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Livro-Texto Unidade I

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Prévia do material em texto

Autores: Prof. Jefferson Peixoto da Silva
 Profa. Renata Viana de Barros Thomé 
Colaboradores: Profa. Silmara Maria Machado
 Prof. Nonato Assis de Miranda
Sociologia e Educação
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Professores conteudistas: Jefferson Peixoto da Silva/ 
Renata Viana de Barros Thomé
Jefferson Peixoto da Silva é mestre em Educação pela Universidade Cidade de São Paulo. Nasceu em Diadema, 
Estado de São Paulo, em 1981. Formou‑se em História na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho na 
cidade de Assis, São Paulo, e em Pedagogia na Universidade Nove de Julho, na capital paulista. Durante nove anos 
lecionou História nas redes pública e privada de ensino de São Paulo, tendo atuado também como diretor e vice‑diretor 
de escola. Atualmente é professor do curso de Pedagogia da Universidade Paulista – UNIP. 
Renata Viana de Barros Thomé é doutora em Educação pela Universidade de São Paulo e mestre em Sociologia 
pela Universidade Estadual de Campinas. Formou‑se em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo (1989) e em Letras pela Universidade de São Paulo (1997). Há anos vem atuando na educação pública de São Paulo 
e atualmente é professora da Universidade Paulista. Tem experiência na área de Sociologia, atuando principalmente 
com o tema Sociologia e Educação. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S582s Silva, Jefferson Peixoto da.
Sociologia e educação. / Jefferson Peixoto da Silva; Renata 
Viana de Barros Thomé. – São Paulo: Editora Sol, 2014. 
116 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, 2‑034/14, ISSN 1517‑9230.
1. Sociologia. 2. Educação. 3. Escola. I.Título.
CDU 316
U502.79 – 19
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi Aiosa
 Luanne Batista
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Sumário
Sociologia e Educação
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 A SOCIOLOGIA QUE TAMBÉM É DA EDUCAÇÃO: CONHECENDO A SOCIOLOGIA ................. 11
2 O CONTEXTO DE SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA ................................................................................ 14
3 QUEM SÃO OS “PAIS FUNDADORES” DA SOCIOLOGIA? .................................................................. 25
3.1 Augusto Comte e o Positivismo ..................................................................................................... 27
3.2 Durkheim e a Ciência Sociológica ................................................................................................. 30
3.3 Karl Marx e a luta contra as injustiças sociais.......................................................................... 36
3.4 Max Weber e a racionalização e burocratização da sociedade ......................................... 42
4 ALTHUSSER, BOURDIEU E A CONSOLIDAÇÃO DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO .................... 53
Unidade II
5 O ESTUDO SOCIOLÓGICO DA ESCOLA ..................................................................................................... 63
6 A IMAGINAÇÃO E OS FUTUROS POSSÍVEIS: TRÊS CENÁRIOS RECORRENTES QUANDO 
SE DISCUTE SOCIEDADE DO FUTURO, GLOBALIZAÇÃO E DIVERSIDADE CULTURAL................. 67
6.1 A visão do caos apocalíptico ........................................................................................................... 68
6.2 A visão da utopia tecnológica ......................................................................................................... 68
6.3 A visão da utopia verde ..................................................................................................................... 69
Unidade III
7 TEMAS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ......................................................................................... 76
7.1 Educação e ciberespaço ..................................................................................................................... 76
7.2 Educação, violência e direitos humanos ..................................................................................... 77
7.3 Indisciplina e novas gerações .......................................................................................................... 78
7.4 Educação, paz e solidariedade ........................................................................................................ 79
7.5 Educação profissional ......................................................................................................................... 80
7.6 Educação ambiental ............................................................................................................................ 80
7.7 Educação e multiculturalidade ....................................................................................................... 82
7.8 Educação e ética ................................................................................................................................... 83
8 AS TEORIAS CLÁSSICAS E AS MATRIZES BÁSICAS DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ........... 84
8.1 A Sociologia da Educação no Brasil .............................................................................................. 90
8.1.1 Contribuição dos teóricos brasileiros e realizações educacionais após a 
redemocratização .............................................................................................................................................. 92
8.2 Globalização e Educação ................................................................................................................... 93
8.3 Pós‑modernidade e Educação ....................................................................................................... 97
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APRESENTAÇÃO
Esta disciplina tem como objetivos apresentar e propor uma revisão do pensamento sociológico, dos 
conceitos e das matrizes básicas da Sociologia aplicadas às questões educacionais, de modo que o aluno 
compreenda as principais características das teorias clássicas dessa área em relação constante com os 
seus conceitos básicos e apreenda a especificidade e as implicações das análises sociológicas aplicadas 
à Educação.
A intenção é iniciar o aluno nas análises sociológicas da realidade social, de modo que ele possa 
diferenciar o pensamento científico sociológico de outras explicações sobre o social, bem como levá‑lo 
a compreender a relação entre a afirmação do modo de produção capitalista e o próprio advento da 
Sociologia como ciência. 
Busca‑se também pensar a sociedade contemporânea, seu caráter global e as projeções que 
influenciam o modelo educacional atual e os projetos futuros. Além disso, espera‑se analisar a realidade 
brasileira a partir da totalidade do seu contexto social e de representantes do pensamento sociológico 
brasileiro, assim como conceituar e problematizar o pós‑moderno, refletindo sobre o que é viver numa 
sociedade assim classificada.
Por isso, propomos começar o nosso estudo construindo um conhecimento introdutório a 
respeito do que é a Sociologia. Isso será feito buscando, primeiro, oferecer uma visão geral acerca 
do cenário que a gerou (isto é, com o contexto histórico de sua criação) e, depois, um contato 
inicial, mas sólido, com o pensamento de alguns dos seus principais autores e teóricos, explorando 
os principais conteúdos e conceitos dessa ciência. Acreditamos que tal percurso será algo não 
apenas proveitoso e saboroso no sentido de representar uma aventura do saber por campos 
pouco explorados na educação básica, mas atenderá também ao propósito de servir como base 
que fundamentará a compreensão das análises da educação e da escola feitas pela Sociologia 
atualmente, cujas discussões básicas serão exploradas na segunda unidade deste trabalho. 
A fim de conhecer mais de perto o início da história da Sociologia, bem como seus principais 
autores e conceitos, o caminho escolhido foi o de trabalhar enfaticamente com o pensamento dos 
chamados “pais fundadores” dessa ciência, pois o pensamento deles não apenas a fundou como 
também lançou as bases que lhe servem até hoje como eixo estruturante. É possível ver sempre 
um pouquinho de cada um deles ou pelo menos de algum deles nas análises sociológicas feitas na 
atualidade, e esta é a principal razão da escolha. 
Depois de estabelecido esse contato com as bases do pensamento sociológico – por meio dos “pais” 
da Sociologia e do contexto histórico que lhe gerou – prosseguiremos em direção à compreensão 
e reflexão a respeito das questões educacionais fundamentais ao nosso tempo, analisadas com o 
olhar e as ferramentas da Sociologia. Para tanto, buscaremos contextualizar o pensamento sociológico 
aplicado à Educação na contemporaneidade, isto é, procuraremos enfocar o que a Sociologia propõe 
atualmente de mais significativo e singular para o estudo da Educação, ocasião que será precedida pela 
apresentação das inquietantes teses defendidas pelos franceses Louis Althusser e Pierre Bourdieu, que 
tomam como base o conceito de reprodução.
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Por fim, entraremos em contato direto com uma abordagem tipicamente contemporânea da Sociologia 
aplicada à Educação, que tem se caracterizado pela análise de temas e problemas tipicamente ligados 
à Educação e à vida em sociedade nestes tempos chamados por alguns sociólogos de pós‑modernos, 
expressão que denuncia o fato de que muitas mudanças aconteceram e muitas outras estão por 
acontecer não só na sociedade, mas também na realidade educacional.
INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
bem‑vindo ao estudo da disciplina Sociologia e Educação. Como você perceberá nas páginas que se 
seguem, ela se propõe a fazer uma análise dos temas, conceitos e problemas educacionais se servindo 
da abordagem sociológica, isto é, tomando como referências os pressupostos, as teorias, os conceitos e 
as análises consolidadas pela Sociologia. Por isso, não podemos perder de vista que a presente matéria 
tem como ciência mãe e principal referencial teórico a Sociologia, mas não se resume ao seu estudo, e 
sim ao estudo da Educação e da escola pelo viés sociológico. 
