Buscar

MANEJO DE FRATURAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

ORTOPEDIA EM PEQUENOS ANIMAIS 
 
 
 
 
 
 
 
MANEJO DE FRATURAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEONARDO AUGUSTO LOPES MUZZI 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Lavras - UFLA 
Departamento de Medicina Veterinária 
Lavras – MG 
2013 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................5 
2 DIAGNÓSTICO DAS FRATURAS ..............................................................6 
2.1 Identificação do animal .......................................................................6 
2.2 Histórico da lesão ................................................................................7 
2.3 Exame físico .........................................................................................7 
2.3.1 Análise da marcha e apoio do membro .......................................8 
2.3.2 Inspeção .......................................................................................8 
2.3.3 Palpação .......................................................................................9 
2.4 Exame radiográfico .......................................................................... 10 
3 CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS ....................................................... 11 
3.1 Quanto à gravidade das fraturas .................................................... 11 
3.2 Quanto à localização anatômica ..................................................... 11 
3.3 Quanto à exposição óssea e lesões externas ............................... 13 
3.4 Quanto ao grau da lesão óssea ...................................................... 14 
3.5 Quanto à direção da linha de fratura .............................................. 14 
3.6 Quanto ao desvio dos fragmentos ósseos.................................... 15 
3.7 Quanto à estabilidade da fratura .................................................... 16 
3.8 Outros tipos de fratura..................................................................... 16 
4 FORÇAS QUE ATUAM SOBRE A FRATURA ........................................ 17 
5 SELEÇÃO DO MÉTODO DE FIXAÇAO DA FRATURA ......................... 21 
5.1 Fatores mecânicos ........................................................................... 21 
5.2 Fatores biológicos ............................................................................ 22 
5.3 Fatores clínicos ................................................................................ 23 
5.4 Interpretação da escala para seleção do método de fixação ....... 24 
6 REDUÇÃO DA FRATURA ....................................................................... 31 
6.1 Redução fechada .............................................................................. 31 
6.1.1 Indicações, vantagens e desvantagens................... ................. 32 
6.1.2 Métodos de redução fechada .................................................... 32 
6.2 Redução aberta ................................................................................. 33 
6.2.1 Indicações, vantagens e desvantagens .................................... 33 
6.2.2 Métodos de redução aberta ...................................................... 34 
6.3 Osteossíntese biológica.............. .................................................... 40 
 
7 IMOBILIZAÇÃO EXTERNA ...................................................................... 41 
7.1 Bandagem de Robert Jones ............................................................ 43 
7.2 Tala curta com suporte rígido ......................................................... 43 
7.3 Tala longa em espiga ....................................................................... 45 
7.4 Muleta de Schroeder-Thomas ......................................................... 47 
7.5 Moldes rígidos .................................................................................. 49 
7.6 Cuidados após aplicação da imobilização externa ...................... 50 
7.7 Possíveis complicações da imobilização externa ........................ 50 
8 FIXAÇÃO ESQUELÉTICA EXTERNA ..................................................... 52 
8.1 Componentes do fixador externo linear ........................................ 52 
8.1.1 Pinos de fixação ........................................................................ 53 
8.1.2 Presilhas ou clampes ................................................................ 54 
8.1.3 Barras de conexão .................................................................... 54 
8.2 Configurações dos fixadores externos lineares ........................... 55 
8.2.1 Fixador unilateral uniplanar (tipo IA) ......................................... 55 
8.2.2 Fixador unilateral biplanar (tipo IB) ........................................... 55 
8.2.3 Fixador bilateral uniplanar (tipo II) ............................................. 55 
8.2.4 Fixador bilateral biplanar (tipo III) .............................................. 55 
8.3 Fixadores externos circulares (forma de anel) ............................. 60 
8.4 Fixadores externos híbridos ........................................................... 60 
8.5 Fundamentos da aplicação dos fixadores externos lineares ...... 62 
8.6 Cuidados após a utilização dos fixadores externos .................... 70 
8.7 Possíveis complicações pós-operatórias ...................................... 70 
9 COMBINAÇÃO FIXAÇÃO EXTERNA E PINO 
INTRAMEDULAR (TIE IN) ......................................................................... 72 
10 PINOS INTRAMEDULARES .................................................................. 74 
11 PINOS DE RUSH .................................................................................... 80 
12 PINOS (FIOS) DE KIRSCHNER E PINOS CRUZADOS ....................... 82 
12.1 Pinos cruzados ............................................................................... 82 
13 HASTE INTRAMEDULAR BLOQUEADA (INTERLOCKING 
NAIL) .......................................................................................................... 84 
14 FIOS ORTOPÉDICOS DE AÇO ............................................................. 87 
14.1 Fio de cerclagem ............................................................................ 87 
14.2 Fio de hemicerclagem e fio interfragmentar ............................... 91 
14.3 Fio metálico em banda de tensão ................................................. 93 
 
 
15 PARAFUSOS ÓSSEOS ......................................................................... 95 
15.1 Parafusos para osso cortical ........................................................ 95 
15.2 Parafusos para osso esponjoso ................................................... 96 
15.3 Parafusos de posição .................................................................... 98 
15.4 Parafusos de compressão (efeito lag) ......................................... 99 
15.5 Parafusos de placas e hastes ..................................................... 102 
15.6 Recomendações e complicações pós-operatórias .................. 102 
16 PLACAS ÓSSEAS................................................................................ 103 
16.1 Princípios de aplicação das placas convencionais.................. 103 
16.2 Aplicação dos parafusos da placa convencional ..................... 106 
16.3 Tipos funcionais de placas ósseas ............................................ 107 
16.3.1 Placa de compressão ............................................................ 107 
16.3.2 Placa de neutralização .......................................................... 11016.3.3 Placa em ponte ...................................................................... 110 
16.3.4 Placa de suporte .................................................................... 111 
16.4 Placas bloqueadas ....................................................................... 112 
16.5 Placas ósseas especiais .............................................................. 113 
16.6 Recomendações e complicações pós-operatórias .................. 114 
17 COMBINAÇÃO PLACA ÓSSEA E PINO INTRAMEDULAR 
(PLATE-ROD) .......................................................................................... 115 
18 COMBINAÇÃO PLACA ÓSSEA E HASTE 
INTRAMEDULAR (PLATE-NAIL) ............................................................ 117 
19 EXERCÍCIOS ........................................................................................ 119 
20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 121 
 
 
 
 
1 
INTRODUÇÃO 
Define-se fratura como a interrupção completa ou parcial da continuidade de 
um osso ou cartilagem, acompanhada por diferentes graus de lesões nos tecidos 
moles adjacentes. Em geral, as fraturas ocorrem por ação de um agente traumático, 
que suplanta a capacidade de resistência do osso e ocasiona sua fragmentação. Em 
pequenos animais, as fraturas ocorrem, principalmente, por traumas diretos em 
acidentes com veículos automotores, mas também ocorrem após quedas de alturas 
elevadas, ferimentos por projéteis de arma de fogo, brigas e mordeduras de outros 
animais e atos de crueldade. Em determinadas situações, a fratura pode ser 
provocada por força indireta transmitida pelos ossos ou músculos, determinando o 
seu aparecimento em uma área vulnerável, como, por exemplo, as fraturas por 
avulsão da tuberosidade da tíbia. 
O principal objetivo do tratamento das fraturas é o rápido retorno do paciente 
às suas funções normais. A chave para alcançar este objetivo é a realização de um 
planejamento detalhado do procedimento cirúrgico e dos cuidados pós-operatórios. 
Nas últimas décadas ocorreram importantes avanços no manejo cirúrgico das 
fraturas em pequenos animais, reduzindo de forma expressiva as perdas funcionais 
dos membros afetados. Entretanto, as fraturas continuam sendo um constante 
desafio ao ortopedista veterinário, que deve sempre considerar as forças e os 
fatores envolvidos no processo de reparação óssea em cada caso específico. O 
cirurgião deve estar ciente de que cada fratura é única. 
 
