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Aula 01 a 06

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Aula 01 e 02
Prof. Murilo Sechieri
Direito do Consumidor 
Fundamentos Constitucionais 
→ Art. 5°, XXXII, CF
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
→ Art. 170, V
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor;
→ Art. 48, ADCT
Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. 
Código de Defesa do Consumidor Lei 8078/90
1. Características de suas normas
Normas de ordem pública e de interesse social. 
As conseqüências dessas características são: 
Os direitos previstos no CDC são irrenunciáveis, indisponíveis;
O juiz deve aplicá-las de ofício. 
Atenção a SUM 381 STJ: O juiz é proibido de reconhecer de ofício a abusividade de cláusula nos contratos bancários. 
“Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.”
2. Incidência do CDC
Quando caracterizada a relação jurídica de consumo será aplicado o CDC. 
a) Consumidor: 
padrão/contratual/direto art. 2°, caput: toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final
por equiparação:
Art. 2°, §único: é toda a coletividade. 
Art. 17, todas as vítimas do acidente de consumo. 
Art. 29, todas as pessoas que tenham sido expostas as práticas comerciais. 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
 Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
Práticas Comerciais:
Oferta art. 30/35
 Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
 Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
 Parágrafo único.  As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. 
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.
 Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei.
 Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial.
Parágrafo único.  É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008).
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.
 Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
 I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
 III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
Publicidade art. 36/38
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
 § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
  § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
  Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
Práticas abusivas art. 39/40
Cobrança de dívidas art. 42
 Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Bancos de dados e cadastros art. 43 
 Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.
 § 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos.
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
 § 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas.
§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público.
§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.
 § 6o  Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser disponibilizadas emformatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor.            
b) Fornecedor art. 3°, caput
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Atividade: deve pressupor habitualidade, profissionalismo, freqüência.
Exemplo: vender seu veículo é um ato e não uma atividade, por isso não se aplica o cdc e sim o CC. 
Atenção: o Estado é fornecedor em relação aos serviços públicos que sejam remunerados por tarifa (pedágio, energia elétrica, transporte); os serviços públicos gratuitos ou remunerados por taxa não se sujeitam ao CDC (educação, SUS, segurança). 
c) Produto art. 3°, §1°
Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Os produtos podem ser:
Duráveis: não se extinguem pelo simples uso (roupas, carro, celular). 
O prazo de decadência da garantia legal por vícios é de 90 dias. 
Não duráveis: se extinguem ou vão se extinguindo com uso (alimentos, bebidas, caneta, cosméticos). 
O prazo de decadência da garantia legal por vícios é de 30 dias.
d) Serviço art. 3°, §2°
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Observações:
→ Aplica-se o CDC as instituições financeiras, aos planos de saúde, as entidades abertas de previdência privada (não se aplica as entidades fechadas, como funcionários Petrobrás). 
→ Não se aplica o CDC nas relações entre inquilino e locador, nas relações entre clientes e advogados (aplica-se ao restante dos profissionais liberais), nas relações entre condôminos e condomínio, ao FIES (porque o governa não visa obter lucro), nas relações entre associação civil e seus associados (clubes de lazer). 
Política Nacional das Relações de Consumo
1. Objetivos art. 4°, caput 
A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
2. Instrumentos art. 5°
Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:
I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo;
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo;
 V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor.
3. Princípios art. 4°
O principal é a Vulnerabilidade do consumidor.
 I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
 IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
Aspectos da Vulnerabilidade
Vulnerabilidade de fato ou fática: é a que decorre da dependência que o consumidor tem dos fornecedores (remédio, papel, caneta);
Vulnerabilidade técnica: é a que decorre do desconhecimento pelo consumidor dos métodos de produção dos produção ou de prestação de serviços; 
Vulnerabilidade jurídica ou científica: é o desconhecimento pelo consumidor sobre direito, matemática e finanças. 
	Vulnerabilidade
	Hipossuficiência
	1. É tema de direito material;
2. É presumida;
3.Justifica a proteção contratual do consumidor art. 46/54, CDC.
