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Educação e Diversidade - LucasP

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Prévia do material em texto

Educação E divErsidadE
Profª Ana Cláudia Moser
2017
Copyright © UNIASSELVI 2017
Elaboração:
Profª Ana Cláudia Moser
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
370.19
M899e Moser; Ana Cláudia
 Educação e diversidade / Ana Cláudia Moser: UNIASSELVI, 
2017.
 173 p. : il 
 ISBN 978-85-515-0053-8
1. Sociologia Educacional.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
III
aprEsEntação
“Não existe imparcialidade, todos são 
orientados por uma base ideológica. 
A questão é: sua base ideológica é 
includente ou excludente?” (Paulo Freire)
Caro acadêmico, a Unidade 1, chamada de Diversidade e Cidadania, 
propõe o debate conceitual que envolve tais questões no contexto educacional. 
Para tanto, essa unidade tem como objetivos conhecer os sentidos de 
diversidade e desigualdade, assim como de alteridade e identidade.
A Unidade 1 está dividida em três tópicos. No primeiro, chamado 
Diversidade como direito: a inclusão como garantia da igualdade e dignidade do 
indivíduo, você será apresentado ao debate acerca da diversidade e da educação 
como direitos, da luta pela cidadania e da inclusão como caminho para o 
respeito à diversidade e garantia da cidadania. No segundo tópico, Diversidade 
como conceito: concepções e interpretações de diversidade e desigualdade, 
conheceremos as diversas concepções de diversidade e as formas como a 
diversidade se apresenta em nossa sociedade e, por conseguinte, na escola. 
No terceiro tópico, intitulado Diversidade como prática: multiculturalismo, 
alteridade e gestão democrática, nossa reflexão se volta para as teorias que dão 
conta do debate sobre diversidade na educação. As reflexões se concentram 
nos conceitos de alteridade, multiculturalismo e gestão democrática como 
elementos fundamentais para a cidadania e a prática pedagógica.
Um dos maiores desafios da educação é educar para a construção 
da cidadania. O ato de educar, além de transmitir conhecimento, deve ser 
construído através da reciprocidade entre os sujeitos e de uma formação 
crítica e cidadã. Esse desafio se apresenta na Educação Infantil, no Ensino 
Fundamental e no Ensino Médio, pois a construção da cidadania é tarefa 
contínua. Tarefa essa que exige reflexão da teoria e sabedoria na prática. Exige 
de nós, professores, o reconhecimento do outro, a compreensão do diverso e 
a gestão da escola na democracia. Mas, afinal, como vencer esses desafios? 
Como alinhar nosso discurso e nossa prática? Como educar para a cidadania? 
Como aprender com o outro? Como educar na diversidade?
Essa unidade foi escrita para acompanhar você, prezado acadêmico, 
na busca por essas respostas. Não cabe aqui apresentar um caminho único, 
uma fórmula ou receita pronta. Nosso desafio é conhecer as teorias para 
construir nossa prática com excelência enquanto profissionais da educação. 
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem 
ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem 
aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. (Nelson Mandela)
IV
A Unidade 2 é formada pelo conjunto de reflexões a respeito das 
relações entre legislação, educação, cidadania e diversidade. Nesse espaço 
será apresentada a trajetória que levou ao reconhecimento dos Direitos da 
Criança e do Adolescente e suas influências no espaço da escola através da 
política de inclusão, da educação inclusiva e da gestão democrática.
No primeiro tópico serão contempladas as discussões sobre a luta pelos 
direitos da criança e do adolescente e os marcos históricos que garantiram esses 
direitos, incluindo o direito à educação como base para a cidadania. Além disso, 
terá espaço no primeiro tópico o debate que permeou a elaboração do Estatuto 
da Criança e do Adolescente e suas influências na educação.
O segundo tópico traz à tona as discussões no campo da inclusão 
social e da educação inclusiva como fundamentais para a garantia do direito 
à educação e respeito à diversidade. Nesse tópico serão contempladas 
reflexões sobre as possibilidades e desafios de transformar a escola em um 
lugar para todos, considerando a legislação vigente que garante temáticas 
que contemplam a diversidade no currículo.
E, no terceiro tópico, a reflexão é direcionada para os desafios da 
gestão democrática enquanto ferramenta para a inclusão social e promoção 
do respeito à diversidade e à cidadania. A gestão democrática será analisada 
pela perspectiva das fragilidades e potencialidades da transformação da 
organização escolar para incluir de forma democrática todos os sujeitos que 
compõem a comunidade escolar.
Quem habita esse planeta não é o Homem, mas os homens. A pluralidade é a 
lei da Terra. (Hannah Arendt)
Chegou o momento de conhecer as influências dos debates em teorias 
educacionais e refletir, diante do papel do professor e da escola em relação ao 
respeito à diversidade, trazendo para a Unidade 3 o espaço dos conceitos de 
alteridade e multiculturalismo no campo da educação, bem como tomando 
ciência dos desafios do professor nesse contexto.
O primeiro tópico será dedicado às reflexões de autores que procuraram 
compreender as relações entre educação, diversidade e as questões de gênero 
e sexualidade. Buscando contemplar os desafios e as possibilidades do 
reconhecimento da diversidade de gênero no âmbito da educação.
No segundo tópico, dedicaremos nossa atenção à influência das 
diferentes concepções de cultura e multiculturalismo na educação. Nosso 
caminho nos leva a compreender os usos do termo e as formas que a cultura 
toma em relação ao processo de ensino e aprendizagem e a formação social 
em padrões de inclusão e exclusão.
E, por fim, o terceiro tópico encerra nossa jornada tratando dos desafios 
do professor diante da noção de diversidade e de alteridade colocadas diante de 
professores, gestores e da comunidade escolar. É o momento de encontrar elementos 
V
que possam nos levar a reflexão sobre a formação e atuação dos professores. O 
objetivo é proporcionar um espaço de autorreflexão e fontes nas quais podemos 
buscar inspiração para a construção de uma prática pedagógica inclusiva. 
Convidamos você, caro acadêmico, a refletir atentamente sobre as questões 
apresentadas neste caderno de estudos. Realize as atividades de aprendizagem e 
consulte os materiais de apoio disponíveis na trilha de aprendizagem.
Bons estudos!
Profª Ana Cláudia Moser
VI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionaissobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
UNI
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VII
VIII
IX
sumário
UNIDADE 1 - DIVERSIDADE E CIDADANIA ............................................................................... 1
TÓPICO 1 - DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA 
IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO ...................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 DIVERSIDADE E CIDADANIA ...................................................................................................... 3
3 DIREITOS E CIDADANIA ................................................................................................................ 8
4 A INCLUSÃO COMO PROMOÇÃO DA CIDADANIA E RESPEITO
 À DIVERSIDADE ................................................................................................................................ 10
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 11
RESUMO DE TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 15
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 16
TÓPICO 2 - DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES 
 DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE ............................................................ 19
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 19
2 DIVERSIDADE: CONCEITOS E ABORDAGENS ....................................................................... 19
3 OS DESAFIOS DA DIVERSIDADE NA ATUALIDADE ............................................................ 23
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 31
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 33
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 34
TÓPICO 3 - DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, 
 ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA ............................................................ 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 35
2 ALTERIDADE E O RECONHECIMENTO DO OUTRO ............................................................. 35
3 O MULTICULTURALISMO COMO DESAFIO PARA A EDUCAÇÃO ................................... 41
4 GESTÃO DEMOCRÁTICA E OS DESAFIOS DA INCLUSÃO ................................................ 45
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 50
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 52
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 53
UNIDADE 2 - ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E 
DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO ............................................................................ 55
TÓPICO 1 - DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO 
 DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ........................................................................ 57
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 57
2 DIVERSIDADE E EDUCAÇÃO: RETRATOS DAS DESIGUALDADES 
 SOCIAIS NO BRASIL ........................................................................................................................ 57
3 BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ........................ 62
4 O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................................................ 66
5 O DIREITO À EDUCAÇÃO NO ECA ............................................................................................. 71
6 A DIVERSIDADE NO ECA ............................................................................................................... 75
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 76
X
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 80
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 81
TÓPICO 2 - A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO .................................................................. 83
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 83
2 INCLUSÃO COMO POLÍTICA PÚBLICA ..................................................................................... 83
3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E RESPEITO À DIVERSIDADE ...................................................... 92
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 97
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 99
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 100
TÓPICO 3 - DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA: DIVERSIDADE 
 E INCLUSÃO .................................................................................................................... 103
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 103
2 A GESTÃO DEMOCRÁTICA E O DIREITO À EDUCAÇÃO ................................................... 103
3 DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA EDUCAÇÃO ................................................. 104
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 110
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 111
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 112
UNIDADE 3 - O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR ......................... 115
TÓPICO 1 - O DEBATE SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE ...................................................... 117
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................117
2 POR QUE TRATAR DA QUESTÃO DE GÊNERO E SEXUALIDADE 
 NA EDUCAÇÃO? ................................................................................................................................ 117
3 GÊNERO E SEXUALIDADE: RESGATANDO CONCEITOS .................................................... 118
4 GÊNERO E EDUCAÇÃO NO BRASIL ............................................................................................ 124
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 127
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 130
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 131
TÓPICO 2 - AS RELAÇÕES ÉTNICAS E A CONSTRUÇÃO DA 
 SOCIEDADE BRASILEIRA ........................................................................................... 133
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 133
2 RELAÇÕES ÉTNICAS E A CONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA ....................... 133
3 USOS DO TERMO MULTICULTURALISMO E AS RELAÇÕES ÉTNICAS 
 NA EDUCAÇÃO .................................................................................................................................. 136
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 140
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 143
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 144
TÓPICO 3 - O PAPEL DO DOCENTE E A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA 
 NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA ....................................................................... 147
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 147
2 DIVERSIDADE, ALTERIDADE E EDUCAÇÃO .......................................................................... 147
3 DESAFIOS DO PROFESSOR EM RELAÇÃO À ALTERIDADE ............................................... 150
4 DESAFIOS DO PROFESSOR EM RELAÇÃO AO MULTICULTURALISMO ........................ 154
5 CAMINHOS PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ............................................... 160
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 162
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 165
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 166
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 169
1
UNIDADE 1
DIVERSIDADE E CIDADANIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender o conceito de diversidade e desigualdade social;
• pensar como as ações afirmativas podem contribuir para contemplar a di-
versidade cultural na sociedade e na educação;
• reconhecer a representação de identidade e alteridade.
Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um deles você 
encontrará dicas, textos complementares, observações e atividades que lhe 
darão uma maior compreensão dos temas a serem abordados.
TÓPICO 1 – DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO 
 GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
TÓPICO 2 – DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E 
 INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
TÓPICO 3 – DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, 
 ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA
Assista ao vídeo 
desta unidade.
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
DIVERSIDADE COMO DIREITO: A 
INCLUSÃO COMO GARANTIA DA 
IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
1 INTRODUÇÃO
Os direitos humanos foram criados para garantir aos cidadãos uma vida 
plena, ou seja, os direitos humanos garantem, pelo reconhecimento das leis, dos 
Estados e do povo, a cidadania através dos direitos civis, políticos e sociais.
Dentre os direitos humanos está o direito à diversidade. O reconhecimento 
da diversidade social, cultural e econômica é uma parcela fundamental na 
construção da cidadania. Para compreender o direito à diversidade, este tópico 
será dedicado ao debate sobre a diversidade, as desigualdades e a inclusão no 
contexto da cidadania e da educação.
2 DIVERSIDADE E CIDADANIA
Caro acadêmico, você já se perguntou quais características garantem a 
um cidadão o acesso aos direitos humanos? Ou ainda, quais são as barreiras que 
precisamos superar para garantir a todos o acesso aos direitos humanos? Observe 
a charge a seguir e reflita sobre essas questões.
FIGURA 1 - DIREITOS E CIDADANIA
FONTE: Disponível em: <https://blogdofialho.files.
 wordpress.com/2012/02/charge2011-titulo_de_
 cidadao.jpg>. Acesso em: 20 ago. 2016.
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
4
A garantia dos direitos humanos requer um movimento de transformação 
social no sentido da construção de uma postura ética e da promoção da igualdade 
e respeito às diversidades.
 
A ética emancipatória dos direitos humanos demanda transformação 
social, a fim de que cada pessoa possa exercer, em sua plenitude, suas 
potencialidades, sem violência e discriminação. É a ética que vê no outro 
um ser merecedor de igual consideração e profundo respeito, dotado 
do direito de desenvolver as potencialidades humanas, de forma livre, 
autônoma e plena. Enquanto um construído histórico, os direitos 
humanos não traduzem uma história linear, não compõem uma marcha 
triunfal, e tampouco uma causa perdida. Mas refletem, a todo tempo, a 
história de um combate, mediante processos que abrem e consolidam 
espaços de luta pela dignidade humana (PIOVESAN, 2008, p. 887).
A igualdade e a postura ética, tão almejadas quando falamos em respeito 
aos direitos humanos, passam por diferentes níveis que demandam nossa atenção 
e reconhecimento. Podemos observar, no contexto social, que as diversidades se 
constituem em diferentes níveis. Dessa forma, a concepção de igualdade pode ser 
dividida em: igualdade formal; igualdade material em relação à justiça social; e 
igualdade material em relação ao respeito das diversidades. 
 
Destacam-se, assim, três vertentes no que tange à concepção da 
igualdade: a) a igualdade formal, reduzida à fórmula ‘todos são 
iguais perante a lei’ (que, ao seu tempo, foi crucial para abolição de 
privilégios); b) a igualdade material, correspondente ao ideal de justiça 
social e distributiva (igualdade orientada pelo critério socioeconômico); 
e c) a igualdade material, correspondente ao ideal de justiça enquanto 
reconhecimento de identidades (igualdade orientada pelos critérios 
de gênero, orientação sexual, idade, raça, etnia e demais critérios 
(PIOVESAN, 2008, p. 888).
Caro(a) acadêmico(a), observe a interação dessas noções na figura a seguir. 
A promoção da igualdade requer atenção aos diferentes níveis, pois ela não se 
justifica por um único motivo. 
Especialmente no espaço da educação, os professores vivenciam 
diariamente em sala de aula experiências com sujeitos diversos – pela cultura, 
etnia, gênero, religião, classe social. Por essa razão, garantir a igualdade diante de 
tamanha diversidade é um desafio contínuo. 
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: AINCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
5
FIGURA 2 - DIMENSÕES DA CONCEPÇÃO DE IGUALDADE
FONTE: A autora
Para alcançarmos tais ideais é essencial reconhecer a justiça em seu caráter 
bidimensional, que representa a redistribuição e o reconhecimento. A redistribuição 
representa a superação de desigualdades econômicas e o reconhecimento 
representa a superação dos padrões culturais de preconceitos e exclusão social em 
relação à diversidade (PIOVESAN, 2008).
Em um contexto social que promova um movimento em direção à 
redistribuição e ao reconhecimento, as práticas devem incorporar e naturalizar as 
diferenças. Esse reconhecimento da diferença deve alimentar a postura igualitária 
e não reproduzir as desigualdades vigentes na sociedade (PIOVESAN, 2008). 
Visando as transformações mencionadas acima, se consolida no âmbito dos 
direitos humanos o universo das ações afirmativas. Essas ações propõem formas 
de reorganização social tendo como finalidade a promoção da igualdade e da 
justiça social em áreas em que predominam padrões de exclusão e desigualdade. 
Os debates e lutas direcionados aos direitos humanos remetem ao século 
XVII, porém, se consolidaram através da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos de 1948.
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
6
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um documento marco 
na história dos direitos humanos. Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas 
e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi proclamada pela Assembleia 
Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, através da Resolução 217 A 
(III) da Assembleia Geral, como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e 
nações. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos.
FONTE: A Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: <http://
www.dudh.org.br/declaracao/>. Acesso em: 28 ago. 2016.
O direito à educação é reconhecido internacionalmente através da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu vigésimo sexto artigo. Além 
de garantir o acesso gratuito – pelo menos no Ensino Fundamental –, a declaração 
prevê como objetivos da educação promover a expansão da personalidade humana, 
de sua liberdade e da compreensão, tolerância e amizade entre todas as nações.
FIGURA 3 - ARTIGO 26º DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
FONTE: Adaptado de <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/
 universal-declaration-of-human-rights/articles-21-30.html>. Acesso em: 8 
 ago. 2016.
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 prevê no artigo 205 a educação 
como direito de todos e dever do Estado; no artigo 206 o direito à inclusão e à 
educação infantil; e em seu artigo 208 prevê as garantias atribuídas como papel do 
Estado.