 
2 
DIAGNÓSTICO DAS FRATURAS 
O histórico da lesão e os sinais clínicos, geralmente, indicam a presença de 
fratura. Entretanto, avaliações radiográficas são essenciais para o preciso 
diagnóstico e planejamento terapêutico. Nos casos de acidentes graves em que a 
vida do animal encontra-se em risco, o tratamento da lesão óssea do esqueleto 
apendicular e o reparo dos tecidos não são considerados prioridades. 
2.1 IDENTIFICAÇÃO DO ANIMAL 
O exame do animal com lesão ortopédica deve ser conduzido, inicialmente, 
obtendo-se os dados referentes ao animal e a realização de anamnese detalhada. 
Espécie: devem ser observadas as características da espécie em que se está 
avaliando. É comum a fratura dos ossos do rádio e da ulna em cães que saltam de 
sofás ou pulam de mesas, enquanto as fraturas por quedas de alturas relativamente 
baixas são raras em gatos. 
Raça: as raças com temperamento linfático estão menos expostas aos riscos 
de traumas e fraturas. As raças mais ativas ou com comportamento mais agressivo 
são mais propensas aos atropelamentos, brigas com outros animais, projéteis de 
arma de fogo ou agressões humanas. 
Idade: a idade é um fator muito importante em relação à capacidade de 
consolidação óssea. As fraturas em pacientes jovens apresentam um índice de 
reparação óssea acelerada em comparação aos pacientes idosos e este fato 
influencia na escolha do método para estabilização da fratura. Entretanto, o osso 
macio de um animal jovem pode não permitir a adequada fixação dos implantes. 
Além disso, cães jovens são mais difíceis de serem contidos para realização de 
repouso no período pós-operatório. Também se deve estar atento às fraturas da 
placa fisária dos animais em crescimento. 
Sexo e comportamento: fêmeas errantes no cio atraem a atenção dos machos 
e geram aglomeração e disputas pelo acasalamento, propiciando brigas e traumas. 
Também se devem observar as fraturas pélvicas em fêmeas na idade reprodutiva, 
que podem ocasionar estreitamento da via fetal óssea e gerar futura distocia. 
Diagnóstico das Fraturas 7 
Atividade e ambiente: cães de corrida, de caça, de pastoreio, treinados para 
provas de esforço ou que exercem atividade física intensa são mais suscetíveis às 
lesões do sistema osteomuscular. As fraturas ocasionadas por atropelamento 
geralmente ocorrem em animais que têm livre acesso à rua ou que passeiam sem 
contenção por guia e coleira. 
2.2 HISTÓRICO DA LESÃO 
Na realização da anamnese deve-se explorar ao máximo os dados disponíveis 
sobre a ocorrência do traumatismo, o comportamento do animal após o acidente e 
os procedimentos já realizados. Alguns questionamentos direcionados ao caso 
devem ser feitos ao proprietário: 
Surgimento do problema: súbito (ocorrência há poucas horas) ou crônico 
(presente há dias ou meses). 
O proprietário ou alguém próximo observou o trauma? Investigar se se trata de 
atropelamento, queda de altura elevada, briga com outros animais, agressões ou 
projéteis. É comum o proprietário não saber informar a procedência da lesão, 
principalmente nos animais que têm livre acesso à rua e retornam ao lar lesionados 
e claudicando. 
Membros e estruturas aparentemente envolvidas: na maioria das vezes, o 
proprietário observa apenas a perda da função do membro. Entretanto, nas fraturas 
expostas, é geralmente evidente a observação de uma extremidade óssea 
perfurando a pele. Nos casos de atropelamento, deve-se investigar se a roda do 
veículo passou sobre o animal, o que pode ocasionar lesão compressiva das 
cavidades torácica ou abdominal e ruptura de órgãos internos. 
Imobilização e socorro inicial: investigar se foi realizado algum tipo de 
imobilização do membro, como foi realizado e por quem. Buscar dados a respeito do 
procedimento inicial com o animal, principalmente sobre os medicamentos 
administrados. 
Estado do animal imediatamente após o trauma: indagar se logo após o trauma 
o paciente permaneceu consciente, se houve sinais de paresia ou paralisia, se 
ocorreu perda sanguínea expressiva ou, ainda, se foi observada dificuldade 
respiratória. 
Tempo decorrido do trauma ao atendimento: trata-se de um dado importante 
para o planejamento cirúrgico, principalmente nas fraturas expostas, nas fraturas 
intra-articulares e nas fraturas vertebrais. 
2.3 EXAME FÍSICO 
Realizar, inicialmente, uma avaliação do estado geral do animal. A primeira 
consideração é a preservação da vida do paciente, examinando a função dos órgãos 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
8 
vitais. Deve-se avaliar o tempo de preenchimento capilar, a coloração das mucosas, 
as frequências cardíaca e respiratória, a temperatura corpórea, a pressão arterial e 
as características do pulso. É aconselhada a realização de eletrocardiograma para 
se verificar a possibilidade de miocardite traumática. Nos casos suspeitos, investigar 
a presença de pneumotórax ou hemotórax. Também devem ser avaliados os sinais 
de lesões em órgãos parenquimatosos (baço, fígado, rim), secção de vasos 
importantes, ruptura de bexiga e hérnia diafragmática. Após o exame clínico geral e 
a estabilização do paciente em casos específicos, será dada atenção minuciosa àlesão óssea e aos tecidos moles adjacentes. 
2.3.1 Análise da marcha e apoio do membro 
As fraturas ósseas completas, geralmente, levam à claudicação acentuada sem 
apoio de peso no membro acometido ao caminhar, gerando incapacidade funcional. 
Em estação, ocorre apoio parcial do membro (apoio apenas sobre os coxins digitais) 
ou ausência total de apoio. Quando o animal não consegue permanecer em estação 
ou apresenta deficiência de apoio em mais de um membro, é necessário determinar 
se a lesão tem origem ostemuscular e/ou neurológica. 
2.3.2 Inspeção 
À inspeção, alguns sinais clínicos sugestivos de fratura podem ser observados: 
Tumefação local: o aumento de volume local ocorre por distúrbios vasculares e 
desencadeamento do processo inflamatório. Se a tumefação ocorrer logo após o 
trauma, é devido ao hematoma originado pela fratura e à hemorragia dos tecidos 
moles no local da lesão. Se ocorrer numa fase posterior é devido ao edema 
provocado pelo processo inflamatório, que tende a ser mais acentuado 24 a 48 
horas após o trauma e pode persistir por cinco a sete dias. 
Deformidade anatômica: nas fraturas completas dos ossos longos e luxações é 
possível observar alteração no eixo ósseo, com desvios angulares ou rotacionais. 
Nas fraturas incompletas, fraturas completas de ossos curtos ou fraturas intra-
articulares a alteração anatômica do eixo ósseo pode não ocorrer. As lesões dos 
tecidos moles no foco da fratura e a reação inflamatória também contribuem para a 
deformidade do local acometido. 
Lesão dos tecidos moles: nos acidentes mais graves, além da fratura óssea, 
pode haver extensa laceração dos tecidos moles e formação de retalhos teciduais. 
Nos casos em que o animal sofre arrastamento pelo veículo, ocorrem as feridas por 
desluvamento da extremidade do membro, podendo ocasionar perda óssea 
associada à lesão de músculos, nervos, tendões e ligamentos. 
Hipotrofia e contratura muscular: a hipotrofia muscular por desuso do membro 
indica a presença de uma lesão osteomuscular antiga. Esta característica é 
comumente observada nos distúrbios articulares e ligamentares, porém, fraturas 
incorretamente tratadas ou com distúrbios na reparação óssea podem provocar 
Diagnóstico das Fraturas 9 
desuso prolongado do membro e hipotrofia muscular intensa. As contraturas 
musculares podem ocorrer como consequência da estabilização incorreta ou 
prolongada da fratura. A mais comumente observada é a contratura dos músculos 
do quadríceps após fratura distal do fêmur em animais jovens. 
2.3.3 Palpação 
Os achados clínicos encontrados na avaliação da marcha e na inspeção são 
confirmados pela palpação, que deve ser realizada inicialmente com o animal em 
estação e, posteriormente, em decúbito lateral. Se possível, o exame clínico deve 
ser realizado com animal sem sedação, para não eliminar a resposta à dor. Indica-se 
iniciar o exame pelos membros sadios para avaliar a resposta individual à 
manipulação e à pressão, deixando o membro acometido por último. Realiza-se a 
palpação das estruturas ósseas e das articulações, começando pela extremidade 
dos membros. Músculos, tendões e ligamentos também devem ser examinados para 
diagnosticar possíveis rupturas. Uma vez que o local da fratura tenha sido 
identificado, a palpação excessiva e a movimentação da área acometida devem ser 
evitadas para que não ocorram mais lesões nos tecidos moles adjacentes, além de 
ser muito doloroso ao animal. Alguns sinais clínicos sugestivos de fratura devem ser 
avaliados à palpação: 
Sensibilidade dolorosa: as fraturas promovem acentuada manifestação de dor, 
gerada pela ruptura do periósteo e lesão dos tecidos moles. A sensação dolorosa no 
aparelho locomotor já foi demonstrada pela claudicação. Entretanto, a dor manifesta-
se mais intensamente à palpação do local fraturado. Deve-se estar atento, pois a dor 
pode estar presente em outras alterações ósseas, articulares e ligamentares. 
Deformidade óssea: é produzida pelo desvio dos fragmentos ósseos, podendo 
ocorrer desvio angular ou rotacional. Nos casos das fraturas ósseas impactadas ou 
das fraturas cominutivas, pode ser observado encurtamento do membro. É 
aconselhada a comparação com o membro contralateral não afetado. 
Mobilidade anormal: a instabilidade nos fragmentos ósseos é evidenciada 
fazendo-se movimentos de flexão no local da fratura. A mobilidade anormal ao longo 
do eixo de um osso constitui um sinal evidente de fratura. A mobilidade anormal 
pode não ser observada nas fraturas dos ossos curtos, fraturas intra-articulares ou 
quando ocorre em um dos ossos duplos que ajudam a sustentar uma região (fratura 
isolada da ulna ou da fíbula). 
Crepitação óssea: a crepitação ocorre quando as extremidades ósseas 
fraturadas entram em contato na movimentação do foco da fratura. A crepitação 
óssea pode ser percebida ao tato e à audição, sendo uma característica muito 
sugestiva de fratura. Deve-se diferenciar a crepitação da fratura (que ocorre na 
manipulação do eixo ósseo) da crepitação intra-articular (que ocorre nas patologias 
articulares, como displasia coxofemoral, luxações e doenças articulares 
degenerativas). A ausência de crepitação na fratura completa pode ocorrer quando 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
10 
há desvio longitudinal por tração ou impactação, ou pela interposição de tecidos 
moles entre os fragmentos ósseos. 
2.4 EXAME RADIOGRÁFICO 
Após avaliação clínica e identificação do local da fratura, o animal deve ser 
encaminhado para a realização de radiografias. O exame radiográfico é 
indispensável para o correto diagnóstico e classificação da fratura. Somente após a 
avaliação da radiografia é possível estabelecer o plano de tratamento da fratura e o 
provável prognóstico. 
É necessária a obtenção de, no mínimo, duas diferentes projeções 
radiográficas do osso acometido, que também devem incluir as articulações 
imediatamente proximal e distal à fratura. Em situações especiais, torna-se 
necessária uma terceira projeção oblíqua do osso fraturado ou um posicionamento 
específico do membro. Em casos duvidosos ou quando há grande destruição óssea, 
pode ser útil a obtenção de radiografia do membro contralateral normal para efeito 
comparativo. Frequentemente, há necessidade de sedação ou de anestesia geral 
para se conseguir o posicionamento adequado durante a obtenção da radiografia. 
Entretanto, dependendo das condições do paciente após o trauma, não é indicada a 
administração de fármacos sedativos ou anestésicos, devendo esse procedimento 
ser realizado somente após a estabilização do animal. 
Alguns sinais radiográficos específicos das fraturas devem ser identificados, 
como: 
- falha na continuidade óssea; 
- presença de linha radioluscente entre os fragmentos ósseos separados; 
- presença de linha radiopaca entre os fragmentos ósseos sobrepostos. 
Outras modalidades de diagnóstico por imagem podem ser úteis na 
identificação das lesões ósseas. As fraturas dos ossos curtos (como os do carpo e 
do tarso) e dos ossos da coluna vertebral e do crânio podem ser melhor 
diagnosticadas com auxílio da tomografia computadorizada. As lesões 
cartilaginosas, tendíneas, ligamentares e meniscais são adequadamente avaliadas 
por meio da ressonância magnética. 
 
