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GESTÃO DE SEGURANÇA . 
 
 
 
 
 
 
SEGURANÇA FÍSICA. SISTEMAS DE PROTEÇÃO. 
 
 
HISTÓRIA, METODOLOGIA E DOUTRINA. 
 
 
3ª EDIÇÃO - REVISTA E AMPLIADA 
(ISBN: 85-7579-027-7) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paulo Roberto Aguiar Portella 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
 
JANEIRO/2011 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
CAPÍTULO I – RAÍZES HISTÓRICAS E CONCEITOS. 
1.1 – Introdução ........................................................................................................ 5 
1.2 – A Segurança Física .......................................................................................... 31 
1.3 – Segurança e garantia. Elementos de doutrina ................................................... 32 
1.4 – Segurança Física. Campos de atividades .......................................................... 34 
1.5 – Conceitos fundamentais .................................................................................... 34 
 
CAPÍTULO II – A SEGURANÇA PRIVADA. 
2.1 – Antecedentes .................................................................................................... 36 
2.2 – O futuro da segurança privada .......................................................................... 38 
2.3 - A doutrina da segurança privada.........................................................................40 
2.4 – A segurança privada no Brasil 40 
2.5 - O mercado clandestino e ilegal .......................................................................... 47 
2.6 - Ética .................................................................................................................. 50 
 
CAPÍTULO III – DECISÃO E RESPONSABILIDADE. 
3.1 – O processo decisório ......................................................................................... 54 
3.2 – Responsabilidades. Caráter endógeno e exógeno. ............................................ 55 
3.3 – Criticidade e vulnerabilidade ............................................................................ 57 
3.4 – A corrente de proteção, seus elementos e sistemas .......................................... 59 
3.5 – Uma organização de segurança física. .............................................................. 61 
 
CAPÍTULO IV – RESPONSABILIDADES E RISCOS. 
4.1 – As responsabilidades. Os incidentes e os acidentes. ......................................... 64 
 4.2 – Os riscos 67 
4.3 – A Proteção necessária. Defesa em Profundidade. 84 
4.4 - A prevenção de riscos …………………………………………………….…. 89 
 
 
4.5 – Conceitos fundamentais……………………………………………………... 90 
 
CAPÍTULO V – BARREIRAS PERIMETRAIS. 
5.1 – Generalidades ................................................................................................... 91 
5.2 – Especificações ................................................................................................... 93 
5.3 – Postes e extensões ............................................................................................. 93 
5.4 – Outras barreiras ................................................................................................. 95 
5.5 – Portões e outras aberturas ................................................................................. 96 
5.6 – Zonas livres ....................................................................................................... 97 
CAPÍTULO VI – ILUMINAÇÃO DE PROTEÇÃO. 
6.1 – Generalidades .................................................................................................... 98 
6.2 – Tipos ................................................................................................................ 99 
6.3 – Unidades de iluminação .................................................................................... 100 
6.4 – Padrões de iluminação ..................................................................................... 101 
6.5 – Controles e manutenção .................................................................................... 103 
CAPÍTULO VII – ALARMES. 
7.1 – Alarmes e sensores de proteção ....................................................................... 105 
7.2 – Tipos ................................................................................................................. 106 
7.3 – Condições .......................................................................................................... 110 
 
CAPÍTULO VIII – COMUNICAÇÕES DE PROTEÇÃO. 
8.1 – Generalidades .................................................................................................... 113 
8.2 – Tipos ................................................................................................................. 114 
8.3 – Os recursos ........................................................................................................ 115 
 
CAPÍTULO IX – GUARDAS. 
9.1 – Generalidades .................................................................................................... 117 
9.2 – Efetivo de guardas ............................................................................................ 118 
9.3 – Limitações ......................................................................................................... 119 
9.4 – Qualificações .................................................................................................... 120 
9.5 – Treinamento ...................................................................................................... 123 
9.6 – Organização ...................................................................................................... 125 
 
 
9.7 – Ordens ............................................................................................................... 126 
9.8 – Relatórios .......................................................................................................... 127 
9. 9 –Conduta e estratégia de emprego ………………………………………… 128 
9.10 – Emergências .................................................................................................... 129 
9.11 – Forças de fins múltiplos .................................................................................. 130 
9.12 – Cães de guarda ................................................................................................ 131 
9.13 – Supervisão …………………………………………………...……………. 132 
 9.14 - A questão das drogas ………………………………………………...…… 135 
 
CAPÍTULO X – IDENTIFICAÇÃO E CONTROLES DE EMPREGADOS E VISITANTES. 
10.1 – Identificação .................................................................................................... 138 
10.2 – Fiscalização ..................................................................................................... 143 
10.3 – Controles e registros ....................................................................................... 144 
 
CAPÍTULO XI – CONTROLE DE VEÍCULOS, DOCUMENTOS E MATERIAIS ESPECIAIS. 
11.1 – Controle de veículos ....................................................................................... 149 
11.2 – Monitoração ................................................................................................... 151 
11.3 – Controle de documentos e materiais especiais……………………..………. 151 
 
CAPÍTULO XII – BLINDAGENS. 
 12.1 – Generalidades ………………………………………..…………………….. 156 
 12.2 –Blindagem e seus materiais ……………………………………………… 156 
 12.3 – Normatização ………………………………………………………….… 158 
 
 
CAPÍTULO XIII – SEGURANÇA DE DADOS E SISTEMAS. 
 
13.1 – As ameaças .................................................................................................... 160 
13.2 – As medidas ..................................................................................................... 161 
13.3 – Os dispositivos legais ……………………….……………………………. 164 
 
 CAPÍTULO XIV – SEGURANÇA FÍSICA E SEGURANÇA PÚBLICA. 
14.1 – A segurança das instalações ............................................................................ 166 
 
CAPÍTULO XV – PLANEJAMENTO DE SEGURANÇA FÍSICA 
15.1 – Técnicas de redação ........................................................................................ 168 
 
 
15.2 – O processo de planejamento ........................................................................... 170 
15.3 – Relatório inicial (memento) ............................................................................ 175 
15.4 – Informações gerais sobre o memento ............................................................. 177 
15.5 – Análise de riscos ............................................................................................. 178 
15.6 – Diagnóstico ..................................................................................................... 180 
15.7 – Planejamento das garantias ............................................................................. 182 
 
CAPÍTULO XVI – POSIÇÃO DOUTRINÁRIA…………………………………………….186 
 
BIBLIOGRAFIA: ................................................................................................................... 191
 
 
5 
CAPÍTULO I – RAÍZES HISTÓRICAS E CONCEITOS 
 
1.1 – INTRODUÇÃO 
 
 O conhecimento acadêmico a respeito das instituições de segurança, até o quartel final 
do século passado, foi restrito praticamente ao que seus integrantes haviam escrito e se constituíam 
de histórias contadas ou de breves notícias. Até muito recentemente, salvo poucas e pontuais 
exceções, nem historiadores nem cientistas sociais haviam reconhecido a existência dessas 
instituições, nem mesmo do importante papel que elas representaram e ainda representam na vida 
social. 
 É dentro dessas limitações que procuraremos abordar o surgimento e o desenvolvimento 
dessas instituições, conceituadas muito amplamente como conjunto de pessoas autorizadas ao uso 
de força física (real ou por ameaça), para regular as relações interpessoais dentro de um grupo 
social, mediante autorização desse grupo, muito provavelmente como a grande conquista do 
processo civilizatório da humanidade, quando a urbanização da sociedade fez o homem 
experimentar a alteridade, a segurança material e afetiva e a proteção social. 
A palavra segurança é derivada dos advérbios latinos secure e securus, originalmente 
significando sem preocupação, em segurança ou isento de perigo. Modernamente tanto é utilizada 
significando um estado de ausência de perigo, como uma atividade para afastamento de 
riscos/perigos e até mesmo para denominar os próprios instrumentos de proteção. 
A atividade segurança, entendida como capacidade de ação humana, teve 
provavelmente início na transição da Era Paleolítica
1
 para a Era Mesolítica
2
, quando o homem 
percebeu a necessidade de se proteger contra os riscos oferecidos pela natureza e por seus 
semelhantes. Essa atividade evoluiu gradativamente ao longo da história humana, até configurar-se 
como função vital para a sobrevivência da espécie, provavelmente entre o final da Era Mesolítica e 
o início da Era Neolítica
3
, quando o homem passou a obedecer a códigos de conduta e procurar 
mediação para resolver suas demandas, abolindo a barbárie das primeiras comunidades agrícolo-
pastoris e iniciando uma fase civilizatória na qual habitaria cidades, nas quais construiria casas, 
templos, túmulos e palácios, para abrigar um conjunto social instituído em hierarquias de 
governantes e governados, onde as regras que regulariam o comportamento humano em sociedade 
 
1
 - Em torno de 60.000 anos a.C. 
2
 - Em torno de 12.000 anos a.C. 
3
 - Em torno de 7.000 anos a.C. Inicialmente regulado por códigos de conduta religiosa e costumeira, depois por códigos 
escritos, cujo exemplar mais antigo é o Código de Hamurabi, na antiga Mesopotâmia, por volta do ano 1.700 a.C. 
 
 
6 
usariam como vias de operação ou como cadeia de transmissão, os mitos, a religião, as tradições e 
os costumes, até desembocar na coerção institucional escrita. 
A função
 
 segurança, entendida como capacidade de ação humana organizada, se 
desenvolve como processo evolutivo originado na atividade individual e isolada, adquirindo 
aspectos mais elaborados dentro dos grupos, até aparecer como responsabilidade administrativa ou 
de governo, como observado nas cidades gregas do século VI a.C. sendo ampliada no Império 
Romano
4
, entrando em decadência na Idade Média Inicial
5
, vindo a recuperar-se no final da Alta 
Idade Média
6
, consolidando-se durante o Absolutismo, para se aperfeiçoar e se modernizar a partir 
do Renascimento europeu. 
O que aqui se almeja é a identificação do início da atividade e da função segurança, 
caracterizando instituições que, de alguma forma, tiveram como atribuição a execução de ações que 
hoje identificam a atividade genérica de segurança: as ações de inteligência 
(informação/investigação), de prevenção, de coerção/dissuasão/mediação e de assistência. Para 
tanto é necessário que se compreenda essa função e sua dupla originalidade. Se por um lado é 
instituição de proteção e controle social, por outro lado se constitui em clara afirmação de 
autoridade. 
Os historiadores de uma forma geral, costumam relacionar a capacidade de pensamento 
abstrato e do uso da linguagem com a forma de vida grupal cooperativa e o possível começo 
grosseiro das instituições sociais num período histórico em torno da Era Paleolítica Inferior. Nesta 
ocasião o homem primitivo abandonou suas práticas nômades de coletor e pilhador de alimentos e 
paulatinamente assumiu a atitude de caçador, agricultor e de pastor, estabelecendo vida sedentária. 
É nesta fase organizativa da vida social, onde já domestica alguns animais (o cão, com uma 
razoável margem de certeza), que o homem primitivo passa a conviver com suas primeiras 
preocupações a respeito da natureza como suprema expressão da espontaneidade, que indiferente à 
vida humana, não raro é hostil aos seres pertencentes ao seu reino, causando-lhes dano e 
desconforto. 
O homem, preocupado em proteger-se das intempéries e tendo já noções incipientes de 
segurança/insegurança, interessado em proteção relacionada ao que consumia, ao que acumulava e 
com a preservação de suas primitivas instituições grupais, ergue construções primitivas com o 
objetivo de proteger-se. Movido pelo sentimento gregário, organiza agrupamentos de moradia ainda 
ordenadas por mero instinto, dando origem às primeiras aldeias, sendo que algumas dessas se 
 
4
 - Do séc. I a.C. ao séc. V d.C. 
5
 - Do final do Império Romano do Ocidente ao séc. X. 
6
 - Séc. X I ao séc. XIII. 
 
 
7 
desenvolvem, alcançando um grande número de edificações e seguindo uma disposição mais 
ordenada. Com o passar do tempo e com os avanços do conhecimento humano, novos parâmetros 
de ordem, funcionalidade e segurança chegam como expressão de racionalidade, apesar do cenário 
físico da vida urbana tanto propiciar padrões de organização social, quantopropiciar violência, 
poluição e exposição de desigualdades. É muito provável que esteja localizada entre a Era 
Neolítica
7
 e a Idade dos Metais
8
 a utilização do cão já domesticado e de algum tipo de paliçada ou 
cercamento como elementos de segurança desses agrupamentos, o que ficou registrado em pinturas 
rupestres. 
Provavelmente nesta época, grupos de indivíduos foram autorizados a empregar a força 
física (real ou por ameaça) para regular as relações interpessoais dentro do grupo social a que 
pertenciam (famílias, clãs, tribos, grupos de interesse, comunidades territoriais, etc.). É muito 
provável que, desde o final da pré-história
9
 os grupamentos humanos estivessem sujeitos a 
diferentes tipos de sistemas de segurança, cada qual definido por um tipo diferente de unidade 
social existente, onde o uso interno da força (dentro da unidade social) fosse aceito como legítimo. 
É também muito provável, que a mente humana tenha evoluído dentre outras coisas, 
para acreditar e aceitar o sobrenatural, decorrendo que essa aceitação significou uma grande 
vantagem por toda a pré-história, quando o cérebro humano estava evoluindo. Com a crescente 
organização e complexidade das diversas sociedades que se formavam, a fé tornou-se um poderoso 
fator de união, pois acreditar nos mesmos deuses foi a base do surgimento das primeiras 
civilizações, onde ser estrangeiro significava antes de tudo, venerar outros deuses. A fé religiosa 
como fenômeno humano, tornou-se um instrumento de coesão social, mas também de dominação 
interna e de conquistas externas. Os sistemas religiosos criados representaram uma enorme 
vantagem para os que governavam, pois o regramento que a todos submetia tinha origem 
admitidamente divina, provindo de um mesmo núcleo sagrado da mesma origem dos governantes, 
cujas origens funcionais encontram-se nas funções sagradas e sobrenaturais dos primitivos xamãs 
ou sacerdotes, que ao conduzir a prática religiosa e estabelecer as ligações com as divindades, 
acabaram pela prática, poderes e autoridade acumuladas, tornando-se também os condutores das 
guerras, da mediação dos conflitos e por fim, da administração da sociedade que se formava. 
Nas sociedades que se formaram neste alvorecer da humanidade, num período 
compreendido pela Era Paleolítica Superior
10
 e o final da última Glaciação
11
 e como conseqüência 
 
7
 -Em torno de 7.500 a 5.000 a.C. 
8
 -Após 3.500 a.C. 
9
 - Era ágrafa, isto é, sem escrita. 
10
 - Entre 20.000 e 15.000 a.C. 
11
 - Entre 10.000 e 7.500 a.C. 
 
 
8 
de funções cognitivas superiores, muitas atividades humanas dentre elas uma agricultura primitiva e 
atividades de pastoreio começaram a ser praticadas e a produzir excedentes acumuláveis, que por 
conseqüência passaram a requerer uma atividade que assegurasse suas integridades, seja contra os 
efeitos da natureza, seja contra ações de seus semelhantes. Provavelmente nessa época estão 
localizadas as primeiras noções de atividade de segurança como capacidade de ação humana para 
preservar bens e valores, fundamentalmente diferente dos procedimentos anteriores, baseados no 
natural instinto de preservação e de defesa, comum a todo reino animal. 
Essa nova prática, embrionariamente fundamentada em proteção e controle, era apoiada 
no conceito de autoridade, um racionalismo cujos rudimentos já se faziam presentes na vida social 
da pré-história. Não importa aqui discutir o problema filosófico da autoridade, no que diga respeito 
à sua justificação
12
, pois qualquer que seja o fundamento admitido, os conceitos de proteção, 
controle e autoridade estarão presentes e unidos, a partir daí e ao longo de toda a história do 
homem. 
As primeiras civilizações ocidentais, surgidas nos vales dos rios Tigre, Eufrates e Nilo, 
que nos legaram memória tradicional ou escrita, registram a existência de leis, tribunais e de 
impostos ou tributos. Para impor o cumprimento dessas leis, para que os tribunais cumprissem suas 
funções e executassem suas decisões e para possibilitar a cobrança de impostos, essas civilizações 
teriam que possuir um corpo de proteção, que embora não tivesse essa destinação exclusiva, a 
executava de forma quase rotineira. Essas sociedades ainda pouco complexas, de uma forma geral, 
tiveram por costume atribuir a um grupo de pessoas escolhidas ou a funcionários administrativos e a 
seus exércitos, as funções de execução das leis, de cobrança de tributos e de manutenção da ordem. 
Os governantes, de uma forma geral, mantinham grupos armados. Por vezes para repelir invasores e 
sempre para manter a ordem instituída e defender a autoridade do Estado. Assim ocorreu nas 
civilizações Mesopotâmica e Persa, como também nas Hebraica, Egípcia, Hitita, Minóica e 
Miceniana, até o apogeu das sociedades ditas complexas, como a grega e a romana. 
Isto diz respeito tanto às instituições públicas quanto às instituições privadas, sendo 
razoável acreditar-se que as organizações de segurança tiveram originalmente caráter privado 
(compostas por cidadãos), não eram especializadas (possuíam outras atribuições) e não eram de 
caráter profissional (no sentido de não possuir preparo específico para realizar atividades de 
segurança e exercer habitualmente outra ocupação). É desse período histórico, possivelmente em 
torno do século VI a.C, que Fustel de Coulanges, citando o político e orador ateniense 
 
12
 - São distintas as seguintes doutrinas fundamentais: a Natureza ( o mais forte ou dominante), a Divindade (a ligação 
com o sobrenatural) e o Contrato (o consenso daqueles sobre os quais a autoridade é exercida). 
 
 
9 
Demóstenes
13
, in Timotheum, nos informa da existência da função polícia, dentre as magistraturas 
de Atenas, no período chamado de Democracia: 
“Vinham a seguir, os magistrados especialmente criados pela 
democracia, que não eram sacerdotes e velavam pelos interesses 
materiais da cidade. Primeiro os dez estrategos que se ocupavam 
dos problemas da guerra e da política; depois os dez astínomos que 
cuidavam da polícia; os dez agorânomos, que vigiavam os 
mercados da cidade e do Pireu; os quinze sitofilaces, que cuidavam 
da venda do trigo; os quinze metrônomos, que controlavam os 
pesos e as medidas; os dez guardas do tesouro; os dez recebedores 
de impostos e os onze encarregados da execução das sentenças.” 
Fustel de Coulanges (2000, p.262). 
A fundação da República em Roma
14
 já encontrou na cultura romana as Guardas 
Pretorianas
15
, os Lictores e os Magistrados encarregados de ministrar justiça, cumprir éditos e 
guardar tribunais e prisões. Essas guardas também executavam a função de proteção dos seus 
generais e das famílias patrícias. Durante o período republicano, cabia ao Senado de Roma a 
responsabilidade pela manutenção da ordem na capital e nas províncias; em Roma uma das 
magistraturas era atribuída a um Senador, que exercia a função de Prefeito
16
 e era responsável pela 
ordem na capital. No século III a.C. a aplicação da Lei romana era deixada a cargo dos cidadãos. As 
vítimas e seus familiares tinham permissão para capturar os que lhes tivessem feito mal e 
administrar a punição correspondente ou levar os acusados aos magistrados, geralmente com a 
ajuda de parentes e amigos, que então decidia ou não pela culpa e os devolvia aos seus captores 
para aplicação da punição que a Lei
17
 permitia, inclusive morte, escravidão ou pagamentos 
financeiros 
Quando Otaviano
18
 tornou-se Princeps no ano 27 a.C., liberou o Senado romano da 
responsabilidade da administração civil do Império, assumindo ele mesmo essa responsabilidadee 
para tal, criou o cargo de Praefectus Urbi, que tinha a responsabilidade dentre outras, de 
 
13
 -Considerado o maior dos oradores da antigüidade grega, viveu entre 384 e 322 a.C. 
14
 - Século VI a.C. 
15
 -Milícias no sentido primitivo do termo. Tropa diretamente sob as ordens do Comandante supremo do exército 
romano (magistrado supremo ou pretor). Na era imperial, tropas que salvaguardavam o poder imperial e protegiam 
fisicamente o Imperador, no formato criado por Otávio Augusto (Otaviano), em 27 a.C. 
16
 - Em latim Praefectus, part.pass. do verbo praeficio, significando por à frente ou estabelecer como chefe. Prefeito, 
governador, administrador, intendente ou chefe. Título também atribuído aos governadores de províncias romanas. 
17
 -Ius Civile e a Lei das Doze Tábuas. 
18
 - César Augusto, sobrinho-neto e herdeiro de Júlio César. 
 
 
10 
manutenção da ordem, contando para isso com um Praefectus Vigilium
19
 que dispunha de uma 
tropa composta por três coortes (regimentos). Por volta do ano 6 d.C., Roma institucionalizou uma 
força de segurança, que ficou conhecida por Vigiles, a qual por volta do século III d.C. já estava 
instalada por toda a capital, em postos fixos e ocupando-se do patrulhamento diurno e noturno, 
sendo essa a primeira estrutura pública de segurança, suficientemente documentada. 
Nos séculos I e II da nossa era, a segurança pública no Império Romano teve um caráter 
distintamente militar. Nas cidades ficavam aquarteladas tropas militares, denominadas Coortes
20
, 
com efetivo variável de 600 a 700 homens. As que executavam funções de polícia metropolitana 
eram chamadas de Vigiles e seus membros atuavam como policiais e como bombeiros, por vezes 
auxiliadas por milícias convocadas pelos magistrados, entre os cidadãos. Aos governos das 
Províncias romanas cabia o dever de perseguir os saqueadores de templos, salteadores de estradas, 
raptores e ladrões e puni-los, segundo a transgressão cometida. Quando a integração jurídica do 
império foi completada no séc. III.
21
, ampliando o direito de cidadania romana para todos os súditos 
livres, cabia a funcionários civis da administração imperial e às guarnições provinciais do exército 
romano a função de manutenção da ordem. 
No século I na Judéia, então província romana governada por Poncio Pilatos, além das 
centúrias romanas, também atuavam nas tarefas de segurança as guardas e milícias locais, como a 
guarda do templo do Sumo Sacerdote, em Jerusalém, conforme citado no Novo Testamento, no 
evangelho segundo São João (Jo, 18, 3.12), quando narra a prisão de Jesus, por ordem do Sumo 
Sacerdote Caifás: 
"………………………………………………………………… 
3. Judas, tomando um destacamento de soldados e alguns 
guardas cedidos pelos Sumo Sacerdote e fariseus, veio com lanternas e 
fachos e armas. 
………………………………………………………………… 
………………………………………………………………… 
12. Então o destacamento de soldados com o seu comandante, 
bem como os guardas judeus, prenderam Jesus e o amarraram. " 
 
 Em pontos mais afastados do império, como na Ásia Menor, as tarefas de segurança 
eram atribuídas a um funcionário civil denominado Irenarca, que dirigia um corpo de segurança 
 
19
 - Correspondente a Chefe de Polícia. 
20
 - Geralmente Coortes Auxiliares, encarregadas de deveres policiais (Vigiles), compostas por 06 Centúrias, cada uma. 
21
 -Decreto Imperial do ano 212 d.C. 
 
 
11 
não-militar. Também no Egito sob dominação romana, havia uma força policial bastante elaborada, 
bem distinta das tropas de ocupação, resultado da herança Ptolomáica
22
. A rede de estradas do 
império, já bastante sofisticadas e eficientes para a época, recebia a proteção de tropas que 
ocupavam seus pontos de convergência, denominados de stationes. 
A queda do Império Romano do Ocidente
23
, com a invasão dos povos bárbaros e a 
dissolução do poder imperial (central) possibilitou, se não condicionou, o surgimento do 
Feudalismo
24
 no espaço físico europeu e que caracterizou o que se convencionou chamar de Idade 
Média
25
. O enfraquecimento do poder central possibilitou que os senhores feudais fizessem guerras, 
cobrassem impostos, cunhassem moedas e administrassem justiça, o que anteriormente era 
prerrogativa imperial. O comércio passou a ter características locais e as populações ficaram a 
mercê dos saques e pilhagens, às vezes por parte do feudo vizinho ou dos estrangeiros, caso não 
tivessem a proteção do senhor do seu feudo. O colapso do Império Romano destruiu o sistema de 
segurança estatal e os grupos sociais passaram a valer-se de sistemas privados descentralizados ao 
extremo, como também passaram a ser a soberania política e a autoridade para criar leis. 
A partir da segunda metade do século IX e início do século X, os senhores feudais 
constituíram guardas ou estruturas militares para garantir seus domínios sem dependência de 
mercenários, inicialmente nas cidades, vilas e seu entorno, depois em campanhas pelo interior. No 
século XI observou-se um acentuado aumento da população européia, o renascimento da indústria, 
a ressurreição do comércio de longa distância e o aparecimento da burguesia, fatos que iriam 
modificar profundamente as relações existentes nos séculos seguintes. 
Nos séculos XII e XIII as vilas e cidades tiveram grande crescimento e desenvolvimento 
urbano, passando a cercar-se por muralhas. O mercado consumidor cresce vertiginosamente e 
aparecem as primeiras Comunas
26
; nelas organizaram-se as primeiras milícias, sendo instituída a 
vigilância noturna no interior das cidades medievais, que nesta época, foram cercadas por muralhas 
(muitas só o foram sob o efeito de guerras). Em conseqüência, muitas aldeias e vilas foram 
fortificadas, sendo a muralha o elemento mais importante da realidade física e simbólica das 
cidades medievais. Embora seja provável que motivos de segurança tenham dado origem à sua 
construção, nem por isso deixaram de constituir – inspirados nos modelos dos muros antigos ou 
lendários que definiam o espaço sagrado da cidade – o elemento essencial da tomada de consciência 
 
22
 - Algumas dessas eram tropas mais ou menos romanizadas de governantes-clientes dos romanos; outras foram 
recrutadas e formadas pelos próprios romanos. 
23
 --Século V d.C. 
24
 -Sistema sócio-político-econômico fundamentado na desigualdade social, na hierarquização da sociedade e nas 
relações servis de produção. 
25
 -Séculos V ao XV. 
26
 -Cidades que possuíam maior grau de autonomia em relação ao senhor feudal. 
 
 
12 
urbana na Idade Média. Nesta época em que a violência tornou-se endêmica, a segurança era um 
encargo do senhor feudal, em contrapartida ao dever que os servos tinham em relação ao senhor. 
O fato de estar ou não sob a proteção nominal de um senhor feudal, não significava 
porém estar livre de perigos, daí o surgimento e proliferação de Ordens Religiosas Militares entre os 
séculos XII e XIV, que atuaram como forças policiais ou de segurança, tanto nas vilas e cidades 
como principalmente na escolta armada para peregrinos, dignitários e para a transferência de 
valores. Dentre essas ordens, ressaltam as dos Templários, dos Hospitalários e dos Cavaleiros 
Teutônicos, pelo papel que desempenharam durante as Cruzadas
27
. 
Na Alta Idade Média, com o crescimento das cidades e como conquista do seus 
habitantes, estes assumiram por vontade própria e por concessão dos senhores feudais os encargos 
de vigilância e manutenção das muralhas e de suas portas, que em geral foram distribuídos entreas 
corporações de ofícios nela existentes. Porém, as cidades permaneceram sob a sombra do castelo 
senhorial, com as funções de repressão conservadas através da distribuição da alta justiça do senhor, 
das prisões, do pelourinho e do patíbulo. O prefeito da cidade e os escabinos (conselheiros), 
símbolos do exercício do poder da cidade, encarregavam-se da vigilância das portas e da vigilância 
noturna, recrutavam e comandavam a milícia comunal, bem como provinham o pagamento destes. 
Le Goff
28
 retrata o quadro existente em Paris na época: 
“A cidade empreende em meados do século XIII, a instauração de um sistema de 
policiamento, que coloca em primeiro plano o princípio do inquérito, em que a perseguição do 
crime se torna uma obrigação pública”. Jacques Le Goff (1992, p.175). 
O urbanismo medieval que caminha a passos lentos, segue agora visando quatro vetores 
principais: a limpeza, a regularidade, a beleza e a segurança. O grande perigo naquelas cidades era o 
incêndio; os quatro maiores crimes a evitar eram o incêndio, o roubo, o homicídio e o estupro. 
O século XIV é marcado pelo fortalecimento do poder real, que impõe a moeda real 
como meio de troca; que institui os tribunais reais superiores aos tribunais do feudo; a burguesia é 
fortalecida em detrimento da nobreza, surgindo os Estados Nacionais com seus exércitos 
encarregados da proteção do território, dos súditos e da manutenção da ordem interna. É dessa 
época a instituição do cheque bancário, inicialmente por necessidade de segurança, para evitar o 
transporte à longa distância de grandes valores, por caminhos inseguros; as casas bancárias já 
operantes desde o século anterior, começam a autorizar seus clientes a transferir fundos entre si, de 
praças diversas, sem que o dinheiro real mudasse de mãos; essas transferências escriturais, iniciadas 
 
27
 -Nome dado às expedições empreendidas entre os séculos XI e XII pela Europa cristã, contra os turcos muçulmanos 
que ocupavam Jerusalém. 
28
 -O mais importante historiador francês contemporâneo. 
 
 
13 
por ordens verbais por volta do ano de 1400, passaram a ser feitas mediante ordens escritas, como 
antecessoras do cheque atual. Por outro lado é o período marcado por guerras, fome e pestes. Já 
nesta época, às forças militares competiam a captura e a guarda dos infratores da Lei, a guarda das 
cidades (perímetro amuralhado e das portas), a guarda dos tribunais, auxílio aos magistrados e 
arrecadadores de impostos, patrulha das estradas e caminhos e uma incipiente atividade de guarda 
territorial. 
Em regra, nos idos entre a queda do Império Romano do Ocidente e o despertar 
medieval, os governos desconheceram teoria, estrutura ou instrumentalidade além do puro exercício 
da força do arbítrio, o que gerou precárias condições sociais e desordem. Neste quadro, o ato de 
governar começou a tomar forma na Idade Média como função reconhecida, com princípios, 
métodos, agências, parlamentos e burocracias, através das quais reagrupou autoridade, criou meios 
e adquiriu capacidade
29
. Gradualmente a soberania e a autoridade foram sendo reagrupadas com o 
aparecimento dos Estados Nacionais e possibilitando o aparecimento de cargos públicos 
diretamente providos pelo poder dos soberanos. Na Inglaterra do século XII apareceram os 
Xerifes
30
 nomeados pelos reis normandos, para administrar a segurança do reino. Para tal, poderiam 
contar com todos os homens saudáveis com idade superior a quinze anos e cobrar impostos 
daqueles que cometessem crimes. Na França do século XII, o Superintendente de Paris auxiliado 
por Comissários Investigadores e Sargentos, comandava uma pequena divisão de tropas militares 
montadas e patrulhas noturnas, das quais participavam todos os cidadãos do sexo masculino. Nessa 
mesma época, foram instituídos pelo monarca Felipe Augusto (1180 a 1223) os Prebostes, oficiais 
senhoriais ou da monarquia, com funções de aplicação da justiça. No século XIV foi criado o cargo 
de Intendente, nomeado e pago pelo Rei, para manter a ordem, administrar a justiça e coletar 
impostos em todo o reino; em Paris e nas demais grandes cidades foi criado o cargo de Tenente-
Geral da Polícia para dirigir uma guarda montada. 
O final da Idade Média, marcado pela queda do Império Romano do Oriente
31
, marca 
também o fortalecimento do poder real em detrimento dos senhores feudais e a consolidação dos 
Estados Nacionais, estabelecendo finalmente a falência do feudalismo e o surgimento do Estado 
Absolutista. É neste cenário que encontramos na França, uma organização chamada Marechausses, 
criada como conseqüência do aparecimento do Estado francês, força militar que durante séculos 
exerceu funções de segurança em todo o território. 
 
29
 - Com base em Tuchman, (p.17). 
30
 -Termo derivado de Shire-Reeve ou Prefeito de Distrito. Funcionário real e encarregado de velar pela Ordem Pública, 
nos Condados. 
31
 -Tomada de Constantinopla pelos turcos muçulmanos, em 29 de maio de 1453, sob o comando do Sultão Mehmed II. 
 
 
14 
Colocada pelos reis sob a responsabilidade dos Marechais, essa organização composta 
por guerreiros disciplinados era encarregada de controlar e vigiar outros guerreiros fugidos e 
entregues a pilhagens e saques. Progressivamente a competência desse gens d’ armes foi alargada 
ao conjunto da população. Sua denominação deriva da sua origem como polícia militar dos 
Marechais em campanha. No século XVI, o Rei Francisco I (1515 a 1547) incumbiu-a de velar pela 
tranqüilidade pública do reino, capturando os bandos de assaltantes e os assassinos que 
aterrorizavam os campos e escapavam à justiça dos tribunais das cidades. 
Nos séculos XVI e XVII, a atividade da organização em muito concorreu para assegurar 
a autoridade real e para a consolidação do Estado nacional. Comandada por um Preboste
32
 com 
poderes judiciários, julgavam eles próprios determinados delitos de menor gravidade e 
apresentavam aos tribunais os acusados de faltas mais graves. 
No final do século XVIII, a instituição já estava desdobrada em todo o território francês, 
implantada em postos fixos com pequenos efetivos e organizada em Brigadas e Companhias. Como 
conseqüência do processo revolucionário de 1789, bem como pelo reconhecimento dos constituintes 
revolucionários, teve sua denominação alterada para Gendarmerie National, designação que até 
hoje guarda. Ainda no século XVII, na sua segunda metade, já existia no reino de França, a função 
de Intendente de Polícia do Reino, com seus comissários e policiais, como nos informa Cathala 
(1975, p.13). 
Como conseqüência das Guerras Napoleônicas, a maior parte dos Estados europeus 
adaptaram ou criaram suas organizações de segurança com base no modelo operado em França
33
, 
excetuando-se neste caso a Inglaterra, os Estados Alemães e o sul da Itália
34
. Ainda como 
conseqüência da tendência da formação dos Estados nacionais e do absolutismo europeu, a 
europeização do Império Russo levada a efeito por Pedro, o Grande, no final do século XVII e 
início do século XVIII, ao firmar seu poder absoluto sobre toda a autonomia regional, criou um 
sistema de polícia nacional em todo o império, como forma de demonstração da autoridade imperial 
e para centralizar a modernização que pretendia realizar na função segurança. 
As dimensões privada e pública da atividade segurança, não como antagônicas mas 
como complementares, de uma forma geral e até o século XVII, nunca foram claramente distintas 
ou de fácil identificação. Nas antigas civilizações pré-helênicas, nas suas contemporâneas e nos 
impérios que depois se consolidaram,nem sempre a atividade pública era claramente distinta da 
atividade privada, se considerado o status dos agentes executores e o locus da execução. A começar 
 
32
 -Um preposto a quem eram delegadas autoridade e competência legal. 
33
 -No período consular de Napoleão, entre 1799 e 1804, já existia na estrutura do governo, o cargo de Ministro de 
Polícia. 
34
 -Somente adotado na totalidade do território após a unificação italiana, em 1861. 
 
 
15 
pelo próprio conceito de Justiça, se pública ou privada. Com a dissolução do Império Romano 
(ocidente) e a instalação do regime feudal, esta noção tornou-se ainda mais confusa, já que o Estado 
Feudal confundia-se com a propriedade do senhor. 
Foi a época da ambigüidade por excelência, inclusive nas relações de poder, onde o rei 
era senhor de seus vassalos e estes eram propriedade sua, mas que por sua vez possuíam seus 
próprios vassalos. Essa cadeia de obrigações e serviços pessoais se estendia ao próprio rei, que 
poderia ser vassalo de outro rei no que se referia a parte de suas terras. No grau mais baixo desta 
cadeia ficavam os escravos, que pouco a pouco evoluíram para a condição de servos, homens não 
livres, presos ao solo do feudo onde nasceram, mas detentores de certos direitos. Em torno do 
século XIV, o despontar de um Estado principesco ou monárquico-centralizador começa a criar 
condições objetivas para o estabelecimento de diferenças entre estruturas públicas e privadas, com a 
ascensão da burguesia ao poder. 
Dificuldades de natureza política, econômica, administrativa e principalmente 
financeira, acumuladas nos três séculos seguintes, irão desaguar em descontentamento com o status 
quo que se cristalizou em duas teorias particulares, expressando as preocupações e as aspirações da 
burguesia européia, já rica e ascendente. A primeira delas foi a Teoria Liberal, de Loche, Voltaire e 
Montesquieu. A segunda, foi a Teoria Democrática de Rousseau. Embora antagônicas, muito 
tiveram em comum. 
Ambas se basearam na premissa de que o Estado era um mal necessário e que o governo 
deveria repousar numa base contratual. Cada qual tinha sua doutrina de soberania popular, ainda 
que com visões diferentes. Ambas sustentavam, em certa medida, os direitos fundamentais dos 
indivíduos e ambas encerravam elementos de atração para os que, por variados motivos, estavam 
insatisfeitos com o estado de coisas vigentes à época. A conseqüência foi revolucionária a partir da 
Independência Americana (1776) e da Revolução Francesa (1789), com a tripartição dos poderes do 
Estado, a separação do religioso e do laico, bem como a separação do público e do privado. A 
distinção entre as atividades públicas e privadas cria condições objetivas também para a fixação de 
critérios distintivos entre os segmentos empenhados nas atividades de segurança, permitindo 
distinguir com maior clareza as iniciativas estatais (segurança pública) e as iniciativas particulares 
(segurança privada). 
Em se tratando do Novo Mundo os esquemas vigentes na Europa se reproduzem, só que 
num espaço de tempo menor. Os colonizadores, até por questão cultural, tratam de reproduzir no 
Continente Americano os esquemas já consagrados e por eles dominados, vigentes nos reinos 
colonizadores que afinal representavam. No que é hoje os EUA, no inicio do século XVI, a 
 
 
16 
colonização se dá com a ocupação francesa ao sul e a inglesa ao norte da costa leste, com a 
instalação de feitorias e colônias. 
 No século XVII e em grande parte do século XVIII, a responsabilidade por fazer 
cumprir as leis foi sendo transferida gradativamente do cidadão comum para o especialista policial, 
com o aparecimento das primeiras organizações do gênero, em ambiente urbano. Nova Iorque, 
ainda com o nome de Nova Amsterdã, criou uma Vigilia Burguesa em 1643, um ano após ter sido 
fundada, porém só passou a pagar por esses serviços em 1712. A Guerra de Independência 
Americana (1776) e a unificação das Treze Colônias favoreceram a formação de forças de 
segurança para a defesa do território e o cumprimento das leis, ainda que baseada na idéia de defesa 
urbana. No interior, meio século depois da independência, as pequenas comunidades (núcleo da 
vida americana) ainda viviam à margem de toda autoridade central, unidas às comunidades vizinhas 
tão somente pelos laços de comércio, religião e cultura, onde prevalecia a idéia da capacidade 
individual e da associação dos cidadãos para cumprir e fazer cumprir as leis. 
Este quadro, que marcou a vida americana nos três primeiros séculos de ocupação 
territorial e que pontificou durante o período da unificação jurídico-administrativa do país, foi 
possível graças a três fatores que puderam superar a contradição entre liberalismo e estrutura 
política: a religião livremente fiel às tradições; a economia sã fundada na moral religiosa e a uma 
elite de homens conscientes dos valores básicos da civilização. Uma religião tanto mais arraigada 
na alma do povo quanto mais livre da contaminação estatal, pois fora justamente para proteger seu 
culto religioso de qualquer interferência governamental que os pioneiros trocaram o velho pelo 
novo mundo. Essa religião, popular e não oficial mas ao mesmo tempo conservadora e apegada às 
tradições, deu unidade moral mais profunda e mais decisiva, abrindo espaço a uma sociedade de 
confiança estruturada numa ética de lealdade, espontânea, de todos para com todos, fundada na 
liberdade para comprar e vender. Essa conjugação de fatores se condicionou e embasou a decisão 
político-jurídico-administrativa que deu margem a um estado totalmente inovador, condicionou 
também as instituições que lhe serviram como aparato estatal, dentre elas o aparelho de segurança à 
disposição do estado, onde conviviam e ainda convivem as organizações privadas e as organizações 
públicas. 
No século XIX, com a marcha para o Oeste, a ocupação do Meio-Oeste e da fronteira do 
Norte, bem como pela ocorrência da Guerra da Secessão (1861), as organizações de segurança 
foram ampliadas e disseminadas pelo território, com a missão principal de patrulha ostensiva 
preventiva e captura de criminosos. A missão de investigação ficava a cargo dos particulares 
(agentes privados), através de detetives contratados e caçadores de recompensas. Nova Iorque, a 
 
 
17 
maior cidade americana no início do século XIX, somente organiza sua força policial no ano de 
1845, com base no Departamento de Polícia criado em 1783. 
Já no final do século XIX e início do século XX, as forças de segurança pública se 
reorganizam e passam a importar modelos europeus de organização e prática policial, 
primeiramente da França e depois da Inglaterra, cuja força policial de Londres fora totalmente 
reformulada em 1829, por iniciativa do Ministro Robert Peel, baseada numa estrutura 
organizacional civil e estável, eficaz, militarmente organizada e sob controle do governo, em 
contraponto ao modelo napoleônico. O que se viu foi um confronto de distintos modelos de 
policiamento: de um lado o modelo anglo-saxão, com polícia descentralizada, não militar e que 
exercia a coerção por consenso; de outro o modelo francês, com polícia de estado, centralizada, 
militar e com baixa aprovação pública. É interessante ressaltar que somente em 1748 foi instituída 
na Inglaterra uma força de segurança de caráter permanente, profissional e remunerada com 
impostos recolhidos dos cidadãos, encarregada das patrulhas nas cidades e estradas, contando com 
investigadores e criadas as cortes de polícia, num modelo claramente inspirado na experiência 
francesa de substituir as milícias privadas dos grandes empresários e proprietários de terras. 
Sabemos que o instintode autoproteção é comum aos integrantes do reino animal, 
dentre eles o homem. Antropólogos e sociólogos observam que o homem, desde seus representantes 
mais primitivos, experimentaram cuidados relativos tanto com a segurança individual como a do 
seu grupo de pertencimento face seus predadores, dentre eles, os seus semelhantes. 
Como atividade individual, os procedimentos de segurança evoluíram na medida das 
tecnologias que descobriu e passou a usar, facilitada pelo comportamento gregário que por instinto 
de defesa passou a adotar. Como função protetiva evoluiu, desde as formas mais primitivas de 
Estado até estruturas mais sofisticadas e modernas, ora como função senhorial, ora como função 
pública, sendo que em determinados períodos, de forma indistinta. 
As instituições de segurança de caráter público são dominantes nos dias de hoje, mas já 
vimos que uma grande parte delas foi originalmente de caráter privado, tendo convivido por um 
bom período como híbridos. Ao longo da história, conviveram estruturas de poder com hierarquias 
concorrentes. De um lado a hierarquia tradicional ou senhorial, caracteristicamente patrimonialista, 
pessoal e individualizada. De outro lado a hierarquia moderna, caracteristicamente pública, 
impessoal e padronizada. É evidente que apesar das instituições de segurança de caráter público dos 
dias atuais sejam, na sua maior parte pagas e dirigidas pelos governos, este fato não inibe o 
emprego de instituições privadas de segurança, cujo emprego cresce enormemente, em particular 
nos países mais industrializados e mais avançados, o que permite concluir que as instituições 
 
 
18 
públicas não suplantaram permanentemente as instituições privadas e que o processo observado seja 
plenamente reversível. 
As instituições de segurança que existiram no Brasil desde o inicio da ocupação 
européia do território, também enquadram-se na questão dicotômica da natureza pública/privada de 
suas organizações. Coexistiram no Brasil durante a época colonial até a independência, diversas 
instituições com encargos de segurança sendo as principais a tropa regular da coroa portuguesa, os 
Regimentos de Milícias e as Companhias de Ordenanças
35
, além do serviço prestado pelos 
“Quadrilheiros.”36 
A tropa regular era um serviço militar, remunerado pela administração colonial e as 
demais, uma conseqüência da política de estímulo ao serviço militar não remunerado e não 
profissional, que apoiava-se essencialmente na distribuição de privilégios e recompensas aos 
detentores dos cargos superiores. O serviço militar não remunerado, prestado como dever cívico 
pelos cidadãos, foi um fenômeno registrado em variados períodos históricos da humanidade. Desde 
os tempos mais remotos e em épocas de crises, a população masculina fisicamente apta viu-se 
obrigada a participar de atividades militares, armadas e equipadas às suas próprias custas, que uma 
vez cessada a crise retornava à vida civil e aos seus afazeres. Tratava-se pois de um antigo sistema 
de recrutamento militar, baseado na solidariedade tribal e na responsabilidade coletiva. 
Este quadro se prolonga com pequenas variações no tempo e no espaço colonial, até o 
inicio do século XIX, quando a chegada da família real ao Brasil (em 1808), muda profundamente o 
quadro e favorece às alterações provocadas pela brusca sofisticação ocorrida na ex-colônia, 
transformada em sede do Reino. Ainda no ano de 1808 foi criada a Intendência Geral da Corte e do 
 
