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ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA Prof. Msc. Brena Peleja Vinholte ANESTÉSICOS VOLATÉIS E ANESTESIA GERAL INALATÓRIA ANESTESIA INALATÓRIA É uma anestesia obtida por meio da absorção de um princípio ativo pela via respiratória, passando para a corrente circulatória e atingindo o sistema nervoso central, produzindo anestesia geral. Primeiros fármacos: Óxido Nitroso e Éter; Muito utilizada na Medicina Veterinária – indução e manutenção (essencialmente); ANESTESIA INALATÓRIA VANTAGENS Via de administração respiratória; A idade não é fator limitante para seu emprego; Pronta metabolização e eliminação; Em animais com MPA e indução, há ausência de excitação; O período anestésico hábil pode ser controlado, assim como os planos anestésicos; Recuperação rápida; Consumo de anestésico por cirurgia em sistemas circulares é baixo, portanto econômica; ANESTESIA INALATÓRIA DESVANTAGENS Requer a aquisição de aparelhos específicos; Treinamento de profissionais que irá executar a anestesia; Monitorização adequada; Pacientes com alterações pulmonares; ANESTESIA INALATÓRIA Apresentam-se sob duas formas: LÍQUIDO GÁS (HALOGENADOS) GÁS (OX. NITROSO) ARMAZENAMENTO EM CILINDROS SISTEMA ANESTÉSICO PULMÃO SANGUE TECIDO ANESTESIA INALATÓRIA CLASSIFICAÇÃO NÃO HALOGENADOS HALOGENADOS ÉTER DIETÍLICO ÓXIDO NITROSO HALOTANO ENFLUORANO SEVOFLUORANO ISOFLUORANO DESFLUORANO CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS CONCENTRAÇÃO ALVEOLAR MÍNIMA (CAM) Concentração de um anestésico inalatório, necessária para abolir os movimentos em resposta a um estímulo doloroso em 50% dos pacientes. Índice de potencia anestésica. Em animais: pinçamento da cauda ou estímulo elétrico. Os agentes que tem CAM baixo, são portanto mais potentes do que aqueles que tem um CAM elevado. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS ANESTÉSICO VOLÁTIL CONCENTRAÇÃO ALVEOLAR MÍNIMA (CAM) ISOFLUORANO 1,63 HALOTANO 0,8 DESFLUORANO 7,2 – 10,32 SEVOFLUORANO 2,36 – 2,09 *A administração conjunta de outros fármacos, como por exemplo os analgésicos que se administram na MPA, é um dos fatores que mais influencia na CAM. FATORES QUE ALTERAM A CAM FATORES QUE AUMETAM A CAM: Hipertermia; Hipertensão; Fármacos estimulantes do SNC; Hipernatremia; FATORES QUE ALTERAM A CAM FATORES QUE DIMINUEM A CAM Acidose metabólica; Hipotensão/hipotermia/hipóxia; Anemia; Gestação; Idade avançada; Fármacos que causem depressão do SNC – MPA e anestésicos injetáveis; FATORES QUE ALTERAM A CAM FATORES QUE NÃO ALTERAM A CAM Duração da anestesia; Sexo; Hiperpotassemia; CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS COEFICIENTE DE SOLUBILIDADE Capacidade de difusão dos agentes voláteis para o SNC depende da sua solubilidade; Indica a solubilidade do anestésico no sangue ou nos tecidos; Coeficiente de partição sangue/gás e óleo/gás. Quanto maior o coeficiente de solubilidade sangue/gás, mais tempo leva o fármaco para atingir as concentrações anestésicas no SNC, mais demorada é a indução anestésica, e consequentemente a recuperação. Anestésico com baixo coeficiente de solubilidade sangue/gás, produzira indução e recuperação rápida. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS ANESTÉSICO VOLÁTIL COEFICIENTE DE SOLUBILIDADE SANGUE/GÁS ISOFLUORANO 1,39 HALOTANO 2,4 DESFLUORANO 0,42 SEVOFLUORANO 0,60 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS *Qto > lipossolubilidade > coef. Partição > potência. