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politicas_sociais_da_assistenc (1)

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1
UNIDADE 1
A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS 
POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• entender a construção histórica das políticas sociais no Brasil;
• analisar o legado elitista e o autoritarismo na representação das políticas 
sociais;
• compreender as reformas neoliberais e seus contrassensos e retrocessos 
nas políticas sociais;
• conhecer qual é o papel do Estado Brasileiro perante as novas políticas 
sociais.
A Unidade 1 está dividida em quatro tópicos. Para um melhor aprofundamento 
do conteúdo e fixar melhor seus conhecimentos, no final de cada tópico você 
terá oportunidade de realizar as atividades propostas.
TÓPICO 1 – A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS 
 NO BRASIL
TÓPICO 2 – O LEGADO ELITISTA E AUTORITARISMO NA 
 REPRESENTAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
TÓPICO 3 – AS REFORMAS NEOLIBERAIS: CONTRASSENSOS E 
 RETROCESSOS
TÓPICO 4 – O ESTADO BRASILEIRO PERANTE AS NOVAS 
 POLÍTICAS SOCIAIS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS 
POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Esta primeira unidade deste Caderno de Estudos, tem como objetivo avaliar 
os principais processos econômicos e sociais, mediante os quais são determinadas 
e produzidas as políticas sociais públicas em todo território brasileiro.
No desenvolver dos tópicos pretende-se apresentar e materializar 
conhecimentos sobre as configurações específicas de cada esfera sociopolítica 
de ações estratégicas desenvolvidas no que se refere à proteção social, através 
de percepções históricas e críticas da formação econômica e social do Brasil, 
enfatizando também questões culturais e políticas.
A contribuição teórica-metodológica enfatiza um enfoque para a 
problematização dos conceitos em estudo, e que sejam voltados para a compreensão 
histórica das políticas públicas sociais no país, com destaque às que estão ligadas 
em um contexto socioassistencial, através da atuação profissional dos trabalhadores 
das áreas sociais, que se esforçam na complexidade das instituições, tradicionais 
ou não.
Este resgate histórico tem sua concretude para a obrigação de um 
conhecimento sobre a formação econômica e política brasileira, oportunizando um 
melhor pensar e avaliar o descobrimento do Brasil em sua dinâmica histórica.
Segundo Motta (1994, p. 19), “[...] tentando não cair na velha tradição 
historicista de “contar a história tal qual ela se passou”. Diante da reflexão 
teórica-histórica que esta unidade de ensino se apresentará, buscando o resgate 
de contradições e de perspectivas da política de assistência social, como política 
pública no Brasil.
Caro(a) acadêmico(a), então, buscando o resgate histórico da assistência 
social, vamos aos estudos!
Bons estudos!
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
4
FIGURA 1 – POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
FONTE: Disponível em: <http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Revista-mostra-
situacao-das-politicas-sociais-de-Norte-a-Sul-do-pais/4/32727>. Acesso em: 9 jun. 2015.
A abrangência histórica das políticas sociais no Brasil, enfatizando a política 
de Assistência Social, gera algumas provações, que são importantes devido às 
dimensões das análises e reflexões que envolvem o Serviço Social como profissão. 
Neste sentido, Iamamoto (1998, p. 20) apresenta: 
Para garantir uma sintonia do Serviço Social com os tempos atuais, é 
necessário romper com uma visão endógena, focalista, uma visão ‘de 
dentro’ do Serviço Social, prisioneira em seus muros internos. Alargar 
os horizontes, olhar para mais longe, para o movimento das classes 
sociais e do Estado, em suas relações com a sociedade; não para perder 
ou diluir as particularidades profissionais, mas ao contrário, para 
iluminá-las com maior nitidez. 
O questionamento crítico, que existe em torno da assistência social e da 
construção do desenvolvimento histórico brasileiro, define importantes bases 
teóricas no que diz respeito aos entendimentos contraditórios da assistência 
social como uma política social pública específica. Com isso foi possível elaborar 
procedimentos ao exame de certos traços construtivos da elaboração da assistência 
social como política pública no país. Desse modo, a assistência social conseguiu 
introduzir o modelo constitutivo, voltado à evolução, para que se possa apreender 
algumas de suas características singulares na formação histórica social brasileira.
Para Teixeira (1987, p. 48), esta compreensão está explícita através do 
contexto teórico-metodológico, pois:
A emergência e desenvolvimento de uma política social é, por um lado, a 
expressão contraditória da relação apontada [capital e trabalho], sendo, 
ao mesmo tempo, fator determinante no curso posterior desta mesma 
relação entre as forças sociais fundamentais. Assim sendo, para o campo 
das políticas sociais confluem interesses de natureza contraditória, 
TÓPICO 1 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
5
advindos da presença de cada um destes atores na cena política, de 
sorte que a problemática da emergência da intervenção estatal sobre as 
questões sociais encontra-se quase sempre multideterminada. 
2 COMPREENDENDO AS POLÍTICAS SOCIAIS
Diante da multiplicidade de interesses e determinações visíveis que 
foram eleitas como expressões sintéticas que podem concentrar-se como questão 
específica, pela qual a assistência social, através da Constituição Federal de 88 – 
CF/88, passou a ser parte integrante de proteção social.
DICAS
Conforme a CF/88: 
Seção IV
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de 
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua 
integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao 
idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida 
por sua família, conforme dispuser a lei.
Cabe ressaltar que a assistência social, perante a CF/88 teve um novo 
desenho e papel nas políticas sociais e se institui como escudo dos princípios da 
seguridade social. Se analisarmos na íntegra, podemos verificar que o conceito 
de seguridade social, na legislação atual, tem uma melhor compreensão, se for 
comparada as outras versões.
A CF de 88 representou um marco importante na inclusão da população 
no sistema público de seguridade social, através do chamado tripé da seguridade 
social.
 Conforme Wegrzynovski (2015, p. 212): “Um novo conceito de seguridade 
social foi a partir da Constituição Federal, que se constituiria em uma sociedade 
mais justa e solidária com as pessoas em situações de vulnerabilidade social”. 
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
6
Os conceitos e as informações sobre a seguridade social começaram a ser 
evidenciadas no sistema capitalista, início do século XX, onde houve a constituição 
dos Estados de Bem-Estar Social, pois o governo britânico, no decorrer da guerra 
de 1941, solicitou a constituição de uma comissão interministerial, para realizar 
um estudo, que objetivasse futuras reformas do sistema de seguros do país.
O estudo realizado ficou conhecido como Plano Beveridge, pois a comissão 
foi presidida por Sir William Beveridge, sociólogo inglês, e originou uma nova 
forma na seguridade social inglesa, sendo colocada em prática somente após a 
Segunda Guerra Mundial.
O plano tinha como objetivo a proteçãosocial de todas as pessoas que 
residiam na Grã-Bretanha, com fundamento no princípio da “necessidade”. O 
mesmo se desenvolveria através do auxílio de benefícios igualitários, que tinham 
como variante o estado civil ou sexo, sem ser considerado o rendimento anterior. 
Com este plano, houve a unificação das instituições de seguro social, através de 
apenas um serviço público, e centralizadas no Ministério da Seguridade Social.
Este modelo teve influência no Brasil nas primeiras décadas do século XX, 
sendo identificado nas reproduções e discursos dos técnicos e dos dirigentes dos 
institutos de previdências e do Ministério do Trabalho.
Os autores Oliveira e Teixeira, realizam uma avaliação através do 
documento do Serviço Atuarial do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, 
de 1950. Essa avaliação compreende: 
[...] a tendência moderna nesta questão é ampliar o âmbito dos antigos 
seguros sociais, para compreender nas finalidades do Estado, neste setor, 
não somente a Previdência stricto sensu, como também a assistência, a 
garantia do emprego etc., [...], a seguridade social do trabalhador [...]; 
da Previdência Social propriamente dita (seguro de pensões), desenvolver 
um amplo sistema de assistência social (prestações em natureza ou 
em serviços) [...]. Para que possa o segurado gozar dos benefícios da 
Previdência, [...] para que possa ser aposentado por velhice, precisa 
antes de mais nada sobreviver; a condição primordial é a saúde, a qual 
depende em grande parte de uma boa assistência médica, cirúrgica e 
hospitalar. Por outro lado, essa assistência, prevenindo os riscos de 
invalidez e morte prematuras, alivia o encargo de seguros de pensões. 
(OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1989, p. 175, grifos da autora).
Novamente citando Oliveira e Teixeira, o ideário da seguridade social, 
diante dos modelos que foram inicialmente idealizados pela comissão de Lord 
Beveridge, e que foi logo depois implementado na grande maioria dos países da 
Europa Ocidental, na ótica dos governos socialdemocratas e trabalhista, e que são 
originados no meio de uma articulação política, que era composta pelos países 
capitalistas que estavam aliados à Segunda Guerra, e que tinham como objetivo a 
reconstrução de hegemonia, com a elaboração de novas estratégias.
TÓPICO 1 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
7
Esse movimento corresponde, na verdade, a parte de um amplo 
processo de enfrentamento, no plano ideológico, simultaneamente 
aos projetos fascista e socialista de organização da sociedade, o 
primeiro dos quais, apesar de derrotado militarmente, demonstrara ter 
encontrado significativa aceitação em amplos setores de diversos países, 
enquanto o segundo estava em plena ascensão ao final do conflito [...]. 
