quando eu estava falando a respeito do “isto”. Isto pode ser descrito como consciência do grupo. A abertura para este tipo de conscientização de grupo pode estar presente, a despeito do que o grupo esteja fazendo. Se o anestésico é o corpo, é deixado de fora, isto não irá acontecer para mim. Caso minha atenção seja a de estar receptiva. Eu tenho que me preparar para tal, e o trabalho do corpo me ajuda neste sentido.
***
		Fico intrigada com um aspecto desta e de outras discussões que acontecem apósum “happening da vila”, ou seja, as pessoas de outras culturas comparam os acontecimentos místicos ou rituais que vamos criando espontaneamente, ao seu próprio folclore e costume. Por exemplo, a conversa sobre os “duendes” ou espíritos que descem sobre o grupo que está pronto para recebê-los. Em uma outra sessão, uma pessoa disse: Na Cultura “Hopi” existem alguns “Kachinas” que agem como vocês. Eles irão fingir que estão tendo relações sexuais com os mais velhos, as mulheres mais respeitadas da vila. Eles não respeitam ninguém. Este é o modo deles equalizarem. Eu achei que vocês estavam fazendo o mesmo na sua representação”.
		Outra pessoa comentou: “Tem um personagem no México, que representa o idiota, como você o fez. Ele usa um grande chapéu... ele é praticamente um coringa”. 
		Parece que os personagens que escolhemos para freqüentar esta “vila” se assemelham aos personagens arquétipos de todas as culturas. E os rituais que começamos a criar têm similaridade com os rituais de outras culturas. Será que isto vem de algum inconsciente coletivo? Nossa própria cultura tão falha em rituais que parece que estas atividades não vêm de nossa experiência imediata. O processo de algum modo, nos liga a nossos irmãos e irmãs de todo o mundo e de tempos há longos anos passados. 
		Outro aspecto que me intriga é a co-criação destes espetáculos. Na verdade, a consciência do grupo é como o nevoeiro que rola sobre as montanhas de Sausalito, gradualmente absorvendo cada árvore em seu caminho. Minha própria experiência sobre a consciência grupal não é provavelmente tão grande quanto aquela dos participantes que a relatam, uma vez que é sempre difícil para mim não sentir “responsável” pelo que acontece. Eu, naturalmente, participo do ato,mas acho que ainda não me rendi completamente aquilo que vem surgindo. Outras pessoas parecem sentir que o processo é como a batida de um tambor que não para nunca; varia de e para cada pessoa. Parece que não existe nada a “fazer” com esta experiência. A pessoa simplesmente recebe, e se sente grata.
		As pessoas, algumas vezes, perguntam o que fazemos para criar esta conscientização de grupo, estas vilas. Qual é a metodologia? Dou a seguinte explicação para os participantes:
		- Natalie: Eu gostaria de descrever este acontecimento numa metáfora, porque este é o único jeito que conheço para falar a respeito disto. Para mim o que fazemos é como dirigir uma orquestra, que dizer, nós levamos um grupo a criar sua própria sinfonia. Primeiro nós damos à orquestra algumas instruções sobre como tocar algumas notas e acordes. Em outras palavras, nós damos a eles algum vocabulário sobre movimento porque movimento é aquilo que mais nos inibe, damos a ele a permissão para tocar. Nós guiamos o grupo em exercícios que ajudam seus membros a abrirem-se para si mesmos. 
		Então, nós escutamos a música. Nós escutamos o que as pessoas estão tocando, ou vemos de maneira intuitiva o que eles estão fazendo. Então começamos a responder à sua música com nossas próprias batutas. Trabalhamos com a batuta incentivando o grupo e produzir uma música um pouco mais forte ou induzimos o grupo a ser um pouco mais criativo, ou uma outra pessoa a expandir o seu movimento ou som.
		Então acontece um segundo movimento. Pegamos uma frase e ajudamos a fazê-la mais alta ou mais baixa ou expandi-la ou aprofundá-la. Jared sempre diz, “pegue aquilo que você acabou de fazer e veja se pode aprofundar mais”. 
		Para mim é como se eu pegasse uma frase e dissesse “vamos brincar com isto, vamos dar a isto um maior volume”. 
		Uma mulher descreve o processo de ir em direção ao seu interior, resultando de uma vontade de alcançar os outros. 