IMPORTANT
E
Toda pessoa tem direita à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a 
correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O 
ensino técnico e profissional deve ser generalizado, o acesso aos estudos superiores deve 
estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao esforço dos direitos 
do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância 
e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o 
desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
Os pais têm um direito preferencial para escolher o tipo de educação que será dadas aos 
seus filhos.
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
7
FIGURA 4 - ARTIGOS 205, 206 E 208 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
FONTE: Adaptado de: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
 docman&view=download&alias=430-constituicao-de-
 1988&Itemid=30192>. Acesso em: 10 ago. 2016.
Como reflexo da legislação vigente e do posicionamento do Estado brasileiro 
em relação à garantia da cidadania, as políticas educacionais brasileiras preveem 
o direito à diversidade e à inclusão. Tais direitos são reforçados nos documentos 
que orientam a elaboração dos currículos e as práticas educacionais no país. Estão 
presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), nas Diretrizes Nacionais 
para Educação (DCN) e na Política de Inclusão Social.
Os PCN possuem um volume dedicado à pluralidade cultural e à orientação 
sexual. O volume apresenta a relevância dessas temáticas para a formação da 
cidadania e inclui a discussão sobre pluralidade cultural e orientação sexual como 
parte do currículo das escolas brasileiras.
O direito à educação pública e de qualidade faz parte do legado das lutas 
sociais pela garantia dos direitos humanos. No cotidiano das escolas brasileiras, o 
acesso à educação de qualidade e sem distinção permanece cada vez mais presente 
nos discursos, avança em muitas práticas, porém está distante de alcançar os 
parâmetros estabelecidos pela legislação.
Art. 
205. A educação, 
direito de todos e dever 
do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a 
colaboração da sociedade, visando ao 
pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho.
Art. 208. O dever do 
Estado com a Educação 
será efetivado mediante 
a garantia de: III 
atendimento educacional 
especializado aos 
portadores de deficiência, 
preferencialmente na 
rede regular de ensino; IV 
atendimento em creche e 
pré-escola às crianças de 0 a 
6 anos de idade
Art. 206. O ensino será 
ministrado com base nos 
seguintes princípios: I – 
igualdade de condições para 
o acesso e permanência na 
escola [...]
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
8
3 DIREITOS E CIDADANIA
A garantia dos direitos civis, políticos e sociais na legislação, infelizmente, 
não reflete a realidade da grande maioria da população. Direitos são, na verdade, 
privilégios em uma sociedade em que a diversidade se converte em desigualdade 
e exclusão. Portanto, atualmente é possível afirmar que cidadania formal está 
distante da real.
A cidadania ganhou espaço no debate social com a luta pelos direitos civis 
nos séculos XVII e XVIII. Os direitos civis estavam ligados à garantia da liberdade 
de expressão, da liberdade religiosa, de ir e vir, da propriedade privada e escolha 
de emprego. Os direitos passaram a ser incluídos nas legislações europeias, porém, 
a noção de cidadania vigente amparava as elites em detrimento do restante da 
população (MARSHALL, 1967).
FIGURA 5 - MARTIN LUTHER KING – LIDERANÇA RECONHECIDA 
 MUNDIALMENTE PELA LUTA PELOS DIREITOS CIVIS 
 NOS ESTADOS UNIDOS
FONTE: Disponível em: <https://umapalavra.files.wordpress.
 com/2008/04/mking.jpg>. Acesso em: 20 ago. 2016.
Os direitos políticos foram consolidados ao longo do processo de 
formação do Estado moderno e a expansão da democracia. Podem ser vistos como 
desdobramentos da conquista dos direitos civis no século XVII, contudo, chegaram 
a boa parte dos países apenas no decorrer do século XX (MARSHALL, 1967).
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
9
FIGURA 6 - MOVIMENTO DIRETAS JÁ! – REPRESENTA LUTA 
 PELAS ELEIÇÕES DIRETAS NO BRASIL
FONTE: Disponível em: <http://i0.statig.com.br/
 bancodeimagens/bo/y3/65/
 boy365zqjzk10prnc80q6kjer.jpg>. Acesso em: 20 
 ago. 2016.
Por fim, apenas no século XX os direitos sociais passam a integrar o 
universo da cidadania através da garantia do acesso à saúde, educação, habitação, 
previdência, transporte coletivo, acesso ao Judiciário, lazer, entre outros 
(MARSHALL, 1967).FIGURA 7 - MOVIMENTO “REMOÇÃO – MEGAEVENTOS E 
 MILITARIZAÇÃO” - LUTA PELO DIREITO À 
 MORADIANO BRASIL
FONTE: Disponível em: <https://memorialatinacupula.files.
 wordpress.com/2013/07/004.jpg?w=470&h=313>. 
 Acesso em: 20 ago. 2016.
Caro acadêmico, como mencionado no início do texto, a cidadania real está 
distante da realidade da grande maioria da população. Bittar (2004) descreve essa 
realidade ao avaliar a presença da cidadania na América Latina na virada do século 
XX para o XXI, pois a camada mais pobre da população não tem acesso pleno aos 
direitos civis e sociais. Em outras palavras:
[...] a real identidade da palavra cidadania, com o acento que se quer 
conferir ao termo, reflete exatamente essas preocupações, significando, 
portanto, algo mais que simplesmente direitos e deveres políticos, e 
ganhando a dimensão de sentido segundo a qual é possível identificar 
nas questões ligadas à cidadania as preocupações em torno do acesso às 
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
10
condições dignas de vida. Nessa perspectiva conceitual, o que se quer 
ver é que não é possível pensar em um povo capaz de exercer a sua 
cidadania de modo integral (no sentido político-jurídico) em que ela 
(no conceito aqui assumido) esteja plenamente alcançada e realizada 
em suas instâncias mais elementares de formação e implementação 
de estruturas garantidoras de bens, serviços, direitos, instituições e 
instrumentos de garantia da existência da vida e da dignidade (BITTAR, 
2004, p. 18).
É preciso, ainda, ressaltar a visão de senso comum da luta pela cidadania como 
garantia de privilégios àqueles que pela meritocracia não os alcançaram. Essa visão 
ignora as desigualdades promovidas pela estratificação social e as dívidas históricas, 
por exemplo, em relação à escravidão e questão dos afrodescendentes no Brasil.
4 A INCLUSÃO COMO PROMOÇÃO DA CIDADANIA E 
RESPEITO À DIVERSIDADE
A diversidade representa muito mais que as múltiplas culturas, diferentes 
classes sociais e orientações sexuais. O debate sobre diversidade trouxe para 
as escolas de ensino regular novos sujeitos, até então restritos a outros espaços 
escolares. A política de inclusão tornou mais desafiador para educadores e gestores 
levar o discurso do respeito à diversidade para a prática.
Contudo, a política de inclusão por si só não garante a inclusão como realidade 
nas escolas brasileiras. O caminho a ser percorrido coloca diante de nós, educadores, a 
superação de barreiras construídas ao longo de anos de exclusão e preconceito social.
É importante uma parada para reflexão. A charge a seguir mostra que nossa 
sociedade não está preparada para a plena inclusão social. Quais são os desafios 
que você observa para a inclusão em nosso país, no seu estado, no município e no 
seu bairro?
FIGURA 8 - INCLUSÃO SOCIAL
FONTE: Disponível em: <https://linhaslivres.files.
 wordpress.com/2013/10/charge-do-rico-
 inclusc3a3o-social.jpg>. Acesso em: 25 ago. 
 2016.
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
11
A inclusão escolar é um tema polêmico, especialmente quando consideramos 
a responsabilidade delegada ao professor em relação à inclusão. Mesmo que 
prevista na legislação e garantida na escola através das políticas educacionais, a 
inclusão permanece uma fonte de constantes discussões.
Questionamentos a respeito do tema atravessam diálogos entre professores 
nos mais diversos momentos: como planejar para uma turma com sujeitos tão 
diferentes? Como atender tantos alunos ao mesmo tempo e incluir os alunos 
especiais? Tratar o aluno especial igual aos demais? Ou dar atenção especial a 
esses alunos? Simplesmente permitir que o aluno frequente a escola é o mesmo 
que incluir?
No Brasil, há uma política de inclusão que norteia esses processos nas 
escolas, a concepção da política inclusiva aponta para a necessidade de superar a 
visão excludente do sujeito com necessidades especiais. Para alcançar esse propósito 
a inclusão é entendida como uma forma de repensar a educação e transformar a 
sociedade, ou seja, a inclusão é social, não é tarefa apenas para o professor em sala 
de aula, mas para toda a sociedade. A educação inclusiva deve atender a todos 
através de uma pedagogia voltada para a criança.