35
 - A estrutura militar no Brasil Colonial, compreendia três tipos específicos de força: os Corpos Regulares 
(conhecidos também por Tropa Paga ou de Linha ou de 1 ª linha), as Milícias (conhecidas também por Corpo de 
Auxiliares ou de 2ª linha) e as Ordenanças (conhecidas também por Corpos Irregulares ou de 3ª linha). Os Corpos 
Regulares eram a única força paga pela Fazenda Real. As Milícias ou Corpos de Auxiliares ou de 2ª linha, eram 
serviços não remunerados e obrigatório para os civis, constituindo-se em forças deslocáveis que prestavam serviço de 
apoio às Tropas Pagas, mas não ficavam ligados permanentemente à função militar como ocorria nas Tropas Regulares. 
As Ordenanças ou Corpos Irregulares ou de 3ª linha, atuavam como auxiliares do Exército Regular (1ª linha) e das 
Milícias (2ª linha), compreendendo todos os homens livres válidos entre 18 e 60 anos que ainda não tivesse sido 
recrutada pelas duas primeiras forças, excetuando-se os privilegiados. Isso excluía as mulheres, os jovens, os escravos e 
os indígenas mesmo aculturados. Seus componentes também não recebiam soldo e permaneciam em seus serviços 
particulares, até serem convocados. As Milícias e as Ordenanças estruturavam-se nas freguesias dos municípios, de 
acordo com o domicílio dos habitantes. Eram organizadas nas cidades e nas vilas, mas com instrução militar rudimentar 
ou inexistente e com escasso armamento. Geralmente seus integrantes faziam parte de grupos de segurança dos grandes 
proprietários de terra, comerciantes, exploradores de minas, etc. 
36
 - - Instituidos no Brasil em 1626, pelo Ouvidor Geral Luiz Nogueira de Brito, teve como modelo a atividade 
existente em Portugal desde 1383, atuando do anoitecer ao alvorecer. O Quadrilheiro nomeado para uma freguesia, 
chefiava vinte vizinhos para isso eleitos, para controlar uma área determinada da cidade, com o objetivo de evitar 
delitos, controlar desordens e auxiliar na captura e castigo dos culpados. Era serviço obrigatório e não remunerado. 
Citado por Francis Albert Cotta, em “Os quadrilheiros no caleidoscópio: um exercício de história comparada”, 
disponível em WWW.fafich.ufmg.br 
 
 
19 
Estado do Brasil, que absorveu e centralizou as atribuições de segurança de várias autoridades 
menores e foi o núcleo da instituição hoje conhecida como Polícia Civil. 
No ano seguinte foi criada uma instituição chamada de Divisão Militar da Guarda Real 
de Polícia, repetindo no Brasil idêntica organização existente em Lisboa, que passando por diversas 
denominações ao longo dos anos, hoje é conhecida por Polícia Militar. As duas inovações traziam 
para o Brasil estruturas mais modernas, resultado da experiência francesa espalhada na Europa, com 
organizações já profissionalizadas, centralizadas e especializadas, visando objetivamente a ordem 
pública na Corte do Brasil e que acabaram por favorecer o aparecimento de instituições de idêntica 
organização, no restante do território brasileiro. Com o retorno da família real ao continente 
europeu, foi criada no Brasil em 1822, uma instituição denominada Corpo de Guarda Cívica, 
organização não regular, não profissionalizada e não especializada, que seria reunida e atuaria em 
ações de segurança, apenas quando convocadas e que teve breve existência. 
A Independência em 1822 ocasionou uma divisão dentro da sociedade brasileira e 
também dentro das instituições de segurança existentes, motivadas pela perda ou obtenção de 
privilégios, pelo sentimento de lealdade ao reino antigo ou ao novo império que se instalava e por 
uma ainda pouco nítida idéia republicana, o que originou inúmeros movimentos separatistas e 
revoltas armadas ao longo de todo o Primeiro Império, alimentadas pelas características pessoais do 
Imperador D. Pedro I, sua visão absolutista de administrar e pelas novas regras do império que 
procurava consolidar, que alterou radicalmente a estrutura municipalista e de poderes locais da 
antiga colônia. A vida municipal no Brasil-Colônia era orientada pelas cartas de doação aos 
donatários das Capitanias, assim como pelas Ordenações do Reino, complementadas em muitos 
casos por acréscimos legais impostos para resolver questões tipicamente locais, tolerados pela 
administração doreino, desde que os interesses da metrópole portuguesa não fossem prejudicados. 
Com a Independência, houve uma nova orientação de governo no sentido de restringir os poderes 
municipais, sujeitando os Municípios aos poderes das Províncias (as ex-Capitanias), transformando 
as Câmaras Municipais em executoras do poder do Presidente da Província, nomeado pelo poder 
imperial. 
Com a abdicação de D. Pedro I em 1831, teve inicio um período de regências, até a 
declaração da maioridade de D. Pedro II, o segundo Imperador. Durante o primeiro período 
regencial, foi criada em 18 de agosto de 1831, uma milícia denominada de Guarda Nacional, a qual 
foi modelada com base em milícias já existentes em França e nos Estados Unidos. A nova 
organização teve intensa atuação no campo militar e de segurança, dentro do princípio de que as 
milícias seriam a melhor opção para a manutenção da ordem interna, deixando aos exércitos as 
tarefas de ataque e defesa. Essa tendência para utilizar forças de milícias não remuneradas pelo 
 
 
20 
governo e não profissionais, contrariava uma tendência já observada na Europa para empregar 
forças profissionais, especializadas e remuneradas pelo Estado em substituição as milícias privadas, 
movimento esse originado na Inglaterra em 1829, quando da iniciativa de Sir Robert Peel em 
reformular a polícia de Londres. 
A nova instituição criada em substituição aos corpos auxiliares das Milícias, 
Ordenanças e Guardas Municipais, tornou-se um importante elemento de emprego na manutenção 
da ordem interna e da integridade nacional, até 1850 quando foi reformulada, tendo inicio um longo 
período de declínio e praticamete desaparecido depois da Guerra do Paraguai
37
, até ser formalmente 
extinta em 1917. Seus remanescentes, não mais como cidadãos-soldados mas como "coronéis" da 
política local, até recentemente desenvolviam atuação político-partidária em determinadas regiões 
do interior brasileiro. A Guarda Nacional como instituição não pública (no sentido de não onerar o 
Estado com o pagamento de seus integrantes), não profissional e não especializada, foi aplicada 
intensamente em ações de segurança, juntamente com as instituições oficiais, de natureza pública, 
profissionais e especializadas existentes à época, assim como eram aplicadas as estruturas 
essencialmente privadas, principalmente no interior e zonas rurais, onde forças organizadas e 
mantidas por grandes proprietários e comerciantes, eram empregadas em segurança pessoal, 
patrimonial e na defesa de seus interesses. 
As primeiras referências sobre a necessidade de criação de uma milícia cívica, não 
profissional e composta por cidadãos, para atuar sob a autoridade de um Juiz, com a finalidade de 
representar a "força física" daquela autoridade, em substituição às desgastadas Ordenanças, tiveram 
lugar na Câmara dos Deputados por volta de 1830, dando margem a diversas propostas e 
discussões. As agitações de julho de 1831, os movimentos revoltosos do Exército e da Polícia, bem 
como a ineficiência da atuação das forças auxiliares (Milícias, Ordenanças e Guardas Civis) na 
manutenção da ordem interna, criaram as condições objetivas para que em agosto do mesmo ano 
fosse criada a Guarda Nacional e fossem extintos os corpos auxiliares das Milícias, Ordenanças e 
Guardas Municipais. A nova instituição foi incumbida da manutenção da ordem interna, para a 
defesa da Constituição, da liberdade, da independência, da integridade do Império, para manter a 
obediência às leis, conservar ou restabelecer a ordem e a tranqüilidade pública, como também para 
auxiliar o Exército na defesa das fronteiras e costas, tendo sido vista inicialmente como uma 
alternativa à própria existência de um exército nacional. 
A Guarda Nacional composta por cidadãos que prestavam seus serviços gratuitamente à 
nação, cujos serviços eram de natureza permanente, obrigatória e pessoal, englobava todos os 
cidadãos brasileiros até a idade máxima de sessenta anos, que fossem "filhos de família" e que 
 
 
21 
tivessem renda que os qualificasse como eleitores. A instituição foi organizada por Província do 
Império e distribuída pelos municípios, paróquias e curatos, estando subordinada sucessivamente 
aos Juizes de Paz, aos Juizes Criminais, aos Presidentes das Províncias e ao Ministro da Justiça do 
Império. Cabia à Câmara Municipal sua distribuição territorial por Seções de Companhia, 
Companhias, Batalhões e Legiões, possuindo organização variável de infantaria, cavalaria e 
artilharia, quando necessário. 
A originalidade da nova instituição estava na sua legislação que previa um sistema 
eletivo para os postos de Oficiais, através escrutínio individual e secreto, prevendo ainda o sistema 
 da maioria absoluta de votos para os postos mais elevados, sendo a eleição válida por quatro anos, 
permitida a reeleição. As despesas do governo com a corporação eram de pequena monta, 
restringindo-se à distribuição do armamento, instrumentos musicais, material de escritório e 
pagamento dos instrutores contratados. Os uniformes eram encargos dos próprios recrutados, que 
deveriam prestar serviços, preferencialmente no distrito onde residissem. 
A ideologia que sustentou o nascimento da Guarda Nacional, deu continuidade ao 
pensamento colonial do emprego de forças auxiliares não profissionais, que não onerassem o Estado 
e compostas por cidadãos interessados na manutenção da ordem. O seu emprego em muito 
contribuiu para a ordem interna, principalmente no aspecto de prevenção e repressão a anarquia e a 
homicídios, mas a falta de uma legislação adequada e a superposição de atribuições legais, veio a 
ocasionar conflitos com as instituições militares e policiais. 
Em setembro de 1850 o governo procedeu uma substancial modificação na legislação 
da corporação, que transformou sua característica básica de organização descentralizada e eletiva, 
para centralizada e hierarquizada, que somadas às alterações já realizadas para separar a função 
policial da função judicial e ao excesso de encargos atribuídos à Guarda Nacional, como escolta de 
valores, condução de presos, inspetores de quarteirão, guarda de alfândega, serviço de barreiras, de 
oficiais de justiça, sentinela de chafarizes, participações em paradas e desfiles militares, etc. , 
praticamente iniciou seu longo declínio, sendo praticamente desativada após a Guerra do Paraguai 
(1870), para ser extinta em 1917, como já mencionado. 
A história da Guarda Nacional refletiu as contradições da sociedade brasileira no século 
XIX. Naquela sociedade agrária de mentalidade familiar-patriarcal dominante, pensava-se em 
termos de privilégios pessoais e de classe. A obediência às leis em benefício do Estado, tinha pouca 
significação numa sociedade escravocrata e hierarquizada. As dificuldades de distribuição de justiça 
em regiões distantes dos grandes centros da época, as vinganças, as lutas pessoais e partidárias e a 
organização das forças políticas locais, afetaram fundamentalmente a própria estrutura da milícia. 
 
37
 -Travada entre dezembro de 1864 e março de 1870. 
 
 
22 
À medida que a Guarda Nacional foi perdendo sua característica de força paramilitar e 
de segurança e se transformando em força político-partidária, transformou-se também numa tropa 
de oficiais sem soldados, oficiais indicados e não mais eleitos, quase sempre escolhidos dentre os 
elementos de prestígio social e econômico, com finalidade político-eleitoral. E isso foi fatal para a 
corporação. 
A realidade exposta pela deflagração da Guerra do Paraguai deixou patentetanto a 
carência do Exército para enfrenta-la, como a incapacidade das Guardas Nacionais (já dominadas 
pelas elites regionais) para suprir essas carências e atuar como força auxiliar. A milícia sem 
treinamento satisfatório, enfraquecida e limitada desde as alterações introduzidas em 1850, pouco 
produzia e muito atrapalhava as atividades profissionais dos seus membros, sendo que no interior 
do país servia principalmente como instrumento de dominação política. As dificuldades vividas e as 
mazelas observadas no período de guerra (1864-1870), provocaram mudanças radicais no pós-
guerra, com o reconhecimento do valor das forças armadas e a valorização e o desenvolvimento das 
forças policiais profissionais, políticas governamentais adotadas no ocaso do império e no nascente 
período republicano que lhe seguiria. 
A proclamação republicana em 1889 transformou as antigas Províncias Imperiais em 
Estados, cuja união formava a nova federação. O conceito de federação deu margem ao 
entendimento equivocado de Estados independentes ou soberanos e não de Estados autônomos, o 
que concorreu para o aparecimento de um corpo legislativo estadual que consagrava organização 
judiciária independente do governo central, uma certa autonomia em matéria processual e também, 
maior ou menor separação da atividade policial da magistratura, no âmbito dos Estados. A idéia de 
Estados fortes para sustentar o ideal de uma união federalista, provocou uma corrida para o 
fortalecimento das forças policiais profissionais, estadualizadas com o advento da República. Assim 
sendo, alguns Estados passaram a ver suas forças policiais como verdadeiras forças armadas 
estaduais e as armaram como pequenos (alguns não tão pequenos) exércitos, alguns com artilharia, 
veículos blindados de combate e aviação de guerra. O treinamento passou a incluir táticas de 
infantaria e a organização foi militarizada, com evidentes prejuízos para sua aplicação no 
policiamento, o que veio a acarretar o aparecimento de diversas corporações, de efêmero emprego 
policial no âmbito dos Estados, como as Guardas Civis, Polícia de Vigilância, de Trânsito, 
Rodoviária, Especial e outras, que passaram a dividir com as forças policiais tradicionais (Militar e 
Civil), a responsabilidade pelo policiamento. 
A última década do século XIX e as duas primeiras do século XX, foram marcadas pelo 
confronto de correntes ideológicas que buscavam consolidar-se no cenário político-institucional da 
república nascente. Monarquistas versus Republicanos. Positivistas contra Liberais. Federalistas 
 
 
23 
antepondo-se a Centralistas. As transformações sociais decorrentes da abolição da escravatura e da 
mão de obra agora livre, chocando-se numa sociedade ainda escravocrata, com a dificuldade dos 
imigrantes e a novidade das ideologias libertárias por eles introduzidas. O aumento significativo da 
população e a sua urbanização, deu margem a uma tentativa de controle que já se fazia necessária. 
Em 1890, o país contava com 14 milhões de habitantes, que em 1900 já eram 17 milhões e que em 
1920 se elevaram para mais de 30 milhões de habitantes, com significativa parcela de imigrantes. 
Estes e outros problemas decorrentes agravaram o cenário onde conviviam um novo e híbrido 
Código Penal, aprovado em 1890 e que vigorou até 1942, cuja estrutura clássica remetia ao livre-
arbítrio, embora consagrando princípios positivistas, operando em conjunto com uma Constituição 
promulgada em 1891, totalmente inspirada na tradição liberal anglo-americana. É desse período, a 
criação da Escola de Polícia do Distrito Federal (em 1907), a regulamentação do Serviço Policial 
(em 30 de março de 1907) e a iniciativa (em 1908) de identificação universal da população, com a 
utilização do método Vucetich de datiloscopia. 
Foi também um período conturbado por rebeliões sucessivas e desestabilizadoras. A 
sublevação das fortalezas de Lages e Santa Cruz, em 1892. A Revolta de Canudos, a Revolução 
Federalista do Rio Grande do Sul e a Revolta da Armada, em 1893. Os levantes da Escola Militar, 
em 1895, 1904 e 1905. A Revolta da Chibata, em 1910. O levante do Forte de Copacabana, em 
1922, nos primórdios do Movimento Tenentista. A revolução do Rio Grande do Sul contra Borges 
de Medeiros, em 1923. A Revolução Paulista, em 1924. A Coluna Prestes, até 1926 e a Revolução 
de 1930, que encerraria este ciclo penoso que se chamaria de República Velha. 
Não só no quadro estatal as organizações de segurança se multiplicaram. Também 
novos organismos privados passaram a atuar na prestação de serviços para atividades comerciais e 
industriais, se bem que de maneira rudimentar e concentrada em vigilância patrimonial orgânica. 
Num aspecto mais largo e já em meados do século passado, as Guardas Noturnas - organizações 
privadas e tipicamente urbanas - passaram a operar, num limbo divisório e muito pouco nítido entre 
a atividade pública e a atividade privada, em praticamente todo o país, atendendo tanto necessidades 
individuais quanto coletivas, sempre remuneradas por entes privados e prestando um serviço de 
natureza pública. 
De uma maneira geral este quadro se repete por todo o país, principalmente nos centros 
urbanos e suas periferias, atravessando o final do Estado Novo quando no Rio de Janeiro, a Polícia 
Civil do Distrito Federal foi transformada em Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP), 
por força do Decreto-Lei Nº 6.378, de 28 de fevereiro de 1945. O quadro pouco foi alterado nos 
períodos subseqüentes, conhecidos como redemocratização e desenvolvimentista até que nos anos 
sessenta e o movimento revolucionário de março de 1964, alterou fundamentalmente a história 
 
 
24 
republicana, tanto pelo ciclo de governos militares que lhe foi conseqüente, quanto pela reação de 
grupos políticos de esquerda que os contestaram de forma violenta. O final da década de sessenta e 
o inicio da década de setenta foi marcado por roubos a bancos e a outras instituições financeiras, 
bem como seqüestros e outras modalidades criminosas afins, com os objetivos de levantar fundos 
para financiar e divulgar a luta armada contra o regime militar. 
No inicio do ano de 1969 a luta armada achava-se em pleno curso, contando com 
organizações clandestinas operando principalmente em ambiente urbano, situação favorecida pela 
precariedade e pelo amadorismo com que as instituições financeiras, carros-fortes, paióis de 
explosivos e casas de armas eram protegidas. Foi sem dúvida, um período fértil para a atividade de 
guerrilha urbana, sendo que durante o ano de 1968 contabilizou-se um assalto a cada três semanas, 
contra carros-fortes e agencias bancárias, em São Paulo. Este número foi suplantado nos últimos 
cinco meses do ano de 1969, quando verificou-se a ocorrência de um assalto a cada seis dias. 
Foi a era do mito do "bandido-herói" e do banditismo visto como protesto político-
social, levando a extremos não só pelo culto da "malandragem" já tradicional na nossa cultura, mas 
também pela entronização das teses do sociólogo Eric Hobsbawn. Foi no Rio de Janeiro no inicio 
da década de 1980, a era do “bandido-cidadão” e da “favela como solução e não como problema”, o 
que colocou as favelas em área de exclusão da atuação policial. Foi também a era da acelerada e 
descontrolada favelização das maiores cidades brasileiras e da explosão dos índices de 
criminalidade, com ênfase nos homicídios e no tráfico de drogas. Com respeito a questão das 
drogas, é necessário apontar que antes de tornar-se um comércio com a amplitude e desenvoltura 
que hoje apresenta, o uso de drogas foi primeiramente considerada um prática marginal
38
, só 
assumindo ares de modismo e prática socialmente tolerada após ser defendida por parte da 
intelectualidade brasileira39
, ora como um "caminho para a libertação" ora como "anestésico 
existencial", daí irradiando-se para a classe média urbana e para o povo em geral. 
Essa ideologia enganosamente “social,” que justificava atos criminosos como 
expressões naturais de uma sociedade injusta e desigual, passou a nortear um discurso falacioso que 
se apoiava na pobreza como razão de ser da criminalidade, sendo reforçado pela ideologização feita 
por políticos, intelectuais e outros formadores de opinião, na defesa dos “direitos humanos,” na 
verdade uma apropriação indevida e usada na defesa daqueles que atentavam contra o estado de 
direito. 
 
38
 - Embora a proibição do uso de ópio no Brasil seja de 1737, o uso sistemático de drogas como cocaína, morfina, ópio 
e outros derivados só começou a ser observado ao final da Primeira Grande Guerra (1918), sendo sua proibição oriunda 
do Decreto Federal N.º 4.294, de 06 de julho de 1921. 
39
 - Ver artigo do escritor João Ubaldo Ribeiro, membro da ABL, sob o título “Tirem suas próprias conclusões”, 
publicada no jornal O Globo, edição de 09 de maio de 2004, p. 07. 
 
 
25 
Essa fraude semântica e o uso demagógico do adjetivo “social” para distorcer os 
conceitos fundamentais de estado de direito e de justiça, deram margem a que, até hoje, 
organizações criminosas como o Comando Vermelho, PCC, MST e outras, possam ameaçar vidas e 
propriedades em nome de “direitos” e “justiça social,” atuando rotineiramente como instrumentos 
de chantagem e intimidação política. 
Criado o mercado, os traficantes aproveitaram a oportunidade, usando a violência como 
garantidora de seus mercados e a impunidade como fomento de suas atividades. Para que se entenda 
as conseqüências da onda de violência desse período, necessário se torna conhecer o quadro mais 
amplo formado pela época que a antecedeu e pela que lhe sucedeu. Ou seja, conhecer a marcha da 
criminalidade ao longo do século XX, pelo menos nos seus aspectos mais gerais. 
Na cidade do Rio de Janeiro, a Taxa de Homicídios
40
 demorou cinqüenta anos (1900 a 
1950) para crescer cerca de duas vezes e meia. Em 1900 a taxa apurada foi de 1.8 homicídios por 
grupo de 100.000 habitantes, tendo pulado para 4.5 homicídios por grupo de 100.000 habitantes em 
1950, ocasião em que o país alcançou a marca de 50 milhões de habitantes e o Rio de Janeiro era a 
Capital Federal. Mais vinte anos se passaram para a Taxa de Homicídios praticamente dobrar, 
considerando a taxa de 4.5 em 1950 e a taxa de 8.6 em 1970. Note-se que na década seguinte, a 
Taxa de Homicídios dobrou novamente, sendo apurada a taxa de 17.3 em 1980. A situação agravou-
se na década seguinte (1980 a 1990), quando praticamente triplicou, saltando descontroladamente 
de 17.3 por grupo de 100.000 habitantes em 1980, para assustadores 58.9 em 1990. Essas são 
informações valiosas e apuradas pelo pesquisador brasileiro Ib Teixeira (p. 118/119). Em números 
mais concretos e palpáveis, no Estado do Rio de Janeiro ocorreram por dia, no ano de 1983, cerca 
de oito mortes provocadas por disparo de arma de fogo, número que praticamente triplicou em 
1994, com cerca de vinte e duas mortes por dia. Quase uma por hora. 
Se comparadas as situações dos Estados Federados em que estão localizadas as duas 
maiores cidades do país, isto é São Paulo e Rio de Janeiro, teremos que a Taxa de Homicídios 
(número de homicídios por grupo de 100.000 habitantes), nos anos de 1947 e 2000, apresentou um 
salto significativo em ambos os Estados, sendo apurado para o Rio de Janeiro um aumento de 9.3 
para 60.3 (quase sete vezes) e para São Paulo um aumento de 5.4 para 52.8 (quase dez vezes). Esse 
quadro poderá ser melhor entendido, se considerado face ao que ocorreu no território brasileiro 
como um todo e comparado a dados de mesma natureza, apurados em outros países do continente. 
Segundo dados divulgados pelo pesquisador Ib Teixeira (p. 194), no período compreendido entre o 
final dos anos setenta e o inicio dos anos oitenta, o Brasil apresentava uma Taxa de Criminalidade 
 
40
-Corresponde ao número de homicídios registrados numa determinada área física delimitada, divididos pela população 
da área considerada, multiplicado por 100.000. 
 
 
26 
estimada em 11.5, que será tomada como referencial para comparações com as taxas de outros 
países, sendo quase a mesma taxa apurada para a Venezuela (11.7), quase a metade da taxa 
mexicana (18.2), pouco superior a taxa americana (10.7), praticamente o triplo da taxa argentina 
(3.9) e quase cinco vezes as taxas uruguaia e chilena (2.6). A explosão descontrolada da 
criminalidade no Brasil, elevou a taxa brasileira apurada no período compreendido entre o final dos 
anos oitenta e o final dos anos noventa para 32.0, praticamente triplicando a taxa do período 
anterior (11.5) e representando no período considerado, o dobro da taxa venezuelana (15.2) e 
mexicana (17.8), o triplo da taxa americana (10.1), sete vezes a taxa argentina (4.8), oito vezes a 
taxa uruguaia (4.4) e quase onze vezes maior que a taxa chilena (3.0). 
Toda esse carga de violência teve custos elevados e crescentes, como por exemplo o 
custo da violência brasileira para o ano de 1995, estimado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em 
5% do Produto Interno Bruto (PIB) e o mesmo custo para o ano de 1999 estimado pelo Banco 
Interamericano de Desenvolvimento (BID) em 10.5% do PIB. Sobre estes custos com perdas de 
vidas, prejuízos diversos, prêmios de seguros, aparatos de segurança, etc., que montam a bilhões de 
reais, o IBGE estima que na última década foram cometidos no Brasil cerca de 250.000 homicídios, 
o que nos da uma medida da conjuntura na qual vivemos. Essa estimativa foi confirmada pela 
UNESCO
41
, com as publicações do Mapa da Violência III (referente ao ano de 2000) e do Mapa da 
Violência IV(referente ao ano 2002), que mostram uma consistente tendência de expansão da Taxa 
de homicídios no período 2000-2002, como também no período mais longo (1993-2002), onde foi 
constatado um salto em números absolutos de 30.586 para 49.640 homicídios no Brasil e um 
aumento na Taxa de Homicídios no Estado do Rio de Janeiro, de 41.2 por 100.000 habitantes 
(1993), para 56.5 por 100.000 habitantes (2002), com aumento de 55.2%. 
Tomando como exemplo o Estado de São Paulo, foram gastos pela União, pelo Estado e 
pelos Municípios do Estado de São Paulo, no ano de 1995, cerca de R$ 2 bilhões, gastos esses 
duplicados em 1999, sendo que o número absoluto de homicídios subiu de 9.821 em 1995, para 
12.930 em 1999, um aumento de quase 40%. Em se tratando de crimes contra o patrimônio, a 
situação também evoluiu de forma desfavorável, pois se na conjuntura de 1995 no Estado 
registrados 162.341 casos, em 2001 esse número subiu em quase 60%, sendo registrados 254.571 
casos. 
Nesta última década no Estado do Rio de Janeiro com relação à Taxa de Homicídios
42
, a 
situação mostra uma tendência de queda. Números do ano de 2007 já mostravam esse viés de baixa, 
 
41
 -Publicado em O Globo, edição de 08 de junho de 2004, p.03. 
42
 - A OMS considera patamar aceitável, uma Taxa de Homicídios de até 10 homicídios/ano, por grupo de 100 mil 
habitantes. Ver em “Las Condiciones de la Salud em las Américas”, Washington(DC), 1994 – OPS – Publicacion 
Científica, 549,v.I. Essa taxa apurada pelo IBGE em 2007 (BRASIL) correspondeu a 25,4 homicídios/100 mil 
 
 
27 
com taxa apurada de 39,4 por 100.000 habitantes. No ano de 2009, com taxa nacional de 25 
homicídios por 100.000 habitantes, o Estado do Rio de Janeiro apurou taxa de 34,6, sendo projetadapara o corrente ano de 2010 uma taxa entre 29/30 e estimada para o ano da Copa do Mundo (2014), 
uma taxa não superior a 22 por 100.000 habitantes. 
A questão da violência e da criminalidade urbanas está intimamente ligada à questão 
das favelas
43
 e da sociedade operada nesses conjuntos de habitações precárias. Conceituadas 
(IBGE) muito elasticamente como um conjunto de habitações construídas em áreas públicas ou 
privadas, geralmente ocupadas ilegalmente (invadidas) e de forma desordenada, com infra-estrutura 
precária, onde os lotes não obedecem a um desenho regular, os acessos são tortuosos, geralmente 
não permitem a circulação de veículos e que caracterizam-se como locais onde as pessoas vivem 
apinhadas. A favelização como fenômeno tipicamente urbano, cresce a taxas muito elevadas e no 
Estado do Rio de Janeiro está presente em 48 dos seus 92 municípios, o que corresponde em 2003, a 
52% dos municípios. Dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais, do IBGE (1999 a 
2003), mostram um crescimento de 35% no número de domicílios cadastrados em favelas do 
Estado, se consideradas os dados relativos aos anos de 1999 e 2003, o que corresponde no 
Município do Rio de Janeiro a 24.181 domicílios ou cerca de 1,6 milhão de pessoas residindo nas 
618 favelas cadastradas na cidade. Estudo divulgado em 2009 pelo Instituto Pereira 
Passos/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, aponta o aumento de 218 novas favelas na cidade, 
em relação ao número de favelas cadastradas em 2004 (750 favelas), perfazendo um total de 968 
“comunidades”. A Fundação João Pinheiro/MG, em estudo elaborado para o Ministério das Cidades 
(2009), destaca que o Estado do Rio de Janeiro apresenta cerca de 400.000 domicílios em favelas, 
sendo que 327.500 na sua Região Metropolitana. Em julho de 2010, o Plano Municipal de 
Integração de Assentamentos Precários Informais (Morar Carioca/Prefeitura do Rio de Janeiro) 
tornou pública uma nova classificação metodológica, reconhecendo 144 grandes complexos de 
favelas e 481 favelas isoladas, num total de 625 unidades, sendo 122 não urbanizáveis, pois 
localizadas ou em áreas de risco ou em áreas de proteção ambiental. 
Este quadro de descontrole ao que tudo indica, teve inicio no final da década de setenta 
e inicio da década de oitenta, o que possibilitou que organizações de segurança privada pudessem 
operar na atualidade com um contingente estimado em cerca de um milhão e quinhentas mil 
 
habitantes, indicando Al (59,5), ES (53,3), PE (53,0) e RJ (41,5) com as maiores taxas e SC (10,1), PI (12,4) e SP (15,4) 
como as menores. Fonte: IBGE/Indicadores de Desenvolvimento Sustentável de 2010. 
43
 - Favelas ou Aglomerados Subnormais (IBGE): hoje eufemisticamente denominadas como “comunidades”, para 
suavizar e substituir um termo e um quadro desagradável, apareceram na Cidade do Rio de Janeiro após o retorno das 
tropas que combateram em Canudos (BA), isto por volta de 1897. No inicio do século seguinte, com as reformas 
urbanas do Prefeito Pereira Passos (1902-1906), este quadro foi reforçado e desenvolvido pelo deslocamento da 
população mais miserável da cidade, que habitava os “cortiços” então demolidos, para as obras de urbanização. 
 
 
28 
pessoas, das quais cerca de novecentas mil operando ilegalmente e por conseqüência, concorrendo 
para o aumento da carga de violência. Esses números ganham uma dimensão toda especial, quando 
comparados com os efetivos da Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) estimados em 
285.000 integrante s ou das Forças de Segurança (Polícias Militares, Civis, Federal e Rodoviária) 
cujos efetivos somados são pouco maiores que das Forças Armadas. 
As atividades empresariais que hoje entendemos como de segurança privada, não seriam 
conhecidas no Brasil até a década de sessenta. Até aquela época era possível mas não comum, 
encontrar em grandes corporações e autarquias, sob forma orgânica, pequenos aparatos de 
segurança orientados quase que exclusivamente para a vigilância patrimonial, pouco sofisticados, 
de organização simplificada e execução estática e primitiva. Também encontrável sob a forma de 
prestação não oficial de serviços de segurança pessoal, para quem pudesse pagar por esses serviços 
ou para os que contavam com a simpatia ou a identificação político-ideológica de membros de 
instituições policiais ou militares. 
Um caso clássico foi o serviço prestado por Oficiais da Aeronaútica ao político Carlos 
Lacerda e que teve seu clímax num atentado em agosto de 1954, no Rio de Janeiro
44
, onde morreu o 
Major Rubens Vaz, da Aeronaútica. Em área rural não era incomum a existência de grupos de 
"peões", "cabras", "jagunços", "afilhados", "capangas", "ajudantes" ou simplesmente "a gente" 
ligada e dependente de grandes proprietários ou comerciantes, que prestavam serviços de proteção 
patrimonial e pessoal. Não se tem noticia de empresa de prestação de serviços de segurança privada 
organizadas a essa época, exceto uma forma ainda rudimentar de investigação privada. Vigias e 
porteiros eram os agentes de segurança encontráveis à época, pouco treinados e voltados para 
preservação patrimonial. Capangas e guarda-costas, eram os agentes de segurança pessoal. 
Em termos de segurança pública, a conjuntura apresentava uma estrutura organizacional 
que se diversificava de Estado para Estado, estruturalmente pouco sofisticada e uma variedade de 
organismos públicos, tanto civis quanto militares
45
, pouco preparados para enfrentar uma 
criminalidade crescente, mas ainda pouco percebida. De uma forma geral, faltavam instrumentos 
adequados para mensurar a realidade. Outra característica do período foi a atuação isolada e 
descoordenada dos diversos órgãos envolvidos na tarefa e uma legislação anacrônica e inadequada 
para lidar com a nova situação que se configurava, pois a violência e a criminalidade já se 
encaminhavam para dobrar no final da década de setenta, os indicadores referentes aos cinqüenta 
anos que a antecedera. Foi nessa conjuntura adversa que ao final da década de sessenta, instalou-se 
 
 
44
 - Madrugada de 05 de agosto de 1954, em frente ao n.º 180 da rua Tonelero, em Copacabana/Rio de Janeiro. 
45
 - Polícias Militares, Polícias Civis, Guardas Civis, Polícia Especial, Socorro Urgente, Patrulhas Rodoviárias, Serviços 
de Rádio Patrulha, Guardas Municipais, etc. 
 
 
29 
a era dos roubos a bancos, dos seqüestros e outras modalidades criminosas afins, visando 
desestabilizar o regime militar então no poder. 
Com base numa visão um tanto utópica da sociedade brasileira, conjugada com a 
intenção de militarizar os aparatos da segurança pública e com uma doutrina de segurança nacional 
a executar, o governo central impõe uma reestruturação no aparato de segurança pública dos 
Estados padronizando estruturas, métodos e organizações. Ocupa os principais cargos das 
Secretarias de Segurança dos Estados com pessoal militar, nem sempre preparado para o exercício 
daqueles encargos e através do Decreto-Lei Nº 667/69, torna o policiamento ostensivo um encargo 
exclusivo das Polícias Militares. Os serviços de informações dos organismos policiais são 
redirecionados para atividades de segurança interna, sob orientação e tutela dos serviços correlatos 
das Forças Armadas. O Departamento Federal de Segurança Pública, tendo sido transformado em 
Departamento de Polícia Federal por forçado Decreto-lei Nº 200, de 24 de fevereiro de 1967, 
passou a atuar como polícia judiciária da União. Para confinar os contestadores aprisionados, são 
usados os sistemas prisionais dos Estados onde criminosos comuns passam a conviver e aprender 
com os chamados presos da Lei de Segurança Nacional, formando pois o caldo de cultura adequado 
para possibilitar a explosão da criminalidade nas décadas seguintes. 
Em se tratando da área privada, a atividade de segurança foi regulamentada nos anos 
sessenta, quase que unicamente por legislação estadual e voltada exclusivamente para a segurança 
bancária. Somente em outubro de 1969, foi editado o Decreto-Lei Nº 1034/69, que uniformizou em 
todo o país as regras para a segurança da área bancária, bem como definiu o tipo de prestadores 
desses serviços e regulou suas atividades. Em 1983 a legislação foi modificada pela edição da Lei 
N.º 7 102/83. 
Se por um lado as providências adotadas pelos governos militares foram aptas para 
desarticular e praticamente suprimir o movimento contestatório- armado de esquerda, por outro lado 
foram inaptas para controlar a criminalidade crescente, situação agravada na década seguinte (anos 
oitenta), quando da eleição para os governos estaduais de políticos até pouco tempo atrás, 
considerados adversários do regime militar. Políticas equivocadas em relação à direitos humanos, 
de caráter clientelista e populista, provocaram uma onda de permissividade e aumento da ousadia 
dos infratores da lei, situação para a qual nem o aparato de segurança pública, nem o de segurança 
privada estavam preparados. A conseqüência foi uma explosão descontrolada da violência e da 
criminalidade, que praticamente triplicou no período (1980 a 1990). 
A situação agravou-se de forma constante e crescente durante os anos oitenta. A questão 
porém já é claramente percebida pela população, mormente pela parcela vitimizada, que pressiona 
as lideranças políticas em busca de maior proteção tanto contra a criminalidade episódica e 
 
 
30 
circunstancial, quanto contra a criminalidade organizada já instalada. Por outro lado, seus 
segmentos detentores de maior poder econômico passam a investir em aparatos de segurança 
privada, de tal forma que o setor apresenta resultados que praticamente dobra seu tamanho a cada 
seis ou sete anos. É convocada uma Assembléia Nacional Constituinte e em 1988 uma nova 
Constituição é promulgada, desta vez consagrando todo um capítulo às questões da segurança 
pública (Capítulo III, do Título V). 
Pela primeira vez na história do país, a questão da segurança pública é tratada 
expressamente como matéria constitucional. Órgãos são definidos e suas respectivas funções são 
caracterizadas. É prevista a futura existência de uma lei disciplinadora da organização e do 
funcionamento desses órgãos, de forma a garantir a eficiência de suas atividades o que infelizmente, 
passados mais de quinze anos ainda não aconteceu. Muitas sugestões e algumas propostas concretas 
depois, a lei disciplinadora do sistema de segurança pública do país continua sendo apenas uma 
quimera constitucional, perdendo-se uma enorme possibilidade para regular a matéria, inclusive 
quanto a definição das competências, atividades, coordenação e integração da segurança privada ao 
sistema de segurança pública do país. 
Não é tarefa simples ao analista, conceituar a organização policial brasileira, tomando 
por base as doutrinas e categorias de análise mundialmente aceitas. A razão basilar desta 
dificuldade é que em todo mundo, tanto categorias de análise quanto princípios doutrinários tratam 
as organizações policiais como organismos completos, isto é, que executam o ciclo completo de 
polícia, atuando tanto no aspecto prevento-ostensivo, quanto nos aspectos de investigação criminal 
e técnico-científico, realizando assim o que a doutrina consagra como Trabalho Completo de 
Polícia ou Ciclo Completo de Polícia. Essa visão de conjunto admite entretanto, algumas ressalvas 
para organismos policiais de natureza especializada, que por peculiaridade da própria função, atuem 
com maior ênfase nesse ou naquele aspecto, sem contudo haver impedimento legal, ético, 
operacional ou administrativo, para atuar nos demais aspectos quando for de interesse ou 
necessidade funcional. Ao analisar a organização policial brasileira e suas instituições componentes, 
conforme estruturado no Art. 144, da Constituição Federal, que elenca os órgãos policiais, 
estabelece suas funções e competências, bem como faz a previsão de uma lei para disciplinar a 
organização e o funcionamento desses órgãos, ressalta uma estrutura sistêmica, composta por 
polícias complementares, nenhuma delas habilitada para executar o ciclo completo de polícia
46
, 
base e essência das categorias de análise que a doutrina utiliza para classificar organismos policiais. 
Não sendo Polícias Completas, difícil enquadrá-las nos modelos existentes. 
 
46
 - Tal referência não se aplica a Polícia Federal, em situações determinadas. 
 
 
31 
Porém se insistirmos na necessária classificação, diríamos que a que mais se aproxima 
ao dito modelo brasileiro, seria um modelo pluralista, verticalizado e descentralizado, um 
mostrengo anacrônico, peculiar e atípico, verdadeiro ícone de um jogo de soma negativa, onde 
todos os participantes perdem. 
É um modelo aproximadamente pluralista e verticalizado, que congrega a estrutura 
federal com as estruturas estaduais e municipais, sem qualquer coordenação definida. É um modelo 
aproximadamente descentralizado, que superpõe competências constitucionalmente definidas, 
porém não reguladas por lei e sem organização estabelecida, acarretando descontinuidade de ações 
e multiplicidade de doutrinas de emprego (quando existem), cuja conseqüência é a descontinuidade 
operacional, excessiva compartimentação e duplicidade de ações, com evidentes prejuízos para a 
Ordem e Segurança Públicas. É também um modelo que institui Guardas Municipais, que já 
aparecem em 18% dos municípios brasileiros, principalmente nas médias e grandes cidades onde 
essa percentagem varia de 50 a 80%, que atuam no Policiamento Ostensivo em diferentes graus de 
amplitude, quando sua destinação constitucional é a guarda de bens, serviços e instalações 
municipais. Outra conseqüência da descoordenação que o modelo acarreta, é a inexistência de um 
sistema de informações criminais, integrando Municípios, Estados e a União, sem o qual não é 
possível conhecer e acumular informações sobre o fenômeno criminal, inviabilizando qualquer 
formulação de políticas públicas para o setor, que indiquem Fins e Metas a alcançar e definam 
Meios e Instrumentos a utilizar. 
 
1.2 - A SEGURANÇA FÍSICA 
 
O termo “Segurança Física” como hoje é usualmente empregado, significando proteção 
física a alguma coisa ou a alguém (Instalações, Pessoas, Veículos, Máquinas, Processos ou 
Atividades), começou a ser empregado nos EUA na década de 30, durante a execução da política de 
restauração econômica e social do Presidente Franklin D. Roosevelt, conhecida por new deal
47
, 
conseqüência da crise observada no período 1929-1932. Naquela época, o termo Phisical Security 
era empregado significando proteção física para empreendimentos, geralmente industriais ou 
comerciais, em complementação à proteção financeira
48
 e à proteção econômica
49
. 
 
47
 - Novo Acordo. 
48
 -Basicamente significando linhas de crédito barato para a retomada da produção e aumento da massa de salários. 
49
 -Em linhas gerais, significando proteção à produção local pela imposição de de barreiras contra importações e 
também, controledos preços. 
 
 
32 
Essas medidas de proteção física foram difundidas e consolidadas no período 
compreendido pelo esforço de guerra americano (2ª Grande Guerra Mundial), como medida para 
salvaguardar as indústrias e instalações (públicas e privadas) envolvidas na produção de guerra, 
principalmente contra sabotagem e espionagem. Com o término da 2ª Grande Guerra e o 
surgimento do que passou a denominar-se “Guerra Fria”, essa doutrina de proteção passou a ser 
“exportada” para outros países dentro da esfera de influência norte-americana, assim como a ajuda 
econômica e militar. Exemplos desta doutrina de proteção podem ser observados em duas 
publicações americanas: PHYSICAL SECURITY - Field Manual - originário do US ARMY 
DEPARTAMENT e PHYSICAL SECURITY OF INDUSTRIAL AND GOVERNMENTAL 
FACILITIES
50
, originária do Departamento de Defesa Americano. 
No Brasil, o termo começou a ser difundido no final da década de 60, traduzido por 
segurança física, através de cursos e manuais patrocinados pela USAID
51
, em sua Divisão de 
Segurança Pública. Sua publicação mais divulgada, datada de 1967, conhecida por Segurança Física 
de Estabelecimento, foi prefaciada por George E. Miller - consultor de Segurança Física do 
Escritório de Segurança Pública da USAID. Esse manual e outras obras posteriores influenciaram 
fundamentalmente o pensamento brasileiro sobre proteção privada. A doutrina disseminada é a base 
de emprego da segurança patrimonial, bancária, comercial, condominial, empresarial, etc., qualquer 
que seja o termo utilizado para significar atividade de segurança privada nos dias de hoje. 
Os elementos de doutrina difundidos sob o título genérico de Segurança Física, 
constituem hoje o acervo que embasa não só o estudo, mas principalmente as práticas observadas 
nos diversos segmentos que hoje compõem um vasto leque de atividades, tanto no campo da 
Segurança Privada como no campo da Segurança Pública. Atuam como base e essência das 
atividades de proteção, em muito semelhante ao ethos
52
 que levou o homem, no alvorecer da 
civilização, a ampliar os conceitos de família e de clã, vindo a estabelecer vida urbana em busca de 
proteção pessoal, de proteção para seus excedentes de produção e para melhor administrar o meio 
em que vivia. 
 
1.3 - SEGURANÇA E GARANTIA - ELEMENTOS DE DOUTRINA 
 
O termo "segurança" pode ser empregado segundo variadas acepções, tanto significando 
um estado ou uma situação, quanto uma medida de garantia ou um conjunto dessas medidas. Pode 
 
50
 -Proteção Física de Instalações Industriais e Governamentais. 
51
 -United State Agency for International Development. 
52
 - Do grego Éthos, significando costume ou traço moral. 
 
 
33 
ser também empregado significando certeza, firmeza, convicção ou ainda no sentido de caução, 
garantia, seguro ou confiança, dentre muitos outros. Pode ainda ser empregado com um adjetivo 
que o qualifique, como em "segurança privada", "segurança pública" ou "segurança pessoal" dentre 
tantos outros, indicando uma situação específica, uma atividade ou um conjunto de estruturas. 
O termo segurança utilizado neste trabalho, se não estiver qualificado, seguido ou 
antecedido por explicação, deverá ser entendido como estado ou situação que se tem ou se deseja 
obter ou manter, sendo o resultado do confronto entre riscos prováveis e garantias possíveis. Neste 
caso o termo "risco" eqüivale ao produto da vontade ou da culpa do agente pelas oportunidades 
surgidas. 
Dizer que alguém ou algo estariam seguros, eqüivale dizer que estariam garantidos 
contra tudo o que, em tese, possa a eles se opor. Infelizmente não há garantia absoluta, portanto não 
há segurança absoluta. A segurança é uma situação, um estado, qualidade ou condição caracterizada 
pelo afastamento de risco ou de perigo. Não havendo garantia absoluta e por conseguinte não 
havendo segurança absoluta, o conceito de segurança será sempre um conceito relativo, resultado 
do confronto entre riscos prováveis e garantias possíveis. Essas garantias, embora relativas, são 
proporcionadas pelo controle ou pelo afastamento de riscos ou perigos, através da observância de 
conjuntos de regras e da atuação de certas organizações de controle que empregam medidas de 
variadas naturezas. 
Essas garantias, dependendo do valor de garantia, isto é, do que se garante ou do Objeto 
de Proteção (OP)
53
, estarão sendo oferecidas em três (03) tipos de ambiente operacional: em 
ambiente público, em ambiente privado e em ambiente de acesso condicionado. No primeiro caso, 
estaremos fazendo referência a locais que qualquer pessoa, cumprindo os regulamento existentes, 
pode utilizar, como ruas, praça, estradas, mares, rios, praias, etc.; são os ambientes pertencentes à 
União, aos Estados e aos Municípios. No segundo caso, estaremos fazendo referência aos demais 
locais que não se enquadrem no primeiro caso; são os ambientes pertencentes aos particulares. No 
terceiro caso, estaremos observando que tanto os ambientes públicos como os ambientes privados 
podem ter seus usos condicionados a regras ou obrigações impostas por quem detenha sua 
propriedade. 
No caso dos ambientes públicos, estaremos nos referindo aos locais de uso especial 
(edifícios públicos civis ou militares, terrenos destinados ao serviço de repartições públicas, etc.) e 
aos locais de uso dominical (estrada de ferro, empresas de navegação, terras devolutas, propriedades 
agrícolas, etc., que constituam patrimônio de pessoa jurídica de direito público). No caso de 
 
53
 - Objeto de Proteção (OP): É o que se garante. É o recebedor da proteção ou o que está sendo protegido, podendo ser 
uma pessoa, um produto, um processo de produção, um veículo, um objeto, um documento, uma instalação, etc. 
 