A democracia liberal procurava demonstrar, em síntese que, como seus 
interlocutores, também tinha uma proposta avançada para a satisfação 
das ‘necessidades sociais’ (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1989, p. 176).
É importante relembrar alguns dos princípios norteadores de concepção 
que moldam o padrão de Seguridade Social, e serviram de bases estruturais dos 
Estados do Bem-Estar (Welfare States), e que foram utilizados como as principais 
referências os princípios teóricos e políticos para pensar, elaborar e implementar 
as legislações sociais na sua totalidade, mesmo sendo alvo de críticas durante todo 
processo.
Como principais princípios, podem-se destacar:
• A contribuição será adequada à capacidade do segurado e, também, não 
obrigatória;
• O direito a uma renda mínima será para todo cidadão, involuntariamente de 
contribuição, garantindo um padrão mínimo de bem-estar, apontado de acordo 
com a situação histórica concreta;
• A concessão do benefício não estará acondicionada a critério de mérito, instituído 
pelos agentes causadores da precisão.
Citando novamente Oliveira e Teixeira (1989, p. 178):
A Seguridade Social seria, nesta perspectiva, algo além de um mero 
sistema de concessão de benefícios. Consistiria, também, numa Política 
de Seguridade Social, na sua acepção mais abrangente, contemplando, 
além dos benefícios pecuniários tradicionais, ações de saúde, 
saneamento básico, educação, habitação, medidas de garantia do pleno 
emprego, redistribuição de renda, e outros. 
O modelo de proteção social que estava no auge na década de 50, baseado 
nos atributos acima citados, não foram materializados no Brasil. Pois o oposto 
aos modelos históricos que estavam se configurando nas políticas sociais, o país 
se caracterizou pelo domínio de um perfil limitativo e discriminatório, no que se 
refere aos direitos sociais.
Analisando as primeiras medidas no campo da legislação trabalhista 
e social, pode-se perceber que existe uma lógica da acumulação elevada aos 
interesses e anseios coletivos da classe trabalhadora, resultado da correlação de 
forças antidemocráticas instituídas entre o Estado e a Sociedade.
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
8
FIGURA 2 - RELAÇÃO DE PODER
FONTE: Disponível em: <http://blogdaboitempo.com.br/2013/02/page/2/>. Acesso 
em: 12 jun. 2015.
Apesar de forças antagônicas que as políticas sociais no Brasil sofreram, 
em especial a de Assistência Social, desde a CF de 88 começou a ser compreendida 
com mais clareza e nitidez como já citado, no que diz respeito aos direitos do 
cidadão e o dever do Estado, para a proteção social e de suas potencialidades de 
aprimoramento.
Resgatando a história política do país, a década de 1930 foi o momento 
histórico inicial mais representativo de intervenção estatal nas esferas das 
políticas sociais e econômicas, decorrente do período da modernização industrial, 
e das relações sociais que foram constituídas como a nova ordem capitalista, o 
que ocasionou para o Estado uma nova maneira para explorar novas formas de 
gerenciamento institucional, buscando uma regulação social, através de novas 
iniciativas governamentais.
Durante este período o Brasil estava saindo de uma grande crise econômica 
e política, que foi originada devido ao colapso monocultor da oligarquia cafeeira.
TÓPICO 1 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
9
A CRISE DE 1930, A QUEIMA DO CAFÉ, A 2ª GUERRA E A ERA DOURADA
 
Samuel Sérgio Salinas
Examinada deste ponto de vista, a Grande Depressão dos anos 1930 do 
século passado e suas consequências foi um fenômeno tipicamente econômico 
financeiro. A nossa proposta é acrescer a descrição dos acontecimentos econômicos 
com a visibilidade de intensa atividade política desses anos que precederam a mais 
devastadora das guerras, onde a decisão política inaugurou a barbárie da era atômica. 
No Brasil, a queda nas exportações de café caiu mais da metade entre 1929 e 
1932. O preço do produto despencou um terço em 1931. A entrada de capital estrangeiro 
cessou quase por completo em 1932, informa Werner Baer, que acrescenta que o 
Brasil foi o primeiro país latino-americano a introduzir o controle do câmbio e outras 
medidas diretas da mesma natureza, combinados com a desvalorização da moeda, 
reduzindo as importações em cerca de dois terços. Muito café, porém, foi queimado. 
O valor da produção destruída era muito inferior ao montante da renda criada, 
informa Celso Furtado. Essa providência antecipa as recomendações de Keynes, 
ou seja, a construção de pirâmides para sustentar o emprego, a renda e o consumo. 
No caso brasileiro permitiu manter a produção e o emprego de cerca de 200.000 
trabalhadores. A produção prosseguiu, graças aos subsídios à agricultura, patrocinado 
pelo Conselho Nacional do Café, conhecidos como “socialização dos prejuízos”. 
Um tanto paradoxalmente, a queda nas importações de produtos 
industrializados favoreceu a indústria nacional: foi a nossa segunda substituição 
de importações, lembrando que a primeira ocorreu durante a conflagração 
de 1914-1918. Parte da dívidabrasileira foi suspensa: a crise da dívida dos 
anos 1930, que se estendeu célere e feroz aos países subdesenvolvidos, 
ofereceu aspectos semelhantes às mais recentes crises ocorridas durante 
o predomínio neoliberal dos anos antecedentes ao governo Lula da Silva. 
A interação cidade-campo nos anos de crise em todo o mundo 
produziu o círculo vicioso que debilitou o conjunto. Forçados pela queda dos 
produtos primários de exportação, os países da periferia foram obrigados a 
desvalorizar as suas moedas para continuar no mercado. A situação não era 
exclusiva dessas economias, caracterizadas na época de subdesenvolvidas. 
FONTE: Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/170692-297>. Acesso em: 13 jun. 2015.
A oligarquia dominante naquele período defendia e possuía os interesses 
diferenciados de outros setores, principalmente em relação às oligarquias gaúchas 
e mineiras, que eram responsáveis pela produção do algodão, açúcar, carne 
e laticínio, que abasteciam o mercado interno. Desde o início do século, com o 
surgimento de novos grupos econômicos, outros sujeitos históricos se fortalecem, 
LEITURA COMPLEMENTAR 1
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
10
como a classe burguesa industrial, os operários e a denominada classe média, que 
era composta pela burocracia civil e militar.
Neste período, necessitava-se de uma nova política de exportação, que 
fosse articulada com as pressões da classe operária urbana, para melhoria das 
condições de trabalho e vida.
Para Coutinho (1989, p. 123): 
Naquele período, o movimento operário lutava pela conquista de direitos 
civis e sociais, enquanto as camadas urbanas emergentes exigiam uma 
maior participação política. Essas pressões ‘de baixo’ (que não raramente 
assumiam a forma de um ‘submersíssimo, esporádico, elementar, 
desorganizado’) fizeram com que um setor da oligarquia agrária 
dominante, o setor mais ligado à produção para o mercado interno, 
se colocasse à frente da chamada Revolução de 30. O triunfo dessa 
Revolução levou à formação de um novo bloco de poder, no qual a fração 
oligárquica ligada à agricultura de exportação foi colocada numa posição 
subalterna, ao mesmo tempo em que se buscava cooptar a ala moderada 
da liderança político militar das camadas médias (os tenentes). 
A caracterização deste movimento revolucionário se deu pelo caráter 
elitista, através da nova classe econômica, ou seja, um novo bloco de poder, 
que constituiu reordenamento e rearticulação interna dos setores econômicos 
e oligárquicos. Esse movimento entre as oligarquias, pela sua natureza, foi um 
movimento antipopular e conservador, através da incorporação dos setores mais 
conservadores e que ainda não obtinham o controle da máquina estatal, como por 
exemplo, o setor cafeeiro de São Paulo.
IMPORTANT
E
Com a criação de um bloco de poder elitista, os setores populares foram excluídos 
de política, economia e outras.
Esses indícios são importantes para entender os caminhos constitutivos da formação histórica 
social do Brasil.
Para Coutinho (1993), esta manutenção da classe dominante, revela o 
perfil antidemocrático e de exclusão da classe trabalhadora, dos processos de 
transformações sociais, sendo caracterizado como uma “revolução passiva”, 
caracterizado no pensamento de Gramsci.
[...] uma constelação histórica na qual se dá uma conciliação entre 
frações das classes dominantes, com a explícita tentativa de excluir o 
povo de uma participação mais ampla nos processos de transformação. 
TÓPICO 1 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
11
Gramsci diz que as revoluções passivas provocam mudanças na ordem 
social, mas mudanças que também conservam elementos da velha 
ordem. (COUTINHO,1993, p. 79).
Mesmo sem nenhuma representação política, algumas reivindicações e 
demandas apresentadas pelas classes subalternas deveriam ser aceitas pela classe 
dominante e que estava no poder, para que fosse possível a implementação de um 
projeto político e econômico, como possibilidades de negociação.
Os setores dominantes, que estavam sob o comando de Getúlio Vargas, 
quase que radicalizaram o autoritarismo, inserindo um regime de exceção mais 
correspondente, para um projeto de sociedade capitalista. Coutinho (1989, p. 123-
124) reflete que: 
Reprimido com extrema facilidade putsch [conhecido como Intentona 
Comunista] será o principal pretexto para a instauração da ditadura 
Vargas. Contudo, apesar de seu caráter repressivo e de sua cobertura 
ideológica de tipo fascista, o ‘Estado Novo’ varguista promoveu uma 
acelerada industrialização do País, com o apoio da fração industrial da 
burguesia e da camada militar; além disso, promulgou um conjunto de 
leis de proteção ao trabalho, há muito reivindicadas pelo proletariado 
(salário mínimo, férias pagas, direito à aposentadoria etc.), ainda que 
ao preço de impor uma legislação sindical corporativista, copiada 
diretamente da Carta del Lavoro de Mussolini, que vinculava os 
sindicatos ao aparelho estatal e anulava sua autonomia. 
