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1 SARA ESPELHO STORCH SISTEMA COMPLEMENTO (SC) CONCEITO: é um sistema complementar a ação dos anticorpos. Formado por moléculas solúveis. O sistema complemento (SC) possui um conjunto de cerca de 30 proteínas presentes no sangue. São sintetizadas no fígado pelos hepatócitos, e também por células envolvidas na resposta inflamatória (macrófagos). A principal molécula do SC é a C3 Essas proteínas são inativas na circulação, e precisam de gatilhos (iniciadores) para se ativar. Esses iniciadores são as vias de ativação. Sua função é parecida com os anticorpos, porém os anticorpos fazem parte da resposta imune adaptativa, enquanto o sistema complemento é inato. Existem moléculas regulatórias principalmente nas nossas células para evitar a ativação do SC, para não atuar contra o nosso corpo. ATIVIDADES BIOLÓGICAS: Opsonização: sistema complemento faz um revestimento de patógeno e facilita a fagocitose. O anticorpo também pode realizar esse revestimento C3b Anafilotoxinas (moléculas pró-inflamatórias): produção de anafilotoxinas, que vão causar ação inflamatória. Quanto maior a ativação das proteínas do sistema complemento, maior será o processo inflamatório na pessoa. Quando o sistema complemento é ativado produz moléculas inflamatórias que antes não existiam. C3a; C5a; C4a Lise: um patógeno revestido pelo sistema complemento tem sua parede e membrana celular destruídas pelo SC. C5b; C6;C7;C8;C9 Remoção de imunocomplexos: uma grande concentração de imunocomplexos (antígeno + anticorpo), no sangue pode evoluir para outras doenças, e para evitar esse aumento, o sistema complemento as remove. C3b No nosso corpo a formação de imunocomplexos. Podem se depositar no tecido (não é fisiológico). É normal remoção desse imunocomplexo antes que ele se deposite. Existem muitas formas de remover os imunocomplexos, a principal é a fagocitose pelos fagócitos. O SC também consegue remover esses imunocomplexos, e impedir a formação deles. SC evita a formação dos imunocomplexos porque se liga no patógeno, e assim o anticorpo não se liga, e não se forma o imunocomplexo. Se milhares de imunocomplexos se depositarem nos rins, por exemplo, ocorre perda de função do órgão. A molécula C3b é menos complexa que o Ac. Gasta menos energia para o organismo realizar fagocitose associada a molécula de C3b, pois ele promove a opsonização, favorecendo a fagocitose. Doença autoimune forma naturalmente tem produção de muito imunocomplexo **Todas essas ações podem ou não ocorrer sempre, mão é obrigatório a ocorrência de uma para que ocorra a outra. VIAS DE ATIVAÇÃO VIA ALTERNATIVA: independente da presença do anticorpo VIA CLÁSSICA: precisa de anticorpo, principalmente IgM (fase aguda/primária) e IgG (fase crônica/secundária da doença) VIA DAS LECTINAS: a molécula de lectina pode se ligar à superfície de patógenos que apresentem carboidratos complexos (Ex: E. coli, Candida) As vias possuem inicios diferentes, mas que levam ao mesmo desfecho. A ação do sistema complemento acontece na forma do efeito de cascata enzimática, depois que há a ativação de uma molécula, gradativamente as outras vão sendo ativadas. A molécula mais importante do sistema 2 SARA ESPELHO STORCH complemento é a C3. Ela é central na ativação do complemento, é sintetizada pelo fígado e por macrófagos, está presente no sangue em grandes quantidades (1-2mg/ml). A molécula de C3 tem um radical etil ester que precisa ser hidrolisado, no sangue tem água que favorece esta hidrolise. A molécula de C3 para ser ativada precisa sofrer hidrólise e se ligar ao patógeno. Se por algum erro C3 hidrolisar e se ligar a células próprias do corpo, existem moléculas