Buscar

impressão material aulas - CIDADES EDUCADORAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - 
AULA 01 
 
Plano de Ensino 
Esta disciplina tem como objetivo geral compreender o conceito de cidades educadoras, 
assim como mostrar alguns exemplos de ações e projetos realizados no mundo, buscando 
despertar práticas que promovam a cidadania e a educação. A disciplina foi dividida em seis 
temas: 
 
A urbanização crescente: características, problemas e desafios 
Política urbana brasileira e os instrumentos de participação 
A Cidade Educadora: reflexões sobre o conceito e a AICE 
AICE pelo mundo: os congressos e publicações 
As cidades-membro da AICE 
Práticas e projetos nas Cidades Educadoras 
5 
Conversa Inicial 
Nesta primeira aula abordaremos os aspectos da urbanização no mundo, mostrando como 
se deu o crescimento das cidades. Este conteúdo é essencial para compreender o que é 
uma cidade e o processo de urbanização, especialmente nos países subdesenvolvidos ou 
em desenvolvimento, como o caso do Brasil. Nesse sentido, compreender a urbanização 
brasileira é importante para apreender as principais características de nossa formação 
socioespacial resultante desse processo, bem como as repercussões na organização do 
espaço urbano e os problemas sociais vinculados. 
 
Tema 01 - Conceito de cidade e urbano 
O que caracteriza uma cidade? E o espaço urbano? As duas palavras carregam 
significados semelhantes e estão articuladas. A cidade é um produto social, não importando 
sua dimensão, tal como o número de habitantes ou abrangência territorial. A cidade 
representa a relação do homem com o meio, remete à ideia de aglomeração, de um objeto, 
materializada a partir da relação entre o construído (ruas, estradas, edificações, praças) e o 
não construído, ou seja, o natural. Já o termo "urbano" está relacionado a um fenômeno, 
refere-se ao processo de urbanização que faz parte da transformação estrutural específica 
da sociedade capitalista, na qual cresce a proporção da população que vive em cidades em 
relação à população total. 
 
Tema 02 - Século XX: a era da urbanização 
A urbanização corresponde ao processo demográfico que é caracterizado pela 
concentração de população nas cidades. É um acontecimento mundial, contudo, não 
ocorreu em todos países na mesma época nem com a mesma velocidade. Há aqueles que 
iniciaram o processo de industrialização nos séculos XVIII e XIX, especialmente os países 
europeus, em que o processo de urbanização ocorreu antes daqueles que se 
industrializaram tardiamente, como é o caso do Brasil. Chamamos o século XX de "era da 
urbanização", pois foi nesse período que este fenômeno tomou grandes proporções no 
mundo. Em meados do século XX, o Reino Unido, primeiro país a realizar a Revolução 
Industrial, já apresentava 80% da população vivendo em cidades. Na Dinamarca, Canadá e 
Suécia, o percentual era mais da metade (62%, 52% e 52%, respectivamente). Já os países 
subdesenvolvidos só conheceram uma urbanização mais intensificada a partir da década de 
1960. 
 
Tema 03 - Século XXI: a era das cidades e metrópoles 
Atualmente mais da metade população mundial vive em áreas urbanas (54%), uma 
proporção que se estima que aumente para 66% até 2050. Conforme o relatório 
"Perspectivas da Urbanização Mundial", produzido em 2014 pela Organização das Nações 
Unidas (ONU), a população mundial tem crescido rapidamente nas últimas décadas, 
passando de 750 milhões, em 1950, para 3,9 bilhões em 2014. A acelerada urbanização no 
século XX e a continuidade desse processo no século XXI trouxe à tona a formação de 
grandes aglomerados urbanos: as metrópoles (cidade principal de uma região que exerce 
influência sobre as demais ao redor), as megalópoles (conurbação de várias metrópoles) e 
as megacidades (10 milhões de habitantes ou mais). Até o fim do século XX (1990), havia 
10 megacidades no mundo com 153 milhões de habitantes; em 2014, o número cresceu 
para 28 megacidades, constituindo 453 milhões de pessoas, de 12% dos habitantes do 
mundo. 
 
Tema 04 - O processo de urbanização no Brasil 
O processo de urbanização no Brasil aconteceu tardiamente com relação aos países 
considerados desenvolvidos. Durante séculos nosso país permaneceu como sendo 
"essencialmente agrícola", contudo, a partir das décadas de 1950 e 1960, a população 
urbana começa a crescer, principalmente em função da maior industrialização na Região 
Sudeste. Até o final do século XIX, a atividade industrial no Brasil era pouco expressiva, 
baseava-se na indústria de bens de consumo não-duráveis (tecidos, fumo, bebidas). No 
século XX, a partir de uma série de medidas governamentais, ocorreu a criação das 
indústrias de base, de consumo duráveis e investimentos em setores de infraestrutura. A 
partir da metade do século XX, a atividade industrial foi intensificada, incentivando a 
produção nacional e impulsionado o processo de urbanização, na medida em que estimulou 
a vinda de um grande número de pessoas que viviam no campo para as cidades (êxodo 
rural). 
 
Tema 05 - As consequências da urbanização 
O crescimento descontrolado das áreas urbanas e da população vem acarretando sérios 
problemas para as cidades brasileiras, tanto sociais como também ambientais. Para 
conseguir atender às necessidades da população urbana, é preciso que haja investimento 
em diversas áreas, como em transporte, educação, saneamento básico, saúde e segurança 
pública. Quando esses investimentos não são realizados, muito em função do desvio de 
verbas e corrupção, vários problemas podem surgir, tais como o desemprego (as atividades 
econômicas não conseguem absorver toda a população economicamente ativa), má 
distribuição de renda que gera alto índice de pobreza, aumento do número de veículos que 
pode causar congestionamento, precariedade do tratamento de água e esgoto, entre outros. 
Dentre os problemas ambientais gerados pela urbanização, podemos citar a poluição dos 
rios, poluição do ar, erosão do solo, desmoronamentos, entre outras adversidades. 
 
Na Prática 
A urbanização é um fenômeno que atingiu o mundo em grandes proporções. No Brasil esse 
processo ocorreu tardiamente, contudo, de forma acelerada, ocasionando vários problemas 
nas cidades. Portanto, aponte três problemas relacionados à dinâmica do espaço urbano 
em países subdesenvolvidos, elencando com exemplos reais, a partir de notícias e 
manchetes que abordem a situação citada. Posteriormente, reflita sobre cada um dos 
problemas e destaque uma solução para eles. Lembre-se de postar as considerações para 
que todos tenham acesso aos seus resultados. 
 