O princípio é que as escolas devem acolher a todas as crianças, incluindo 
crianças com deficiências, superdotadas, de rua, que trabalham, de 
populações distantes, nômades, pertencentes a minorias linguísticas, 
étnicas ou culturais, de outros grupos desfavorecidos ou marginalizados. 
Para isso, sugere que se desenvolva uma pedagogia centrada na relação 
com a criança, capaz de educar com sucesso a todos, atendendo às 
necessidades de cada um, considerando as diferenças existentes entre 
elas (MEC, 2005 apud PAULON; FREITAS; PINHO, 2005, p. 20).
Dessa forma, a inclusão é fundamental para compreender a questão da 
diversidade na educação. Afinal, compreender a diversidade exige reconhecê-la 
em suas mais variadas expressões e incorporá-la ao cotidiano escolar numa prática 
pedagógica voltada para a construção da cidadania.
LEITURA COMPLEMENTAR
Pluralidade Cultural nos PCN
Justificativa
É sabido que, apresentando heterogeneidade notável em sua composição 
populacional, o Brasil desconhece a si mesmo. Na relação do país consigo mesmo, 
é comum prevalecerem vários estereótipos, tanto regionais quanto em relação a 
grupos étnicos, sociais e culturais. Historicamente, registra-se dificuldade para 
se lidar com a temática do preconceito e da discriminação racial/étnica. O país 
evitou o tema por muito tempo, sendo marcado por “mitos” que veicularam 
uma imagem de um Brasil homogêneo, sem diferenças, ou, em outra hipótese, 
promotor de uma suposta “democracia racial”. Na escola, muitas vezes, há 
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
12
manifestações de racismo, discriminação social e étnica, por parte de professores, 
de alunos, da equipe escolar, ainda que de maneira involuntária ou inconsciente. 
Essas atitudes representam violação dos direitos dos alunos, professores e 
funcionários discriminados, trazendo consigo obstáculos ao processo educacional, 
pelo sofrimento e constrangimento a que essas pessoas se veem expostas.
Movimentos sociais, vinculados a diferentes comunidades étnicas, 
desenvolveram uma história de resistência a padrões culturais que estabeleciam 
e sedimentavam injustiças. Gradativamente conquistou-se uma legislação 
antidiscriminatória, culminando com o estabelecimento, na Constituição Federal 
de 1988, da discriminação racial como crime. Mais ainda, há mecanismos de 
proteção e promoção de identidades étnicas, como a garantia, a todos, do pleno 
exercício dos direitos culturais, assim como apoio e incentivo à valorização e 
difusão das manifestações [...]
Mesmo em regiões onde não se apresente uma diversidade cultural tão 
acentuada, o conhecimento dessa característica plural do Brasil é extremamente 
relevante, pois, ao permitir o conhecimento mútuo entre regiões, grupos e 
indivíduos, consolida o espírito democrático. Da mesma forma, tratar de aspectos 
referentes à discriminação social mesmo em locais onde as situações de exclusão 
não se manifestam diretamente ou pelo menos não de maneira dramática, permitirá 
formar a criança e o adolescente para a responsabilidade social de cidadão que 
participa dos destinos do país como um todo, direcionando a proposta para a busca 
de soluções. A demanda social existe há muito tempo, a urgência é inadiável [...].
A criança na escola convive com a diversidade e poderá aprender com 
ela. Frequentemente, contudo, as escolas acabam repercutindo, sem qualquer 
reflexão, as contradições que a habitam. A escola no Brasil, durante muito tempo 
e até hoje, disseminou preconceitode formas diversas. Conteúdos indevidos e até 
errados, notadamente presentes em livros que têm sofrido críticas fundamentadas, 
constituem assunto que merece constante atenção. Também contribuía para essa 
disseminação de preconceitos certa mentalidade que vinha privilegiar certa 
cultura, apresentada como a única aceitável e correta, como também aquela 
que hierarquizava culturas entre si, como se isso fosse possível, sem prejuízo da 
dignidade dos diferentes grupos produtores de cultura. Amparada pelo consenso 
daquilo que se impôs como se fosse verdadeiro, o chamado, criticamente, “mito 
da democracia racial”, a escola muitas vezes silencia diante de situações que fazem 
seus alunos alvo de discriminação, transformando-se facilmente em espaço de 
consolidação de estigmas [...].
O reconhecimento da complexidade que envolve a problemática social, 
cultural e étnica é o primeiro passo. Tal reconhecimento aponta a necessidade de a 
escola instrumentalizar-se para fornecer informações mais precisas para questões 
que vêm sendo indevidamente respondidas pelo senso comum, quando não 
ignoradas por um silencioso constrangimento [...]
Do ponto de vista educacional, o que se busca é sobretudo a transformação 
de atitudes, e não a repetição de slogans. Do ponto de vista social, este tema vem 
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
13
das forças sociais e para elas retorna na possibilidade de parceria e recriação da 
proposta. Espera-se com isso colaborar na consolidação democrática do Brasil, 
prestando uma homenagem àqueles que constituíram e constituem este país, com 
suas vidas e seus trabalhos, suas histórias de sofrimentos e lutas, de conquistas 
e perdas, ressaltando que o patrimônio humano da nação é o bem maior a ser 
cuidado, protegido e promovido.
FONTE: Parâmetros Curriculares Nacionais – vol. 10 Pluralidade Cultural. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro101.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2015.
Orientação Sexual no PCN
Justificativa
A discussão sobre a inclusão da temática da sexualidade no currículo das 
escolas de primeiro e segundo graus tem se intensificado a partir da década de 70 
por ser considerada importante na formação global do indivíduo. Com diferentes 
enfoques e ênfases há registros de discussões e de trabalhos em escolas desde a 
década de 20. A retomada contemporânea dessa questão deu-se juntamente com os 
movimentos sociais que se propunham, com a abertura política, a repensar sobre 
o papel da escola e dos conteúdos por ela trabalhados. Mesmo assim não foram 
muitas as iniciativas, tanto na rede pública como na rede privada de ensino [...]
As manifestações de sexualidade afloram em todas as faixas etárias. Ignorar, 
ocultar ou reprimir são as respostas mais habituais dadas pelos profissionais da 
escola. Essas práticas se fundamentam na ideia de que o tema deva ser tratado 
exclusivamente pela família. De fato, toda família realiza a educação sexual de 
suas crianças e jovens, mesmo aquelas que nunca falam abertamente sobre isso. O 
comportamento dos pais entre si, na relação com os filhos, no tipo de “cuidados” 
recomendados, nas expressões, gestos e proibições que estabelecem são carregados 
de determinados valores associados à sexualidade que a criança apreende [...]
Não é apenas em portas de banheiros, muros e paredes que se inscreve a 
sexualidade no espaço escolar; ela “invade” a escola por meio das atitudes dos 
alunos em sala de aula e da convivência social entre eles [...]
Sabe-se que as curiosidades das crianças a respeito da sexualidade são 
questões muito significativas para a subjetividade, na medida em que se relacionam 
com o conhecimento das origens de cada um e com o desejo de saber. A satisfação 
dessas curiosidades contribui para que o desejo de saber seja impulsionado ao 
longo da vida, enquanto a não satisfação gera ansiedade e tensão. A oferta, por 
parte da escola, de um espaço em que as crianças possam esclarecer suas dúvidas 
e continuar formulando novas questões contribui para o alívio das ansiedades 
que muitas vezes interferem no aprendizado dos conteúdos escolares. Se a escola 
que se deseja deve ter uma visão integrada das experiências vividas pelos alunos, 
buscando desenvolver o prazer pelo conhecimento, é necessário que ela reconheça 
que desempenha um papel importante na educação para uma sexualidade ligada 
à vida, à saúde, ao prazer e ao bem-estar que integra as diversas dimensões do 
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
14
ser humano envolvidas nesse aspecto. O trabalho sistemático e sistematizado de 
Orientação Sexual dentro da escola articula-se, portanto, com a promoção da saúde 
das crianças e dos adolescentes [...].
O trabalho de Orientação Sexual também contribui para a prevenção de 
problemas graves, como o abuso sexual e a gravidez indesejada. As informações 
corretas aliadas ao trabalho de autoconhecimento e de reflexão sobre a própria 
sexualidade ampliam a consciência sobre os cuidados necessários para a prevenção 
desses problemas. Finalmente, pode-se afirmar que a implantação de Orientação 
Sexual nas escolas contribui para o bem-estar das crianças e dos jovens na vivência 
de sua sexualidade atual e futura.