 
34 
ambientes privados, estaremos nos referindo aos locais que sejam patrimônio de pessoa jurídica de 
direito privado e cujo proprietário imponha condições de acesso a eles, como residências, 
condomínios, edifícios, instalações, cinemas, estádios, teatros, centros comerciais, estabelecimentos 
comerciais, etc. 
As organizações de controle, quando atuando com o objetivo de afastamento de riscos 
ou perigos, estarão exercendo vigilância (ação de prevenção, vigia, precaução, cuidado, zelo ou 
diligência) ou investigação (ação de busca, pesquisa ou indagação), independentemente do 
ambiente onde operem, do autor da garantia, do fator de garantia (com o que se garante) ou da 
natureza jurídica da organização (pública ou privada). 
 
1.4 - SEGURANÇA FÍSICA. CAMPOS DE ATIVIDADES 
 
Quando se fala em Segurança Física significa falar em atos, em medidas de segurança, 
em procedimentos de segurança, em elementos de proteção, em técnicas e artefatos para livrar algo 
ou alguém de riscos ou perigos (Instalações, Pessoas, Veículos, Máquinas, Processos ou 
Atividades). Estamos falando de atos ou medidas de defesa preventiva ou corretiva destinadas a 
controlar ou diminuir riscos, minimizar efeitos negativos, ou ainda, salvaguardar o Objeto de 
Proteção (OP) dessas medidas ou desses atos. Aplica-se indistintamente ao campo da Segurança 
Pública e ao campo da Segurança Privada, pois tanto um quanto o outro objetivam a preservação da 
Ordem Pública. A Segurança Física quando aplicada na proteção de um OP tangível, é também 
chamada de Segurança Patrimonial, sendo essa entendida como continente e aquela como conteúdo. 
No campo da Segurança Pública predominam as instituições, agentes e ambientes 
públicos, que têm por finalidade a segurança geral (individual ou coletiva). No campo da Segurança 
Privada, predominam asinstituições, agentes e ambientes privados, que têm por finalidade a 
segurança de uma instalação privada, serviço, processo, produto, bem ou pessoa. 
 
1.5 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS. 
 
INSTITUIÇÃO DE SEGURANÇA: "Conjunto de pessoas ou grupo, autorizado ao uso de força 
física (real ou por ameaça) para regular as relações interpessoais dentro de 
um grupo social, mediante autorização desse grupo."- Conceito doutrinário. 
 
 
35 
ORDEM PÚBLICA: “Objeto da segurança pública, é a situação de convivência pacífica e 
harmoniosa da população, fundada nos princípios éticos vigentes na 
sociedade” - Prof. Diogo de Figueiredo. 
SEGURANÇA PÚBLICA: “Estado proporcionado pelo afastamento, por meio de organizações 
próprias, de todo o perigo ou de todo o mal que possa afetar a Ordem 
Pública, em prejuízo da vida, da liberdade e dos direitos de 
propriedade do cidadão” - Prof. Plácido e Silva. 
SEGURANÇA PÚBLICA: “Atividade exercida para a preservação da ordem pública, da 
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos órgãos estatais 
dela incumbidos”. Caput do art. 144, da Constituição Federal. 
SEGURANÇA PRIVADA: “Conjunto de estruturas (atividades) e de funções que deverão produzir 
atos e processos capazes de afastar, diminuir ou controlar riscos que 
possam afetar a vida, a incolumidade e a propriedade das pessoas, 
mediante o emprego de organizações privadas, autorizadas pelo poder 
público”. Conceito doutrinário. 
SEGURANÇA PRIVADA: “É o estado antidelitual, proporcionado pelo afastamento de riscos ou 
perigos que possam afetar a vida, a incolumidade e a propriedade das 
pessoas em ambiente privado ou de acesso condicionado, mediante 
emprego de organizações privadas, autorizadas pelo poder público.” 
Conceito doutrinário. 
SEGURANÇA PRIVADA: “Atividades desenvolvidas na prestação de serviços, com a finalidade 
de proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de 
outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como à segurança 
de pessoas físicas, realizar o transporte de valores ou garantir o 
transporte de qualquer tipo de carga”. Art. 10, da Lei nº 7102/83, com 
a redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 8863/94. 
SEGURANÇA FÍSICA: “É um estado proporcionado pelas garantias possíveis contra riscos 
prováveis a que está sujeito um determinado Objeto de Proteção 
(OP)”. Conceito doutrinário. 
SEGURANÇA FÍSICA : “Conjunto de estruturas (atividades) com capacidade para oferecer as 
garantias possíveis contra os riscos prováveis, a que um Objeto de 
Proteção (OP) está sujeito”. Conceito doutrinário. 
 
 
 
 
36 
CAPÍTULO II - A SEGURANÇA PRIVADA 
 
2.1 – ANTECEDENTES 
 
Um dos fenômenos mais interessantes na luta contra o crime é o desenvolvimento da 
indústria da segurança privada. Essa atividade cresceu consideravelmente na Europa e nos Estados 
Unidos durante as duas últimas décadas. O seu crescimento deve-se a uma variedade de fatores, 
sendo um dos mais importantes o sentimento de insegurança da população perante o delito e o 
fracasso do estado em exercer um controle eficaz sobre a criminalidade. Como já foi assinalado, a 
insegurança do cidadão é atualmente um dos temas criminológicos mais estudados e menos 
compreendidos. Durante os anos sessenta, essa preocupação popular converteu-se em um dos temas 
políticos mais importantes nos Estados Unidos. Como resultado, o governo norte-americano tomou 
medidas concretas e propôs uma “guerra contra o crime” dirigida pela polícia. Com essa finalidade, 
os orçamentos policiais aumentaram em 350% no período de 1948 a 1978 e o pessoal passou de 133 
a 196 policiais por grupo de 100.000 habitantes. Este crescimento orçamentário foi motivado por 
significativos aumentos nas taxas de criminalidade. No período de 1960/1970 observou-se um 
crescimento de 139% no número de crimes, que apesar de baixar na década seguinte (1970/1980), 
ainda apresentou números muito elevados (65%). 
 
 
ANO 
CRIMES 
VIOLENTOS 
CRIMES 
TOTAIS 
TAXA 
AUMENTO 
DECENAL 
1960 288.460 3.384.200 - 
1970 738.820 8.098.000 + 139% 
1980 1.344.520 13.408.300 + 65% 
1990 1.820.120 14.475.600 + 7,95% 
 FONTE: FBI/1991 
 
Apesar desse maciço apoio, os resultados sobre o índice delitivo e a segurança pública 
foram pouco percebidos pela população. Como conseqüência das reduções efetuadas durante a 
década de 80 em todos os orçamentos governamentais, a ajuda federal foi eliminada e a parcela 
local dedicada à polícia foi drasticamente reduzida. É curioso observar que, ao mesmo tempo em 
que eram reduzidos o pessoal e o orçamento policiais, registrou-se, pela primeira vez em 1982, uma 
diminuição do índice delitivo nacional. É surpreendente também constatar que, apesar de tal 
diminuição na taxa delitiva, não houve uma diminuição correspondente no temor público perante o 
delito e a violência. 
 
 
37 
Esse temor tem resultado num aumento das medidas privadas e individuais para se 
proteger do crime. Durante esse período de redução do orçamento governamental o setor privado 
cresceu consideravelmente, tanto em relação ao pessoal quanto em relação ao orçamento. Esse 
aumento reflete também uma transferência parcial para o setor privado de atividades que, 
tradicionalmente, eram desenvolvidas pelo setor público. Embora a indústria de segurança privada 
represente custos mais altos do que os ocasionados pela polícia pública, é surpreendente a falta de 
informação sobre a natureza ou a efetividade desse setor em reprimir o delito ou em reduzir o medo 
por ele causado. Nosso objetivo é conhecer, mesmo que superficialmente, a experiência da indústria 
privada de segurança em alguns países; na maioria dos casos, a informação fará referência aos 
Estados Unidos, onde o crescimento dessa indústria tem sido maior e onde existe maior quantidade 
de dados. Quando for adequado, será feita alusão a outros países onde, em geral, as forças privadas 
são contratadas para prestar serviços ou empregadas pela empresa a quem dão proteção (orgânicas). 
Entre os anos de 1960 e 1970, os dados censitários americanos mostram um crescimento 
de 41% no pessoal empregado pela segurança privada. Entretanto, este crescimento não foi 
uniforme em todos os setores, notando-se um maior crescimento entre o pessoal contratado e um 
crescimento menor nos empregados na segurança orgânica das empresas. Em 1972 nos Estados 
Unidos, o setor empregava cerca de 300.000 pessoas; em 1985 este número cresceu para 1.100.000 
pessoas, tendo o Departamento do Trabalho daquele país classificado a ocupação como a terceira 
em crescimento no período. 
Este aumento também se deu no Canadá. Entre 1971 e 1975, o setor da segurança 
privada registrou um aumento de 29% na oferta de vagas. Na Inglaterra, no período de 1971 a 1978, 
o aumento registrado foi na ordem de 33%. 
Também na Europa se observa a tendência da substituição das forças públicas por 
forças privadas nas funções de vigilância e de proteção em diversas instalações, tornando mais 
crítica e crucial a questão da legislação reguladora da atividade, que tem inquestionável influência 
sobre o desenvolvimento e o funcionamento das organizações de segurança privada e sobre o 
mercado por elas atendido. Neste aspecto, podemos encontrar na Europa países que possuem 
legislação específica para disciplinar a atividade, países nos quais a legislação regidora está 
incorporada à outro tipo de legislação e, até mesmo o caso de ausência de legislação, conforme o 
quadro abaixo
54
: 
 
 
 
54
 - Universidad Pontificia Comillas de Madrid- Programa Intensivo de Alta Direção em Segurança (1997). 
 
 
38 
NORMA ESPECÍFICANORMA INCORPORADA NÃO REGULADO 
BÉLGICA, DINAMARCA, 
ESPANHA, FRANÇA, 
GRÉCIA, ITÁLIA E 
PORTUGAL. 
ALEMANHA E HOLANDA INGLATERRA 
 
 
2.2 - O FUTURO DA SEGURANÇA PRIVADA 
 
Parece que os fatores determinantes do crescimento dessa atividade nos EUA 
continuarão existindo num futuro próximo. O desenvolvimento mais imediato é esperado em três 
áreas: vigilância e detecção, dissuasão e proteção. A vigilância tem sofrido uma revolução com os 
novos sistemas de alarmes e a simplificação da sua instalação. A possibilidade de colocar em 
contato a casa ou o estabelecimento com estações centrais, através dos sistemas de televisão a cabo, 
tem feito com que esse mercado seja ampliado notavelmente em muitos países. Além disso, os 
novos sistemas eletrônicos para regular o acesso a locais parecem eliminar a fechadura como 
equipamento de dissuasão fundamental. A introdução de novos sistemas de controle por cartões 
magnéticos assim como de informática já são possíveis. 
Apesar dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 terem acarretado uma 
tendência de estatização de setores antes privados, como o da segurança aeroportuária, a 
contratação dos demais setores de serviços deverá continuar a crescer normalmente à custa dos 
serviços de vigilância próprios, dado o seu custo e a sua eficácia relativa. Essa contratação de 
serviços parece estender-se a áreas normalmente reservadas ao setor público, com tendência de 
privatização de um grande número de funções de segurança pública. Como exemplo temos a 
companhia Wackenhut, que aceitou no inicio da década um contrato dos tribunais federais 
americanos para neles desempenhar funções próprias. Para o exercício dessa função, os guardas 
receberão o mesmo treinamento da polícia e terão os mesmos poderes da Polícia dos Tribunais. Os 
serviços de segurança da grande maioria dos aeroportos nos EUA, até agora prestado por três 
empresas privadas, sendo a inglesa Securicor a maior delas, com sede em Londres, sofrerá uma 
grande perda com a criação de agência federal encarregada de executar esses serviços. Porém, 
outros setores aeroportuários também carentes de segurança física, continuarão na esfera de 
influência da iniciativa privada, como o da vigilância em prédios e sistemas ligados àquela 
atividade. Além disso, o governo federal americano, entre outras ações, contratou empresas 
 
 
39 
privadas para fornecimento de proteção aos prédios federais antes desprotegidos ou pouco 
protegidos. 
A substituição das forças públicas já ocorreu em vários lugares. A Wackenhut por 
exemplo, fornece serviços de bombeiros para o Kennedy Space Center e várias cidades norte-
americanas e cobria os serviços de bombeiros em todos os aeroportos da Arábia Saudita. A 
privatização da vigilância pública segue uma tendência na direção da transferência de certas 
atividades para a indústria privada. Nesse sentido responde a necessidades orçamentárias, assim 
como a um sentimento contrário à expansão do setor público entre a população. Há uma retórica 
afinada que sustenta essa posição e que enfatiza as vantagens do setor privado, tais como custos 
menores, concorrência, responsabilidade, agilidade, etc. No entanto, é alarmante a tendência da 
concentração dos serviços de segurança em mãos de poucas empresas, geralmente transnacionais. 
Por exemplo em 2000, a companhia Group 4 Securitas empregava 28.000 pessoas em 400 
escritórios situados em 16 países. Em 2003, a empresa de origem sueca, teve um faturamento 
superior a U$ 5 bilhões, atuando em mais de cem países. Outra característica dessa indústria é a sua 
profissionalização. A idéia desenvolvida por certos especialistas sobre o guarda idoso e pouco 
treinado está mudando definitivamente. 
Existem várias explicações para o crescimento acelerado da atividade de segurança 
privada no país. Uma das mais freqüentes, justifica esse crescimento pela ausência e ineficiência do 
setor público no campo da segurança pública. Entretanto os executivos do setor privado consideram 
que a segurança privada cumpre uma função (a proteção à propriedade) que sempre existirá, 
independentemente da eficácia da polícia. Outra explicação é a mudança que está ocorrendo na 
indústria privada e no setor de vigilância privada; a revolução tecnológica está transformando os 
países industrializados em sociedades de serviços, onde a mão-de-obra e as grandes instalações já 
não são necessidades importantes. Por outro lado, apresentam-se novos problemas de segurança, 
especialmente no terreno da alta tecnologia. Essa mudança está afetando inclusive o setor da 
prestação dos serviços de vigilância privada, onde já se observa um aumento da necessidade de 
pessoal cada vez mais qualificado. 
Uma tendência atual e que deverá consolidar-se nos próximos anos, é a expansão das 
necessidades em segurança privada em cidades de porte médio, pólos articuladores da economia e 
de serviços, bem como nas capitais das regiões nordeste e centro-oeste, rumos atuais das correntes 
migratórias 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 2.3 – A DOUTRINA DE SEGURANÇA PRIVADA. 
 
O conjunto doutrinário que suporta a função segurança privada no Brasil, é 
fundamentado no monopólio estatal do uso da força como garantidor da segurança, da ordem e das 
liberdades. A possibilidade de autodefesa está genericamente limitada ao instituto da legítima 
defesa da integridade física ou patrimonial, bem como medida preventiva com a possibilidade de 
estruturação de segurança orgânica ou contratação de prestadores de segurança privada. 
As limitações legais e contingenciamento da função segurança privada, impõe 
princípios que lhes imprimem caráter instrumental - no sentido de emprego das operadoras privadas 
(orgânicas ou prestadoras) como instrumento de ação, para atingimento de um objetivo; localizado - 
no sentido resultante da enumeração taxativa dos serviços que as operadoras privadas poderiam 
prestar, em obediência a um regime de numerus clausus; subsidiário - no sentido de que a atividade 
privada fique restrita à áreas periféricas dos interesses individuais, subsidiário pois dos interesses 
gerais, cuja salvaguarda permanece como atividade estatal e complementar - no sentido do primado 
da atividade estatal, atuando as operadoras privadas em caráter complementar e de natureza 
diferente da atividade estatal. Ao reconhecer que agências não estatais, possam desempenhar 
funções a ele destinadas, o Estado estabelece uma vinculação funcional, passando a regular, 
controlar e fiscalizar a atividade privada de prestação de segurança, sob o fundamento axiológico ou 
valorativo da Ordem Pública. 
A função segurança privada atua pois sob a égide da lei em caráter subsidiário e 
complementar à função segurança pública, subordinando-se aos princípios da necessidade, 
adequação e proporcionalidade, autorizadas, controladas e fiscalizadas pelo poder público. 
A doutrina brasileira de segurança privada é muito semelhante a doutrina européia e, 
mais especificamente à doutrina portuguesa, uma das mais recentes e atuais na realidade da União 
Européia, conforme expressa na legislação daquele país – Decreto-Lei N.º 35/2004, de 21 de 
fevereiro de 2004, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei N.º 198/2005, de 10 de 
novembro de 2005. 
 
2.4 – A SEGURANÇA PRIVADA NO BRASIL 
 
Enquanto na Europa e nos EUA a atividade da segurança privada nos moldes que hoje 
conhecemos remonta ao inicio do século XIX, essa atividade empresarial no Brasil e, em particular 
no Rio de Janeiro, organizada e desempenhada por empresas constituídas para tal fim, é muito 
 
 
41 
recente. As atividades que hoje entendemos como de segurança privada não seriam conhecidas no 
Brasil até a década de sessenta.Até aquela época era possível mas não comum, encontrar em 
grandes corporações e autarquias, sob forma orgânica, pequenos aparatos de segurança orientados 
quase que exclusivamente para a vigilância patrimonial, pouco sofisticados, de organização 
simplificada e execução estática e primitiva. 
A industrialização e o fenômeno da urbanização no Brasil não foram marcados apenas 
pela prosperidade. O crescimento desordenado das cidades na prática, dificultou e em muitos casos 
impediu que o setor público atendesse a grande parte de suas obrigações, dentre as quais a 
segurança pública. Em conseqüência, sentindo-se o cidadão indefeso pela ação pouco eficiente da 
polícia, buscou medidas de autoproteção ou autodefesa. 
Como transição entre o sistema de vigilância própria e o de empresas especializadas na 
prestação de serviços de vigilância, surgiram as chamadas Guardas Noturnas, que funcionavam 
como uma espécie de micro empresas ou cooperativas e se propunham a promover a vigilância 
noturna de determinados logradouros por intermédio do emprego de vigias e mediante o pagamento 
feito por moradores, comerciantes ou de associações. No início dos anos sessenta a iniciativa 
privada ingressou definitivamente no setor, com a criação de empresas constituídas para tal fim, 
seguindo o modelo das empresas européias e principalmente americanas, sendo a primeira 
organizada no Rio de Janeiro (então capital do Estado da Guanabara), em 1961, para atuar 
internamente no Pavilhão de São Cristóvão, onde seria realizada uma exposição de ciência e 
tecnologia da então URSS. Até o terço final da década, o crescimento dessas empresas foi lento, 
ficando o setor sem qualquer regulamentação específica até meados da década, quando foi editada 
no extinto Estado da Guanabara, a Portaria SSPEG n.º 22 de 12 de outubro de 1965, que 
estabeleceu as primeiras regras para a prestação desses serviços. A primeira legislação federal sobre 
a matéria foi editada somente quatro anos mais tarde, através do Decreto-Lei n.º 1034 de 21 de 
outubro de 1969, revogado na década seguinte pela Lei n.º 7102 de 20 de junho de 1983, que foi 
regulamentada no mesmo ano pelo Decreto n.º 89056 de 24 de novembro de 1983. Até a década 
seguinte, o setor somente foi regulado em relação à segurança bancária, não existindo norma federal 
para regular as demais funções de prestação de serviços de segurança privada. As Leis n.º 8863, de 
25 de março de 1994, n.º 9017 de 30 de março de 1995 e a MP N.º 2184-23, de 24 de agosto de 
2001, alteraram profundamente a Lei n.º 7102/83, que passou a vigorar regulando, embora 
precariamente, uma ampla gama de funções na área da segurança privada e estando então 
regulamentada pelo Decreto n.º 1592, de 10 de agosto de 1995 e com a sistematização prevista na 
Portaria n.º 387/2006-DG/DPF, de 28 de agosto de 2006, alterada pela Portaria N.º 358, de 19 de 
junho de 2009. 
 
 
42 
No âmbito do Estado do Rio de Janeiro e na Cidade do Rio de Janeiro, as atividades no 
setor são reguladas pela Lei Estadual n.º 2662 de 27 de dezembro de 1996, regulamentada pelo 
Decreto n.º 23394 de 7 de agosto de 1997. No âmbito do Município do Rio de Janeiro, estão em 
vigor a Lei Municipal n.º 1890 de 25 de agosto de 1992. o Decreto “N” 15081 de 2 de setembro de 
1996, e a Lei N.º 3790, de 01 de julho de 2004, entre outros dispositivos, tendência seguida por 
outros municípios, que já estão impondo regras específicas para as atividades de Segurança Privada. 
A partir do surgimento de práticas de guerra revolucionária no país, materializadas por 
assaltos a bancos, homicídios, seqüestros e atos de terrorismo de variadas espécies, o número de 
empresas privadas de segurança não parou de crescer. Isso porque, ainda que cessada a motivação 
política, a violência continuou em ascensão devido em parte à influência que a delinquência comum 
recebeu da delinquência dita “revolucionária”, bem como à entrada definitiva do Brasil na rota 
internacional do tráfico de drogas, sua crescente importância como mercado consumidor dessas 
drogas e a plena instalação do crime organizado no país. 
No Rio de Janeiro observa-se um modelo urbano cuja principal característica é o 
individualismo nas relações humanas e a tendência para a homogeneidade na formação de grupos 
sociais, onde as pessoas são estimuladas a conviver em espaços privados de uso coletivo, acuados 
principalmente pela paranóia da insegurança, da violência e da criminalidade, que limita o uso dos 
espaços públicos a meros trajetos de passagem. Esse distanciamento visível com suas barreiras tanto 
reais quanto simbólicas, empurra as pessoas para os shoppings, centros profissionais e para enclaves 
residenciais protegidos. Com os crescentes níveis de insegurança e a impossibilidade do setor 
público controlar a situação, a atividade das empresas de segurança privada cresceu 
exponencialmente em segmentos como o comércio em geral e o de “shopping centers” em 
particular, o setor industrial, a rede privada de educação, os condomínios residenciais e 
profissionais, bem como uma variada gama de setores do serviço público nos três níveis que 
careciam dessa atividade, devendo ser considerado ainda o aumento expressivo da demanda por 
segurança física pessoal. 
Este rápido crescimento, para o qual o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas 
(IPEA) calcula uma taxa do último decênio apurado (1986-1996) na ordem de 112%, criou um 
enorme e visível mercado, que, segundo Ib Teixeira (1996) – pesquisador da Fundação Getulio 
Vargas, seria de 6,41% do PIB Nacional,
55
 números que provavelmente se repetirão no Rio de 
Janeiro em relação ao PIB Estadual, considerando que as classes econômicas de serviços têm pesos 
 
55
 -Este número envolve o custo do aparato oficial, o da proteção privada e o resultado das perdas econômicas 
resultantes de atos de violência, para o ano de 1996. 
 
 
43 
percentualmente semelhantes na formação de ambos os PIBs, se considerados os valores 
adicionados a pesos básicos. 
No último quinqüênio do século passado (1996 a 2000) o crescimento observado foi na 
ordem de 142%, sendo apurados gastos anuais
56
 de 7,5% do PIB em 1997, 8,8% de PIB em 1998, 
8,6% do PIB em 1999, 8,5% do PIB em 2000 e 10,2% do PIB em 2001. 
O setor privado em muito já superou o setor público na realização de gastos na provisão 
de aparatos de segurança, levando-se em conta os gastos previstos nos orçamentos da União, dos 
Estados Federados e dos Municípios. Tanto no desembolso das empresas com seguros e sistemas de 
proteção, como os decorrentes de perdas de vidas e patrimônio em conseqüência de homicídios, 
roubos e furtos. No ano de 2001 esses gastos representaram a cifra de R$ 112 bilhões (ou 10,2% do 
PIB), com o setor privado sendo responsável por 67% desse total e o setor público por apenas 
33%
57
. 
Por outro lado, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), utilizando dados 
referentes aos últimos anos da década de 90, tais como gastos com prejuízos materiais, tratamento 
médico e horas de trabalho perdidas por vítimas da violência, estima em 10,5% do PIB nacional os 
gastos públicos e privados por ano com segurança, o que, a preços de 2001, eqüivaleria a R$ 105 
bilhões. Em se tratando do mercado nacional de trabalho em segurança privada, estamos falando de 
números da ordem de um milhão de vigilantes, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica 
Aplicada (IPEA) divulgado para o ano de 1995. Isto correspondia a 1,4% da população brasileira 
ocupada naquele ano, quase duas vezes o contingente empregado na segurança pública em todo o 
país e quase três vezes o efetivo das Forças Armadas (320 mil integrantes). Ainda segundo o BID, osegmento da segurança privada no ano de 2001 faturou algo em torno de R$ 130 bilhões ou 
aproximadamente 11% do PIB. Estima-se que até o final da década (2010), estes números 
mantenham-se estáveis em todo o país, com o segmento privado respondendo por cerca de 
1.500.000 postos de trabalho (diretos e indiretos, alocados em aproximadamente 2.700 empresas), 
sendo cerca de 450.000 vagas formais e 1.050.000 vagas ocupadas por integrantes não regulares, 
para uma estrutura de Segurança Pública contando nacionalmente com cerca de 630.000 integrantes 
e um efetivo das Forças Armadas com cerca de 290.000 militares. 
Funcionalmente o mercado brasileiro da segurança privada, como atividade de 
prestação de serviços, é precariamente regulado pela Lei n.º 7102 de 20 de junho de 1983, com as 
alterações introduzidas pelas Leis n.º 8863 de 28 de março de 1994, n.º 9017 de 30 de março de 
 
56
 -Dados divulgados em O Globo, edição de 24 de fevereiro de 2002, p.35, em matéria assinada pela jornalista Flávia 
Oliveira, sobre o economista e advogado Ib Teixeira, pesquisador da FGV. 
57
 -Dados divulgados em O Globo, edição de 24 de fevereiro de 2002, p.35, em matéria assinada pela jornalista Flávia 
Oliveira, sobre o economista e advogado Ib Teixeira, pesquisador da FGV. 
 
 
44 
1995 e n.º 11.718, de 20 de junho de 2008, bem como pela legislação que a complementa (Medida 
Provisória, Decretos, Portarias, etc.), dispondo sobre: 
 serviços orgânicos de segurança de empresas; 
 empresas prestadoras de serviços de guarda/vigilância patrimonial, de transporte de 
 valores ou cargas, de segurança privada a pessoas, a estabelecimentos comerciais, 
 industriais, de prestação de serviços e residências, a órgãos e empresas públicas e a 
 entidades sem fins lucrativos; 
 cursos de formação de vigilantes; e 
 empresas de fabricação, instalação, manutenção e operação de dispositivos de 
segurança. 
 No Rio de Janeiro, segundo números divulgados pelo Centro de Informações e Dados 
do Rio de Janeiro (1998)
58
, estariam operando 394 empresas no ramo, divididas em prestadoras de 
serviços (183), orgânicas (196) e de segurança eletrônica (15), dentre as quais 36 prestadoras de 
serviços e 06 cursos de formação são associados ao SINDESP/RJ, envolvendo em 2000 um efetivo 
na ordem de 40.000 vigilantes, que em 2004 já somavam 51.000, segundo estimativa da Federação 
Nacional das Empresas de Segurança Privada e Transporte de Valores (Fenavist). 
 Em termos nacionais, o universo da Segurança Privada
59
 compreendia em maio/2009, 
1.503 Empresas de Vigilância, 298 Empresas de Transporte de Valores, 202 Escolas de Vigilantes e 
3.181 estruturas orgânicas, com 1.725.856 vigilantes cadastrados, sendo 452.444 ativos. Esses 
números representam um aumento superior a 30% em relação ao ano de 2006, em que foram 
registrados pelo Sistema Nacional de Segurança e Vigilância (SISVIP), do DPF, 1.309.974 
vigilantes cadastrados, sendo 333.720 ativos, em 2.538 autorizadas. Entretanto representam em 
termos do número de vigilantes cadastrados, um aumento inferior ao observado no período 
2003/2006, que apresentou um aumento superior a 40%, conforme pesquisado pelo IPEA (2003), 
que informou a existência de 913.269 vigilantes cadastrados. 
 A Matriz de Emprego da atividade, segundo foi divulgado durante o Seminário 
Nacional de Segurança Privada, realizado nos dias 10 e 11 de agosto de 2002, aponta para o 
equivalente a 50% do efetivo de vigilantes alocado para atendimento a órgãos públicos, 30% para 
cobertura da atividade bancária e 20% para atendimentos diversos, com maior incidência no setor 
industrial. 
 O quantitativo de 45.600 de integrantes da atividade da segurança privada no Rio de 
Janeiro vem preocupando setores da sociedade e provocando reações em alguns segmentos da 
 
58
 -Última informação disponível, em janeiro de 2002. 
 
 
45 
mídia. Isto, por entenderem ser o número muito elevado, do que chamam de exército privado, se 
comparados seus números com os efetivos das forças de segurança pública, hoje em torno de 
quarenta e oito mil integrantes
60
. Entretanto, o que deve preocupar não é o número elevado do 
efetivo das forças privadas, mas sim, o seu número ainda modesto e o seu relativamente pouco 
eficiente sistema de controle por parte do poder público. Apenas como referência, os números 
relativos ao Canadá (1975), Inglaterra (1978) e EUA (1982), segundo esclarecem José Maria Rico e 
Luís Salas (1992), seriam respectivamente de 1,07:1, 1,09:1 e 2,0:1. Mas é necessário observar que 
se referem a sociedades bastante diferentes da nossa, com taxas de homicídios, por exemplo, 
inferiores a 10 por ano/100.000 habitantes. No Rio de Janeiro, para o ano de 1999, foi apurada a 
taxa de 69 por ano/ 100.000 habitantes. A taxa de homicídios está sendo citada apenas como 
parâmetro. 
O mercado da segurança privada no Rio de Janeiro, que apresenta uma taxa de 
crescimento estimada pela Fundação Getúlio Vargas em 4,5% ao ano, tende a manter este nível 
elevado nos próximos anos, mesmo porque, se os indicadores econômicos e sociais tendem a 
apresentar sinais de melhorias, o mesmo não ocorre com os indicadores da criminalidade, mormente 
os referentes à criminalidade violenta e organizada, que não apresentam sinais de retrocesso. O 
resultado dessa insegurança é expresso por prejuízos da ordem de R$ 8 bilhões para comércio e 
indústria do Estado, o que representa 10% do PIB estadual e cerca de 44% do orçamento do Estado 
para o ano de 2002
61
. Parte expressiva desse prejuízo é realizada no setor de comércio de bens e 
serviços do Município da Capital, que gasta R$ 3.8 bilhões por ano para proteger-se de tanta 
insegurança, o que representa cerca de 3.7% do seu faturamento
62
. 
 É fato notório, já constatado por estudos criminológicos de diferentes instituições e que 
observaram diferenciadas metodologias de apuração, que a criminalidade no Rio de Janeiro 
apresenta peculiaridades, dentre as quais ressalta uma relação ascendente, diretamente proporcional 
entre taxas de homicídios e a incidência de ilícitos de natureza patrimonial, sobretudo naqueles 
caracterizados pelo emprego de armas de fogo
63
 e de violência contra as vítimas e de alguma forma 
conexos com o tráfico de drogas, daí resultando mortes ou lesões graves. 
 Esta situação está acarretando um custo estimado de 1.9% do PIB municipal ou R$ 1.5 
bilhões/ano na Cidade do Rio de Janeiro, relativo a gastos com atendimento médico, internações, 
 
59
 -Dados divulgados pelo Presidente do SINDESP/RJ em seminário realizado em 05 de junho de 2009, na UNESA. 
60
 -Considerando o somatório dos efetivos da Polícia Militar e Polícia Civil. 
61
 -Dados fornecidos por Ib Teixeira, O Globo, edição de 21 jun 02, pág. 17. 
62
 -Pesquisa da Fecomércio, publicada em O Globo, edição de 07 de julho de 2002, pág. 19. 
63
 -Dados divulgados pela Subsecretaria de Inteligência/SSP/RJ ( em maio 2004) que estimativa a existência de 100.000 
armas de fogo em poder dos traficantes das favelas do RJ, com base num padrão internacional de cálculo, que estima 
em 15% a capacidade de apreensão pela Polícia das armas ilegais - Seminário Internacional de Armas / RJ / abril 2004. 
 
 
46 
anos perdidos com mortes prematuras, invalidez e incapacidades diversas, segundo dados 
divulgados pelapesquisadora Leonarda Musumeci do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania/ 
UCAM-RJ
64
. 
Nesse cenário e face à violência e aos graves riscos de diferentes aspectos que ameaçam 
profundamente o equilíbrio econômico-financeiro das organizações empresariais, onde a cultura da 
segurança privada ainda é encarada com certas reservas, estima-se em algumas dezenas de bilhões 
de reais por ano o prejuízo de nossas empresas, conseqüência de delitos de fundo patrimonial como 
os roubos, furtos, danos diversos, falsificações, seqüestro ou sua ameaça, espionagem e fraudes 
diversas. Isto possibilitará, a médio prazo, maiores taxas de crescimento na prestação de serviços 
nas áreas de vigilância e detecção eletrônica, de dissuasão (blindagem, trancamento e controle de 
acesso), de proteção pessoal, de segurança escolar e de quarteirização de serviços
65
. 
Este quadro, que o pesquisador Ib Teixeira (p. 75/76) chama de Macroeconomia da 
Violência
66
, favorece o setor de serviços que explora os sistemas de vigilância e segurança privada, 
que ao longo do ano de 2001 obteve uma expressiva taxa de crescimento, estimada entre 5% e 10%, 
repetindo o ótimo desempenho dos anos anteriores. Em 1995, em estudo realizado pelo pesquisador 
para a Fundação Getúlio Vargas, os sistemas de proteção privados, tanto os empresariais como os 
pessoais, já estariam consumindo cerca de 5% do PIB. Em 2002, em pesquisa realizada para a ONG 
Salve o Rio, o Professor Ib Teixeira estimou gastos de cerca de 10% do PIB ou o relevante 
montante de 112 bilhões de Reais. Essas estimativas foram confirmadas por pesquisa divulgada 
pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que em 1999 estimou os gastos nesse setor 
em 10,5% do PIB. No ano de 2001, o setor empregou cerca de 340 mil pessoas, apresentando uma 
expansão de 56% no Rio de Janeiro e 52% em São Paulo
67
. 
Para que se tenha idéia da importância econômica desse setor de serviços, ressalte-se 
que o conjunto da atividade rural do Brasil, gera anualmente riquezas correspondente a 9% do PIB. 
Quando essa atividade rural é agregada ao chamado setor de agronegócios, onde somam-se várias 
cadeias produtivas, a participação rural se eleva de 9% para 27% do PIB, envolvendo segundo o 
Censo Agropecuário de 1995, um total de 17,9 milhões de trabalhadores, incluindo os proprietários, 
os assalariados (temporários e permanentes), os parceiros e os membros não remunerados das 
famílias envolvidas. 
 
64
 -Publicado no caderno Retratos do Rio, em O Globo, edição de 21 de abril de 2001. 
65
 -Quarteirização: termo empregado para caracterizar a situação ocorrida quando uma empresa contrata outra empresa 
para a execução de determinada terefa, a qual por sua vez contrata uma terceira empresa para executar a tarefa na 
primeira empresa ou o gerenciamento exercido por uma empresa, na prestação do serviço executado por uma segunda 
empresa a um contratante. 
66
 - A Violência sem Retoque. 
67
 - Dados publicados por Elio Gaspari, em O Globo, edição de 21 de maio de 2003, p.07. 
 
 
47 
Em termos gerais e referente ao primeiro semestre de 2004, o mercado brasileiro de 
segurança privada demanda em sua parte mais significativa por preços baixos e por serviços de 
baixa complexidade, sendo a atividade vista como um mal necessário que gera custos e não como 
um investimento que reduz perdas. O resultado são os baixos níveis de treinamento e de salários, 
bem como os elevados índices de rotatividade de funcionários ( algo em torno de 5-10% ao mês), 
além do baixo comprometimento e eficácia na função, em empresas nem sempre dirigidas por um 
gestor profissional de segurança. Em termos salariais, um vigilante com um piso salarial entre R$ 
600 e R$700, recebe entre 20-30% do piso salarial de um empregado de uma montadora do ABC 
paulista, sendo submetido a uma escala de trabalho de 12 x 36, na maior parte abrindo mão das 
horas extras. 
No final do primeiro semestre de 2004, existiam 1765 empresas legalizadas operando 
em todo o país
68
. Poucas nesse universo praticam políticas de recursos humanos com foco em 
sistemas de incentivos, treinamento continuado e supervisão competente, atuante e motivada. 
Poucas apresentam capacidade para elaborar, implementar e desenvolver um plano de segurança 
eficaz, com políticas de segurança adequadas, análise de riscos, normas manualizadas com 
procedimentos por postos, sistemas eletrônicos integrados, treinamento operacional continuado e 
que possam agregar valor aos produtos que oferecem ao mercado 
 
2.5 - O MERCADO CLANDESTINO E ILEGAL 
 
A segurança pública tornou-se, há muito tempo, uma questão mundial relevante. No 
Brasil não poderia ser diferente. No final da década de 70 e durante as décadas de 80 e 90, 
vinculou-se o crime, normalmente o de natureza violenta, ao desajuste social, apoiado por uma 
criminologia radical com base em análise marxista. Por fantasia ideológica, a responsabilidade do 
crime era transferida do seu autor para a sociedade, ou mesmo, nas versões mais ingênuas, para a 
própria vítima, a qual por ser privilegiada socialmente tem culpa objetiva de ser um inimigo de 
classe. Na atual conjuntura, pelo menos no Brasil, sabemos que os motivos determinantes da 
violência e da criminalidade estão obviamente ligados à grande e desordenada concentração 
demográfica, ao acintoso contraste riqueza/pobreza, à divulgação exacerbada do mau exemplo e da 
impunidade, à falta de uma política operacional permanente de ação preventiva, à permissividade e 
à inoperância das forças legais e das demais instituições de controle social contra o tráfico de drogas 
e demais braços do crime organizado. 
 
 
48 
Nas médias e grandes cidades brasileiras, o quadro de insegurança, quer objetivo pelas 
altas taxas criminais que apresentam, quer subjetivo pela percepção da população para este fato e 
seus desdobramentos, conduz a um ambiente propício ao desenvolvimento da atividade da 
segurança privada. Isto acaba ocorrendo tanto através de empresas legalmente constituída para 
operar nessa atividade, quanto de grupos ilegais e/ou despreparados que vendem a ilusão - a baixos 
preços é verdade - de que a ilegalidade e a impunidade podem contribuir para a manutenção da 
Ordem Pública e melhorar a qualidade de vida da população. 
Esses grupos formados
69
, administrados e operados por policiais civis e militares, por 
militares, bombeiros militares, guardas municipais e agentes penitenciários, bem como por 
integrantes de corpos de vigilância orgânica de órgãos públicos e por leigos, atuam predatoriamente 
no mercado da segurança privada, sonegando impostos e taxas, ocupando postos de trabalho de 
pessoal qualificado, gerando insegurança e colocando o contratante desses serviços ilegais em 
posição perigosa, pois poderá levar empresa ou pessoa idônea, porém leiga, à processos judiciais de 
variadas naturezas
70
, com conseqüências criminais e patrimoniais. 
Os grupos prestadores de segurança clandestina
71
 estão sujeitos no Rio de Janeiro a ação 
da DELESP/DPF (Delegacia de Controle da Segurança Privada /Departamento de Polícia Federal) e 
do DGAE/SSP (Departamento Geral de Atividades Especiais/ Secretaria de Segurança Pública), que 
poderão, no exercício de suas atribuições legais, reprimir a atividade destes grupos, bem como 
prender em flagrante qualquer pessoa que esteja prestando serviços de vigilância sem estar 
devidamente habilitada. Trata-se de violação do art. 47 da LCP - Exercício Ilegal de Profissão. Caso 
esteja armado, o clandestino também poderá ser penalmente responsabilizado (Art. 12 a 16, da Lei 
n.º 10 826, de 22 de dezembro de 2003 – Estatuto do Desarmamento)72e ainda vir a responder pelo 
crime de Contrabando, caso a arma seja de procedência estrangeira. Ademais, pode ver sua situação 
piorada pela figura do concurso de pessoas (art. 29 do CP). O fato poderá ser agravado se a arma 
tiver procedência ilícita, sendo produto de roubo, furto ou apropriação indébita, se for arma 
desviada das Forças Armadas por qualquer motivo ou arma de calibre proibido. Há ainda que ser 
considerado que esta atividade ilegal geralmente é exercida por mais de três pessoas, o que em tese, 
possibilita a aplicação do art. 288 do CP - Formação de quadrilha ou bando. 
 
68
 - No final de 2008, estes números seriam de 2.668 empresas prestadoras e orgânicas. 
69
 - Grupos de Milícias: neologismo para designar essa nova forma de dominação. 
 
70
 -Criminal, cívil, trabalhista, fiscal, etc. 
71
 - Segundo dados do Sindicato dos Vigilantes do Rio de Janeiro, no ano de 2006 existiam em atividade, três ilegais 
para cada vigilante habilitado. Publicado em O Globo, 04 de maio de 2006, p.18 
72
 - Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munições. 
 
 
49 
Os contratantes dos grupos clandestinos estão sujeitos a uma série de contratempos de 
natureza legal, como o vínculo trabalhista com os empregados desses grupos (Enunciado n.º 331, 
item III, do TST) e impostos sobre o serviço (art. 9º do Decreto-Lei n.º 406 de 31 de dezembro de 
1968), constituindo-se ainda em sujeito passivo da obrigação tributária, na forma do art. 121, I e II 
do Código Tributário Nacional. Ficam ainda obrigados a reparar qualquer dano decorrente de ato 
ilícito praticado pelo grupo contratado, na forma do art. 159 do Código Civil, além da possibilidade 
de enquadramento penal por co-autoria, concurso material ou formação de quadrilha ou bando. 
No Município do Rio de Janeiro, os contratantes de grupos ilegais de prestadores de 
segurança privada estão ainda sujeitos à repressão administrativa da municipalidade, em 
conformidade com a Lei n.º 1.890 de 25 de agosto de 1992 e Decreto “N” n.º 15.081 de 02 de 
setembro de 1996, com o pagamento de multas, interdição do estabelecimento e cancelamento de 
alvarás de licença para funcionamento. Esses grupos não devem ser confundidos porém com as 
chamadas “Milicias”, verdadeira expressão do crime organizado, que operam com o domínio de 
territórios e pela exploração paralela de atividades econômicas ilegais, com o objetivo final do lucro 
a qualquer custo, usando a tirania como elemento intimidatório para dominar territórios e obter 
poder político, criando um estado autocrático dentro do Estado, dotado de poder absoluto ao mesmo 
tempo assistencialista e repressor. 
Outro problema referente ao tema ilegalidade diz respeito não ao mercado clandestino e 
ilegal, mas ao mercado ostensivo e regulado, tanto dos prestadores de serviços de segurança quanto 
dos seus contratantes.O tema refere-se à chamada terceirização. 
Neste campo, as irregularidades e omissões nos contratos para serviços, temporários ou 
não, têm provocado problemas tanto para contratantes como para contratados. A terceirização tem 
sido vista como uma alternativa não só no Brasil mas também em outros países, e visa uma maior 
dedicação das empresas às suas atividades-fim, ganhando assim flexibilidade para competir num 
mercado cada vez mais globalizado. A estratégia de algumas empresas prestadoras de serviços de 
segurança é oferecer para as contratantes mão-de-obra cada vez mais barata e nem sempre 
qualificada, deixando de efetuar o pagamento dos direitos trabalhistas a seus funcionários. Neste 
ponto alegam a prestação de serviços temporários, os quais, pela legislação em vigor, só se 
caracterizam nos casos específicos de contratação para cobertura de férias ou licença maternidade 
de funcionários e, ainda, nas contratações com duração máxima de três meses, 
renováveis por igual período. Existe hoje uma tendência para aumentar a responsabilidade legal das 
empresas contratantes, face à freqüência com que as decisões judiciais reconhecem como sendo 
delas a responsabilidade final sobre o pagamento daqueles direitos, mormente os decorrentes de 
 
 
50 
riscos presentes em ambientes de trabalho ou sobre medidas de proteção adequadas aos riscos 
presentes. 
Para evitar tais problemas, certos cuidados na contratação de empresas prestadoras de 
serviços de segurança podem minimizar ou até mesmo anular tais problemas. Quando da licitação 
ou da tomada de preços deve-se tomar o cuidado de especificar os serviços a contratar, o efetivo 
necessário, as funções a serem desempenhadas e a carga horária específica e total, estabelecendo 
que as propostas tenham como base esses dados. 
Deve-se ainda comparar as propostas oferecidas com o piso salarial da categoria, 
verificar a idoneidade das empresas proponentes, exigindo na entrega das propostas as certidões 
negativas de débito com o INSS, Receita Federal, Prefeituras e FGTS, requerer cópia de contrato 
social e composição societária, bem como autorização para funcionamento da Polícia Federal e 
SSP. Deve-se ademais, informar-se junto aos sindicatos da categoria (patronal e laboral) e inserir 
no contrato cláusulas punitivas para casos de descumprimento do contrato, bem como exigência de 
garantias financeiras. Na execução do contrato, cabe o cuidado de monitorar as notas fiscais dos 
serviços prestados e verificar se a prestadora está em dia com o pagamento dos salários, encargos 
trabalhistas e demais benefícios. 
Finalmente, é necessário que tanto a empresa contratante como a contratada tenham 
presente que a relação contratual implica em ligações e situações especiais que a legislação 
estabelece, tais com a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços no caso de inadimplência 
das obrigações trabalhistas e o vínculo direto com o tomador de serviços no caso de contratação 
irregular de mão-de-obra. A responsabilidade pelas medidas de prevenção de acidentes e doenças 
do trabalho é integrada por ambas as empresas e a empresa contratante tem obrigação de 
especificação e transmissão das informações sobre riscos presentes no ambiente de trabalho e das 
medidas de proteção adequadas. 
 