Finalizando 
Vimos, no decorrer desta aula, o conceito de cidade e a diferenciação para o urbano, e 
discutimos como ocorreu o processo de urbanização no mundo, mostrando a sua evolução 
histórica. Destacamos dois séculos para abordar esse fenômeno crescente: o século XX, 
em que ocorreu a urbanização com maior intensidade devido à industrialização, e o século 
XXI, das cidades já constituídas, bem como a formação de metrópoles, megalópoles e 
megacidades. Em seguida, vimos como aconteceu a urbanização no Brasil, que foi tardia, 
porém acelerada e de forma heterogênea pelo território, discutindo a influência da 
industrialização no processo. Por fim, elencamos as principais consequências do 
crescimento urbano, tanto problemas socioeconômicos como ambientais. 
 
Referências 
IBGE. Censo de 2010. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em: 20 
nov. 2017. 
 
PEREIRA, E. M.; DIAS, L. C. D. As cidades e urbanização no Brasil: presente passado e 
futuro. Florianópolis: Insular, 2011. 
 
SANTOS, M. A urbanização brasileira. 5. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São 
Paulo, 2005. 
 
 
CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - 
AULA 02 
 
 
Plano de Ensino 
Política urbana brasileira e os instrumentos de participação 
 
Tema 1: A constituição federal e a política urbana 
Tema 2: O Estatuto da CidadeTema 3: Os planos diretores participativos 
Tema 4: Orçamento participativo 
Tema 5: O direito à cidade 
 
Conversa Inicial 
Nesta aula veremos como é constituída a política urbana no Brasil e os instrumentos de 
participação popular. Nesse sentido, além de apresentar os artigos da Constituinte de 1988 
que tratam sobre o assunto, também será destacado o contexto histórico antecedente a 
partir do Movimento Nacional pela Reforma Urbana. Em seguida, estudaremos o Estatuto 
da Cidade, lei formulada em 2001 e um grande marco na política urbana brasileira. A partir 
disso, discutiremos o funcionamento dos planos diretores participativos, bem como outro 
instrumento de participação, que é o Orçamento participativo. Por fim, faremos uma reflexão 
sobre o direito à cidade à luz do pensamento de Henri Lefebvre, um filósofo e sociólogo 
francês conhecido internacionalmente por escrever sobre o tema desde a década de 1960. 
 
Tema 01 - A constituição federal e a política urbana 
A política urbana no Brasil foi tratada pela primeira vez, em âmbito institucional, na 
Constituição Federal de 1988, a que está em vigor nos dias atuais. Foi na década de 1980 
que surgiram importantes movimentos de luta por moradia e de Reforma Urbana, como o 
Movimento Nacional pela Reforma Urbana (MNRU). O MNRU contava com vários grupos 
não-institucionais, sindicatos, estudantes e intelectuais, que, incomodados com crescimento 
desordenado das cidades e os problemas relacionados à habitação, buscavam a promoção 
de políticas públicas para reordenar a lógica das cidades, democratizar as estruturas, 
aumentar o investimento em áreas periféricas, combater a especulação imobiliária, dentre 
outros objetivos. A partir das reivindicações do MNRU, juntamente com a pressão popular, 
na qual reuniram 200 mil assinaturas, foi incluso na Constituinte um capítulo intitulado 
"Política Urbana” (Art. 182 e 183). 
 
 
Tema 02 - O Estatuto da Cidade 
O chamado "Estatuto da Cidade" é uma Lei Federal, nº 10.251 de 2001, que regulamenta 
os artigos 182 e 183 do capítulo "Política Urbana" da Constituição Federal, estabelecendo 
diretrizes gerais para todo o país. É um marco histórico na institucionalização da 
participação da sociedade civil nos processos de planejamento urbano. O objetivo do 
estatuto é ordenar o desenvolvimento urbano dos municípios brasileiros de maneira que 
possa garantir os direitos fundamentais como a moradia, trabalho, lazer, segurança, ou 
seja, para que todos tenham acesso às oportunidades da vida urbana. O Estatuto da 
Cidade tem como diretrizes gerais (Art. 2º): garantia do direito a cidades sustentáveis, 
gestão democrática por meio da participação da população, planejamento do 
desenvolvimento das cidades, regularização fundiária e urbanização de áreas já ocupadas, 
entre outras mais que objetivam ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da 
cidade. 
 
Tema 03 - Os planos diretores participativos 
O plano diretor participativo (PDP) é um instrumento básico para a política de 
desenvolvimento urbano de um município. Ele deve ser elaborado a partir de um processo 
democrático e participativo. O PDP constitui-se de lei municipal que é aprovada pela 
câmara de vereadores. O Estatuto da Cidade determinou que o PDP é obrigatório para os 
municípios que possuem mais de 20 mil habitantes, que integram regiões metropolitanas, 
os que se localizam em áreas turísticas, em áreas de influência de empreendimentos ou 
atividades com significativo impacto ambiental e aqueles que tiverem interesse de aplicar os 
instrumentos urbanísticos previstos pela Lei nº 10.251. O PDP tem um prazo – deve ser 
revisado no mínimo a cada dez anos –, contudo, o município pode determinar um prazo 
menor. O prefeito e os vereadores devem garantir que haja participação popular em todas 
as etapas de elaboração, assim como na implementação do PDP. 
 
Tema 04 - Orçamento participativo 
O Estatuto da cidade, além dos instrumentos vistos anteriormente, traz o orçamento 
participativo (OP) enquanto possibilidade de os cidadãos decidirem sobre os orçamentos 
públicos, exercendo a cidadania, comprometendo-se com o bem público e com a gestão da 
cidade. O orçamento participativo surge em 1989, em Porto Alegre (RS). A partir disso, 300 
prefeituras brasileiras adotaram o instrumento, assim como grandes metrópoles no mundo, 
tais como Bruxelas, Paris e Barcelona. Não há um modelo padrão do OP a ser seguido 
pelas prefeituras, visto que cada local tem suas especificidades, no entanto, o OP tem as 
fases de discussão, negociação e elaboração, que podem levar um ano ou mais. Em geral, 
são realizadas assembleias tanto locais como setoriais; posteriormente, os projetos são 
entregues para a Câmara de Vereadores e analisados, para então formular o Plano de 
Investimento, que passará novamente por reuniões para avaliação e ajustes. 
 