FONTE: Parâmetros Curriculares Nacionais. v. 10 Orientação Sexual. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro102.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2015.
Educação com qualidade social nas DNC
Construir a qualidade social pressupõe conhecimento dos interesses sociais 
da comunidade escolar para que seja possível educar e cuidar mediante interação 
efetivada entre princípios e finalidades educacionais, objetivos, conhecimentos e 
concepções curriculares. Isso abarca mais que o exercício político-pedagógico que 
se viabiliza mediante atuação de todos os sujeitos da comunidade educativa, ou 
seja, efetiva-se não apenas mediante participação de todos os sujeitos da escola – 
estudante, professor, técnico, funcionário, coordenador –, mas também, mediante 
aquisição e utilização adequada dos objetos e espaços (laboratórios, equipamentos, 
mobiliário, salas-ambiente, biblioteca, videoteca, ateliê, oficina, área para práticas 
esportivas e culturais, entre outros) requeridos para responder ao projeto político-
pedagógico pactuado, vinculados às condições/disponibilidades mínimas 
para se instaurar a primazia da aquisição e do desenvolvimento de hábitos 
investigatórios para construção do conhecimento. A escola de qualidade social 
adota como centralidade o diálogo, a colaboração, os sujeitos e as aprendizagens 
[...] A qualidade social da educação brasileira é uma conquista a ser construída 
coletivamente, de forma negociada, pois significa algo que se concretiza a partir da 
qualidade da relação entre todos os sujeitos que nela atuam direta e indiretamente. 
Significa compreender que a educação é um processo de produção e socialização da 
cultura da vida, no qual se constroem, se mantêm e se transformam conhecimentos 
e valores. Produzir e socializar a cultura inclui garantir a presença dos sujeitos 
das aprendizagens na escola. Assim, a qualidade social da educação escolar supõe 
encontrar alternativas políticas, administrativas e pedagógicas que garantam o 
acesso, a permanência e o sucesso do indivíduo no sistema escolar, não apenas 
pela redução da evasão, da repetência e da distorção idade-ano/série, mas também 
pelo aprendizado efetivo.
FONTE: Diretrizes Curriculares Nacionais. Educação com qualidade 
social. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=15547-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf-
1&Itemid=30192>. Acesso em: 15 ago. 2016.
15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A conquista dos direitos humanos é resultado da luta de movimentos sociais que 
buscaram garantir o acesso de todos à cidadania.• A garantia dos direitos humanos requer o respeito às diversidades.
• A igualdade pode ser concebida em três níveis: a igualdade formal, a igualdade 
material em relação à justiça social e a igualdade material em relação ao 
reconhecimento das identidades.
• O direito à educação é reconhecido internacionalmente através do artigo 26º da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
• O direito à educação no Brasil é previsto na Constituição Federal de 1988 como 
direito do cidadão e dever do Estado.
• As políticas educacionais brasileiras preveem o direito à diversidade e à inclusão 
de todos os cidadãos.
• A inclusão social é fundamental para o exercício da cidadania.
• A educação inclusiva deve atender a todos através de uma pedagogia centrada 
no sujeito.
16
AUTOATIVIDADE
1 A política de inclusão é responsável por orientar as práticas pedagógicas 
voltadas para o respeito da diversidade e o exercício da cidadania. 
Considerando essa política, analise as afirmações e assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) A política de inclusão manteve o curso das ações pedagógicas existentes 
no país.
b) ( ) A inclusão é uma forma de pensar a educação visando transformar o 
universo da escola.
c) ( ) A inclusão é de responsabilidade do professor e deve ocorrer no espaço 
da sala de aula.
d) ( ) A educação inclusiva supera a visão excludente do sujeito com necessidades 
especiais.
2 Os direitos humanos são contemplados pela cidadania formal e são garantidos 
pela legislação, porém, sua conquista foi resultado da luta de diversos 
movimentos sociais em diferentes momentos da história. Considerando os 
diferentes tipos de direitos humanos, classifique as afirmações utilizando o 
código a seguir:
I – Direitos civis.
II – Direitos políticos.
III – Direitos sociais.
( ) Direitos consolidados no século XX, garantem o acesso à saúde, educação, 
moradia, previdência etc.
( ) Direitos ligados à liberdade de expressão conquistados ao longo dos séculos 
XVII e XVIII.
( ) Direitos consolidados ao longo da formação do Estado moderno a partir do 
século XVII, porém, chegaram à maioria dos países no século XX.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) ( ) I – III – II.
b) ( ) III – I – II.
c) ( ) II – III – I.
d) ( ) III – II – I.
3 A igualdade pode ser considerada a partir de três categorias que representam 
o reconhecimento das diversidades e a superação das desigualdades e da 
exclusão social. A partir dessas categorias, analise as afirmações e classifique 
V para verdadeiras e F para falsas:
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( ) A igualdade material representa a fórmula todos são iguais perante a lei.
( ) A justiça social e distributiva representa a igualdade formal.
( ) A igualdade formal representou o fim de privilégios sociais.
( ) A igualdade material representa o reconhecimento das identidades.
( ) Os critérios de raça, etnia e gênero dizem respeito à igualdade material.
Agora, assinale a alternativa que representa a sequência CORRETA:
a) ( ) F – F – V – V – V.
b) ( ) F – V – F – F – V.
c) ( ) V – F – V – F – F.
d) ( ) V – V – F – F – V.
Assista ao vídeo de
resolução da questão 2
Assista ao vídeo de
resolução da questão 3
18
19
TÓPICO 2
DIVERSIDADE COMO CONCEITO: 
CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE 
DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O termo diversidade ganha espaço em diferentes abordagens e contextos 
sociais. A multiplicidade das relações sociais se constituiu ao longo do tempo como 
um campo fértil para debates teóricos e lutas dos movimentos sociais em busca de 
direitos e reconhecimento de suas identidades.
Neste tópico você será apresentado às noções de diversidade e identidade 
em diversos contextos sociais e às principais categorias de diversidade – cultural, 
social, política, econômica, étnica, de gênero – que compõem o debate sobre 
educação e diversidade na atualidade.
2 DIVERSIDADE: CONCEITOS E ABORDAGENS
Você já deve ter se deparado e feito uso do termo diversidade inúmeras 
vezes em seu cotidiano. Contudo, como compreender o conceito de diversidade? 
Qual o papel da diversidade na sociedade atual? Quais relações sociais são 
representadas pelos conceitos e abordagens que se referem à diversidade? Variadas 
são as reflexões que surgem diante de nós quando nos deparamos com a ideia de 
diversidade. 
FIGURA 9 - DIVERSIDADE
FONTE: Disponível em: <http://semanadabiologiauffs.
 blogspot.com.br/p/minicursos-diversa.html>. 
 Acesso em: 9 jul. 2016.
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
20
Podemos identificar no campo conceitual abordagens que remetem à 
diversidade a partir das noções de cultura, gênero, etnia, religião, deficiências, 
questões econômicas, entre outras. No Dicionário Aurélio o termo diversidade 
se refere à: “1. qualidade do diverso. 2. variedade (em oposição à identidade); 
multiplicidade”. Considerando o significado do termo é fundamental reconhecer 
que a sociedade é formada por indivíduos diversos e cabe à educação reconhecer e 
respeitar a diversidade, além de formar a cidadania baseada nesse princípio. 
Inicialmente, é importante destacar que debater a questão da diversidade 
não é tarefa simples. Nosso contexto social, seja pela legislação vigente, seja pelas 
consequências da globalização, apresenta-se num universo variado de indivíduos 
e relações sociais. 
Para iniciar nossos estudos, vamos observar como o antropólogo Clifford 
Geertz apresenta o debate da diversidade no cenário das mudanças sociais no 
âmbito da cultura, reconhecendo que os usos do conceito são desafiadores.
Os usos da diversidade cultural, de seu estudo, sua descrição, análise e 
compreensão dependem menos de separarmos nós mesmos dos outros 
e os outros de nós para defesa da integridade do grupo e manutenção 
da lealdade do grupo do que de definir o terreno a ser percorrido pela 
razão se as suas modestas recompensas tiverem de ser alcançadas 
e apreciadas. Esse terreno é desigual, cheio de falhas repentinas e 
passagens perigosas onde acidentes podem acontecer e acontecem, e 
cruzá-lo, ou tentar, pouco ou nada faz para torná-lo seguro, nivelado 
e sem barrancos, mas apenas torna visível seus contornos e fissuras 
(GEERTZ, 1999, p. 29).