Desse modo, será necessário em um primeiro momento trilharmos um caminho que nos levará 
em direção ao conhecimento da nossa ciência de referência, que como já foi dito é a Sociologia. Você 
está prestes a entrar em contato com uma disciplina científica relativamente nova, mas que tem um 
jeito todo especial de olhar para a sociedade. É por esse motivo que ela alcançou o status de ciência: 
por ter consagrado um objeto de estudo próprio e ter desenvolvido um campo teórico‑conceitual e 
procedimentos metodológicos de base científica propriamente seus, o que a torna singular em relação 
às outras ciências que estudam a sociedade ou elementos ligados a ela, como a História, a Geografia 
(Humana), a Ciência Política, a Economia, a Antropologia etc. 
É natural que o conhecimento e o domínio da Sociologia não seja algo muito próximo das 
pessoas em nossa sociedade. A disciplina é pouco estudada na educação básica, pois não há a 
obrigatoriedade de sua inclusão na grade curricular do Ensino Fundamental, e só muito recentemente 
foi regulamentada como obrigatória para o Ensino Médio. Isso aconteceu com a Resolução nº 4 
da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CEB/CNE), em 16 de agosto de 
2006, e, mesmo assim, não garantiu que o seu ensino fosse, de fato, amplamente assumido por 
todos os sistemas de ensino.
Em outras palavras, conhecer primeiro a história e os fundamentos da Sociologia permitirá a 
você compreender com mais facilidade e clareza a sociedade, a educação e a escola, assim como seus 
problemas e preocupações fundamentais, pela perspectiva da Sociologia. 
Ao estudar Sociologia e Educação você deverá, então, estar apto a olhar para as principais questões 
sociais e educacionais com o olhar da Sociologia, o que é uma experiência fascinante, mas também 
inquietante. Você já parou para pensar, por exemplo, por que você usa um determinado tipo de roupa, 
e não outra? Será mesmo só porque você a escolheu? A sua escolha foi plenamente livre ou, para 
fazê‑la, teve que seguir alguns critérios, como pensar em quais ambientes a usaria e se as cores são 
mais ou menos atrativas e formais? As roupas que usa eram as mesmas usadas há 50 ou 60 anos atrás? 
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Você poderia, por exemplo, se dizer livre a ponto de mandar confeccionar roupas que eram usadas há 
muito tempo atrás e adotá‑las em seu visual? Geralmente as pessoas respondem não a essa pergunta, 
e justificam‑se dizendo que todos ficariam olhando para elas, censurando, reprovando, ridicularizando 
e etc. Não aconteceria o mesmo se você entrasse em uma repartição pública para trabalhar trajando 
uma roupa de praia? Sim, certamente. Você se sentiria reprovado publicamente, não acha? E o que 
dizer daquilo quefalamos e pensamos? Nosso modo de falar e pensar são os mesmos dos nossos avôs e 
bisavôs? Se quiséssemos voltar a utilizar as mesmas expressões da época deles, como seria? Voltaríamos 
a ser censurados, concordam? Isso mostra quanto levamos o outro em conta antes de agir. Contudo, 
por que isso acontece? Afinal, somos nós que fazemos a sociedade ou é ela que nos faz? Perguntas 
complicadas, não? No entanto, a Sociologia propõe respostas interessantes para confrontá‑las, e vocês 
terão a possibilidade de pensar nessas questões ao longo das páginas que se seguem.
Torna‑se mais do que atual a necessidade de aprofundarmos os nossos conhecimentos e nos 
municiarmos de todos os elementos disponíveis para percebermos as transformações que estão 
acontecendo ao nosso redor, além, é claro, de sermos capazes de perceber o porquê, a despeito delas, 
de algumas coisas parecerem continuar sempre do mesmo jeito. Haveria “forças ocultas” lutando para 
garantir que algumas coisas, como a violência, a exclusão, a pobreza, a fome, as injustiças, a baixa 
qualidade educacional e outras calamidades sociais continuem existindo? Vamos buscar, portanto, na 
Sociologia respostas e fundamentos para essas e tantas outras questões que tão de perto afligem as 
sociedades humanas e seus sistemas de ensino.
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SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO
1 A SOCIOLOGIA QUE TAMBÉM É DA EDUCAÇÃO: CONHECENDO A 
SOCIOLOGIA 
A Sociologia é uma disciplina científica que se ocupa em estudar, compreender e explicar os 
fenômenos e os fatos sociais. É definida pela Grande Enciclopédia Larousse Cultural (1995) como “o 
estudo sistemático da organização das sociedades humanas e dos fatos sociais a elas ligados”.
 Observação
Em outras palavras, a Sociologia é uma ciência que busca explicar a vida 
social, ou seja, que visa a compreender os fatos e os fenômenos típicos da 
vida coletiva ou em sociedade.
Você já deve ter percebido que a Sociologia pressupõe a existência de mecanismos que são próprios 
dos agrupamentos sociais, os quais se manifestam justamente em termos coletivos ou de grupo. Sendo 
assim, fica fácil perceber que a preocupação dessa ciência não é com os fenômenos individuais, mas, 
sim, com os coletivos, como se estivesse nos dizendo que há leis e regras que partem do geral (coletivo) 
para o específico (individual), ou seja, que há na sociedade uma espécie de força (não no sentido 
sobrenatural) que impele as pessoas a se comportarem, agirem e pensarem de determinadas maneiras. 
Em outras palavras, ela estaria dizendo que é a sociedade, com base em suas leis, que determina o agir 
e o pensar das pessoas.
Talvez você esteja se remoendo e dizendo: “não é bem assim, não é a sociedade que me diz o que eu 
devo fazer, isso é uma escolha minha!” Vamos usar então uma situação hipotética para pensar a respeito 
disso. Imagine que você vá visitar alguém que não via há muito tempo e com quem havia perdido o 
contato. Ao chegar, percebe que está acontecendo uma festa e, instado por seu amigo, resolve entrar. 
Ao fazê‑lo, no entanto, nota que todos estão usando traje social e você está usando um traje esportivo. 
De repente, começa a perceber que todos o estão olhando e fazendo comentários maldosos. O que isso 
significa? Significa que você não está se comportando de acordo com as regras, não é? E o que faria, 
acusaria todos de preconceito? Não, muito provavelmente você se sentiria mal, perceberia não estar 
agindo de acordo com as regras sociais, diria ao seu amigo que voltaria em outra ocasião e bateria em 
retirada. O sentimento que provavelmente o moveria a sair daquele ambiente seria a ideia de que não 
estaria trajado adequadamente. 
Por outro lado, se você tivesse sido convidado com antecedência, provavelmente colocaria uma roupa 
que considerasse como bem elegante, talvez a melhor que você tivesse, porque alguma coisa lhe diria 
que ocasiões como aquela exigem uma roupa especial, diferente daquelas usadas no dia a dia. Observe 
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Unidade I
então a força da ocasião festa agindo sobre você. Em uma festa você pode até escolher entre uma e outra 
roupa, mas não pode fazê‑lo apenas de acordo com o seu gosto, tem que escolher uma dentre aquelas 
consideradas “roupa de festa”. Há, portanto, uma coerção – que é social – em ação sobre você.
Se quiser continuar tentando provar que é você quem faz suas próprias escolhas, poderia dizer 
que não vai mais falar português e que não vai mais usar, aqui no Brasil, a moeda brasileira. O que 
aconteceria então? Certamente você passaria por um processo de isolamento e privação. Veja, portanto, 
que grande parte de nossas escolhas não são simplesmente nossas. Há diversas ocasiões em que somos 
coagidos a aceitar o que a sociedade nos impõe. Você não pode simplesmente escolher qual língua 
vai falar ou qual moeda vai usar, é coagido a fazer isso de acordo com os usos e os costumes de seu 
contexto de nascimento e vivência. 
Para a Sociologia, especialmente para um de seus grandes mentores, o francês Émile Durkheim 
(1858‑1917), há na sociedade modos de pensar, agir e sentir que são exteriores ao indivíduo e que 
exercem sobre ele um poder coercitivo. Durkheim chama‑os de “fatos sociais”, e para ele o estudo da 
Sociologia seria justamente o estudo desses fatos. Para exemplificá‑los e relacioná‑los ao que estávamos 
discutindo anteriormente, vejamos o que nos diz Oliveira (1991, p. 10):
Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria 
numa situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe 
daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta 
para pôr uma roupa adequada. 
Existe um modo de vestir que é comum, que todos seguem. Isso não é 
estabelecido pelo indivíduo. Quando ele entrou no grupo já existia e quando 
ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer 
não, vê‑se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma 
punição. O modo de vestir é um fato social. 