regulatórias próprias que fazem a inativação da mesma. VIA ALTERNATIVA A molécula C3 se liga diretamente ao patógeno, a via alternativa, começa por C3. Essa ligação é de alta energia, chamada de covalente dativa (assim é muito difícil tirar C3 do patógeno). As etapas de ativação ocorrem de forma contínua: 1º C3 hidrolisa e se liga a superfície do patógeno 2º ocorre a próxima etapa que é a chegada da molécula B, para B ser ativado precisa ocorrer a clivagem desta molécula 3º O terceiro passo é a ação de uma enzima chamada fator D, que faz a clivagem da molécula B, transformando a molécula B em duas frações, Bb e Ba. **Por convenção, as menores frações de uma clivagem no sistema complemento recebem o nome de “Xa” e a maior de “Xb”. A molécula Bb continua ligada com a C3 na superfície do patógeno, enquanto a Ba se solta. Esse complexo de C3Bb adquire o nome de C3 convertase, e adquire uma ação enzimática, catalítica, conseguindo clivar as moléculas do sistema complemento, que no caso é a própria C3. A C3 convertase (C3Bb) tem a capacidade clivar moléculas C3. C3, após ser clivada pela C3 convertase, se divide em C3a, que é a menor, e C3b, que é a maior. RESUMINDO: C3 hidrolisou, se ligou a superfície do patógeno, possibilitou o recrutamento de B. B se ligou do lado de C3 que para tornar a ligação estável tem o fator D. Quando estabilizado ocorre a clivagem de B formando Ba qua vai para o sangue e Bb vai para a superfície do patógeno. Forma o complexo C3Bb (C3 convertase) que é uma enzima que tem capacidade de atrais e quebrar moléculas de C3 que estão circulantes no sangue. C3a é uma anafilotoxina, da ação pró-inflamatória, vai para o sangue C3b se liga à superfície do patógeno, dando continuidade ao processo, favorece o recrutamento de B. A molécula B vem e liga nela, é clivada pelo fator D, se tornando C3bBb, e isso acontece repetidamente até preencher a superfície do patógeno. C3b é responsável pela opsonização, que serve para facilitar a fagocitose. A deposição de C3b no patógeno, facilita a fagocitose (processo de opsonização), pois a molécula de C3b que é reconhecida pelo macrófago (células que fagocita os patógenos), pelo fato deles possuírem o CR1 que é um receptor para C3b. **Tudo que tiver revestido de C3b vai ser rapidamente destruído O patógeno será fagocitado e apresentado ao MHC de classe II. Caso C3 se ligue a superfície de células próprias ela será inativada, CR3 e CR4 conseguem reconhecer a molécula de C3b inativada que será fagocitada. DESTRUIÇÃO DO PATÓGENO POR LISE A clivagem de C3 contínua e forma a molécula C3bBbC3b (C5 convertase) que tem a capacidade clivar uma outra molécula do sistema complemento, a C5. A molécula C5 é recrutada e clivada pela C5 convertase em C5a e C5b. C5a é uma anafilotoxina, com ação pró-inflamatória, e vai para o sangue (se torna solúvel) Várias moléculas que sobram das clivagens devido a ativação do sistema complemento, como a C3a e C5a, estimulam os mastócitos, que por sua vez liberam grânulos contendo histamina e leucotrienos. A histamina realiza a vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, formação de edema, recrutamento de leucócitos ocorrendo 3 SARA ESPELHO STORCH processo inflamatório agudo. Leucotrienos fazem ações semelhantes a histamina e broncoconstrição dando dificuldade respiratória C3a e C5a são anafilotoxinas, participam do processo de choque anafilático, que tem a ver com o processo de hipersensibilidade do tipo I que tem a ver com o paciente asmático. C5b se deposita na superfície do patógeno, e através dele vem o recrutamento consecutivo de C6, C7, C8 e C9 formando o complexo de ataque à membrana (MAC). MAC (de C5b a C9) *A partir de C6 não tem mais