Partindo da reflexão de Geertz (1999), sobre a cultura, reconhecemos 
os desafios de adentrar às discussões sobre diversidade e, ao mesmo tempo, a 
necessidade de seguir esse caminho para reconstruir as relações sociais em uma 
perspectiva inclusiva.
A diversidade se apresenta de diferentes formas, podemos reconhecer 
elementos da diversidade nas relações sociais que envolvem cultura, identidade, 
gênero e estratificação social, por exemplo. A cultura é uma das noções mais 
presentes nas ciências humanas e podemos definir cultura como:
As formas de vida dos membros de uma sociedade ou de grupos dentro 
da sociedade [...] aqueles aspectos da cultura que são antes aprendidos 
do que herdados. Esses elementos culturais são compartilhados por 
membros da sociedade e tornam possível a cooperação e a comunicação. 
Formam um contexto comum em que os indivíduos numa sociedade 
vivem suas vidas. A cultura de uma sociedade compreende tanto 
aspectos intangíveis – as crenças, as ideias e os valores que formam o 
conteúdo da cultura –, como também aspectos tangíveis – como objetos, 
os símbolos ou a tecnologia que representam esse conteúdo (GIDDENS, 
2005, p. 38).
A diversidade cultural encontra-se nas variações das práticas e dos 
comportamentos humanos, ou seja, vai além da variedade de elementos que 
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
21
compõem a cultura de um determinado grupo social. Além disso, é importante 
ressaltar que a cultura tem simultaneamente o papel de perpetuar os elementos 
culturais e promovera criatividade e as mudanças desses elementos (GIDDENS, 
2005).
Meu nome é Khan (2010). Direção de Karan Johar.
O filme “My Name is Khan” conta a história de Rizvan Khan, 
um indiano com síndrome de Asperger, um tipo de autismo. 
Depois que se muda para os Estados Unidos, Khan se 
apaixona por Mandira, uma cabeleireira separada que vive 
com o filho Sameer (Sam). Khan é maometano e Mandira, 
hindu, mas suas diferenças religiosas não impedem que se 
casem. Os problemas começam com o 11 de setembro, 
quando passam a ser atacados por sua origem étnica e 
devido a generalizações preconceituosas. Depois de sofrer 
bullying por parte de colegas, Sam é morto em uma briga, 
e Mandira, revoltada, culpa o marido, e lhe diz que ele só 
poderia voltar depois que dissesse ao presidente da república 
que ele não é um terrorista, e que o filho dela também não 
era. Rizvan interpreta isso literalmente, e empreende uma 
peregrinação para ter sua esposa de volta.
FONTE: Psicologia e cinema. Disponível em: <http://www.psicologiaecinema.
com/2012/02/meu-nome-e-khanhtml>.Acesso em: 13 ago. 2016.
DICAS
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
22
A boa mentira (2014). Direção de Phillipe Falardeau.
Entre 1983 e 2005, durante os terríveis anos da Guerra Civil que 
assolou o Sudão, estima-se que mais de dois milhões de pessoas 
tenham perdido a vida. Em busca de abrigo, um sem-número 
de famílias deixou as suas casas e seguiu em direção a campos 
de refugiados. Devido à situação caótica em que viviam, perto 
de 27 mil crianças foram separadas dos pais, fazendo o trajeto 
sozinhas. Eram estes os "lost boys/girls", crianças de todas as 
idades que, fugindo aos perigos e, muitas vezes, acompanhadas 
pelos irmãos, percorriam milhares de quilômetros para alcançar 
os campos. Alguns anos mais tarde, um esforço humanitário 
levou para os EUA algumas destas crianças.
1993. Mamere e Theo são filhos do chefe de uma pequena 
aldeia no Sul do Sudão. Quando um ataque das milícias destrói 
toda a aldeia e lhes mata os pais, Theo é forçado a liderar um 
grupo de jovens sobreviventes e levá-los para um lugar seguro. 
Nesse árduo percurso, vão encontrando outras crianças em fuga. Entre elas está Jeremiah, 
de 13 anos, um rapaz inteligente e destemido que os ajuda a chegar com vida ao campo 
de refugiados de Kakuma, no Quênia. Anos mais tarde, Mamere, Theo e Jeremiah têm a 
oportunidade de deixar o campo e de se estabelecerem na América. Ao chegarem a Kansas 
City, no Missouri, são recebidos por Carrie Davis, que foi incumbida de os ajudar a retomar 
as suas vidas. Para ela, esta será uma oportunidade de perceber como a generosidade e o 
despojamento podem fazer realmente a diferença na vida de alguém.
FONTE: Cinecartaz. Disponível em: <http://cinecartaz.publico.pt/Filme/338964_a- 
boa-mentira>. Acesso em: 13 ago. 2016.
As variações culturais remetem à formação de diferentes características 
que formam as identidades sociais.
A identidade social refere-se às características que são atribuídas a 
um indivíduo pelos outros. Elas podem ser vistas como marcadores 
que indicam quem, em um sentido básico, essa pessoa é. Ao mesmo 
tempo, esses marcadores posicionam essa pessoa em relação a outros 
indivíduos que compartilham dos mesmos atributos (GIDDENS, 2005, 
p. 44, grifos do original).
A identidade social pode ser reconhecida através de várias características 
do sujeito.
São exemplos de identidade social o estudante, a mãe, o advogado, o 
católico, o sem-teto, o asiático, o disléxico, o casado e assim por diante. 
Muitos indivíduos têm identidades sociais que compreendem mais do 
que um atributo. Uma pessoa poderia ser simultaneamente uma mãe, 
uma engenheira, muçulmana e uma vereadora (GIDDENS, 2005, p. 44).
DICAS
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
23
Diante do exposto, fica claro o desafio que essas relações significam para a 
educação. E, ao mesmo tempo, como a educação e a produção do conhecimento só 
podem ser construídas através do diálogo e do contato com o outro, com a dúvida 
e com as necessidades sociais que promovem as inovações.
3 OS DESAFIOS DA DIVERSIDADE NA ATUALIDADE
 
As características que compõem as identidades sociais refletem as 
multiplicidades e as pluralidades sociais. Diante dessa pluralidade, grupos com 
identidades próximas se organizam pelas características comuns. Os movimentos 
sociais configuram uma poderosa forma de organização capaz de formar 
significados.
Múltiplas identidades sociais refletem as muitas dimensões das vidas 
das pessoas. [...] As identidades sociais, portanto, envolvem uma 
dimensão coletiva. Elas marcam as formas pelas quais os indivíduos 
são ‘o mesmo’ que os outros. As identidades compartilhadas – baseadas 
em um conjunto de objetivos comuns, de valores ou de experiências 
– podem formar uma base importante para os movimentos sociais 
(GIDDENS, 2005, p. 44). 
Entretanto, a diversidade cultural e o reconhecimento das diversas 
identidades não significam que as relações sociais sejam harmônicas em nossa 
sociedade. Muito pelo contrário, diariamente observamos em nosso cotidiano ou 
nos noticiários situações de desigualdades, violência e conflitos sociais decorrentes 
do preconceito e da perspectiva etnocêntrica.
O que é etnocentrismo?
Etnocentrismo é uma visão do mundo em que o nosso próprio grupo é tomado como 
centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, 
nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser 
visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de 
estranheza, medo, hostilidade etc. Perguntar sobre o que é etnocentrismo é, pois, indagar 
sobre um fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto 
elementos emocionais e afetivos. No etnocentrismo, estes dois planos do espírito humano 
– sentimento e pensamento – vão juntos compondo um fenômeno não apenas fortemente 
arraigado na história das sociedades como também facilmente encontrável no dia a dia 
das nossas vidas. Assim, a colocação central sobre o etnocentrismo pode ser expressa 
como a procura de sabermos os mecanismos, as formas, os caminhos e razões, enfim, 
pelos quais tantas e tão profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos, 
imagens e representações que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós. Este 
problema não é exclusivo de uma determinada época nem de uma única sociedade. Talvez 
o etnocentrismo seja, dentre os fatos humanos, um daqueles de mais unanimidade. Como 
NOTA
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
24
uma espécie de pano de fundo da questão etnocêntrica temos a experiência de um choque 
cultural. De um lado, conhecemos um grupo do “eu”, o “nosso” grupo, que come igual, veste 
igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos 
deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à 
vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, 
de repente, nos deparamos com um “outro”, o grupo do “diferente” que, às vezes, nem sequer 
faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como 
possíveis. E, mais grave ainda, este “outro” também sobrevive à sua maneira, gosta dela, 
também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.
