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Direito de Família Aula 01: Direito de Família Conceito: É o ramo do direito civil que trata dos institutos do casamento, união estável, relação de parentesco, filiação, alimentos, bem de família, tutela, curatela e guarda, podendo ser dividido em dois grandes livros: Direito Patrimonial: Seu cerne principal é o patrimônio, sendo suas normas de ordem privadas Arts. 1.639 a 1.722 do Código Civil. Direito Existencial: Tem como base a pessoa humana, são normas de ordem pública / cogentes Arts. 1.511 a 1.638 do Código Civil. Surge com a II Guerra Mundial. A dignidade humana é visualizada como o mínimo de que a pessoa precisa para existir como ser humano. A Constituição Federal também dispensa tratamento à família no Capítulo VII do Título VIII. Princípios: Dignidade da pessoa humana: É fundamento da República, previsto no art. 1º, III da CF. Trata-se de um superprincípio, pois dele derivam vários outros. Dessa forma, as relações familiares terão como objetivo principal a preservação da dignidade de seus integrantes. Da aplicação da Dignidade da pessoa humana surge o direito à busca pela felicidade (possibilitou o reconhecimento concomitante da filiação socioafetiva pelo STF – informativo 840). Solidariedade familiar: A solidariedade social é objetivo da república, conforme art. 3º, I da CF. Corresponde ao ato de se preocupar com o outro, cuidar etc. A solidariedade é um dos fundamentos para o dever de prestar alimentos. Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. Igualdade entre filhos: Conforme determina o art. 227, § 7º da CF: Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. O art. 1.596 do CC possui a mesma redação. Igualdade entre cônjuges / companheiros: Reconhecida em diversos artigos da Constituição: Art. 226, § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. Art. 5º, I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição. Como consequência, a expressão “pátrio poder” foi substituída por poder familiar. Não intervenção / liberdade / intervenção mínima: Não cabe ao Estado estabelecer paradigmas ou conceitos fechados de família, não podendo invadir ou sufocar a seara familiar. O Código civil estabelece que: Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. Contudo, o princípio deve ser analisado com bastante cuidado, uma vez que a própria CF, em seu art. 226, §7º estabelece que: Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Dessa forma é admitido que o Estado intervenha na família, desde que o faça com caráter incentivador / aconselhador através de políticas públicas. Além disso, o princípio deve ser ponderado com outros, como o melhor interesse da criança e do adolescente. Melhor interesse da criança e do adolescente: Previsto no art. 227 da CF c/c arts. 1583 e 1.584 do CC. O ECA traz, ainda, a denomina doutrina da proteção integral da criança e do adolescente em seus arts. 3º e 4º. O STJ reconheceu que o afeto possui valor jurídico – Resp 1.026.981/RJ. Já o STF possui julgado no qual afirma que a afetividade é um princípio do sistema Civil-Constitucional – Informativo 840. Afetividade: Decorre da dignidade humana, tido hoje como o principal princípio do direito de família. Não há previsão legal expressa acerca deste princípio. Sobre a paternidade socioafetiva, ver provimento 63 do CNJ, que dispõe sobre o reconhecimento voluntário e a averbação da paternidade e maternidade socioafetiva no Livro “A” e sobre o registro de nascimento e emissão da respectiva certidão dos filhos havidos por reprodução assistida. Função Social da família: Falava-se que a família é a “celula mater” da sociedade. Isso influenciou o constituinte que afirmou: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Atualmente, tem-se a visão de que a família não é um fim em si mesmo, mas sim, um meio para nossos anseios e pretensões. Dessa forma, a família é um meio social para a busca pela felicidade, conforme ensinamento de Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona. Planejamento familiar: Ao casal, é assegurado o planejamento familiar livre, podendo escolher seu modo de vida, educação dos filhos, religião … Paternidade responsável: Também decorrente da dignidade da pessoa humana. É visto de forma lato sensu, isto é, também engloba a maternidade. Possui previsão no art. 226, §7º da CF. Monogamia: Somente é possível 01 casamento ou união estável. Pluralidade de entidades familiares: Com base nos princípios da afetividade e da dignidade da pessoa humana, não há, hoje, um conceito fechado de família, admitindo-se o surgimento de novas entidades diversas da configuração homem + mulher + filhos. Espécies de família A CF/88 no art. 226 traz um rol com 03 espécies familiares: Clássica ou matrimonial - §§1º e 2º: Formada através do casamento, tendo filhos ou não. União estável - § 3º: Formada através da união estável. Monoparental - §4º: Formado por qualquer dos pais e seus descendentes. Dessa forma, há outras formas familiares, como:Tanto a Doutrina quanto a jurisprudência entendem que o rol do art. 226 não é taxativa, mas sim, numerus apertus, sendo admitidas outras construções familiares. Anaparental: Família sem pais. Ex:. Dois irmãos. Afetiva: Quando a formação toma como base os laços de afeto. Ex: Adoção Homoafetiva: O STF no julgamento da ADPF 132/RJ e ADI 4.277/DF (informativo 625) reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Posteriormente, o CNJ, em maio de 2013, editou a resolução 175, determinando que Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo. Caso Concreto: Dignidade da Pessoa Humana: Trata-se de um superprincípio, pois dele decorrem vários outros. Pode-se afirmar que a dignidade da pessoa humana é um mínimo de condições que determinado indivíduo necessita para viver como ser humano. A temática de filiação (biológica ou socioafetiva) possui ligação direta com a Dignidade Humana. Afetividade: Hodiernamente, a afetividade é um princípio basilar do Direito de Família. Em realidade, analisando-se os novos conceitos de família, tem-se que a questão principal é o afeto. Com base no princípio da Dignidade Humana, é acertado o reconhecimento da paternidade afetiva, eis que dará eficácia jurídica a uma situação de fato. O STJ, inclusive, já se manifestou no sentido de que o afeto possui valor jurídico. Função Social da Família: A família atualmente é vista como um meio para o alcance da felicidade. Não Intervenção ou intervenção mínima: O Estado não pode intervir dentro da instituição familiar, criando conceitos fechados de família. Dessa forma, se determinado grupo familiar amplia o conceito de paternidade, de forma a torná-lo mais abrangente que o vínculo biológico, não pode o Estado se recusar a reconhecer tal vínculo. Melhor Interesse da Criança e do Adolescente: A criança e o adolescente gozam de proteção integral dentro do ordenamento jurídico. Assim, seus interesses devem sempre ser observados. Dessa forma, écorreto afirmar que o reconhecimento da paternidade socioafetiva atente aos interesses da criança, eis que, além de dar eficácia jurídica a uma situação de fato, evita constrangimentos ao menor (que acredita que determinada pessoa é seu pai, mas o mesmo não consta em seus documentos), bem como lhe garante diversos direitos (como herança e pensão alimentícia). OBJETIVA: C
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