 Saiba mais
Leia a obra As regras do método sociológico, na qual Durkheim define 
o que ele entende por fatos sociais com grande riqueza de detalhes e 
exemplos ligados à vida prática. Pode ser encontrada em versões do tipo 
“livro de bolso” ou obtida gratuitamente na internet. 
De fato, foi a percepção de que a sociedade impõe às pessoas um determinado modo de pensar e 
agir que moveu os primeiros sociólogos a buscarem compreender a dinâmica de funcionamento daquilo 
que eles chamavam inicialmente de “leis” sociais e que Durkheim chamou mais tarde de “fatos sociais”. 
Eles achavam que, assim como a natureza opera por meio de determinadas leis, a sociedade também 
possuiria as suas leis, as leis sociais. É claro que tudo isso ocorreu dentro de um determinado contexto 
histórico – contexto esse que será apresentado mais adiante. O que nos interessa nesse momento 
introdutório é compreendermos o que é a Sociologia e qual a sua relação com a Educação.
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SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO
Se, de acordo com o exposto, a Sociologia defendia, em seus primórdios,que a sociedade opera 
com base em algumas leis que determinam os modos de pensar e agir das pessoas ou pelo menos ela 
tem o poder de influenciar o comportamento delas (conforme a Sociologia contemporânea continua 
defendendo), fica evidente o motivo por que a educação ocupa grande parte da preocupação e da 
abordagem sociológica, uma vez que é um espaço privilegiado para que as pessoas absorvam os valores 
de sua sociedade e aprendam a se orientar e se comportar com base neles. 
Assim como a família, a Igreja, o Estado e demais espaços institucionalizados que pressupõem 
o agrupamento, a inter‑relação e, portanto, a transmissão dos valores socialmente adquiridos e 
compartilhados entre as pessoas, a escola e a Educação também foram e são amplamente pensadas e 
analisadas sob o olhar da Sociologia. 
 Observação
Falar em estudar Sociologia e Educação significa assumir que vamos 
tentar adentrar no mundo da Educação buscando compreendê‑lo sob a 
ótica da Sociologia.
Nesse sentido, Rodrigues (2007, p. 9) afirma que:
Olhar a Educação do ponto de vista da Sociologia é compreender que se a 
Pedagogia é o fundamento das práticas educacionais, as crenças, os valores 
e as normas sociais são os fundamentos da Pedagogia.
É fundamental então, que você perceba que a Sociologia é uma disciplina preocupada em 
compreender os fenômenos sociais, e não os fenômenos educacionais propriamente ditos. No entanto, 
a análise da Educação como elemento determinante na transmissão dos valores e normas sociais 
que os estudiosos da Sociologia vêm fazendo desde sua consolidação como disciplina científica nos 
abona a falar que há relações intrínsecas entre esta e a Educação, demonstrando não apenas a sua 
importância para os estudos contemporâneos em Educação, mas a própria relação de interdependência 
que há entre elas.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a Sociologia e sobre o que o sociólogo faz, visite 
os sites da Federação Nacional dos Sociólogos: <http://www.fns‑brasil.
org/site/index.asp>, da Sociedade Brasileira de Sociologia: <http://
www.sbsociologia.com.br/portal/index.php>, da Associação Nacional de 
Pós‑Graduação e Pesquisas em Ciências Sociais <http://www.anpocs.org.
br/portal/content/view/47/66> e também o do Sindicato dos Sociólogos do 
Estado de São Paulo <http://www.sociologos.org.br/>.
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Unidade I
Trata‑se, é verdade, de aplicar os conhecimentos e os métodos sociológicos na interpretação dos 
fenômenos educacionais, mas essa aplicação não é feita apenas pelos estudiosos contemporâneos da 
Educação. Como já mencionado, os próprios “pais fundadores” da Sociologia como disciplina científica o 
fizeram, em menor ou maior grau, bem como os sociólogos da atualidade continuam a fazer, aumentando 
cada vez mais os laços entre a Sociologia e a Educação (como campo de estudos) e demonstrando que 
a Sociologia é também uma ciência da Educação ao se preocupar significativamente com esta.
Agora que já pudemos entender um pouco melhor o que é a Sociologia, bem como perceber qual 
é a relação entre a Sociologia e a Educação, vamos conhecer um pouco do contexto que deu origem a 
essa inquietante ciência social.
2 O CONTEXTO DE SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
Já que estamos falando em Sociologia como estudo da sociedade e dos fenômenos sociais, é preciso 
pensarmos a própria Sociologia em termos sociológicos. Desse modo, torna‑se importante dizernos 
que, apesar do significativo papel que alguns personagens tiveram na constituição da Sociologia como 
disciplina científica, não podemos ser simplistas a ponto de entendê‑la apenas como obra de um ou 
outro pensador social, isoladamente. 
Além de buscarmos considerar as diversas contribuições pessoais (dos pensadores do social) 
que se relacionaram nesse processo, temos que ponderar também o peso do próprio ambiente 
social e cultural que vigorava quando a Sociologia surgiu. Sim, isso mesmo. Temos que considerar 
a Sociologia como um fruto do seu tempo, como resultado de condições históricas e sociais que 
concorreram para o seu surgimento, e não apenas como uma obra de algumas personalidades. É 
como se a dinâmica social daquela época tivesse criado um ambiente de ideias e de bases materiais 
(ou históricas) que tivesse gerado a necessidade não apenas de se buscar uma compreensão mais 
apurada da vida em sociedade, como também lhe preparado todas as condições necessárias. Essa 
perspectiva é, aliás, uma das tendências do estudo da História da Ciência e uma abordagem também 
bastante presente na Antropologia: a de ver os grandes nomes da história – os da História da Ciência, 
por exemplo – não como heróis que estiveram à frente do seu tempo, mas como pessoas sensíveis 
e inteligentes que souberam se servir de determinados saberes acumulados pela humanidade e 
disponíveis a eles, de modo a agrupá‑los, racionalizá‑los e, com base neles, chegar às ideias e 
criações que os eternizaram. Assim, sua genialidade não estaria em termos de uma capacidade 
quase sobrenatural de se antever o futuro, mas na sensibilidade e inteligência de interpretar os 
dados que o presente lhes colocou à disposição.
 Saiba mais
A respeito do modo como a ciência atualmente lida com a interpretação 
do conceito de genialidade atribuída aos grandes físicos, cientistas e 
inventores, há um livro de Pierre Thuillier bastante recomendável, referência 
na área da História da Ciência, intitulado De Arquimedes a Einstein: a face 
oculta da invenção científica. 
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O termo gênio é geralmente interpretado sob um enfoque de mistificação e glorificação, como 
se ele não se referisse a um ser humano comum, mas, sim, um “ser superior”, um ser quase mágico, 
acima dos outros. Apesar da necessidade humana de “viver de símbolos”, como defende Alves 
(2003), é preciso tomar cuidado com essa abordagem, pois não podemos desconsiderar o fato 
de que os heróis são, geralmente, seres fabricados com a intenção de cumprir uma função de 
dominação. 
A concepção de gênio como pessoas quase sobrenaturais é um mito, criado talvez até para 
provocar espanto, admiração e, consequentemente, subordinação, uma vez que pode produzir nas 
pessoas uma sensação de inferioridade, de incapacidade de acompanhar o brilhantismo de certos 
“heróis”. Sendo assim, pode levá‑las a se conformar com a subordinação e com a ordem das coisas, 
como se depois de conhecer certas histórias elas dissessem: eu nunca vou conseguir ser como este 
ou aquele personagem, por isso, deixe eu me colocar em meu lugar. E “esse lugar” é quase sempre 
de inferioridade e subordinação.
 Saiba mais
Conheça a obra A invenção das tradições, na qual Eric Hobsbawm e 
Terence Ranger, discutem como algumas ideias e eventos históricos tidos 
como verdadeiros, são, na verdade, construções recentes carregadas 
da intencionalidade de extrair obediência e ordem por parte de quem 
as forjou. A discussão dessa mesma questão, por uma perspectiva 
totalmente voltada à realidade brasileira, pode ser encontrada no livro 
A formação das almas: o imaginário da República no Brasil, de José 
Murilo de Carvalho. 