	1. É tema de direito processual;
2. Deve ser demonstrada;
3. Autoriza o juiz a inverter o ônus da prova em favor do consumidor art. 6°, VIII, CDC.
A Hipossuficiência é probatória, ou seja, quando o consumidor não tem meios de provar o que alegou; quando para ele for impossível ou muito difícil ter acesso ao elemento de prova e for mais fácil ao fornecedor provar o contrário art. 373, §1°, CPC. 
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
Proteção contratual do consumidor
Art. 46, Princípio da Transparência 
 Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
Art. 47, Princípio da Interpretação Pró Consumidor 
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
Art. 48, Princípio da Vinculação 
Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam (obrigam) o fornecedor, ensejando inclusive execução específica (forçada), nos termos do art. 84 e parágrafos.
Exemplo: orçamento vale por 10 dias. 
Art. 49, Direito de Arrependimento
O consumidor pode desistir do contrato no prazo de reflexão de 07 dias, desde que a contratação tenha ocorrido fora do estabelecimento comercial. 
Não se admite o arrependimento quando:
O produto for desgastado ou deteriorado pelo consumidor ou;
O produto for personalizado. 
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
 Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
Atenção: em relação a passagem aérea o arrependimento só poderá ser exercido em até 24 horas da compra, desde que hajaantecedência mínima de 7 dias da data do voo. 
Art. 50, Garantia Contratual
Pode ser concedida pelo fornecedor, mas depende de termo escrito; o seu prazo deve ser somado ao da lei
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.
Art. 51, Cláusulas abusivas
São nulas de pleno direito.
A presença de uma cláusula abusiva não invalida o contrato, exceto se a sua retirada acarretar ônus excessivo a uma das partes 
 Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
Art. 52, Contratos de financiamento ou outorga de crédito 
Informações mínimas obrigatórias:
Preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
Montante em juros de mora e taxa efetiva anual de juros;
Número e periodicidade das prestações;
Acréscimos legais a cargo do consumidor;
Valor total com e sem o financiamento. 
A multa máxima por mora ou atraso é de 2% do valor da parcela. 
O consumidor tem direito a liquidação antecipada, com a redução proporcional dos encargos. 
2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.
Art. 53, Contratos de Aquisição de Bens em Prestações ou Alienação Fiduciária em Garantia 
É proibida a cláusula de perdimento ou decaimento, aquela que prevê a perda total das parcelas pagas para a hipótese de inadimplemento do consumidor. 
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.
§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo.
§ 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em moeda corrente nacional.
Art. 54, Contrato de adesão
É aquele redigido pelo fornecedor sem possibilidade de discussão ou modificação pelo consumidor ou aquele que é aprovado pela autoridade competente. 
→ A inserção de cláusula no formulário não altera a natureza de adesão do contrato. 
→ Devem ser redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos, cujo tamanho da fonte não pode ser inferior ao corpo 12.
→ As cláusulas que limitam os direitos do consumidor devem ser redigidas com destaque; só os direitos criados pelo próprio contrato é que podem sofrer limitações; os previstos no CDC não podem. 
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. 
§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato.
 § 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior.
§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.            
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
Art. 6°, V, Direito Básico à:
Modificação de cláusula manifestamente desproporcional ou;
Revisão quando por fato superveniente se tornar excessivamente onerosa. 
Art. 6°, V- a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
Atenção: o CDC não adotou a Teoria da Imprevisão; o que importa é que o fato novo, ainda que previsível tenha causado manifesto desequilíbrio.
Responsabilidade Civil no CDC:
Fundamento genérico art. 6°, VI – direito básico a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais, morais (individuais, coletivos ou difusos) e estéticos. 
→ O mesmo evento pode geral dano moral e estético, portanto, são verbas autônomas. 
Efetiva reparação é a Restitutio Integrum, ou seja, a indenização deve corresponder ao prejuízo e não se admite qualquer tabelamento. 
 VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
Fundamentos específicos:
Responsabilidade pelo FATO do produto ou serviço art. 12 a 17;
Responsabilidade pelo VÍCIO do produto ou serviço art. 18 a 25. 
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO
1.Quando se aplica?
Quando apresentar DEFEITO. 
Defeito para o CDC é uma falha de segurança, que acarreta algum acidente de consumo, com danos ao consumidor. 