2.6 - ÉTICA 
Ao lado das questões doutrinárias e das questões meramente técnicas, as questões éticas 
apresentam-se como de maior relevância no universo das atividades da Segurança Privada, como 
também acontece no universo das atividades da Segurança Pública. Quando ressaltamos as questões 
éticas, estamos nos referindo a ética
73
 que diz respeito aos juízos de apreciação que se referem à 
conduta humana suscetível de qualificação, do ponto de vista do bem e do mal, seja em relação a 
determinada sociedade, seja de modo absoluto! 
 
73
 -Etimológicamente do grego Ethkós e do latim Ethicu. 
 
 
51 
Estamos nos referindo à ética no seu sentido deontológico
74
, ou seja, referente aos 
princípios, fundamentos e sistemas de moral, de deveres. Não se busca nesse momento o sentido 
entendido pelos filósofos, como doutrina para que se viva uma boa vida, como pretendia Sócrates 
ou Aristóteles
75
. Bem mais próximos estão os entendimentos de Spinoza
76
, compreendendo tanto a 
arte de bem viver, como também a moral necessária. 
 Em outro limite, também não estamos tratando a ética no seu sentido jurídico, ou seja, 
no universo das normas éticas que encerram um juízo de valor sobre comportamentos humanos e 
culminam na escolha de uma diretriz considerada obrigatória para uma coletividade,resultante da 
imperatividade da via escolhida como expressão de um complexo processo de opções, condicionado 
pelo poder que decide. Neste caso a norma ética expressa um juízo de valor ao qual se liga uma 
sanção, isto é, uma forma de garantir-se a conduta que, em função daquele juízo, é declarada 
permitida, determinada ou proibida, logo, um comportamento esperado que deve ser observado. 
A ética no sentido deontológico, referindo-se aos princípios, fundamentos e sistemas 
morais, não necessitaria ser um código escrito ou sistematizado, mas um padrão de comportamento 
individual e coletivo voluntariamente expresso e voluntariamente aceito, conseqüência do 
desenvolvimento humano. Não como algo teórico, útil para estudiosos ou curiosos ou como 
bandeira eventualmente desfraldada, mas como uma prática reinterada e um compromisso que leve 
os indivíduos a examinarem não apenas as responsabilidades que têm sobre si mesmos, mas 
também as que têm para com os outros indivíduos e para com a sociedade, numa escala mais ampla. 
Assim, constituiria padrão de comportamento por todos aceito e por todos cumprido, mormente por 
aqueles que têm por atribuição profissional o cumprimento da lei - cumprindo-a e fazendo-a 
cumprir. 
Por outro lado sabemos que fazemos parte de uma sociedade doente, na qual a ética 
religiosa foi sendo paulatinamente substituída no seu papel de elemento aglutinador, por uma ética 
sócio-política que pretendeu um dia, constituir-se na base onde estariam fincados os esteios da 
nossa sociedade. O que se viu desde a segunda metade do século passado, foi sua desconstrução 
diária, com exemplos provindos de todas as classes sócio-econônicas, sinalizando com intensidade 
crescente sua pouca ou nenhuma importância e enfraquecendo perigosamente uma edificação social 
tão penosamente construída, onde o interesse público não mais se reconhece nos atos que deveriam 
ser marcados como característicos. Os princípios éticos que deveriam fundamentar a Ordem Pública 
são agora válidos apenas para os outros, na medida dos interesses individuais, numa sociedade que 
 
74
 -Do grego Déontos, necessidade. 
75
 -Filósofos gregos dos séculos V e IV a.C. 
76
 -Baruch Spinoza, filósofo holandês (1632-1677), autor de ÉTICA, publicada em 1677. 
 
 
52 
está deixando de acreditar na sua necessidade no dia-a-dia e que vem deixando às Forças de 
Segurança, tanto públicas quanto privadas, sua manutenção e sustentação, como se tal desiderato 
fosse minimamente possível. 
 
 
 
 
CÓDIGO DE CONDUTA PARA FUNCIONÁRIOS ENCARREGADOS DE FAZER 
CUMPRIR A LEI. (Resolução de 17 de dezembro de 1979, da Assembléia Geral das Nações 
Unidas). 
1. Os funcionários encarregados de fazer cumprir a lei cumprirão, em todos os momentos, os 
deveres que lhes impõe a lei, servindo a sua comunidade e protegendo todas as pessoas contra 
atos ilegais, em concordância com o alto grau de responsabilidade exigido por sua profissão. 
2. No desempenho de suas funções, os funcionários encarregados de fazer cumprir a lei respeitarão 
e protegerão a dignidade humana e, manterão e defenderão os direitos humanos de todas as 
pessoas. 
3. Os funcionários encarregados de fazer cumprir a lei poderão usar a força apenas quando seja 
estritamente necessário ou na medida que o requeira o desempenho de suas tarefas. 
4. As questões de caráter confidencial que tomam conhecimento os funcionários encarregados de 
fazer cumprir a lei, serão mantidas em segredo, salvo se o cumprimento de dever ou necessidade 
de justiça exijam estritamente o contrário. 
5. Nenhum funcionário encarregado de fazer cumprir a lei poderá infligir, investigar ou tolerar ato 
de tortura ou outros atos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes, nem invocar a ordem de 
um superior ou circunstâncias especiais, como estado de guerra ou ameaça de guerra, ameaça à 
segurança nacional, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública, como 
justificativa para a tortura ou outros atos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes. 
6. Os funcionários encarregados de fazer cumprir lei assegurarão a plena proteção de saúde das 
pessoas sob sua custódia e, em particular, tomarão medidas imediatas par proporcionar cuidados 
medidos aos necessitados. 
7. Os funcionários encarregados de fazer cumprir a lei não cometerão nenhum ato de corrupção. 
Também se oporão rigorosamente a todos os atos dessa índole e os combaterão. 
 
 
53 
8. Os funcionários encarregados de fazer cumprir a lei respeitarão a lei e o presente código. 
Também farão o que estiver ao seu alcance para impedir qualquer violação a eles e opor-se-ão 
rigorosamente a tais violações. Os funcionários encarregados de fazer cumprir a lei, que tenham 
motivos par crer que há ou haverá violação ao presente código, informarão o fato a seus 
superiores e, se for necessário, a qualquer outra autoridade ou organismo apropriado que tenha 
atribuições de controle ou corretivas. 
9. Os funcionários encarregados de fazer cumprir a lei que, ao observar as disposições do presente 
código, romperam os limites da lei devido a uma avaliação errônea, desde que honrada e 
consciente, darão direito a toda proteção que proporciona a Legislação Nacional. 
10. Os funcionários encarregados de fazer cumprir a lei, que cumprirem as disposições do presente 
código, merecerão o respeito, o total apoio e a colaboração da comunidade e dos organismos de 
execução da lei em que prestam seus serviços, assim como dos demais funcionários 
encarregados de fazer cumprir a lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 
CAPÍTULO III - DECISÃO E RESPONSABILIDADE 
 
3.1 - O PROCESSO DECISÓRIO 
 
O processo decisório é uma seqüência de etapas que formam uma decisão. Um aspecto 
particular deste processo chama-se planejamento, pois envolve características especiais. O ato de 
tomar uma decisão, isto é, da escolha de uma alternativa dentre muitas ou poucas opções, pode ser 
estudado sob duas perspectivas principais. A uma delas chamamos de “perspectiva do processo”. A 
outra chamamos de “perspectiva do problema”. A primeira é uma perspectiva (aparência, aspecto) 
muito genérica e se concentra nas etapas da tomada de uma decisão, isto é, no processo decisório 
como uma seqüência de atividades e relaciona-se quase que exclusivamente com o procedimento a 
ser adotado e não com o conteúdo da decisão. Envolve uma seqüência de etapas onde se procura 
identificar o problema (Qual é o problema?). Em seguida se estuda as possíveis alternativas (Quais 
são as alternativas possíveis?). 
Simon
77
, um dos autores mais conhecidos dentre aqueles que tratam da decisão, 
identifica três fases distintas no processo de tomada de decisão: a atividade inteligente, que é a fase 
inicial e que consiste na procura dos fatores ou condições que demandam solução no ambiente. Esta 
fase assume o significado que a atividade militar rotula como inteligência ou atividade de 
inteligência. Em seguida aparece a atividade de concepção ou design, que consiste em inventar, 
desenvolver e analisar possíveis cursos ou alternativas de ação. A terceira e última fase é a 
atividade de escolha, na qual se procede a seleção de um curso ou alternativa particular de ação, 
dentre as opções desenvolvidas na fase anterior e disponíveis para escolha, excluídas naturalmente 
as opções cuja análise na fase anterior não recomendaram adoção. 
A segunda perspectiva, denominada de perspectiva do problema, é orientada para a 
resolução dos problemas e concentra-se principalmente na determinação e no equacionamento do 
problema a ser resolvido. Um problema é umadiscrepância entre a realidade e o que poderia ou 
deveria ser (valores, metas, objetivos, etc.). Geralmente uma organização se defronta ao mesmo 
tempo com uma grande variedade de problemas que variam consideravelmente em graus de 
complexidade. Os problemas podem ser classificados em dois grandes grupos principais, que 
compreendem os problemas ditos estruturados e os ditos não-estruturados. 
Um problema estruturado é aquele que pode ser perfeitamente definido, pois suas 
principais variáveis (natureza, ações possíveis, conseqüências prováveis, utilidade das 
 
 
55 
conseqüências, etc.) são conhecidas. Este tipo de problema admite três tipos de decisão, 
categorizadas como decisão sob certeza, decisão sob risco e decisão sob incerteza. Nas decisões sob 
certeza, as variáveis são conhecidas e a relação entre a ação e as conseqüências é determinante. Nas 
decisões sob risco, as variáveis são conhecidas mas as relação entre a ação e as conseqüências é 
conhecida apenas em termos de probabilidade. Nas decisões sob incerteza, embora as variáveis 
sejam conhecidas, as probabilidades para determinar as conseqüências de uma ação são 
desconhecidas ou não podem ser determinadas com algum grau de confiabilidade. 
 Um problema não-estruturado é aquele que não pode ser claramente definido, pois uma 
ou mais de suas variáveis são desconhecidas ou não podem ser determinadas com algum grau de 
confiança. 
Este processo é complexo e depende tanto do tomador de decisões, quanto da situação 
em que está envolvido e da forma como percebe essa situação. Segundo Chiavenato, o processo se 
desenvolve em sete etapas básicas, onde cada etapa influencia as demais e todo o processo. Porém 
nem sempre todo o protocolo é seguido à risca, sendo possível suprimir ou abreviar algumas (3,5 e 
7) ou ampliar outras, se houver tempo e oportunidade: 
 1)-percepção da situação que envolve algum problema; 
 2)-análise e definição do problema; 
 3)-definição dos objetivos; 
 4)-procura de alternativas de solução ou cursos de ação; 
 5)-avaliação e comparação dessas alternativas; 
 6)-seleção da alternativa mais adequada ao alcance dos objetivos; e 
 7)-implementação da alternativa escolhida. 
 
3.2 - RESPONSABILIDADE . CARÁTER ENDÓGENO E EXÓGENO 
 
 Operações industriais, comerciais e de serviço, exigem instalações físicas e processos 
que são vulneráveis a incidentes que podem resultar em danos contra o estabelecimento, contra os 
equipamentos, contra os produtos ou em redução da capacidade produtiva, bem como em lesão ou 
danos para empregados, clientes, visitantes e usuários. Tais incidentes podem resultar da falta de 
habilidades, de precauções, de cuidados ou ainda de intento deliberado de pessoas ou grupos. A 
proteção contra esses incidentes constitui parte da responsabilidade da direção de cada 
 
77
 -Herbert A. Simon, autor de: A Capacidade de Decisão e Liderança, O Comportamento Administrativo, The New 
Science of Management Decision e outros. 
 
 
56 
estabelecimento e a organização empresarial responde civilmente por ação ou omissão própria ou 
de terceiros que lhes sejam afetos, desde que venha a causar danos pessoais ou patrimoniais, nos 
termos do Código Civil Brasileiro
78
. A responsabilidade empresarial diz respeito a Medidas de 
Segurança Física que devem ser proporcionadas, visando a incolumidade das instalações, dos seus 
processos e produtos, bem como dos seus empregados, clientes, usuários ou visitantes. Um 
ambiente seguro é primordial para a geração de lucros; o lucro é resultado da produção e a produção 
está irrevogavelmente presa aos lucros para ter continuidade. Qualquer risco que afete a produção, 
em geral também afetará os lucros. 
Os objetivos de um plano de segurança física são os de auxiliar a direção do 
estabelecimento a : 
 proteger eficazmente a propriedade, o pessoal, os processos e usuários contra riscos; 
 resguardar o estabelecimento contra ações ou incidentes que possam ameaçar, 
impedir, danificar ou destruir suprimentos, processos, produção ou serviços; 
 salvaguardar o investimento dos proprietários, as oportunidades de trabalho dos 
empregados e a incolumidade dos usuários; e 
 evitar comprometimento, mau uso, dano ou destruição de documentos, processos e 
materiais essenciais e/ou sensíveis. 
A proteção interna de uma instalação é doutrinaria e legalmente responsabilidade da 
direção do estabelecimento, enquanto que a proteção externa deve ser formal e materialmente 
fornecida pelo Estado. A responsabilidade pela segurança física, por conseqüência, possui um 
caráter endógeno (para dentro) e um caráter exógeno (para fora). 
Por caráter endógeno entende-se a integração dos elementos operacionais de proteção 
que se complementam mutuamente, facilitando-os, perenizando-os e os tornando seguros, eficientes 
e lucrativos. Também fica compreendida a interligação das estruturas da empresa (direção, 
produção, administração, etc.). Por caráter exógeno entende-se a integração necessária da estrutura 
de segurança física de uma empresa com as demais organizações de uma determinada área (física 
ou de interesse) e com as forças de segurança e proteção do Estado. 
 
 
 
 
 
 
78
 - Ver artigos 186, 187, 927 e seu parágrafo único. 
 
 
57 
 
3.3 - CRITICIDADE E VULNERABILIDADE 
 
Medidas de Segurança Física
79
.(MSF) é um termo usado para abranger todos os 
sistemas de proteção, dispositivos, atividades, técnicas e aplicações que possam ser úteis na 
proteção de pessoal, dependências, materiais, processos, produtos e serviços contra todos os tipos 
de perigo, ou seja, tudo que possa ser útil para proteger um determinado Objeto de Proteção (OP). 
O Grau Crítico ou a Criticidade do OP, precisa ser determinado na época do estudo e 
para futuro previsível, considerando-se a importância da operação, em particular para a empresa, 
para a localidade e para a nação. A proporção dos produtos totais, seus assemelhados ou de serviços 
na região ou nação, é um dos fatores que determinam a criticidade de um estabelecimento, do seu 
processo de produção ou do produto. A disponibilidade de recursos alternativos ou serviços para 
uma localidade reduz o grau crítico, mas a percentagem da produção total precisa ser sempre 
considerada. Não depende de quanto produza ou de estar o estabelecimento produzindo um bem 
acabado ou não. O mesmo tipo de raciocínio se aplica a qualquer OP considerado, sejam pessoas, 
veículos, documentos, eventos, etc. 
Todos os tipos de ameaça que afetem um OP necessitam ser criteriosamente avaliados. 
O grau de tranqüilidade ou inquietação na comunidade, a qualidade da fiscalização da obediência à 
lei, a capacidade de órgãos policiais, a competência e a confiabilidade de seus membros, bem como 
o nível de respeito à lei pela comunidade precisam ser determinados e considerados. 
Criticidade ou Grau Crítico é representada por uma escala de valores que determina 
quão perigosa, penosa, desfavorável ou crítica é uma situação ou operação, em relação à natureza 
do OP. A Criticidade é um indicador de risco ou perigo a que está sujeito um OP, face sua natureza. 
É inalterável, independentemente das MSF adotadas. Somente o tempo, o distanciamento ou a 
modificação da sua natureza, poderá altera-la. É condicionadora das MSF que serão adotadas, mas 
não será alterada em função da qualidade ou quantidade das MSF que possam ser adotadas. Quanto 
maior a criticidade apurada paraum OP, menor deverá ser a vulnerabilidade com que opera, ou 
seja, condicionará a vulnerabilidade do OP, em relação inversamente proporcional. A criticidade de 
um OP está relacionada à sua importância estratégica ou política, ao seu valor econômico, sua 
facilidade ou dificuldade de obtenção, sua imprescindibilidade, sua periculosidade intrínseca, sua 
capacidade de provocar danos a pessoas ou ambientes, etc. A criticidade é em suma, o grau de 
suscetibilidade de um OP a riscos ou perigos, em função da sua natureza. 
 
79
 - Também chamadas de "Proteção Física ou Medidas de Proteção Física”. 
 
 
58 
Vulnerabilidade é a escala de medida que determina quão perigosa, penosa, 
desfavorável ou crítica é uma situação ou operação, em relação à estrutura ou conjunto de partes do 
OP. É um indicador de risco ou perigo a que está sujeito um OP, face sua estrutura ou conjunto de 
partes. Pode ser manipulada em função da qualidade e quantidade das MSF adotadas, isto é, quanto 
maior e melhor for a aplicação de MSF na proteção de um OP, menor será seu grau de exposição a 
riscos. A vulnerabilidade é em suma, o grau de suscetibilidade de um OP a riscos ou perigos, em 
função da sua estrutura ou partes componentes. 
Tanto a Criticidade quanto a Vulnerabilidade são quantificáveis e qualificáveis, portanto 
mensuráveis. Sua valoração pode ser medida pela adoção de escalas de valores, própria de uma 
metodologia, que será adotada desde o processo diagnóstico, do planejamento das MSF, passando 
pela implementação, operação, supervisão e auditoria do sistema de segurança. Na análise dos 
riscos (quantificação/qualificação), qualquer que seja a metodologia empregada, não será possível a 
previsão de um único resultado para cada mensuração/observação/experimento, mas um número de 
diferentes resultados coerentes, que indicarão um comportamento ou tendência, introduzindo pois 
um inevitável elemento de incerteza e de casualidade. 
Ameaças, perigos ou riscos necessitam ser mensurados, pois aquilo que não se mede 
não pode ser administrado. É absolutamente necessário que se tenha uma escala de valores para 
medir, comparar, estabelecer prioridades e definir normas. Tanto a criticidade quanto a 
vulnerabilidade são indicadores básicos de risco, que ao possibilitar sua decomposição em fatores 
componentes (o que embora não dê causa ao fenômeno, concorre para sua maior ou menor 
incidência), irão tornar possível sua administração. 
 
CARACTERÍSTICAS 
 
VULNERABILIDADE CRITICIDADE 
Indicador de grau de risco de um OP. Indicador de grau de risco de um OP. 
Ligada à estrutura do OP. Ligada à natureza do OP. 
Pode ser alterada em função da qualidade e 
quantidade das MSF adotadas. 
Não pode ser alterada em função da qualidade e 
quantidade das MSF adotadas. 
Deverá ser inversamente proporcional à 
criticidade apurada. 
Condicionará a vulnerabilidade, em relação 
inversamente proporcional. 
 
 
 
 
 
59 
 
3.4 - A CORRENTE DE PROTEÇÃO, SEUS ELEMENTOS E SISTEMAS. 
 
 
 Os elementos de proteção (os elos da corrente de proteção) são normalmente grupados, 
para fins didáticos, em conjuntos sistêmicos em função de suas afinidades, correlações e capacidade 
de complementação mútua, com emprego bastante definido em termos de suas capacidades de 
detecção, retardo, controle, resposta e reforço. Esses sistemas funcionam em conjunto, se suprindo 
e complementando. São os seguintes, os sistemas de proteção: 
 SISTEMA DE DEFESA DE PERÍMETRO, que envolve os elementos: barreiras perimétricas, 
suas aberturas e operação, bem como a iluminação de proteção. Usualmente empregado para 
ações de retardo. 
 SISTEMA DE SENSORES E COMUNICAÇÕES, que envolve os elementos: sensores e 
alarmes de perímetro e de áreas restritas, bem como a rede de comunicação de proteção. 
Usualmente empregado em ações de detecção e controle. 
 SISTEMA DE GUARDA E VIGILÂNCIA, que envolve os elementos: fiscalização e 
supervisão, patrulhas, escoltas, postos de guarda, investigação de acidentes e sua prevenção, 
 
 
60 
proteção contra incêndios e outros sinistros e os planos preventivos, emergenciais e/ou de 
contingências. Usualmente empregado para ações de controle e resposta. 
 SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO e CONTROLE DE ACESSO, que envolve os elementos: 
identificação de acesso, aprovação individual e triagem de empregados, controle de visitantes, 
controle de saída e entrada de empregados e operação de áreas de estacionamento e de 
circulação de documentos e materiais especiais. Usualmente empregado para ações de detecção 
e controle. 
 SISTEMA DE BLINDAGENS, que envolve praticamente todos os demais elementos de 
proteção, reforçando-os e os tornando mais resistentes contra violações de natureza externa (de 
fora para dentro) ou contra escapamentos (de dentro para fora). Usualmente empregado em 
ações de reforço de estruturas físicas. 
 O emprego de qualquer desses sistemas ou elementos isolados deverá observar alguns 
pressupostos que viabilizarão ou não o empreendimento. Esses pressupostos são a necessidade, a 
viabilidade e a possibilidade de emprego desses sistemas ou elementos isolados, face às 
características do Objeto de Proteção (OP) e do grau de vulnerabilidade com o qual se planeja 
operar. 
 O pressuposto necessidade diz respeito aos riscos ou graus de risco que se pretenda 
evitar ou minimizar, bem como sua compatibilidade com os sistemas ou elementos isolados que se 
pretenda operar. Isso importará na judiciosa análise dos riscos elencados e das características de 
cada sistema ou elemento de proteção física, observando que as premissas básicas a seguir 
compreendem o planejamento prévio, o dimensionamento da necessidade e o cálculo da 
disponibilidade. 
 O pressuposto viabilidade diz respeito à relação entre os custos de implantação e 
operação do sistema ou elemento selecionado e os custos do risco que se pretende evitar ou 
minimizar, aí entendidos tanto os custos diretos quanto os custos indiretos (relação custo-benefício). 
A avaliação dessa relação, face ao grau de vulnerabilidade com que se pretende operar, aos custos 
das medidas previstas e ao risco, além do grau de criticidade do Objeto de Proteção (OP), é que 
indicará sua viabilidade. 
 O pressuposto possibilidade de emprego diz respeito às características do Objeto de 
Proteção (OP), do ambiente onde se irá operar, da legislação existente e das características do 
sistema ou elemento preconizado. 
 
 
 
 
 
 
61 
3.5 - UMA ORGANIZAÇÃO DE SEGURANÇA FÍSICA 
 
Fatores como o tamanho de uma instalação, o número de empregados, o tipo de 
operação, a localização, o grau crítico e a vulnerabilidade, ditarão o tamanho, a característica e a 
estrutura da organização necessários para sua segurança física. A coordenação entre empregados e a 
direção, entre o estabelecimento e a comunidade, entre representantes da direção e órgãos 
governamentais, tais como polícia, bombeiros e outros prestadores de serviços públicos, é essencial 
à eficácia de um programa de segurança física. Os canais regulares de comunicação devem ser 
claramente estabelecidos e mantidos para fins de planejamento, testes e revisões em conjunto, 
inclusive sessões de análise crítica dos testes operacionais que oferecem valiosos benefícios a todos 
os participantes. O número de pessoas da organização de segurança física deve depender do 
tamanho e tipo da operação, assim como do nível de segurança necessário. 
Por sua vez, a estrutura de segurança física de uma empresa poderá ser orgânica 
(quando fizerparte da sua estrutura administrativa, desde que a finalidade dessa empresa não seja a 
prestação de serviços de vigilância/segurança física), contratada ou tercerizada (quando a estrutura 
de segurança física da empresa não pertencer a seus quadros orgânicos e for contratada junto a 
prestadores deste tipo de serviço) ou de estrutura mista (quando a empresa tiver uma estrutura 
orgânica de segurança física e contratar ou terceirizar sua execução através de prestadores deste tipo 
de serviço, em todo ou em parte). Qualquer que seja a estrutura adotada, a execução dessa atividade 
privada deverá ser fundamentada na legalidade da sua estrutura, na eficiência da sua atuação e na 
preocupação ética e moral das suas ações. 
A organização dessa estrutura de segurança deverá estar adequada aos objetivos 
empresariais que irá proteger, bem como a materialização de suas atividades, atribuições, normas, 
procedimentos e planos, deverão estar em sintonia com a filosofia da empresa, suas políticas e 
estratégias decorrentes. 
Por Filosofia de Segurança, entende-se a orientação geral que a alta direção da empresa 
pretende imprimir a questão da segurança de um empreendimento. É geralmente expressa por 
recursos, cultura e apoio efetivo. Podemos citar como exemplos dessa orientação: 
 A função segurança deverá ser tratada como um investimento destinado a reduzir (ou controlar) 
perdas. 
 A empresa será responsável, nos limites do seu empreendimento, pelos danos que a sua 
atividade vier a causar. 
 
 
62 
 A obediência aos parâmetros legais e normativos, será o fundamento operacional básico da 
função segurança. 
Por Política de Segurança (o que fazer), entende-se a concretização da filosofia 
formulada para o setor, bem como a interpretação e consolidação dos seus interesses. Em linhas 
gerais, é o estabelecimento dos objetivos organizacionais em relação à segurança do 
empreendimento. É geralmente expressa de forma substantiva, de forma a facilitar sua aferição. É 
geralmente materializada sob a forma de atividades, atribuições, normas, procedimentos e planos. 
Podemos citar como exemplos dessa expressão: 
 A proteção adequada ao objetivo-fim do empreendimento, suas instalações, equipamentos, 
pessoal e usuários, se dará com absoluta transparência e obediência ao ordenamento legal. 
 A proteção oferecida estará baseada no emprego de meios tecnologicamente adequados, 
observada a relação custo-benefício que apresentem. 
Por Estratégia de Segurança (o como fazer), entende-se a forma pela qual os meios 
disponíveis devam ser aplicados, para que os objetivos estabelecidos em relação a segurança do 
empreendimento, sejam alcançados. Podemos citar como exemplos dessa expressão: 
 A proteção do empreendimento deverá obedecer aos princípios de racionalização do emprego de 
meios e da defesa, para a qual recomenda-se o conceito de defesa em profundidade (área 
vigiada, área protegida e área vital), com base nos critérios de dissuasão, contenção, proteção de 
perímetros, etc. 
 A proteção da área vigiada do empreendimento estará baseada em meios eletrônicos e no 
emprego de patrulhas (motorizadas ou não) e postos fixos, cujo planejamento deverá interagir 
com o planejamento das autoridades públicas. 
 Dentre as variadas formas organizacionais que poderão ser adotadas em se tratando da estrutura 
de uma organização de segurança física, a mais adequada e usualmente empregada é aquela que 
consagra um dos modelos de estrutura funcional hierarquizada, especializante e subordinativa, 
já que atuará numa estrutura essencialmente burocrática, segundo um modelo organizacional 
estudado e descrito por Max Weber
80
. A burocracia, neste caso, tem o seu significado baseado 
no sentido etimológico da palavra: do francês bureau, que significa escritório ou repartição e do 
grego cracia, que significa poder, autoridade. Essa estrutura, face às atividades e peculiaridades 
funcionais, tem em regra, as seguintes características principais: 
 caráter legal de suas normas e regulamentos; 
 caráter formal das comunicações de que se utiliza; 
 
80
 - Economista e sociólogo alemão (1864-1920). 
 
 
63 
 caráter racional da organização e a divisão do trabalho nela executado; 
 impessoalidade das relações entre seus membros; 
 hierarquização da autoridade; 
 padronização de suas rotinas e procedimentos; 
 observância de critérios de competência e mérito; 
 especialização da tarefa administrativa; 
 profissionalização dos seus integrantes (participantes); e 
 máxima previsibilidade do seu funcionamento. 
 Essa organização de segurança que terá como função a resolução de problemas de 
planejamento, implantação e administração de um programa adequado de segurança física, deverá 
ser dirigida por um gestor/administrador que terá por encargos funcionais: 
 diagnóstico e planejamento das medidas de segurança física adequadas; 
 execução e supervisão das medidas implementadas; 
 análise continuada dos riscos, visando aperfeiçoamento da proteção exigida; 
 especificação, operação e manutenção dos equipamentos de segurança; 
 investigação dos incidentes e manutenção dos registros; 
 elaboração e custódia dos relatórios das suas atividades; 
 treinamento do pessoal da segurança; 
 participação no treinamento dos demais funcionários da empresa; 
 testagem e ensaios para situações de contingência/emergência; 
 ligações e coordenação endógena e exógena; e 
 manualização, procedimentos e normatização das atividades funcionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
64 
 
CAPÍTULO IV – RESPONSABILIDADES E RISCOS. 
 
4.1 - AS RESPONSABILIDADES. OS INCIDENTES E OS ACIDENTES. 
 
As operações de tipo industrial, comercial ou de serviço, exigem instalações físicas e 
processos que são vulneráveis a incidentes que podem resultar em danos contra o estabelecimento, 
as máquinas e os produtos, ou ainda em redução da capacidade produtiva e em ferimentos ou morte 
de usuários e empregados. Tais incidentes podem resultar da falta de precauções, falta de cuidado 
ou intento deliberado de pessoas ou grupos cujos objetivos sejam opostos aos interesses do 
estabelecimento visado. Chamamos pois de Incidente, a qualquer episódio ou evento, voluntário ou 
involuntário, cuja ocorrência esteja associada à integridade patrimonial do Objeto de Proteção (OP), 
ou um evento não desejado ou não programado que venha a deteriorar ou diminuir sua eficiência 
operacional
81
. Quando esses incidentes causam pouco impacto ao patrimônio do OP, ou resultem 
uma lesão, enfermidade, dano ou prejuízo de pequena monta, são chamados de Acidentes. Os 
incidentes de qualquer natureza, origem, intensidade ou condições de evolução, são genericamente 
denominados como ameaças ou riscos. Os riscos por sua vez, referem-se a qualquer incidente capaz 
de produzir perdas reais e mensuráveis, com potencial necessário para causar dano ou perda ao 
patrimônio do OP. 
As operações industriais, comerciais e de serviço financeiramente sadias e prósperas são 
vitais ao bem-estar econômico e social de uma região. Cada pessoa residente na localidade, estando 
ou não diretamente empregada em tais operações, é afetada pelo seu sucesso ou fracasso. O lucro é 
o imã que atrai o capital necessário ao estabelecimento de uma empresa, à compra de terras, à 
construção de edifícios, ao fornecimento de máquinas e matéria-prima que propiciam oportunidades 
de trabalho para os habitantes da região. O lucro aparece ainda, ao mesmo tempo, como meio e 
incentivo para a expansão das atividades e aumento da produção, criando mais empregos e 
melhores salários. Todosse beneficiam do lucro das operações e o lucro resulta da produção. A 
justificação do investimento em instalações, da contratação e treinamento de empregados para 
operá-las, e da compra de matérias-primas e suprimentos, é produzir coisas que possam ser 
vendidas com lucro. A produção está irrevogavelmente presa aos lucros. Produção e lucros 
constituem a meta final dos investimentos e das operações. 
 
81
 - Abordagem conceitual do Prof. Jaques Sherique: Engenheiro de Segurança do Trabalho, ex-Presidente da ABPA, 
ex-Vice-Presidente do CREA/RJ, membro do Conselho de Administração da FUNDACENTRO e Consultor Oficial da 
OIT. Autor da Portaria que instituiu o Mapa de Risco, no Brasil. É autor de livros e artigos. 
 
 
65 
A direção responsável de uma empresa precisa esforçar-se para auferir lucros e, para 
tanto, precisa empenhar-se numa produção/operação contínua. Quaisquer condições ou ações que 
possam ameaçar a continuidade da produção/operação precisam, portanto, receber a atenção da 
direção da empresa. A segurança das instalações, de seus empregados, clientes, visitantes, usuários 
e a proteção contra quaisquer ameaças que possam desmantelar o programa de produção constituem 
parte das responsab ilidades da direção empresarial. 
Riscos inerentes, aqueles presentes devido ao processamento empregado, ou os 
materiais manuseados ou produzidos, são muito mais numerosos em alguns tipos de instalação do 
que em outros. As instalações estão localizadas em diferentes terrenos com diferentes condições 
locais, variações de clima, densidades populacionais, vizinhança, níveis de fiscalização da lei e 
estabilidade emocional da população. Todos esses e mais outros fatores podem, após minucioso 
estudo e análise, indicar o nível de proteção exigido por uma instalação em particular e, dessa 
forma, as medidas e dispositivos específicos de proteção que possam mais eficazmente servir às 
necessidades daquela instalação. 
Os objetivos de um plano de segurança física bem concebido são: auxiliar a direção a 
proteger eficazmente a propriedade e o pessoal (empregados, clientes, usuários e visitantes) contra 
todos os riscos; resguardar-se contra ações ou incidentes que possam ameaçar impedir, danificar ou 
destruir suprimentos, processos, produção ou serviços; salvaguardar o investimento dos 
proprietários e as oportunidades de trabalho dos empregados; escudar-se contra o 
comprometimento, mau uso, dano ou destruição de documentos, processos e materiais 
essenciais/sensíveis, bem como danos a empregados, clientes, usuários e visitantes. Em termos 
doutrinários, a responsabilidade pela segurança no perímetro interno (dentro dos limites da 
propriedade) de uma instalação, cabe à sua direção e a isso chamamos de Responsabilidade 
Endógena. 
As instalações industriais ou de serviço raramente são auto-suficientes dentro dos 
limites de propriedade da instalação. Matérias-primas, força, combustíveis, água e necessidades 
semelhantes precisam ser trazidas de fontes externas. Para propiciar a chegada regular desses itens e 
a distribuição dos produtos, uma ou mais formas de transporte, tais como ferrovia, hidrovia, 
aerovia, rodovia, oleoduto, gasoduto ou linhas de transmissão, são essenciais. Além do mais, essas 
fontes e sistemas destinam-se a atender a todas as necessidades de uma área ou região e não as de 
uma só instalação. Os sistemas de água, eletricidade e telefone, como exemplos, destinam-se a 
atender todas as necessidades públicas e privadas de uma região. A proteção do lado externo dos 
locais de produção, quer sejam propriedades públicas ou privadas, não é normalmente considerada 
obrigação da direção do estabelecimento. 
 
 
66 
Os governos possuem a autoridade e devem proporcionar os meios para a proteção 
necessária tendo em vista garantir a continuidade dos serviços. A salvaguarda dos sistemas de 
distribuição de água, energia elétrica e comunicação, assim como dos meios de transmissão desses 
serviços, constitui uma parte da proteção. Os recursos de transporte rodoviário, ferroviários, aéreos, 
fluviais e por meio de encanamentos, as matérias primas e os meios de entrega de produtos 
necessários à preservação da capacidade industrial e da continuidade da produção e dos serviços 
constituem outra parte igualmente importante. A responsabilidade de proteção que compete a um 
governo normalmente recai sobre os órgãos públicos de execução da lei, como por exemplo a 
Polícia, o Corpo de Bombeiros, etc. A proteção das pessoas e da propriedade, juntamente com a 
preservação da paz e da ordem pública, estão entre as responsabilidades básicas atribuídas ao 
Estado e a isso chamamos de Responsabilidade Exógena. 
A proteção interna de uma instalação é claramente responsabilidade da direção do 
estabelecimento. A proteção externa deve ser fornecida pelo Estado (Polícia, Bombeiros, etc.). Os 
planos e operações de cada um devem complementar os do outro para obter-se a máxima eficiência. 
O constante intercâmbio de informações, planejamento conjunto por parte da direção da instalação e 
da polícia visando pronto comparecimento, ações que atendam a todos os tipos de situação de 
emergência e testes coordenados e freqüentes de tais planos, oferecem maior grau de proteção a um 
custo mínimo. 
A doutrina da responsabilidade, envolve no seu caráter endógeno, a obrigação da 
direção empresarial em responder por ação ou omissão, própria ou de terceiros que lhes sejam 
afetos, quando tais ações ou omissões venham a causar danos patrimoniais ou pessoais a 
empregados, clientes, usuários ou visitantes. Seus fundamentos legais acham-se expressos no Novo 
Código Civil Brasileiro: artigos 186, 187, 927 e seu parágrafo único. A responsabilidade 
empresarial (endógena) no que diz respeito a Medidas de Segurança Física que devem ser 
proporcionadas diretamente às instalações, visando à segurança de empregados, clientes, usuários e 
visitantes, tem suporte doutrinário na teoria do chamado risco-proveito
82
, no qual aquele que colhe 
os frutos da utilização de coisa ou atividade que envolvam risco ou perigo, deve experimentar as 
conseqüências prejudiciais que delas decorrem. Outra abordagem doutrinária tem suporte no 
chamado risco-criado
83
, no qual se alguém põe em funcionamento uma atividade qualquer 
(industrial, comercial ou de serviços), responderá pelos eventos danosos que esta atividade gerar 
para empregados, clientes, usuários ou visitantes, em relação à segurança, salubridade, etc. 
 
 
82
 - Risco-proveito: Cavalieri Filho, Sérgio (p. 167). 
83
 - Risco-criado: Cavalieri Filho, Sérgio (p. 168). 
 
 
67 
 
 4.2 – OS RISCOS 
 
Risco é um termo utilizado para significar perigo potencial ou possibilidade de perigo. 
O termo risco significando ameaça, pode também ser conceituado como um evento capaz de 
produzir perdas reais e mensuráveis através um padrão definível pela instituição atingida, podendo 
ser expresso desde o uso de moeda corrente, até uma escala de valores que venha a refletir o 
desgaste da imagem da instituição perante seus funcionários e usuários
84
. Neste caso o termo risco 
tem o significado de uma ou mais condições variáveis, com potencial necessário para causar dano 
ao patrimônio da instituição. 
Analistas e gestores de risco são encarados geralmente como “caçadores de fantasmas”, 
pois receiam pelo que ninguém acredita e atuam para evitar o que ninguém vê (ou deseja ver). 
Quando não conseguem evitar o que temiam, são cobrados pela falta de previsão. Quando 
conseguem, evitam o pior, mas como o pior não ocorre, poucos acreditam que havia um risco real,sendo as providências tomadas classificadas como excesso de zelo ou pura paranóia. É necessário 
entender que as atividades, mesmo as mais simples ou comezinhas, pressupõe algum risco. Riscos 
são enfrentados para possibilitar o progresso da atividade, mormente nos de caráter lucrativo, porém 
sem a quimera pueril da segurança absoluta. 
Variações quanto ao grau dos riscos, resultam de combinações referentes à localização, 
lay-out da instalação, tipos de operações, características dos funcionários, qualidade do treinamento 
e da supervisão, além de fatores semelhantes. O interesse da direção em salvaguardar as operações 
do estabelecimento tem grande influência sobre a situação já que todo risco possui uma origem. A 
diminuição eficaz da probabilidade da sua ocorrência, só poderá ser obtida através do estudo e da 
compreensão da origem do risco, sua quantificação (intensidade), avaliação (probabilidade), 
freqüência, potencialidade, causas, fatores
85
 e da forma mais adequada de enfrentá-lo. 
A etiologia do risco ou o estudo da sua origem, importará na possibilidade de responder 
mais adequadamente às quatro perguntas centrais: A que riscos a organização está sujeita? Qual a 
probabilidade de que um determinado risco ocorra? Qual o impacto financeiro que a ocorrência 
desses riscos terá sobre a organização? Qual o investimento necessário para o afastamento/controle 
desses riscos? Respostas adequadas a essas quatro questões conduzirão à escolha da melhor 
 
84
 - Risco: Antonio Celso Ribeiro Brasiliano (p.103). 
85
 - Necessário distinguir causa de fator. Por causa, entenda-se aquilo que determina a existência do risco, ou seja, a 
circunstância sem a qual o fenômeno não existiria. Por fator, entenda-se aquilo que embora não dê causa ao fenômeno, 
concorre para sua maior ou menor incidência. 
 
 
68 
estratégia
86
 para enfrentamento de riscos, que é em geral baseada nos princípios da dissuasão e da 
contenção. A estratégia representa o "como fazer" o que foi determinado pela política
87
 adotada (o 
que deverá ser feito). 
Para efeitos didáticos, os riscos são divididos em incidentes involuntários e incidentes 
propositais. Os primeiros resultam geralmente de ação da natureza ou de ação humana, como a 
imprudência (erro de utilização), negligência (manutenção defeituosa ou omissa), imperícia (falta 
de treinamento), falha no uso de equipamentos de proteção, etc. Dentre os primeiros podemos listar: 
deslizamentos, enxurradas, vendavais, chuva de granizo, inundações, queda de raios, incêndios, 
acidentes com máquinas e equipamentos, explosões, trasbordamentos, falhas em suprimento de 
água, energia ou comunicação, etc. Neste caso, a ação humana não envolve intento deliberado, 
direta ou indiretamente. 
Os segundos resultam da ação humana, na qual o agente atua com deliberada intenção 
de produzir um resultado danoso ou assumindo o risco de produzir um dano ao bem protegido. São 
causados deliberadamente por pessoa ou grupo cujos interesses são hostis aos da direção do 
empreendimento. Dentre estes, podemos listar: os roubos e furtos, as falsificações, o terrorismo, a 
espionagem, a sabotagem física ou psicológica, os rumores e boatos, as turbas e tumultos, os 
incêndios, as explosões, etc. Dentre os incidentes propositais, há que estabelecer diferenças entre os 
de caráter oportunista e os de caráter estruturado ou sistemático. No primeiro caso, o agente (autor) 
aproveita uma ocasião propícia e inesperada para realizá-lo, como por exemplo nos casos de furtos 
de pequenos objetos ou peças, nos casos de danos ocasionais etc. No segundo caso, o agente (autor) 
busca, procura ou provoca uma situação propícia para a realização do seu intento, para o qual já 
tenha sistematizado e estruturado um curso de ações, como por exemplo nos casos de falsificação, 
espionagem, sabotagem, etc. 
Quando resultantes da ação ou omissão humana, os riscos podem ser representados por 
um algoritmo no qual o fator vontade ou culpa é multiplicado pelo fator oportunidade, produzindo 
um grau de risco perfeitamente mensurável. 
A expressão: Risco (R) = Vontade/Culpa X Oportunidade, pode induzir a uma 
conclusão, geralmente falsa, de que riscos são absolutamente anuláveis, quando na verdade a 
própria presença dos fatores referidos, impede essa conclusão. O risco sempre terá o significado de 
potencial de perigo ou sua possibilidade, podendo pela manipulação dos fatores, ser afastado, 
minimizado, reduzido, limitado ou deslocado, porém nunca absolutamente anulado. Dentre os 
 
86
 -Arte de aplicar os meios disponíveis, com vista à consecução de objetivos específicos. 
87
 -Arte de estabelecer os objetivos. 
 
 
69 
fatores referidos (vontade/culpa/oportunidade), o mais facilmente manipulável é o fator 
oportunidade, tanto em termos econômicos quanto em termos técnicos. 
A chamada Redução de Oportunidades ocorre quando meios ou processos de proteção 
são aplicados sobre algo ou alguém a proteger (Objeto de Proteção), inibindo a possível atividade 
ilegal e provocando em conseqüência, uma limitação ou deslocamento dessa atividade, sejam seus 
possíveis autores meros infratores eventuais ou oportunistas, sejam eles reunidos em bandos ou 
quadrilhas organizadas para a prática de crimes ou estruturados. Essa ferramenta é sem dúvida, o 
mais eficaz mecanismo preventivo de redução de riscos. 
Os riscos são tipologicamente classificados quanto à sua evolução no espaço-tempo, 
quanto à intensidade apresentada e quanto à origem do evento. Quanto à evolução, os riscos podem 
ser: 
 súbitos ou de evolução aguda (caracterizados pela subtaneidade, ou velocidade com que o 
processo evolui e normalmente, pelos eventos adversos causados, como por exemplo as 
enxurradas, explosões, vendavais, etc.); 
 de evolução crônica e gradual (caracterizados pela evolução através de etapas de agravamento 
progressivo, como por exemplo a erosão, seca, poluição ambiental, etc.); e 
 de somação de efeitos parciais (caracterizados pelo número de acidentes ou ocorrências com 
características semelhantes, os quais quando somados ao término de um determinado período, 
definem um grau de risco, como os acidentes com máquinas e equipamentos, acidentes de 
trabalho, etc.). 
Quanto à intensidade com que se apresentam, os riscos podem ser definidos em termos 
absolutos ou a partir da proporção entre as necessidades de recursos e as possibilidades dos meios 
disponíveis na área afetada para dar resposta cabal ao problema apresentado. São eles: 
 os acidentes, quando os danos e prejuízos conseqüentes são de pouca monta para o patrimônio 
da organização, embora na visão individual das vítimas, qualquer acidente seja muito valorado; 
 os desastres de médio porte, quando danos e prejuízos embora importantes, podem ser 
recuperados com os recursos disponíveis internamente ou da área sinistrada; 
 os desastres de grande porte, quando exigem o reforço dos recursos disponíveis da área 
sinistrada e o aporte de recursos externos ao estabelecimento e da área sinistrada; e 
 os desastres de muito grande porte, quando para garantir resposta eficiente e cabal recuperação, 
exigem a intervenção governamental. 
 