Voltemos à questão de como os personagens tidos como gênios exercitam sua “genialidade”, 
se é que ela existe ou, pelo menos, vejamos no que consiste essa genialidade. Podemos explorar 
como exemplo o caso do brasileiro Alberto Santos Dumont e dos norte‑americanosconhecidos 
como irmãos Wright, que, em ambientes bastante distantes e isolados uns dos outros, chegaram 
praticamente juntos a um mesmo resultado: inventaram uma máquina de voar, ou o avião. 
Há, é verdade, uma longa discussão em torno de quem teria inventado o avião, o que é talvez 
uma briga muito mais política do que histórica, uma luta por reconhecimento do status de “o 
primeiro a inventar”. No imaginário popular, isso garante status, e o que está ligado a poder 
e dominação, para além das questões meramente patrióticas. O patriotismo, aliás, é também 
uma questão de poder, pois foi também em torno dele que, historicamente, os governos 
conseguiram conquistar uma coesão entre seus subordinados, isto é, criaram algo que unisse 
as pessoas sob sua jurisdição. 
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Figura 1 – Santos Dumont
Na questão da luta pela primazia da criação do avião, as opiniões se dividem. Há pessoas que 
advogam as causas de ambos (Santos Dumont e os irmãos Wright), mas não é esse conflito que nos 
interessa aqui. O fato marcante é que, separados pela geografia, Santos Dumont e os irmãos Wright 
criaram, praticamente ao mesmo tempo, o avião, sem estarem trabalhando juntos ou terem tido contato 
uns com os outros. Como isso foi possível? 
Figura 2 – A primeira máquina voadora, o Flyer dos irmãos Wright. Voava, mas não decolava sozinha
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Foi possível porque ambos se serviram dos conhecimentos acumulados histórica e socialmente e 
conseguiram relacioná‑los mais ou menos da mesma forma, a ponto de se servirem deles para que 
pudessem chegar à construção de um novo elemento, o avião.
 Saiba mais
Leia a obra Cultura: um conceito antropológico. Nela, ao discutir e 
tentar definir o que é cultura, Roque de Barros Laraia faz uma interessante 
abordagem sobre como homens em lugares tão longínquos e sem qualquer 
contato entre si produzem elementos tão parecidos, demonstrando que a 
cultura humana é cumulativa e dialógica. 
Do mesmo modo, a Sociologia teve os seus chamados “pais fundadores”, que a criaram com seu 
trabalho, suas reflexões e análises aprofundadas – como veremos mais adiante –, mas não podemos 
deixar de considerar também que ela é fruto do seu tempo, isto é, um contexto político, social, econômico 
e intelectual propiciou e contribuiu decisivamente para o seu surgimento.
Já é possível desvelar esse cenário, que conta em suas bases, com questões basicamente de duas 
ordens. De um lado, podemos dizer que o contexto que criou as condições e as bases para o surgimento 
da Sociologia foi marcado por questões sócio‑históricas, trazendo em sua composição, evidentemente, 
elementos políticos e econômicos, ou seja, a primeira base é de ordem material, pois envolve o modo 
de vida, de produção e de organização da sociedade em um determinado momento histórico. Por outro 
lado, a segunda base para compreensão do contexto que originou o surgimento da Sociologia como 
disciplina científica é da ordem das ideias, ou seja, envolve a proposição e a defesa de determinadas 
ideias. Assim, temos uma base que é material (um determinado modo de organização em sociedade) 
e outra que é ideológica (a proposição e defesa de ideias), mas ambas as esferas se relacionam e se 
influenciam mutuamente.
O cenário material que deu origem à Sociologia foi marcado pelas consequências de duas revoluções, 
a Industrial e a Francesa. Considerando as questões referentes à Revolução Industrial, Martins (2006) 
afirma que:
A revolução industrial significou algo mais do que a introdução da 
máquina a vapor e dos sucessivos aperfeiçoamentos dos métodos 
produtivos. Ela representou o triunfo da indústria capitalista. [...] Cada 
avanço com relação à consolidação da sociedade capitalista representava 
a desintegração, o solapamento de costumes e instituições até então 
existentes e a introdução de novas formas de organizar a vida social 
(MARTINS, 2006, pp. 11‑12).
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 Saiba mais
Assista ao filme Tempos modernos, de Charles Chaplin. A obra faz uma 
brilhante apresentação e críticas às mudanças impostas à sociedade e à 
vida das pessoas por ocasião da industrialização. 
A Revolução Industrial colocou em marcha um processo de transformações sociais que 
descaracterizaram completamente os modos de ser daquela época. A sociedade capitalista foi 
construída sobre os escombros e sobre os resquícios da sociedade feudal, que era relativamente estática 
e com relações sociais bem simples, no sentido de que eram muito previsíveis e facilmente explicáveis. 
A sociedade feudal era divida em três segmentos: o clero (que era o grupo de religiosos ligados à 
Igreja Católica, instituição dominante do pensar daquela forma de organização da sociedade), os nobres 
(grupo formado pelos grandes proprietários de terra e com títulos de nobreza passados de pai para filho, 
de geração a geração) e os camponeses (grande maioria da população, os pobres e trabalhadores). Havia 
nesse período um discurso de organização da sociedade, construído pelos nobres e pela Igreja, que dava 
grande estabilidade à vida social. Fundamentado na religiosidade, afirmava que Deus havia estabelecido 
para cada um o seu lugar na sociedade, para uns estava destinado rezar por todos (o clero), para outros, 
guerrear (os nobres) e para outros, trabalhar (os camponeses). 
Perceba então que havia uma relativa paz social na sociedade feudal, pois o clima de ordem 
divina e natural criava uma esfera de normalidade. “É natural que tudo seja assim, porque foi assim 
que Deus quis”, esse era o discurso que sustentava a ordem na sociedade feudal. Mesmo com o 
avanço do comércio e o surgimento de diversos artesãos e profissionais liberais no fim da Idade 
Média, a religião continuava a ser o elemento que cimentava as relações sociais e criava uma 
situação de ordem social. 
Com a Revolução Industrial, no entanto, a relativa previsibilidade, estabilidade e simplicidade das 
relações sociais entrou em declínio, desmoronando. Em pouco tempo, diversas pessoas que moravam 
no campo viram‑se obrigadas a rumar para as cidades em busca de emprego nas indústrias. Conforme 
argumenta Martins (2006, p. 16), cidades como Manchester, que no início do século XIX era habitada 
por setenta mil habitantes, cinquenta anos depois possuía trezentas mil pessoas. Imaginem o impacto 
disso sobre as condições de moradia, serviços sanitários, de saúde e demais serviços básicos. As cidades 
industriais cresceram em uma proporção assombrosa, mas sem que dispusessem de uma estrutura capaz 
de comportar tal crescimento.
Os efeitos sociais da rápida industrialização e urbanização, consequência do vertiginoso crescimento 
que as cidades industriais sofreram, eram duramente vivenciados pelas pessoas daquela época. Houve 
um aumento assustador da prostituição, do suicídio, do alcoolismo, do infanticídio, da criminalidade e 
da violência em geral, bem como de surtos de epidemias, como tifo e cólera, que vez ou outra dizimavam 
populações. Além disso, a miséria constituía o cartão‑postal daquelas cidades industrializadas.Era, sem 
dúvida, uma situação terrível. 
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Percebe‑se, então, como que de uma sociedade relativamente simples, a feudal, chegamos a uma 
outra muito mais complexa.
A Sociologia constitui em certa medida uma resposta intelectual às novas 
situações colocadas pela Revolução Industrial. [...] Não é por mero acaso que 
a Sociologia, enquanto instrumento de análise, inexistia nas relativamente 
estáveis sociedades pré‑capitalistas, uma vez que o ritmo e o nível das 
mudanças que aí se verificavam não chegavam a colocar a sociedade como 
“um problema” a ser investigado (MARTINS, 2006, p. 16).
 Saiba mais
Assista aos filmes Oliver Twist, de 2005, dirigido por Roman Polanski, 
e O germinal, de 1993, dirigido por Claude Berri, que nos trazem uma boa 
imagem a respeito das trágicas condições socioeconômicas vivenciadas 
pelas pessoas das classes pobres nas grandes cidades industrializadas da 
Europa ao final do século XIX. 