 
3 
CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS 
O objetivo de se classificar as fraturas é formar um protocolo que auxilie na 
definição da natureza da fratura e na seleção dos melhores procedimentos para 
redução e estabilização. Além disso, um sistema de classificação permite definir, de 
forma normatizada, as características de uma determinada fratura, possibilitando 
que outros clínicos possam facilmente compreendê-la. As fraturas podemser 
classificadas baseando-se em diferentes fatores ou características, as quais serão 
descritas a seguir. 
3.1 QUANTO À GRAVIDADE DAS FRATURAS 
As fraturas e outras lesões ortopédicas podem ser classificadas de acordo com 
a necessidade de atendimento e tratamento. No grupo I estão incluídas as lesões 
que necessitam de atendimento emergencial. Nesse grupo, destacam-se as fraturas 
compressivas do crânio, as fraturas e as luxações da coluna vertebral, as fraturas 
expostas e as lesões abertas da articulação. No grupo II estão as luxações, as 
fraturas intra-articulares e as fraturas fisárias. Essas afecções podem ser tratadas 
dentro de um ou dois dias após o trauma. No grupo III estão incluídas as fraturas 
fechadas dos ossos longos e outros tipos de fraturas não complicadas, que podem 
receber o tratamento definitivo entre os primeiros cinco dias após a lesão. 
3.2 QUANTO À LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA 
As fraturas são, inicialmente, referenciadas de acordo com sua localização 
anatômica: diafisária (proximal, média, distal), metafisária, fisária ou fiseal, epifisária, 
condilar e intercondilar, articular (Figura 1). 
 
 
 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Localização anatômica das partes constituintes do osso. 
 
As fraturas fisárias nos animais em crescimento são, ainda, definidas de acordo 
com a classificação de Salter-Harris: na fratura fisária do tipo I, ocorre a separação 
completa na linha fisária. Ocorre principalmente nas regiões proximais do úmero e 
do fêmur, e distal do fêmur. No tipo II ocorre fratura fisária e em parte da metáfise. É 
frequentemente observada nas regiões distais do fêmur e úmero, e proximais do 
úmero e tíbia. As fraturas do tipo II são as mais comuns das lesões das placas de 
crescimento. No tipo III ocorre fratura na fise e através da epífise. Acomete 
principalmente a região distal do úmero. No tipo IV, a fratura ocorre atingindo epífise, 
fise e metáfise. Geralmente ocorre nas regiões distais do fêmur e úmero. No tipo V, 
ocorre compressão sobre a placa fisária. É observada com mais frequência nas 
regiões distais do rádio, ulna e fêmur. Pode ocasionar encurtamento do osso ou 
deformidades angulares (Figura 2). 
 
Classificação das Fraturas 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Classificação de Salter-Harris para fraturas fisárias. Fratura fisária 
do tipo I: deslocamento da epífise a partir da metáfise, com 
separação na placa de crescimento. Fratura fisária do tipo II: 
deslocamento da epífise a partir da metáfise, com separação em 
parte da placa de crescimento e fratura em parte do osso 
metafisário. Fratura fisária do tipo III: separação em parte da placa 
de crescimento e fratura através da epífise, mas sem atingir a 
metáfise. Fratura fisária do tipo IV: fratura através da epífise, placa 
de crescimento e metáfise. Fratura fisária dos tipos V e VI: 
compressão sobre a placa de crescimento, podendo ocasionar 
fechamento total ou parcial. 
3.3 QUANTO À EXPOSIÇÃO ÓSSEA E LESÕES EXTERNAS 
As fraturas podem ser denominadas de fechadas ou abertas (expostas), de 
acordo com a exposição dos fragmentos ósseos ao ambiente externo. A fratura 
fechada é aquela em que não há exposição do osso fraturado e a pele que recobre a 
fratura permanece intacta. Na fratura exposta ou aberta, há exposição óssea e lesão 
dos tecidos moles sobre o local do trauma. As fraturas expostas podem ser 
classificadas em três tipos, de acordo com a gravidade da lesão. 
A fratura exposta do tipo I, geralmente, é causada pela penetração da 
extremidade óssea fraturada, de dentro para fora, através da superfície cutânea. O 
fragmento ósseo se retrai sob a pele, deixando uma lesão discreta nos tecidos 
moles. O clínico deve estar atento para identificar pequenas lesões puntiformes 
ocasionadas pelo osso fraturado, em especial nos cães de pelagem densa. A fratura 
óssea com uma lesão tecidual próxima deve ser considerada e tratada como uma 
fratura exposta. Nas fraturas expostas do tipo II, a lesão dos tecidos moles ocorre de 
fora para dentro e corpos estranhos podem penetrar na ferida, no momento do 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
14 
trauma. Podem ocorrer compressão ou laceração dos tecidos moles, mas não há 
grande perda tecidual. Ferimentos ocasionados por projéteis de arma de fogo de 
baixa velocidade podem ser incluídos nessa categoria. As fraturas expostas do tipo 
III são as mais graves e mais propensas à contaminação e à infecção da ferida. No 
tipo IIIa ocorre laceração extensa dos tecidos moles e formação de retalhos 
teciduais. Apesar da gravidade da lesão, ainda há quantidade suficiente de tecidos 
moles para promover o fechamento da ferida após minucioso debridamento e 
lavagem. As fraturas expostas do tipo IIIb estão associadas à grande perda dos 
tecidos moles, com descolamento periosteal e exposição óssea. As lesões 
classificadas nessa categoria são, geralmente, ocasionadas pelos projéteis de arma 
de fogo de alta velocidade ou pelo arrastamento por veículos, que causam as feridas 
de desluvamento da extremidade do membro. Nas fraturas expostas do tipo IIIc 
estão incluídas as lesões teciduais com danos à irrigação sanguínea do membro, 
podendo ocasionar isquemia e necrose, se não houver intervenção imediata. No tipo 
IIIc também estão incluídas as amputações parciais traumáticas dos membros, 
geralmente ocasionadas por acidentes com automóveis. 
3.4 QUANTO AO GRAU DA LESÃO ÓSSEA 
As fraturas podem ser incompletas ou completas. A fratura incompleta é aquela 
em que se mantém parcialmente a continuidade do osso. São exemplos de fraturas 
incompletas as fissuras, as fraturas subperiosteais, as fraturas em galho verde, as 
depressões e as impressões. A fratura completa é aquela em que há total 
interrupção da continuidade do osso, geralmente com fragmentos ósseos 
deslocados. A fratura completa pode ser simples, dupla, múltipla, cominutiva ou 
farinácea. Nas fraturas cominutivas ocorre a formação de numerosos fragmentos, 
que podem ser redutíveis ou não. Nas fraturas farinácias, há trituração óssea, com 
formação de minúsculos fragmentos ósseos. 
3.5 QUANTO À DIREÇÃO DA LINHA DE FRATURA (FIGURA 3) 
Fratura transversa: a linha de fratura forma um ângulo reto em relação ao eixo 
longitudinal do osso. 
Fratura oblíqua: na fratura oblíqua curta, a linha de fratura forma um ângulo de 
até 30º em relação ao eixo longitudinal do osso ou apresenta comprimento menor 
que o dobro do diâmetro do osso. Nas oblíquas longas, a fratura descreve um 
ângulo superior a 30º em relação ao eixo longitudinal. 
Fratura em espiral ou helicoidal: a linha de fratura delineia uma curva ao redor 
da diáfise óssea. Nas fraturas em espiral e nas oblíquas longas, existe grande 
potencial de exposição óssea e lesão das estruturas nobres adjacentes, pois as 
extremidades que se formam são pontiagudas. 
Classificação das Fraturas 15 
Fratura cominutiva ou fragmentada: ocorre a formação de numerosos 
fragmentos ósseos. A fratura cominutiva redutível é aquela em que os fragmentos 
possuem tamanho maior do que um terço do diâmetro ósseo e podem ser reduzidos 
cirurgicamente. Na fratura cominutiva não redutível, os fragmentos ósseos são 
menores do que um terço do diâmetro do osso, formando uma falha entre os 
segmentos ósseos principais. 
Fratura segmentada ou múltipla: estas fraturas provocam a formação de três ou 
mais segmentos ósseos completos e as linhas de fratura não se comunicam. É um 
tipo de fratura pouco frequente.Figura 3 – Classificação das fraturas, conforme a direção da linha de fratura. 
(A) transversa, (B) oblíqua, (C) em espiral, (D) fragmentada 
(cominutiva), (E) segmentada (múltipla), (F) impactada. 
 