Tema 05 - O direito à cidade 
O direito à cidade, discutido por Henri Lefebvre em 1968, apresenta-se conforme o geógrafo 
brasileiro Orlando Santos Júnior, como um grito e uma demanda, em que o primeiro estaria 
vinculado às lutas para levar uma vida satisfatória, expressando as necessidades de 
reprodução social da cidade – que, segundo o autor, poderia ser traduzido na diversidade 
de movimentos sociais urbanos –, enquanto que o direito à cidade como uma demanda não 
pode ser realizado no âmbito da urbanização capitalista, na medida em que há uma 
demanda coletiva por um novo projeto de cidade, baseada na emancipação humana e 
justiça social. Desta forma, o conceito do direito à cidade vai implicar na reconstrução do 
espaço urbano através de outra lógica, fazendo necessário que os habitantes se apropriem 
de todas as dimensões da cidade. No contexto do direito à cidade, os cidadãos não só 
devem ter direito à habitação, como também o direito efetivo ao espaço. 
 
Na Prática 
Após a aprovação do Estatuto da Cidade, os municípios tiveram um prazo de cinco anos 
para a realização de seus planos diretores participativos. Dito isto, procure o plano diretor 
do seu município, comente o ano de elaboração, revisão (se houver), caracterize a sua 
estrutura e pesquise se ele contém na redação algum dos instrumentos citados pelo 
Estatuto da Cidade. Compartilhe com os seus colegas as informações para compararem os 
planos. 
 
Finalizando 
Nesta aula vimos a trajetória da política urbana no Brasil e os instrumentos de participação 
existentes e seu funcionamento, reconhecendo a importância da luta social para a 
implementação de políticas. Conhecemos o Estatuto da Cidade como um marco 
fundamental na instituição da participação da população no planejamento dos seus 
municípios, como também os diversos instrumentos previstos para garantir direitos 
fundamentais dos brasileiros. Nesse mesmo contexto, foi apresentado o Orçamento 
Participativo enquanto um instrumento que promove cidadania e possibilita que os 
habitantes decidam sobre os investimentos previstos e realizados. Ao final, foi realizada 
uma reflexão acerca do direito à cidade a partir dos pensamentos de Lefebvre, que se 
baseia na ideia de que este direito não se restringe ao direito de visita à cidade, mas como 
um direito à vida urbana transformada de acordo com a vontade e participação de seus 
cidadãos. 
 
Referências 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: 
Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 
 
BRASIL. Estatuto da Cidade (2001). Estatuto da cidade: Lei n. 10.257, de 10 de julho de 
2001, que estabelece diretrizes gerais da política urbana. 
 
BRASIL. Ministério das Cidades. Política Nacional de Habitação. Cadernos Mcidades 
Habitação, Brasília, n. 4, nov. 2004. 
 
SANTOS JR., O. A. Espaços urbanos coletivos, heterotopia e o direito à cidade: reflexões a 
partir do pensamento de Henri Lefebvre e David Harvey. In: COSTA et al. Teorias e práticas 
urbanas: condições para uma sociedade urbana.Belo Horizonte: C/Arte, 2015. 
 
 
 
CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - 
AULA 03 
 
 
Plano de Ensino 
A Cidade Educadora: reflexões sobre o conceito e a AICE 
 
Tema 1: O que é uma cidade educadora? 
Tema 2: O surgimento da AICE 
Tema 3: Estrutura organizacional e objetivos da AICE 
Tema 4: A carta da AICE 
Tema 5: Os princípios da carta das Cidades Educadoras 
 
Conversa Inicial 
As aulas 1 e 2 serviram de base para compreendermos as características das cidades, da 
urbanização e das políticas urbanas. De agora em diante, vamos nos aprofundar no 
conceito de cidade educadora, conhecer sua origem e contextualizar historicamente a 
Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE), buscando entender as 
motivações de seu surgimento, os objetivo e estrutura de funcionamento. A carta da AICE é 
o documento norteador e uma das principais publicações da instituição. Ela trata dos 
princípios que serão debatidos nesta aula.   
 
Tema 01 - O que são as cidades educadoras? 
Após as aulas sobre cidade, reflexões sobre o direito a esta, nos emerge a questão principal 
do nome da disciplina: afinal, o que são as cidades educadoras? É preciso destacar que 
todos os conceitos são mutáveis e o de cidade educadora se modifica conforme as 
mudanças na vida das cidades e de seus habitantes. Foi na última década do século XX 
que uma pedagoga catalã chamada Marta Mata propôs este conceito, ganhando visibilidade 
no 1º Congresso Internacional em Barcelona. A ideia de cidade educadora é baseada na 
premissa de que toda ação de educar não é tarefa somente da escola e da família, é uma 
responsabilidade de toda a sociedade, em que a cidade, além de desempenhar suas 
atividades tradicionais, promove um papel educador na vida dos cidadãos. Assim sendo, a 
educação não acontece apenas em espaços formais, ela também é resultado das 
experiências vivenciadas na cidade. Portanto, uma cidade educadora deve ser democrática 
e participativa.  
 
Tema 02 - O surgimento da AICE 
Em 1948, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, é lançada pela Organização das 
Nações Unidas (ONU) a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que apontava a 
educação como eixo essencial no desenvolvimento humano, sendo um direito de toda 
pessoa. Mais tarde, em 1990, a UNESCO (agência especializada da ONU para educação, 
ciência e cultura) apresenta a Declaração Mundial da Educação para Todos. No mesmo 
ano, ocorre o 1º Congresso Internacional das Cidades Educadoras, em Barcelona, que 
contou com 63 cidades de 21 países do mundo a fim de discutir a importância da educação 
para uma governabilidade adequada à vida urbana. Como resultado do Congresso, foi 
escrita a Carta das Cidades Educadoras, que estabeleceu os princípios que as cidades 
adotariam em suas políticas. Em 1994, no 3o Congresso Internacional em Bolonha, foi 
formada a Associação Internacional das Cidades Educadoras, com 40 cidades. Hoje são 
488, em 36 países. 
 