FIGURA 3 – CRISE DE 1930
FONTE: Disponível em :<http://www.grupoescolar.com/pesquisa/caracteristicas-da-
industria-moderna.html>. Acesso em: 14 jun. 2015.
Sendo assim, a ditadura do Estado Novo foi responsável pela 
implementação de uma política econômica que estimulasse a industrialização, 
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
12
através de mecanismos que gerassem a acumulação através da intervenção estatal 
e que garantisse o mercado interno. 
O desenvolvimento da ordem econômica capitalista, depende de uma 
organização, influência e reprodução de um mercado força de trabalho, que tenha 
condição de promover a mão de obra assalariada, no que se refere às qualidades 
político-ideológicas e culturais para seu uso.
Wegrzynovski (2015, p. 201-208) afirma:
O Brasil desencadeou uma das maiores transformações do país, que 
foi chamada Revolução de 1930, foi liderada por Getúlio Vargas e ficou 
conhecida como a Era Vargas, a qual durou até 1945. Nesses 15 anos o 
Brasil se industrializou, provocando mudanças importantes na estrutura 
ocupacional da sociedade e a sua alocação nos setores econômicos, 
refletindo no aumento do número de trabalhadores nas empresas privadas, 
provocando o êxodo rural, um aumento nas populações das cidades e nas 
demandas de problemas sociais, como, por exemplo: falta de escolas, de 
habitação, de saneamento básico, de saúde, de assistência, entre outros. 
Perante as novas configurações econômicas, sociais, políticas e culturais que 
se instauraram no país, Vargas implementou uma legislação social e trabalhista, 
que além de sua amplitude, detinha o controle direto sobre a classe trabalhadora 
e na regulamentação das organizações sindicais, sendo ligadas ao Ministério do 
Trabalho, que foi criado neste período.
O que antes se chamava de discurso da “colaboração de classe”, foi 
estabelecido em um reconhecimento legal das vulnerabilidades dos trabalhadores, 
objetivando o abandono da chamada “destrutiva ideologia de luta de classe”, e a 
classe trabalhadora limitasse a sua organização em uma representação, de caráter 
corporativo ao próprio Estado.
Consequentemente, aos objetivos acima foram promulgados diversos 
decretos que afetaram diretamente as organizações sindicais, onde estabeleceram 
o sindicalismo único, unidade sindical, criava-se a possibilidade da intervenção do 
Ministério do Trabalho, onde teria autonomia suficiente para intervir na direção 
sindical, podendo até destituir uma direção eleita, se não fosse de acordo com as 
ideias do governo.
Faleiros (1992, p. 100) analisa essas diretrizes, afirmando:
Como os sindicatos se transformaram em ordens de colaboração com o 
Estado, as reivindicações dos trabalhadores são canalizadas pelos novos 
aparelhos semioficiais. A função principaldas organizações sindicais não é 
mais a reivindicação e a pressão, mas a assistência médica, jurídica e cultural 
de seus membros. Despolitiza-se a ação sindical e, ao mesmo tempo, retira-
se dela o seu potencial de mobilização reivindicativa e política.
O perfil elitista das políticas sociais e trabalhistas, através da 
institucionalização das mesmas, acerou diretamente no campo da assistência 
TÓPICO 1 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
13
FIGURA 4 – CLIENTELISMO POLÍTICO
FONTE: Disponível em: <https://gastao30.wordpress.com/tag/politica/>. Acesso 
em: 14 jun. 2015.
social, que foram caracterizadas pelas ações de caridade e filantropia, através do 
imediatismo e interesses clientelistas.
O Serviço Social surge no Brasil durante o século XX, sendo um instrumento 
para atender imediatamente as demandas sociais, que se estruturavam neste 
novo período da história do modelo capitalista. O Estado começa a ser obrigado 
a responder aos problemas sociais que estão surgindo no contexto da sociedade.
Foi durante esse período que começam a ser criadas as primeiras políticas 
públicas sociais para atender às necessidades da população e instrumentalizar o 
Serviço Social, como profissão.
Para Iamamoto (2007, p. 171): “A profissionalização do Serviço Social 
pressupõe a expansão de produção e de relações sociais capitalistas, impulsionadas 
pela industrialização e urbanização, que trazem, no seu verso, a questão social”. 
Sobre as ações que estavam sendo desenvolvidas na área da assistência 
social, foram observadas por Sposati et al. (1987, p. 45):
A assistência Social [...] se reveste de maior racionalidade, introduzindo 
serviços sociais de maior alcance, sem perda, no entanto, de sua 
característica básica; o sentido do benefício ou da benevolência, só 
que, agora, do Estado. [...] é em 1938 que o Decreto-lei nº 525 estatui 
a organização nacional de Serviço Social enquanto modalidade de 
serviço público, através do Conselho Nacional de Serviço Social, junto 
ao Ministério de Educação e Saúde. 
 
O Conselho Nacional de Serviço Social, criado por decreto, teve sua atuação 
em diversos dividendos objetivos e na área da assistência social, sendo apontado 
por suspeitas de uso manipulado das verbas e também de indevidas subvenções 
sociais, que são próprias do modelo clientelismo político.
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
14
A história da assistência social, como política social, foi marcada por mais 
de meio século de corrupção e desvio de recursos financeiros destinados a essa 
área, sendo evidenciados para a sociedade, através dos escândalos que envolviam 
parlamentares que faziam parte da Comissão de Orçamento do Congresso Nacional, 
no período do governo do Presidente da República Fernando Collor de Melo.
Na época, o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), era ineficaz no 
que se referia ao combate às práticas de corrupção, com recursos públicos, ou 
até cúmplice das irregularidades na utilização das verbas que eram destinadas 
à implementação de políticas sociais, e que acabaram sendo desviadas para a 
utilização clientelista dos diversos setores governamentais, como por exemplo: 
deputados, senadores e até por membros do Executivo.
Analisando o que representa o uso indevido, o mau uso dos recursos 
públicos, está longe de ser reprimido no Brasil, pois infelizmente a prática que está 
fundamentada nessa natureza, nutre várias estruturas de poder e de desenvolvimento 
ilícitos que se fazem presentes na atual conjuntura política e econômica.
FIGURA 5 – ANTICORRUPÇÃO 
FONTE: Disponível em: <http://www.adjorisc.com.br/politica/movimento-
anticorrupc-o-volta-as-ruas-em-35-cidades-nesta-terca-feira-1.986627#.
VX5E3flViko>. Acesso em: 15 jun. 2015.
Neste sentido, consegue-se perceber que a trajetória da formação da 
classe burguesa no Brasil é contraditória, e evidencia um reconhecimento parcial 
aos princípios de cidadania pela classe dominante pelo Estado, através das 
transformações institucionais e políticas a partir da Revolução de 1930.
O autor Marshall (1967), em seu escrito “Cidadania e Classe Social”, afirma 
que o Brasil possui uma característica peculiar na formação no seu processo 
histórico, que contradiz com sequências cronológicas das aquisições e conquistas 
dos direitos sociais, tendo como referência a Grã-Bretanha, para consolidar a lógica 
de implementação desses direitos, que se estruturam incialmente pelos direitos civis, 
seguidos dos direitos políticos e finalizando com os direitos sociais.
TÓPICO 1 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
15
Com o reconhecimento dos direitos sociais, que beneficiaram em especial a 
burguesia e as classes dominantes, como os direitos trabalhistas e sociais, impostos 
na Era Vargas, que foi considerado um governo repressor para os segmentos de 
oposição política, mas cauteloso com as necessidades de legitimação da classe de 
trabalhadores, desprovidas de qualquer forma de politização, sendo um governo 
vigilante nas demandas dos trabalhadores, mas receptivo à reivindicação de 
organização, representação e reprodução da força de trabalho, solicitada pelo 
modelo capitalista.
Sendo assim, assume-se uma coerência excludente e ineficaz do sistema 
de seguridade social no Brasil, que reflete de forma antidemocrática a relação 
que o Estado estabeleceu com cidadãos brasileiros, a partir do momento que leva 
o desconhecimento dos direitos e interesses fundamentais e legítimos da classe 
operária, gerando assim um aumento do empobrecimento dos trabalhadores, 
tanto por bens materiais e de formação política no resgate à cidadania.
Para entender melhor as políticas sociais pós-30, Santos (1979, p. 132) traz 
o conceito sobre a conquista da cidadania e o papel do Estado, como “cidadania 
regulada”, sendo assim, “Por cidadania regulada, entendo o conceito de cidadania 
cujas raízes encontram-se não em um código de valores políticos, mas em um 
sistema de estratificação ocupacional [...]”. 
Este conceito apresentado pelo autor, se tornou um referencial característico 
da formação social de toda a população brasileira, devido à inclusão parcial e 
seletiva de alguns setores e segmentos sociais, principalmente os que envolvem 
as classes trabalhadoras, no que diz respeito à participação dos trabalhadores no 
processo decisório sobre as políticas sociais e econômicas do país.