		Anna Marie: Tenho tentado me convencer que é mais fácil para mim me expressar em arte e escrita do que verbalmente. Antoine de Saint-Exupery diz: “A linguagem traz uma fonte de mal entendidos”, e isto para mim faz sentido. Quando eu tenho um conflito, tento esclarecê-lo com palavras. Porém as palavras tem tantos sentidos que nós, meu marido e eu, acabamos discutindo. Para mim a utilização da arte e dos movimentos vai além das palavras. Então você pode compartilhar aquilo que você realmente pensa!... A metáfora sobre a orquestra tem me ocorrido constantemente mostrando-me que cada pessoa é realmente importante com seu próprio instrumento. Pode ser que eu toque a flauta ou a guitarra; eu não posso tocar toda a sinfonia. Nós precisamos estar afinados entre nós, mas nossos instrumentos são uma parte necessária do conjunto. 
		Jared, numa carta que me escrever, descreveu o processo como sendo: 
		“O que nós temos feito com a arte é nivelar a intensidade. Por trás das palavras, nós encontramos maior intensidade. Pintura, barro, dança, teatro, poemas são expressões ainda mais profundas da vida quando nos desinibimos o suficiente para alcançá-las. Parte daquilo que fazemos juntos é ajudar as pessoas a se desinibirem. Então você e eu seremos pessoas profundas o suficiente para responder ao sentimento natural, deixar que ele seja real, e trabalhar com ele. Deixar que ele borbulhe e transborde até que alguém possa ver. Então este é quem eu sou agora, isto é o que sou agora! E ao fazer tal descoberta ele ou ela dão um passo novo em direção a conscientização. E, sendo confirmado neste passo (seja ele para escuridão ou para a luz) a pessoa estará livre para dar outro passo. É um exemplo perfeito da crença de pessoa-centrada, e cliente-centrado que nós compartilhamos. Cada passo revela uma nova faceta e talvez remova um velho entrave. Cada passo é parte do processo de expansão”. 
JUNTANDO AS PEÇAS: EXEMPLO DE WORKSHOPS
		As pessoas perguntaram, “Quais são as sequências de movimento, arte, redução e improvisação que você fala a respeito? Eu também posso ensiná-los?
		O que eu ensino é material que você pode usar em casa, sozinha, com crianças, ou em trabalho com clientes de psicoterapia, grupos de crescimento pessoal, ou qualquer grupo de trabalho que deseje traduzir seu estresse ou aperfeiçoar suas habilidades de comunicação. Estes métodos são aplicáveis a todos os grupos ou indivíduos interessados em desenvolver o hemisfério direito de seus cérebros, seu processo intuitivo e sua criatividade. Nem todos os métodos são apropriados para todos os grupos. É necessário que o líder/professor tenha capacidade para adaptar e criar novas formas para cada grupo. Isto é que se torna divertido. Muitos dos métodos que venho usando me foram passados por professores meus e eu os adaptei para o “Creative Connection”.
		Caso você seja um participante do workshop Creative Connection, (Conexão Criativa) ou programa de treinamento (este último sendo uma versão muito mais extensa do primeiro, com discussão e teoria e aplicação), você irá entrar no ambiente conforme descrevi, explorar um pouco o que está vendo, e então – sentar em um círculo, provavelmente no chão. A sequência do primeiro dia poderá transcorrer assim:
9:00 da manhã sintonização ou fantasia dirigida Eu encaminho o grupo numa jornada dirigida de fantasia que o irá ajudar a se desligar de suas preocupações fora daquele recinto, de modo a estar plenamente presente. 
9:10 da manhã apresentações Eu me represento de qualquer modo bem pessoal e convido os outros a fazerem o mesmo. Caso eu note nervosismo e ansiedade, eu dou a perceber que os compreendo. Então eu declaro os objetivos do workshop.
10:00 vamos nos conhecer verbalmente Talvez você tenha um ou dos exercícios que permitam que as pessoas se dêem a conhecer de um modo não verbal para reduzir as tensões e trazer para o grupo um sentimento de confiança. Talvez uma forma de “conversação com as mãos” onde duas pessoas sentam-se frente a frente e exploram as mãos um do outro, sem palavras.
10:30 visão geral O primeiro dia é essencialmente uma exploração interior. Todas as estruturas para ajudar as pessoas a alcançarem seu interior. O segundo dia dará ênfase ao relacionamento com as outras pessoas, não verbalmente, e o terceiro dia dará ênfase

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