Tema 03 - Estrutura organizacional e objetivos da AICE 
Com sua sede em Barcelona, na Espanha, a Associação Internacional das Cidades 
Educadoras está organizada em quatro grandes órgãos: Assembleia geral, órgão supremo 
formado por todas as cidades associadas; Comitê executivo, encarregado das funções de 
direção, gestão, execução e representação da AICE; Secretariado, responsável pelo 
cumprimento do plano de ação e do funcionamento quotidiano da AICE; Redes, que são 
estruturas descentralizadas formadas pelas cidades associadas à AICE. Dentre os objetivos 
da AICE, um dos principais é reivindicar a importância da educação na cidade. Além disso, 
a associação também almeja a garantia do cumprimento dos princípios estabelecidos na 
Carta das Cidades Educadoras: destacar os aspectos educacionais dos projetos políticos 
das cidades participantes, estabelecer a colaboração entre as redes territoriais, aprofundar 
o conceito de cidade educadora e impulsionar o ingresso de novas cidades. 
 
Tema 04 - A carta da AICE 
Foi no 1º Congresso Internacional de Cidades Educadoras, em Barcelona (Espanha), em 
1990, que foi redigida a Carta das Cidades Educadoras, revista no III Congresso 
Internacional em Bolonha (Itália, 1994) e dez anos depois em Gênova (Itália, 2004). Dentre 
as inspirações da carta está a Declaração dos Direitos Humanos (1948), a Declaração 
Mundial da Educação para Todos (1990) e a Declaração Universal sobre Diversidade 
Cultural (2001). Ela está dividida nas seções "Preâmbulo" e "Princípios". Na primeira parte a 
carta destaca que as cidades educadoras têm "personalidade própria", ou seja, munida de 
características do lugar onde estão inseridas. Contudo, conforme a carta, toda cidade 
educadora deve primeiro investir em educação; em segundo lugar, promover condições de 
igualdade; e em terceiro, juntar os fatores para que se possa construir a cidade. A segunda 
parte, referente aos princípios, será tratada no próximo tema desta aula. 
 
 
Tema 05 - Os princípios da Carta das Cidades Educadoras 
A Carta das Cidades Educadoras traz vinte princípios que devem ser assumidos pelas 
cidades associadas. Dividem-se em três partes: 
 
Direito a uma cidade educadora 
Compromisso da cidade 
Ao serviço integral das pessoas 
A primeira parte conta com seis princípios, que abordam, de maneira geral, a necessidade 
de condições de igualdade e oportunidade de formação, promoção da educação na 
diversidade, diálogo entre gerações, políticas de caráter educativo e a realização de 
estudos sobre os habitantes. A segunda parte da carta abarca seis princípios, que falam 
sobre a preservação da identidade da cidade, planejamento urbano compromissado com 
meio ambiente e necessidades de acessibilidade, participação popular, qualidade de vida e 
desenvolvimento sustentável. A terceira parte engloba oito princípios, que abordam a 
disponibilidade de orientação pessoal e profissional, entre outros aspectos referentes à vida 
dos cidadãos. 
 
 
Na Prática 
Desde a primeira Conferência das Cidades Educadoras, vimos que muitas cidades 
despertaram a preocupação com a educação e começaram a integrar a AICE. Para fazer 
parte da associação é preciso seguir os princípios. Desta maneira, escolha um dos vinte 
princípios da Carta e pesquise um projeto de intervenção já realizado em algum município 
(seja ele parte da AICE ou não) que contemple o princípio escolhido. Descreva de forma 
sucinta (5 linhas) do que se trata o projeto e justifique o porquê do princípio vinculado (5 
linhas). Poste sua resposta para compartilhar as ideias dos projetos com a turma. 
 
Finalizando 
Nesta aula refletimos sobre o conceito de Cidades Educadoras, lançado na década de 
1990, entendendo-o como múltiplo e mutante, mas que representa o compromisso da 
cidade, em todas as esferas, com a educação. Conhecemos o contexto no qual surgiu a 
Associação Internacional das Cidades Educadoras, suas inspirações, estrutura 
organizacional e seus principais objetivos. Também estudamos a mais importante 
publicação da AICE, que é a Carta das Cidades Educadoras, a qual discute o conceito 
central e traz os princípios que devem nortear as políticas dos municípios associados – 
princípios estes que se agrupam por finalidade, somando um total de vinte fundamentos 
compromissados com a cidade e seus habitantes. 
 
 
 
Referências 
AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Carta das Cidades Educadoras. 
VII Congresso Internacional de Cidades Educadoras. Genova, 2004. Disponível em: 
<http://www.edcities.org/carta-de-ciudades-educadoras/>. Acesso em: 10 dez. 2017. 
 
AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Educação e vida urbana: 20 
anos de Cidades Educadoras. Lisboa, 2013. Disponível em: 
<http://cidadeseducadoras.org.br/materiais/educacao-e-vida-urbana-20-anos-de-cidades-ed
ucadoras/>. Acesso em: 10 dez. 2017. 
 
 
 
 
CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - 
AULA04 
 
 
Plano de Ensino 
AICE pelo mundo: os congressos e publicações 
 
Tema 1: As cidades educadoras no mundo 
Tema 2: Os congressos internacionais 
Tema 3: O congresso internacional em Rosário e em Cascais 
Tema 4: As publicações da AICE 
Tema 5: Livro de 20 anos de Cidades Educadoras 
 
Conversa Inicial 
Na quarta aula desta disciplina estudaremos como a Associação Internacional das Cidades 
Educadoras (AICE) se articula pelo mundo, apresentando suas estratégias e ações. 
Conheceremos as cidades que fazem parte da AICE e sua distribuição pelos continentes. 
Em seguida, como parte de estratégia da associação, veremos a dinâmica dos Congressos 
Internacionais e suas temáticas. Em 2016 ocorreu o XIV Congresso Internacional em 
Rosário, na Argentina, celebrando duas décadas de integração deste município na AICE. 
Assim, estudaremos as características e desenvolvimento do congresso. A partir desses 
encontros, surgem muitas publicações sobre as discussões realizadas ou experiências 
compartilhadas pelas cidades. Desta forma, veremos os tipos de publicações que são 
realizadas pela associação. A mais recente e importante publicação é o livro em 
comemoração aos 20 anos das Cidades Educadoras. 
 