A essa altura você já deve ter percebido como e por que a industrialização foi decisiva para o 
surgimento da Sociologia. A sociedade havia se tornado demasiadamente complexa, desestruturada, 
desorganizada e marcada por situações radicalmente novas, materializadas pelo capitalismo. Sendo 
assim, o momento exigia que essa mesma sociedade fosse explicada, compreendida e ajustada. Essa foi 
exatamente a proposta inicial da Sociologia:
A tarefa a que esses pensadores se propõem é a de racionalizar a nova 
ordem, encontrando soluções para o estado de “desorganização” então 
existente. Mas para restabelecer a “ordem e a paz”, pois é a esta missão que 
esses pensadores se entregam, para encontrar um estado de equilíbrio na 
nova sociedade, seria necessário, segundo eles, conhecer as leis que regem 
os fatos sociais, instituindo, portanto, uma ciência da sociedade (MARTINS, 
2006, p. 27).
Vimos que a Revolução Industrial foi determinante para a criação de uma realidade social que exigia 
ser analisada e explicada, levando, assim, ao surgimento da Sociologia. Contudo, a industrialização foi só 
um dos lados do processo que, ao dar todas as possibilidades para o desenvolvimento e a consolidação 
do capitalismo, gerou uma sociedade totalmente nova e profundamente mais complexa. A Revolução 
Francesa pode ser considerada – em termos materiais, no sentido de realizações humanas – o outro lado 
desse processo. 
Tendo seu início em 1789, a Revolução Francesa significou o fim – em termos, culturais e políticos, 
sobretudo – do chamado Antigo Regime, um sistema político‑cultural marcado, entre outros, pelo 
absolutismo monárquico, pela ideia de origem divina dos reis (explicação religiosa) e pela dominação do 
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clero e da nobreza sobre os camponeses. Isso não significa que os camponeses, como representantes aqui 
dos pobres e trabalhadores, conseguiram, por meio da Revolução Francesa, se libertar de uma condição de 
subjugação social. Eles foram participantes da Revolução na França, mas uma vez conquistada a vitória 
em uma revolução que fora liderada pela burguesia, essa mesma burguesia se tornou a nova classe a 
subjugar os trabalhadores, enquanto que as relações sociais capitalistas encontraram nessa revolução 
burguesa o espaço definitivo para se consolidarem e criarem as novas condições da organização social. 
Figura 3 – Imagem representando a queda da Bastilha, antiga prisão política francesa. 
Sua destruição passou a ser símbolo da Revolução Francesa
Fica evidente que o Antigo Regime conservava, em si, as tradições feudais e medievais e que, 
uma vez destruído esse regime, o caminho estava aberto para que o capitalismo se estabelecesse em 
termos políticos, sociais e econômicos, trazendo, portanto, uma nova configuração social e cultural. Foi 
precisamente isso que a Revolução Francesa significou: o desmonte de uma sociedade mais simples e 
relativamente organizada. Em seu lugar surgiu outro tipo de sociedade, a sociedade capitalista, muito 
mais complexa e marcada por problemas, divergências e contradições profundamente maiores. 
 Saiba mais
Os sites a seguir apresentam duas definições bem didáticas e 
complementares para o termo Antigo Regime:
<www.suapesquisa.com/pesquisa/antigo_regime.htm>.
< h t t p : / / w w w . a l g o s o b r e . c o m . b r / h i s t o r i a /
iluminismo‑a‑critica‑ao‑antigo‑regime.html>.
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O triunfo da burguesia na Revolução Francesa não representou apenas a vitória dessa classe, 
representou também o triunfo do próprio capitalismo. Por meio dessa conquista, os burgueses visavam 
a garantir a liberdade (expressa sob a defesa ideológica do liberalismo econômico) para desempenharem 
suas atividades livremente, sem a intromissão e condução do Estado Absolutista que lhes colocava 
limites. Tudo o que a burguesia fez depois de conquistar o poder na França foi tentar manter esse poder, 
por um lado, e garantir as condições materiais para aumentar sua captação de riquezas, por outro. 
Figura 4 – A liberdade guiando o povo, quadro de Delacroix que se tornou também símbolo da 
Revolução Francesa, cujo lema era “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”
Assim como a Revolução Industrial iniciada na Inglaterra gerou conflitos e situações totalmente 
novas na realidade daquele país e, posteriormente, em todos os outros lugares nos quais se instalou, a 
Revolução Francesa, ao desestabilizar e fazer desmoronar as ordens política, social e cultural dominantes, 
também contribuiu para aumentar o clima de desordem social que já vinha se estabelecendo na França. 
Os efeitos da Revolução Industrial inglesa já se faziam sentir por lá e, assim como aqueles da Revolução 
Francesa, se expandiram também para a Inglaterra e para outras nações – mais precisamente naquelas 
do mundo ocidental.
A sensação de desordem na França após a Revolução Francesa foi tão grande como a ocorrida na 
Inglaterra na ocasião de sua revolução. Martins (2006) nos lembra que, transcorridos quase setenta anos 
do triunfo da Revolução Francesa, Alexis de Tocqueville, importante pensador francês que vivenciou de 
perto os desdobramentos da Revolução, escreveu o seguinte como forma de evidenciar o cenário de 
desestabilização provocado por ela:
A Revolução segue seu curso: à medida que vai aparecendo a cabeça do 
monstro, descobre‑se que, após ter destruído as instituições políticas, 
ela suprime as instituições civis e muda, em seguida, as leis, os usos, os 
costumes e até a língua; após ter arruinado a estrutura do governo, mexe 
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nos fundamentos da sociedade e parece querer agredir até a Deus; quando 
esta mesma Revolução expande‑se rapidamente por toda parte com 
procedimentos desconhecidos, novas táticas, máximas mortíferas, poder 
espantoso que derruba asbarreiras dos impérios, quebra coroas, esmaga 
povos e – coisa estranha – chega ao mesmo tempo a ganhá‑los para a sua 
causa; à medida que todas estas coisas explodem, o ponto de vista muda 
(TOUCHEVILLE apud MARTINS, 2006, p. 26).
Até aqui, percebemos um Tocqueville assustado com tamanha complexidade instalada pela 
Revolução Francesa, e ele prossegue explicitando que via tal realidade como uma situação de completa 
desordem.
O que à primeira vista parecia aos príncipes da Europa e aos estadistas um 
acidente comum na vida dos povos, tornou‑se um fato novo, tão contrário 
a tudo que aconteceu antes no mundo e, no entanto, tão geral, tão 
monstruoso, tão incompreensível que, ao apercebê‑lo, o espírito fica como 
que perdido (TOUCHEVILLE apud MARTINS, 2006, p. 26).
A descrição de Tocqueville é muito significativa por clarificar a tese de que a desestabilização, a desordem 
e a profunda complexidade que marcaram a sociedade capitalista, materializada pelas Revoluções Industrial 
e Francesa, foram as responsáveis pela criação do cenário que resultou na constituição da Sociologia 
como disciplina científica e campo do conhecimento. Uma sociedade radicalmente nova, marcada por 
problemas profundamente novos e por realidades cada vez mais contraditórias, difusas, dramáticas e em 
plena expansão, exigia, evidentemente, explicação e ordem. Essa foi justamente a proposta da Sociologia 
quando de sua constituição como ciência, conforme já mencionado. 
Todavia, se as Revoluções Industrial e Francesa produziram profundas transformações sociais 
e estabeleceram as bases materiais para o contexto de surgimento da Sociologia, precisamos 
reconhecer que tais revoluções e seus efeitos foram acompanhados – ou talvez até mesmo 
gerados – por um outro movimento, não de ordem material, mas de base mental e intelectual, 
o Iluminismo. No entanto, este possui fortes laços com uma série de mudanças nas formas de 
pensar que já vinham se processando na Europa desde os séculos XI e XII, que podemos chamar de 
pensamento moderno, o qual precisamos primeiro e melhor conhecermos para depois adentrarmos 
no pensamento iluminista.
As revoluções que desestabilizaram o sistema feudal e abriram caminho para o estabelecimento do 
capitalismo sofreram, ambas, forte influência de um padrão específico de pensamento, conhecido como 
pensamento moderno, característico de uma era conhecida como modernidade. O que defendemos é 
que transformações econômicas, políticas e sociais implementadas por ocasião das Revoluções Industrial 
e Francesa tiveram também uma outra face, a das transformações no modo de pensar.
O pensamento moderno começa a se constituir já no fim da Idade Média (mais precisamente a 
partir dos séculos XI e XII) como uma explícita negação às formas metafísicas e religiosas de explicar os 
fatos. Quando as explicações religiosas começam a ser substituídas por explicações de bases racionais, 
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podemos dizer que o pensamento medieval, marcadamente religioso e de base sobrenatural, está 
cedendo e dando lugar a um outro tipo de pensamento, o moderno.