3.6 QUANTO AO DESVIO DOS FRAGMENTOS ÓSSEOS 
Os desvios dos fragmentos são considerados primários quando ocorrem no 
momento do trauma, e secundários quando ocorrem posteriormente, por ação da 
musculatura, movimentação do animal ou manobras realizadas ao exame clínico. Os 
desvios podem ser laterais, angulares, rotatórios e longitudinais (impactação e 
cavalgamento). 
 
 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
16 
3.7 QUANTO À ESTABILIDADE DA FRATURA 
A avaliação da fratura em relação à estabilidade dos fragmentos ósseos é de 
grande importância para a seleção do método apropriado de fixação. 
Nas fraturas estáveis, os fragmentos se apóiam e resistem às forças de 
compressão. O principal objetivo da fixação é a prevenção das deformidades 
angulares e rotacionais. Dependendo do local, pode ser utilizada imobilização 
externa, pino intramedular ou fixador externo. As fraturas transversas, oblíquas 
curtas, por compressão e em galho verde são exemplos de fraturas que podem ser 
estáveis. 
Nas fraturas instáveis, os fragmentos não permanecem coaptados após a 
redução. Os fragmentos, ao serem reduzidos, deslizam, sendo necessária fixação 
para se manter o comprimento do osso e anular as forças de flexão, rotação e 
compressão. São exemplos as fraturas oblíquas longas, em espiral e cominutivas. 
Geralmente, são necessários métodos de fixação mais rígidos, como placa e 
parafusos, haste bloqueada ou fixador esquelético externo. 
3.8 OUTROS TIPOS DE FRATURA 
Fratura por avulsão: ocorre quando um fragmento ósseo é separado pela força 
de tração de um tendão ou músculo. Estas fraturas, geralmente, ocorrem em 
animais jovens, nas regiões das placas fisárias. Podem ser observadas na 
tuberosidade tibial, acrômio, trocânter maior do fêmur, calcâneo e tubérculo maior do 
úmero. 
Fratura por impactação: é quando um fragmento ósseo fraturado penetra 
parcialmente em outro. 
Fratura por compressão: ocorre quando o osso é fraturado por ação de força 
compressiva, como as fraturas por compressão do corpo vertebral. 
Fratura por depressão: refere-se às fraturas de ossos planos, como os do 
crânio, em que o osso afetado sofre afundamento e forma uma deformação 
côncava. 
 
 
4 
FORÇAS QUE ATUAM SOBRE A 
FRATURA 
 
A fratura ocorre quando a magnitude das forças impostas excede a resistência 
final do osso e determina sua ruptura. O osso está submetido a dois tipos de forças, 
a intrínseca e a extrínseca. As forças intrínsecas são impostas aos ossos em 
decorrência do contato das superfícies articulares e das inserções ligamentares e 
tendíneas nos ossos. A força intrínseca pode ocasionar um traumatismo indireto ao 
osso, gerando as fraturas por avulsão. As forças extrínsecas originam-se no 
ambiente e possuem diferentes tipos de forças atuantes e graus de magnitude. O 
agente causa um traumatismo direto sobre o osso, ocorrendo a fratura no local de 
atuação dessas forças. 
O modo pelo qual um osso fratura está diretamente relacionado ao modo de 
aplicação da força ao qual foi submetido. Estas forças podem agir individualmente, 
porém, mais comumente, tais forças agem combinadamente. São identificadas cinco 
forças que podem agir sobre o osso e provocar sua fratura: a força de compressão 
pode gerar fraturas oblíquas, impactadas ou compressivas; a força de tensão resulta 
numa fratura transversal em relação ao eixo longitudinal do osso; a força de 
cisalhamento age paralelamente à superfície óssea e provoca fratura transversa ou 
oblíqua (por exemplo, as fraturas tipo IV de Salter-Harris); a força de flexão submete 
o osso a elevadas pressões compressivas sobre um lado do osso e elevados 
esforços tênseis sobre a superfície oposta, gerando fraturas transversas, oblíquas 
curtas ou fragmentadas; a força de torção ou rotação gera uma fratura em 
configuração espiral, ocorrendo, principalmente, nos ossos longos. 
Após a ocorrência da fratura, as forças continuam atuando sobre o osso 
fraturado, impedindo ou dificultando o processo de reparação óssea. A ação das 
forças sobre a fratura promove a movimentação indesejada dos segmentos ósseos 
fraturados, o que mantém a instabilidade local e dificulta a revascularização entre os 
fragmentos. A anulação incorreta das forças atuantes sobre a fratura predispõe a 
ocorrência de complicações, como a união retardada ou não união óssea. As forças 
que atuam sobre a fratura e afetam a capacidade de reparação óssea devem ser 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
18 
compreendidas ao serem selecionados os métodos de imobilização e fixação das 
fraturas (Figura 4). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 – Forças que atuam sobre a fratura: tensão, compressão, flexão 
(arqueamento/angulação), cisalhamento, torção (rotação). 
 
O sistema de estabilização da fratura, que pode ser uma fixação interna ou 
externa, deve neutralizar as forças que agem naquela fratura em particular para 
evitar a movimentação excessiva no local. Quando as forças atuantes sobre a 
fratura são neutralizadas, os tecidos moles são preservados, a integridade vascular 
é mantida e a infecção é prevenida, foram estabelecidas as condições ideais para a 
 
Forças Que Atuam Sobre A Fratura 19 
reparação adequada da fratura. Após a avaliação do paciente e a análise detalhada 
da fratura, serão definidas as forças que atuam no foco da fratura e selecionado o 
implante que irá neutralizá-las. 
A força de rotação (torção) está presente em todas as fraturas, porém, são 
mais atuantes nas fraturas transversas ou oblíquas curtas. Nas fraturas em que 
ocorre interdigitação dos fragmentos ósseos, há uma redução na atuação das forças 
rotacionais. A rotação no local da fratura pode ocasionar não união óssea ou 
provocar deformidades rotacionais da extremidade do membro. 
A força de flexão (arqueamento) promove compressão no lado côncavo da 
diáfise e tensão no lado convexo, fazendo com que os fragmentos fraturados 
instáveis angulem na direção do lado compressivo. O arqueamento no local da 
fratura pode ocasionar deformidade angular do membro após a consolidação óssea. 
É um erro utilizar coaptação externa como suporte auxiliar nas fraturas de úmero ou 
fêmur, como a muleta de Schoroeder-Thomas, pois pode atuar como uma alavanca 
no local da fratura e potencializar a força de arqueamento. 
As forças de cisalhamento são secundárias às forças de compressão axial e 
atuam, principalmente, nas fraturas oblíquas, afastando os segmentos fraturados no 
sentido paralelo à linha da fratura. A neutralização deficiente da força de 
cisalhamento predispõe à deformidade óssea no eixo axial. O pino intramedular 
simples neutraliza parcialmente a força de cisalhamento, sendo sua eficácia 
proporcional ao diâmetro do pino em relação à cavidade medular. 
A força de compressão atua nas fraturas dos ossos longos por ação da 
pressão gerada pela sustentação do peso e pelos músculos que circundam o osso. 
As forças compressivas são benéficas nas fraturas transversas e oblíquas curtas, 
pois mantêm a aposição dos segmentos ósseos e melhoram a estabilidade da 
fratura. Entretanto, nas fraturas oblíquas longas e nas cominutivas, as forças de 
compressão tendem a criar cavalgamento, impactação ou colapso dos fragmentos 
ósseos. Deve-se utilizar um método de fixação que elimine a força compressiva axial 
e mantenha a estabilidade e o comprimento normal do osso. 
As forças detensão resultam na distração dos fragmentos fraturados, sendo 
geralmente, observadas nas extremidades dos ossos longos, onde se originam e se 
inserem tendões e ligamentos. Em geral, estas forças são neutralizadas 
empregando-se o princípio da sutura em banda de tensão. 
Na tabela 1 estão demonstrados os métodos mais comuns e suas 
características em relação à capacidade de neutralização das forças atuantes sobre 
as fraturas. 
 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
20 
 
Tabela 1 – Métodos de implante para fixação das fraturas e capacidade de 
neutralização das forças. 
Métodos de Implante Tensão Compressão Cisalhamento Flexão Rotação 
Gesso/tala/bandagem - - - + ± 
Pino intramedular simples - - ± + - 
Pino intramedular múltiplo - - ± + ± 
Placa óssea e parafusos + + + + + 
Placa e pino intramedular + + + + + 
Placa e haste intramedular + + + + + 
Haste intramedular bloqueada + + ± + + 
Fio de cerclagem - - +* +* +* 
Parafuso compressivo - - +* +* +* 
Fixador linear externo + + + + + 
Fixador circular externo + + + + + 
+ significa neutralização da força, - significa incapacidade de neutralizar a força, ± significa 
neutralização parcial da força, +* significa que a neutralização é obtida, mas o implante 
não deve ser utilizado como método único de fixação óssea. 
 