 
Tema 01 - Territórios e redes da AICE 
Os territórios das Cidades Educadoras têm sido transformados pela educação. O 
compromisso com as políticas urbanas e com as práticas cotidianas de caráter educativo 
chamou a atenção de vários municípios para se integrarem à AICE. Atualmente a AICE tem 
493 cidades espalhadas por 37 países por todos os continentes. A Europa é o continente 
que possui mais cidades educadoras (398), em segundo o continente Americano (57), em 
terceiro lugar a Ásia (28), em quarto lugar a África (9) e, por último, a Oceania (1). Cabe 
ressaltar que no continente europeu o país que mais tem cidades educadoras é a Espanha, 
berço do 1º Congresso Internacional; na América, essa posição é ocupada pela Argentina; 
já na Ásia, a Coreia do Sul é o país que mais tem participantes na AICE; na África, o Benim 
possui três cidades associadas. A Oceania é o único continente que conta somente com 
uma cidade educadora, na Austrália. 
 
Tema 02 - Os congressos internacionais 
Como visto nas aulas anteriores, o 1º Congresso Internacional das Cidades Educadoras 
ocorreu em Barcelona, na Espanha, em 1990. Nesse momento, decidiu-se fazer os 
encontros a cada dois anos. Para a AICE, os congressos representam um evento 
fundamental para a continuação dos trabalhos nas cidades e das redes, pois é um lugar de 
troca de ideias, experiências, novos contatos e colaborações. O 2º congresso ocorreu em 
Göteborg (Suécia, 1992), o 3º em Bolonha (Itália, 1994), o 4º em Chicago (EUA, 1996), o 5º 
em Jerusalém (Israel, 1999), o 6º em Lisboa (Portugal, 2000), o 7º em Tampere (Finlândia, 
2002), o 8º em Gênova (Itália, 2004), o 9º em Lyon (França, 2006), o 10º em São Paulo 
(Brasil, 2008), o 11º em Guadalajara (México, 2010), o 12º em Changwon (Coreia do Sul, 
2012), o 13º em Barcelona (Espanha, 2014), o 14º em Rosário (Argentina, 2016). E o 15º 
congresso será em Cascais (Portugal, 2018). Todos os congressos ocorreram em cidades 
associadas da AICE. 
 
Tema 03 - O congresso internacional em Rosário e em Cascais 
O mais recente congresso internacional ocorreu em julho de 2016 em Rosário, na 
Argentina, pela primeira vez em uma cidade educadora do país. Com o tema "Cidades: 
territórios de convivência", o encontro contou com a participação de representantes de 133 
cidades e 23 países. O tema trouxe a discussão da cidade enquanto espaço complexo que 
abriga múltiplas relações, formando territórios diferentes uns dos outros. O desafio é, 
portanto, valorizar essa heterogeneidade e construir espaços de diálogo e convivência. O 
14º congresso foi dividido em três eixos principais: "Habitar as cidades", "Construir as 
cidades" e "A igualdade nas cidades". Além disso, foram realizadas sete mesas-redondas 
temáticas com pesquisadores de vários países. Em 2018, o 15º congresso acontecerá em 
Cascais, em Portugal, com o tema "A cidade pertence às pessoas". Tanto Rosário como 
Cascais são membros da AICE, a primeira desde 1996 e a segunda desde 1997. 
 
Tema 04 - As publicações da AICE 
O portal on-line da AICE conta com o Banco Internacional de Documentos das Cidades 
Educadoras (BIDCE). A partir dele é possível acessar gratuitamente as publicações que 
desenvolvem e trabalham com o conceito de Cidade Educadora. O BIDCE possui livros, 
artigos, revistas, entrevistas, transcrições de conferências, conclusões e relatórios de 
congressos, seminários, entre outros. Além disso, a AICE tem publicado trimestralmente, a 
cada ano desde 2007, boletins informativos que apresentam experiências de projetos, 
chamados de boas práticas, e entrevistas com representantes de governos locais. Dentre 
as publicações, também há as "Declarações dos Congressos Internacionais", que são as 
conclusões e as demandas provindas dos encontros. Dentro do BIDCE, há o "Banco de 
Experiências", que reúne mais de mil ações que trazem os princípios da Carta das Cidades 
Educadoras, as quais podem ser consultadas, assim como também há a possibilidade de 
novas inscrições. 
 
Tema 05 - Livro de 20 anos de Cidades Educadoras 
O primeiro livro das Cidades Educadoras é referente ao 1º Congresso Internacional, em 
2012, denominado "La Ciudad Educadora", que foi organizado em três partes: a primeira 
aborda os artigos que discutem o conceito, a segunda parte trata de questões gerais e a 
terceira de instituições e meios. Após vinte anos da fundação da AICE, foi lançado um livro 
em comemoração, denominado "Educação e vida urbana: 20 anos de Cidades 
Educadoras". Na introdução do livro, quatro pesquisadores refletem acerca do conceito 
atual de Cidades Educadoras. O livro divide-se em três grandes partes. Na primeira parte, 
"Os novos desafios da vida urbana", os artigos tratam das transformações que afetam os 
sistemas urbanos. Na segunda parte, "Educação: o presente é o futuro", os artigos têm 
como eixo os processos de aprendizagem. Na terceira e última parte, "Cidades educadoras: 
20 anos", os escritos trazem a memória dos congressos internacionais e os relatos de 
prefeitos. 
 
Na Prática 
As experiências vividas nas Cidades Educadoras servem de inspiração, troca de ideias e 
cooperação. Tendo em vista o banco de experiências da AICE, em "Busca avançada", no 
site, escolha um descritor ou tema (artes e humanidades, bem-estar social, meio ambiente, 
saúde e esportes, entre outros) e procure três experiências: uma brasileira e duas 
internacionais, de preferência de continentes diferentes, mas que sejam do mesmo 
descritor. Faça um pequeno texto relatando sobre o conteúdo das experiências escolhidas e 
seu desenvolvimento e realize uma avaliação sobre o impacto delas. 
 