 
70 
Quanto à origem, os riscos são classificados em função da causa primária do agente 
causador. São eles: 
 naturais, os provocados por fenômenos e desequilíbrios da natureza, independentemente da ação 
humana; 
 humanos ou antropogênicos, os provocados pelas ações ou omissões humanas e relacionam-se 
com a atuação do elemento humano como agente ativo do risco; e 
 mistos, os provocados por ações ou omissões humanas,que contribuem para intensificar, 
complicar ou agravar os desastres naturais. Também se caracterizam quando os fenômenos 
naturais adversos atuam sobre condições ambientais degradadas pela atividade humana. 
A classificação tipológica dos riscos em naturais, humanos e mistos vem sendo 
contestada modernamente, pois se pretende rotular todos os riscos como mistos, face a possível e 
provável intervenção tanto dos fatores humanos como naturais nos eventos de risco. 
Os riscos podem ainda receber classificação (rating)
88
, em função da probabilidade de 
sua ocorrência ou da natureza do agente causador em ambiente de trabalho. No primeiro caso 
classificam-se em: 
 riscos improváveis (os que têm probabilidade zero ou muito próxima de zero de ocorrência); 
 os pouco prováveis (os de pequena probabilidade de ocorrência); 
 os prováveis (os de média probabilidade de ocorrência e para os quais existam histórico, 
antecedentes ou circunstâncias favoráveis à sua ocorrência); e 
 os atuais ou em curso (os de grande probabilidade de ocorrência ou para aqueles cujos sinais 
preliminares de ocorrência já foram percebidos). 
 Esta classificação também pode ser expressa numa escala percentual ou em relação a 
grupos de eventos, como por exemplo a probabilidade de morte em acidentes de automóvel (1%) ou 
em incêndios.(0,1%) ou em acidente aéreo (1 em 20.000) ou motivada por queda de asteróide (1 em 
500.000), etc. 
No segundo caso, classificam-se em riscos de natureza física, de natureza química, de 
natureza biológica, de natureza radiológica, de natureza ergonômica ou ainda, em acidentes (como 
quedas, choques contra obstáculos fixos/móveis, etc.). Estas classificações são geralmente utilizadas 
para confecção de mapas de risco ambiental. 
 
88
 - Rating ou Classificação de Risco, mediante enquadramento em classes ou categorias. 
 
 
71 
Os riscos podem ainda ser classificados genericamente, através de uma relação entre a 
freqüência com que se concretizam e o nível de potencialidade com que atingem uma organização, 
devendo pois cada um ser identificado e quantificado. Teremos por conseqüência : 
 os riscos de alta freqüência e baixa potencialidade de ameaça, como os acidentes de trabalho, a 
poluição ambiental, as perdas por falhas no processo de armazenamento, carga/descarga ou 
transporte, as perdas de pequenas quantias ou valores e outros; 
 os riscos de média freqüência e média potencialidade de ameaça, como os casos de acidentes 
com veículos, inundações, roubos e furtos em geral, incêndios localizados de pouca monta e 
outros; e 
 os riscos de baixa freqüência e alta potencialidade de ameaça, como seqüestros, sabotagens, 
explosões, incêndios de grande monta, etc. 
Os riscos em resumo, apresentam características bastante peculiares. São quantificáveis, 
isto é, podem ser enquadrados em escalas de valores arbitráveis ou em escala de medidas que 
facilitem sua compreensão/materialização. São analisáveis, isto é, podem ser decompostos em 
fatores componentes e pesquisados em função de sua natureza (estruturado ou oportunista) e da sua 
estrutura sendo em regra, diretamente proporcionais a seus fatores componentes. São qualificáveis, 
isto é, podem ser classificados tipologicamente em função de sua origem, probabilidade, freqüência 
e potencialidade. São sociodependentes, isto é, são típicos da vida do homem em grupo social. E 
para algumas corrente de pensamento são iatrogênicos, na medida que o Objeto de Proteção (OP) 
seria seu único e possível agente causador. 
Incidentes involuntários como, incêndios, falhas de manutenção, explosões e falhas no 
fornecimento de energia elétrica podem desmantelar as operações e resultar em diminuição da 
produtividade. Esses incidentes resultam de imprudência, negligência, imperícia, falta de 
treinamento, uso errôneo de máquinas, manutenção defeituosa e falha no fornecimento ou uso de 
equipamentos de proteção pessoal quando necessário. Raro, realmente, é o estabelecimento que 
esteja totalmente livre de tais ocorrências. O intento deliberado, por parte de qualquer pessoa ou 
grupo, não concorre para tais incidentes. Os empregados não desejam envolver-se em acidente que 
possa resultar em ferimentos, mutilação ou morte. Mas tais eventos ocorrem. O custo do seguro, 
serviços médicos, recrutamento e treinamento de substituição e perdas na produção montam a 
milhões de reais, ano após ano. Tais incidentes não precisam ocorrer e são perfeitamente evitáveis. 
Métodos positivos de prevenção eficaz podem reduzir ou eliminar esses infortúnios. 
Incidentes propositais são aqueles causados deliberadamente por pessoas ou grupos 
cujos interesses são hostis aos da direção. Os incidentes podem ser planejados de modo a parecerem 
incêndios ou explosões acidentais, assim como acontecimentos semelhantes. Incidentes disfarçados 
 
 
72 
desse tipo são de difícil esclarecimento. Todo incidente, intencional ou não, merece investigação 
por pessoal competente para verificar todos os fatores contribuintes. Os dados coligidos oferecem 
orientação quanto às exigências de segurança mediante cuidadosa análise e avaliação. 
Muitos outros riscos enquadram-se no grupo intencional. Roubos, furtos, danos e 
outras perdas são ameaças constantes na maioria das instalações. Em casos específicos os 
instrumentos usados incluem espionagem, infiltração, terrorismo, manipulação psicológica e 
sabotagem física. Entre os métodos empregados estão o estabelecimento e a intensificação de 
tensões emocionais, crises, medo e pânico, incitamento de reuniões pacíficas para transforma-las 
em atos delituosos e tumultos e campanhas visando tornar os órgãos de manutenção da lei 
impopulares e ineficazes. 
Tradicionalmente definida, espionagem é a aquisição, mediante violação de lei ou 
regulamento, de qualquer informação limitada ou restrita e não revelada ao público. O objeto da 
espionagem é colher informações que possam ser úteis a um inimigo ou concorrente. Algumas 
empresas verificam que a natureza de suas operações tornam difícil a ocultação de muitas de suas 
fases. Entretanto, compete à direção e aos empregados desses estabelecimentos agir com discrição 
na liberação de informações e zelar pela guarda de dados sensíveis. O agente treinado de 
espionagem é hábil na obtenção de uma grande quantidade de informações detalhadas de várias 
fontes, na avaliação de cada fragmento e na sua reunião, para desenvolver um quadro completo e 
preciso de um estabelecimento e de suas operações. Por esse modo, pequenos informes podem ser 
colhidos e usados para infligir grandes danos à produção ou aos serviços. 
A espionagem pode ser bastante dificultada se forem utilizadas medidas de proteção 
adequadas, tais como a regulação; uma completa investigação social na contratação; reverificação 
periódica dos empregados; prevenção das entradas não autorizadas e controle das entradas 
autorizadas; a salvaguarda e manuseio controlado de documentos e materiais reservados; destruição 
de refugos e resíduos de material reservado; restrição de deslocamentos dentro da propriedade; 
treinamento adequado e contínua educação de segurança de todas as pessoas que tenham acesso a 
informações sensíveis para as operações da empresa; etc. 
Segundo se estima, em 75% dos casos de espionagem industrial há envolvimento de 
pessoal pertencente aos quadros da “empresa-alvo.” Casos de espionagem são eventualmente 
tratados publicamente
89
, como o ocorrido em 1993, quando um executivo deixou a GM alemã, em 
troca da chefia de um departamento da Volks, levando com ele os segredos de um novo lançamento 
da Opel (subsidiária da GM), bem como planos e documentos da montadoraamericana; três anos de 
“brigas”depois, o executivo foi demitido e a Volks pagou uma indenização à GM. Em 2006, a Pepsi 
 
 
73 
informou à Coca-Cola haver recebido uma oferta de informações confidenciais sobre produtos da 
rival, em troca de U$ 1,5 milhões; investigando o fato, o FBI descobriu que uma secretária da 
empresa Coca-Cola estava envolvida. Em 2007, a empresa McLaren foi multada em U$ 100 
milhões, por ter obtido ilegalmente dados da concorrente Ferrari, sendo que documentos com dados 
técnicos dos carros da Ferrari, foram encontrados na casa do chefe dos projetistas da McLaren. Em 
2010, uma engenheira da General Motors (GM) e seu marido, são acusados de espionar em favor de 
rivais chineses (Chery), roubando segredos comerciais sobre veículos híbridos, no valor de U$ 40 
milhões. 
Atualmente, as atividades de espionagem industrial no Brasil produzem perdas 
estimadas em cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (2000), envolvendo tanto a 
ação direta de concorrentes, quanto a ação de funcionários da própria empresa em conluio com 
concorrentes, tendo por motivação a vingança pessoal, chantagem, posição ideológica, insatisfação 
profissional ou interesse financeiro. Neste amplo aspecto incluem-se ainda as fraudes (envolvendo 
desde práticas de desvio de caixa até operações ilegais com fornecedores), a concorrência desleal 
(envolvendo a divulgação de segredos industriais e comerciais, praticada tanto por concorrentes 
quanto por funcionários, freqüentemente por ambos em conluio) e a vingança corporativa (dano 
provocado por funcionário ou ex-funcionário sem interesse financeiro). A área mais visada para 
atividades de espionagem é atualmente a que diz respeito às tecnologias nacionais, sendo os alvos 
mais visados os de conhecimento em biotecnologia, energia nuclear e exploração de petróleo. O 
setor de telecomunicações tem sido o mais visado como via de penetração dessas áreas. A ABIN, 
órgão federal de inteligência, mantém em andamento um Programa Nacional de Proteção ao 
Conhecimento, acessível a instituições públicas e privadas. 
As fraudes que, segundo estimativas de consultores podem chegar a cifras próximas a 
8% do PIB, são conseqüências tanto de desvio de caráter de executivos quanto da falta de 
adequados mecanismos de controle das próprias empresas, tais como a separação clara de funções, a 
falta ou insuficiência de auditorias internas e externas e a concentração excessiva de poderes. Isso 
dá margem à superfaturamento no preço de consultorias, ao fornecimento de mão-de-obra, serviços 
e produtos, bem como à aplicação de recursos financeiros da empresa, ao desvio de estoques, ao uso 
de notas fiscais frias, ao roubo simulado de mercadorias, à venda de planos e cadastros da empresa, 
etc. A concorrência desleal e a ação de espionagem envolvendo conhecimentos, informações ou 
dados confidenciais utilizáveis na indústria, comércio ou serviços estão previstas na Lei N.º 9279 
de 14 de maio de 1996
90
, que as tipifica. 
 
89
 - Publicado por O Globo, em 15 de fevereiro de 2008, p. 26. 
90
 -Lei publicada no DOU, de 15 de maio de 1996, que regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. 
 
 
74 
Até pouco tempo atrás, o terrorismo tinha como alvos preferenciais indivíduos 
especialmente escolhidos, geralmente altas personalidades do mundo político, social e empresarial 
ou instalações físicas cuja paralisação ou destruição redundaria em vitória de natureza militar, 
política, econômica ou de propaganda. Tal situação mudou, entrando em cena uma nova escalada de 
um terrorismo genérico. Essa escalada do terrorismo manifestou-se claramente em 1993, no 
atentado ao World Trade Center (Nova York)
91
, no atentado contra um prédio federal em Oklahoma 
City
92
 em 1995 e nas bombas do metrô de Paris. 
Além do terrorismo baseado em convicções políticas ou religiosas fanatizadas, a 
escalada do terrorismo apresenta modernamente uma aliança com facções criminosas, cujo exemplo 
mais notório é a atuação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no narcotráfico 
e na “indústria de seqüestros”, cujo modelo é copiado no Brasil por determinados segmentos dos 
chamados “movimentos sociais” e de algumas facções criminosas como o Primeiro Comando da 
Capital (PCC), em São Paulo e o Comando Vermelho (CV), no Rio de Janeiro. 
Essa conjuntura potencialmente adversa se agrava ante a possibilidade do terrorismo da 
bomba, do revólver e do punhal se tornar coisa do passado, face ao neoterrorismo dos gazes, dos 
ataques biológicos e da contaminação radioativa para atentados de destruição em massa, a exemplo 
do ocorrido no metrô de Tóquio (março de 1995), com o lançamento de uma pequena quantidade de 
gás SARIN
93
, matando uma dúzia de pessoas e afetando gravemente uma centena de outras. Essa 
nova modalidade de terrorismo, aparentemente sem objetivos políticos ou militares concretos, são 
ao que tudo indica, inspiradas no propósito de levar morte e confusão à sociedade. 
Num mundo empresarial globalizado, a ameaça do Terrorismo Eletrônico cresce na 
razão direta do aumento da dependência corporativa aos computadores e sistemas, onde ainda é 
grande o despreparo da maioria das empresas para enfrentar a questão da segurança e na qual a 
maior parte não tem como identificar o responsável ou a causa de eventuais ataques. A ação de 
vírus e a invasão de hackers na Internet e nas redes corporativas são hoje uma expressão desse tipo 
específico de terrorismo que ataca até sistemas reconhecidamente bem protegidos, como as redes do 
Pentágono, da CIA, da NASA e do FBI, prejudicando a velocidade de tráfego nas redes, atacando 
sites, replicando-se e propagando-se pelas redes, destruindo arquivos e vulnerando informações 
estratégicas, tanto de órgãos de governo quanto de empresas privadas. 
 
91
 - Com a explosão de um veículo com 680 quilos de explosivos, que matou seis pessoas e feriu mais de mil, atribuída 
a extremistas islâmicos. 
92
 - Praticado pelo norte-americano Timothy McVeigh, que detonou um carro-bomba diante de um prédio federal, 
matando 168 pessoas e ferindo mais de 500. 
93
 - Gás com efeito direto no sistema nervoso central, provoca cegueira,convulsões, paralisia e asfixia e pode provocar a 
morte em poucos minutos. Pessoas expostas por alguns segundos, podem apresentar sangramentos no nariz e na boca. É 
usado em armas químicas, sob forma líquida e evapora com grande rapidez. 
 
 
75 
A ação terrorista (11 de setembro de 2001) contra as instalações do Departamento da 
Defesa/Pentágono (Washington) e a destruição do World Trade Center
94
 (Nova York), pela 
magnitude e pela inovação, ressaltada pelo atentado de Madri (11 de março de 2004) que resultou 
em 191 mortos e centenas de feridos, deixou a descoberto um truísmo na seqüência histórica do 
terrorismo, para o qual ninguém é inocente e onde ninguém está a salvo. Essas novas implicações 
do terrorismo, entendidas nas suas reais e nefastas dimensões, implicarão na revisão das estratégias 
de segurança de governos e de empresas, nas quais as imprescindíveis ações enérgicas e rigorosas 
de prevenção e dissuasão. 
No Brasil, os atos de terrorismo, quando cometidos contra a segurança nacional, a 
ordem política e social, estão previstos na Lei n.º 7170 de 14 de dezembro de 1983
95
 (embora sem 
definição legal) e na Constituição Federal
96
 Fora essa situação, não existe no Brasil legislação 
tipificando esses atos
97
, aplicando-seatualmente aos seus resultados o disposto no Código Penal. Se 
por um lado inexiste definição legal, apesar da sua citação na Constituição Federal como crime 
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia (CF, art. 5º, XLIII), bem como uma vaga referência a 
atos de terrorismo, apenados pelo art. 20 da atual Lei de Segurança Nacional
98
, por outro lado 
existem milhares de conceitos, a grande maioria de natureza pessoal ou de grupos de interesse. 
Representam as características gerais do termo, idéias, concepções ou pontos de vista que dão 
margem a inúmeras construções tipológicas, tendentes a refletir opiniões circunstanciais. Em 
síntese, não temos uma definição legal e sem ela, não temos uma tipicidade punível e culpável. Sem 
ela, esse ato só é punível pelos resultados que possa produzir. Terrorismo é hoje uma enunciação 
abstrata, em busca de um conteúdo normativo que atenda o princípio da legalidade. Neste quadro é 
muito difícil pensar em profilaxia criminal ou em controlar esse tipo de risco, pela dificuldade de 
identificação e conceituação. Mas, para avançar nesse terreno, temos que arriscar uma 
conceituação; teleológica é verdade e também questionável, porém imprescindível para viabilizar 
um estudo sobre terrorismo, seus antecedentes históricos, sua evolução, formas como se apresenta e 
objetivos imediatos, bem como para tornar possível a elaboração de uma estratégia para enfrentá-lo. 
Assim sendo, adotemos em relação ao termo terrorismo, as seguintes premissas que 
servirão de base conceitual ao estudo a ser desenvolvido: 
 
94
 - Destruiu as duas torres e mais cinco edifícios do WTC., como também quatro estações do Metrô, danificcando 
seriamente 25 edifícios vizinhos e matou 3.234 pessoas, inclusive seus 19 autores identificados. 
95
 -LSN, publicada no DOU, de 15 de dezembro de 1983, define os crimes contra a segurança nacional, a ordem 
política e social, estabelece seu processo e julgamento e dá outras providências. 
96
 -Constituição Federal de 1988, atr. 5º, inciso XLIII. 
97
 -Em tramitação um Projeto de Lei do Executivo que acrescenta o Título XII, que trata dos crimes contra o Estado 
Democrático de Direito, à Parte Especial do Decreto-Lei n.º 20848, de 07 de dezembro de 1940-Código Penal, dando 
outras providências dentre as quais, a definição de Terrorismo (Art. 371) e a revogação da Lei n.º 7.170, de 14 de 
dezembro de 1983-Lei de Segurança Nacional. 
 
 
76 
 trata-se de uma manifestação de conflito individual ou de grupo, com a finalidade de coagir ou 
impor medo; 
 é um ilícito ato, caracteristicamente premeditado e contínuo, geralmente de natureza 
indiscriminada, imprevisível e arbitrária, que atua com emprego metódico de violência ou sua 
ameaça, contra pessoas e coisas; 
 sua atuação é dirigida contra alvos não-combatentes99 e objetiva influenciar um público 
determinado, produzindo vítimas em quatro diferentes níveis: 
1. vítima tática ou circunstancial – aquela que sofre diretamente a violência do ato (o 
morto, o ferido, o seqüestrado, etc.); 
2. vítima estratégica – aquela que embora não tenha sofrido diretamente com o ato de 
violência, encontra-se no grupo de risco dos vitimados e imagina-se alvo potencial; 
3. vítima colateral – aquela não englobada nos níveis anteriores, mas que se julga insegura 
e potencialmente vítima, pela proximidade e violência de um atentado; 
4. vítima política – o Estado. 
 o alcance de suas ações pode dar-se tanto no plano doméstico quanto no plano internacional; 
 as guerrilhas e os grupos de ação que optam por emprego de ações violentas, inevitavelmente 
incorporam um componente terrorista. 
Feitas essas considerações, já é possível identificar suas expressões ao longo da história 
da humanidade. Heródoto e Xenofonte
100
 registam o emprego do terrorismo como tática de guerra, 
presumindo-se que o seu emprego seja muito mais antigo e que tenha sido usado por todos os 
exércitos imperiais da antigüidade, com maior ou menor intensidade. A ocupação romana da Judéia 
no século I d.C., foi marcada pela ação de um grupo judeu conhecido por Sicarii ou Sicariu, que 
praticou atos de terrorismo contra a administração romana, seus coletores de impostos e contra 
colaboracionistas judeus. As hordas bárbaras que ocuparam o então decadente Império Romano do 
Ocidente, também o utilizaram em maior ou menor escala. 
Também os descendentes daqueles povos bárbaros, já travestidos de senhores feudais na 
Idade Média, deram continuidade ao seu uso, uns contra os outros. Ainda na era medieval, 
conforme relato dos Cruzados, no decorrer do século XII, muçulmanos de uma seita fanática xiita 
conhecidos por Assassinos
101
 atuavam no que hoje se conhece por Oriente Médio praticando 
atentados em busca de auto-imolação. Num corte histórico, alcançamos o final do século XVIII com 
 
98
 - Lei N.º 7170, de 14 de dezembro de 1983 (art. 20). 
99
 - Como não-combatente entende-se tanto os civis quanto os militares não engajados em qualquer tipo de guerra, os 
integrantes de missões internacionais de paz ou aqueles lotados no exterior, em lugares onde não existam hostilidades 
entre o governo anfitrião e o hóspede. 
100
 - Historiadores gregos dos séculos V e IV a.C., respectivamente. 
 
 
77 
o Terror Jacobino (1793-1794) na França Revolucionária, ou as práticas terroristas das forças 
combatentes na Guerra de Secessão Americana (1860-1865), ou o Terror Anarquista no final do 
século XIX e inicio do século XX, que culminou com o assassinato do Arquiduque Francisco 
Ferdinando
102
. O terrorismo de Estado volta a aparecer na sua forma mais perversa em 1919, na 
URSS comunista, quando do tristemente célebre Decreto dos Reféns. 
O século XX foi profícuo em organizações terroristas, principalmente na sua segunda 
metade, que em estruturas de apoio mútuo e com o centro nervoso focado na Europa, teve a 
participação de organizações ditas revolucionárias no Oriente Médio e América Latina, onde 
colocaram em prática uma nova lógica terrorista de justiçar culpados de opressão, aos quais eles 
mesmos julgavam e executavam. 
O movimento Tupamaros (Uruguai); a Organização para a Libertação da Palestina 
(OLP), de Yasser Arafat e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), de George 
Habash são exemplos dessa nova onda terrorista já em escala mundial, que dispunha de campos de 
treinamento em Cuba, Líbano, Argélia, Tchecoslováquia e Iêmen do Sul, nas décadas de 60-80, 
possibilitando a estruturação de novos grupos terroristas como o Baader-Meinhof (Alemanha), 
Brigadas Vermelhas (Itália), Exército Vermelho (Japão), Setembro Negro (Palestina) e a Jihad 
Islâmica (Egito), que junto aos mais antigos IRA (Irlanda do Norte) e ETA (Espanha), formaram 
uma verdadeira Central Mundial do Terror, onde partilhavam armas, planos e infra-estrutura para 
ações conjuntas ou articuladas. 
Neste cenário, grupos palestinos usaram o terror em grande escala. No início dos anos 
setenta, como forma de chamar a atenção do mundo para sua causa. Depois, ganhando uma 
dimensão sem precedentes quando o fanatismo religioso criou os homens-bomba (também as 
mulheres-bomba), gerou uma arma de difícil detecção e de improvável prevenção, por se tratar de 
pessoas dispostas ao suicídio para atingir os objetivos visados pelos seus mentores, intérpretes 
exóticos do Alcorão. 
O uso do fanatismo religioso de grupelhos islâmicos como base da prática terrorista, 
alcança seu ápice nos atentados de 11 de setembro de 2001 nosEUA (Nova York e Washington), 
replicados em Madri (2004), Beslan (Ossétia do Norte, em 2004), Londres (2005) e Moscou (2004 e 
2010), ocasiões em que o processo civilizatório foi posto em causa, por conta de um idealismo 
político/religioso com práticas injustificáveis, que rompe regras e mata inocentes. 
O Brasil não ficou for a desse ciclo de terror, que ocorre como um surto na cena política 
brasileira nas décadas 60/70, iniciado por facções de direita e ampliado, consolidado e operado 
 
101
 - Termo provavelmente derivado de haxixe, droga largamente usada pelos seus integrantes. 
102
 - Fato fundamental na deflagração da I Grande Guerra. 
 
 
78 
pelas organizações de esquerda, ditas revolucionárias. Embora contemporâneas, tiveram causas e 
objetivos diferentes, produzindo resultados diversos. 
As ações terroristas de direita, tiveram por característica a baixa ocorrência de danos 
físicos e destinavam-se a produzir tensão no meio político, objetivando a intimidação da esquerda 
intelectualizada e o favorecimento do processo de radicalização política no país. Ocorre 
basicamente entre os anos de 1962 e 1968. 
As ações terroristas de esquerda tiveram inicio em dezembro de 1966, ante a 
perplexidade do governo militar, da falta de informações dos órgãos de segurança pública, da 
surpresa causada pela ousadia dos ataques e embasadas numa rede de apoio da militância 
esquerdista. As ações urbanas realizadas, dividiram-se em duas categorias distintas e interligadas: as 
de natureza ofensiva e geradoras de publicidade, compreendiam os atentados pessoais, os seqüestro 
de aviões, os atentados a bomba, as depredações e os atos de sabotagem; as de natureza logística, 
compreendiam aquelas destinadas a prover as organizações com dinheiro, armas, munições, 
explosivos e remédios. Seu principal ideólogo e estrategista foi Carlos Marighella e sua concepção 
visava produzir tensão política, levar insegurança e incerteza às "classes dominantes", desgastando 
e desmoralizando as forças militares e de segurança. Ao lado das ações urbanas, Marighella 
teorizava sobre a necessidade de bases rurais para as organizações terroristas, que na pior das 
hipóteses serviriam para refúgio de seus quadros e para mantê-los em atividades mais resguardadas, 
economizando os custos de fugas para o exterior. Marighella propunha ações de assassinatos, 
seqüestros e assaltos. O surto terrorista urbano no Brasil, foi desmantelado no final do ano de 1971 
e as ações da esquerda armada desviaram-se para o foco rural, sendo as organizações remanescentes 
desbaratadas no final de 1973. 
Nos anos 90, o caráter do terrorismo internacional sofreu uma drástica alteração e seus 
ataques passaram a visar mortes em massa, deixando de ser o resultado de uma causa para assumir-
se como uma tática escolhida, sendo marcante a organização do Al-Qaeda, de Osama Bin Laden. A 
evolução do terrorismo, desde seu emprego como tática de guerra, transforma-se sucessivamente 
em tática de guerrilhas de libertação, em expressão de inconformismo político ou de 
fundamentalismo religioso e materialização da vontade de Estados, até consolidar-se em expressão 
da vontade de grupos minoritários politicamente organizados, que passam a utilizar o terrorismo em 
escala global como praxis de ação política ou de imposição de credo religioso, combinando o 
emprego de armas letais com a crescente vulnerabilidade dos países desenvolvidos. E isso foi 
chamado por Walter Laqueur
103
 de Novo Terrorismo, em livro homônimo publicado em 1999. 
 
103
 - Historiador americano, dos mais respeitados estudiosos do assunto, autor de Terrorismo e Guerrilha, Enciclopédia 
do Holocausto e O Novo Terrorismo. 
 
 
79 
Outra questão posta é quanto à clássica divisão de terrorismo doméstico e terrorismo 
internacional, e suas estruturas clássicas de comando. Num passado recente, organizações terroristas 
possuíam cunho regional, tinham estruturas de comando restritas e definidas, bem como caráter 
nacional com objetivos claros, imediatos e limitados geograficamente. Hoje, segundo especialistas 
como o professor Joshua Spero
104
 ou como o professor William DeMars
105
 ou ainda como o 
professor James Ray
106
, organizações como a Al-Qaeda têm caráter internacional e global, servem 
de base para muitos grupos terroristas regionais, atuando como se fossem conselhos corporativos de 
uma empresa que, funcionando segundo o conceito de delegação de autoridade, podem agir 
independentemente de um líder único. 
 Se num passado recente grupos terroristas que perderam suas lideranças se 
desmantelaram, como o grupo alemão Baader- Meinhof, ou o italiano Brigadas Vermelhas ou ainda 
o peruano Sendero Luminoso ou as brasileiras ALN e VPR, tal não é esperado de organizações 
como a Al Qaeda, dado sua natureza diferente e sua adaptação aos novos tempos. Sua enorme 
capacidade de agir em diferentes países e em diferentes continentes, indicam tanto redes de apoio 
como células ativas ou adormecidas espalhadas pelo mundo, com capacidade de ação bastante 
descentralizada. 
Dado a variedade de conceitos, preconceitos teóricos e formulações jurídicas, são 
flagrantes as dificuldades quanto à formulação de uma definição legal de reconhecimento geral, 
dado ao preciosismo de sociólogos, juristas e pesquisadores de uma forma geral, que por razões 
diversas colocam em segundo plano a semântica do termo, que remete a um modo de coagir, 
ameaçar ou influenciar pessoas, causando-lhes medo, pavor ou apreensão. O sociólogo e professor 
da Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ – Gláucio Ary Dillon Soares, lembra que uma 
antiga e consagrada definição de terrorismo, faz distinção entre ações contra combatentes e não-
combatentes, sendo que as realizadas contra alvos civis, seriam sempre consideradas como atos de 
terrorismo, dentro da acepção que a definição do objetivo definiria o ato. 
O professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador sobre Terrorismo e 
Segurança Internacional – Marcial A.G.Suarez entende que o terrorismo possui uma dimensão 
tática e uma dimensão política, o que vem motivando a falta de consenso na ONU e 
impossibilitando uma definição jurídica do termo, como também provoca hoje dentro das agências 
do governo norte-americano, definições diferentes como as utilizadas pelo FBI, CIA e 
Departamento de Defesa; opina o professor que podem ser conceituados como terroristas as ações 
 
104
 - Professor de Ciência Política em Massachusetts, EUA. 
105
 - Chefe do Departamento de Governo, da Faculdade Wofford, Carolina do Sul, EUA. 
106
 - Professor de História, da Universidade Vanderbilt, EUA. 
 
 
80 
sistemáticas, violentas e seletivas contra o Estado, que visem enfrentar a presença desse Estado, ou 
seja, enfrentar uma agenda política legítima com a negação desta, a partir de uma agenda cujo 
objetivo seja coagir, ameaçar ou influenciar pessoas, causando-lhes medo, pavor ou apreensão. Já o 
coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP – Sérgio Adorno, afirma que o terrorismo 
não se define apenas por atos de violência, mas pela ligação desses atos com uma certa ideologia, 
seja ela de extrema esquerda, extrema direita ou religiosa. 
 Para fazer frente a essa trágica ameaça, podemos pensar numa variável do conceito de 
defesa em profundidade, o que resultaria na imagem formada por três círculos concêntricos, que 
representariamtrês perímetros de proteção, com funções e níveis de abrangências diferenciados, 
porém, com origens e objetivos comuns. 
 O círculo mais amplo, ou perímetro externo, seria representado pelo emprego de todos 
os elementos do Poder Nacional (diplomacia, inteligência, etc.), pela necessária antecipação ante 
possíveis desastres e ativação de medidas de Contraterrorismo, abrangendo medidas ofensivas e que 
teria como alvos os grupos identificados para prevenir, dissuadir ou retaliar seus atos. Seria 
materializado pelo fluxo de informações obtidas e pelas medidas dele conseqüentes, de caráter 
claramente antecipatório às intenções do terrorismo internacional ou doméstico, seus possíveis e 
prováveis alvos, do elenco de riscos previstos, de seus níveis e graus de probabilidade, intensidade, 
freqüência e potencialidade, com a ativação de um Centro Nacional que funcionaria como banco de 
dados, central de planejamento e centro coordenador das atividades das agências. Seria também 
fundamental uma política nacional de segurança de fronteiras, aí incluídos os portos e aeroportos, 
com a implantação imediata de um sistema de identificação biométrica, compatível com a idéia de 
troca de informações em tempo real, com organismos similares em âmbito internacional. 
O segundo círculo, ou perímetro intermediário, seria representado por uma legislação 
anti-terror
107
 que ainda não temos e por ações nos campos da segurança nacional e principalmente 
da segurança pública. Dentre as propostas hoje estudadas, está a da internacionalização dos crimes 
de terrorismo, principalmente o terrorismo biológico e radiológico, cuja investigação e julgamento 
seriam realizados através de mecanismos internacionais, via ONU, envolvendo tanto aqueles que 
participam diretamente das ações, quanto aqueles que de qualquer forma apoiam, facilitam, 
financiam ou abrigam organismos terroristas de caráter internacional de qualquer porte, assim como 
os que produzem, vendem, financiam ou cedem material para as práticas terroristas. Essas medidas, 
em escala mundial, seriam fundadas em legislações criminais de cunho nacional, além de uma 
 
107
 - Em tramitação um Projeto de Lei do Executivo que acrescenta o Título XII, que trata dos crimes contra o Estado 
Democrático de Direito, à Parte Especial do Decreto-Lei n.º 2.848, de 07 de dezembro de 1940- Código Penal, dando 
outras providências dentre as quais, a definição do crime de Terrorismo (Art. 371) e a revogação da Lei nº. 7 170, de 14 
de dezembro de 1983-Lei de Segurança Nacional. 
 
 
81 
Convenção Internacional, que cuidaria de tipificar uniformemente tanto o terrorismo de caráter 
doméstico quanto o internacional, bem como a produção, uso, facilitação, cessão ou venda de 
material para utilização em práticas terroristas. As ações no campo da segurança nacional e pública, 
envolveriam uma ampla mobilização em diferentes níveis, tanto militar, como diplomática e 
policial, como a implantação e gestão de mecanismos de troca de informações em tempo real e a 
criação de força tarefa multinacional, para emprego imediato no acompanhamento, investigação e 
ação direta contra atividades terroristas, em qualquer estágio ou curso de ação. 
Com respeito ao terceiro círculo ou perímetro de proteção, seria representado por 
medidas de segurança física condizentes com o novo cenário mundial do qual fazemos parte, com a 
ativação de medidas de Antiterrorismo, eminentemente defensivas e que tivessem por objetivo a 
redução da vulnerabilidade aos atentados. Tais medidas seriam iniciadas com a operacionalização 
de políticas de segurança empresarial que demonstrem inequívoca e ostensivamente, o grau de 
controle e de segurança que se deseja adotar na proteção das instalações, dos empregados e dos 
clientes/usuários. É necessário ter sempre em foco que os alvos preferenciais do terrorismo, 
doméstico ou internacional, serão sempre aqueles mais desprotegidos e menos controlados, pois 
apesar da possibilidade de enfrentamento de terroristas-suicidas com pouco ou nenhum apreço pelas 
próprias vidas, quando da escolha de seus alvos, estes darão preferência aos ambientes onde seja 
menor a capacidade de impedimentos ou de reação organizada. 
É claro que toda e qualquer medida de defesa tomada em relação ao terrorismo, terá 
reflexos diretos e imediatos na melhoria das condições gerais de segurança, inclusive contra os 
riscos provenientes da marginalidade comum que nos assola diária e rotineiramente, concorrendo 
também para diminuir a sensação de insegurança que nos aflige indistintamente. 
A sabotagem psicológica é um método freqüentemente utilizado que objetiva incitar e 
transformar problemas, conflitos pessoais e animosidade em descontentamento, disputas 
jurisdicionais, operações-tartaruga, greves e boicotes. Ela pode ser o instrumento para induzir 
empregados a produzirem trabalho inferior e criar problemas entre empregados e empregadores. 
Muitas pessoas possuem um insaciável desejo de estar "por dentro", de serem as primeiras a ouvir e 
a espalhar notícias de qualquer espécie. Parecem obter satisfação em "estar por dentro do negócio" e 
quase nunca certificam-se da veracidade de sua informação ou da autenticidade de suas notícias. 
Uma pessoa com tal característica pode facilmente tornar-se instrumento inconsciente 
do sabotador psicológico e ser usada de modo a ajudá-lo em seus planos. Boatos, juntamente com 
outros indícios, constituem importante indicação do aumento de tensões e da deterioração do clima 
emocional numa instalação ou área. Cuidadosa coleta e análise de tais informações pela direção da 
empresa pode fornecer valiosa orientação quanto às necessidades de controle. Os mesmos dados 
 
 
82 
podem indicar métodos e ações pelos quais os dirigentes podem antecipar-se ao surgimento de 
hostilidades e prevenir sua transformação em atos de violência. 
A violência de turbas e dos tumultos podem ser planejados, incitados e dirigidos por 
profissionais que são peritos em transformar reuniões pacíficas em forças destruidoras. Boatos e 
propaganda desempenham importante papel no aparecimento de distúrbios e são causas aptas a 
subverter uma organização inocente, de modo que sirvam aos propósitos do sabotador, pela 
infiltração de rumores e distorções. 
O pânico pode ser iniciado ou encorajado pelos boatos. Algumas emoções similares às 
presentes no que concerne às tensões, manifestam-se nas situações de pânico. Os fatores 
contribuintes comuns incluem uma súbita e inesperada guinada dos acontecimentos que um grupo 
interpreta como uma ameaça à vida e à integridade física, criando temores rápidos e irracionais e 
vontade irresistível de escapar do lugar. A habilidade de pensar de modo claro e lógico é 
temporariamente perdida e o medo e o terror lançam em todos um desejo violento de fugir da 
ameaça, de evadir-se daquele lugar, mesmo que para isso tenham que pisotear e massacrar os outros 
nos esforços de fuga. 
O medo irracional, precursor do pânico, é geralmente conseqüência de insuficiente 
conhecimento, informação inadequada e/ou falta de confiança na liderança existente. Os 
empregados devem ser preparados para evitar o pânico mediante : 
(1) minuciosa discussão sobre os elementos que conduzem ao pânico, 
(2) um programa educacional contínuo, 
(3) exercícios regulares de evacuação e 
(4) programas destinados a conseguir sua confiança em líderes competentes. 
 
A sabotagem física em operações industriais, comerciais ou agrícolas é um método 
extremamente eficaz de atrapalhar a produção e pode tomar muitas formas. Os métodos de 
sabotagem podem ser agrupados em duas categorias genéricas : 
(1) atos dissimuladosou secretos que são disfarçados para parecerem conseqüência de 
erros ou imprudência e para os quais são feitos esforços para ocultar a ação do agente e 
o fato de que o ato foi deliberado; neste grupo inclui-se o trasbordamento acidental de 
óleo no assoalho para criar riscos de escorregões em locais perigosos, o encontrão 
inadvertido contra outro empregado fazendo-o cair sobre máquinas em movimento e 
ferir-se, o incêndio causado por combustão espontânea, o derramamento descuidado 
de um contaminante ou material prejudicial numa mistura de processo, a mistura 
errônea de circuitos elétricos e outros infortúnios; e (2) atos ostensivos e não 
 
 
83 
disfarçados que são imediatamente reconhecidos como sabotagem; neste segundo 
grupo o sabotador pode utilizar incidentes semelhantes, mas não é feito pelo agente 
qualquer esforço para ocultar o fato de se tratar de ato deliberado de sabotagem 
destinado a danificar as instalações e suas operações. O agente trata, é claro, de evitar 
sua identificação. 
Há muito o incêndio tem sido o instrumento favorito do agente profissional. Os 
materiais inflamáveis são abundantes e a ignição pode ser conseguida pelo uso do fósforo ou 
isqueiro do incendiário. A rápida aceleração é facilmente obtida pelo emprego de elementos 
largamente usados, tais como querosene, gasolina, álcool, tintas, etc., cuja posse não suscita 
suspeitas. Numerosos artifícios incendiários são de simples preparo e fácil ignição. A ignição de 
retardo por meios químicos, mecânicos ou elétricos é facilmente preparada e serve bem para 
proporcionar tempo para um álibi, enquanto o incêndio é preparado para destruir quaisquer provas 
que possam levar à identificação do incendiário. 
 As falhas mecânicas causadas pela introdução de substâncias estranhas ou abrasivas, 
lubrificação defeituosa, omissão de peças vitais ou substituição por peças defeituosas ou inferiores, 
erros de manutenção ou "partidas erradas", tudo pode ser usado para produzir danos e 
retardamentos. 
A explosão pode ser o método empregado pela detonação de matéria-prima explosiva, 
suprimentos, produtos ou explosivos comerciais no local, pelo arremesso de explosivos ou pela 
colocação de mecanismos de retardo habilidosamente arquitetados. Aditivos químicos para poluir, 
corroer, danificar ou destruir materiais, suprimentos, produtos, equipamentos, sistemas de extinção 
de incêndios ou sistemas de serviços de utilidade podem ser eficazmente empregados. Processos 
elétricos ou eletrônicos podem ser usados para interromper ou interferir no fornecimento de energia 
ou no sistema de computadores para perturbar o funcionamento apropriado de processamentos 
elétricos ou eletrônicos ou para tornar inexatos medidores de precisão ou de controle de qualidade. 
O crime de sabotagem tipificado no Código Penal em seu artigo 202, consiste na 
danificação (destruição, inutilização ou deterioração) de estabelecimento industrial, comercial ou 
agrícola, ou de coisas nele existente, ou na disposição das coisas nele existentes com o intuito de 
impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho. É um crime formal (não é necessário a produção 
do resultado visado), somente punível a título doloso, admite tentativa, é um delito comum (pode 
ser praticado por qualquer pessoa), é pluriofensivo (lesa mais de um bem jurídico – organização do 
trabalho e/ou patrimônio) e sua ação penal será pública e incondicionada. 
Os riscos são, finalmente, a própria razão da existência da função segurança física e da 
perfeita compreensão e conhecimento da sua existência dependerá qualquer programa de proteção 
 
 
84 
física a um empreendimento. Sem que os amplos aspectos dos riscos sejam plenamente 
identificados, quantificados, avaliados e tenham suas conseqüências potencializadas, não há como 
falar em planejamento e muito menos em execução de medidas de segurança física. Da análise dos 
riscos identificados é que se pode esperar por um diagnóstico e consequentemente, por um 
planejamento das formas mais adequadas para enfrentar essas ameaças, seja para controlar, seja 
para reduzir ou afastar esses perigos. 
Torna-se necessário entender que cada tipo de risco/perigo, incide caracteristicamente 
sobre um ativo empresarial determinado. Assim sendo, o risco roubo incide sobre bens e valores. O 
risco extorsão, incide sobre pessoas e pouco freqüentemente sobre instituições. Os riscos 
inundação-desabamento-incêndio, incidem sobre edificações e instalações; etc. 
Por conclusão, deve-se entender que todo risco é um possível agente causador de dano e 
estará dirigido a um ativo correspondente, que funciona como agente receptor do dano. Entretanto 
algumas condicionantes devem ser levadas em consideração quando da determinação dos riscos 
inerentes a uma atividade, ocasião onde se busca usualmente quantificar esses riscos, através da 
avaliação das probabilidades de suas ocorrências e da previsão de suas conseqüências. É necessário 
ressaltar que a percepção do risco obedece a aspectos diversos, que envolvem também variáveis de 
natureza qualitativa, como temor, incerteza, controlabilidade dos acontecimentos e outros, que 
agregadas em juízos de valor, refletem componentes de caráter sócio-político, que merecem 
consideração, tanto quanto os componentes de caráter técnico. A avaliação do nível de aceitação das 
medidas de controle e o provável nível de adesão (livre ou compulsório) a essas medidas, deverá 
balizar a gestão dos níveis de sua aplicação. 
 
4.3 - PROTEÇÃO NECESSÁRIA. DEFESA EM PROFUNDIDADE 
 
Graus adequados de proteção física devem ser proporcionados às instalações e quanto 
mais crítica for a operação nelas realizadas, maior a necessidade de proteção e melhor deve ser o 
nível da proteção fornecida. 
Estabelecimentos comerciais, industriais ou de serviços, sejam de natureza pública ou 
privada, precisam ser atendidos. Usinas de energia, juntamente com suas linhas de transmissão, 
estações transformadoras, refinarias e linhas de transmissão de petróleo e seus derivados, centros, 
torres e linhas de telecomunicação, instalações de processamento de dados e linhas de transmissão 
são unidades vitais e estão entre os locais que merecem cuidadoso estudo objetivando verificar o 
nível e tipo de Medidas de Segurança Física essenciais a sua preservação e a continuidade das 
 
 
85 
operações. Fontes e linhas externas de elementos essenciais, como água, energia, combustíveis e 
telecomunicações precisam sempre constituir grande preocupação. Esses elementos são o sangue 
vital de empreendimentos empresariais e o comprometimento ou perda de qualquer um deles, 
poderá retardar ou interromper a produção. 
Áreas Restritas Internas podem ser estabelecidas quando estudos competentes indicarem 
que um nível de proteção elevada não é necessária para toda uma instalação ou quando um grau 
especial ou superior de proteção é indicado para certos setores de um estabelecimento. A 
determinação dessas áreas internas pode ser necessária na proteção de valores, equipamentos, 
estoques ou processos que sejam vitais às operações do estabelecimento ou ainda podem ser 
particularmente vulneráveis a danos. Fontes internas de abastecimento d'água, geradores e 
transformadores, centros de comunicações e controle, estações de bombeamento, áreas de 
processamento ou que contenham documentos sensíveis, são exemplos de pontos que podem 
merecer a proteção adicional proporcionada pelo estabelecimento dessas áreas. 
Um programa de proteção física para uma instalação deve ser baseado em suas 
necessidades específicas, utilizando-se as medidas melhor adaptáveis ao fornecimento dos tipos e 
graus de proteção necessários. A proteção adequada é essencial, mas medidas excessivasdevem ser 
evitadas ou poderão prejudicar a eficiência da produção e eventualmente, enfraquecer a segurança 
gerando resistência aos controles necessários. 
A concepção de um programa de proteção física não constitui ciência exata, estando seu 
êxito condicionado à coleta, interpretação, análise e estudos cuidadosos de informações realísticas, 
como base para a aplicação de conhecimentos e de julgamento adequado. A qualidade e eficácia do 
programa de proteção dependerão da aplicação e da competência do planejador e da execução 
qualificada do planejamento. A incolumidade do Objeto de Proteção (OP) dependerá pois de 
planejamento competente e execução qualificada. 
Por Objeto de Proteção (OP) entende-se todo e qualquer ente que possa estar sujeito a 
planejamento e execução de medidas de segurança ou proteção física. Isto significa todo e qualquer 
ente (seres, coisas, instalações, objetos, materiais, veículos, processos, conhecimento, etc.), sobre o 
qual se planeje e execute Medidas de Segurança Física destinadas a afastar, controlar ou minimizar 
riscos (possíveis ou prováveis) a que este ente esteja sujeito em razão de sua natureza e estrutura. 
Conceitualmente um OP pode ser estruturalmente uno (pessoas, animais, veículos, etc.) ou múltiplo 
(instalações, processos, etc.). 
Medidas de Segurança Física (MSF) é o termo usado para abranger todos os 
dispositivos, sistemas, atividades, técnicas e aplicações que possam ser úteis na proteção de pessoal, 
dependências, materiais, processos, produtos e serviços contra riscos ou perigo. Entretanto não 
 
 
86 
devem ser confundidas com medidas de segurança ou de proteção inerentes a outros tipos 
específicos de segurança, como a Segurança Lógica, a Segurança de Continuidade de Negócios, a 
Segurança Institucional ou Corporativa
108
, a Segurança e Medicina do Trabalho, a Segurança 
Industrial ou de Produção e outras. O critério distintivo será o valor de garantia ou o que se 
pretende garantir com as medidas recomendadas ou tomadas. 
Isto significa uma divisão de tarefas entre os vários tipos específicos de segurança 
planejados/operados e um sistema de direção e controle operacional sobre todas as medidas 
adotadas, de forma a garantir integração de esforços, economia de meios, racionalidade, a unicidade 
da doutrina e a Filosofia de Segurança adotada. De uma maneira geral, os bens patrimoniais 
tangíveis estarão a cargo da função Segurança Patrimonial, que englobará suas Medidas de 
Segurança Física. A integridade de dados, sistemas, programas e arquivos eletrônicos estará a cargo 
da função Segurança Lógica. Já os bens não tangíveis (propriedade intelectual) como os 
representados por direitos autorais, valores de marcas e patentes, etc., estarão a cargo da função 
Segurança Institucional ou Corporativa, também encarregada da proteção contra a concorrência 
desleal e pirataria. 
Todos os tipos de ameaça que possam afetar uma organização precisam ser 
cuidadosamente avaliadas. O clima social, político e financeiro da região merecem estudos e 
acompanhamento. As relações entre empregados e empregadores, a presença ou ausência de tensões 
em tais relações e o nível de desemprego são elementos pertinentes. Os registros, inclusive os 
relatórios completos das investigações de todos os incidentes que tenham ocorrido no 
estabelecimento, merecem uma revisão meticulosa. É necessário um estudo cuidadoso dos 
relatórios sobre cada incêndio, acidente, explosão, derramamento, falha de manutenção, invasão ou 
tentativa de invasão, comprometimento de elementos sensíveis ou atividade duvidosa. Tais estudos 
poderão também revelar incidentes de origem suspeita e as experiências vividas durante um período 
de tempo considerado, podem por a descoberto indícios ou interligações que não se tornariam 
óbvios por nenhum outro método. 
Cada tipo de risco que possa ameaçar a produção de uma instalação precisa ser 
identificado e pesado quanto à intensidade e iminência, pois cada um tem influência sobre o nível 
da proteção física para um estabelecimento, os tipos de medidas de segurança e aplicações 
necessárias. O exame de todas as fases das medidas de segurança existentes, a qualidade da 
execução e dos padrões mantidos ajudam na busca de fraquezas na tela de proteção proporcionada. 
 