FONTE: ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo? Coleção Primeiros Passos. 
São Paulo: Brasiliense: 1988.
As desigualdades raciais fazem parte da formação histórica da sociedade 
brasileira. O modelo de desenvolvimento econômico, aliado à escravidão no período 
colonial, configuraram um padrão de exclusão social dos negros persistente até os 
dias de hoje. Podemos observar que tal padrão foi reproduzido mesmo diante da 
expansão damodernidade e do capitalismo no país (FERNANDES, 1973).
Ainda segundo Fernandes (2008), há um mito da democracia racial no 
Brasil, pois a ideia de uma democracia racial foi utilizada para reafirmar uma 
idealizada relação harmoniosa entre brancos e não brancos. Esse mito fez com que 
a crença na meritocracia se consolidasse em relação à questão racial. Seguindo 
esse pensamento, cabe ao negro superar com seu esforço pessoal as contradições 
sociais.
O contexto apresentado acima pode ser compreendido através da análise 
dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que demonstram 
a persistência da desigualdade racial apesar das conquistas sociais das últimas 
décadas.
IBGE: mesmo com conquistas, desigualdade racial é alta
Novos dados do Censo Demográfico 2010 divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, dia 
17, mostram que a desigualdade racial diminuiu pouco no Brasil no que se refere à educação 
e renda. Os brancos, assim como no Censo de 2000, seguem recebendo salários mais altos e 
estudando mais que os negros (pretos e pardos).
Essa realidade é mais acentuada na região Sudeste do país, onde os rendimentos recebidos 
pelos brancos correspondem ao dobro dos pagos aos pretos. A menor diferença é observada 
na região Sul, onde a população branca ganha 70% mais que aquela que se autodeclarou preta.
A pesquisa mostra também que os brancos dominam o Ensino Superior no país e que ainda 
há diferenças relevantes na taxa de analfabetismo entre as categorias de cor e raça. Enquanto 
para o total da população a taxa de analfabetismo é de 9,6%, entre os brancos esse índice cai 
para 5,9%. Já entre pardos e pretos a taxa sobe para 13% e 14,4%, respectivamente.
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
25
Outro dado revelado mostra que cerca de 70% da população brasileira tem relacionamentos 
amorosos com pessoas do mesmo grupo de cor ou raça. Entre os brancos, grupo mais 
“fechado”, 69,3% se unem a pessoas da mesma cor. Eles são seguidos pelos pardos, com 
68,5%, indígenas (65%) e pretos (45,1%).
Quanto à escolha de parceiros relacionada ao grau de escolaridade, a pesquisa revela 
que a maioria dos homens (82,9%) e das mulheres (85,3%) sem instrução ou com Ensino 
Fundamental incompleto se relacionam com pessoas com a mesma situação educacional.
Em números gerais, 68,2% das pessoas uniram-se a outras de mesmo nível de instrução (em 
2000, esse percentual era de 63%), sendo que 47% dos homens com diploma universitário 
escolhem parceiras com o mesmo grau de escolaridade. No caso das mulheres, o índice 
sobe para 51,2%.
FONTE: Revista Brasileiros. IBGE: mesmo com conquistas, desigualdade racial 
é alta. Disponível em: <http://brasileiros.com.br/2012/10/ibge-mesmo-com-
conquistas-desigualdade-racial-e-alta/>. Acesso em: 20 ago. 2016.
A diversidade de gênero também é foco de estudo nas ciências humanas e, 
atualmente, o debate sobre a presença de tal temática nos currículos escolares vem 
ganhando espaço e gerando polêmica, em todo o Brasil.
Essa temática será retomada na Unidade 3 – O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO 
COTIDIANO ESCOLAR – do caderno de estudos. 
A noção de gênero é socialmente construída e são atribuídos papéis e 
identidades diferentes para homens e mulheres na sociedade. Contudo, as divisões 
de gênero são carregadas de intencionalidade, dificilmente são concepções neutras, 
pois na grande maioria das sociedades representam formas de estratificação social:
O gênero é um fator crucial na estruturação dos tipos de oportunidades 
e de chances de vida enfrentadas pelos indivíduos e por grupos, 
influenciando fortemente os papéis que eles representam dentro das 
instituições sociais, desde os serviços domésticos até o Estado. Embora 
os papéis de homens e mulheres variem de cultura para cultura, não há 
nenhuma instância conhecida de uma sociedade em que as mulheres 
são mais poderosas que os homens (GIDDENS, 2005, p. 107).
A divisão entre homens e mulheres ainda permanece como característica 
marcante nos debates sobre diversidade. Observamos avanços consideráveis nas 
últimas décadas na luta pela igualdade de gênero. Porém, mesmo diante desses 
avanços, a desigualdade de gênero permanece como base para as desigualdades 
sociais (GIDDENS, 2005).
ESTUDOS FU
TUROS
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
26
A reflexão de gênero incorpora a dimensão da sexualidade e das 
influências sociais nos padrões de sexualidade. A heterossexualidade é o padrão de 
envolvimento emocional para a maioria das sociedades e configura, nesses casos, 
o fundamento do casamento e da família. Por outro lado, a homossexualidade faz 
parte de relações afetivas em todas as culturas (GIDDENS, 2005).
Teoria Queer, o que é isso?
Queer é uma palavra inglesa, usada por anglófonos há quase 400 anos. Na Inglaterra havia até 
uma “Queer Street”, onde viviam, em Londres, os vagabundos, os endividados, as prostitutas 
e todos os tipos de pervertidos e devassos que aquela sociedade poderia permitir. O termo 
ganhou o sentido de “viadinho, sapatão, mariconha, marimacho” com a prisão de Oscar 
Wilde, o primeiro ilustre a ser chamado de “queer”.
Desde então, o termo passou a ser usado como ofensa, tanto para homossexuais, quanto 
para travestis, transexuais e todas as pessoas que desviavam da norma cis-heterossexual. 
Queer era o termo para os “desviantes”. Não há em português um sinônimo claro. Talvez, 
como propõe a professora Berenice Bento, possamos pensar o queer como “transviado”.
Para saber mais sobre a teoria queer e suas implicações nas discussões de gênero, leia a 
reportagem completa no link abaixo.
FONTE: Teoria Queer, o que é isso? Disponível em: <http://www.revistaforum.
com.br/osentendidos/2015/06/07/teoria-queer-o-que-e-isso-tensoes-entre-
vivencias-e-universidade/>. Acesso em: 12 ago. 2016.
Diante desse contexto, observamos atitudes de intolerância em relação à 
homossexualidade construídas socialmente desde o passado. Somente nos últimos 
anos podemos observar que tabus vêm sendo desconstruídos: “a homossexualidade 
não é uma doença e não está distintamente associada com quaisquer formas 
de distúrbios psiquiátricos. Os homossexuais masculinos não estão limitados a 
nenhum setor ocupacional específico, como o de cabeleireiro, da decoração de 
interiores e das artes” (GIDDENS, 2005, p. 122). No entanto, persistem preconceitos 
em relação à questão de gênero e à sexualidade, por exemplo: “[...] como termos 
racismo e sexismo, o heterossexismo refere-se ao processo pelo qual as pessoas 
não heterossexuais são categorizadas e discriminadas em função de sua orientação 
sexual. A homofobia descreve um temor aos indivíduos homossexuais e também o 
desdém por eles” (GIDDENS, 2005, p. 122).
A luta pela garantia de direitos e pelo reconhecimento legal permitiu uma 
maior normalização da homossexualidade. Tais lutas garantiram o reconhecimento 
em vários países da união homoafetiva reconhecida pelo Estado. Contudo, a luta 
da maior parte dos ativistas é pelo reconhecimento da normalidade, o direito de 
serem reconhecidos como pessoas normais (GIDDENS, 2005).
DICAS
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
27
Hoje eu quero voltar sozinho (2014). Direção de Daniel Ribeiro.
O premiado filme de Daniel Ribeiro poderia ser apenas mais uma obra sobre o despertar 
da sexualidade na adolescência, se não fosse por duas importantes variantes: Léo, o 
protagonista, é cego e começa a gostar de Gabriel, um estudante de sua sala, de quem se 
torna amigo. Claudia Mogadouro selecionou o filme em sua lista de 15 filmes nacionais para 
crianças e adolescentes verem em cada momento do desenvolvimento.