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS Os anestésicos voláteis produzem anestesia quando atingem uma determinada concentração no sistema nervoso central (SNC). Esta concentração é obtida através do aumento dos gradientes de concentração desde o aparelho de anestesia até aos alvéolos e destes para o sangue, através do qual o anestésico é transportado até ao SNC. Quando se alcança o equilíbrio, a concentração de anestésico no SNC é igual à do sangue e a mesma nos alvéolos pulmonares. Os níveis do anestésico volátil dependem da eficiência da ventilação alveolar e da concentração anestésica no gás inspirado. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS Se ambos os parâmetros são elevados, a indução da anestesia é rápida. A passagem do fármaco dos alvéolos para o sangue, depende do débito cardíaco, do coeficiente de solubilidade no sangue e da concentração do anestésico no sangue venoso pulmonar. OXIDO NITROSO (N20) Gás incolor; Odor agradável; Não inflamável ou explosivo; Coeficiente de solubilidade sangue/gás: 0,47 (baixo); Não pode ser utilizado isoladamente (anoxia cerebral); Associado a outros anestésicos halogenados (ex: isofluorano); Reduz a CAM dos agentes voláteis; OXIDO NITROSO (N20) Útil na indução de pacientes críticos – face a sua segurança quando aplicado adequadamente, pois não altera os parâmetros cardíacos e respiratórios; Não sensibiliza o miocárdio a ação de catecolaminas; Elevação da PIC; Biotransformação inferior a 0,01% pela flora intestinal; Difusão para espaços gasosos fisiológicos (quadro timpânico); Contraindicado em gestantes – teratogênese; Risco de hipóxia ao final na anestesia – “lavado pulmonar” HALOTANO Odor agradável; Não inflamável ou explosivo; Não irritante para as mucosas; Se decompõe quando em contato com a luz; CAM: cão – 0,87 gato – 0,82 – potente anestésico; Coef. Solubilidade: 2,54 (solubilidade média); Depressão dose-dependente da função ventilatória; Redução da produção de secreção; Baixo custo; HALOTANO EFEITOS NO SNC Não tem ação analgésica; Pode determinar depressão central do sistema cardiovascular; Pode determinar depressão central do sistema respiratório; Elevação da PIC; Efeitos indesejáveis podem ser revertidos pelo Doxapram; HALOTANO EFEITOS CARDIOVASCULARES Redução da FC (dose dependente); Redução da PA; Redução do DC; Sensibiliza o miocárdio a ação de catecolaminas (riscos de arritmias e fibrilação); Cuidado na indução de pacientes chocados ou estressados (descargas excessivas de catecolaminas)!!!! HALOTANO SISTEMA RESPIRATÓRIO Em concentrações baixas pode promover elevação da frequência respiratória; A medida que se aprofunda a anestesia, a frequência respiratória também diminui. Causa relaxamento da musculatura brônquica, sendo indicado em casos de bronquite; HALOTANO FÍGADO E RINS Biotransformação hepática de 20%; Risco de hepatotoxicidades em anestesias muito prolongadas ou repetidas; Diminui o fluxo renal; Uso cauteloso em hepatopatas e nefropatas; HALOTANO SÍNDROME DA HIPERTERMIA MALIGNA Suínos e cães (também em humanos); Predisposição genética; Contratura muscular exagerada, aumento repentino e acentuado da temperatura e do CO2, taquicardia, taquipnéia, acidose metabólica; Tratamento: dantroleno; ISOFLUORANO Odor pungente; Não inflamável ou explosivo; CAM: cão – 1,41 gato – 1,63; Coeficiente de solubilidade sangue/gás: 1,46; Baixa biotransformação hepática; Depressão cardiovascular dose-dependente; Elevação compensatória da FC frente a hipotensão (vasodilatação periférica); ISOFLUORANO Redução dose-dependente da PA; Não sensibiliza o miocárdio a ação das catecolaminas; Depressão respiratória moderada; Ação broncodilatadora; Não irrita as mucosas; Elevação da PIC; ISOFLUORANO FÍGADO E RINS Não produz lesão hepática; Pode ser utilizados por longos períodos; Pode ser utilizado em anestesias repetidas; Baixa biotransformação hepática – 0,3%; Redução do fluxo renal; Ausência de toxicidade renal; É o mais utilizado em pacientes de