Ex.: caneta fabricada com tinta tóxica, celular que explode. 
2. Quem responde?
Depende.
a) Pelo fato do serviço: serviço prestado de modo inseguro. 
→ Todos os prestadores respondem; a responsabilidade solidária. 
b) Pelo fato do produto. 
→ Respondem: fabricante, produtor, construtor e o importador. 
NÃO entra o comerciante (por exemplo: comprar remédio estragado em uma farmácia), pois não poderiam evitar. 
Exceção: 
O comerciante só responde em dois casos:
1) quando o produto for de origem anônima ou desconhecida;
2) quando não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
3. Peculiaridades do CDC:
a) Responsabilidade objetiva, em regra o fornecedor responde independentemente de culpa; basta provar o dano e o nexo causal. 
→ A responsabilidade dos profissionaisliberais é subjetiva, depende de demonstração de culpa. 
b) Responsabilidade Solidária: quando houver mais de um prestador, fabricante ou mais de um causador do dano qualquer um deles pode ser obrigado ao pagamento integral da indenização. 
→ O fornecedor que pagar a indenização fica com direito de regresso contra o efetivo causador do dano, que deverá ser exercido através de ação própria, proibida a denunciação da lide. 
c) Prazo prescricional de 05 anos a contar da ciência do dano e de sua autoria art. 27.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
d) Possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica, para atingir os bens dos sócios para o pagamento da indenização art. 28. 
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
O CDC adotou a teoria menor, pela qual basta um requisito: a insolvência da pessoa jurídica.
Todavia, será exigido o incidente de desconsideração previsto no CPC.
e) Proibição de cláusula de não indenizar.
É aquela pela qual se afasta se limita ou se impossibilita a responsabilidade do fornecedor. 
4. Causas excludentes da responsabilidade do fornecedor, quando ele provar que:
a) Não colocou o produto no mercado (exemplo: produto falsificado);
b) Que o defeito não existe;
c) Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro;
→ Art. 735, CC, no transporte de pessoas a culpa terceiro não exonera o transportador, que fica com o direito de regresso.
Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
d) Caso fortuito ou força maior: que o acidente tenha ocorrido em razão de um evento com três características:
Imprevisto ou imprevisível;
Inevitável;
Externo, ou seja, totalmente estranho aos riscos típicos ou normais da atividade desenvolvida por aquele fornecedor. 
O fortuito interno não rompe o nexo (exemplos: motorista que tem mal súbito, falha mecânica). 
SUM 479 STJ - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
→ Saidinha de banco é fortuito externo.
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO OU SERVIÇO
1. Quando se aplica?
Quando houver falha de quantidade ou qualidade que torne o bem impróprio para o consumo.
VÍCIO é qualquer anomalia que afete a funcionalidade do bem/produto/serviço.
Não é capaz de gerar um acidente, simplesmente não presta.
2. Quem responde?
Todos os fornecedores, inclusive o comerciante de forma objetiva e solidária. 
3. Mecanismo específico de tutela ou de proteção 
Chamado de “direito de reclamação”, ou seja, o direito de exigir que o vício seja sanado ou uma prestação equivalente. 
Fases:
a) Iniciativa do consumidor dentro do prazo de decadência da garantia legal por vícios, que é de 30 (não duráveis) ou 90 dias (duráveis).
→ Quando o vício for aparente ou de fácil constatação o prazo é contado da entrega do produto ou serviço; quando se tratar de vício oculto o prazo será contado do momento em que ele for constatado pelo consumidor.
→ Caso o fornecedor tenha dado garantia contratual, o prazo dela será somado ao prazo da lei. 
 Em regra, o fornecedor terá direito ao prazo de 30 dias para sanar o vício.
Hipóteses em que o consumidor tem direito de exigir que o problema seja resolvido imediatamente:
Quando o vício for insanável;
Quando o produto for considerado essencial. 
Quando o prazo não for aplicável ou quando o vício não for sanado em 30 dias o consumidor poderá escolher entre:
Substituição por outro em perfeito estado;
Abatimento proporcional do preço;
Devolução das quantias pagas atualizadas. 
Em qualquer dos casos o consumidor poderá exigir também perdas e danos.

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