O Estado brasileiro, através da cidadania reguladora dos processos 
históricos, passou a ter atitude centralizadora e autoritária pós-30, mostrando que 
sempre esteve a serviço de interesse da inciativa privada, sendo que este princípio 
de privatização se perpetua até os dias atuais.
Coutinho (1993, p. 87) apresenta que:
O fato de ter sido esse Estado sempre muito forte e de ter aparentemente 
se superposto à ordem privada não anula, de modo algum, a realidade 
fundamental: a de que toda essa força foi sempre, em primeira ou em 
última instância, mais em primeira do que em última, um poderoso e 
eficiente instrumento a serviço de interesses estritamente privados. 
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
16
FIGURA 6 - INTERVENÇÃO DO ESTADO
FONTE: Coutinho (1993) 
No transcorrer da história do Estado brasileiro, consegue-se analisar que o 
mesmo foi se moldando na década de 1930, e cada vez mais aperfeiçoando durante 
o período pós-1964 e no decorrer da ditadura militar, como patrimonialistas, pois 
os diferentes governos que se sucederam nestes anos eram eleitos e representados 
pelas elites dominantes e seus dirigentes.
Essas características estavam centradas em ações tradicionalistas, 
paternalistas e clientelistas, que vigoraram até o governo do presidente Fernando 
Henrique Cardoso, mesmo com promessa de desmontar o modelo patrimonialista, 
teve seu mandato como todas as evidênciasdos anteriores, principalmente no que 
se refere à privatização das empresas estatais.
A privatização de vários segmentos públicos se expressam através da 
intervenção estatal, do Estado, na inovação das condições favoráveis para a 
ampliação do capital privado, que desde o golpe de 64, passou a consentir 
prioritariamente aos interesses do capital financeiro multinacional, sendo este um 
caminho que se efetua em grandes dimensões na chamada política de globalização, 
a partir de 1995, com o governo de FHC. 
Este período da história brasileira, não veio de encontro com a 
equidade social e efetivação da cidadania, como se almejava, e sim, ocorreu 
um redirecionamento do Estado em relação ao seu papel econômico, através 
de seu desempenho protagonista no modelo de inserção de sistema capitalista 
monopolista mundial, gerando um regime antidemocrático dos direitos sociais e 
políticos da classe trabalhadora.
Mediante esta função de acumulação desenvolvida do capital monopolista 
por parte do Estado, desde 1964, o autor Coutinho, baseado nas reflexões de 
Gramsci, descreve o conceito de “revolução passiva”:
As forças produtivas da indústria, através de uma intervenção 
maciça do Estado, desenvolveram-se intensamente, com o objetivo de 
favorecer a consolidação e a expansão do capitalismo monopolista. 
A estrutura agrária, por seu turno, mesmo conservando o latifúndio 
TÓPICO 1 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
17
como eixo central, foi profundamente transformada, sendo hoje 
predominantemente capitalista. A camada tecnocrático-militar, que se 
apoderou do aparelho estatal, certamente controlou e limitou a ação 
do capital privado, na medida em que submeteu os interesses dos 
múltiplos capitais ao capital em seu conjunto, mas adotou essa posição 
‘cesarista’ precisamente para manter e reforçar o princípio do lucro 
privado e para conservar o poder das classes dominantes tradicionais, 
quer da burguesia industrial e financeira (nacional e internacional), 
quer do setor latifundiário que ia se tornando cada vez mais capitalista. 
(COUTINHO, 1989, p. 124).
Esta categoria chamada de “revolução passiva”, também foi empregada 
pelo pensador marxista, que serviu para esclarecer a mudança do capitalismo 
italiano, que estava na fase concorrencial, para a fase monopolista.
A ditadura brasileira adotou alguns procedimentos, que fortaleceu o 
projeto de dominação imposto pelo sistema que estava em vigor. 
Segundo Faleiros (1992, p. 179):
O capital multinacional, que tende a oligopolista, se implanta através 
dos setores mais modernos e mais rentáveis, isto é, na indústria de 
bens duráveis. Ocupa, ao mesmo tempo e gradativamente, os espaços 
de financiamento para compra desses produtos, sua comercialização, e 
alcança os investimentos agrícolas. Formam-se conglomerados cada vez 
maiores em todos os setores da economia. Nesse processo, entram na 
órbita do capital multinacional várias empresas nacionais, por compra 
ou simples associação [...] O Estado propicia tal concentração através 
dos seus mecanismos de união do bloco dominante e de controle do 
conjunto das medidas econômicas. 
Existem outros fatores importantes que precisam ser destacados e avaliados 
no modelo econômico, durante o período da ditadura, que está relacionado nas 
categorias fundamentais para a implementação de um padrão antipopular e 
concentrador de poder e de riquezas, que é o recurso à violência (diversas formas), à 
repressão e coerção direta e à plena restrição da liberdade.
É importante recordar que, naquele período, a repressão política e militar 
foi contra os movimentos sociais organizados, como sindical, estudantil e social, 
que lutavam por uma política salarial, que objetivava o achatamento e perdas 
salariais, impostas à força pelo regime militar.
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
18
FIGURA 7 – REPRESSÃO MILITAR 1964
FONTE: Disponível em: <http://militanciapolitica.webnode.com.br/a%20
resist%C3%AAncia%20aos%20anos%20de%20chumbo/>. Acesso em: 17 jun. 2015.
O autoritarismo foi um dos procedimentos mais utilizados, para a 
negociação das políticas públicas sociais, tendo sempre relevância os interesses das 
classes dominantes. Neste sentido, não somente os canais de participação popular, 
como partidos políticos, sindicatos, organizações sociais sofreram retaliações em 
relação à formação política das massas trabalhadoras.
Para Viana (1989, p. 26):
Agências formuladoras ou reguladoras de políticas econômicas (aquelas 
que têm a ver com o processo produtivo), responsáveis por traduzir 
demandas setoriais em decisões generalizantes, estabelecem vínculos 
diretos com ‘clientelas’ selecionadas, garantindo no interior do aparelho 
estatal o lócus para a articulação técnica de seus interesses. 
A neutralidade no reconhecimento dos reais interlocutores dos diversos 
setores internos da burguesia, não vem de encontro com os verdadeiros interesses 
sociais. Sendo assim, conservaram-se as chamadas classes “clientelas” ou “pelegas” 
no movimento sindical, pois não possuíam nenhuma representatividade ou 
comprometimento na defesa dos trabalhadores.
Diante da anulação dos direitos políticos e sociais em todos os setores da 
sociedade que visavam combater democraticamente os direitos da sociedade civil, 
as opções de ampliação dos recursos na área social estão limitadas. 
Porém, o mito das opções técnicas e racionais se tornam automatizadas, 
pela abrangência, mediante os discursos que foram propagados equivocadamente 
aos interesses políticos individualistas e particularistas.
Mediante esta questão, Viana (1989, p. 26) observa que:
Mantida a aparência constitucional, com a realização de eleições 
periódicas e câmaras legislativas em funcionamento, a política social, 
TÓPICO 1 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
19
através das imensas máquinas burocráticas de suas agências, cargos 
disponíveis e serviços prestáveis, transformou-se em esfera ideal para 
o fazer política uma política estreita e eleitoreira, alternativa ao tipo de 
competição política em que se reconhecem pressões conflitantes e se 
negociam interesses divergentes em arenas abertas. 
Em todo o período do regime autoritário acontece a materialização 
institucional fundamentalmente conservadora no sistema de proteção social, sendo 
que os princípios de financiamento são edificados através de critérios contrários ao 
da equidade social, acontecendo um bloqueio em todas as formas de transferências de 
rendas, através de setores e fontes de recursos de financiamento e de transferência de 
renda. Essas medidas afetaram diretamente os trabalhadores e operários assalariados, 
pois contribuíram de forma decisiva para a eliminação dos meios de acesso da 
população nas políticas públicas sociais, em especial as de assistência social.
DICAS
Caro(a) acadêmico(a), a leitura do livro a seguir é fundamental para que você 
consiga aprofundar melhor seus conhecimentos.
Ensaio fundamental para a compreensão da formação social e política 
brasileira. Partindo das origens portuguesas de nosso patronato 
político, o autor demonstra como o Brasil foi governado, desde a 
colônia, por uma comunidade burocrática que acabou por frustrar o 
desenvolvimento de uma nação independente. Sua análise abarca o 
longo período que vai da Revolução Portuguesa do século XIV até a 
Revolução de 1930 no Brasil. Esta edição foi revista e acrescida de um 
índice remissivo.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder, formação do patronato 
político brasileiro. 5. ed. Rio de Janeiro: Ed. Globo, 2012.
LEITURA COMPLEMENTAR 2
A RESISTÊNCIA AOS ANOS DE CHUMBO
Ramati
“Ex-Militante Político”
Um dos períodos de maior terror e crueldade em toda a história do Brasil foi 
o da repressão implantada pela ditadura que sobreveio ao golpe militar de março 
de 1964,que destituiu um presidente eleito e praticou prisões ilegais, torturas, 
assassinatos, perseguições, censura, proibições, extinguiu as liberdades políticas e 
fechou o Congresso Nacional por várias vezes.