 
5 
SELEÇÃO DO MÉTODO DE 
FIXAÇÃO DA FRATURA 
A escolha do método de fixação não deve ser baseada apenas na configuração 
da fratura observada no exame radiográfico pré-operatório, mas outros critérios de 
seleção precisam ser considerados para se alcançar um resultado satisfatório na 
reparação da fratura. A consolidação rápida e progressiva da fratura causa uma 
transferência precoce de carga do implante para o osso em reparação. Porém, a 
consolidação retardada da fratura não possibilita a divisão de cargas entre osso e 
implante, necessitando que o método de fixação apresente resistência e estabilidade 
prolongadas. A escolha do implante para fixação da fratura deve ser baseada em 
fatores mecânicos, biológicos e clínicos. Uma escala de 1 a 10 auxilia na definição 
do método, e os valores baixos representam dificuldade de reparação óssea e 
necessidade de implantes mais rígidos e resistentes, enquanto que os valores 
elevados representam facilidade de reparação óssea e possibilidade de utilização de 
implantes menos rígidos. Na veterinária, fatores como custo e disponibilidade dos 
implantes podem também influenciar na escolha final do método de fixação óssea. 
5.1 FATORES MECÂNICOS 
Os fatores mecânicos que influenciam o processo de reparação da fratura 
incluem o tipo de fratura, o número de membros envolvidos, o porte e a atividade do 
paciente, e a capacidade de distribuição de cargas entre a coluna óssea e o 
implante. O ideal de distribuição de cargas ocorre na fixação das fraturas 
transversas ou oblíquas curtas, pois o eixo axial do osso permanece estável e 
suporta a transmissão de cargas. Nas fraturas cominutivas com falha entre os 
segmentos ósseos principais, a carga inicial é suportada totalmente pelo implante, o 
que aumenta as possibilidades de afrouxamento e fadiga. Os fatores mecânicos que 
devem ser considerados na escolha do método de fixação estão descritos na Tabela 
2. 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
22 
 
Tabela 2 – Fatores mecânicos que devem ser considerados na escolha do 
método de fixação das fraturas. 
 Elevado risco Baixo risco  
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
Fratura cominutiva Fratura oblíqua/espiral Fratura transversa 
Máximo de carga no 
implante 
Distribuição de carga Pouca carga no implante 
Múltiplos membros 
acometidos 
Doença articular pré-
existente 
Membro único acometido 
Paciente de grande porte Porte médio Paciente de pequeno porte 
 
5.2 FATORES BIOLÓGICOS 
Muitos fatores biológicos podem influenciar a taxa de reparação óssea. A idade 
e o estado de saúde do paciente devem ser considerados como dados importantes 
no manejo das fraturas. Pacientes jovens tem o periósteo ativo e apresentam grande 
capacidade de reparação da fratura, necessitando que o implante exerça sua função 
por um período reduzido. Pacientes idosos e debilitados apresentam reparação 
óssea lenta e precisam de fixação estável da fratura por longo período. Outros 
fatores biológicos incluem fraturas abertas ou fechadas, tipo do impacto agressor, 
extensão da lesão dos tecidos moles, tipo de redução da fratura e dano vascular 
iatrogênico. As fraturas expostas originadas por traumatismos de grande impacto 
(por exemplo, projéteis de arma de fogo) apresentam lesão aos tecidos moles e 
grave destruição óssea. Nesses casos é necessário que o implante atue por longo 
período, até que os tecidos moles e o osso se recuperem. Se a fratura necessitar de 
abordagem cirúrgica aberta, o ideal é realizar a fixação da fratura com mínima 
manipulação dos tecidos moles, preservando o suprimento vascular local. As 
fraturas que ocorrem nas regiões metafisárias e epifisárias geralmente apresentam 
reparação rápida devido à característica osteogênica do osso esponjoso presente 
nessas regiões. Os fatores biológicos que devem ser considerados na escolha do 
método de fixação estão descritos na Tabela 3. 
 
 
 
Seleção do Método de Fixação da Fratura 23 
 
Tabela 3 – Fatores biológicos que devem ser considerados na escolha do 
método de fixação das fraturas. 
 Elevado Risco Baixo Risco  
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
Animal idoso Animal adulto Animal jovem 
Animal doente Animal saudável 
Lesão acentuada dos tecidos 
moles 
 Lesão discreta dos tecidos moles 
Lesão de alto impacto Lesão de baixo impacto 
Abordagem cirúrgica ampla Abordagem reduzida Abordagem fechada 
 
 
5.3 FATORES CLÍNICOS 
 Os fatores relacionados ao envolvimento e à colaboração do proprietário e a 
cooperação do paciente também devem ser levados em consideração. Proprietários 
que não realizam adequadamente os cuidados pós-operatórios ou que não possuem 
tempo para se dedicar a esta atividade, não podem receber seus cães com 
implantes que demandam dedicação intensa para manutenção e limpeza do 
sistema, como a imobilização externa ou fixadores esqueléticos externos. Placas 
ósseas ou outros métodos de fixação interna são mais indicados para esses casos. 
Além disso, pacientes muito ativos e pouco cooperativos não são bons candidatos 
aos sistemas de imobilização externa, como talas ou bandagens. Também não 
devem ser implantados fixadores externos nesses pacientes, pois há grande chance 
de afrouxamento prematuro dos pinos transfixados. Os fatores clínicos que devem 
ser considerados na escolha do método de fixação estão descritos na Tabela 4. 
 
 
 
 
 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
24 
 
Tabela 4 – Fatores clínicos que devem ser considerados na escolha do método 
de fixação das fraturas. 
 Elevado Risco Baixo Risco  
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
↓ Cooperação do proprietário ↑ Cooperação do proprietário 
↓ Cooperação do paciente ↑ Cooperação do paciente 
Reparação óssea lenta: 
 considerar implante confortável 
 Reparação óssea rápida: 
possível desconsiderar conforto 
Impossibilidade de fisioterapia Realização de fisioterapia 
 
5.4 INTERPRETAÇÃO DA ESCALA PARA SELEÇÃO DO MÉTODO DE FIXAÇÃO 
A escala para a seleção do método de fixação varia de 0 a 10, levando em 
consideração os diversos fatores relacionados anteriormente. Nos escores mais 
altos, a reparação da fratura ocorre mais rapidamente, aumentando as chances de 
sucesso do tratamento. Nos escores mais baixos, os fatores não são favoráveis ao 
processo de consolidação óssea,o que aumenta o tempo necessário de atuação do 
implante e predispõe o aparecimento de complicações. 
 
Escala de 8 a 10 
Pouca carga sobre o implante e adequada distribuição de forças osso-implante. 
Expectativa de reparação óssea rápida e sem complicações. 
Expectativa de curto período de atuação do sistema de fixação. 
Melhor aplicação nas fraturas transversas e oblíquas curtas em animais jovens. 
Sugestão de implantes (Figura 5): 
- Imobilização externa: talas, muletas e bandagens 
- Pino intramedular associado aos fios de cerclagem ou parafusos 
- Fixador esquelético externo do tipo I (possibilidade do uso de pinos lisos) 
- Placa óssea de compressão 
 
 
Seleção do Método de Fixação da Fratura 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 – Exemplos de métodos de fixação para fraturas transversas de 
úmero com escala entre 8 e 10. Fixador esquelético externo 
associado ao pino intramedular (esquerda) ou pino intramedular 
associado ao fio metálico interfragmentar (direita). 
 
Escala de 4 a 7 
Grande carga sobre o implante inicialmente, mas por curto período. 
Reparação óssea moderada: necessidade de boa estabilidade da fratura. 
Distribuição de forças entre osso e implante, após a formação do calo ósseo. 
Aplicação em fraturas oblíquas longas/espirais ou fragmentadas redutíveis. 
Sugestão de implantes (Figura 6): 
- Pinos intramedulares associados aos fios de cerclagem ou parafusos 
- Fixador esquelético externo tipo I ou II (utilizar pinos rosqueados) 
- Combinação fixador externo e pino intramedular (configuração tie-in) 
- Haste intramedular bloqueada 
- Placa óssea de neutralização 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 – Exemplos de métodos de fixação para fratura oblíqua longa 
(esquerda) e fragmentada redutível (direita) de úmero com escala 
entre 4 e 7. Fixador esquelético externo conectado ao pino 
intramedular (configuração tie-in) e fios de cerclagem. 
 