risco; SEVOFLUORANO Odor pungente não desagradável; Não inflamável ou explosivo; Coeficiente de solubilidade sangue/gás: 0,68 (baixo); Menos potente quando comparado aos demais anestésicos inalatórios; CAM: cão – 2,36 gato – 2,58; Recuperação rápida e tranquila; Síndrome da hipertermia maligna em baixa incidência; SEVOFLUORANO SISTEMA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIO Redução dose-dependente da FC; Altera pouco o débito cardíaco; Redução dose-dependente da PA; Não sensibiliza o miocárdio as catecolaminas; Não irritante para as mucosas; Depressão respiratória dose-dependente; SEVOFLUORANO FÍGADO E RINS Não produz lesão hepáticas; Melhora a circulação hepática; Biotransformação de 5%; Não é nefrotóxico; Recomendado para pacientes de alto risco, toxêmicos ou prenhez – cuidado na indução – indução rápida (evitar depressão respiratória); DESFLUORANO Odor pungente; Não explosivo; CAM: 7,2 no cão (menos potente); Coeficiente de solubilidade sangue/gás: 0,42 (menor dos anestésicos); Permite intubação traqueal dentro de 2 minutos após indução com mascara; Requer um vaporizador pressurizado e com temperatura controlada; DESFLUORANO SISTEMA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIO Elevação transitória da FC – ação simpatomimética; Elevação discreta da PA; Manutenção do DC; Não sensibiliza o miocárdio à ação das catecolaminas; Muito irritante para as mucosas; Depressão respiratória dose-dependente; Impróprio para indução por meio de máscara – laringoespamo; DESFLUORANO FÍGADO E RINS Não produz lesão hepática; Pode ser utilizado por longos períodos; pode ser usado em altas concentrações; Biotransformação de 0,2%; Não é nefrotóxico; ENFLUORANO Odor discreto e agradável; Não inflamável; CAM: cão – 2,2 (potência moderada) gato - 1,2; Coeficiente de solubilidade sangue/gás: 1,9; Indução e recuperação anestésica alta; ENFLUORANO SISTEMA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIO Depressão da contratilidade do miocárdio; Diminuição do DC e PA; Aumento compensatório da FC; Menor depressão respiratória quando comparado ao halotano; ENFLUORANO Biotransformação de 2 a 5% e eliminados por via renal; Produz bom relaxamento muscular; Risco de nefrotoxicidade; Tem potencial convulsivo; Aumento da PIC; RISCO DE EXPOSIÇÃO AOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS A concentração dos anestésicos no ambiente é medida em partes por milhão (ppm). Sem sistemas antipoluentes halogenados podem atingir concentrações de até 50 ppm. National Institute for Occupational Safety and Healthy recomenda do máximo 2 ppm. Cefaléias, náuseas, fadiga, irritabilidade e diminuição dos reflexos psicomotores após 4 horas de exposição; Abortos,anomalias?? RISCO DE EXPOSIÇÃO AOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS Utilização de sondas com balonetes; Evitar sistemas abertos; Manutenção dos equipamentos; Interromper a vaporização antes da desconexão; Utilização de sistemas antipoluentes; TÉRMINO DA CIRURGIA Desligar os gases anestésicos – vaporizador; Administração de O2 100%; Despertar: abrir olhos ou boca; Extubação orotraqueal; Reflexo laringitraqueal presente; Reflexo papelbral extremamente presente; Resistência mandibular; Auscultação cardíaca e pulmonar; PROTOCOLOS ANESTÉSICOS MPA: acepromazina 0,05-0,1 mg/kg + tramadol 1-4 mg/kg IM; INDUÇÃO: Propofol 3 mg/kg + midazolan 0,5 mg/kg IV; MANUTENÇÃO: Isofluorano; PROTOCOLOS ANESTÉSICOS MPA: Midazolan 0,5-2 mg/kg + tramadol 1-4 mg/kg IM; INDUÇÃO: propofol 3-5 mg/kg IV; MANUTENÇÃO: Isofluorano; PROTOCOLOS ANESTÉSICOS HIPOTENSÃO MPA: cetamina 5 mg/kg + midazolan 0,5 mg/kg IM; INDUÇÃO: propofol 3 mg/kg; MANUTENÇÃO: isofluorano + fentanil 5 mcg/kg
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