108
 - O termo "Segurança Corporativa" é também utilizado por empresas prestadoras de serviços de segurança, para um 
conjunto de serviços que visam a proteção de funcionários estratégicos de uma entidade contratante. 
 
 
87 
Pontos desprotegidos ou protegidos inadequadamente podem ensejar invasões e possíveis 
conseqüências desastrosas. 
A localização, desenho e construção de um estabelecimento poderão limitar a eficácia 
de algumas medidas de segurança. As características do terreno ou das propriedades vizinhas 
poderão apresentar problemas especiais. A proximidade de linhas de edifícios e os limites de 
propriedade ou vias públicas poderão impossibilitar a provisão de zonas livres suficientes ou reduzir 
o nível de proteção das cercas perimetrais. Pontos de entrada para serviços de utilidade tais como 
água, gás ou energia elétrica poderão necessitar dispositivos adicionais de proteção. Cada fraqueza 
desses ou de outros tipos precisa ser identificada, determinando-se suas exigências de proteção. A 
proteção existente precisa ser avaliada quanto à suficiência. Por síntese, temos que o nível de 
segurança física necessário para uma proteção eficaz será, em ultima análise, uma conseqüência de 
judiciosa avaliação dos graus de Criticidade e Vulnerabilidade apurados. 
A segurança global de um empreendimento só é tão forte quanto for o seu ponto mais 
fraco, daí a necessidade de todo programa de proteção física estar sujeito a um exame intensivo e 
permanente. Em qualquer ponto onde a proteção não atender completamente às necessidades de 
segurança, o empreendimento estará vulnerável. 
Se as medidas de proteção existentes num estabelecimento não atingem o nível exigível, 
recomendações precisam ser feitas para o fechamento da lacuna, bem como para o fornecimento de 
um programa mais adequado. Cada recomendação precisa ser específica e acompanhada de uma 
justificativa e de uma descrição do modo pelo qual irá funcionar e a proteção adicional que irá 
proporcionar. Métodos alternativos para cada uma devem ser considerados e as razões para a 
escolha de um método particular devem ser expostas, incluindo considerações sobre os custos que 
acarretará. 
O nível apropriado de proteção e o custo total do programa de segurança física são 
avaliados em função dos valores investidos, dos valores da produção do empreendimento e das 
perdas em potencial. Despesas possíveis são medidas em termos de tempo e dinheiro perdidos. 
Trata-se do resultado de perdas na produção mais os custos dos reparos e substituições, do prejuízo 
à moral dos empregados e da redução das oportunidades de trabalho na região na eventualidade da 
ocorrência de danos. O planejamento conjunto, testes, revisão e aperfeiçoamento dos planos com 
outras forças de proteção e órgãos locais de manutenção da ordem, podem aumentar enormemente a 
proteção oferecida. 
Dentre as estratégias possíveis para operar um programa de proteção física no universo 
da Segurança Privada, várias modalidades de defesa são possíveis e condicionadas aos Princípios 
 
 
88 
Norteadores
109
 da função, bem como da racionalidade do emprego de meios, dos custos decorrentes 
e dos benefícios esperados. Dentre as variadas estratégias possíveis, a que mais se destaca pela 
aplicabilidade, pela racionalidade e pela quase universalidade, é a baseada no princípio da Defesa 
em Profundidade. 
Originalmenteo termo é oriundo da terminologia militar e nessa estratégia de defesa, 
em lugar da colocação de uma linha de defesa única e muito forte, colocam-se várias linhas 
consecutivas e escalonadas da periferia para o interior, que oferecem uma grade de proteção 
contínua e crescente, onde cada qual atende a requisitos mínimos e o subseqüente deve compensar a 
deficiência do antecedente. Uma das vantagens dessa estratégia é que a intensidade do risco será 
deprimida ao ter que superar as diferentes linhas de defesa interpostas, caracterizadas pelos critérios 
de integridade, redundância, diversidade, independência e coordenação. 
A integridade ou incolumidade do OP é o fim colimado pela operação do programa de 
proteção. A redundância é o emprego escalonado de processos ou medidas de proteção que 
possuem uma mesma função, mas princípios de funcionamento diferentes ou são submetidos a 
diferentes condições de operação. A diversidade é a aplicação variada e subseqüente de sistemas 
redundantes. A independência é a separação física, funcional e escalonada dos sistemas 
empregados. A coordenação é a interligação das linhas de proteção estabelecidas e sua 
subordinação a uma única diretiva de comando e controle. 
O conceito de Defesa em Profundidade
110
 divide a área sob proteção em três áreas 
básicas ou círculos concêntricos, denominadas como Área Vigiada ou perímetro externo; Área 
Protegida ou perímetro intermediário e Área Vital ou perímetro interior, nos quais as Medidas de 
Segurança Física (MSF) são escalonadas do perímetro externo para o perímetro interior, em 
escalões crescentes e interligados de fora para dentro, onde 
as medidas de proteção são portanto escalonadas, ou seja, ampliadas do exterior (periferia) para o 
centro (interior), através de círculos ou envolvimentos sucessivos, devendo a maior intensidade de 
proteção estar concentrada na Área Vital. 
 
 
4.4 - A PREVENÇÃO DE RISCOS 
 
Os riscos como já vimos, constituem-se numa realidade próxima, cotidiana, interpessoal 
e quase doméstica, quer sejam classificados como involuntários, quer sejam classificados como 
 
109
 - Os Princípios Norteadores estão abordados no último capítulo desse trabalho. 
110
 - Também chamado de Defense in Depth, Proteção em Profundidade ou de Prioridades de Proteção. 
 
 
89 
propositais. Dentro deste conceito é imperioso que sejam tomadas medidas de prevenção no sentido 
de intervir dinâmica e positivamente para neutralizar suas causas, dificultar sua ocorrência e 
dissuadir seus protagonistas, mobilizando para isso todos os setores empresariais num movimento 
solidário de enfrentamento a esse problema. 
Extrapolando os conceitos mais atuais da Criminologia
111
, válidos para o estudo desses 
fenômenos no campo da segurança pública, temos que no campo da segurança privada também a 
aceitação do conceito da prevenção é calcada em três diferentes níveis de atuação. Assim, são 
dependentes da relevância etiológica dos respectivos programas, dos destinatários aos quais se 
dirigem, dos instrumentos e mecanismos que utilizam, dos âmbitos, fins e prazos com que operam. 
Temos daí os conceitos de prevenção Primária, Secundária e Terciária, conseqüência direta da 
Filosofia de Segurança Empresarial e materializada nas Políticas Setoriais adotadas. 
Conforme a classificação proposta, os programas de Prevenção Primária são orientados 
para a causa dos riscos, objetivando neutraliza-los antes que se manifestem, tratando de criar os 
requisitos necessários para tal e resolvendo situações potencialmente perigosas. Educação, 
socialização, bem estar e qualidade de vida são campos essenciais onde operam esses programas, 
dirigidos a todos dentro da empresa e com resultados esperados à médio e longo prazo. Em geral 
correspondem a estratégias de educação continuada para a segurança, operadas fora do âmbito da 
estrutura da segurança empresarial, porém, com sua integral colaboração, como de todos os demais 
setores da empresa. 
A chamada Prevenção Secundária tem seus programas orientados para quando e onde o 
risco possa manifestar-se ou tornar-se concreto. Opera a curto e médio prazo, sendo orientado 
seletivamente para locais ou grupos do ambiente empresarial, com maior potencialidade para 
protagonizar uma situação de risco. São programas típicos da estrutura de segurança empresarial, 
consolidados em Planejamentos de Segurança Física, dentre outros que objetivem inibir situações 
de risco, pelo emprego de medidas de segurança ou proteção. 
Por último, a Prevenção Terciária tem seus programas orientados para aqueles que 
protagonizaram situações de risco. Possui na maioria das vezes caráter punitivo. Também 
enquadram-se neste caso os programas de reabilitação, como os dirigidos aos dependentes químicos 
(ver Prf 9.14). É claramente um tipo de intervenção tardia (pós-fato), parcial (só dirigida aos 
protagonistas) e insuficiente (não neutraliza o risco em suas causas). 
 
 
 
111
 -Conceitos propostos por Antonio Garcia Pablos de Molina, in Criminologia- Uma Introdução a Seus Fundamentos 
Teóricos, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2000, p. 335. 
 
 
90 
4.5 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
– As operações (industriais, comerciais ou de serviços) exigem instalações físicas (prédios, 
terrenos, máquinas, equipamentos, etc.), processos de produção (recursos, atividades, projetos, 
etc.), bem como pessoas (funcionários, dirigentes, clientes, fornecedores) que estejam sujeitos a 
riscos. 
– A segurança das instalações, de seus processos, de seus produtos, de seus empregados e 
usuários, bem como a proteção contra quaisquer riscos que possam prejudicar o programa de 
produção constituem responsabilidade da direção da empresa ou estabelecimento. 
– A proteção interna de uma instalação é responsabilidade da direção (caráter endógeno). A 
proteção externa é responsabilidade e dever do Estado (caráter exógeno). 
– Objeto de Proteção (OP) é todo e qualquer ente que possa estar sujeito a planejamento e 
execução de medidas de segurança ou proteção física. 
– Risco é um termo utilizado para significar perigo em potencial ou possibilidade de perigo. 
– Medidas de Segurança Física é um termo que abrange todos os sistemas e elementos de 
proteção, dispositivos, atividades, técnicas e aplicações empregadas na proteção de pessoal, 
instalações, materiais, processos, produtos e serviços contra riscos. 
– As medidas de segurança física são consolidadas em Planos ou Planejamentos, 
metodologicamente conseqüência de um diagnóstico. Tais planos são fundamentalmente de 
duas espécies: os planos correntes e os planos contingenciais. 
– Criticidade é grau de exposição a risco/perigo que a natureza de uma instalação, processo de 
produção, produto ou pessoa apresenta em relação a espaço/tempo. 
– Vulnerabilidade é grau de exposição a risco/perigo que a estrutura (conjunto das partes) de uma 
instalação, processo de produção, produto ou pessoa está sujeita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
91 
 
CAPÍTULO V - BARREIRAS PERIMETRAIS 
 
 Barreiras Perimetrais bem planejadas, convenientemente construídas e 
inteligentemente operadas, desestimulam transposições indevidas e atuam como estruturas de 
impedimento para entradas ou saídas não autorizada, em instalações ou em suas áreas restritas 
internas. 
 
5.1 – GENERALIDADES 
 
Barreiras físicas
112
 tais como cercas, muros, telhados e assoalhos podem servir para 
impedir o acesso a um local ou ao controle das entradas permitidas. As barreiras estruturais ou 
artificiais incluem edifícios, cercas, muros, correntes,barras, grades, telas ou obstáculos 
semelhantes. Essas barreiras podem ser usadas para marcar os limites de uma área protegida e para 
controlar entradas e saídas. As barreiras naturais compreendem penhascos, desfiladeiros, rios, 
mares, fossos, valas ou terreno bem acidentado. Para que sirvam como barreiras físicas, as barreiras 
naturais precisam ser difíceis de se transpor e devem oferecer um grau de proteção próximo ou igual 
ao estabelecido por barreiras estruturais ou artificiais. 
O propósito básico dessas Medidas de Segurança Física (MSF) é desencorajar ou 
impedir entradas e saídas não autorizadas em instalações ou nas suas áreas restritas internas. As 
cercas ou outras barreiras servem para identificar e marcar os limites externos da área a ser 
protegida e atuar como: 
 dissuasor psicológico e físico da entradas inocentes; 
 advertência contra invasão e impedimento de entrada e saída não autorizadas; 
 impedimento ou retardamento de tentativas de invasão, para aumentar a probabilidade de 
detecção e atuação dos guardas/vigilantes; 
 máxima eficácia dos esforços dos guardas, com um mínimo de potencial humano; 
 canalização de todas as entradas e saídas; e 
 pontos fixos para controle de identificação (check point) e autorização de pessoas e para 
inspeções eficazes de veículos e recipientes. 
 
112
 - Segundo o sociólogo e historiador Lewis Munford (1895/1990), autor da obra “A Cidade na História”, escrita em 
1961 e aditada pela Martins Fontes Editora, São Paulo, 1998, os amuralhamentos das primeiras vilas no final do 
Mesolítico ou no inicio da Neolítico, tiveram como finalidade proteger o homem do meio ambiente (flora e fauna) que 
não raramente lhe era hostil. 
 
 
92 
As barreiras físicas formam um elo na corrente de proteção. Barreiras apropriadas 
retardam e tornam mais difícil uma invasão. Elas não podem sozinhas, obstar um intruso 
determinado ou apreendê-lo. Para serem totalmente eficazes as barreiras precisam ser vigiadas por 
guardas treinados e dispor da iluminação necessária e outros dispositivos complementares. Barreiras 
bem planejadas e de construção bem feita permitem redução do efetivo de guardas para uma 
proteção perimetral adequada. Para a maioria das instalações, tanto a proteção quanto a economia 
são melhor atendidas mediante o fornecimento de uma combinação equilibrada de barreiras 
padronizadas, devidamente iluminadas, vigiadas por guardas treinados, bem distribuídos e providos 
dos equipamentos de detecção e recursos de comunicação necessários. O tipo de barreira a ser 
estabelecido deve depender das necessidades da instalação. As barreiras e portais bem planejados 
podem contribuir para a eficiência das operações mediante o controle de movimentos de entrada e 
saída de pessoal e veículos, bem como para minimizar sua interferência com as operações. As 
barreiras instaladas de forma inadequada podem reduzir a eficiência das operações. 
Para instalações altamente críticas ou vulneráveis, barreiras físicas duplas poderão ser 
necessárias em torno do perímetro da instalação ou em áreas restritas internas. Sendo duas barreiras 
consideradas essenciais, elas devem ser paralelas e separadas por um mínimo de cinco e um 
máximo de cinqüenta metros para proporcionar a máxima proteção. 
Se a necessidade de medidas de segurança for temporária, talvez não se justifique a 
construção de uma cerca-padrão ou outras barreiras físicas de tipo permanente, tendo em vista o 
custo envolvido. O fornecimento da proteção necessária por curto período com barreiras 
temporárias, fixas ou móveis e/ou guardas ou patrulhas adicionais pode representar um custo 
menor. 
Tipos diversos de barreira oferecem graus diversos de proteção. Os fatores a considerar 
compreendem: possibilidade de escalada, resistência contra subidas ou travessias, proteção no topo 
da barreira, altura condizente com o terreno à sua volta e visibilidade. Um toque decorativo na 
barreira ou em suas proximidades pode negar sua proteção, se propiciar pontos de apoio para mãos 
ou pés. Uma tela encimando um muro de topo plano limita a eficácia da barreira, como ocorreria 
em relação a uma elevação externa ou braçadeiras, ou ainda, o aproveitamento de cortinas 
atirantadas como barreiras perimétricas. 
Os tipos de barreiras a serem utilizados devem ser selecionados tendo em vista atender 
necessidades específicas da instalação. Muros sólidos de alvenaria evitam que estranhos vejam o 
que se passa dentro do estabelecimento, mas também evitam que os guardas vejam o lado externo 
do muro e suas proximidades. A cerca de arame permite visibilidade em ambos os lados, (externo e 
 
 
93 
interno), possibilita aos guardas a vigilância da parte externa e facilita a pronta descoberta de 
tentativas de invasão. 
 
5.2 – ESPECIFICAÇÕES 
 
As cercas de arame devem ser construídas de arame torcido com elos tipo corrente, com 
malhas de no máximo 5 x 5 centímetros, feitas com arame número onze ou mais grosso e preso em 
cima e em baixo com arame farpado torcido. Para preservação da cerca é recomendada uma 
galvanização maciça, particularmente em regiões de grande umidade, chuvas ou maresia. A altura 
geralmente recomendada é de 2,50 metros. O fundo da cerca deve estar a não mais de 5 centímetros 
acima da terra firme ou sobre a superfície do solo se este for instável e sujeito aos efeitos da erosão 
causada por ventos ou chuvas. Em regiões de muitas chuvas, a enxurrada na superfície pode causar 
erosão no solo sob a cerca e criar aberturas que reduzam a eficácia da proteção, a menos que se 
providenciem canais para dirigir tais enxurradas. 
 
5.3 - POSTES E EXTENSÕES 
 
Os postes da cerca de proteção devem ser fortes, rígidos, firmemente fixados em bases 
de concreto e a distâncias não superiores a três metros entre si. Podem ser usados tubos de aço 
galvanizado com diâmetro de 6,5 centímetros ou postes de cimento armado. Os suportes dos portões 
e os postes de canto devem ser maiores e mais fortes do que os demais e providos de reforço 
conforme necessário. Os postes para cercas tipo corrente de 2,50 metros de altura devem medir pelo 
menos 3 metros e serem fixados em bases de concreto com pelo menos 45 centímetros de 
profundidade e 30 centímetros de diâmetro. Postes de tubo de aço podem ser adquiridos com topo 
rosqueado para encaixe de extensões superiores, sendo que os postes cônicos de concreto têm sido 
preferidos em muitos casos, por sua resistência ao desgaste. 
As extensões no topo de cada parte da cerca devem estender-se para fora e para cima 
num ângulo de 45 graus e propiciar fixação firme para três ou quatro fios de arame farpado bem 
esticados ou consertina cortante ou similar. Essas extensões ou braços devem ter comprimento 
suficiente (40 a 45 centímetros) dependendo do método de fixação no topo do poste, de modo a 
aumentar a altura da cerca em pelo menos 30 centímetros. A cerca construída no limite de 
propriedade pode ser reforçada pelo acréscimo de extensões para fora e para dentro ou pescoço-de-
ganso, contendo quatro ou cinco fios de arame farpado bem esticados. Essas extensões devem ser 
 
 
94 
fixadas nos postes. A cerca pode ser fixada nos postes e trilhos de várias maneiras. Qualquer que 
seja o método, é importante que a cerca seja bem esticada e bem fixada para assegurar o máximo 
valor de proteção e o mínimo em custo de manutenção. 
Uma cerca instalada no cume de um muro de alvenaria ou outro muro de superfície 
plana proporciona maior proteção se o cume horizontal for modificado. As superfícies planas 
expostas no lado externo da barreira perimetral, onde um instruso em potencial possa encontrar 
apoio para mãos ou pés paraajudar-lhe na invasão, devem ser evitadas. As superfícies horizontais 
nos lados externos da barreira devem ser sempre curvas ou declivadas. Os muros podem ser 
modificados à época em que os postes da cerca forem colocados, acrescentando-se-lhes o declive ou 
curva mediante o uso de cimento ou ainda pela colocação de tubos horizontais untados com graxa 
ou outra substância oleosa. 
Extensões superiores eletrificadas vêm ganhando espaço na propaganda e no mercado 
da segurança privada. São em geral dispositivos comandados por uma central que distribui energia 
elétrica de alta voltagem e baixa amperagem através de cabetes de aço inox instalados nas extensões 
superiores e/ou nas partes internas altas das barreiras. São dispositivos ativos e agressivos, também 
chamados de “cercas de choque pulsativo”, que não encontra suporte autorizativo na atual 
legislação federal regidora da segurança privada, a qual limita o papel de tais dispositivos ao de 
artefatos retardadores da ação criminosa e que permitam perseguição, identificação ou captura, 
portanto dispositivos passivos e não agressivos. Por outro lado, não existe legislação federal 
específica que proíba, autorize ou regule a qualidade desse equipamento, sua comercialização, 
instalação ou operação. As cercas ou barreiras estão previstas no atual Código Civil (Art. 1297 e 
1299) e sua instalação é um exercício regular de direito constitucionalmente garantido (Art. 5º, II). 
Municípios já se preocupam em regular seu uso, como Ribeirão Preto (SP)
113
. O Estado de Goiás 
também já regulou a matéria. Alguns equipamentos desse tipo, por iniciativa de seus 
fabricantes/representantes, estão recebendo homologação do INMETRO, regulação técnica da 
ABNT e certificação de alguns laboratórios do exterior, no que se refere a padrões de segurança e 
qualidade. 
 
 
 
 
 
113
 - Lei N.º 8.200, de 23 de setembro de 1998, apontada por especialistas, como parâmetro nesses casos. Todo projeto 
de segurança eletrônica (cercas eletrificadas inclusive), deve ter um “responsável técnico” pela instalação, registrado no 
CREA. 
 
 
95 
 
5.4 - OUTRAS BARREIRAS 
 
Edifícios, paredes, assoalhos e tetos precisam, às vezes, servir como barreira perimetral 
ou parte desta. Em todos os casos, a construção desses componentes deve ser reforçada para poder 
propiciar uma proteção uniforme, idêntica à oferecida pela instalação da cerca-padrão. Atenção 
especial deve ser dada aos assoalhos e tetos para superar quaisquer vulnerabilidades porventura 
presentes. Aberturas e poços de elevadores, inclusive elevadores de calçadas, são pontos que 
merecem exame cuidadoso. Rios, lago, mares ou outros cursos d'água que possam fazer parte de um 
limite não proporcionam sozinhos uma barreira perimetral adequada. Um penhasco marítimo não 
escalável ou um pântano intransponível podem servir, mas a maioria dos cursos d'água são 
atravessáveis e exigem proteção adicional para torná-los equivalentes em proteção a uma barreira 
apropriada. Postos de guarda, patrulhas, alarmes, cercas ou iluminação podem ser necessários para 
alcançar o nível indicado de proteção. 
Avisos contendo advertências como ENTRADA PROIBIDA ou outras semelhantes 
devem ser colocados sobre ou em frente à barreira perimetral. Esses avisos devem ser colocados em 
intervalos onde possam ser vistos por qualquer pessoa que se aproxime da barreira e lidos quando se 
entre na zona livre externa à barreira. Inspeção e manutenção de todas as barreiras perimetrais 
devem ser programadas. Inspeções completas e freqüentes devem ser seguidas dos reparos 
necessários. Todas as cercas teladas devem ser mantidas bem esticadas e as partes soltas ou bambas 
devem ser imediatamente reparadas. 
Ruas perimetrais internas devem ser construídas para patrulha motorizada nos casos em 
que a barreira perimetral abranger uma grande área. As ruas devem ser sempre paralelas à barreira, 
pelo lado interno e devem ser construídas por trás da zona de iluminação, de modo que as patrulhas 
possam observar as áreas iluminadas. 
Barreiras perimetrais temporárias, fixas ou móveis, podem ser úteis durante períodos de 
expansão ou construção e durante eventos especiais ou emergências. Pode-se utilizar barricada de 
madeira ou metal, madeiramento, sacos de areia, tubos de concreto de grande diâmetro, rolos de 
arame farpado, consertina, cordas ou correntes presas a escoras portáteis, mas o tipo usado precisa 
ser adequado às necessidades previstas. O grau de proteção oferecido pelas barreiras temporárias é 
inferior ao das barreiras-padrão de tipo permanente e a vigilância por parte de guardas é necessária 
para garantir sua eficiência. Qualquer tipo de barreira perimetral temporária empregada, deve ter 
estrutura e resistência suficientes para prevenir transposição não autorizada. 
 
 
96 
 
5.5 - PORTÕES E OUTRAS ABERTURAS 
 
Portões de barreira perimetral servem para orientar o tráfego para dentro e para fora da 
instalação, limitar os pontos de entrada e saída, bem como facilitar o funcionamento dos sistemas de 
identificação e a fiscalização dos movimentos de entradas e saída de veículos e recipientes. O 
número de portões deve limitar-se ao mínimo necessário para a segura e eficaz operação da 
instalação. Saídas de emergência e previsão de meios de deslocamento rápido dos equipamentos de 
extinção de incêndio também são necessários Todos os portões devem ser mantidos fechados, 
trancados e freqüentemente inspecionados pelos guardas quando não estiverem sendo usados para o 
tráfego da instalação e fiscalizados continuamente quando abertos. 
Atenção especial deve ser dada às medidas mínimas dos portões e o seu número face a 
uma necessidade de evacuação da área. Cada portão deve ser planejado e construído de modo a 
oferecer proteção pelo menos idêntica à oferecida pela cerca da qual faz parte e com altura 
equivalente a da cerca, com dobradiças maciças, fechamento seguro e fechadura resistente. As 
estruturas dos portões devem ser de padrão que proporcione resistência, rigidez, proteção e 
facilidade de uso. A estrutura será ditada pelo tamanho da abertura necessária, modo de suspensão e 
tipo e resistência dos postes ou estrutura em que o portão será fixado. Para aberturas grandes, pode-
se usar portões duplos ou corrediços. 
O desenho, armação e suspensão devem estar protegidos contra o peso do portão, assim 
como o seu número e dimensões para caso de evacuação de emergência, sendo necessário observar 
as normas técnicas e legais que regulam a matéria. 
As dobradiças dos portões de barreira devem ser de modelo e constituição robustos, 
construídas de aço e fixadas com segurança ao portão e ao poste do portão. A dobradiça de portões 
perimetrais é um ponto vulnerável, e que deve propiciar no mínimo o mesmo nível de proteção que 
as outras partes da barreira. Os fechamentos dos portões perimetrais devem ser de tipo que atendam 
ao nível de proteção necessária para a instalação. 
Além dos portões, outras aberturas em barreiras perimetrais
114
 através das quais seja 
possível o acesso de fora ou para fora, devem ser protegidos por barras, grades, telas ou outros 
dispositivos semelhantes de proteção. O grau de proteção proporcionado deve ser equivalente ao da 
barreira de proteção. Janelas e aberturas semelhantes em estruturas que formem parte de barreiras e 
estejam a menos de 5,40 metros do nível do solo exigem tal proteção. 
 
114
 -Portas, janelas, vigias, respiradouros, clarabóias, etc. 
 
 
97 
Em algumas situações, dado ao nível de proteção exigido, é recomendável a utilização 
de cercas duplas ou triplas. Emoutras situações, mesmo sendo utilizado o sistema de cerca simples, 
é recomendado o uso de porta ou portão duplo, no qual um elemento só é aberto quando o outro 
estiver fechado, funcionando o espaço entre eles como câmara de contenção ou imobilização. 
 
5.6 - ZONAS LIVRES 
 
Zonas livres devem ser estabelecidas e mantidas em ambos os lados das barreiras 
perimetrais, sempre que possível. Essas áreas devem ser mantidas livres de árvores, arbustos, mato, 
trepadeiras, material empilhado, lixo e outros elementos. O objetivo das zonas livres é permitir aos 
guardas/vigilantes, uma visão desobstruída de todas as aproximações à barreira perimetral e 
dissuadir e dificultar quaisquer tentativas de penetrar a barreira, cortando-a, escalando-a ou fazendo 
túneis. Pelo menos seis metros de zona livre devem ser mantidos, sempre que isto for possível, entre 
o lado externo da barreira perimetral e quaisquer estrutura, estacionamento e outros obstáculos 
naturais ou artificiais que possam servir de esconderijo ou auxílio para possíveis intrusos. No lado 
interno da barreira, a zona livre deve ser mantida numa distância de pelo menos 15 metros entre a 
barreira e as estruturas existentes dentro da área protegida, sempre que possível. 
Havendo a necessidade da utilização de parede de edifício como parte da barreira 
perimetral, todas as aberturas a menos de 5,40 metros do pavimento precisam ser protegidas em um 
grau de proteção equivalente ao oferecido pela barreira. A máxima distância possível deve ser 
mantida entre a barreira perimetral e instalações críticas internas, tais como equipamento gerador de 
força, suprimento de água, recursos dispendiosos de laboratório ou aqueles suscetíveis de incêndio 
ou explosão, tais como depósitos de petróleo, gases ou outros elementos inflamáveis, visando 
minimizar os perigos de objetos lançados de fora das barreiras. 
 
 
98 
CAPÍTULO VI - ILUMINAÇÃO DE PROTEÇÃO. 
 
 Iluminação de Proteção convenientemente planejada, instalada e operada é um 
importante elemento de proteção, atuando tanto como dissuasor psicológico quanto como reforço 
para as barreiras perimetrais, suas aberturas e perímetros de segurança. 
 
6.1 - GENERALIDADES 
 
A iluminação de proteção instalada e operada apropriadamente serve para desencorajar 
e dissuadir possíveis intrusos, bem como proporcionar, durante os períodos escuros, um nível de 
proteção aproximado daquele mantido durante as horas de claridade. Essa Medida de Segurança 
Física (MSF) permite aos guardas observar as áreas iluminadas de pontos menos iluminados e reduz 
o uso do acobertamento da escuridão e da surpresa por pessoas que tentem penetrar indevidamente 
em uma instalação. A iluminação adequada instalada nos portões perimetrais permite o rápido 
reconhecimento das pessoas e sua autorização para entrada. A iluminação facilita a inspeção de 
distintivos, veículos e recipientes e contribui para o controle de entradas e saídas durante a noite. A 
iluminação nas entradas e saídas de pedestres e veículos onde existam guardas deve ser planejada 
de modo a proporcionar suficiente claridade para inspeção e identificação, enquanto os guardas 
conservam suas posições normais em áreas não iluminadas ou sombreadas tanto quanto possível. 
Iluminação adequada é um termo aqui empregado com o significado de iluminamento 
proporcionado aos diversos pontos considerados. Tem o significado de densidade superficial de 
fluxo luminoso no ponto considerado, sendo medido em lúmens (lm)
115
 por metro quadrado. O 
iluminamento é geralmente medido em footcandle (ftc) ou lux (lx)
116
, sendo basicamente unidades 
de medida de intensidade luminosa e resultados da utilização de uma fonte luminosa. 
A provisão de iluminação de proteção perimetral geralmente oferece economia em 
outros elementos de proteção, bem como a elevação do nível geral de proteção. O número 
necessário de guardas para proteção de um perímetro iluminado é freqüentemente mais baixo que o 
necessário para manter o mesmo nível de segurança sem iluminação. A própria presença da 
iluminação de proteção atua como dissuasor psicológico da invasão, mas não se deve depender 
unicamente do efeito psicológico. As barreiras perimetrais iluminadas devem estar sob vigilância. 
 
115
 - Como referência, uma lâmpada incandescente de 100 watts, produz em regra, de 1.500 a 1.700 lm. 
116 - A equivalência é de 1ftc = 10,76 lx ou aproximadamente 1 ftc = 10 lx. Creder (1986, p. 136/137/151). 
 
 
 
99 
Áreas dentro do perímetro do estabelecimento podem ter seus níveis de proteção 
aumentados pela provisão de iluminação de proteção. Áreas para estoque de material crítico, 
centros de comunicações, pontos vulneráveis de sistemas de águas e energia ou outras áreas 
suscetíveis a dano podem ser melhor protegidas pela iluminação. É preciso ser realçado, entretanto, 
que a iluminação sozinha jamais constitui substituto eficaz às freqüentes inspeções dos guardas. 
 
6.2 – TIPOS 
 
A iluminação contínua inclui todos os tipos de sistemas fixos que são dispostos para 
dirigir-se um fluxo contínuo de iluminação a áreas pré-determinadas durante períodos de escuridão. 
Na iluminação de reserva emprega-se sistemas semelhantes de colocação de unidades e distribuição 
de iluminação aos utilizados para iluminação contínua. Entretanto, as unidades são acesas, manual 
ou automaticamente, somente pela detecção de atividade suspeita pelos alarmes ou guardas. 
A iluminação móvel ou portátil consiste de floodlights (holofotes) ou spotlights móveis 
que podem estar permanentemente acesos ou serem acionados conforme necessário. Podem ser 
montados em um veículo ou reboque para fácil e rápido deslocamento aos locais de necessidade. 
Podem ser usados como iluminação suplementar, com sistema contínuo ou de reserva. Sistemas de 
iluminação de emergência são os que duplicam qualquer um ou todos os outros sistemas, mas que 
são postos em funcionamento unicamente nos casos em que se tornem inoperantes os sistemas 
normais. Destinam-se a continuar a iluminação de proteção sob todos os tipos de condição adversa. 
Uma fonte secundária de energia deve ser incluída em todos os sistemas de iluminação 
de proteção. Bancos de baterias ou equipamento gerador bem protegidos e localizados dentro das 
dependências servem para tal fim. A capacidade da fonte secundária deve ser suficiente para 
continuar a iluminação de proteção durante qualquer período de corte da energia principal. Devem 
ser instalados comutadores automáticos para transferir imediatamente a carga de energia da fonte 
secundária sempre que, por qualquer motivo, falhar a energia principal. Os sistemas de energia e os 
comutadores devem ser regularmente inspecionados e freqüentemente acionados e testados para 
assegurar funcionamento satisfatório quando necessário. 
Iluminação de proteção independente pode não ser necessária para algumas áreas de 
segurança que recebam iluminação adequada e segura de sistemas de iluminação pública ou de 
iluminação funcional da instalação. Em tais casos é essencial assegurar que as luzes não sejam 
desligadas durante qualquer período de escuridão. Situações semelhantes poderão ocorrer em certos 
setores de trabalho ao ar livre em que a iluminação é fornecida para operação contínua durante a 
 
 
100 
noite. Se a iluminação existente atender aos padrões exigidos para iluminação de proteção ou se 
essa iluminação puder ser elevada aos padrões exigidos mediante acréscimos, ela poderá ser 
aceitável para as necessidades de proteção. A garantia de que essa iluminação seja proporcionada 
durante toda a noite e a garantia de fornecimento de uma fonte secundáriade energia elétrica para 
assegurar a funcionalidade são as exigências usuais de segurança. 
Áreas que não devem ser iluminadas convencionalmente para fins de proteção ocorrem 
excepcionalmente. As melhores medidas de proteção, às vezes incluem o anonimato, evitando 
qualquer coisa que possa chamar atenção para um edifício, estrutura ou área. Em tais casos um 
sistema convencional de iluminação de proteção poderá não enquadrar-se no padrão de proteção 
considerado mais apropriado ou, se estabelecido, não é normalmente acionado, mas reservado 
unicamente para situações de emergências ou para verificação de atividades suspeitas. Problemas 
excepcionais de segurança desse tipo precisam ser tratados caso a caso, por vezes sendo 
recomendável a utilização de meio infravermelho ou de imagens térmicas. 
 
6.3 - UNIDADES DE ILUMINAÇÃO 
 
Unidades de iluminação podem ser encontradas em grande variedade de estilos. A 
maioria é adaptável para emprego em iluminação de proteção, mas a distribuição de luz e as 
características do facho devem determinar a correta aplicação de cada uma para atender às 
exigências do planejamento. 
As unidades de iluminação são constituídas por lâmpadas e respectivas luminárias. As 
lâmpadas fornecem a energia luminosa que lhes é inerente com o auxilio das luminárias que são o 
seu sustentáculo e através das quais se obtém melhor rendimento luminoso, maior proteção contra 
as intempéries, ligação às redes, além de aspecto visual agradável, estético e funcional. Basicamente 
as lâmpadas usadas em luminárias pertencem a um dos seguintes grupos: 
 Incandescente, para iluminação geral. 
 Quartzo (halógenas), que é um tipo aperfeiçoado de lâmpada incandescente com 
vida útil mais longa, maior eficiência luminosa, boa reprodução de cores e 
dimensões reduzidas, substituindo com vantagens as incandescentes comuns, 
podendo ser utilizadas em interiores ou iluminação externa, porém sempre 
protegidas por luminárias. 
 
 
101 
 Fluorescente, que é um tipo de lâmpada indicado para uso em interiores, de bom 
desempenho mas que não possibilita um perfeito destaque de cores. As do tipo 
HO
117
 são indicadas por razões de economia e por sua elevada eficiência luminosa. 
 Luz Mista, de eficiência superior à incandescente, porém inferior à fluorescente. É 
usada geralmente para melhorar o rendimento da iluminação incandescente sem a 
utilização de equipamento auxiliar, desde que a tensão da rede seja de 220 volts. É 
empregada tanto em iluminação interna quanto externa. 
 Vapor de Mercúrio (luz branca ou azulada), geralmente empregada em interiores de 
grandes dimensões, em áreas externas e vias públicas. Tem vida útil bastante longa e 
alta eficiência. Quando necessário um melhor destaque de cores recomenda-se o uso 
de lâmpadas com feixe corrigido. 
 Vapor de Sódio de Alta Pressão (luz amarelada), apresenta maior eficiência 
luminosa, maior economia de energia e permite a visualização de quase todas as 
cores. É geralmente utilizada em iluminação pública, áreas externas ou interiores de 
grandes dimensões. 
 
6.4 - PADRÕES DE ILUMINAÇÃO 
 
Os níveis de iluminação (luminância) são estabelecidos pelos níveis mínimos e são 
medidos em planos horizontais ao nível do solo (exceto quando houver indicação em contrário) com 
a utilização de um instrumento denominado “Luxímetro”, graduado em lx ou ftc118. Os valores 
mínimos devem ser estabelecidos considerando condições atmosféricas adversas, cor das cercanias, 
tipo do solo, etc. As superfícies pintadas em cores claras podem ajudar a corrigir recessos escuros. 
As faixas de iluminação recomendadas para efeito de proteção são as constantes do 
quadro a seguir: 
 
 
 
 
 
117
 -High Output. 
118
 - geralmente graduados em lx, na faixa de 01 lx a 50.000 lx. 
 
 
102 
LOCAIS / ATIVIDADES ILUMINAMENTO MÉDIO 
RECOMENDADO 
ÁREAS RESTRITAS INTERNAS 30 – 40 lx 
BARREIRAS PERIMETRAIS 20 - 30 lx 
CIRCULAÇÃO 30 - 40 lx 
DEPÓSITOS 40 - 60 lx 
ÁREAS EXTERNAS 10 - 20 lx 
PORTÕES DE PEDESTRES 50 - 70 lx 
PORTÕES DE VEÍCULOS 50 - 70 lx 
VIAS INTERNAS 10 - 15 lx 
 
Para efeito comparativo, o luar tem nível de iluminação de aproximadamente 0,2 lx. A 
iluminação pública para vias públicas residenciais deve ter o valor mínimo variável entre 02 e 04 lx, 
conforme a norma técnica da ABNT
119
, embora potência tão baixa dificulte aos olhos humanos a 
distinção de cores e a identificação de pessoas ou veículos. Somente a partir de valores acima de 10 
lux é possível uma boa distinção de cores e identificação segura. 
Os cones de iluminação devem ser dirigidos de modo a criar o mínimo de sombras e 
permitir aos guardas observarem aproximações enquanto permanecem em locais menos iluminados 
ou não iluminados. A direção do cone de luz é controlada pelo tipo de luminária, tipo de lâmpada e 
tipo e método de montagem escolhido, inclusi ve o grau de inclinação dado à unidade. A direção 
correta de todas as unidades do sistema é necessária para evitar áreas sombreadas e para atingir uma 
distribuição eqüitativa da iluminação. 
É preciso cuidado no sentido de evitar ofuscamento que possa interferir no tráfego 
ferroviário, rodoviário, marítimo ou aéreo ou ainda em propriedades vizinhas, a menos que se tenha 
em mente um sistema do tipo ofuscante. Os sistemas de projeção ofuscante oferecem vantagem à 
iluminação de proteção em locais em que o ofuscamento não cria problemas para o tráfego próximo 
ou para atividades em propriedades adjacentes. As luminárias usadas em sistemas ofuscantes 
projetam um facho de luz em forma de leque atingindo aproximadamente cento e oitenta graus em 
amplitude horizontal e entre quinze e trinta graus em amplitude vertical. Os sistemas de ofuscação 
dirigem a luz para fora, debilitando a visão de possíveis intrusos, tornando quase impossível uma 
visão interna da propriedade para quem se encontre do lado de fora. 
 
119
 -Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas N.º 5.101. 
 
 
103 
As superfícies verticais de estruturas vitais que estejam sujeitas a dano causado por 
objetos ali colocados ou lançados de curta distância, devem ser iluminadas de uma altura mínima de 
três metros acima do nível do solo, assim como as áreas de aproximação, em uma distância de dez 
metros. As paredes externas de edifícios que formam parte de um limite perimetral ou estão 
situados de tal forma que o público possa aproximar-se de suas paredes ou a elas ter acesso, devem 
ser igualmente iluminadas. 
Os padrões de iluminação devem ser variados para atender às exigências e limitações 
das condições locais. Em geral a faixa de luz deve proporcionar iluminação de um trecho estreito 
dentro da barreira perimetral e estender-se tão longe quanto possível pelas proximidades externas. A 
largura total do trecho iluminado deve ser suficiente para permitir a observação e o controle dos 
guardas. 
A faixa de iluminação deve ser contínua, sem pontos escuros. A sobreposição de cones 
de iluminação de luminárias adjacentes tem por fim evitar pontos escuros resultantes da falha de 
uma lâmpada isolada. A iluminação de entradas deve ser suficiente para permitir o exame de 
credenciais e o reconhecimento de pessoas nos portões de pedestres, portas ou passagens em que se 
mantenha pontos de fiscalização. Os pontos de entrada e saída de veículos devem ser iluminados 
para facilitar a fiscalização de veículos de passageiros, caminhões e outros tipos de veículos, assim 
como seus conteúdos e as partes sob esses veículos. 
 
6.5 – CONTROLES E MANUTENÇÃO 
 
Todos os sistemasde distribuição elétrica para iluminação de proteção, devem estar 
localizados a suficiente distância dentro da barreira perimetral e, a menos que seja estabelecido um 
sistema subterrâneo, a altura suficiente para minimizar possível dano causado por acidente, incêndio 
ou vandalismo. Todas as linhas de alimentação de tais sistemas devem ficar protegidas no subsolo. 
Os controles da iluminação de proteção podem ser do tipo manual ou automático, mas devem em 
todos os casos ser independentes dos controles para o sistema interno de iluminação comum. Sendo 
usados comutadores de tempo ou controles fotoelétricos que funcionem conforme a mudança na 
quantidade de luz ao alvorecer e ao anoitecer, é também aconselhável a instalação de um comutador 
manual para casos de emergência. 
Todos os controles devem estar fisicamente localizados de modo a prevenir 
funcionamento acidental ou não autorizado e alteração maliciosa. A manutenção regular é essencial 
 
 
104 
ao eficaz funcionamento do sistema de iluminação de proteção. O rendimento das lâmpadas e 
luminárias diminui com o prolongamento das operações devido ao escurecimento dos bulbos e da 
evaporação dos filamentos. O acúmulo de sujeira nos refletores e superfícies de vidro diminui o 
rendimento de luz de modo que a manutenção necessária deve incluir limpeza periódica do 
equipamento de iluminação para preservar os níveis recomendados. A substituição sistemática das 
lâmpadas ou o uso de lâmpadas de longa duração pode reduzir os riscos de luminárias inoperantes e 
o custo geral da substituição de lâmpadas. Todas as lâmpadas de um grupo devem ser substituídas à 
época em que houverem ultrapassado noventa por cento de seu tempo previsto de duração, para 
reduzir o custo e a necessidade de freqüentes viagens para substituir individualmente lâmpadas 
queimadas. 
O planejamento de um sistema de iluminação de proteção deve atender a todas as 
peculiaridades de um estabelecimento em particular no qual deva ser instalado. As diferenças de 
terreno, condições atmosféricas, tipo e localização de estruturas, atividades de propriedades 
adjacentes e fatores semelhantes devem ser considerados. Os tipos de luminárias, lâmpadas, 
montagens, circuitos e aparelhos acessórios devem ser escolhidos de modo a melhor servir às áreas 
que deverão ser protegidas, atendendo à escolha daqueles que resistam à deterioração após a 
instalação. 
Dos fabricantes de equipamentos e de grupos profissionais pode-se obter informações e 
dados que auxiliarão no planejamento de um sistema eficaz, como descrições, características e 
especificações de várias lâmpadas de filamento, arco e descarga de gás. Tipos de luminárias, lentes 
e formas de iluminação estão entre os elementos disponíveis, como também lay-outs técnicos para 
demonstrar a altura apropriada para montagens e espaçamentos de unidades específícas de 
iluminação. Para preencher eficazmente sua função, cada sistema de iluminação de proteção deve 
ser bem planejado, cuidadosamente instalado e adequadamente mantido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
105 
 
CAPÍTULO VII - ALARMES 
 
 Alarmes e Sensores atuam precipuamente na detecção e denúncia de presenças ou 
situações não desejadas em instalações ou em suas áreas restritas, sendo um importante elemento 
de reforço e de racionalização das demais medidas de segurança ou proteção física. 
 