Escala de 0 a 3 
Grande carga sobre o implante por longo período. 
Implantes atuam como ponte óssea, evitando colapso dos fragmentos. 
Reparação óssea lenta, com índice elevado de complicações. 
Expectativa de longa atuação do sistema de fixação. 
Fraturas fragmentadas não redutíveis ou com perda óssea. 
Fraturas complexas em animais idosos (considerar enxerto ósseo). 
Sugestão de implantes (Figura 7): 
- Placa óssea em ponte ou placa bloqueada 
- Associação da placa e do pino intramedular (plate-rod) 
- Associação da placa e fixador esquelético externo 
- Associação da placa e da haste intramedular (plate-nail) 
 
Seleção do Método de Fixação da Fratura 27 
- Fixador esquelético externo tipo II ou III 
- Haste intramedular bloqueada 
- Combinação fixador externo e pino intramedular (configuração tie-in) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 – Exemplos de métodos de fixação para fraturas fragmentadas não 
redutíveis de úmero com escala entre 0 e 3. À esquerda, placa 
óssea em ponte associada ao pino intramedular (plate-rod). À 
direita, fixador esquelético externo conectado ao pino intramedular 
(configuração tie-in). 
 
Outros exemplos dos métodos de fixação óssea em diferentes tipos de fraturas 
do fêmur, levando em consideração a escala de pontuação obtida no processo de 
escolha do método, estão demonstrados nas Figuras 8, 9 e 10. 
 
 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8 – Exemplos de métodos de fixação para fraturas transversas do 
fêmur, de acordo com a escala de pontuação obtida no processo de 
escolha do método. Na escala de 0 a 3, placa óssea de compressão. 
Na escala de 4 a 7, fixador esquelético externo conectado ao pino 
intramedular (configuração tie-in) e fio ortopédico interfragmentar. 
Na escala de 8 a 10, fixador esquelético externo associado ao pino 
intramedular ou pino intramedular associado ao fio ortopédico 
interfragmentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Seleção do Método de Fixação da Fratura 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9 – Exemplos de métodos de fixação para fraturas fragmentadas 
redutíveis do fêmur de acordo com a escala de pontuação obtida 
no processo de escolha do método. Na escala de 0 a 3, placa 
óssea de neutralização associada aos parafusos de compressão 
ou fixador esquelético externo conectado ao pino intramedular 
(configuração tie-in) e fios de cerclagem. Na escala de 4 a 7, 
fixador esquelético externo associado ao pino intramedular e fios 
de cerclagem. Na escala de 8 a 10, pino intramedular associado 
aos fios de cerclagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10 – Exemplos de métodos de fixação para fraturas fragmentadas 
(cominutivas) não redutíveis do fêmur, de acordo com a escala de 
pontuação obtida no processo de escolha do método. Na escala 
de 0 a 3, placa óssea em ponte associada ao pino intramedular 
(plate-rod) ou fixador esquelético externo conectado ao pino 
intramedular (configuração tie-in). Na escala de 4 a 7, placa óssea 
em ponte, ou fixador esquelético externo conectado ao pino 
intramedular (configuração tie-in), ou haste intramedular 
bloqueada. Na escala de 8 a 10, fixador esquelético externo 
associado ao pino intramedular. 
 
 
 
6 
 
REDUÇÃO DA FRATURA 
Redução da fratura é o processo de recolocação dos fragmentos ósseos 
fraturados o mais próximo possível da sua posição anatômica original. Após a 
fratura, a contração espástica dos grupos musculares inseridos nas extremidades do 
osso provoca o deslizamento e o cavalgamento dos segmentos fraturados, 
promovendo o encurtamento do membro. Inicialmente, a contração é primariamente 
muscular e responsiva à anestesia geral. Após alguns dias, o afastamento 
prolongado dos ossos, associado à reação proliferativa local, dificulta a redução da 
fratura. 
Quando possível, é preferível a redução anatômica dos segmentos fraturados, 
o que possibilita a estabilização adequada quando for aplicado o implante para 
fixação. Entretanto, a aposição anatômica nem sempre é possível ou necessária, 
particularmente nas fraturas da diáfise. Nas fraturas articulares, os fragmentos 
ósseos devem ser anatomicamente reduzidos para restaurar a congruência articular 
e evitar a artrose secundária. As fraturas podem ser reduzidas pela redução fechada 
com a movimentação dos fragmentos, pela redução aberta e reconstrução visual 
direta do osso, ou ainda pela abordagem minimamente aberta. 
6.1 REDUÇÃO FECHADA 
A redução fechada refere-se à redução dos fragmentos ósseos fraturados sem 
exposição cirúrgica do local da fratura. Dificilmente se consegue uma perfeita 
reconstrução anatômica do osso e os objetivos na redução fechada incluem obter o 
alinhamento do membro e manter o comprimento do osso. Deve-se estar atento 
para eliminar as deformidades rotacionais e angulares do segmento ósseo distal. As 
reduções fechadas são mais facilmente realizadas nas regiões abaixo do cotovelo e 
do joelho, devido à menor cobertura muscular e à maior facilidade de palpação das 
estruturas ósseas. 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
32 
 
6.1.1 Indicações, vantagens e desvantagens da redução fechada 
A redução fechada é regra quando os métodos de imobilização externa são 
empregados, comogessos, talas e bandagens. Além disso, pode-se utilizar a 
redução fechada quando se for utilizar fixador esquelético externo ou pino 
intramedular via normógrada. As principais indicações para redução fechada são: 
- fraturas em galho verde ou fraturas incompletas (imobilização externa); 
- fraturas simples com fácil aposição (pino intramedular normógrado); 
- fraturas diafisárias cominutivas (fixador esquelético externo). 
As vantagens da redução fechada incluem: preservação dos tecidos moles e 
do suprimento sanguíneo, o que acelera o processo de reparação da fratura; 
redução do tempo cirúrgico e do risco de infecção. A principal desvantagem é a 
dificuldade de obter adequada reconstrução do osso, sem visualização direta dos 
fragmentos ósseos deslocados. 
6.1.2 Métodos de redução fechada 
O princípio para a realização da redução da fratura é a aplicação lenta e 
contínua de tração nos segmentos do osso. A tração é aplicada durante um período 
de tempo para fatigar os músculos e promover o relaxamento necessário para a 
redução dos fragmentos ósseos. A tração pode ser conseguida por forças manuais 
ou pela ação da gravidade. A tração manual é realizada da seguinte maneira: uma 
corda macia deve ser passada ao redor da região inguinal ou axilar e mantida fixa. 
Outra corda é colocada na região carpiana ou tarsiana e a tração é aplicada em 
sentido oposto à primeira corda. Para se obter tração usando a força da gravidade, o 
animal deve ser posicionado em decúbito dorsal e uma corda macia é colocada na 
extremidade do membro acometido. A corda deve ser amarrada em um suporte 
elevado, ajustando-se para elevar levemente o animal da mesa e provocar, deste 
modo, tração do membro. Ocorrerá relaxamento muscular do membro no período de 
10 a 30 minutos de tração. 
Após a tração para relaxamento muscular, pode ser possível a redução dos 
fragmentos pela manipulação indireta dos segmentos ósseos móveis. São aplicadas 
forças de tração (extensão), contratração, rotação e angulação. Na angulação, os 
fragmentos ósseos principais são angulados, permitindo o contato das corticais 
ósseas (contato em “V”). O ângulo formado pelos ossos é reduzido pela pressão 
digital sobre as extremidades fraturadas, restabelecendo o eixo ósseo (Figura 11). 
 
 
 
 
Redução da Fratura 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11 – Redução da fratura por angulação. As extremidades fraturadas do 
osso são anguladas e posicionadas em contato parcial das 
corticais. Pressão é aplicada aos segmentos no sentido de 
restabelecer o eixo axial do osso. 
6.2 REDUÇÃO ABERTA 
A redução aberta refere-se ao uso da abordagem cirúrgica para exposição e 
reconstrução anatômica dos segmentos ósseos fraturados. A exposição cirúrgica 
dos ossos é o método de escolha em muitos casos, especialmente nas fraturas com 
acentuado desvio dos segmentos ósseos e nas fraturas envolvendo a superfície 
articular. Os fragmentos são reduzidos sob visualização direta e mantidos estáveis 
para que algum tipo de implante seja utilizado. 
6.2.1 Indicações, vantagens e desvantagens da redução aberta 
As principais indicações para redução aberta são: 
- fraturas intra-articulares, que sempre necessitam de reconstrução anatômica; 
- fraturas simples (transversas ou oblíquas) que podem ser reconstruídas; 
- fraturas diafisárias cominutivas, com utilização de implantes em ponte; 
- fraturas antigas com dificuldade de redução fechada. 
 
As vantagens da redução aberta incluem: (1) visualização e manipulação direta 
dos fragmentos ósseos, o que facilita a reconstrução anatômica da fratura, (2) 
possibilita a colocação direta de implantes para fixação interna da fratura, como 
placas, fios de cerclagem e parafusos, (3) a reconstrução do eixo ósseo permite 
melhor distribuição das forças entre o implante e o osso, o que resulta em maior 
estabilidade e resistência do sistema de fixação e (4) possibilita a utilização de 
enxerto de osso esponjoso para acelerar o processo de reparação da fratura. 
 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
34 
A reconstrução anatômica aberta necessita um certo grau de dissecação dos 
tecidos moles para permitir a redução e a fixação dos segmentos fraturados. O 
trauma cirúrgico iatrogênico aos tecidos moles, periósteo e vasos sanguíneos 
retarda o processo de reparação óssea e aumenta o risco de contaminação 
bacteriana. Atualmente, a redução aberta das fraturas tem sido direcionada pelo 
conceito de osteossíntese biológica. 
 