Finalizando 
Nesta aula vimos as estratégias e ações adotadas pela AICE. Inicialmente conhecemos a 
distribuição espacial das Cidades Educadoras pelos continentes, evidenciando sua 
concentração no continente europeu. Após isso, aprendemos a dinâmica e as temáticas dos 
congressos internacionais, como também caracterizamos o 14º Congresso Internacional em 
Rosário, que contou com a presença de uma professora e pesquisadora brasileira. 
Observamos, assim, os rumos futuros do 15º congresso em Cascais. Também conhecemos 
as publicações que são lançadas pela AICE, entre as quais demos destaque aos boletins 
informativos e ao banco de experiência. Debatemos sobre a obra de comemoração de 20 
anos das Cidades Educadoras, apreciando o seu caráter múltiplo e diverso, uma vez que 
trata da cidade na perspectiva educadora. 
 
Referências 
AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. XIV Congreso Internacional de 
Ciudades Educadoras. Programa. Rosario, 2016. Disponível em: 
<http://congresoaice2016.gob.ar/site>. Acesso em: 10 dez. 2017. 
 
AICE – AssociaçãoInternacional das Cidades Educadoras. Educação e vida urbana: 20 
anos de Cidades Educadoras. Lisboa, 2013. Disponível em: <http://cidades 
educadoras.org.br/materiais/educacao-e-vida-urbana-20-anos-de-cidades-educadoras/>. 
Acesso em: 10 dez. 2017. 
 
BIDCE – Banco Internacional de Documentos de Cidades Educadoras. Disponível em: 
<http://w10.bcn.es/APPS/edubidce/pubPortadaAc.do>. Acesso em: 10 dez. 2017. 
 
 
 
CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - 
AULA 05 
 
Plano de Ensino 
As cidades-membro da AICE 
 
Tema 1: As redes de Cidades Educadoras 
Tema 2: As cidades educadoras na América Latina 
Tema 3: As cidades educadoras no Brasil 
Tema 4: As capitais brasileiras que fazem parte da AICE 
Tema 5: Cidades brasileiras de médio e pequeno porte que participam da AICE 
 
Conversa Inicial 
Nesta aula apresentaremos as cidades que fazem parte da AICE, suas características, a 
distribuição espacial e a articulação na forma de redes. No primeiro momento 
conheceremos as redes territoriais de Cidades Educadoras, seus propósitos, distribuição 
espacial e seus mecanismos de funcionamento. Em seguida nos aproximaremos da 
América Latina para conhecer a rede de integração e as redes temáticas. Depois focaremos 
no Brasil, apresentando as cidades da AICE, como se distribuem por estado e região, 
mostrando as inspirações para o debate no país e o projeto Mais Educação. Ainda sobre o 
Brasil, desvendaremos os aspectos das cidades que são capitais e as demais, trazendo, 
além de dados socioeconômicos, exemplos de projetos e experiências desses municípios. 
 
Tema 01 - As redes de Cidades Educadoras 
Um dos órgãos da organização da AICE, estabelecida pelos estatutos vigentes, são as 
Redes. As redes territoriais são compostas por uma integração de cidades-membro da 
AICE em um determinado território. São estruturas descentralizadas da associação, que 
têm como objetivo trabalhar em conjunto questões de interesse comum. Cada rede 
territorial tem um conjunto de redes temáticas, que são grupos de trabalho formados por 
representantes de governos locais, com intuito de compartilhar experiências e discutir ideias 
sobre algum tema em comum da gestão municipal. Atualmente são oito redes, cada uma 
sobre a coordenação de uma Cidade Educadora: a Delegação para a América Latina 
(Rosário), a rede Brasil (Vitória), a rede Ásia-Pacífico (Changwon), a rede Estadual de 
Cidades Educadoras (Lleida), rede Francesa (Rennes), rede Italiana (Turim), rede Mexicana 
(Morelia) e rede Portuguesa (Lisboa). 
 
Tema 02 - As cidades educadoras na América Latina 
A América Latina corresponde à parte do continente americano em que a língua falada é 
derivada do latim (português, espanhol e francês). A Delegação para América Latina 
congrega dez países dos 21 da região, e mais uma dependência francesa: Argentina, Brasil, 
Chile, Colômbia, Costa Rica, Departamentos franceses ultramarinos (Le Lamentin), 
Equador, México, Porto Rico, Uruguai e Venezuela. Além disso, conta com redes territoriais 
como a rede Brasil, a rede Argentina de Cidades Educadoras e a rede Mexicana das 
Cidades Educadoras. Cabe destacar que são esses países com maior representação de 
cidades na região (Brasil, México e Argentina) os primeiros no ranking do Produto Interno 
Bruto e que possuem o índice de desenvolvimento humano (IDH) considerado alto. 
Atualmente, a Delegação da América Latina trabalha com três redes temáticas: ambiente e 
sustentabilidade; convivência e participação; e direitos da infância e juventude. 
 
Tema 03 - As cidades educadoras no Brasil 
O Brasil conta com 14 cidades-membro da AICE que integram a rede: Belo Horizonte, 
Caxias do Sul, Guarulhos, Horizonte, Mauá, Porto Alegre, Santiago, Santo André, Santos, 
São Bernardo do Campo, São Carlos, São Paulo, Sorocaba e Vitória. Dessas citadas, 
quatro são capitais que serão abordadas especificamente no próximo tema. A distribuição 
regional das cidades associadas está concentrada no Sudeste, com dez das cidades. A 
região Sul conta com três cidades educadoras, todas no estado do Rio Grande do Sul. Na 
região Nordeste há somente uma cidade participante no estado do Ceará. Conforme o 
portal brasileiro das Cidades Educadoras, em 2017, o município Embu das Artes, do estado 
de São Paulo, passou a integrar a AICE. O debate acerca das Cidades Educadoras no 
Brasil tem ampliado nas últimas décadas. Em 2007 foi criado o programa federal "Mais 
educação", que implementou a educação em tempo integral em mais de 60 mil escolas 
públicas. 
 
 
Tema 04 - As capitais brasileiras que fazem parte da AICE 
A rede brasileira da AICE conta com quatro capitais de estados da federação: Belo 
Horizonte (capital de Minas Gerais), Porto Alegre (capital do Rio Grande do Sul), São Paulo 
(capital de São Paulo) e Vitória (Espírito Santo). Além da função administrativa, essas 
capitais são grandes centros econômicos de destaque no Brasil. São Paulo e Belo 
Horizonte ocupam os primeiros lugares no ranking do PIB de 2014 em comparação com 
outras sedes estatais (1º e 4º lugar, respectivamente). Vitória é a capital com segundo maior 
Índice de Desenvolvimento Humano. Belo Horizonte possui 19 experiências cadastradas no 
banco da AICE (a mais antiga é de 1994). Porto Alegre tem 15 experiências cadastradas no 
banco. A cidade de São Paulo, única brasileira que já foi sede do Congresso Internacional, 
conta com 40 experiências cadastradas. Vitória é a coordenadora da rede brasileira e 
membro da associação desde 2013. 
 