7.1 - ALARMES E SENSORES DE PROTEÇÃO 
 
Os esforços do homem no sentido de salvaguardar seus pertences e propriedades contra 
atos de vandalismo, roubos, furtos e ataques em geral constam dos registros mais remotos. Os 
dispositivos mecânicos primitivos, tais como a pedra equilibrada precariamente, a árvore vergada 
com um dispositivo de desengate ou ainda os animais cuidadosamente localizados visando 
denunciar invasões, são exemplos rudimentares destes esforços. A sentinela oculta denunciava a 
aproximação de estranhos soprando uma trompa ou enviando sinais para que seus companheiros 
cuidassem da defesa. 
É nesse sentido o emprego moderno do termo alarme como Medida de Segurança Física 
(MSF), significando sinal para dar aviso de perigo ou inquietação. De uma forma geral entende-se 
por sensores os dispositivos por meio dos quais se pressentem ou se localizam alvos. O 
desenvolvimento de sistemas acionados eletricamente teve início há cerca de cem anos. Fazendo 
uso das então misteriosas forças da eletricidade, esses sistemas, em seus primeiros modelos, 
forneciam uma aura de proteção que era de eficácia mais psicológica do que real. O surgimento de 
novidades como os sistemas de proteção automáticos ensejou pesquisas, melhorias e 
aperfeiçoamentos ao ponto de existir hoje uma grande variedade de sistemas e aplicações para 
incorporação aos programas de segurança física. 
Os métodos mecânicos, elétricos ou eletrônicos para detecção e denúncia de 
aproximação ou invasão podem ser empregados como parte da proteção de uma instalação ou de 
partes da mesma. As funções dos sistemas de alarme e sensores utilizados como parte do programa 
de proteção de uma instalação são: proporcionar um meio adicional de proteção em locais de alta 
vulnerabilidade ou vitais, aumentar a salvaguarda contra falhas mecânicas ou humanas, substituir 
outros elementos indicados de segurança física que não possam ser empregados por causa de 
padrões estruturais, condições de operação, requisitos de segurança ou imposições semelhantes e/ou 
propiciar o emprego mais econômico do pessoal da guarda escalado em pontos fixos ou de 
extensão. 
 
 
106 
O sistema de alarmes e sensores é limitado à detecção, localização e denúncia de 
presenças ou situações indesejáveis. O funcionamento eficaz do sistema requer o pronto 
comparecimento de pessoal bem treinado e adequadamente equipado. Sem essa pronta resposta, 
representa tão somente um impedimento psicológico que se deteriora rapidamente quando testado 
pelos invasores. Para efeitos didáticos, os sistemas de alarmes e sensores serão tratados 
genericamente com o título de Sistemas de Alarme. 
 
7.2 – TIPOS 
 
Os de sistemas de alarme podem ser reunidos em dois grupos principais, conforme a 
localização do aparelho de sinalização e as limitações da resposta (comparecimento ou 
atendimento). Sistemas de alarme local são aqueles cujos dispositivos e circuitos na área protegida 
são diretamente ligados a um sinal, tal como uma luz ou um elemento produtor de som, como uma 
sirene ou um sino. A unidade anunciadora fica disposta no lado externo do local protegido ou nas 
proximidades imediatas, devendo ser visível ou audível em uma distância mínima de cem metros. O 
acionamento do dispositivo de sinalização precisa resultar em resposta imediata dos guardas em 
serviço nas proximidades ou o alarme terá pouco valor. Sistemas de alarme de posto central são 
aqueles cujos dispositivos de detenção são armados para disparar um dispositivo de sinalização 
localizado em um posto guarnecido
120
, do qual é enviada a pronta resposta. 
Às vezes faz-se a distinção entre o sistema de alarme de posto central e o sistema de 
alarme de propriedade. No primeiro, o alarme é anunciado em um ponto de recebimento fora da 
propriedade, no qual, por força de contrato com o estabelecimento protegido, pessoal treinado de 
um serviço de proteção envia uma resposta. Em contraste, o sistema de alarme de propriedade 
propicia o recebimento dos alarmes dentro da propriedade do estabelecimento, ficando as operações 
e o atendimento a cargo direto de seus próprios empregados. Em ambos os casos o alarme é 
recebido em um posto central e dele parte o atendimento, sendo a responsabilidade centralizada, 
tendo em vista o perfeito funcionamento dos sistemas. O termosistemas de alarme de posto central 
aqui usado pode significar ambos ou qualquer um dos dois. 
Conexões com a Polícia podem e devem ser acrescentadas a qualquer dos sistemas e 
consiste em ligação direta entre o sistema de alarme e a unidade policial mais próxima, de modo 
que os alarmes são recebidos simultaneamente na polícia e no posto central. Providência semelhante 
pode ser tomada em relação ao Corpo de Bombeiros local. 
 
 
107 
Quando grandes áreas ou outros locais dentro de um estabelecimento são protegidos por 
sistemas de alarme do tipo de posto central, a instalação em setores permite o recebimento dos 
alarmes no posto central em um painel indicador ou painel de alarme, identificando o setor afetado. 
A identificação por setor facilita o pronto atendimento. A localização dos painéis indicadores e das 
forças de atendimento precisa ser fixada à luz do tempo exigido para o comparecimento ao local do 
alarme. Esse tempo corresponde ao total do tempo decorrido entre o recebimento inicial do alarme e 
a primeira chegada ao ponto de onde se originou o alarme. O tempo necessário para que os guardas 
percorram a distância entre seus locais regulares de trabalho e as áreas vitais protegidas, o grau 
crítico dos locais protegidos, a disponibilidade e funcionalidade dos recursos de comunicação são 
elementos que precisam ser considerados ao planejar-se a instalação de sistemas de alarme de 
proteção. 
O intervalo entre a detecção de uma atividade indesejada e a possível consecução dos 
objetivos dessa atividade estabelece o tempo máximo disponível para o recebimento do alarme, o 
deslocamento para o seu ponto de origem e para as ações desenvolvidas pelos guardas. Quatro 
elementos fundamentais são essenciais em todo sistema de alarme: 
 dispositivos de detecção que registrem qualquer alteração nas condições a que se destinam e 
libertem um impulso capaz de disparar um alarme; 
 circuitos (elétricos ou eletrônicos) para transmissão do impulso do dispositivo de detecção ao 
dispositivo de alarme ou sinalização; 
 alarme que denuncie audivelmente e/ou visivelmente qualquer atividade que o sistema se 
destine a detectar; e 
 aparelhos monitores para assegurar o funcionamento contínuo e apropriado do sistema, 
preferencialmente de um local remoto como, por exemplo, o posto central de alarme. 
 
A maior parte dos equipamentos de alarme são encontrados no mercado, sendo 
destinados a variados princípios de operação e ao atendimento de diversas exigências. A seleção 
deve ser baseada em sistemas e unidades que melhor atendam às exigências específicas do local no 
qual deverão ser instalados. Todos os sistemas devem conter os quatro elementos essenciais: 
detectores, circuitos, dispositivos de sinalização e monitores. As previsões para monitoração 
constante do sistema devem permitir testes periódicos sem interrupção da proteção. Os dispositivos 
e circuitos de detecção apresentam as principais diferenciações em sistemas de alarme e variam 
 
120
 -Central de Alarme. 
 
 
108 
desde os bem simples até complexas e sofisticadas instalações, com o emprego de câmeras de 
vídeo, sensores de movimento ou de quebra de vidros, alarmes sonoros ou silenciosos, etc. 
Os sistemas de alarme de dependências são, provavelmente, a forma mais antiga de 
proteção elétrica. Neles são utilizados dispositivos de contato tais como fitas metálicas dobradas, 
telas, ou telas de cavilha de madeira com fios, que são dispostos de modo a formar um circuito 
elétrico fechado e contínuo para proteger portas, janelas, janelas de portas e outras aberturas. 
Condutos e paredes ou repartições sujeitas a arrombamento devem receber tratamento semelhante. 
O alarme é disparado quando o esquema de proteção é perturbado e o circuito interrompido por 
qualquer tentativa de invasão. 
Os sistemas fotoelétricos, no qual são utilizadas células fotoelétricas, dependem da 
projeção de um facho de luz em um receptor sensível a luz colocado a alguma distância. A 
interrupção do facho entre o projetor e o receptor aciona o alarme. Os sistemas fotoelétricos podem 
ser instalados em ziguezague com espelhos, de forma a utilizar eficazmente a capacidade do 
equipamento. Se possível, os espelhos, projetores e receptores devem ser ocultados para reduzir a 
probabilidade de descoberta e comprometimento da eficácia do sistema. Modelos mais recentes 
utilizam sensores passivos ativados por luz infra-vermelha, que podem detectar tanto movimentos 
de corpos como o calor por eles emitido. 
Os sistemas de áudio incluem microfones ou detectores de contacto sensíveis a sons ou 
vibrações dentro do recinto fechado protegido e um amplificador com potência suficiente para 
acionar um alarme. Esses sistemas funcionam melhor em recintos fechados de paredes sólidas, onde 
para se entrar seja preciso produzir ruídos. Os sistemas microfônicos são sensíveis a barulhos do 
ambiente ou a sons normais, mas podem ser ajustados de modo que somente barulhos acima do 
nível normal disparem o alarme. O alarme pode ser localizado no posto central de alarme ou sede da 
guarda e alguns equipamentos permitem o acréscimo de um amplificador e alto-falante naquele 
local para que o sistema possa ser usado como dispositivo de escuta e monitor de sons ou vozes na 
área protegida. Outros modelos utilizam sensores sísmicos ou cabos que produzem um campo 
eletromagnético que aciona sinais de alarme quando o seu equilíbrio for perturbado. 
Os sistemas de alarme de espaço, tal como os sistemas ultra-sônicos, enchem um local 
fechado com radiação invisível. Havendo qualquer alteração na radiação o alarme é disparado. As 
ondas de alta freqüência projetadas são captadas por um receptor sensível ligado a um amplificador 
sintonizado para a mesma freqüência do transmissor. Qualquer movimento no local resultará em 
uma mudança de freqüência e acionará o alarme. A instalação de sistemas de alarme de espaço é 
limitada a recintos totalmente fechados. Movimentos de qualquer espécie perturbam o sistema, não 
podendo ser empregado na presença de máquinas em movimento ou nos casos em que pode ser 
 
 
109 
afetado por movimentos de animais ou fortes correntes de ar. Os transmissores, receptores e seus 
cabos de conexão devem ser mantidos distantes de grandes campos magnéticos ou indutivos para 
evitar alarmes acidentais. Movimentos bem lentos poderão escapar ao sistema. Outros sistemas 
utilizam cabos de audiofrequência e seus sensores registram alterações sonoras no ambiente 
próximo e disparam sinais de alarme. 
Os sistemas tipo radar lembram de perto os sistemas ultra-sônicos em seus princípios de 
operação e devem ser apropriadamente classificados como um sistema de alarme de espaço. As 
principais diferenças são as freqüências mais altas usadas nos sistemas de radar, a maior tendência 
das ondas emitidas na penetração de paredes não metálicas e a imunidade do sistema de radar à 
correntes de ar, luz e som. As unidades de radar são compactas, facilmente instaladas, 
proporcionam boa cobertura se as antenas forem localizadas apropriadamente e a proteção de 
radiação não é facilmente percebida por um intruso. 
Os sistemas de alarme de capacidade são usados principalmente para a proteção de 
objetos com alta exigência de segurança, tais como cofres, arquivos, etc. O objeto protegido é 
adaptado para tornar-se parte da capacitância de um circuito e uma mudança no local do objeto 
protegido desequilibra o sistema e dispara o alarme. O objeto protegido atua como uma espécie de 
condensador no circuito e qualquer intrusãono campo protetor causa alteração da capacitância, 
desequilibra o sistema e aciona o alarme. Os alarmes de capacidade diferem dos sistemas de alarme 
de espaço pois, ao invés de cobrirem todo um recinto protegido com um encadeamento de ondas, o 
campo protetor é mantido a uma pequena distância ao redor do objeto protegido. A proximidade ou 
contato com o objeto é que dispara o alarme, permitindo assim a passagem do pessoal autorizado 
perto do objeto sem que o sistema seja perturbado. 
Outros tipos de detectores incluem dispositivos elétricos, eletrônicos, nucleares, 
mecânicos e pneumáticos que servem ao mesmo fim de assinalar, através de um alarme ou de 
imagem, a presença de uma atividade, substância ou objeto indesejado. Os detectores térmicos são 
ativados pelo calor que excede um predeterminado limite de temperatura ou média de elevação da 
temperatura. São particularmente úteis na detecção e extinção de incêndio, assim como os 
detectores de fumaça, mas têm aplicação limitada em outros setores da segurança física. Os 
detectores de fumaça podem ser usados isoladamente ou em conjunto com os detectores térmicos. 
Os detectores nucleares
121
 são particularmente eficientes para detecção de drogas e explosivos. O 
sistema de TV em circuito fechado (CFTV)
122
 para monitoração de ambiente (interno ou externo), 
 
121
 -Neutrógrafos e Tomógrafos de Neutrons. 
122
 - Os CFTV são potencializadores do patrulhamento e da ação de vigilância, atuando para racionalizar e otimizar sua 
operacionalidade. Somente em casos específicos e situações limitadas, podem substitui-los. 
 
 
110 
seja de controle permanente ou ativado por sensores de presença
123
, é uma ferramenta de largo 
emprego, com imagem gravada, onde a imagem gerada será preservada em arquivo pelo prazo 
mínimo determinado no planejamento, em função de exigência legal, necessidades operacionais e 
níveis de riscos apurados. Os pacotes mais completos incluem os chamados botões de pânico
124
, 
dispositivos instalados em locais discretos e estratégicos de uma dependência (residências, bancos, 
indústrias, pontos comerciais ou de serviços, etc.). 
A atividade de detecção e a identificação, podem ainda utilizar a tecnologia do Raio X 
em scanners para estruturas orgânicas (corpos humanos ou de animais)
125
 ou para pequenos, médios 
ou grandes volumes não orgânicos, bem como para palets ou para conteiners. Podem também 
valer-se da tecnologia de ionização para detectar e identificar traços microscópicos de explosivos e 
entorpecentes, usando equipamentos do tipo portal (fixo) ou portátil (móvel). A aparelhagem para 
esse tipo de inspeção é caracterizada pelo fato de emitir radiações ionizantes e seu funcionamento 
se baseia no princípio físico de que os materiais absorvem (filtram) diferentementes as radiações e 
portanto possibilitam a diferenciação do material inspecionado, sua identificação e suas famílias 
correspondentes, sejam eles compostos por materiais orgânicos, plásticos ou metálicos – perigosos 
ou suspeitos (explosivos ou drogas). Estão ainda disponíveis no mercado, sistemas de câmeras com 
tecnologia de imagens com luz infravermelha e imagens térmicas, que funcionam com ou sem 
qualquer tipo de iluminação, que se integram a sistemas de CFTV, sendo aptas para identificação de 
presença de calor (com formação de imagens), com quaisquer condições climáticas ou de 
iluminação local. 
 
7.3 – CONDIÇÕES 
 
As condições que justificam os sistemas de alarme precisam ser determinadas no estudo 
de situação específica e suas exigências de segurança, inclusive o nível de proteção considerado 
necessário. O emprego e o tipo podem ser indicados para situações em que o sistema de alarme 
venha proporcionar proteção adicional ou em profundidade para: 
 áreas de controle ou de processo crítico; 
 locais ou pontos vitais que constituam alvos muito atraentes; 
 áreas em que as condições criem vulnerabilidade incomum; 
 
123
 -Infravermelho, calor, som ou contato. 
124
 -Dispositivo indutor e acionador de alarme. 
 
 
111 
 áreas altamente restritas em que não se queira a presença dos guardas; e 
 áreas ou pontos nos quais não se deseja a presença de elementos metálicos. 
Os sistemas de alarme podem ser necessários como substitutos de outras formas de 
proteção que são indesejadas ou têm sua eficácia reduzida por causa de: 
 lay-out, problemas estruturais ou localização do estabelecimento; 
 terreno difícil, condições do tempo ou problemas especiais; 
 emanações perigosas ou riscos para a saúde humana ou animal; e 
 tamanho ou localização da área ou dos componentes restritos. 
 
Aplicações apropriadas de sistemas de alarme podem permitir a redução do número de 
guardas sem diminuir a eficácia da proteção geral, mas não devem nunca ser considerados 
substitutos adequados da guarda de segurança. O custo inicial das instalações, operações e 
manutenção, a duração esperada da necessidade, a duração esperada do sistema e o nível eficaz de 
proteção propiciado são fatores que influenciam a consideração das aplicações do sistema de 
alarme. O custo total e a eficácia devem ser pesados em relação a fatores semelhantes para outras 
formas aceitáveis de proteção e as decisões devem objetivar a máxima proteção com o mínimo 
custo. 
Alarmes acidentais podem ser disparados por pássaros ou animais que entram no campo 
de proteção, pelo vento ou objetos trazidos pelo vento ou, às vezes, por condições adversas do 
tempo, tais como, chuva, granizo ou neblina. Freqüentes alarmes acidentais tendem a degradar a 
autoridade do sistema e a retardar e reduzir a presteza da resposta aos alarmes. Eventuais esforços 
no sentido de reduzir o número de alarmes acidentais mediante a redução da sensibilidade de um 
sistema podem resultar em diminuição da sensibilidade à uma presença ou ação indesejável. Se isto 
for levado longe demais, a instalação poderá ter em funcionamento um sistema de alarme que não 
só deixará de executar sua função, como também proporcionará um falso sentido de segurança. 
Um sistema de alarme bem planejado, apropriadamente instalado e adequadamente 
mantido pode somar importante contribuição à segurança física de uma instalação. Pode em alguns 
casos permitir número reduzido de guardas mas não está apto a substituí-los. Os sistemas de alarme 
detectam, localizam e advertem. Os guardas são necessários para responder aos alarmes e 
empreender ação de atendimento subsequente. 
 
125
 - Tecnologia denominada “cloaking software” que produz uma imagem digitalizada, que pode identificar objetos de 
plástico, cerâmica, metal e materiais biológicos. 
 
 
112 
Este conjunto também chamado de alarmação movimentou no ano de 2002, segundo 
estimativas da ABESE (Associação Brasileira de Empresas de Segurança Eletrônica), um volume 
de negócios da ordem de R$ 2,2 bilhões, com um crescimento de 12% sobre o movimento 
constatado em 2001, envolvendo fabricantes (indústria), distribuidores e revendas (comércio), 
instaladores, integradores, rastreadores e monitoramento (serviços). 
 
 
113 
CAPÍTULO VIII - COMUNICAÇÕES DE PROTEÇÃO 
 
 Comunicações de Proteção reforçam, agilizam e racionalizam o emprego das demais 
medidas de segurança ou proteção física. 
 
8.1 – GENERALIDADES 
 
Toda instalação de tipo industrial, comercial ou de serviços precisa possuir um sistema 
permanente de comunicaçãocom seus empregados. O sistema deve fornecer meios para avisar ou 
alertar o pessoal em todos os locais dentro do estabelecimento, comunicar incêndios, acidentes, 
atividades suspeitas ou emergências de qualquer local dentro do estabelecimento, receber 
informações e enviar instruções aos guardas nos postos fixos ou patrulhamento e manter ligação 
com a polícia e outros órgãos oficiais fora da instalação. Todas as partes do sistema devem ser 
confiáveis e prontas para uso sempre que necessário. 
Recursos normais de comunicação usados para contatos comerciais de rotina raramente 
são adequados às exigências de segurança física. Sendo usados os serviços comerciais de 
comunicações para atender às necessidades de segurança, é melhor que se disponha de um sistema 
separado que seja reservado para uso em emergências ou se instale um rígido sistema de prioridade 
para mensagens de emergências. Pontos para comunicações precisam ser estabelecidos nos locais 
necessários e os canais devem estar sempre livres para uso imediato. A prontidão contínua dos 
canais para comunicações constitui a base da maior parte desses sistemas. A omissão de uma 
chamada a uma hora precisamente especificada resulta em uma pronta resposta para investigar o 
motivo da falha na comunicação. Qualquer demora na disponibilidade de um canal de 
comunicações implica em esforços desperdiçados. Demoras freqüentes podem derrotar o sistema de 
chamada e torná-lo inútil. 
Os métodos de comunicação podem variar desde um simples apito ou campainha até 
modernas redes de rádio e multi-canais. É possível a um guarda pedir auxílio mediante um simples 
silvo de apito, usando um flashlight ou batendo no pavimento com o bastão, mas isso pode ser feito 
de forma mais silenciosa, rápida e eficaz, pelo uso de um método mais moderno como o rádio. 
Além do mais, o rádio permitirá contatos com a estação central a qualquer momento para enviar ou 
receber instruções. Transreceptores portáteis e móveis, além das unidades fixas, são freqüentemente 
parte importante das comunicações de instalações bem protegidas. 
 
 
 
 
114 
8.2 – TIPOS 
 
Os tipos de sistema de comunicações apropriados para atuar como Medida de Segurança 
Física (MSF) incluem: 
 rede de auto-falantes; 
 rede local e serviços comerciais de telefone; 
 recursos de fax com linhas de operação comercial ou particular; 
 rádio para voz ou código, incluindo estações fixas, transreceptoras móveis e portáteis; 
 sistemas computadorizados, entre escritórios ou entre instalações; 
 sistemas centrais supervisores de alarmes; 
 sistemas centrais supervisores de relógio de ronda ou relógio de chave; 
 sistemas codificados locais e todos os demais métodos eficazes para a transmissão e 
recebimento de avisos, alarmes ou mensagens; e 
 sistemas e equipamentos para assegurar a não intercepção ou interferência adversa nas redes de 
comunicações (telefone, rádio, fax, computadores, etc.). 
 
Praticamente qualquer tipo de sistema padrão é adaptável para atender às exigências de 
segurança física, se proporcionar a capacidade para comunicações quando necessário e onde 
necessário. Um elemento essencial de qualquer sistema de comunicação de proteção é que ele 
proporcione sempre a clara e pronta transmissão de mensagens, avisos ou alarmes de um ponto a 
outro ou a vários pontos simultaneamente. 
Os sinais codificados são comumente usados para que todos os empregados ou certos 
empregados de algum setor sejam avisados da necessidade de tomarem determinadas providências. 
A codificação é meramente um método de reduzir mensagens freqüentemente usadas a um sistemas 
de números, letras ou uma combinação de ambos. O tipo de codificação usado para esses fins 
precisa ser distinguido de maneira totalmente separada e diferente da codificação usada para fins de 
preservação de segredos. É muito mais simples e limitado ao uso de mensagens-padrão. Os sinais 
codificados usados apropriadamente podem economizar tempo, aperfeiçoar a clareza das 
mensagens e sua compreensão e apressar as respostas e providências. O emprego de mensagens 
codificadas de rádio contribui para o emprego eficaz dos canais disponíveis para comunicações e 
instruções de rotina, para a clareza das comunicações e para respostas rápidas. Transmissões curtas 
e concisas, com freqüentes interrupções entre transmissões, mantêm os canais livres e disponíveis e 
com tempo aberto caso surjam emergências. 
 
 
115 
Os sinais codificados só podem anunciar uma situação. A compreensão da mensagem e 
a resposta conforme o esperado dependem da preparação adequada. Os exercícios destinam-se a 
reduzir a probabilidade de confusão e a assegurar uma resposta ordenada às mensagens codificadas. 
O número de elementos a serem codificados deve ser limitado, a forma de codificação não deve ser 
demasiado complicada e todas as pessoas que irão usar as mensagens codificadas precisam ser 
instruídas ao ponto de entenderem claramente cada mensagem. As mensagens devem ser concisas e 
redigidas tão claramente que cada recebedor as entenderá exatamente como tencionava o 
originador. 
 
8.3 - OS RECURSOS 
 
Os recursos internos de comunicações incluem todos aqueles que possam oferecer 
métodos de comunicação dentro do perímetro da instalação. Os tipos de sistemas e equipamentos, 
assim como os métodos de instalação e colocação são ditados pelas exigências particulares da área a 
ser protegida. Fatores tais como localização, terreno, área geográfica e clima afetarão a seleção dos 
componentes e a maneira de instalação. 
Os recursos externos de comunicações são aqueles que proporcionam um meio de 
comunicação entre a instalação e os pontos fora do seu perímetro. Primariamente, esses recursos 
destinam-se a ser usados para a solicitação de qualquer auxílio externo necessário para situações de 
rotina ou emergências. As previsões mínimas devem incluir garantia de contatos com os postos 
mais próximos de Bombeiros e Polícia, com outras instalações ou serviços particulares de proteção 
com os quais se tenha firmado acordo de assistência mútua ou outros locais dos quais se possa 
esperar auxílio. O auxílio de emergência é mais eficaz quando pode implementar rapidamente 
tarefas e medidas pré-planejadas e pré-testadas. O auxílio pré-planejado deve incluir previsões de 
emprego coordenado dos recursos disponíveis de comunicação. 
O centro de comunicações e a estação central de alarme são geralmente um só. Servem 
de centro nevrálgico das operações ligadas à segurança do estabelecimento, transmissão, 
recebimento e controle de comunicações e alarmes. O grau de confiança e a continuidade desses 
serviços são tão vitais para a segurança da instalação, que o centro de comunicações deve ser 
designado como uma área restrita e todo seu acesso deve ser rigidamente limitado. 
A proteção das linhas de comunicações e de força é um requisito da manutenção da 
capacidade de comunicação. Em todos os casos possíveis as linhas devem ser protegidas no 
subsolo. As que servem aos sistemas alternativos de comunicações devem ser mantidas separadas 
 
 
116 
de todas as linhas. Os fios e cabos das antenas devem ser inspecionados e qualquer linha aérea deve 
ser colocada a uma altura do solo que seja suficiente para reduzir possíveis danos acidentais ou 
intencionais. 
Fontes auxiliares de energia devem ficar situadas dentro de área protegida e totalmente 
afastada de estragos. Essas fontes servem melhor a sua finalidade quando equipadas com 
dispositivos automáticos de funcionamento e transferência que sejam ativados por qualquer falha da 
fonte principal. A capacidade deve ser ampla para atender às necessidades e cada unidade deve ser 
freqüentemente ligada, testada, mantidabem lubrificada e abastecida. 
A manutenção, para assegurar um funcionamento satisfatório, deve incluir inspeções 
regulares, freqüentes e completas dos sistemas e do equipamento, sendo feitas por pessoal 
tecnicamente qualificado. Programas sistemáticos de manutenção preventiva visam descobrir, 
reparar ou substituir rapidamente peças desgastadas ou falhas. Testes de todos os circuitos de 
comunicações e alarmes devem ser realizados no princípio de cada turno da guarda para verificar se 
cada um está em condições de servir à finalidade a qual se destina. Nos locais onde os planos de 
emergência incluem uso conjunto das comunicações pelas forças de proteção do estabelecimento e 
órgãos externos, tais como a Polícia e Bombeiros, ou ainda, uso de canais comuns de rádio pelas 
forças envolvidas, testes conjuntos devem ser realizados com freqüência. 
 
 
 
117 
CAPÍTULO IX – GUARDAS 
 
 A Força de Proteção de uma instalação opera todas as demais medidas de segurança 
ou proteção física, sendo considerado o mais importante elemento isolado de um programa de 
segurança e do qual depende o seu sucesso ou fracasso. 
 
9.1 – GENERALIDADES 
 
A força de proteção de um estabelecimento ou serviço de guarda uniformizada é, em 
muitas instalações, o mais importante elemento isolado do programa de Medidas de Segurança 
Física (MSF) operado. A importância da função realça a necessidade de cuidadosa seleção, 
treinamento, equipamento e organização no que concerne à guarda e a seus integrantes. Os 
indivíduos que compõem a guarda são elementos humanos de proteção física dos quais depende o 
sucesso ou o fracasso do programa. 
Os serviços realizados pela força de proteção variam de acordo com as necessidades da 
instalação protegida e de conformidade com a autoridade conferida aos seus integrantes. As 
responsabilidades principais geralmente incluem a proteção patrimonial, das dependências, do 
pessoal, a salvaguarda das áreas e materiais restritos, a realização da fiscalização e a prevenção de 
entrada não autorizada. Seus serviços e atividades têm como objetivos: 
 implementar e fiscalizar a obediência ao sistema de controle e identificação do 
pessoal; 
 observar e patrulhar perímetros designados, áreas, estruturas e atividades do 
interesse da segurança; 
 apreender pessoas ou veículos que tenham entrado sem autorização nas áreas de 
segurança; 
 fiscalizar determinados depósitos, salas ou edifícios do interesse da segurança, 
particularmente fora do horário de expediente normal, visando verificar se estão 
corretamente protegidos e em ordem; 
 executar serviços essenciais de escolta; 
 implementar e fiscalizar a obediência ao sistema estabelecido de controle sobre a 
circulação de documentos e materiais de interesse da segurança nas áreas 
controladas; 
 responder aos sinais de alarme de proteção ou outras indicações de atividade 
suspeita; 
 
 
118 
 agir conforme necessário em situações que afetem a segurança, inclusive em 
acidentes, incêndios, desordens internas, tentativas de espionagem, sabotagem ou 
outros atos criminosos; 
 comunicar ao supervisor, como dever prescrito de rotina, as condições de trabalho e, 
conforme necessário, em todas as circunstâncias anormais; e 
 proteger de modo geral dados, materiais e equipamentos contra acesso não 
autorizado, perda, furto ou dano. 
A determinação da necessidade de guardas envolve considerações acerca de todos os 
aspectos do estabelecimento, em particular suas operações, localização, estruturas, nível desejado 
de proteção e o emprego e eficácia de outras medidas de proteção. Algumas instalações pequenas 
podem, em virtude de sua localização e da natureza de suas operações, obter o grau de proteção 
exigido mediante a designação das responsabilidades pelo controle dos acessos, movimentos e 
materiais a zeladores, vigias e outros empregados não especializados. Em tais casos, é necessário 
fazer previsões quanto às respostas para incêndios, acidentes e outras emergências. 
Ao aumentar a complexidade do processo de produção, o tamanho da instalação ou o 
número de empregados, a necessidade de guardas treinados tende ao crescimento. Pequenos 
laboratórios, por exemplo, ou escritórios de consultores que empregam somente alguns indivíduos, 
raramente demandariam uma guarda de segurança. O tipo e quantidade de documentos e materiais 
de interesse para a segurança, geralmente necessários em tais estabelecimentos pequenos, podem 
ser adequadamente salvaguardados em cofres e sob a custódia pessoal de quem tenha grau de 
acesso aprovado para tais informações. 
Em certas instalações vitais, pequenas mas isoladas, tais como transmissores, antenas e 
transformadores, uma guarda de segurança pode ser aconselhável, embora proibitiva no que 
concerne a custos em relação ao risco. Em tais locais, o pessoal de operações pode ser 
responsabilizado pelo aumento de outras provisões de segurança visando proporcionar o maior nível 
possível de proteção a esses locais. 
 
9.2 - EFETIVO DE GUARDAS 
 
O efetivo da guarda de segurança é o número total de elementos necessários para 
proteger uma instalação e só pode ser determinado mediante cuidadosa análise de todas as 
exigências de segurança. O número de postos fixos, patrulhas, inspeções e escoltas, juntamente com 
 
 
119 
as horas necessárias de trabalho, precisam ser estabelecidos de acordo com as necessidades de 
elementos adicionais para supervisão, rendição, férias, folgas e doenças. 
De todos esses dados pode-se fazer o cômputo do pessoal total necessário. Um método 
de computação das exigências de pessoal para serviço de guarda começa com a verificação do 
número de postos e patrulhas que deverão ser guarnecidos, o número de guardas necessário para 
cada um, e os horários em que cada um deverá estar guarnecido. Alguns postos terão sua cobertura 
e efetivo condicionados ao horário de trabalho dos empregados regulares do estabelecimento. O 
horários de mudança de turno nos postos de guarda não devem coincidir com o dos demais 
empregados, pois esses são os momentos de maior necessidade do pessoal da guarda. 
 Para que um plano de cobertura de postos de guarda seja suficientemente flexível, sendo 
exeqüível em condições adversas ou que fujam à normalidade, como em casos de faltas, ausências 
justificadas, afastamentos necessários ou situações de emergência, os postos de guarda necessitam 
obedecer a uma classificação de Prioridades de Cobertura. Assim, deve haver no mínimo três 
classes distintas para que ofereçam flexibilidade, possibilitem o manejo do efetivo e sejam mantidos 
por certo prazo os níveis de segurança planejados. Recomenda-se que os postos de guarda sejam 
classificados em: prioridade “A” - os que não podem ser suprimidos e não devem ter seus efetivos 
reduzidos, devendo eqüivaler a cerca de 50% dos postos revistos; 
 prioridade “B” - os que não podem ser suprimidos, mas que poderão, em determinadas 
situações, ter seus efeitos reduzidos, desde que sejam suplementados por outros elementos de 
segurança física. Devem eqüivaler a cerca de 30% dos postos previstos; e 
 prioridade “C” - os que podem ser suprimidos ou ter efeitos reduzidos em determinadas 
situações, devendo eqüivaler a cerca de 20% dos postos previstos. 
O estabelecimento de prioridades para remanejamento não é aplicável, em regra, para 
serviços prestados por contrato, salvo em situações de anormalidade e assim mesmo mediante 
autorização do contratante ou cláusula contratual expressa prevendo tal situação. Por outro lado, 
aplica-se amplamente nos serviços orgânicos. 
 
9.3 - LIMITAÇÕES 
 
O orçamento da guarda representa em muitos casos o maisdispendioso elemento 
isolado de um plano de proteção física. A exigência de constante cobertura, salários, benefícios de 
saúde, transporte, seguro e aposentadoria, uniformes, equipamento e treinamento contribuem para 
 
 
120 
tornar o serviço de guarda um item dispendioso. Em contrapartida, a guarda de segurança 
freqüentemente constitui o mais importante elemento isolado da defesa da instalação. Muitos dos 
outros elementos de segurança dependem dos guardas para garantia de seu funcionamento 
apropriado. Para assegurar a mais eficaz e econômica utilização do potencial humano, as exigências 
e o emprego da guarda de segurança devem ser cuidadosamente planejados e freqüentemente 
revistos. 
As horas de serviço dos guardas devem ser limitadas ao máximo por dia e por semana 
durante as quais um trabalho alerta e competente possa ser esperado sob as condições existentes. A 
necessidade de operação contínua, peculiar à maior parte das guardas de segurança, constitui o 
principal fator determinante do alto custo dos serviços de guarda. A experiência indica que após 
oito horas de contínuo serviço o guarda tende a tornar-se menos alerta e menos hábil, o que 
demonstra que os turnos de doze, dezoito ou vinte e quatro horas reduzem a eficácia e podem 
fornecer simplesmente um falso senso de segurança. Sob condições temporárias de emergência, 
quando torna-se necessário o aumento do serviço e do pessoal, os guardas podem trabalhar por 
turnos mais prolongados. Condições de emergência geralmente apresentam desafios e incentivos 
adicionais para um grau de alerta que não pode ser mantido por longos períodos de tempo ou 
durante horas prolongadas de serviço durante condições normais. 
 Os guardas escalados em postos fixos precisam de métodos de garantia de rendição 
regular e de emergência. Os escalados em postos que limitem severamente os movimentos físicos 
podem ser alternados a cada duas horas, sendo deslocados para patrulhas móveis. Alternar os 
serviços durante os turnos é um método de manter os guardas sempre alertas. 
 
9.4 – QUALIFICAÇÕES 
 
As qualificações dos guardas devem ser baseadas nos serviços a serem executados e no 
nível de execução que se espera. É preciso fazer uma distinção entre o idoso atendente de portão ou 
vigia, cuja principal responsabilidade é estar fisicamente presente, e o membro treinado de uma 
guarda de segurança, que se considera capaz de proteger a instalação. Grandes organizações de 
guardas de segurança podem incluir cargos a serem preenchidos por pessoas portadoras de 
deficiências físicas, mas essas pessoas não podem ser incluídas em tarefas ativas durante 
emergências. 
Os deveres que podem ser atribuídos a um guarda exigem habilidade física, agilidade e 
vigor. A lealdade e a confiança são imperativos em virtude do contato com informações e materiais 
 
 
121 
de natureza sensível. Bom caráter, moral e uma atitude de cooperação, juntamente com coragem, 
auto-confiança e habilidade são atributos essenciais. O guarda ideal deve ser observador e 
inteligente, hábil em suas relações com as pessoas, alerta quanto a suas responsabilidades e de gênio 
controlado. Essas características devem ser deliberadamente buscadas durante o recrutamento de 
candidatos para a função de guarda de um estabelecimento. Neste momento devem ser recusados os 
que não atendam aos requisitos ou apresentem qualquer doença mental. 
Os padrões do serviço prestado pelos guardas são estabelecidos em conformidade com 
as exigências de segurança da instalação a proteger. Cada guarda deve entender e aceitar o fato de 
que os serviços de guarda constituem importante parte da proteção adequada da instalação e de que 
o sucesso das operações de segurança repousa principalmente na aceitação e atendimento das 
responsabilidades atribuídas aos membros da guarda de segurança. 
A direção da instalação deve esperar de cada guarda atributos como: lealdade ao seu 
empregador e integridade no desempenho de todas as atribuições; saúde e vigor físico para 
apresentar-se regularmente para o trabalho, para suportar os rigores das mudanças nos horários de 
trabalho, clima inclemente e as demandas de tarefas variadas; agilidade física para aceitar 
treinamento e prática em métodos de combate corpo-a-corpo; preparo para correr, subir e saltar em 
situações de emergência; condições para apreender e, se necessário, subjugar intrusos; sentidos 
aptos a detectar rapidamente o odor de combustão sem chamas ou de gases escapando e a ouvir 
sons produzidos por líquidos pingando ou escorrendo, que possam escapar de válvulas defeituosas, 
conduto rompido ou aspersor aberto; responsabilidade quanto a suas tarefas, cobrindo perfeitamente 
o posto até a rendição; cooperação como integrante da equipe de segurança física; coragem para 
enfrentar riscos; inteligência para entender ordens, tomar decisões e fazer comunicações; condição 
de permanecer alerta em todas as atividades, com plena consciência de que o relaxamento por parte 
de qualquer guarda pode colocar em risco as medidas de segurança física estabelecidas para a 
proteção das instalações; auto-confiança no contato e no atendimento de problemas; bom 
discernimento para orientar decisões necessárias dentro das diretrizes e normas estabelecidas; 
habilidade para reagir apropriada, pronta, calma e decisivamente em emergências; tato e equilíbrio 
nas relações com os outros, particularmente quando sob pressão ou em circunstâncias 
desagradáveis; e temperamento equilibrado que exiba paciência e bom humor no contato com 
outras pessoas. 
O requerimento para o cargo de guarda deve ter a forma de um formulário padronizado 
que contenha os padrões estabelecidos para a função. As informações mínimas exigidas devem 
incluir o nome completo do requerente, filiação, seu endereço atual e os endereços dos últimos dez 
anos. Descrição pessoal, peso, altura, cor dos olhos e cabelos, lugar e data de nascimento e estado 
 
 
122 
civil. Informações sobre nível educacional, treinamento especial e serviço militar devem ser 
incluídas, bem como os números de seus documentos principais. Os antecedentes profissionais do 
candidato nos últimos dez anos devem incluir o nome e endereço de cada empregador, o tipo de 
trabalho executado, datas de começo e fim em cada atividade e motivo da demissão. Todo o período 
deve ser abrangido, inclusive período de desemprego. Nome, idade, endereço, naturalidade e 
nacionalidade dos pais, irmãos, cônjuge e filhos são elementos de importância, assim como uma 
relação de nomes e endereços de todas as organizações de que o candidato é ou foi associado. 
Nomes e endereços de três pessoas que não sejam parentes ou empregadores devem ser fornecidos 
como referência. 
Um registro completo de qualquer detenção, denúncia, pronúncia ou processo criminal 
em que o candidato tenha sido réu deve ser solicitado, juntamente com datas, locais, acusações e 
disposição final de todos os casos. O formulário deve conter uma afirmativa de que a informação 
fornecida é verdadeira e completa, com uma clara advertência de que a assinatura de tal certificação 
com omissão de fatos ou declarações falsas implicará na rejeição do candidato. Retratos de frente e 
de perfil e impressão decadactilar podem ser exigidos juntamente com o requerimento ou para 
entrega posterior. 
Algumas das qualidades desejadas podem ser identificadas e apreciadas em uma 
entrevista anterior à contratação. Informações relativas a outras características podem ser obtidas 
através de meticulosa investigação de cada candidato, inclusive histórico médico. 
Todas as pessoas consideradas para funções de guarda devem ser cuidadosamente 
investigadas e ter seu grau de acesso classificado antes da contratação. A investigaçãodeve seguir, 
de um modo geral, os padrões para a classificação do acesso de outros candidatos para funções 
sensíveis, inclusive o contato com vizinhos, colegas de trabalho, ex-empregadores, credores e 
agências de crédito e uma verificação dos antecedentes policiais. 
Alta confiança e responsabilidade são inerentes à função de guarda. Conhecimentos e 
materiais vitais podem ser confiados à sua proteção e o guarda pode ser designado para proteger 
elementos de grande valor econômico ou estratégico. Caráter inatacável, lealdade e integridade são 
requisitos para os candidatos que pretendem funções sensíveis de guarda. Desvios dos padrões 
estabelecidos quanto à idade, altura, peso, condições físicas e outras qualidades não devem ser 
permitidos. 
Somente os candidatos que preencherem os requisitos exigidos devem ser considerados 
para treinamento. Todos os que não atenderem aos padrões estabelecidos devem ser rejeitados. O 
emprego de candidatos qualificados deve incluir um período probatório durante o treinamento, para 
permitir que as qualificações e características do indivíduo sejam testadas sob observação diária dos 
 
 
123 
supervisores. Todos os que demonstrarem fraquezas ou falhas nas qualificações devem ser 
demitidos antes de expirado o período probatório. Um membro deficiente pode diminuir a eficácia 
de toda a guarda. 
 
9.5 – TREINAMENTO 
 
O treinamento é essencial a todos os membros da guarda antes do recebimento de suas 
tarefas. Os métodos de treinamento podem variar da aula formal em classe ao treinamento externo, 
incluindo tipos de treinamento prático. Os requisitos mínimos antes da entrada em serviço incluirão 
orientação relativa à organização e às funções da guarda, sua autoridade, limitações legais e a 
contribuição efetiva do indivíduo para as operações. 
Um dos principais objetivos do treinamento é motivar o indivíduo a querer desempenhar 
suas tarefas conscientemente. Ele deve ser imbuído de entusiasmo, devoção e zelosa preocupação. 
Deve ser orientado quanto à importância de sua contribuição para a segurança da instalação e 
devotará sua atenção completa e alerta aos deveres que lhe forem atribuídos, jamais permitindo que 
se tornem meras rotinas superficiais. 
Cada membro da força de segurança deve ser submetido a um curso básico de 
treinamento, seguido de treinamento periódico de atualização. Instrução prática necessária deve ser 
fornecida antes de tarefas iniciais ou modificadas, seguida de supervisão apropriada e fiscalização 
da execução. 
O termo treinamento aqui utilizado, refere-se a um processo de formação, reciclagem e 
aperfeiçoamento, apto para sedimentar os conhecimentos para as atividades de guarda/vigilância. 
Este processo formativo deve abranger conhecimentos de ordem jurídica, social, psicológica e de 
“expertises”inerentes à atividade. O treinamento deve estar intimamente relacionado ao serviço a 
ser desempenhado, estando a autonomia do desempenho funcional intrinsecamente relacionada com 
a instrumentalização conceitual recebida (construção cognitiva), envolvendo tanto o trabalho 
designado a ser realizado (atribuições), como as situações com que o instruendo terá que lidar 
(conseqüências das atribuições) e as ações/atitudes recomendadas para lidar com essas situações 
(padrões). 
Os conteúdos apropriados para um programa de treinamento de guardas devem incluir 
as “expertises” requeridas pela atividade, tais como, as medidas de segurança física da instalação 
onde irão operar e seus objetivos, incluindo orientação geral, procedimentos e métodos empregados, 
localização de áreas restritas, sistemas de alarme e geografia da instalação e da área circunvizinha, 
 
 
124 
organização da guarda, sua missão, funções, regulamentos e disciplina, autoridade e 
responsabilidade do guarda individualmente, canais de comando e sistema de ordens da guarda de 
segurança, responsabilidades por postos fixos, patrulhas, escoltas, inspeções e outras tarefas, 
serviços de guarda, uso dos recursos de comunicações, procedimentos e equipamentos especiais, 
princípios de defesa pessoal e combate desarmado e os limites permissíveis para o uso de força. 
Ainda deve receber orientação sobre uso e manutenção de armas, prática e qualificação no uso de 
armas para as quais os guardas estarão habilitados, preparação de relatórios e sua brevidade, 
coerência, importância e legibilidade, primeiros socorros, proteção contra incêndio, direção de 
trânsito, métodos de controle de multidões e matérias semelhantes quando apropriadas. Atenção há 
que ser dada à conduta, aparência, contatos e relações com outras pessoas, enfatizando os perigos de 
atitude de intromissão ou interferência por parte de qualquer guarda e prováveis reações. A 
legislação nacional prevê currículos básicos para formação e reciclagem de guardas de segurança - 
Portaria Nº 387/2006-DG/DPF, de 28 de agosto de 2006. 
A conclusão do treinamento básico deve qualificar o novo guarda para assumir seu 
lugar na organização, mas treinamento prático periódico é necessário para rever regularmente os 
ensinamentos básicos, instruir os guardas sobre mudanças das necessidades da instalação e atualizá-
los quanto a novas rotinas em uso, equipamentos e armas. Muitas organizações de segurança 
adotam o sistema de aproveitamento de pequenos intervalos antes da mudança de turno para um 
contínuo programa de treinamento. Em instalações onde as funções dos guardas são variadas e 
complexas, membros selecionados devem receber treinamento especializado, adiantado e de 
supervisão. 
Geralmente um longo período de treinamento não é exeqüível, a menos que a 
organização seja grande nova ou esteja recrutando um grande número de guardas de uma só vez. O 
treinamento pode ser conduzido através de uma combinação de aulas teóricas e instrução prática 
bem orientada. Os instrutores devem ser cuidadosamente selecionados e bem qualificados quanto a 
seu conhecimento dos requisitos da função e sua habilidade de transmitir claramente os 
conhecimentos ao novo guarda. Um corpo permanente de instrutores só é necessário para grandes 
organizações ou organizações especializadas. 
A capacitação proporcionada pelo treinamento é sem dúvida uma das formas mais 
efetivas de investimento realizado em um mercado pautado por legislação permissiva, entrada quase 
que diária de novas tecnologias e maiores exigências dos tomadores de serviços. Trata-se de um 
cenário de acelerado aumento de insegurança objetiva e subjetiva. Essa capacitação incluirá 
necessariamente as questões de aquisição de conhecimentos e habilidades, mas também as relativas 
a comportamentos pró-ativos no sentido de sua aplicação adequada, para o que se recomenda a 
 
 
125 
observação das prescrições da norma ABNT NBR ISO 10015, de abril de 2001 - Diretrizes para 
Treinamento
126
, primeiro passo para uma futura certificação. 
 