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
20
 A ação do estado autoritário que assaltou o poder, deixou marcas profundas 
em toda uma geração que carrega em sua memória, as lembranças do horror e 
da tensão dos “anos de chumbo”, mas também o orgulho de ter impetrado uma 
resistência firme, trazendo à tona para a sociedade brasileira, toda a podridão 
abrigada no interior do regime militar. No início da década de 60, o Brasil vivia um 
processo político muito intenso, com as mais diversas forças sociais atuando no 
cenário nacional, onde os movimentos populares se expressavam de forma aberta 
e davam passos na sua livre organização.
Estudantes, trabalhadores, artistas e intelectuais se empenhavam na 
democratização da educação e da cultura. O Presidente João Goulart aproxima-se 
destes setores mais à esquerda com medidas nacionalistas como a Lei de Remessa 
de Lucro e discute-se amplamente a reforma agrária, tendo como referência 
importante as Ligas Camponesas, organizadas por Francisco Julião. Setores 
conservadores, aliados ao capital estrangeiro, inflam o velho fantasma do “perigo 
comunista” e precipitam um golpe que depõe Jango, implantam uma ditadura 
militar, que logo nas primeiras semanas, demite 10 mil funcionários públicos, 
prende 40 mil pessoas, destrói 25 mil livros de autores diferentes e cassa os direitos 
políticos de 2.700 cidadãos, dando início a um terrível período de cerceamento de 
direitos e desrespeito à condição humana.
Para se consolidar no poder, a ditadura busca neutralizar o movimento 
de oposição, e extingue 13 partidos políticos, cancela as eleições presidenciais 
previstas para 1966, cria a Lei de Imprensa e a Lei de Segurança Nacional, intervém 
na estrutura sindical e joga a CGT na ilegalidade, além de continuar cassando, 
prendendo e exilando inúmeras lideranças populares. Mesmo estabelecendo um 
permanente estado de sítio, com o AI-5 institucionalizando o terror e centros 
de tortura e morte espalhados pelo país, a ditadura não consegue neutralizar a 
resistência que de imediato manifesta sua insatisfação promovendo passeatas, 
greves e manifestações as mais variadas, com os estudantes dirigidos pela UNE, 
assumindo a vanguarda do protesto. No Calabouço, morria Edson Luiz e nas ruas 
a célebre passeata dos 100 mil protestava:
 
“Vem vamos embora que esperar não é saber 
 quem sabe faz a hora não espera acontecer” (Geraldo Vandré)
 
 A esquerda aprofundava o debate interno sobre táticas e estratégias políticas, 
e com isso novas ramificações surgiam da matriz do Partido Comunista (MR-8, 
POL0P, COLINA, VPR, VAR-PALMARES, POC, ALN, PCBR, AP etc.). Contra a 
ditadura qualquer maneira de luta vale a pena. As ações armadas surgem e se 
ampliam: invasões e tomadas de rádios para divulgação de manifestos, sequestros 
de diplomatas para serem trocados por presos políticos e assaltos a bancos para 
financiamento da luta revolucionária. 
Na virada da década, o país do “ame-o ou deixe-o”, cantava “prá frente 
Brasil, salve a seleção”. Era o tempo da Transamazônica, milagre econômico, 200 
milhas, e cartazes espalhavam em todos os cantos o rosto de centenas de jovens 
idealistas sob o rótulo de terroristas, e haja assassinatos: Marighella, Mário Alves, 
TÓPICO 1 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
21
Joaquim Câmara, Lamarca, Stuart Angel, Honestino Guimarães, José Porfírio, 
Paulo Wright, Pedro Pomar, e muitos outros.
Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia ........ 
(Chico Buarque)
Mais uma vez os estudantes nas ruas, pelas Liberdades Democráticas e 
Anistia Ampla Geral e Irrestrita, e junto com as donas de casa e os trabalhadores 
contra a carestia, greves econômicas, passeatas etc. Novamente o movimento 
popular se organizava contra a Ditadura. O MDB ganha as eleições para 
governador em 1974, instituições como CNBB, ABI, OAB, UNE, sindicatos e setores 
progressistas da Igreja manifestavam-se seguidamente “contra a fome e a farsa”. 
Denúncias de prisões arbitrárias, torturas e mortes, como a do jornalista Vladimir 
Herzog, e o operário Manoel Fiel Filho, eram cada vez mais contundentes, o que 
desestabilizava o governo militar. A luta pela anistia ganha corpo, mas a promessa 
de abertura “lenta e gradual” não extinguiu a violência. A extrema-direita tenta 
se articular e lança ofensiva com ameaças e atentados a bombas contra jornais de 
oposição, personalidades e entidades democráticas. Mas o “outro dia” já vinha 
raiando, fechando 20 anos (1964/84) de Ditadura Militar no Brasil, nos quais 500 
mil pessoas foram processadas, indiciadas, ou presas por motivos políticos.
Até hoje restam fatos a esclarecer, paradeiros a desvendar, mortos 
a enterrar. Uma mancha forte de sangue brasileiro ainda é viva, apesar das 
tentativas de se instalar um pacto velado de silêncio e de não se apurar tais 
incógnitas. A resistência impetrada pelo povo brasileiro nos “anos de chumbo” 
contra a intolerância, o desrespeito e a violência desumanas impostos por um 
governo tirano demonstravam mais uma vez que, onde quer que se levante contra 
ele a opressão, ele não se renderá, pelo contrário, responderá com luta, da forma 
que for possível e necessária para derrubar tudo aquilo que lhe ousar oprimir.
FONTE: Disponível em: <http://militanciapolitica.webnode.com.br/a%20resist%C3%AAncia%20
aos%20anos%20de%20chumbo/>. Acesso em: 18 jun. 2015.
22
Neste tópico você viu que:
• A abrangência histórica das políticas sociais no Brasil, enfatizando a política 
de Assistência Social, gera algumas provações, que são importantes devido à 
dimensão das análises e reflexões que envolvem o Serviço Social como profissão.
• O questionamento crítico que existe em torno da assistência social e da construção 
do desenvolvimento histórico brasileiro, definem importantes bases teóricas no 
que diz respeito aos entendimentos contraditórios da assistência social como uma 
política social pública específica.
• A multiplicidade de interesses e determinações visíveis que foram eleitas como 
expressões sintéticas que podem concentrar-se como questão específica, pela 
qual a assistência social, através da Constituição Federal de 88, passou a ser 
parte integrante de proteção social.
• A CF de 88 representou um marco importante na inclusão da população no 
sistema público de seguridade social, através do chamado tripé da seguridade 
social.
• Os conceitos e as informações sobre a seguridade social começaram a ser 
evidenciados no sistema capitalista, início do século XX, onde houve a 
constituição dos Estados de Bem-Estar Social.
• Alguns dos princípios norteadores de concepção que moldam o padrão de 
Seguridade Social, e serviram de bases estruturais dos Estados do Bem-Estar.
• O modelo de proteção social que estava no auge na década de 50, que estava 
baseado nos atributos acima citados, não foi materializado no Brasil. Pois o 
oposto aos modelos históricos que estavam se configurando nas políticas sociais, 
o país se caracterizou pelo domínio de um perfil limitativo e discriminatório, no 
que se refere aos direitos sociais.
• Resgatando a história política do país, a década de 1930 foi o momento histórico 
inicial mais representativo de intervenção estatal nas esferas das políticas sociais 
e econômicas.
• Durante este período o Brasil estava saindo de uma grande crise econômica e 
política, que foi originada devido ao colapso monocultor da oligarquia cafeeira.
• A oligarquia dominante naquele período defendia e possuía os interesses 
diferenciados de outros setores, principalmente em relação às oligarquias 
gaúchas e mineiras, que eram responsáveis pela produção do algodão, açúcar,carne e laticínio, que eram abastecidos o mercado interno.
RESUMO DO TÓPICO 1
23
• Mesmo sem nenhuma representação política, algumas reivindicações e 
demandas apresentadas pelas classes subalternas deveriam ser aceitas pela 
classe dominante e que estava no poder.
• A ditadura do Estado Novo foi responsável pela implementação de uma política 
econômica que estimulasse a industrialização, através de mecanismos que 
gerasse a acumulação através da intervenção estatal e que garantisse o mercado 
interno.
• Vargas implementou uma legislação social e trabalhista, que além de 
sua amplitude, detinha o controle direto sobre a classe trabalhadora e na 
regulamentação das organizações sindicais, sendo ligadas ao Ministério do 
Trabalho, que foi criado neste período.
• O perfil elitista das políticas sociais e trabalhistas, através da institucionalização 
das mesmas, acerou diretamente no campo da assistência social, que foram 
caracterizados pelas ações de caridade e filantropia, através do imediatismo e 
interesses clientelistas.
• O Conselho Nacional de Serviço Social, criado por decreto, teve sua atuação em 
diversos dividendos objetivos e na área da assistência social, sendo apontado por 
suspeitas de uso manipulados das verbas e também de indevidas subvenções 
sociais, que são próprias do modelo clientelismo político.
• A trajetória da formação da classe burguesa no Brasil é contraditória, e evidencia 
um reconhecimento parcial aos princípios de cidadania pela classe dominante 
pelo Estado, através das transformações institucionais e políticas a partir da 
Revolução de 1930.
• Com o reconhecimento dos direitos sociais, que beneficiaram em especial 
a burguesia e as classes dominantes, como os direitos trabalhistas e sociais, 
impostos na Era Vargas, que foi considerado um governo repressor para os 
segmentos de oposição política.