clivagem [ só recruta e liga] C9 é a mais importante do complexo, tem formato laminar, é a última a chegar e formar o complexo, perfura a membrana, levando a lise do patógeno. RESUMO DA VIA ALTERNATIVA 1. C3 sofre hidrolise C3 se liga na superfície do patógeno Molécula B se liga na superfície do patógeno exatamenteao lado de C3, se encaixando com ela fator D (enzima) vem e cliva B em Ba e Bb Bb continua ligado à C3 se tornando a chamada C3 convertase de iniciação da via alternativa, com ação catalítica de moléculas do sistema complemento (própria C3) 2. C3 convertase cliva C3 em C3a e C3b C3a se torna uma anafilotoxinas C3b continua o processo para fazer opsonização C3b é reconhecido pelo CR1 dos macrófagos Macrófagos fazem fagocitose do patógeno onde C3b está ligado. 3. Milhares de C3bBb unidas se tornam a C5 convertase, que possui ação enzimática/catalítica para a molécula C5 C5 se divide em C5a e C5b C5a se torna outra anafilotoxina C5b se deposita na superfície do patógeno C5b recruta C6, C7, C8 e C9, nessa sequência C9 perfura a membrana do patógeno patógeno sofre lise e morre. VIA CLÁSSICA (é dependente da participação dos Ac. ) Quando há anticorpos (IgM ou IgG) na superfície do patógeno [principalmente IgG (3,1) ], ocorre a atração de C1q. Ligado ao C1Q tem o C1r e C1s, como se fosse um complexo. *Quem atraiu foi o anticorpo. Essa via se inicia quando a molécula C1q do sistema complemento se liga a porção FC do anticorpo (que está ligada pelo seu epítopo ao antígeno). **Quando a c1q se liga na porção FC do anticorpo, ou direto no patógeno, vai haver formação do complexo: antígeno + anticorpo + c1q C1r e C1s são enzimas proteolíticas da via clássica. C1q se deposita na superfície do patógeno ao lado do anticorpo, e recruta C4. C1r e C1s clivam o C4 recrutado pela C1q em duas partes, C4a e C4b. C4a é uma anafilotoxina. C4b se liga com C1q e recruta C2. C2 é clivado pela C1r e C1s em C2a e C2b, e C2b é degradado e C2b se liga com C4b se tornando C4bC2b (C3 convertase), a partir daí as etapas se repetem. **convencionalmente diz que C2b se liga ao C4b ; mas há livros que diz que é o C2a POLÊMICA .. (por isso ele não cobra em prova, qual se liga) VIA DAS LECTINAS ( se foi ativada, o patógeno é o fungo) Lectinas tem uma ação análoga a C3 Lectinas são produzidas pelo fígado e fazem parte do sistema complemento, e tem a característica especifica de se ligar à superfície dos patógenos com carboidratos complexos na sua superfície, ex: Manose, que é encontrada na membrana fosfolipídica dos fungos. 4 SARA ESPELHO STORCH Quando as lectinas se ligam a superfície dos patógenos com carboidratos complexos na superfície possibilita a ação das MASP (1 e 2), que são enzimas com características semelhantes ao fator D da via alternativa. Ocorre um recrutamento de C4, uma outra molécula do sistema complemento, que é clivada pela MASP e forma duas frações, C4b e C4a. -C4a funciona como uma anafilotoxina. -C4b se deposita na superfície do patógeno, e leva à um efeito cascata, recrutando primeiramente C2 que será clivado pelas MASP’s -A molécula C2 cliva em duas frações, C2a e C2b. -O C2a é degradado, e o C2b vai se ligar na membrana, juntamente com C4b, e juntas formam um complexo (C4bC2b) chamado de C3 convertase. Daí em diante o processo se repete. RESUMO DAS VIAS DAS LECTINAS Patógeno com carboidrato complexo lectina se liga recruta C4 C4 se cliva em C4a e C4b C4a se torna uma anafilotoxina C4b se liga a membrana do patógeno C4b recruta C2 C2 é clivada pela MASP C2a é degradado C2b se liga à C4b Forma o complexo C4bC2b (C3 convertase) cliva C3 em C3a e C3b a partir daí as etapas se repetem.
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