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ENIELSON GAMA ESPAÇOS MÉTRICOS, ESPAÇOS NORMADOS E ESPAÇOS DE BANACH BELÉM-PA ”Bem-aventurado o homem que acha a sabedoria, e o homem que adquire conheci- mento.” Provérbios 3.13 Sumário 1 ESPAÇOS MÉTRICOS, ESPAÇOS NORMADOS E ESPAÇOS DE BANACH 4 1.1 Espaços Métricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.2 Espaços Normados e Espaços de Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.3 Propriedade dos Espaços Normados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.3.1 Espaços Normados e Dimensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.3.2 Compacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.4 Operadores Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.5 Operador Linear Limitado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.5.1 Funcionais Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.6 Espaço de Operadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 1.7 Mais Teoremas Envolvendo Espaços Normados e Espaços de Banach . . . . . . 29 1.7.1 Operador Adjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 1.7.2 Convergência Forte e Convergência Fraca . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 1.7.3 Aplicação Aberta e Gráfico Fechado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 3 Capítulo 1 ESPAÇOS MÉTRICOS, ESPAÇOS NORMADOS E ESPAÇOS DE BANACH Neste capítulo iremos apresentar alguns resultados de grande relevância para o avanço deste trabalho, que incluem alguns conceitos topológicos, convergência de sequência, espaços comple- tos etc. Este capítulo foi baseado nas referências [?], [?] e [?]. 1.1 Espaços Métricos Definição 1.1.1 (Métrica, Espaço Métrico). Uma métrica sobre um conjunto X 6= ∅ é uma apli- cação d : X ×X → R que satisfaz (M1) d(x, y) ≥ 0; (M2) d(x, y) = 0⇐⇒ x = y; (M3) d(x, y) = d(y, x); (M4) d(x, y) ≤ d(x, z) + d(z, y); para quaisquer x, y e z em X . O par (X, d) chamamos de espaço métrico. Um subespaço (Y, d˜) para (X, d) é obtido se tomarmos um subconjunto Y ⊂ X e restringirmos d a Y × Y , assim a métrica sobre Y é a restrição d˜ = d|Y×Y e dizemos que d˜ é a metrica induzida sobre Y por d. Exemplo 1.1 (Reta Real R). O conjunto R dos números reais, com a "métrica usual"da reta, definida por d(x, y) = |x− y| é um espaço métrico. 4 Análise Funcional Espaços Métricos, Normados e de Banach Exemplo 1.2 (Espaço das Funções Contínuas). Seja X o conjunto de todas as funções reais x, y, . . . que são de uma variável independente t, definidas e contínuas em um determinado inter- valo fechado [a, b]. Escolhendo a métrica definida por d(x, y) = max t∈ [a,b] |x(t)− y(t)| onde max é o máximo, obtemos um espaço métrico denotado por C[a, b]. Este é um espaço de funções, pois cada ponto de C[a, b] é uma função. Exemplo 1.3 (Espaço B(A) das funções limitadas). Pela definição cada elemento x ∈ B(A) é uma função definita e limitada sobre um dado conjunto A, e a métrica é definida por d(x, y) = sup t∈A |x(t)− y(t)| onde sup é o supremo. No caso A = [a, b] ⊂ R, escrevemos B[a, b] para B(A). Definição 1.1.2 (Bola e Esfera). Sejam (X, d) um espaço métrico, x0 ∈ X e r > 0, definimos três tipos de conjuntos (a) B(x; r) = {x ∈ X/d(x, x0) < r} (Bola Aberta) (b) B˜(x; r) = {x ∈ X/d(x, x0) ≤ r} (Bola Fechada) (c) S(x; r) = {x ∈ X/d(x, x0) = r} (Esfera) Nos três casos, dizemos que x0 é o centro e r é o raio. Definição 1.1.3 (Conjunto Aberto, Conjunto fechado). Seja (M,d) um espaço métrico. Dizemos que X ⊂ M é um conjunto aberto, se para cada ponto x de X existe um bola aberta de centro x e raio r contida em X . Dizemos que Y ⊂ X é fechado se seu complementar em M é aberto. Chamamos de ε-vizinhança de x0 uma bola aberta de centro em x0 e raio ε. Uma vizinhança de x0 é um conjunto Y que contém uma ε-vizinhança de x0, claramente cada vizinhança de x0 