• O Estado brasileiro, através da cidadania reguladora dos processos históricos, 
passou a ter atitude centralizadora e autoritária pós-30, mostrando que sempre 
esteve a serviço de interesse da inciativa privada, sendo que este princípio de 
privatização se perpetua até os dias atuais.
• A privatização de vários segmentos públicos se expressam através da intervenção 
estatal, do Estado, na inovação das condições favoráveis para a ampliação do 
capital privado, que desde o golpe de 64, passou a consentir prioritariamente 
aos interesses do capital financeiro multinacional, sendo este um caminho que 
se efetua em grandes dimensões na chamada política de globalização, a partir 
de 1995.
24
1 Com a Constituição Federal de 88, a proteção social passou a ser obrigatória aos 
cidadãos brasileiros, devido à multiplicidade de interesses e determinações 
visíveis que foram eleitas como expressões sintéticas que podem concentrar-
se como questão específica. Diante disso, cite na íntegra o artigo da CF de 88 
que apresenta a assistência social como direito garantido.
2 Descreva o que você entendeu sobre cidadania regulada.
AUTOATIVIDADE
25
TÓPICO 2
O LEGADO ELITISTA E AUTORITÁRIO NA 
REPRESENTAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
FONTE: Disponível em: <http://arquivo.geledes.org.br/areas-de-
atuacao?start=7786>. Acesso em: 19 jun. 2015.
Focalizando o contexto histórico das políticas públicas, em seus pequenos 
elementos distributivos, como por exemplo, a previdência social, onde se sabe que o 
seu modelo de financiamento admite diminuídas transferências de ativos para inativos, 
enfatizando um padrão simplesmente horizontal na distribuição do benefício. 
Contextualizando a política de previdência social, no período da década 
de 90, consegue-se verificar que ela relevava várias propostas de mudanças na 
regulamentação da previdência, mediante a revisão constitucional que estava em 
curso. As proposições convergiam contrárias às reformas neoliberais que recém 
estavam implementadas no Brasil.
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
26
2 A REPRESENTAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E O 
AUTORITARISMO DAS CLASSES SOCIAIS
Uma outra característica que se pode apontar sobre o sistema nacional de 
arrecadação, mencionado naquela época, é referente ao repasse integral dos custos 
das contribuições sociais aos valores das mercadorias por parte das empresas, assim 
os assalariados e os consumidores são os financiadores dos programas sociais.
Para Camargo (1991), o regime militar, no que se refere ao financiamento 
das políticas sociais, apresentou através de um perfil mais limitado e restrito, ou 
seja, autoritário e antipopular, para ampliar a arrecadação por meio da captação 
compulsória de poupança, usando as contribuições sociais, ao invés de ampliar 
a arrecadação das cargas tributárias, caracteristicamente fiscal, preservando o 
capital de realizar maiores gastos nas políticas sociais.
Sendo assim, a quantia de recursos que foram recolhidos com as contribuições 
sociais computou, naquele momento, mais de 50% da receita tributária de toda a 
União, que são recursos procedentes de um orçamento paralelo coberto pelo consumo 
compulsório das contribuições sociais.
Estas contribuições foram impostas com a justificativa de subsidiar as 
aplicações, projetos, programas e benefícios de instância social, consequentemente o 
Estado, União, estaria em última instância comprometido com as despesas sociais, 
pois ficaram acopladas diretamente aos fundos públicos exclusivos de cada área, e 
que já estavam discriminadas cada fonte de financiamento.
A característica desse modelo do sistema de arrecadação e financiamento, por 
mais injusto e induzido, pois o comprometimento com as políticas sociais, incidem 
somente para uma parte da sociedade, e nesses moldes, a classe trabalhadora, e o 
Estado, sempre descomprometido com os interesses sociais, sem disponibilidade de 
orçamento, mesmo através das arrecadações fiscais.
UNI
O Estado se tornou um mecanismo completamente insuficiente para responder 
de maneira democrática às necessidades primordiais e básicas da população brasileira.
No Brasil [...], dadas as condições de distribuição de renda e de salários, o 
baixo piso salarial e o limitado alcance do segmento formal do mercado 
de trabalho tornam o aporte de recursos fiscais simultaneamente mais 
necessário e mais difícil. Mais necessário, para fazer face aos gastos de 
cobertura de proteção social à população como um todo, não financiados 
com receita de contribuição. Mais difícil porque a esfera tributária revela-se 
TÓPICO 2 | O LEGADO ELITISTA E AUTORITARISMO NA REPRESENTAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
27
incapaz, face às limitações estruturais à expansão da receita impositiva, de 
acomodar uma crise fiscal originária de transferências para o setor privado 
e para o setor externo. (DAIN, apud VIANA,1989, p. 8).
Todas essas características que formam o conjunto da formação social 
brasileira, está fundamentada por origens profundas nas representações sociais 
e políticas que foram herdadas da redemocratização da economia. Até poucos 
anos atrás o Brasil era considerado país com maior número de desigualdade na 
distribuição de renda.
Os números que foram apresentados, no período militar, mostram que o PIB 
– Produto Interno Bruto – existia um percentual pequeno, relacionado à população, 
sendo 1% das famílias mais ricas, e que possuíam aproximadamente 20% de toda a 
renda nacional, contrapondo essa realidade, 50% dos mais pobres centralizavam 
apenas 10% de toda a riqueza produzida, o remanescente estava apropriado pelos 
extratos da proletarização da política recessiva. Esses dados foram ratificados através 
de relatório do Banco Mundial, e apresentam dados inquestionáveis.
Com efeito, os conhecidos relatórios anuais do Banco Mundial fornecem 
algumas estatísticas básicas sobre 129 países-membros, aforaaqueles com 
população inferior a um milhão de habitantes. Na sua última versão, o 
relatório apresenta informações de distribuição de renda para 46 países 
e entre estes o Brasil é o que aparece com o perfil mais iníquo. (ROMÃO 
apud CAMARGO, 1991, p. 104).
Mesmo diante desse quadro de concentração de riqueza, o Brasil passava 
por uma crise econômica que há décadas vinha se alastrando no país e sem prévia 
de duração. As escolhas e alternativas habituais tinham sido esgotadas, as mudanças 
de importações e financiamentos externos e contratos para a expansão da produção 
e a rolagem da dívida, esses eram chamados de “draconianos”, devido a acordos 
firmados que não traziam nada de benefícios aos trabalhadores.
DICAS
Caro(a) acadêmico(a): assista ao curta-metragem: O dia em que Dorival encarou 
a guarda:
Sinopse: Todo homem tem seu limite, e Dorival resolve 
enfrentar a tudo e a todos para conseguir o que quer. A 
história da luta desigual de um homem contra um sistema 
sem lógica e sem humanidade.
FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=zRO1HIVkFT>. Acesso em: 25 jun. 2015.
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
28
Com as dificuldades encontradas para superar a crise econômica, outros 
caminhos foram trilhados, sendo esses mais atrozes e ineficientes, causando a 
recessão, fundamentados no ideário neoliberal. 
 
O legado para combater de qualquer forma a inflação durante aquele 
período, houve um arrocho ainda maior dos salários, demissão em massa dos 
trabalhadores, e um enorme sucateamento dos patrimônios públicos, e efetivando 
os cortes nos recursos das políticas sociais, aumentando consequentemente as 
desigualdades sociais, fome, pobreza, desemprego. Outros segmentos com muito 
mais estrutura econômica se preveniam de qualquer forma de perdas. 
Essa chamada “herança indesejada”, foi apresentada por Benjamim (1991, p. 50): 
O atual sistema de poder que começa na hiperconcentração da riqueza 
e da terra, passa pelo predomínio dos oligopólios na economia, se 
reproduz no controle dos meios de comunicação de massa, apresenta 
poder de corrupção virtualmente ilimitado, garante sobre representação 
de oligarquias no Congresso Nacional e tem como reserva um judiciário 
conservador –, esse sistema de poder, aprisiona um grande país [...]. 
O poder das elites brasileiras no sistema em discussão, tenha se perpetuado, e 
deixado em seu caminho a marca da exclusão na história da sociedade brasileira, deve-
se destacar uma importante modificação nas estruturas obsoletas e distribuídas, que 
foi o processo de ampliação e materialização do processo das liberdades democráticas, 
mesmo que limitadas na dimensão política.
Assim, o Estado brasileiro, que era o retentor de extensos e ilimitados 
poderes, que mediava em torno de si, os setores politizados da sociedade, através 
de uma disputa corporativa de interesses, que se construiu durante este processo de 
resistência ao regime militar e nas lutas pela cidadania, uma combativa sociedade 
civil, que estava reconstruída através da participação e mobilização popular.
FIGURA 9 – MOBILIZAÇÃO POPULAR
FONTE: Disponível em: <http://jornalggn.com.br/noticia/as-mulheres-que-
lutaram-contra-a-ditadura-militar>. Acesso em: 21 jun. 2015.
TÓPICO 2 | O LEGADO ELITISTA E AUTORITARISMO NA REPRESENTAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
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Nos anos 90, a sociedade civil esteve submersa em um período de 
instabilidade política, onde as classes trabalhadoras tiveram que outra vez 
reconquistar e buscar a capacidade de organização e de luta, mediante a degradação 
dos modelos de proteção social e de trabalho que foram implementados para a 
sociedade através das políticas sociais de interesses dos partidos social democratas 
e liberal que estavam no poder.