A partir daquele momento, o pensamento paulatinamente vai renunciando 
a uma visão sobrenatural para explicar os fatos, substituindo‑a por uma 
indagação racional. A aplicação da observação e da experimentação, ou seja, 
do método científico para a explicação da natureza, conhecia uma fase de 
grandes progressos. Num espaço de cento e cinquenta anos, de Copérnico a 
Newton, a ciência passou por um notável progresso, mudando até mesmo a 
localização do planeta Terra no cosmo (MARTINS, 2006, p. 17). 
Como herdeiro da tradição grega clássica (filosófica) de buscar compreender os fenômenos por meio da 
utilização da razão, o pensamento moderno se estabelece negando as explicações religiosas e defendendo 
que não se pode compreender os fatos da natureza e da vida buscando explicações mágicas, sobrenaturais, 
demoníacas ou divinas, mas, sim, exercendo e exercitando a razão. O padrão de análise da modernidade, 
no entanto, vai além do filosófico quando passa a defender que a razão, ainda que fundamental, precisa 
também ser submetida a um método, ser colocada a prova. E o caminho escolhido pelos idealizadores desse 
método foi a ênfase na prova (empírica), seguindo‑se as etapas de observação, levantamento de hipóteses 
e experimentação para buscá‑la, isto é, houve o entendimento de que apenas o uso da razão não bastava, 
pois poderia induzir ao engano, mas a formulação de uma hipótese e sua submissão a uma experimentação 
prática poderia levar a provas que, por sua vez, conduziriam à formulação de leis. Tratava‑se, portanto, de 
buscar compreender as leis da natureza por intermédio da razão experimental.
Atribui‑se a Galileu Galilei (1564‑1642) a formulação desse método científico que se tornou o grande 
marco da ciência e do pensamento moderno. O fato é que o pensamento moderno tornou‑se o padrão 
de pensamento da burguesia e foi assumido por um grupo de filósofos denominados iluministas – que 
eram burgueses. Isso foi determinante tanto para a Revolução Francesa – que destruiu as bases políticas 
e culturais herdadas do mundo medieval e do feudalismo –, quanto para a idealização e construção das 
máquinas, base para a outra revolução (a Industrial), que solapou as bases econômicas de produção e 
organização social também herdadas do período medieval e do modo de produção feudal. 
Figura 5 – Galileu Galilei
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Unidade I
Os filósofos iluministas defendiam que a razão seria uma luz capaz de guiar a humanidade rumo 
a novos tempos de prosperidade e felicidade. A ideia de razão como uma luz era uma clara oposição 
à ignorância, à superstição e às formas de explicação mágicas e sobrenaturais que lhes antecedera o 
pensamento, formas estas diretamente associadas às trevas. Os iluministas não defendiam apenas o 
abandono das explicações sobrenaturais e supersticiosas, mas a aplicação da razão e do conhecimento 
científico como forma de alterar o curso das coisas e criar uma sociedade com instituições políticas, 
sociais e culturais baseadas em seu discurso racional. Não se tratava apenas de compreender a 
sociedade, era preciso também mudá‑la e interferir nela. Foram os discursos desses filósofos iluministas 
que influenciaram e serviram de fundamentação ideológica para a Revolução Francesa, um movimento 
que visava justamente a alterar as bases da sociedade, de modo a moldá‑la de acordo com os padrões 
propostos pelos iluministas. É por isso que podemos agora afirmar que o cenário que deu origem à 
Sociologia foi construído com base em três elementos básicos, podendo ser desdobrados em dois: de 
um lado (o material), coloca‑se a Revolução Industrial e a Revolução Francesa; do outro (o não material, 
das ideias), evidencia‑se o Iluminismo, uma espécie de depositário de um movimento bem maior – o 
de constituição do pensamento moderno. Esses três movimentos, todavia, podem ser simplificados em 
dois, uma vez que a Revolução Industrial e a Revolução Francesa representaram a consolidação de um 
mesmo elemento: o capitalismo.
Figura 6 – Voltaire, filósofo iluminista francês, na corte de Frederick II da Prússia
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SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO
 Lembrete
É possível reformular o discurso e afirmar que a Sociologia é fruto de 
um contexto marcado pelas profundas mudanças trazidas à vida social pelo 
capitalismo, por um lado, e pelo ideário do pensamento liberal burguês 
(representado pelo Iluminismo), por outro. 
Portanto, entendemos que alguns elementos confluíram e se relacionaram para alterar os cursos da 
história e o modo de organização da sociedade. Isso mostra quanto compreender a sociedade é uma 
tarefa complexa, que exige uma disciplina científica específica que se proponha a compreendê‑la e 
explicá‑la. Por isso e para isso surgiu a Sociologia. 
Até o momento, buscou‑se aqui demonstrar como o contexto político e social da época influenciou 
e contribuiu para o surgimento da Sociologia. O trabalho intelectual de idealizá‑la e sistematizá‑la, 
no entanto, coube a alguns pensadores considerados os “pais fundadores” dessa ciência. Sendo assim, 
podemos partir para a conclusão desta seção refletindo sobre a seguinte consideração sobre a criação 
da Sociologia: 
A sua criação não é obra de um único filósofo ou cientista, mas representa o 
resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam 
em compreender as novas situações de existência que estavam em curso 
(MARTINS, 2006, pp. 10‑11).
Percebemos com essa citação que a Sociologia foi ao mesmo tempo fruto da ação de um contexto 
social sobre alguns pensadores – pois uma situação nova se impôs e demandava compreensão – e 
resultado da ação de alguns pensadores sobre seu meio social, situação que exemplifica bem o grande 
dilema vivido pelos sociólogos. Na medida em que se esforçam para compreender o peso das estruturas 
sociais sobre os homens (proposta muito claramente formulada no período de constituição da Sociologia), 
correm o risco de também sofrerem tal influência. 
Como então alcançar o distanciamento necessário para compreender a sociedade? Como olhar 
para as relações entre homem e sociedade? Deve‑se entender que o homem faz a sociedade ou que a 
sociedade faz o homem? Todas essas questões fervilhavam na cabeça dos brilhantes pensadores que 
não necessariamente apresentaram suas respostas, mas tiveram como ponto em comum o fato de 
entenderem que a melhor forma de respondê‑las seria construindo um campo do saber cientificamente 
sistematizado, que lhes desse a garantia de atingir o nível de distanciamento apropriado para compreender 
os fenômenos sociais. Surgiu então a Sociologia. 
3 QUEM SÃO OS “PAIS FUNDADORES” DA SOCIOLOGIA?
Agora que já entendemos qual é a relação entre a Sociologia e a Educação e também já apreendemos 
o contexto em que a Sociologia surgiu, é momento de conhecermos um pouco do pensamento dos “pais” 
da Sociologia. Estamos prontos para continuar em nossa “aventura do conhecimento”, pois conhecer é 
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sempre aventurarmos em direção a caminhos, ideias e conceitos novos que não sabemos exatamente 
como são, mas que sabemos sempre em que direção vão nos levar: ao nosso aperfeiçoamento! As ideias 
possuem esse maravilhoso poder de mexer com a gente, pois quanto mais conhecemos, mais vamos 
sendo mudados. Grande é a força delas. Não é à toa que há determinada frase de domínio público que 
diz: “os homens morrem, mas as ideias ficam”. 
Falar sobre os “pais fundadores” da Sociologia é justamente trabalhar com ideias, pois o caminho 
para compreender como eles buscaram captar o que acontecia com a sociedade e formular hipóteses 
e análises interpretativas sobre ela, ou seja, teorizar sobre a sociedade, é um trabalho tipicamente com 
ideias. Foi com elas e com sua sistematização (científica) que eles revolucionaram o modo de olhar 
para a sociedade e nos legaram um importante instrumento de compreensão do social e das relações 
entre Educação e sociedade. Se é verdade que “os homens morrem, mas as ideias ficam”, pode‑se dizer 
também que é preciso “conhecer para transformar”.
Quando falamos em “pais fundadores” da Sociologia, estamos falando basicamente em quatro 
personagens. São eles os franceses Augusto Comte (1798‑1857) e Émile Durkheim (1858‑1917), 
bem como os alemães Karl Marx (1818‑1883) e Max Weber (1864‑1920). A fundação da Sociologia 
Científica é geralmente atribuída a Durheim, porque ele preocupou‑se fundamentalmente em elaborar 
uma ciência do fato social, ou seja, foi o pioneiro a buscar estruturar cientificamente a Sociologia em 
termos de criar um método científico para compreender aquilo que ele chamava de “fatos sociais”, 
conforme explicado anteriormente. Em outras palavras, foi dele o trabalho de estruturar cientifica e 
metodologicamente a Sociologia e, por isso, ele é considerado o fundador. O trabalho desse pensador, 
no entanto, foi precedido pelo de Comte (que o influenciou profundamente) e sucedido e aperfeiçoado 
por Marx e Weber. 