Tema 05 - Cidades brasileiras de médio e pequeno porte que participam da AICE 
Além das capitais, outras 11 cidades integram a rede brasileira da AICE. São os municípios 
Caxias do Sul, Embu das Artes, Guarulhos, Horizonte, Mauá, Santiago, Santo André, 
Santos, São Bernardo do Campo, São Carlos e Sorocaba. Os municípios de Caxias do Sul 
e Santiago pertencem ao estado do Rio Grande do Sul, o município de Horizonte ao Ceará, 
e os demais ao estado de São Paulo. A média da população entre estas cidades chega a 
400 mil habitantes, sendo Guarulhos a mais populosa, com mais de 700 mil habitantes, e 
Santiago tem a menor população, cerca de 50 mil pessoas. Das cidades-membro da AICE 
em São Paulo, somente Sorocaba e Santos não fazem parte da região metropolitana de SP, 
um fator que pode aumentar a integração da rede brasileira. Cabe destacar que Horizonte é 
o único munícipio do Nordeste que integra a AICE. Ele associou-se em 2016 e um dos 
principais projetos da cidade é "Grêmio em Ação", formado por mais de 200 estudantes. 
 
Na Prática 
O Brasil é terceiro país da América Latina com a maior quantidade de cidades-membro da 
AICE. Utilizando o BICDE ou os portais institucionais das prefeituras, selecione três projetos 
em três municípios brasileiros, um projeto em uma das quatro capitais e dois projetos de 
uma das demais cidades associadas. Descreva-os abordando: o ano de início, os objetivos, 
como funciona e impactos positivos. Após isso, determine para cada projeto em qual rede 
temática da América Latina ele se encaixa (ambiente e sustentabilidade; convivência e 
participação; direitos da infância e juventude), justificando sua resposta. 
 
Finalizando 
Nesta aula vimos o funcionamento de um dos órgãos principais da AICE, que são as Redes 
territoriais. A dinâmica das redes se mostrou essencial na proposta de aumento de 
integração entre os municípios. Estudamos a articulação da Delegação pela América Latina, 
os países participantes, como também as redes temáticas que visam o compartilhamento 
de projetos de gestão municipal. O Brasil, como o país mais rico da América Latina, além do 
potencial investimento disponível para projetos, deve incentivar os municípios a adotarem a 
perspectiva das Cidades Educadoras, uma vez que nos estados mais carentes de recursos 
não há nenhuma cidade membro do AICE. Vimos que as capitais brasileiras participantes 
da AICE possuem osmelhores índices socioeconômicos dentre as demais e refletimos 
sobre exemplos de municípios menores (em população e com menos poder econômico) 
que se destacam na formulação e implementação de projetos educativos. 
 
Referências 
AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Redes. Disponível em: 
<http://www.edcities.org/redes/>. Acesso em: 20 dez. 2017. 
 
AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Redes temáticas da América 
Latina. Disponível em: 
<http://w10.bcn.es/APPS/edubidce/pubCongresAc.do?idcongres=724&ididi=2>. Acesso em: 
20 dez. 2017. 
 
ATLAS do Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível em: 
<http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/>. Acesso em: 21 dez. 2017. 
 
IBGE. Produto Interno Bruto dos Municípios 2010-2014. Disponível em: 
<https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pibmunicipios/2014/default_xls.shtm>. 
Acesso em: 20 dez. 2017. 
 
 
 
CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - 
AULA 06 
 
 
Plano de Ensino 
Práticas e projetos nas Cidades Educadoras 
 
Tema 1: Como fazer um projeto educativo local? 
Tema 2: Vivendo os espaços urbanos: aulas e caminhadas 
Tema 3: Projetos destaques pela AICE 
Tema 4: Os principais grupos temáticos da atualidade 
Tema 5: Importância de educar no território 
 
Conversa Inicial 
Esta última aula tem como objetivo apresentar exemplos de metodologias de projetos e 
boas práticas realizadas por Cidades Educadoras, trazendo uma reflexão, no final, sobre a 
importância de educar no território. No primeiro momento, vamos ver como se faz um 
projeto educativo local, seguindo a metodologia feita pela Rede Portuguesa de Cidades 
Educadoras. Posteriormente, vamos conhecer a metodologia de caminhadas e aulas 
públicas a exemplo de projetos realizados no Brasil e em Portugal. Em seguida, 
conheceremos os projetos destaques premiados pela AICE como exemplos de boas 
práticas. Os projetos e práticas estão divididos por temas, conforme as necessidades da 
população das cidades. Desta maneira, identificaremos os temas mais atuais. Por fim, 
faremos uma reflexão sobre a importância da utilização do território como espaço de 
aprendizagem e o motivo de uma cidade se tornar educadora. 
 
Tema 01 - Como fazer um projeto educativo local? 
Integrantes da Rede Territorial Portuguesa das Cidades Educadoras criaram, em 2012, um 
grupo temático denominado "Projeto Educativo Local (PEL)", com objetivo de produzir um 
referencial teórico-prático para construção de PEL nas cidades da AICE. Conforme o 
documento de 2015, o PEL deve ser concebido como um projeto de transformação social e 
do espaço público, que seja participativo e que sirva como diagnóstico da cidade e como 
base para políticas públicas. Os princípios devem seguir o da Carta da AICE (Aula 3). A 
metodologia é composta por quatro fases: planeamento e diagnóstico; estratégia de 
atuação; construção e execução; avaliação. Na primeira fase é realizada a caracterização 
da população, dos problemas e indicadores. Na segunda fase são definidos os 
participantes, orçamento e plano de ação. Na terceira fase é feita a formalização do PEL, 
cronograma de ações e comunicação. Já na última fase é feita uma avaliação diagnóstica. 
 