Este período é descrito por Paiva (1999, p. 11):
Como se sabe a ditadura investiu de diferentes maneiras no controle 
coercitivo da sociedade civil que, apesar da repressão e da desigualdade econômica, 
cresceu e se fortaleceu simultaneamente ao amadurecimento e à ampliação das 
forças produtivas sob o regime militar, potencializando-se pela multiplicação de 
interesses diversificados surgidos com a modernização econômica. A luta pela 
anistia, o multipartidarismo (que deu oportunidade de expressão a novas forças 
políticas, como o Partido dos Trabalhadores – PT, por exemplo), as manifestações 
de rua pelas eleições diretas para a presidência da República, a retomada dos 
sindicatos como espaço de luta política e não apenas de prestação de serviços, 
a mobilização em torno da Constituição de 1988 e as campanhas eleitorais, bem 
como, o movimento pela ética na política que detonou o impeachment de Fernando 
Collor de Melo, são apenas alguns exemplos emblemáticos dessa capacidade de 
mobilização e de ação da sociedade civil.
Esse processo pôde ser constatado através das últimas eleições majoritárias 
e proporcionais ocorridas com o fim da ditadura. Com o aumento crescente dos 
coeficientes eleitorais, embora ainda aquém do necessário para alçar o poder, as 
esquerdas passaram a expressar e a reunir as aspirações políticas e éticas de vastos 
setores democráticos no País, ativadas, principalmente, através da militância contra 
a ditadura e na luta pelos direitos dos trabalhadores. O Partido dos Trabalhadores, 
de maior expressão política, e os demais partidos realmente progressistas, vêm 
indubitavelmente demonstrando, tanto em suas atuações no interior dos parlamentos 
quanto no desafio das administrações de muitas cidades e governos estaduais e 
também na luta do dia a dia dos movimentos populares, que é perfeitamente viável 
a construção de uma sociedade mais justa, mais ética e democrática, na recriação da 
história presente e futura deste país.
As políticas neoliberais já foram devidamente implementadas e nem por 
isso a inflação, combatida a qualquer preço, cedeu. Há que se propor e levar à frente 
novas alternativas de solução para a crise econômica e social que vem solapando o 
cotidiano do trabalhador brasileiro.
Assim sendo, essa conjuntura contraditória precisa ser reavaliada nos 
seus desdobramentos e condicionantes, pois coexistem num mesmo país uma 
sociedade civil representativa e organizada e uma população faminta em torno 
de 35 milhões de habitantes: são mais de três Somálias dentro do Brasil, já que 
naquele infeliz país africano a população gira em torno de 10,5 milhões. Com 
efeito, se for perpetuado esse desolador quadro econômico e social, incompatível 
com os princípios da democracia, pode-se gerar a impressão de que a transição 
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
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democrática processada na luta contra a ditadura não teve o fôlego necessário para 
possibilitar a superação dos principais elementos de atraso e da exclusão gestados 
ao longo da história brasileira.
Em função do pacto que levou a uma transição “sem traumas”, todos os ônus 
recaíram pesadamente sobre a população trabalhadora, que tem – às custas de muito 
trabalho mal pago – sustentado um modelo econômico irracionalmente concentrador 
de riquezas, modelo sustentado e aprofundado pelos governos civis que subiram ao 
poder depois da ditadura, os de José Sarney, Fernando Collor de Melo, Itamar Franco, 
a primeira e a corrente versão do governo Fernando Henrique Cardoso.
Resgatando aquele traço recorrente da dinâmica política, pode-se 
repensar essa transição à luz da já aludida noção de “revolução passiva”: dado 
o aspecto conciliatório característico da transição democrática, tornou-se possível 
desconsiderar a legítima participação das massas populares na derrocada da 
ditadura, com a aceitação da eleição para presidente no Colégio Eleitoral criado 
pela ditadura, através da composição Tancredo Neves/José Sarney, e não pela via 
direta, como foi amplamente reivindicado naquele momento.
Porém,essa não foi a única medida conciliatória e “pelo alto” imposta 
contra os apelos de participação democrática; pode-se recordar também o processo 
de convocação da Assembleia Constituinte, duramente golpeado pela manobra 
do Governo Sarney, que preferiu a solução de atribuir poderes constituintes a 
um Congresso instituído segundo as regras eleitorais e institucionais herdadas 
da ditadura. Portanto, os que redigiram a nova Constituição não o fizeram 
legitimamente, já que não foram eleitos para elaborar a primeira Carta democrática 
do país, e sim para legislar dentro da rotina normal do Parlamento. Essa manobra, 
muito combatida pelos setores progressistas, garantiu uma composição ideológica 
no Congresso Constituinte bastante favorável e adequada aos interesses das elites 
dirigentes; basta recordar o famoso “centrão”, que articulou uma firme resistência 
às mudanças pretendidas pelos segmentos democráticos. 
Para Coutinho (1994, p. 53), esse período de transição significa:
[...] se praticamente todos os sujeitos políticos oposicionistas se 
empenharam na ‘guerra de posição’ que pôs fim à ditadura, nem todos 
levaram em conta, na época, o risco contido nessa forma de transição 
relativamente ‘negociada’. Nela se verifica [...]e, como tentamos indicar, 
a combinação de processos ‘pelo alto’ e de processos provenientes ‘de 
baixo’; e, decerto, é o predomínio de uns ou de outros o que determina 
o resultado final, a natureza do terminus ad quem da transição. A partir 
do momento em que, com a ida da oposição ao Colégio Eleitoral criado 
pela ditadura, preponderou uma solução ‘pelo alto’, concretizou-se o 
risco a que aludimos: o de que a transição terminasse por reproduzir, 
ainda que ‘atenuados’ e ‘modernizados’, alguns dos traços mais 
característicos do tradicional modo ‘prussiano’ e ‘passivo’ de promover 
as transformações sociais no Brasil. Uma transição desse tipo – que 
poderíamos chamar de ‘fraca’ – implicava certamente uma ruptura com 
a ditadura implantada em 1964, mas não com os traços autoritários e 
excludentes que caracterizam aquele modo tradicional de se fazer 
política no Brasil. (Grifo da autora).
TÓPICO 2 | O LEGADO ELITISTA E AUTORITARISMO NA REPRESENTAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
31
Mediante este conjunto de restrições objetivas ao direito de exercer a cidadania, 
refletem diretamente nas políticas sociais de maneira cada vez mais decisiva, pois 
passou a ser alvo preferencial nos cortes dos recursos e despesas públicas. 
Este corte de recursos financeiros nas políticas públicas sociais acompanhou 
paralelamente o arrocho salarial, constando uma dificuldade na reversão desta 
representação, principalmente no que se refere ao sistema tributário do Brasil, pois 
representa uma fonte de recursos para a redistribuição de recursos pelas políticas públicas.
FIGURA 10 – SISTEMA TRIBUTÁRIO
FONTE: Disponível em: <http://oimpostoderenda.com/wp-content/
uploads/ID_22_impostos.jpg>. Acesso em: 22 jun. 2015.
A questão da composição fiscal envia possíveis alternativas para a 
universalização e remanejamento na importância de estrutura fiscal remetente, 
portanto, que são produzidas coletivamente de maneira que as políticas sociais 
se constituem, sendo um elemento determinante para a estratégica e tática na luta 
pela democracia, através da socialização de bens de consumo e produção.
O sistema tributário desde sempre, esteve fundamentado em critérios mais 
contraditórios e injustos possíveis, sendo um determinante na diferenciação da 
concentração de rendas, afligindo diretamente os assalariados, principalmente os 
que recebem uma menor renda e os consumidores, que são afetados através dos 
impostos que indiretamente são introduzidos nos preços das mercadorias.
UNI
O trabalhador é sempre penalizado duplamente, pois quando recebe seu salário 
tem o seu imposto recolhido mensalmente pela fonte pagadora, e a parcela mais bem-
sucedida da sociedade tem recursos estratégicos para sonegar impostos, e em muitas vezes 
envia clandestinamente dinheiro para contas bancárias no exterior, as chamadas caixa-dois.
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
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Diante da conjuntura acima apresentada, é que o porcentual tributário do 
PIB, é um dos mais baixos se comparado com todos os outros países, um dos mais 
baixos mundialmente, isso devido à sonegação de impostos que atinge quase a 
metade que poderia ser arrecadado. 
O sistema financeiro, juntamente como os setores industriais nacionais e 
multinacionais, como os produtores agrários e os latifundiários, e os trabalhadores 
ativos e inativos de todo o sistema privado e público, como também cargos eletivos 
executivo e legislativo de todas as esferas, e ministros, além de partidos políticos e 
o Fundo Monetário Internacional, maior financiador das políticas, através de ações 
desordenada, discutem o fim das contribuições sociais, e com elas os investimentos 
das políticas sociais, e continuando a estrutura regressiva, sendo esta de interesse 
dos empresários, propondo um aumento de alíquotas, afetando o assalariado, que 
estarão relacionados aos impostos estaduais, municipais, ICMS e ISS, e transforma 
contribuições em impostos e com um Contribuição Provisória sobre a Movimentação 
Financeira – CPMF.
Neste período de implementação das políticas neoliberais, algumas das 
propostas elaboradas por segmentos de esquerdas foram debatidas, como o 
início da progressividade na pertinência das taxas e alíquotas, em conjunto com a 
melhora na Receita Federal, que objetivasse o combate à sonegação de impostos.
Sendo essas, medidas econômicas e políticas de uma maior precisão, que 
sem as mesmas os compromissos com uma redistribuição perdem o sentido, onde 
as políticas públicas seriam apenas um instrumento ratificador e reprodutor das 
desigualdades sociais. 