As expressões sucedido e aperfeiçoado não devem ser aqui entendidas como um trabalho feito 
intencionalmente em conjunto, mas, sim, como de análise de cada um que, ao enfocar e captar 
a sociedade por ângulos similares e/ou diferentes, tiveram em comum justamente o enfoque e o 
método sociológico. O trabalho de todos eles foi, então, movido pela preocupação em compreender 
a dinâmica de funcionamento da sociedade e os modos como esta determina os comportamentos e 
as ações humanas.
Tanto por assumirem uma mesma preocupação básica que determinou um mesmo tipo de 
enfoque – o sociológico – como também por terem adotado uma mesma preocupação com o uso 
do método científico de análise, esses pensadores realizaram trabalhos tipicamente sociológicos e 
contribuíram para o desenvolvimento da Sociologia como ciência. Vamos então conhecer um pouco 
mais de perto as características principais do pensamento de cada um deles, pois conforme dito 
anteriormente, ao pensarem a sociedade, eles também pensaram a Educação, para podermos mais 
adiante utilizar suas análises para aumentar a nossa compreensão desse fenômeno tipicamente 
social chamado Educação, que tão de perto nos interessa. Comecemos por Augusto Comte, o 
homem que criou o positivismo e foi marcante no pensamento de Durkheim, o homem que deu à 
Sociologia a sua estruturação científica.
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3.1 Augusto Comte e o Positivismo
Figura 7 – Augusto Comte
Você já ouviu falar em positivismo? Se ainda não, vai poder conhecer e compreender agora, 
em linhas gerais, o que é e o que propunha esse sistema filosófico criado pelo francês Augusto 
Comte. Novamente, precisamos recorrer ao contexto social da época para melhor compreendermos 
o pensamento de Comte. Cabe destacar então que ele nasceu em Montpellier, uma cidadezinha 
do interior da França, mas que foi na grande e conturbada Paris que viveu boa parte de sua vida. 
Paris era àquela época uma cidade marcada pela crise e pela agitação política decorrentes da 
Revolução Francesa. Não é difícil refletir então sobre as proposições de Comte se olharmos a 
questão pelo ângulo de que ele era alguém incomodado com a agitação e a desordem política 
que existiam na sociedade de sua época. É fácil também compreender por que Comte dedicou 
boa parte de suas obras para se referir à Educação. Para ele, só por meio dela as pessoas poderiamalcançar a formação moral que lhes faria chegar a um consenso, elemento que geraria um estado 
de harmonia e ordem.
 Saiba mais
A ideia de ordem, então, tem papel de grande destaque no pensamento 
de Comte, tendo ele formulado, inclusive, o seguinte lema: “o amor por 
princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. As suas ideias positivistas 
tiveram ampla repercussão aqui no Brasil no momento de surgimento de 
nossa República, estando presente até em nossa bandeira, que traz o ideal 
positivista de “ordem e progresso”. Uma ótima fonte sobre esse assunto 
é a obra de José Murilo de Carvalho intitulada A formação das almas: o 
imaginário da República no Brasil. 
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Você já deve ter percebido que o sistema filosófico de Comte era significativamente voltado à prática 
e à construção de uma ordem social. Para ele, são as ideias que governam o mundo, mesmo porque a 
forma como as sociedades se organizam é reflexo das ideias que seus membros assumem e põem em 
prática. Senso assim, sua proposta era estabelecer um sistema filosófico fundamentado na razão e que 
pudesse estruturar uma reorganização moral e política da sociedade. Voltamos a destacar que, para ele, 
a sociedade precisava de “ordem” para alcançar o “progresso”.
O pensamento de Comte, entretanto, não ficou restrito à Filosofia. Ele adentrou também 
significativamente no campo da Sociologia, o que já se pode notar por suas proposições de 
construção de uma sociedade fundada na ordem moral e política. Atribui‑se a ele, inclusive, a 
formulação do termo sociologia. Piletti (2010, p. 16), por exemplo, comenta que os filósofos Max 
Horkheimer e Theodor Adorno defendiam que o termo sociologia já era utilizado por Comte em 
correspondências desde 1824.
Bastante influenciado pelas ciências físico‑naturais e seu método de investigação empírico, Comte 
designava também a Sociologia sob o termo física social. Por sociologia ou física social ele entendia a 
ciência que deveria conhecer e estabelecer aquilo que ele chamava de “leis imutáveis” da vida social. 
Perceba que assim como as ciências físico‑naturais apreendem as leis da natureza, ele acreditava que a 
sociedade possuía também as suas leis – as leis sociais –, que deveriam ser captadas e estudadas pela 
Sociologia. Martins (2006, p. 31) nos dá uma boa descrição do que dizia Comte:
Entendo por física social a ciência que tem por objeto próprio o estudo dos 
fenômenos sociais, segundo o mesmo espírito com que são considerados os 
fenômenos astronômicos, físicos, químicos e fisiológicos, isto é, submetidos a 
leis invariáveis, cuja descoberta é o objetivo de suas pesquisas. Os resultados de 
suas pesquisas tornam‑se o ponto de partida positivo dos trabalhos do homem 
de Estado, que só tem, por assim dizer, como objetivo real descobrir e instituir 
as formas práticas correspondentes a esses dados fundamentais, a fim de evitar 
ou pelo menos mitigar, quando possível, as crises mais ou menos graves que 
um movimento espontâneo determina, quando não previsto. Numa palavra, a 
ciência conduz à previdência, e a previdência permite regular a ação.
A fim de colocar em prática sua tentativa de conhecer as leis que regem a sociedade, Comte se 
dedicou ao estudo da história e da política, pois, conforme indica Piletti (2010, p. 16):
[...] queria compreender cientificamente o que houve no passado, o que 
acontece no presente e o que deverá ocorrer no futuro, tendo em vista 
a superação da crise da sociedade moderna por um sistema de ideias 
cientificas que fundamentaria a reorganização da sociedade. 
É notório que a proposta de reforma de Comte não se aplicava apenas à sociedade – ele defendia 
também uma reforma do saber. Tal argumento ganha melhor compreensão se nos voltarmos 
rapidamente para a sua principal obra, o seu Curso de Filosofia Positiva, trabalho que ele escreveu 
entre 1830 e 1842. Nele, expõe suas duas principais formulações teóricas: a teoria dos três estados 
e a hierarquização das ciências.
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A teoria dos três estados, de onde derivou o termo positivismo, caracterizou‑se por ser uma espécie 
de teoria da história. Nela, Comte propõe que o espírito humano (ou seja, a sociedade, a cultura), passa 
por três etapas ou estados: o teológico, o metafísico e o positivo. O estágio teológico corresponderia à 
etapa em que os homens atribuiriam as causas dos fatos objetivos aos deuses; o metafísico seria o estágio 
marcado por uma descrença nos deuses, mas ainda dependente de explicações metafísicas, abstratas 
ou em relações misteriosas entre as coisas, como a crença nos espíritos, por exemplo. Seria uma etapa 
de ignorância da realidade e especulação. O terceiro estágio, o positivo, seria a etapa final e desejável 
de desenvolvimento, caracterizada pela utilização racional dos métodos científicos para a compreensão 
das causas dos fenômenos e para a organização racional do trabalho. O positivismo seria, portanto, uma 
tentativa de reestruturar o saber e a sociedade, de conduzi‑la ao estágio positivo. 
 Saiba mais
O positivismo foi fortemente combatido a partir da segunda metade 
do século XX, principalmente por influência de um grupo de historiadores 
ligados a um movimento de reinterpretação da história e da sociedade 
conhecido como Movimento ou Escola dos Annales, porque se organizou 
em torno da revista francesa Annales. Informações pormenorizadas podem 
ser encontradas no livro A escola dos Annales: 1929‑1989, de Peter Burke. 
Por conta das críticas, que não ficaram restritas ao movimento dos Annales, o positivismo passou 
a ganhar uma conotação negativa e a ser associado a uma visão elitista, excludente, excessivamente 
rigorosa e, portanto, inflexível. Na história da ciência e da Sociologia, no entanto, Comte continua sendo 
reconhecido como importante figura no desenvolvimento da ciência sociológica.