9.6 – ORGANIZAÇÃO 
 
A organização de uma guarda de segurança assemelha-se à de um departamento de 
polícia, exceto pelo alcance de suas atribuições, área geográfica de operações e autoridade, que são 
de natureza mais limitada. Isto envolve o caráter necessariamente legal das normas e o caráter 
formal das comunicações, a divisão do trabalho, a impessoalidade do relacionamento e a 
hierarquização da autoridade, conforme foi detalhado no Capítulo III ao estudarmos as 
características de uma organização de segurança física. Atenção especial deve ser dada às rotinas e 
procedimentos estandardizados, valoração da competência técnica, especialização e 
profissionalização dos seus integrantes. 
A necessidade de serviço contínuo exige operações com base em turnos, geralmente 
dois ou três turnos ou quatro quartos para cada período de vinte e quatrohoras. O efetivo total 
designado para cada turno pode ser desigual, de forma a atender a exigências de guarnecimento dos 
postos para as horas abrangidas por cada turno. As necessidades dos postos são geralmente maiores 
nas horas em que os empregados da instalação estão iniciando ou terminando seus turnos de 
serviço. Assim, o turno dos guardas não devem coincidir com o dos demais empregados. Em geral, 
uma hora de diferença é suficiente para substituir apropriadamente os guardas nos postos e evitar 
conflito com a hora de maior movimento de entrada e saída. 
O chefe dos guardas deve ser responsável por todas as operações dos guardas. Um de 
seus integrantes deve comandar cada turno de guardas e ser responsável perante o chefe por todas as 
atividades dos guardas durante o período. Em pequenas instalações o chefe pode atuar como o 
supervisor de um turno, sendo os outros turnos liderados por subordinados. A supervisão das 
atividades de todos os guardas escalados para o turno é uma responsabilidade do chefe do turno. É 
sua responsabilidade inspecionar todos os guardas antes de entrarem em serviço, anotando qualquer 
ausência ou atraso e transmitindo todas as ordens, instruções especiais ou relatórios sobre condições 
dos postos. 
O supervisor e os guardas que são substituídos ao final do turno passam a seus 
substitutos todas as informações relativas a condições ou atividades incomuns. Várias vezes durante 
cada turno o supervisor deve inspecionar cada guarda em seu posto, patrulha ou outra tarefa e 
 
126
 -Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas. 
 
 
126 
certificar-se de que o nível desejado de segurança está sendo mantido. A qualidade da supervisão 
exercida constitui fator essencial na determinação dos níveis de execução individual e do moral 
geral da operação da guarda. 
Visitas a postos e patrulhas a intervalos irregulares por parte do chefe dos guardas 
podem incrementar tanto o moral quanto a execução. As guardas de segurança que acumulem 
poucos integrantes podem ser supervisionadas mediante designação de um guarda selecionado para 
atuar como supervisor de turno, enquanto também executa seus serviços de guarda. Isso pode ser 
satisfatório se for reconhecido que essa tarefa dupla não limita a eficácia da supervisão e da 
atividade regular do guarda. Guardas de segurança de maior efetivo precisam de supervisores 
permanentes, com uma média desejável de supervisores não excedendo a de doze para um. 
Meios auxiliares de supervisão, na forma de dispositivos de registro mecânico, elétrico 
ou eletrônico podem ser utilizados para registrar visitas de guardas a locais pré-determinados. 
Geralmente conhecidos como sistemas de Relógio de Chave, servem para suplementar a supervisão 
pessoal ou, em pequenas instalações ou áreas remotas de instalações maiores, substituir 
parcialmente as rondas do supervisor dos guardas. 
As armas devem ter autorização legal, ser fornecidas pela organização e portadas pelos 
guardas durante o tempo em que estiverem de serviço. A padronização de todas as armas da guarda 
facilita a substituição de armas e peças, a compra de armas e munições, o treinamento e a 
qualificação regular ao seu uso e manutenção. O fornecimento, porte e uso de todas as armas devem 
ser rigidamente controlados todo o tempo. A guarda apropriada e segura das armas e munições em 
pontos estratégicos dentro da instalação deve ser tal que assegure imediata disponibilidade em 
emergências e a salvaguarda contra uso não autorizado ou manuseio indevido. Armamento e 
munição não letais, como gazes, imobilizadores por descarga elétrica, balins de plástico ou 
borracha, devem ser considerados para emprego, nos limites da legislação regidora
127
. 
 
9.7 – ORDENS 
 
As designações e ordens para os guardas devem ser específicas, completas e redigidas 
de modo a não dar margem a dúvidas. Cada membro da força de segurança deve compreender 
perfeitamente onde deve trabalhar, o que se espera dele e como seus deveres serão executados. O 
rodízio das tarefas é costumeiro para preservar o moral e propiciar o emprego flexível e máximo do 
pessoal, fazendo com que cada guarda obtenha experiência em uma variedade maior de deveres. 
 
127
 - Ver Portaria N.º 20-D LOG, de 27 de dezembro de 2006. 
 
 
127 
Instruções e ordens escritas cobrindo cada posto e tarefa devem ser entregues a cada guarda, com 
perfeito entendimento e obediência exigidos e freqüentemente verificados. 
Em grandes organizações, um manual com informações detalhadas relativas à 
organização e suas funções deve ser produzido e fornecido a cada guarda. Em pequenas 
organizações, informações semelhantes em forma impressa ou datilografada devem ser entregues a 
todos os integrantes no posto central da guarda. As ordens da guarda são as instruções e regras 
escritas que governam a execução de todas as tarefa. Como exceção às ordens escritas, as ordens 
orais suplementam ou adicionam temporariamente as ordens escritas, servindo ainda para situações 
de emergência ou não previstas. A brevidade na forma e redação das ordens é aconselhada, mas 
nunca ao ponto de ser sacrificada a clareza. Caso contrário, o leitor será compelido a fazer sua 
própria interpretação. 
Embora possa existir variações na expedição e formato das ordens, um sistema 
comumente usado divide as ordens dos guardas em quatro categorias gerais: 
 ordens gerais, que referem-se a todos os membros da guarda e a todos os postos, patrulhas e 
tarefas de rotina (geralmente manualizadas); 
 ordens especiais, que aplicam-se a tarefas, patrulhas ou postos específicos e não se aplicam 
genericamente a todos os serviços; 
 portarias, geralmente usadas como um suplemento escrito às ordens gerais ou especiais, 
dependendo da revisão de tais ordens (são eficazes unicamente por um período transitório e seu 
uso deve ser mantido no mínimo essencial); e 
 ordens verbais, que se aplicam somente a situações imediatas, para fins de suplementar ou 
esclarecer ordens gerais ou especiais, ou ainda para abranger uma situação imediata e não 
prevista no ordenamento estabelecido. 
 
9.8 – RELATÓRIOS 
 
Os relatórios e as comunicações dos guardas fornecem um indicador da eficiência da 
operação e da eficácia da proteção. A presteza com que condições incomuns são comunicadas e a 
rapidez da resposta e aplicação de medidas de controle são vitais à segurança da instalação. Dois 
tipos de comunicação são essenciais: notificação imediata de qualquer mudança na situação e 
relatórios escritos cobrindo tais condições. Os recursos adequados para as operações da guarda 
devem incluir a possibilidade de fazer comunicação entre as áreas guarnecidas e um posto central e 
 
 
128 
a possibilidade de solicitação de auxílio de fora da instalação. Os tipos e distribuição das unidades 
de atendimento dependerão das exigências da instalação a ser protegida. 
 
9.9 - CONDUTA E ESTRATÉGIA DE EMPREGO 
 
A conduta dos guardas e suas relações com outras pessoas são de suma importância para 
o guarda e para a força que ele representa. Cada guarda faz numerosos contatos diários com seus 
colegas membros da força, com outros empregados, autoridades, visitantes e outras pessoas. A 
reação de cada uma dessas pessoas pode ser influenciada por certas funções do guarda e a maneira 
com que ele as executa. 
Muitas das funções do guarda são de fiscalização, dissuasão e mediação. A menos que 
sejam cuidadosamente executadas, podem ser consideradas forma de coação. A fiscalização da 
obediência às regras se choca freqüentemente com questões como a perda do tempo dos indivíduose ameaça à sua individualidade/dignidade. Algumas pessoas poderão reagir de modo oposto ao 
desejado ou resistir ativamente ao dever de obedecer. Cada contato pessoal torna-se um desafio ao 
guarda consciencioso, uma nova oportunidade de encorajar a cooperação voluntária. Trata-se da 
aceitação dos guardas como empregados competentes e considerados, um maior apoio para 
operações dos guardas e a segurança da instalação. 
Como membro de uma força uniformizada, cada guarda está sempre sob as vista do 
público. Ele deve evitar sempre a aparência de estar fazendo algo errado, de condescendência ou de 
uso de privilégios especiais. Sua presença deve criar uma impressão de limpeza, boa aparência e 
postura ereta. Sua atitude deve ser cortês, confiante e respeitável. Sua conduta diária deve estar 
acima de quaisquer restrições e ele deve portar-se de maneira socialmente aceitável, mesmo quando 
sob condições adversas. Compete a cada guarda estar perfeitamente familiarizado com todas as 
exigências de segurança física e regulamentos do estabelecimento e obedecer e fiscalizar 
escrupulosamente tais regulamentos a todo momento. 
A cuidadosa observância de boas práticas de segurança por parte dos guardas estabelece 
um constante exemplo para os outros e torna mais razoável e aceitável a insistência dos guardas 
para que outros obedeçam às mesmas exigências. O modo de o guarda exigir obediência aos 
regulamentos de segurança pode constituir um fator decisivo para a sua aceitação ou resistência. 
Palavras, postura, aparência, mesmo o ângulo do quepe do guarda, são importantes para a imagem 
favorável a ser passada durante o contato. Expressões de indevida familiaridade, relaxamento, uma 
camisa suja ou o quepe pendendo sobre uma orelha podem ocasionar uma atitude negativa de um 
 
 
129 
empregado que já se sinta afrontado pelo fato de submeter-se a uma verificação de seus pertences 
ao deixar a instalação. 
Uma resposta muito melhor pode ser esperada do empregado que veja à sua frente um 
guarda bem uniformizado, educado, firme, que principia suas palavras com por favor, senhor e 
obrigado, conduzindo sua fiscalização e identificação de maneira rápida, minuciosa e competente. 
É dever do guarda lembrar sempre que sua função é salvaguardar a instalação com o mínimo de 
inconveniência aos empregados e a outras pessoas. Não é sua função embaraçar deliberadamente 
outra pessoa, seja para dar exemplo ou para alardear sua autoridade. Também não tem a 
prerrogativa perdoar uma infração ou conceder privilégios. Conversas em voz alta, linguajar 
impróprio ou comportamento tempestuoso por parte de guardas incentivam a crítica. O 
procedimento cavalheiresco geralmente induz ao tratamento cavalheiresco por parte de outras 
pessoas. Toda a ação de um guarda e sua conduta geral refletem-se favoravelmente ou 
desfavoravelmente no grupo que representa e sobre todos os seus demais membros. Cada guarda 
tem permanente responsabilidade pelo seu comportamento, de modo a merecer comportamentos 
favoráveis em cada contato ou ação. 
A conduta dos guardas, aliada a uma inteligente estratégia de emprego operacional, 
será sem dúvida base consistente sobre a qual repousará toda a atividade de prevenção a riscos, que 
se inicia pela conveniente formulação das atribuições, sendo seguida pela escolha da ostensividade 
como fator de desencorajamento à desordem e que se consolida na proatividade como forma de 
atuação básica. A iniciativa da ação atuará como poderoso elemento de escolha do momento da 
intervenção inibitória e na condução das ações que se seguem. 
 
9.10 – EMERGÊNCIAS 
 
O planejamento de emergência (ou de contingência) deve constituir um elemento de 
proteção eficaz. Todos os tipos de ameaças e desastres naturais, tais como desabamentos, 
inundações, incêndios, explosões e acidentes, bem como atentados criminosos contra a segurança 
da instalação, devem ser antecipados e avaliados. 
Medidas destinadas a minimizar os efeitos de cada um desses eventos mediante o 
fortalecimento dos serviços de proteção e controle, devem ser cuidadosa e deliberadamente 
planejadas. Planos bem organizados e ensaiados podem assegurar uma ação rápida e eficaz em 
qualquer situação que possa surgir. Um sistema rápido de convocação do pessoal de folga é a parte 
essencial dos planos de emergência e deve incluir o tempo necessário para apresentação no local 
 
 
130 
designado. O tempo decorrido entre a notificação aos órgãos externos de apoio, tais como a Polícia 
local ou Corpo de Bombeiros e o guarnecimento de posições previamente acordadas, deve ser 
medido por testes reais e ser registrado. 
Clara designação e escalonamento dos planos de emergência contribuem para apressar a 
implementação quando necessária. O planejamento coordenado com os órgãos externos oferece a 
melhor garantia de eficaz proteção interna e externa da instalação (endogenia e exogenia). Alertas e 
ensaios oferecem os meios para testar, medir e aperfeiçoar os planos visando atender às situações de 
emergência. Condições simuladas exigindo a apresentação dos guardas são uma forma necessária 
de treinamento prático contínuo. Esses ensaios habilitam cada guarda a praticar suas ações na 
implementação dos planejamentos de emergência e a enquadrar essas ações em um perfeito trabalho 
de equipe. 
 
9.11 – FORÇAS DE FINS MÚLTIPLOS 
 
Forças de fim múltiplo, tais como as forças conjuntas de guardas e bombeiros, estão 
funcionando com êxito em algumas localidades. Entretanto é preciso extremo cuidado quando as 
responsabilidades múltiplas ou duplas têm que ser satisfeitas. Dependendo das exigências do 
estabelecimento, alguma pequena economia pode ser oferecida pela combinação das forças, mas o 
número total de elementos necessários para cada função será mais ou menos o mesmo necessário 
para o caso de forças separadas e distintas. O número necessário de pessoas para proteção contra 
incêndio e para funções de guarda deve ser baseado nas exigências reais da instalação e seus 
integrantes devem ser perfeitamente treinados para o desempenho de seus deveres. Se a um 
indivíduo cabe executar tarefas de guarda, proteção contra incêndios e extinção de incêndios, um 
salário aumentado é esperado e o tempo de treinamento e as despesas resultantes são maiores. 
O uso conjunto dos recursos, tal como canais de comunicação, é aconselhável quer ou 
não as forças sejam combinadas. Uma certa superposição de competências é necessária, tanto para 
as tarefas de guarda, quanto as de combate ao fogo. Todos os guardas devem estar atentos à 
incêndios incipientes ou condições que possam causar incêndios. Por outro lado, os bombeiros não 
podem ignorar tentativas de intrusão de que tomem conhecimento. Em algumas instalações os 
guardas são obrigados a inspecionar regularmente os equipamentos de combate inicial a incêndios. 
A escolha de forças separadas ou combinadas deve ter por base o que melhor servir às 
necessidades da instalação protegida e as exigências legais, em especial a Lei N.º 11.901, de 12 de 
janeiro de 2009, que dispõe sobre a profissão de Bombeiro Civil (CBO 5171). A previsão de 
 
 
131 
suficiente força humana para atender satisfatoriamente tanto às necessidades normais quanto às de 
emergência é o ponto que merece ênfase. Se um guarda precisa deixar seu posto para responder a 
um alarme de incêndio, o posto é deixado sem proteção, a menos que um segundo guarda seja 
designado para o mesmo posto. 
O maior perigo das operações combinadas está no fato de que o incêndio ou explosão 
pode ser deliberadamente causado em um ponto para criar ocasião que propicie a entrada de um 
intruso ou furto em outro ponto da instalação. Tais emergências representam o momento em que os 
guardasdevem estar excepcionalmente alertas para proteger seus setores. Qualquer retirada de 
guardas para combate ao incêndio prejudica imediatamente o nível de proteção. Assim, 
independentemente do sistema usado, tanto os guardas quanto os bombeiros devem estar envolvidos 
todo o tempo no serviço e de maneira condizente com as necessidades. 
 
9.12 - CÃES DE GUARDA 
 
Cães de guarda podem auxiliar eficazmente os serviços de guarda sob determinadas 
condições. Cães cuidadosamente selecionados e perfeitamente treinados servem para suplementar a 
percepção do guarda mediante o uso da superior capacidade sensorial do cachorro. As autoridades 
no assunto informam que o olfato do cão é quarenta vezes mais aguçado do que o olfato humano, 
que sua capacidade auditiva é vinte vezes maior e que a habilidade do cão em perceber movimentos 
é dez vezes maior que a do homem normal. A equipe qualificada de guarda e cão combina a 
capacidade do guarda e as habilidades sensoriais superiores do cão, aumentando assim o nível de 
proteção pela ampliação dos limites da vigilância pelo guarda. 
Um programa de manutenção de cães de guarda deve ser cuidadosamente planejado e 
elaborado. Os padrões mínimos de seleção dos animais a serem treinados devem especificar a 
raça
128
, sexo, limite de peso, idade, configuração, condição física e isenção de debilidades, parasitas 
ou doenças. Em geral necessita-se dos serviços de um experiente treinador de cães e de um 
veterinário para selecionar os cães aceitáveis para treinamento. Animais com garantia podem ser 
adquiridos de criadores de boa reputação. Canis adequados, serviço de veterinários, programas de 
alimentação, transporte e cuidados especiais já devem estar providenciados quando os cães forem 
recebidos. 
Os guardas que servirão como tratadores dos cães e os cães que serão designados para 
cada um devem ser treinados conjuntamente. Normalmente o cão treinado funciona melhor quando 
 
128
 -Geralmente pastores alemães ou belgas. 
 
 
132 
designado para um único treinador ou tratador e os cães são ensinados a rejeitar alimentos ou ordens 
de todas as outras pessoas. Programas de treinamento podem ser obtidos de treinadores 
profissionais ou de organizações policiais ou militares que incluam o uso de cães treinados em seus 
serviços. 
 
9.13 – SUPERVISÃO 
 
Dá-se o nome de supervisão à ação de orientação, inspeção e controle que assegure a 
perfeita compreensão de diretrizes, normas, ordens e instruções emanadas de escalão superior. É 
uma atividade dinâmica, exercida com vista ao desempenho do guarda/vigilante aplicado 
isoladamente ou em grupo. Tem por finalidade fiscalizar, orientar e esclarecer, bem como controlar 
a atividade e servir como elo entre o elemento executante, o cliente e o planejador da empresa. 
Dentro de empresas de vigilância ou em instalações que disponham de suas próprias estruturas 
orgânicas, a atividade de supervisão reveste-se de inquestionável importância. São os supervisores 
os principais responsáveis pela boa e eficiente execução cotidiana das tarefas de vigilância e 
segurança das edificações, bens móveis e proteção das vidas daqueles postos sob a guarda das 
equipes de profissionais que dirigem, orientam e inspecionam. 
Observando diferentes empresas de vigilância constatamos que a denominação de 
Supervisor acaba sendo utilizada para definir os responsáveis por uma razoável variedade de 
atividades. Aquele profissional responsável por constatar a apresentação pessoal, asseio, 
assiduidade, pontualidade, condição de armas, equipamentos e ocorrências em diversos postos de 
serviço recebe denominações de Supervisor, Supervisor Itinerante ou Fiscal de Área, de acordo 
com a nomenclatura adotada pela empresa onde trabalhe. Em algumas instituições o encarregado de 
exercer função de chefia localizada em postos de serviço importantes, onde haja considerável 
contingente de vigilantes, recebe a denominação de Supervisor. Em outras é chamado de 
Coordenador, Encarregado ou Monitor. 
Mais importante do que nos prendermos às diferentes denominações é preciso 
observarmos as missões que, quase obrigatoriamente, cabe ao supervisor desempenhar. 
O supervisor é o elo entre a gerência da empresa e as equipes, nível onde as tarefas são 
executadas. A atividade de supervisão envolve-se diretamente com a prestação dos serviços, a 
“administração” da vigilância nos postos, o estabelecimento de normas, treinamento, adestramento 
e aferição da satisfação do cliente em relação aos serviços prestados. 
Não se deve confundir as missões do supervisor com as de um feitor ou de um capataz. 
O supervisor tem de se preocupar obrigatoriamente com os resultados do trabalho mas, segundo os 
 
 
133 
conceitos de qualidade vigentes, deve esmerar-se para que resultados cada vez melhores sejam 
sempre atingidos. Trata-se de uma sensível mudança na direção da tão buscada Qualidade Total. 
O supervisor de segurança deve ser capaz de mostrar aos seus supervisionados que a 
atividade de segurança é excepcionalmente importante. Trata-se de um sério esforço de caráter 
educativo, não apenas no sentido do aperfeiçoamento técnico do serviço de vigilância, mas no 
sentido de fazer brotar nos executores (os quais muitas vezes não dão a devida importância à 
atividade que executam) novos valores. Deve estimular sentimentos de profissionalismo e busca da 
perfeição no que se faz, inspirando o devido respeito por quem desempenha uma atividade de alto 
risco e o reconhecimento da necessidade do que está sendo realizado. 
SÃO DEVERES ATRIBUÍDOS AOS SUPERVISORES: 
– conhecer profundamente a sua atividade, buscando constante aperfeiçoamento e atualização 
técnica; 
– conhecer seus supervisionados, preocupar-se com o seu bem estar e tratá-los com dignidade e 
respeito; 
– verificar sempre se as ordens foram bem compreendidas, executadas e fiscalizadas; 
– desenvolver o profissionalismo e o espírito de equipe; 
– decidir com acerto e oportunidade; 
– inspirar a responsabilidade, o respeito e a confiança nos supervisionados; 
– empregar a equipe com critério, não exigindo aquilo que esteja acima da capacidade da equipe; 
– exercer controle sobre os efetivos dos postos de serviço sob sua direta supervisão; 
– verificar as condições gerais de serviço nos postos; 
– manter cadastro completo e atualizado dos postos de serviço sob sua supervisão/fiscalização, 
onde constem informações como: nome e endereço completo do posto, telefones do posto, nome 
e telefone dos responsáveis com quem se deva comunicar em caso de emergência, nome dos 
funcionários da segurança, discriminação da quantidade, tipo e n.º de série do armamento, 
quantidade de munição, discriminação dos demais equipamentos existentes no posto de serviço 
bem como quaisquer outras observações julgadas oportunas; 
– verificar diariamente, a apresentação pessoal, assiduidade e pontualidade do efetivo; 
– inspeçionar os serviços prestados; 
– desenvolver sumária análise dos riscos de segurança dos postos de serviço, dispor os efetivos de 
segurança em suas posições, instruindo-os acerca de como deverão atuar rotineiramente e nas 
situações emergenciais, criando, quando for o caso, normas de procedimento voltadas para a 
atuação nesses casos específicos; 
 
 
134 
– fazer cumprir as ordens de serviço de cada posto; 
– treinar e argüir os vigilantes, se possível diariamente, sobre as ordens de serviço (seu 
conhecimento e cumprimento) e quaisquer procedimentos pertinentes à segurança do posto de 
serviço; 
– manter nos locais de serviço arquivos atualizados contendo as ordens de serviço, manuais 
técnicos, ofícios ou comunicações emitidosou recebidos, livros de registro e ocorrências, bem 
como planilhas de controle diversas; 
– convocar periódicas reuniões com o efetivo sob sua supervisão a fim de avaliar o desempenho 
dos membros da equipe, analisar suas sugestões, fazer críticas, revisar procedimentos e instituir 
novas rotinas de trabalho; 
– preparar notas de instrução, organizar murais ou qualquer outra forma de disseminar informação 
técnica; 
– tratar a todos com urbanidade, não transigindo na disciplina, no cumprimento das ordens de 
serviço e em quaisquer falhas motivadas pela indolência, negligência ou má fé. 
– sempre que houver substituição de vigilantes ou agentes nos postos de serviço, despender o 
tempo necessário para orientar os substitutos. 
– desenvolver uma política de conscientização dos demais empregados da necessidade de 
cooperação com a segurança, mostrando os benefícios que todos podem colher com tal atitude; 
– verificar o estado de conservação e funcionamento do armamento, munições e equipamentos 
existentes, comunicando de imediato as irregularidades; 
– representar a empresa de segurança contratada (quando for o caso) junto aos clientes, buscando 
antecipar-se aos eventuais problemas, apresentando soluções para aqueles de sua alçada, 
independentemente do auxílio de seus coordenadores ou gerentes responsáveis; e 
– ao registrar qualquer ocorrência operacional, utilizar formulário apropriado (ou, em sua falta, 
fazê-lo por meio de relatório), procurando seguir todas as orientações da chefia na sua redação. 
Procurar ser claro, preciso e minucioso no lançamento dos dados julgados importantes. Não 
esquecer que os registros de ocorrência e os relatórios são documentos com valor probatório e 
que alimentam o sistema de planejamento operacional da empresa. 
A atividade deve caracterizar-se pelo respeito à dignidade humana. Deve levar em 
consideração a complexidade, diferenciação das possibilidades e limitação dos indivíduos sob o 
 
 
135 
ponto de vista físico, intelectual e moral. Supervisor é aquele cuja autoridade emana do seu próprio 
exemplo, habilidade, conhecimento técnico da atividade desempenhada, capacidade de execução e 
se alicerça no elevado padrão de disciplina e eficiência que exige de si e de seus supervisionados. 
 Trata-se de profissional que consegue que seus supervisionados executem mesmo as 
tarefas mais difíceis, motivados muitas das vezes apenas pela admiração e confiança. A supervisão 
é a espinha dorsal do serviço de segurança e a empresa prestadora de serviço que neglicenciá-la não 
sobreviverá por muito tempo em um mercado concorrido e cada vez mais voltado para a qualidade 
profissional e a satisfação do cliente. 
Supervisionar, por fim, significa inspecionar, orientar, conferir, checar, dirigir e 
coordenar em plano superior. Mas isso não significa isolar-se do conjunto. Significa incluir-se no 
time, no grupo e fazê-lo funcionar como uma equipe. Significa ter a visão da sua organização, da 
sua missão e de seus valores, bem como incumbir-se de alcançar suas metas. Supervisionar significa 
incluir-se no processo com disciplina, espírito de equipe e firmeza de propósitos, em um esforço 
concentrado, organizado e coordenado, comprometido com a consciência do “zero erro”, buscando 
a qualidade do processo em execução. 
 
9.14 – A QUESTÃO DAS DROGAS 
 
As qualificações exigidas dos integrantes de uma guarda de segurança são 
freqüentemente postas a prova pelo estresse gerado pela atividade, por vezes ainda agravado por 
problemas de alcoolismo e pelo uso de substâncias químicas proibidas ou de uso controlado. Este é 
um risco presente em todos os organismos de segurança, independentemente do seu porte, estrutura, 
grau de treinamento ou controle. Entretanto, não é um problema típico da atividade, podendo ser 
encontrado em quase todas as corporações e em qualquer nível funcional de uma organização. O 
tamanho do problema é medido pela Organização Mundial de Saúde: em todo o mundo 1,5 bilhões 
de pessoas são alcoólatras e 55 milhões são dependentes de drogas, principalmente maconha, 
cocaína e crack, mas também anfetaminas (droga estimulante), ecstasy, barbitúricos (droga 
depressora) e benzodrazepínicos (droga hipnótica e ansiolítica). Segundo dados divulgados no ano 
de 2004 pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o prejuízo financeiro com furtos, 
acidentes e doenças causadas pelo uso de drogas (lícitas e ilícitas), corresponde a algo em torno de 
4,5% do PIB. Foi também apurado que usuários de drogas produzem 30% menos e procuram dez 
vezes mais o serviço médico, além chegarem atrasados e saírem antes da hora, três vezes mais. Uma 
 
 
136 
pesquisa realizada pela SSP/SP em 2000, mostrou que 56% dos policiais com histórico de faltas 
disciplinares graves, usavam drogas
129
. 
No Brasil, a experiência nesse campo segue o caminho já trilhado por trabalhos mais 
antigos realizados em outros países. As empresas de transporte nos EUA, durante a década de 1980, 
começaram a testar pilotos e caminhoneiros. Depois a testagem passou a ser feita nos mais 
diferentes ramos de atividades, sendo hoje testados mais de 100 milhões de trabalhadores por ano. 
Comparados a esses números, os programas de testagem e de políticas empresariais anti-drogas no 
Brasil ainda são tímidos. 
O banco de dados mais completo do país sobre a matéria, com quase uma década de 
atividade, é o do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da USP
130
, que desde 
1992 vem realizando este tipo de análise para mais de 300 empresas em 22 estados. Os resultados 
têm apontado para testagem positiva em 2% dos testes laboratoriais para drogas proibidas, sendo 
que foram encontrados traços de consumo de maconha em 58%, de cocaína em 24% e de 
anfetaminas em 18% dos testes positivos. Essa taxa de 2% de usuários de drogas proibidas 
corresponde ao perfil das empresas rastreadas pelos pesquisadores, que engloba setores 
diversificados como o transporte aéreo, marítimo, rodoviário, os derivados de petróleo, máquinas 
pesadas, química, aeronaútica, telecomunicações, etc. Este perfil é semelhante ao apurado por 
laboratórios privados que executam o mesmo tipo de serviço, resultando em 3% a incidência de 
alcoólatras. 
Seja em uma cabine de vôo, na boléia de um caminhão, em uma linha de montagem, em 
escritórios ou em um posto de serviço de guarda/vigilância
131
, a ação das drogas pode ser 
devastadora para a imagem de uma empresa e ter conseqüências absolutamente indesejáveis em 
seus balanços. 
As empresas que deixaram de ver a dependência ao álcool e a outras drogas 
exclusivamente sob o prisma da legislação trabalhista e penal, passando a encará-la como doença 
social, já puderam observar os bons resultados. Adotando políticas empresariais anti drogas, que 
incluem programas de testagens
132
, tratamento e reabilitação para seus funcionários, já descobriram 
que para cada unidade monetária investida na execução dessa política há um retorno previsível de 
até sete unidades monetárias. Os resultados aparecem sob a forma de aumento da produtividade, 
 
129
 - Revista Veja, edição 2182, ano 43, de 15 de setembro de 2010, p. 130/131. 
130
 -Universidade de São Paulo. 
131
 -Onde o homem, em regra, trabalha portando algum tipo de armamento. 
132
 - Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao uso de Drogas (NEPAD), da Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro (UERJ), www.testedrogas.com.br e www.na.org.br 
 
 
137 
redução do absenteísmo, queda na procura por assistência médica e incomensuráveis benefícios na 
preservação da imagem da empresa. 
Políticas empresariais anti-drogas devem incluir: palestrasperiódicas para todo o 
pessoal, em todos os níveis hierárquicos da empresa, incluindo e incentivando a presença de 
familiares; testagem
133
 de no mínimo 20% dos funcionários (independentemente de hierarquia) no 
seu primeiro ano de implantação; obrigatoriedade de exames para admissão de novos 
empregados
134
; vida funcional marcada por acompanhamento e escolha aleatória ou não para 
exames periódicos, autorizados pelo empregado em contrato de trabalho; programas de tratamento e 
reabilitação sem perdas salariais; e cláusula de perda de emprego no caso de reincidência. A 
testagem pode ser feita através de exames de sangue, de urina ou a partir do exame de fios de 
cabelo. Nos exames tradicionais de sangue e urina, traços de drogas podem ser detectados até dois a 
três dias após o consumo. No exame de sangue, após o consumo o principio ativo da droga passa a 
circular na corrente sanguínea onde pode ser detectado em até 02 dias após o consumo. No exame 
de urina, enquanto o princípio ativo da droga circula na corrente sanguínea é processado pelo fígado 
e transformado em metabólitos, que são eliminados pela urina, onde podem ser detectados em até 
03 dias após o consumo. No exame dos fios de cabelo, é possível detectar o uso de drogas como 
maconha e cocaína até seis meses antes da coleta das amostras, pois seus princípios ativos acabam 
por absorvidos, em parte, pelos bulbos capilares e seus vestígios acabam registrados na queratina 
(proteína que constitui os fios), à medida que os cabelos crescem. 
Os exames não devem servir unicamente para punir. Devem servir principalmente para 
a prevenção, como recomenda o Médico Toxicologista Ovandir Alves Silva
135
, pois ante a criação 
de um programa de reabilitação e aplicação de testagem, muitos dos usuários (ocasionais, 
recreativos ou dependentes) abandonam a prática para não por em risco seus empregos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
133
 - Ver Lei n.º 3.711, de 16 de novembro de 2001, do Estado do RJ, que estabelece testagem na PM, PC e CB. 
Declarada inconstitucional. 
134
 -Ver CLT, art. 168, com respeito a medidas preventivas de Medicina do Trabalho. 
135
 - Diretor científico do laboratório MAXILAB, Professor de pós-graduação da USP e Coordenador do Instituto 
Brasileiro de Estudos Toxicológicos e Farmacológicos (IBET). 
 
 
138 
 
CAPÍTULO X – IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE EMPREGADOS E VISITANTES. 
 
 Toda e qualquer pretensão de controle sobre indivíduos ou grupos envolve em regra 
algum tipo de identificação prévia. Não havendo pretensão ou necessidade de controle, é 
desnecessária qualquer medida de identificação. 
 
10.1 – IDENTIFICAÇÃO 
 
O emprego de algum tipo de identificação, seja de cada indivíduo que se apresente para 
acesso a uma instalação considerada, um local ou área determinada (identificação celular ou 
individual), seja do conjunto de indivíduos que se encaminhe para acesso, trânsito ou permanência 
em local sujeito a restrições (identificação de conjunto), pressupõe-se sempre a intenção de controle 
sobre cada indivíduo ou sobre seu conjunto. Um sistema de identificação e controle apto a operar 
em uma instalação considerada, qualquer que seja sua natureza ou estrutura, será sempre de alta 
sensibilidade. Implicará em restrições, limitações e regramentos de liberdade de acesso, o que em 
tese será sempre um polo gerador de atritos entre controlados e controladores. Um sistema de 
identificação de empregados e demais pessoas pode ser essencial em muitas instalações e deve 
proporcionar um grau de proteção que não seria obtido de outro modo, devendo acarretar um 
impacto mínimo nas operações. As funções de tais sistemas implicam em proporcionar uma 
identificação fácil e rápida de pessoas autorizadas a entrar na instalação ou em suas áreas internas 
restritas, bem como permitir controle do movimento de pessoas e coisas dentro da instalação. 
Os níveis de controle e os sistemas empregados por essa Medida de Segurança Física 
(MSF), precisam ser condizentes com as necessidades da instalação e não devem restringir 
indevidamente deslocamentos e operações. O conceito de controle, isto é, da capacidade de domínio 
sobre atividades, pessoas, processos ou sobre coisas, fiscalizando-as segundo uma norma 
preestabelecida, tende a variar segundo dois princípios básicos: controle total de área e controle 
relativo. O primeiro refere-se a uma situação ideal e dificilmente alcançável em face aos custos que 
envolve e ao embaraço que geralmente acarreta aos deslocamentos e operações de rotina. Somente 
justificável sua aplicação em casos de altíssima criticidade ou quando se pretenda operar com o 
conceito de vulnerabilidade zero, conceitualmente discutível. O segundo envolve o domínio sobre 
cada área física e sobre cada processo em graus, níveis ou escalas de profundidade, de fora para 
dentro a partir do perímetro externo, num desdobramento do conceito de defesa em profundidade. 
 
 
139 
Algumas organizações pequenas poderão depender do reconhecimento pessoal dos 
empregados pelos supervisores que estejam familiarizados com cada um deles. Esse sistema é 
raramente eficaz em instalações que tenham mais de trinta empregados por turno. 
Mesmo instalações bem pequenas, podem tirar proveito do uso de um sistema mais 
formal de identificação. Em situações de emergência pode tornar-se necessário o aumento da 
proteção, sendo assim aumentado o contingente de guarda. Esse pessoal, por não estar familiarizado 
com todos os empregados, poderá não reconhecer cada um deles à primeira vista. Um sistema 
estabelecido visando permitir a pronta identificação pode facilitar deslocamentos e controles nessas 
ocasiões, bem como durante situações de normalidade. 
As organizações de maior envergadura ou as que tenham um número de empregados 
maior do que aquele que poderia ser pessoalmente identificado pelos guardas ou supervisores 
necessitam de um método preciso de fiscalização da identidade e da autorização adequada para 
permanência em suas dependências. Com o aumento do número de fiscalizações de identidade por 
dia também aumenta a necessidade de facilidade e rapidez na realização de cada fiscalização, tendo-
se em vista evitar demoras prejudiciais aos usuários. Os sistemas geralmente usados dispõem sobre 
a identificação pessoal mediante a exibição de um distintivo ou passe expedido pela direção e 
contendo a assinatura de um representante seu. 
O distintivo oferece visível evidência da identidade do portador e de sua autorização 
para entrar na área ou nela permanecer. Os termos distintivo e passe têm conotação distinta 
conforme atualmente empregados, mas podem ser usados de forma mais ou menos alternada no 
presente trabalho visando reduzir a necessidade de constantes repetições. 
Geralmente, o passe é um cartão de identificação pessoal que a pessoa precisa trazer 
consigo e exibir quando solicitado ou trocado por um distintivo à entrada da área controlada. O 
distintivo é diferenciado pela exigência de estar sempre à vista, devendo ser afixado em alguma 
parte externa daquele para quem foi expedido durante toda sua permanência na área controlada. O 
distintivo é preferido porque permite constante, fácil e imediata identificação do portador e de sua 
autorização para estar presente em determinada área. O sistema pode incluir o uso de passes, 
distintivos ou uma combinação de ambos. 
Sistema de passe único é aquele em que um único distintivo autoriza a entrada na 
instalação e, pelo uso de codificações, pode permitir a entrada em locais restritos dentro das 
dependências. A situação específica da codificação no distintivo é geralmente mudada 
periodicamente,visando proteção adicional contra falsificação. Alguns distintivos de passe único 
permitem ao empregado reter consigo o distintivo quando não está em serviço. Outros determinam 
 
 
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que o distintivo seja mantido em repositórios dentro da instalação durante a folga dos empregados, 
assim reduzindo os perigos de perda, furto, alteração ou cópia. 
Nos sistemas de intercâmbio de passes utiliza-se dois passes ou um passe e um 
distintivo contendo retratos e dados idênticos, mas diferenciando-se pelas cores ao fundo ou outras 
características. Um é conservado pelo usuário ou empregado nas horas de folga ou quando estiver 
fora das instalações. Para entrar na instalação seu passe precisa ser apresentado ao guarda do portão 
de entrada que compara os dois passes. Após verificar a identidade do portador expede o distintivo 
que autoriza a entrada no estabelecimento e retém o outro para a troca quando o usuário sair da 
instalação. Em geral, o passe de admissão precisa estar sempre à mostra enquanto o usuário estiver 
dentro do estabelecimento. O passe poderá estar codificado para permitir a entrada em áreas 
restritas internas, de modo semelhante ao descrito para os sistemas de passe único. 
Os sistemas de passes múltiplos constituem um refinamento do sistema de intercâmbio 
de passes e adota os mesmos processos, exceto nos casos em que o distintivo regular do 
estabelecimento precisa ser trocado por um distintivo diferente à entrada de cada local mais restrito 
dentro das instalações. Os distintivos de intercâmbio são fornecidos em cada área restrita interna e 
somente aos indivíduos que tenham sido previamente aprovados para isso. Outros podem ter acesso 
a esses locais, mesmo que aprovados previamente com base na necessidade de saber, mas 
classificados e recebidos como visitantes e acompanhados de escolta. O sistema de passes múltiplos 
é o mais seguro dentre os sistemas de passes, mas é também o mais dispendioso quanto à instalação, 
manutenção e funcionamento. 
A combinação de sistemas é tanto possível quanto plausível, sendo a necessidade 
indicada por estudo específico. Uma pequena área altamente restrita dentro de um estabelecimento 
poderá, por exemplo, sob certas condições, ser melhor atendida se colocada toda a responsabilidade 
de segurança sobre os supervisores e empregados que lá trabalham. Isso pode ser eficaz se o grupo 
que trabalha dentro da área for pequeno, tendo cada pessoa sido cuidadosamente escolhida, bem 
orientada e adequadamente incentivada quanto às exigências de segurança e se todos os demais 
acessos ao local estiverem severamente limitados. Em outras circunstâncias um sistema de passe 
único poderá ser adotado para o controle de entrada no estabelecimento, sendo os sistemas de 
intercâmbio de passes estabelecidos para a entrada em todas as áreas internas restritas. Qualquer 
combinação que atenda melhor às exigências de proteção do estabelecimento é aceitável. 
Distintivos ou passes constituem o processo mais prático para a identificação do 
pessoal. Cores contrastantes de fundo, códigos em cores ou códigos de posição podem ser 
incorporados ao sistema de distintivos para designar entrada permitida em locais internos restritos. 
O distintivo ou passe permite pronta identificação do indivíduo e de sua autorização para estar em 
 
 
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determinado local. Os códigos em cores devem ser sempre exibidos à frente do dispositivo quando 
usados. Um grupo de códigos em cores pode ser usado para indicar o nível de classificação de 
segurança concedida ao portador. Um segundo código pode mostrar uma ou mais autorizações para 
entrada em áreas restritas internas. Sendo ambos usados, as formas de cada um devem ser 
diferentes. 
Posições precisas para cada cor atribuída acrescentam proteção adicional contra 
alteração ou falsificação. Códigos de barras (controle eletrônico) podem substituir eficazmente os 
códigos em cores, porém a custos mais elevados. Dados pessoais sobre o funcionário são 
registrados no verso do distintivo. Devem ser estabelecidos locais específicos para inserção da data 
do nascimento, altura, peso e cor dos olhos e cabelos. Devem ser previstas linhas para a assinatura 
do empregado, data de expedição e a assinatura do representante autorizado da administração. 
Os retratos devem ter pelo menos 2,5 centímetros em sua menor dimensão. Um 
tamanho maior é recomendado para permitir gravação do nome e o número oficial do distintivo 
diretamente sobre o retrato antes da laminação. Sendo usados sistemas de passes múltiplos ou em 
duplicata ou sendo expedidos tanto passes quanto distintivos, todos os retratos para expedição 
relativos à mesma pessoa devem ser feitos do mesmo negativo. Novos retratos devem ser feitos 
sempre que necessário em virtude de importantes alterações faciais. Todos os retratos devem ser 
renovados pelo menos a cada cinco anos. O número do distintivo deve ser claramente exibido na 
parte superior do lado da frente. É geralmente impresso em números bem visíveis ou em 
combinação de números e letras, com pelo menos um centímetro de altura. 
Uma seqüência completa de números deve ser mantida para todos os distintivos 
expedidos, embora outros blocos de números possam ser usados para indicar o nível de 
classificação de segurança, o tipo ou localização do serviço. A laminação é o último passo na 
preparação de um passe distintivo. O fechamento permanente em plástico reforçado com todas as 
extremidades seladas destina-se a evitar o manuseio impróprio ou a alteração do passe ou distintivo. 
Somente a laminação de tipo permanente que não permite o acesso ao interior do distintivo é 
aceitável como sendo à prova de violação. 
Medidas contra violação são necessárias para prevenir ou tornar bem mais difíceis 
tentativas de falsificar ou alterar distintivos ou passes. É preciso reconhecer que quase todos os 
documentos podem ser alterados, reproduzidos ou falsificados. Conseqüentemente, medidas 
positivas precisam ser tomadas para proteger a integridade das credenciais e tornar a sua alteração e 
a produção de cópias falsificadas tão difícil e onerosa quanto possível. Numerosos métodos e 
materiais são encontrados para auxiliar a preparação de distintivos e passes que sejam resistentes à 
violação. Uma característica secreta, conhecida somente pela direção, deve fazer parte de todo 
 
 
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distintivo ou passe expedido. Sua presença no documento pode ser usada para distinguir rápida e 
facilmente entre um genuíno e um espúrio. Os materiais inseridos devem ser de tipo que 
desestimulem tentativas de reproduzi-los em virtude de métodos incomuns de fotocópia ou que 
sejam resistentes à alteração. 
Os papéis apropriados são aqueles que contenham desenho intrincado, característico e 
levemente impresso ao fundo. Inserção de papel contendo marca d'água especialmente desenhada 
para a tarefa torna a duplicação tanto difícil quanto dispendiosa. Tintas ou corantes usados para a 
impressão do cartão podem ser de tipos que mostrem visíveis alterações quando expostas a rasuras, 
a solventes para dissolver o revestimento ou a calor necessário para relaminar o revestimento. 
Outros tipos mostram sangramento ou mudam de cor quando são feitas tentativas de remoção do 
revestimento mediante o uso de solventes. O revestimento de distintivos deve ser de plástico 
reforçado com fórmula resistente à fuligens ou outras condições especiais existentes na instalação. 
Todos os materiais usados para credenciais, tais como papéis especiais, tintas, plásticos 
e equipamentos de laminação devem ser bem protegidos em todos os estágios da produção, 
recebimento, guarda, uso e expedição. A responsabilidade pelas credenciais é vital à preservação da 
integridade do sistema de identificação. Um registro

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