Em sociedades capitalistas, nunca houve, nem haverá, transição 
de modelos se os agentes transformadores não puderem exercer 
controle sobre a taxa de investimento [...]. Para controlar as variáveis 
macroeconômicas fundamentais, prover bens e serviços coletivos, 
induzir distribuição de renda, estabelecer a forma de exploração dos 
recursos não renováveis, promover o progresso científico e tecnológico 
e regular o intercâmbio com exterior, o Estado não precisa deter muito 
mais do que 25% ou 30% do PIB. (BENJAMIM, 1991, p. 49).
O autor defende ainda a suposição clássica, que o processo distributivo 
deveria ser entregue somente para as políticas governamentais, de transferir o 
excedente, que era irrealizável no país, pelos índices de pobreza e desigualdade 
impostos na sociedade brasileira.
 O acúmulo dos impostos são grandes, comparados ao excedente que é 
mínimo, sendo necessária a realização de transformações qualitativas no setor 
econômico, pois só assim o modelo de exclusão social poderá ser superado.
 A política de Assistência Social, neste contexto, precisa estar atrelada a 
uma eficaz política de redistribuição de renda igualitária. Sendo assim, desenha-
se o início da construção efetiva da cidadania, através da elaboração, estruturação 
e implementação de benefícios, programas, projetos e serviços, que deveriam ser 
TÓPICO 2 | O LEGADO ELITISTA E AUTORITARISMO NA REPRESENTAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
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universalmente custeados através das contribuições tributárias do capital vigente, 
por meio de captação e alocação dos recursos públicos, por meio de um claro e 
criterioso planejamento das ações que utilizem os recursos públicos. 
Apesar das estratégicas conservadoras que foram utilizadas no processo 
constituinte, e das forças contrárias da sociedade civil, que muitas conquistas foram 
afirmadas na Constituição Federal de 1988, no que diz respeito aos direitos de cidadania 
da população brasileira, sendo o que resultou na chamada “Constituição Cidadã”.
Foi na CF de 88, que foram contemplados osdireitos sociais, a educação, 
a saúde, o trabalho, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e 
à infância, a assistência aos desamparados (cf. Título II, “Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais”, Capítulo II, “Dos Direitos Sociais”, artigo 6º).
FIGURA 11 – DIREITOS SOCIAIS
FONTE: Disponível em: <http://sinprogoias.org.br/violencia-contra-as-mulheres/>. 
Acesso em: 22 jun. 2015.
A assistência é uma referência diretamente interligada com o direito de 
cidadania, através da aproximação e reconhecimento com área da seguridade, ou 
seja, passou a ser considerada uma política social específica, conforme o artigo 194 
(Capítulo II, “Da Seguridade Social”, do Título VIII, “Da Ordem Social”), dispõe 
que: a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de inciativa 
dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à 
saúde, à previdência e à assistência social. 
Esses direitos sociais foram reconhecidos juntamente como os novos 
princípios políticos relacionados a uma estrutura mais racionalizada e democrática 
na utilização dos recursos e serviços oferecidos pelas políticas públicas, como: 
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
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• Universalidade da cobertura e do atendimento para todos os cidadãos;
• Igualdade e equivalência dos benefícios e serviços a populações urbanas e rurais;
• Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
• Irredutibilidade do valor dos benefícios;
• Igualdade na forma de participação do custeio, através da participação dos 
estados e municípios na composição dos fundos sociais;
• Diversidade na base de financiamentos;
• Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, através da 
participação da sociedade civil, em especial a classe trabalhadora, empresário e 
aposentados.
A democratização dos recursos públicos e das políticas sociais, que foram 
apontadas na CF/88, estão fundamentadas nos princípios acima citados, porém na 
prática, os cumprimentos das políticas públicas não são efetivados na sua totalidade. 
Se analisarmos a política de saúde, que está regulamentada pelo Sistema Único de 
Saúde – SUS, onde é evidente a diferença entre o discurso político, independentemente 
de partido político, e da ação ética. Pois diariamente nos deparamos através dos meios 
de comunicação com notícias dos sucateamentos da política de saúde, através da falta 
de estrutura física, humana e/ou limitação de medicamentos na rede pública.
FIGURA 12 - SUS
FONTE: Disponível em: <http://www.pmpr.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.
php?conteudo=962>. Acesso em: 23 jun. 2015.
Mesmo com o sucateamento das políticas sociais, muitos avanços foram 
evidenciados no sentido de uma universalização dos direitos sociais averiguados 
por uma análise centralizada restrita à CF em vigência. Novamente, citando o 
SUS, aponta para uma atenção hospitalar integral e indiscriminada para todos os 
cidadãos, ultrapassando o limite de atendimento segmentário, apenas para uma 
parcela da população, como no caso aos segurados da previdência social.
TÓPICO 2 | O LEGADO ELITISTA E AUTORITARISMO NA REPRESENTAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
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Sobre a Previdência Social, desde a CF/88, foram obtidas algumas conquistas 
importantes para os trabalhadores, podendo ser citadas a regularização dos 
direitos do trabalhador doméstico, a ampliação da licença maternidade e outros.
Faz-se necessário ponderar todos esses avanços cautelosamente, apesar de 
conquistas formais, é importante constar que a falta de correspondência e diálogo 
entre tais avanços com a promulgação da CF/88 , impedindo assim avanços no 
âmbito da legislação, sendo assim, em partes foi possível materializar enquanto 
prestação efetiva de serviços prescritos, exceto os itens legais, que estavam 
centralizados na época pelo extinto Ministério da Previdência e Assistência Social 
– MPAS, desde o ano de 1995.
Esses obstáculos na efetivação das políticas públicas podem ser apontados 
diante do processo de revisão Constitucional, que era defendido ardorosamente 
pelos setores empresarial e pelo governo. Esta revisão apontava alterações muito 
desfavoráveis aos interesses da classe dos trabalhadores.
A sistematização jurídica – formal da seguridade social, realizada para uma 
análise da assistência social como política social, destina-se a ampliar a discussão 
desta área com um outro ponto de vista.
Isto constitui analisar a questão da política pública de assistência social 
através de novas condições, através de um processo de regulamentação legal. 
No ano de 1993 foi aprovada a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, que 
desde então estão sendo efetivados os serviços assistenciais por meio de novas 
configurações da área de assistência social.
UNI
Caro(a) acadêmico(a), a Política de Assistência Social será apresentada na sua 
íntegra nas próximas unidades. Fique atento(a).
LEITURA COMPLEMENTAR
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, AÇÃO POLÍTICA E CIDADANIA
Flavio A. A. Goulart
Entre as opiniões, imagens e percepções dos atores sociais, ou seja, suas 
representações sociais e a tradução destas nos chamados movimentos sociais, em 
reivindicações e ação política dirigidas ao aparelho estatal, existem mediações 
UNIDADE 1 | A ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS
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diversas, tais como consciência e visão de mundo, o conjunto de saberes “profanos” 
envolvidos, o sentido e o conteúdo das carências, necessidades e interesses 
individuais e coletivos etc. Em trabalho recente (GOULART, 1992), procuramos 
discutir e aprofundar tais mediações, bem como evidenciar as relações que se 
estabelecem entre os movimentos sociais e a formulação das políticas públicas, 
analisando também os fatores determinantes da passagem das concepções de 
mundo elaboradas e difundidas pelos movimentos, isto é, suas representações 
cristalizadas nas demandas e reivindicações à ação dotada de finalidades políticas 
concretas. Em outras palavras, trabalhamos com o objetivo de tornar transparentes 
os determinantes do projeto (ou do contraprojeto) político dos movimentos sociais, 
além de tentar evidenciar como estes dão conta de perceber e enunciar uma noção 
de cidadania no embate com o caráter por vezes inibidor, por vezes estimulador, 
da ação estatal na área social.
No estudo presente, o eixo analítico central é aquele consubstanciado 
pelas representações sociais elaboradas pelos diversos atores sociais, individuais 
e coletivos. Do ponto de vista teórico, cabe ressaltar, preliminarmente, que as 
representações sociais constituem um sistema de valores, noções e práticas ligado a 
um conjunto de relações sociais e processos simbólicos que instaura a possibilidade 
de orientação dos indivíduos no mundo social e material, além de possibilitar a 
tomada de posição e a comunicação intergrupal, bem como a decodificação deste 
mundo e da história individual e coletiva do grupo. Sua apreensão, através de 
estudos específicos, deve levar em conta um contexto sempre em mudança, marcado 
pelo caráter contraditório das relações sociais, dentro do qual a representação não 
deve ser buscada como única explicação correta de um fenômeno, mas sim como 
fator facilitador da comunicação (HERZLICH, 1975; MINAYO, 1989; MOSCOVICI, 
1975).
Quando o tema é a ação política dos movimentos sociais, cabe também, 
preliminarmente, estabelecer uma visão mais abrangente de uma questão central: 
a dimensão cultural de tais movimentos. Faz-se necessário, portanto, tentar 
discriminar e aclarar os valores aí referidos, como, por exemplo, a consciência 
política, ou ainda, os aparentes apolitiquíssimo e apartidarismo dos movimentos. 
Neste aspecto, uma afirmativa que carece de maior aprofundamento é aquela, por 
vezes registrada por determinados autores, de que a sociedade brasileira não possui 
representações

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