No campo da reorganização do saber, Comte defendia que as ciências se ordenavam hierarquicamente 
e propunha uma classificação segundo uma ordem de complexidade em que ficariam configuradas 
em primeiro lugar a Matemática, seguida pela Astronomia, Física, Química, Biologia e Sociologia, cada 
uma tomando por base a anterior e atingindo um nível mais elevado de complexidade. A finalidade 
última desse sistema de classificação é política: organizar a sociedade cientificamente, com base nos 
princípios estabelecidos pelas ciências positivas. A preferência pela Matemática, além de ter como base 
a já mencionada complexidade, tem a ver também com o fato de que, para Comte, ela teria sido a 
primeira a alcançar a positividade, isto é, a dependência plena da razão, e não das forças teológicas ou 
metafísicas, tendo sido seguida posteriormente pelas demais. O seu sistema filosófico propunha então 
dotar o estudo da sociedade – a Sociologia – desse mesmo estágio positivo que lhe conferia status e 
configuração de ciência, e não de mera especulação. É por isso, portanto, que Comte é considerado o 
criador do termo sociologia e também um dos fundadores desse conhecimento. 
Comte, como vimos, envolvia‑se não apenas com uma tentativa de compreender a sociedade, mas 
também de interferir objetivamente nela com base em conhecimentos científicos. No entanto, o que 
precisamos destacar nesse momento é que o seu pensamento evidencia. 
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 Observação
Comte, assim como os demais fundadores da Sociologia, coloca em 
evidência a ideia de que existe um objeto a ser estudado: o social. 
Comte evidenciou que “o social” deveria ser mental e teoricamente separado como objeto de estudo, 
o que significou muito na evolução do pensamento sociológico e influenciou fortemente o pensamento 
de Durkheim. 
Principais Obras de Comte
• Opúsculos de Filosofia Social (1816‑1828) (republicados em conjunto, em 1854, como apêndice 
ao volume IV do Sistema de política positiva).
• Curso de Filosofia Positiva, em 6 volumes (1830‑1842) (em 1848 foi renomeado para Sistema de 
Filosofia Positiva).
• Discurso sobre o espírito positivo (1848).
• Discurso sobre o conjunto do Positivismo (1851) (introdução geral ao Sistema de política positiva).
• Sistema de política positiva, em 4 volumes (1851‑1854).
• Catecismo positivista (1852).
• Apelo aos conservadores (1855).
• Síntese subjetiva (1856).
• Correspondência, em 8 volumes (1816‑1857).
3.2 Durkheim e a Ciência Sociológica
Figura 8 – Émile Durkheim
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Vimos que Augusto Comte foi tradicionalmente reconhecido como o pai da Sociologia por ter sido 
quem, pela primeira vez, usou o termo e por ter se preocupado em analisar objetivamente a sociedade 
em sua obra Curso de Filosofia Positiva. O status de ciência, no entanto, só foi alcançado pela Sociologia 
com o francês Émile Durkheim, que formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou 
que os fatos sociais têm características próprias, evidenciando que neles a Sociologia teria um objeto de 
estudo específico e distinto daqueles estudados pelas outras disciplinas científicas. 
Toda disciplina científica, para ser reconhecida como tal, precisa ter basicamente um objeto de 
estudo próprio, bem como orientações metodológicas e um corpo conceitual específico. Desse modo, 
a Sociologia só se tornou reconhecidamente uma ciência com Durkheim, porque foi justamente dele o 
esforço em dotá‑la de tais elementos. 
O conceito de fato social pode ser apresentado como principal concepção proposta por Durkheim, 
mas obviamente não é a única. Por fato social, Durkheim entendia os modos de pensar, sentir e agir 
de um grupo social. Para o pensador, os fatos sociais são “coisas” que, embora existam na mente dos 
indivíduos, são exteriores a ele e exercem um poder coercitivo. Definir os fatos sociais como “coisas”, 
por mais polêmico que pareça, corresponde a uma necessidade metodológica de prover a Sociologia de 
conceitos e, ao mesmo tempo, de tornar o seu estudo objetivo. Durkheim notou que temos uma ideia 
vaga e confusa dos fatos sociais em nossa vida cotidiana justamente porque, sendo realidades vividas, 
construímos a ilusão de conhecê‑los. A tarefa do sociólogo seria a de olhar para além dessas ilusões 
e compreender os fatos sociais de modo objetivo e científico. Nesse sentido, as palavras de Rodrigues 
(2007, p. 20) são esclarecedoras:
Durkheim não afirmou que os fatos sociais são de fato coisas materiais, mas 
apenas que devem ser tratados como se fossem coisas tais como as coisas 
materiais. “Coisa”, para ele, é todo objeto de conhecimento que a inteligência 
humana não penetra de modo imediato, necessitando do auxilio da ciência. 
Tratar os fatos sociais como coisas, portanto, é uma postura intelectual, uma 
atitude mental. 
Ao falar em fatos sociais, é evidente que Durkheim tinha em mente duas preocupações básicas: 
compreender a dinâmica daqueles fenômenos que, sendo externos ao indivíduos e agindo da sociedade 
em direção a eles, os leva a adotar certos comportamentos, e buscar a compreensão de tais fenômenos 
de modo científico, ou seja, sendo objetivo e imparcial, visando sempre a escapar do senso comum e 
da possibilidade de estar sendo iludido pelos sentidos. Daí a necessidade de criar uma representação 
mental daqueles fenômenos que existem na sociedade e exercem um poder de coerção sobre as pessoas, 
independentemente da sua vontade. Nota‑se claramente a filiação de seu pensamento à postura 
metodológica das ciências naturais de sua época, especialmente a Biologia e a Física. Do mesmo modo 
que a natureza, a sociedade teria as suas leis próprias que seriam independentes da vontade humana e 
precisavam ser compreendidas.
Os fatos sociais poderiam então ser identificados por carregarem em si três elementos: a generalidade, 
a exterioridade e a coercitividade. Por generalidade, entende‑se a ideia de que o fato social é comum 
aos membros de um grupo; a exterioridade indica que o fato social é externo ao indivíduo e existe 
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independentemente da sua vontade; e a coercitividade denuncia que os indivíduos veem‑se obrigados 
a seguir o comportamento estabelecido.
Talvez agora seja o momento de nos fazermos uma pergunta fundamental. Diante do pressuposto 
seguido tanto por Augusto Comte quanto por Durkheim, o de que existe uma força social externa ao 
indivíduo que leva a assumir determinados comportamentos, qual seria a posição de Durkheim ou 
mesmo a de Comte? Seria um posicionamento de crítica e desejo de transformação dessas estruturas 
sociais que exercem um poder coercitivo sobre as pessoas ou seria uma posição de ajuste, apenas?
Se você afirmou que é uma posição de ajuste, acertou. Tanto Durkheim como Comte estavam 
demasiadamente inquietos com a situação de caos e agitação social vivida pela sociedade de sua época, 
especialmente, como já mencionado, devido à industrialização, à urbanização e às reformas políticas 
iniciadas com a Revolução Francesa. Para eles, o fundamental era compreender aquela sociedade, 
sobretudo devido a todas as novidades que as revoluções trouxeram, para depois encontrar uma ordem 
diante do caos. Suas teorias foram, por isso, teorias de ajuste. 
Essa constatação é fundamental para compreendermos os demais conceitos trabalhados por 
Durkheim e o tratamento dado por ele às questões educacionais – o que não é necessariamente nossa 
preocupação nesta primeira parte do trabalho, mas será extremamente útil todas as vezes em que 
discutirmos a temática Sociologia da Educação.
 Observação
Por considerar que os fatos sociais agem de modo coercitivo e são 
externos aos homens, ao mesmo tempo em que são compartilhados 
por todos, Durkheim defendia a existência de um reino social, que seria 
diferente do mineral e do vegetal. Por vezes, ele também chamava esse 
reino social de reino moral. 
Quando agimos de acordo com os imperativos da sociedade, agimos assim porque fomos educados 
com base nos conteúdos que nos foram dados por esse “reino moral” que compartilhamos, ou seja, ele 
tem conteúdos. E como estes nos são transmitidos? A própria vivência em meio ao reino moral seria 
responsável por isso, mas por meio de um processo – o de educação –, que tem para Durkheim um papel 
elementar. Não se trata apenas de uma educação escolar, mas, sim, daquela em um contexto mais amplo, 
como o processo de aprender a viver, aprender a ser membro de uma sociedade e os modos pelos quais 
isso acontece. 
Um outro

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