Tema 02 - Vivendo os espaços urbanos: aulas e caminhadas 
Conhecer o espaço em que se vive é fundamental para a construção da cidadania e para a 
participação. As caminhadas coletivas até a escola surgiram na Austrália, em 1991, com o 
objetivo de levar as crianças caminhando para as aulas, organizado pela escola e 
comunidade. Em Lisboa (Portugal) foi criado um projeto e organização dessas caminhadas, 
o chamado Pedibus. Conforme o manual do projeto, a primeira ação é a verificação do 
interesse dos participantes, em seguida a estruturação dos circuitos, e então, a 
implementação. Em Glicério (São Paulo), a prática de aulas coletivas envolve a comunidade 
escolar e promove um espaço educativo fora de sala de aula. O primeiro passo para fazer 
uma aula pública é a busca do tema e articulação com o currículo; em sequência, montar o 
roteiro de saída pelo bairro e buscar parcerias na comunidade. O registro do percurso deve 
ser realizado pelos estudantes como forma de atividade e avaliação da prática. 
 
Tema 03 - Projetos destaques pela AICE 
Em 2016 a AICE resolveu premiar três projetos de boas práticas de convivência na cidade. 
Um júri, composto por acadêmicos, representantes de governo e Comitê executivo da AICE, 
avaliou 57 projetos de 45 cidades diferentes. As cidades com experiências premiadas 
foram: Espoo (Finlândia), Llobregat (Espanha) e Saha-gu (Coreia do Sul). Em Espoo foi 
realizado o "Centro de Aprendizagem Opinmäki", na qual a comunidade participou da 
criação de um espaço que oferece serviços de escola primária, biblioteca, centro esportivo e 
atividades culturais. Em Llobregat, o projeto premiado se chama "Impulso do Serviço de 
Aprendizagem como ferramenta de convivência, coesão social e participação", no qual foi 
adotada uma metodologia pedagógica de "Aprendizagem-Serviço", em que os alunos 
realizam um trabalho em benefício da comunidade. Em Saha-gu, o governo local, com a 
ajuda de urbanistas, artistas e a própria comunidade, fizeram a revitalização de um bairro. 
 
Tema 04 - Os principais grupos temáticos da atualidade 
Os projetos e experiências na perspectiva das Cidades Educadoras geralmente estão 
inseridos em um ou mais grupos temáticos. Atendendo às necessidades atuais das cidades, 
a AICE os divide em seis eixos principais: meio ambiente, espaço público, inclusão social, 
esportes, cultura e idosos. O primeiro grupo abarca projetos comprometidos com o 
desenvolvimento sustentável (princípios 8 e 11 da Carta). No segundo grupo estão os 
projetos que se preocupam em transformar os espaços públicos em lugares harmônicos, de 
encontro e adaptados às necessidades da população (1, 8 e 10). O terceiro grupo é 
composto por projetos que trabalham com a construção de cidades inclusivas (1, 2, 14, 15, 
16, 17). O quarto grupo engloba projetos que têm o esporte como instrumento de promoção 
de saúde e educação (1, 10 e 11). No quinto grupo estão os projetos que objetivam a 
democratização do acesso à cultura (2, 7, 13). No último grupo estão os projetos voltados 
aos idosos. 
 
Tema 05 - Importância de educar no território 
Como já visto no decorrer desta aula, o território pode ser utilizado como um espaço de 
aprendizagem. A cidade como um lugar de múltiplas relações pode ser explorada para fins 
educativos, na medida em que possibilita os estudantes de vivenciarem aquilo que 
aprendem dentro da escola. Além disso, conhecer o lugar em que se vive é essencial para a 
construção da própria identidade, para o conhecimento da organização espacial, de 
manifestações culturais, dos conflitos existentes e de soluções, ou seja, é um exercício de 
cidadania. O direito à cidade também pode ser trabalhado quando se educa no território, 
pois, quando a escola ocupa o espaço público, permite aos estudantes o direito àquele 
espaço, aumentando o seu repertório sociocultural e gerando a transformação do território. 
Nesse sentido, as Cidades Educadoras que assumem e exercem o papel educador na vida 
de seus habitantes promovem ações locais com valores globais. 
Na Prática 
No decorrer desta aula vimos metodologias de projetos, exemplos de práticas e boas ideias. 
Escolha uma escola de sua preferência e elabore um pequeno projeto de intervenção 
pedagógica, tendo como exemplo a metodologia do Projeto Educativo Local. O projeto 
elaborado precisa estar de acordo com os princípios da Carta das Cidades Educadoras. A 
atividade proposta pode ocorrer tanto dentro dos espaços da escola como fora. Escreva um 
texto com no máximo duas páginas abordando o diagnóstico socioeconômico da escola e 
seu entorno e apresentando a proposta de intervenção, com os objetivos, temas 
relacionados, público e metodologia.Finalizando 
A última aula da disciplina trouxe exemplos de metodologias, projetos e práticas destaques 
no contexto das Cidades Educadoras. Vimos que, para construir um Projeto Educativo 
Local, é preciso organização e conhecimento do conceito de Cidade Educadora. 
Conhecemos como são realizadas as caminhadas e aulas públicas, bem como a 
importância para a apropriação dos espaços urbanos. Vimos os projetos premiados pela 
AICE, como foram feitos, para quem foram destinados e seus impactos positivos. Também 
discutimos os principais temas da atualidade em que os projetos estão inseridos, ou seja, as 
necessidades gerais das cidades. Por fim, percebemos que o território deve ser usado 
como ferramenta para educação. Somente conhecendo-o é possível transformá-lo.   
 
Referências 
AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Rede Territorial Portuguesa de 
Cidades Educadoras: contributos para a construção de um projeto educativo local de uma 
cidade educadora. Disponível em: <http://www.edcities. 
org/wpcontent/uploads/2015/07/contributos_para_a_construção_de_PEL_de_uma_cidade_
educadora_final_digital_brochura.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2017. 
 
AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Prêmio Cidades Educadoras: a 
buenas práticas de convivencia en la Ciudade. Disponível em: 
<http://www.edcities.org/premios/premio-2016/>. Acesso em: 20 dez. 2017. 
 
PREFEITURA de Lisboa. Manual do Pedibus. Disponível em: 
<http://www.cm-lisboa.pt/fileadmin/VIVER/Mobilidade/Manual_Pedibus.pdf>. Acesso em: 22 
dez. 2017.

Outros materiais