6.2.2 Métodos de redução aberta 
A redução aberta exige conhecimento anatômico e experiência cirúrgica, 
devendo ser respeitados os conceitos fundamentais da técnica operatória. Os 
princípios gerais são: rigorosa hemostasia e irrigação do campo; respeitar as 
separações anatômicas entre os músculos; manipular gentilmente os tecidos moles 
adjacentes; preservar a união dos tecidos moles aos ossos; evitar trauma aos 
músculos, tendões, ligamentos, nervos e vasos; obter exposição suficiente do osso 
fraturado e não eliminar qualquer fragmento ósseo. 
É frequentemente encontrada a presença de vários fragmentos ósseos no local 
da fratura. Caso seja realizada a reconstrução anatômica, os fragmentos ósseos 
grandes, se possível com as inserções dos tecidos moles preservadas, geralmente 
são fixados com parafusos compressivos, fios de cerclagem ou pinos. Os 
fragmentos muito pequenos são manobrados de volta para sua posição, da melhor 
forma possível, pois auxiliam na restauração da massa óssea original e atuam como 
enxerto ósseo autógeno. O sequestro ósseo se forma quando estão presentes 
contaminação e infecção. 
As manobras para a redução aberta da fratura são facilitadas pela possibilidade 
de manipular diretamente os fragmentos ósseos com as mãos ou por meio de pinças 
ósseas de apreensão. Antes da intervenção, é interessante a aplicação lenta e 
contínua de tração no membro acometido para distração dos segmentos ósseos e 
relaxamento muscular. 
Novamente, são aplicadas as forças de tração, contratração, rotação e 
angulação. Para auxiliar na redução das fraturas transversas, pode ser empregada a 
manobra de redução por angulação das extremidades ósseas, já descrita 
anteriormente na figura 11. Outra possibilidade é a manobra de alavanca com o uso 
de instrumentos, como osteótomo, elevador de periósteo ou cabo de bisturi (Figura 
12). Nas fraturas oblíquas longas ou espiraladas, realiza-se a aplicação de forças de 
tração em ambos os segmentos fraturados, usando-se pinça óssea. Após a redução, 
os segmentos tendem ao deslizamento e são mantidos reduzidos temporariamente, 
com auxílio de pinças autoestáticas de ponta fina (Figura 13). 
 
 
Redução da Fratura 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12 – Redução de fratura transversa com auxílio de instrumento 
(osteótomo, elevador de periósteo ou cabo de bisturi). O 
instrumento é colocado entre os segmentos ósseos e atua 
como alavanca para promover a distração e redução da fratura. 
 
 
A compressão excessiva dos segmentos ósseos fraturados pelas pinças de 
apreensão pode provocar fragmentações adicionais. Os ossos devem ser 
inspecionados para presença de fissuras, que devem ser fixados por cerclagens 
antes da redução da fratura (Figura 14). Nas fraturas que apresentam fragmentos 
ósseos redutíveis, eles devem ser primeiramente fixados em um segmento ósseo 
principal e, posteriormente, os dois segmentos ósseos serão alinhados e reduzidos 
(Figura 15). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
36Figura 13 – Redução de fratura oblíqua longa. (A) Aplicação direta de força nos 
fragmentos ósseos com auxílio de pinças de apreensão óssea, 
promovendo a distração e aproximação dos segmentos. (B) 
Mantendo a distração, as extremidades ósseas são pressionadas 
por uma pinça denteada e os segmentos fraturados irão deslizar 
para a posição reduzida. (C) A pinça denteada é posicionada 
perpendicular à linha de fratura e manterá, temporariamente, a 
redução dos fragmentos enquanto aplica-se a fixação. 
 
 
 
 
 
 
 
Redução da Fratura 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 14 – Se houver fissuras no segmento ósseo fraturado, a extremidade 
óssea deverá ser, inicialmente, fixada por fios de cerclagem. 
Posteriormente, realizam-se a distração e a redução dos 
segmentos ósseos com auxílio das pinças de apreensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 15 – Fratura com um grande fragmento ósseo redutível. A reconstrução 
anatômica da fratura é realizada, inicialmente, pela redução do 
fragmento e fixação em um segmento ósseo principal, por meio 
de cerclagens. Formam-se dois segmentos ósseos que são 
reduzidos e estabilizados. 
 
 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
38 
A redução das fraturas pode ser auxiliada pelo distrator de fraturas. Os pinos 
de fixação bicorticais são colocados nas metáfises proximal e distal dos segmentos 
fraturados e, então, conectados ao distrator por meio de presilhas. O aparelho 
possibilita o afastamento dos segmentos ósseos principais e permite o acesso ao 
local da fratura para a reconstrução ou a aplicação dos implantes, como placa ou 
fixador externo. Na maioria dos casos, os pinos de fixação são posicionados através 
da pele, exteriormente ao local de abordagem cirúrgica. Algumas deformidades 
angulares desenvolvem-se à medida que a distração progride e elas deverão ser 
corrigidas durante a aplicação da fixação definitiva (Figura 16). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 16 – Aparelho distrator de fraturas aplicado em fratura fragmentada de 
fêmur. Os pinos fixadores são posicionados através de ambas as 
corticais dos segmentos ósseos proximais e distais, 
perpendiculares ao eixo axial. A peça circular distal do aparelho é 
girada em torno da haste rosqueada, causando distração da 
fratura. Quando o comprimento ósseo estiver restaurado, é 
possível reduzir a fratura e empregar o método de fixação 
definitiva. 
 
 
 
 
Redução da Fratura 39 
 
Os pinos intramedulares também podem ser utilizados como distratores de 
fraturas, principalmente nas fraturas do úmero e do fêmur. O pino de Steinmann com 
diâmetro de 50% do canal medular deve ser direcionado através do segmento ósseo 
proximal por via normógrada. Na linha de fratura, o pino com ponta romba é 
direcionado para o canal medular do segmento ósseo distal. O pino é introduzido no 
segmento distal sem aplicação de força rotacional e ao ancorar na região metafisária 
distal promove a distração da fratura (Figura 17). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 17 – Distração de fratura fragmentada de fêmur com pino intramedular. 
O segmento ósseo proximal é estabilizado por uma pinça de 
apreensão enquanto o pino intramedular com introdução 
normógrada é direcionado distalmente sem rotação. Ao ancorar na 
região metafisária distal promove a distração da fratura. 
 
 
 
 
 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
40 
6.3 OSTEOSSÍNTESE BIOLÓGICA 
Atualmente tem-se utilizado o princípio da osteossíntese biológica, na qual a 
redução cirúrgica deve lesar minimamente os tecidos moles adjacentes à fratura. Em 
alguns casos, o implante é fixado ao osso sem a necessidade de reconstrução dos 
fragmentos ósseos e sem interromper o suprimento sanguíneo no local da fratura. A 
manipulação mínima da fratura permite a rápida proliferação vascular e incentiva a 
formação do calo ósseo. Alguns dos princípios da osteossíntese biológica incluem: 
(1) redução indireta da fratura com abordagem cirúrgica mínima, (2) pouca ou 
nenhuma manipulação do hematoma da fratura, (3) realizar osteossíntese com 
implantes em ponte, sem se preocupar com reconstrução anatômica da fratura, e (4) 
evitar o uso de implantes secundários, tais como fios de cerclagem e parafusos 
interfragmentares. 
Uma possibilidade menos agressiva aos tecidos para realização da abordagem 
cirúrgica e redução aberta da fratura é a técnica “abra mas não mexa”. Nesta 
técnica, realiza-se uma abertura mínima no local da fratura, o que possibilita a 
visualização e a manipulação para o adequado alinhamento dos segmentos ósseos 
principais, mas os fragmentos ósseos secundários e o ambiente já formado em torno 
da fratura não são diretamente manipulados. 
As fraturas cominutivas não redutíveis podem ser tratadas pelo método da 
ostessíntese biológica. Nestes casos, os segmentos ósseos principais são 
submetidos à tecnica de distração por meio do aparelho distrator ou pelo pino 
intramedular. O osso acometido é mantido no seu comprimento normal e o eixo 
ósseo é adequadamente realinhado. Sem haver manipulação direta dos fragmentos 
no local da fratura, o osso é estabilizado pela utilização de um fixador esquelético 
externo ou um implante interno em ponte. Nas fraturas complexas é interessante a 
aplicação de enxerto autógeno de osso esponjoso no local da fratura. 
Há ainda a técnica de ostessíntese minimamente invasiva, na qual não se faz a 
abertura cirúrgica diretamente sobre a região da fratura, mas em locais distantes que 
permitem a redução e a fixação óssea. No método de ostessíntese com placa 
minimamente invasiva (MIPO), a fixação interna biológica da fratura é realizada por 
meio da introdução de uma placa óssea através de duas pequenas incisões feitas à 
distância do local da fratura. A placa é deslizada adjacente ao osso em um túnel 
epiperiosteal que liga as duas incisões. Os parafusos da placa são colocados 
através das incisões iniciais ou através de incisões adicionais feitas ao longo dos 
orifícios da placa. Embora tenha sido indicada para fixação das fraturas em todos os 
ossos longos, o método MIPO é tecnicamente mais aplicável na tíbia e no rádio, 
devido à menor massa muscular nestas áreas. Este método demanda mais tempo 
de treinamento cirúrgico para se obter bons resultados e o uso da fluoroscopia ou a 
realização de imagens radiográficas no transoperatório auxilia muito no correto 
posicionamento dos implantes. 
 