contém x0. Também se Y é uma vizinhança de x0 e Y ⊂ X , então X é uma vizinhança para x0. Se Y ⊂ X é uma vizinhança para x0, então dizemos que x0 é um ponto interior do conjunto Y e denotamos por int Y o interior de Y que é o conjunto formado por todos os pontos interiores a Y . O int Y é o maior conjunto aberto contido em Y . Enielson Gama 5 Análise Funcional Espaços Métricos, Normados e de Banach Definição 1.1.4 (Aplicação Contínua). Sejam (X, d) e (Y, d˜) espaços métricos. Dizemos que uma aplicação T : X → Y é contínua no ponto x0 ∈ X se para cada ε > 0 existe um δ > 0 tal que d˜(Tx, Tx0) < ε, para todo x satisfazendo d(x, x0) < δ. Se T é contínua em cada ponto x0 ∈ X , T é contínua. Teorema 1.1 (Aplicação Contínua). Uma aplicação T de um espaço métrico X para um espaço métrico Y é contínua se, e somente se, a imagem inversa de qualquer conjunto aberto de Y é um conjunto aberto em X . Demonstração. A prova possui duas partes. (⇒) Suponhamos que a aplicação T é contínua. Tomamos um conjunto aberto A ⊂ Y e seja A0 a imagem inversa de A. Se A0 = ∅, ele é aberto. Seja A0 6= ∅. Para cada x0 ∈ A0 seja y0 = Tx0. Como A é aberto, ele contém uma ε-vizinhança V de y0. Como T é contínua, x0 tem uma δ-vizinhança V0 que é uma aplicação sobre V . Uma vez que V ⊂ A, temos V0 ⊂ A0 e como x0 ∈ V0 foi arbitrário, V0 é aberto. (⇐) Reciprocamente, assumimos que a imagem inversa de cada conjunto aberto em Y é um aberto em X . Então para cada x0 ∈ X e cada ε-vizinhança V de Tx0, a imagem inversa V0 de V é aberta, pois V é aberto e V0 contém x0. Sendo assim, V0 contém uma δ-vizinhança de x0, que é uma aplicação sobre V . Portanto, pela definição T é contínua em x0. Logo T é contínua, pois x0 ∈ X foi arbitrário. � Definição 1.1.5 (Fecho, Denso, Separável). Seja X um espaço métrico e Y ⊂ X . Dizemos que um ponto x0 ∈ X é um ponto de acumulação de Y , se cada vizinhança de x0 contém pelo menos um ponto de Y distinto de x0. O fecho de Y denotado por Y é o conjunto formado pelos pontos de Y e seus pontos de acumulação. Dizemos que Y é denso em X se Y = X . Se Y é denso em X , então cada bola aberta em X contém pontos de y. Dizemos que X é separável se ele contém um subconjunto enumerável e denso em X . Seja X um espaço métrico. Toda aplicação n 7→ xn de N em X , é chamada de sequência dos elementos de X , a qual indicamos por (x1, x2, . . . , xn, . . .) ou, simplesmente, xn. Dada uma sequência (xn) em X , se {n1, n2, . . .} ⊂ N e n1 < n2 < . . ., então a aplicação dada por ni 7→ xni é indicada por (xn1 , xn2 , . . . , xni , . . .) e recebe o nome de subsequência de (xn). Definição 1.1.6 (Convergência, Limite, Conjunto Limitado). Dizemos que uma sequência (xn) Enielson Gama 6 Análise Funcional Espaços Métricos, Normados e de Banach em um espaço métrico X é convergente se existe x ∈ X tal que lim n→∞ d(xn, x) = 0 onde x é o limite de (xn) e escrevemos lim n→∞ xn = x ou xn → x E dizemos que (xn) tem o limite x ou (xn) converge para x. Então se xn → x, para cada ε > 0, existe um N = N(ε) tal que toda xn com n > N se encontra na bola aberta B(x; ε). Se (xn) não converge, dizemos que (xn) é divergente. Dizemos que conjunto não vazio Y ⊂ X é um conjunto limitado, quando existe uma constante c > 0 tal que d(x, y) ≤ c para quaisquer x, y ∈ Y . E definimos o diâmetro de um conjunto limitado Y ⊂ X como sendo o número real δ(Y ) = sup x,y ∈Y d(x, y). A sequência (xn) em X é uma sequência limitada se seus correspondentes pontos formam um subconjunto limitado em X . Se Y é limitado, então Y ⊂ B(x0; r), onde x0 ∈ X é um ponto qualquer e r é um número real suficientemente grande. Lema 1.1 (Limite, Limitação). Seja X um espaço métrico, então: (a) Uma sequência convergente em X é limitada e seu limite é único. (b) Se xn → x e yn → y em X , então d(xn, yn)→ d(x, y). Demonstração. (a) Suponhamos que xn →