Segundo a especialista, é uma boa obra para passar para estudantes do Ensino Médio. “O 
tema da homossexualidade pode trazer nervosismoe, com isso, piadas de mau gosto. 
Sem reprimi-las, sugere-se que as aproveite para discutir a homofobia em nossa cultura. 
O filme também trata do desejo de autonomia em relação aos pais, o que é comum 
entre os adolescentes. Mas a deficiência visual de Léo potencializa esse problema, dando 
a oportunidade de se discutir a relativa e crescente autonomia que os adolescentes vão 
conquistando à medida que amadurecem”.
FONTE: 13 filmes para debater diversidade 
 sexual e de gênero. Disponível em: 
 <http://educacaointegral.org.br/
 noticias/filmes-para-debater-
 diversidade-sexual-de-genero/>. 
 Acesso em: 12 ago. 2016.
A estratificação social e, consequentemente a diversidade, podem ser 
configuradas pela situação econômica de um determinado grupo. As classes sociais 
são responsáveis pela estratificação econômica em nossa sociedade (GIDDENS, 
2005).
Podemos definir uma classe como um agrupamento, em larga escala, de 
pessoas que compartilham recursos econômicos em comum, os quais 
influenciam profundamente o tipo de estilo de vida que podem levar. A 
posse de riquezas, juntamente com a profissão, são as bases principais 
das diferenças de classe (GIDDENS, 2005, p. 234).
A divisão da sociedade capitalista em classes, comumente conhecida como 
classe alta, classe média e classe baixa, conforma uma realidade de exclusão social 
dos mais pobres. A exclusão social diz respeito às formas pelas quais os indivíduos 
podem acabar isolados, sem um envolvimento integral na sociedade mais ampla. 
DICAS
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
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Mais abrangente que o conceito de classe baixa, tem ainda vantagem de 
enfatizar os processos – mecanismo de exclusão. Por exemplo, pessoas 
que moram em um conjunto habitacional dilapidado, com escolas de 
baixa qualidade e poucas chances de emprego no local, podem não 
encontrar efetivamente as oportunidades de autoaperfeiçoamento da 
maioria das pessoas na sociedade (GIDDENS, 2005, p. 265).
Além da diferenciação em relação ao termo classe baixa, a noção de 
exclusão social também contribui para identificar relações além da noção de 
pobreza: “Também é diferente da pobreza propriamente dita, concentrando sua 
atenção sobre uma ampla variedade de fatores que impedem que os indivíduos ou 
os grupos tenham as mesmas oportunidades que estão abertas para a maioria da 
população” (GIDDENS, 2005, p. 234).
A exclusão social pode ser consequência de diferentes relações sociais. 
As relações de exclusão e inclusão podem ser compreendidas como econômicas, 
políticas ou sociais.
FIGURA 10 - TIPOS DE EXCLUSÃO SOCIAL
FONTE: Giddens (2005, p. 265-267)
Exclusão econômica: 
Indivíduos e comunidades 
podem ser excluídos da 
economia no que diz 
respeito à produção e 
ao consumo. Quanto ao 
aspecto da produção, o 
emprego e a participação 
no mercado de trabalho 
são centrais para a 
inclusão. [...] A exclusão 
da economia também 
pode se dar em termos 
de padrões de consumo, 
ou seja, com relação ao 
que as pessoas adquirem, 
consomem e utilizam na 
sua vida diária.
Exclusão política: 
A participação popular 
e contínua na política é 
o alicerce dos estados 
democráticos liberais. Os 
cidadãos são estimulados 
a manterem uma atitude 
consciente quanto às 
questões políticas, a 
levantarem sua voz em 
apoio ou em protesto, 
a contarem com seus 
representantes eleitos para 
assuntos importantes, e a 
participarem do processo 
político em todos os níveis. 
Porém, uma participação 
política ativa pode estar 
fora do alcance dos 
indivíduos socialmente 
excluídos, a quem podem 
faltar informações, as 
oportunidades e os 
recursos necessários para o 
envolvimento no processo 
político.
Exclusão social: 
A exclusão também pode 
ser sentida no domínio da 
vida social e comunitária. 
Áreas que sofram de um 
alto grau de exclusão 
social podem contar com 
instalações comunitárias 
limitadas, como parques, 
quadras de esportes, 
centros culturais e teatros. 
Os níveis de participação 
cívica são muitas vezes 
baixos. Além disso, 
famílias e indivíduos 
excluídos podem ter 
menos oportunidades de 
lazer, viagens e atividades 
fora de casa. A exclusão 
social também pode 
significar uma rede social 
limitada ou frágil, que 
leva ao isolamento e ao 
contato mínimo com os 
outros.
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
29
A exclusão social no Brasil decorre de um contexto mais amplo que compõe 
a origem do povo brasileiro, pois nossa formação histórica é resultado de um 
processo de exclusão social construído pela imigração europeia, pela escravidão 
e tráfico dos escravos. Essas características tornaram problemática a dimensão da 
cidadania no país (BITTAR, 2004).
Podemos observar que as relações sociais que fomentam as desigualdades 
descritas até esse momento refletem as formas como diferentes indivíduos se 
relacionam e como veem o outro.
Preste atenção na música a seguir, analise a mensagem que ela transfere.
O Homem Que Não Tinha Nada (part. Negra Li) - Projota
 
O homem que não tinha nada acordou bem cedo
Com a luz do Sol já que não tem despertador
Ele não tinha nada, então também não tinha medo
E foi ‘pra’ luta como faz um bom trabalhador
O homem que não tinha nada enfrentou o trem lotado
Às sete horas da manhã com sorriso no rosto
Se despediu de sua mulher com um beijo molhado
‘Pra’ provar do seu amor e pra marcar seu posto
O homem que não tinha nada tinha de tudo
Artrose, artrite, diabetes e o que mais tiver
Mas tinha dentro da sua alma muito conteúdo
E mesmo sem ter quase nada ele ainda tinha fé
O homem que não tinha nada tinha um trabalho
Com um esfregão limpando aquele chão sem fim
Mesmo que alguém sujasse de propósito o assoalho
Ele sorria alegremente, e dizia assim
O ser humano é falho, hoje mesmo eu falhei
Ninguém nasce sabendo, então me deixe tentar (me deixe tentar)
O ser humano é falho, hoje mesmo eu falhei
Ninguém nasce sabendo (ninguém), então me deixe tentar
O homem que não tinha nada tinha Marizete
Maria Flor, Marina, Mário, que era o seu menor
Um tinha nove, uma doze, outra dezessete
A de quarenta sempre foi o seu amor maior
O homem que não tinha nada tinha um problema
Um dia antes mesmo foi cortada a sua luz
Subiu no poste experiente, fez o seu esquema
Mas à noite reforçou o pedido ‘pra’ Jesus
ATENCAO
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
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O homem que não tinha nada seguiu a sua trilha
Mesmo caminho, mesmo horário, mas foi diferente
Ligou ‘pra’ casa ‘pra’ dizer que amava sua família
Achou que ali já pressentia o que vinha na frente
O homem que não tinha nada
Encontrou outro homem que não tinha nada
Mas este tinha uma faca
Queria o pouco que ele tinha, ou seja, nada
Na paranoia, ‘noia’ que não ganha te ataca
O homem que não tinha nada agora já não tinha vida
Deixou ‘pra’ trás três filhos e sua mulher
O povo queimou pneu, fechou a avenida
E escreveu no asfalto "saudade do Josué"
O ser humano é falho, hoje mesmo eu falhei
Ninguém nasce sabendo, então me deixe tentar (me deixe tentar)
O ser humano é falho, hoje mesmo eu falhei
Ninguém nasce sabendo (ninguém), então me deixe tentar
Então me deixe tentar
Então me deixe tentar
Então me deixe tentar
Além disso, frequentemente, as ações sociais têm sido marcadas por 
discursos que formam imperativos antiéticos, como:
1. “você deve concorrer e ser vencedor, preferencialmente o melhor, 
eliminando os demais”;
2. “você deve agir segundo seus interesses individuais, pois nunca 
compensa pensar nos interesses alheios”;
3. “você deve tomar cuidado com estranhos, desconhecidos e não 
identificados”;
4. “você deve lutar muito para se afirmar em sociedade”;
5. “você deve se relacionar somente com gente

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