 
7 
IMOBILIZAÇÃO EXTERNA 
A imobilização (coaptação) externa inclui o uso de talas, bandagens, muletas, 
tipóias ou moldes rígidos para estabilizar a fratura indiretamente. Os tecidos moles 
permanecem interpostos entre o material relativamente rígido e o osso, promovendo 
uma imobilização pouco estável da fratura. O ortopedista deve assegurar-se de que 
a movimentação no local da fratura ainda está dentro dos limites compatíveis com a 
consolidação óssea. As vantagens da coaptação externa incluem: (1) não requer 
intervenção cirúrgica, diminuindo o risco de infecção e falha dos implantes, (2) 
provoca mínima intervenção no local da fratura, preservando os tecidos moles e a 
vascularização, (3) demanda reduzido tempo anestésico e (4) necessita pouco 
material e possui custo potencialmente mais baixo. 
Nas fraturas expostas e nas fraturas instáveis que necessitam de fixação 
óssea, a imobilização externa deve ser utilizada temporariamente para reduzir 
traumatismos adicionais aos tecidos moles e promover conforto ao paciente. A 
imobilização externa pode ser indicada como método primário de estabilização emfraturas estáveis, como as fraturas em galho verde, fraturas incompletas e fissuras 
ósseas. As fraturas que são sustentadas pelo osso adjacente intacto (fíbula ou ulna) 
geralmente apresentam reparação óssea satisfatória com utilização de coaptação 
externa. As fraturas articulares e as fraturas por avulsão não devem ser tratadas por 
imobilização externa. 
Ao realizar uma imobilização externa é necessário englobar as articulações 
proximal e distal à fratura. Dessa forma, o método está indicado para fraturas distais 
ao cotovelo e ao joelho (Figura 18). Os métodos de coaptação externa 
convencionais são contraindicados nas fraturas do fêmur e do úmero, pois podem 
causar distração dos segmentos ósseos e causar mais danos aos tecidos moles. As 
fraturas em animais jovens tendem a consolidar mais rapidamente, de forma que a 
imobilização externa apresenta resultados mais satisfatórios em animais com idade 
abaixo de um ano. As bandagens, talas e moldes rígidos neutralizam as forças de 
flexão sobre a fratura e não atuam nas forças de rotação, cisalhamento e 
compressão. Dessa forma, esses métodos de imobilização não são indicados para 
fraturas oblíquas longas ou fragmentadas, tendo maior eficácia nas fraturas 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
42 
transversas ou oblíquas curtas. Para ocorrer reparação óssea satisfatória, deve 
haver contato mínimo de 50% entre as extremidades fraturadas após a redução. Em 
geral, as falanges médias e distais dos dedos centrais devem estar expostas para o 
acompanhamento da tumefação e a avaliação da necessidade de remoção imediata 
do sistema de imobilização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 18 – Comprimento ideal das bandagens, talas ou gessos nas fraturas 
distais ao cotovelo (A e B) e ao joelho (C e D). As regiões das 
fraturas estão demonstradas nas áreas sombreadas em preto (a, 
b, c, e d). As áreas sombreadas em cinza (a’, b’, c’ e d’) indicam o 
comprimento que a coaptação externa deve possuir em relação às 
respectivas áreas de fraturas. 
 
 
As bandagens também podem ser utilizadas nos períodos pré e pós-
operatórios com função de compressão do membro para a redução do edema. Além 
disso, a imobilização externa pode ser empregada após a cirurgia para proporcionar 
suporte adicional quando a fratura foi tratada com fixação interna pouco rígida, com 
o objetivo de auxiliar na neutralização das forças atuantes sobre o osso fraturado. 
Em alguns tipos específicos de fraturas, as tipóias podem ser indicadas no período 
pós-operatório para prevenir o apoio precoce e excessivo do membro e evitar a falha 
do implante. 
 
 
Imobilização Externa 
 
43 
7.1 BANDAGEM DE ROBERT JONES 
A bandagem de Robert Jones é a forma de imobilização externa mais utilizada 
na veterinária. É uma bandagem espessa de algodão que restringe os movimentos 
no foco da fratura e controla o edema. Está indicada, principalmente, como método 
de imobilização temporária em fraturas que serão cirurgicamente fixadas. Pode ser 
empregada, excepcionalmente, como método definitivo de imobilização para 
tratamento de fraturas incompletas em animais jovens. Também pode ser utilizada 
no período pós-operatório das fraturas distais dos membros. A bandagem é ideal 
para imobilizar fraturas abaixo do joelho ou do cotovelo e não deve ser utilizada em 
fraturas do úmero ou do fêmur, pois atuará apenas como uma alavanca no foco da 
fratura, acentuando o deslocamento dos ossos. Apesar do grande volume, essa 
bandagem é confortável e, geralmente, bem tolerada pelo paciente e pode 
permanecer por duas a quatro semanas. A bandagem deve ser trocada quando 
apresentar-se frouxa ou estiver úmida e suja. 
Para aplicação da bandagem de Robert Jones, é importante seguir as 
recomendações de quantidade e tipo de material utilizado. Inicialmente, a lesão 
tecidual é coberta com gaze estéril e duas tiras de esparadrapo são colocadas na 
extremidade distal do membro em superfícies opostas. Em seguida, o membro deve 
ser envolvido pela malha tubular e recoberto pelo algodão ortopédico. Deve-se 
iniciar a aplicação do algodão pela extremidade distal do membro, sendo enrolado 
em sentido proximal com sobreposição de 50% da volta anterior. Várias camadas de 
algodão são necessárias para permitir um bom acolchoamento. A seguir, o membro 
é enfaixado com atadura de crepe e as tiras de esparadrapo que estão na 
extremidade distal do membro são fixadas sobre a bandagem, permitindo que os 
dígitos sejam observados. Em seguida, atadura elástica ou bandagem autoadesiva é 
colocada em torno do membro aplicando pressão moderada (Figura 19). Uma 
rigidez adicional pode ser conseguida pela aplicação de moldura de alumínio ou tala 
moldada sobre a bandagem. 
7.2 TALA CURTA COM SUPORTE RÍGIDO 
As talas curtas rígidas são compostas por suportes de metal, plástico ou 
material rígido para tala. Elas podem ser confeccionadas sobre o membro afetado 
ou podem ser adquiridas prontas para aplicação. De forma geral, as talas moldadas 
sobre o membro afetado são mais efetivas para estabilização das fraturas e 
apresentam menor risco de irritação dos tecidos. A tala curta pode ser utilizada 
como método de imobilização primária em fraturas estáveis. Entretanto, aplica-se 
principalmente às fraturas abaixo do terço médio do rádio e da ulna. Se a tala for 
aplicada no membro pélvico, é necessário certo grau de flexão na região do tarso 
para permitir o apoio. 
Ortopedia em Pequenos Animais – Manejo de Fraturas 
 
44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 19 – Aplicação da bandagem de Robert Jones. Inicialmente, as tiras 
adesivas são aplicadas na extremidade do membro (A). Na 
primeira camada, o membro é envolvido pela malha tubular e 
enrolado por camadas de algodão ortopédico (B). Na segunda 
camada, o membro é enfaixado com atadura de crepe ou gaze, e 
as tiras adesivas são giradas e fixadas na bandagem (C e D). Na 
terceira camada, toda a bandagem é comprimida por uma 
atadura elástica autoadesiva (E). 
 
 
 
Imobilização Externa 
 
45 
Para confecção da tala curta, inicialmente são colocadas duas tiras adesivas 
na extremidade distal do membro em superfícies opostas, e o membro é envolvido 
por algumas camadas de algodão ortopédico ou outro material de acolchoamento. A 
seguir, o membro é enfaixado com atadura de crepom ou atadura elástica para 
compressão da camada de algodão. O suporte de metal com espuma ou de plástico 
em canaleta é fixado na superfície palmar do membro, e as tiras adesivas que estão 
na extremidade distal do membro são fixadas sobre a bandagem. Por último, a 
bandagem e o molde rígido são envolvidos por uma camada de atadura elástica 
autoadesiva. 
7.3 TALA LONGA EM ESPIGA 
A tala em espiga envolve o membro acometido e se estende sobre o dorso do 
animal, sendo reforçada por molde rígido. É utilizada, principalmente, para 
imobilização temporária de fraturas do úmero e do fêmur ou como estabilização 
acessória após fixação interna. Pode ser utilizada no membro posterior e região 
pélvica, mas aplica-se, mais efetivamente, no membro anterior e região torácica. As 
talas longas são raramente utilizadas como método primário de estabilização de 
fraturas, a menos que sejam fraturas estáveis em animais jovens. 
Primeiramente, são colocadas duas tiras adesivas na extremidade distal do 
membro em superfícies opostas. O membro acometido e a região dorsal do animal 
são acolchoados com algumas camadas de algodão ortopédico. Inicie o 
acolchoamento pela extremidade do membro, enrolando o algodão em sentido 
proximal até envolver a região

Outros materiais