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CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - AULA 01 Plano de Ensino Esta disciplina tem como objetivo geral compreender o conceito de cidades educadoras, assim como mostrar alguns exemplos de ações e projetos realizados no mundo, buscando despertar práticas que promovam a cidadania e a educação. A disciplina foi dividida em seis temas: A urbanização crescente: características, problemas e desafios Política urbana brasileira e os instrumentos de participação A Cidade Educadora: reflexões sobre o conceito e a AICE AICE pelo mundo: os congressos e publicações As cidades-membro da AICE Práticas e projetos nas Cidades Educadoras 5 Conversa Inicial Nesta primeira aula abordaremos os aspectos da urbanização no mundo, mostrando como se deu o crescimento das cidades. Este conteúdo é essencial para compreender o que é uma cidade e o processo de urbanização, especialmente nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o caso do Brasil. Nesse sentido, compreender a urbanização brasileira é importante para apreender as principais características de nossa formação socioespacial resultante desse processo, bem como as repercussões na organização do espaço urbano e os problemas sociais vinculados. Tema 01 - Conceito de cidade e urbano O que caracteriza uma cidade? E o espaço urbano? As duas palavras carregam significados semelhantes e estão articuladas. A cidade é um produto social, não importando sua dimensão, tal como o número de habitantes ou abrangência territorial. A cidade representa a relação do homem com o meio, remete à ideia de aglomeração, de um objeto, materializada a partir da relação entre o construído (ruas, estradas, edificações, praças) e o não construído, ou seja, o natural. Já o termo "urbano" está relacionado a um fenômeno, refere-se ao processo de urbanização que faz parte da transformação estrutural específica da sociedade capitalista, na qual cresce a proporção da população que vive em cidades em relação à população total. Tema 02 - Século XX: a era da urbanização A urbanização corresponde ao processo demográfico que é caracterizado pela concentração de população nas cidades. É um acontecimento mundial, contudo, não ocorreu em todos países na mesma época nem com a mesma velocidade. Há aqueles que iniciaram o processo de industrialização nos séculos XVIII e XIX, especialmente os países europeus, em que o processo de urbanização ocorreu antes daqueles que se industrializaram tardiamente, como é o caso do Brasil. Chamamos o século XX de "era da urbanização", pois foi nesse período que este fenômeno tomou grandes proporções no mundo. Em meados do século XX, o Reino Unido, primeiro país a realizar a Revolução Industrial, já apresentava 80% da população vivendo em cidades. Na Dinamarca, Canadá e Suécia, o percentual era mais da metade (62%, 52% e 52%, respectivamente). Já os países subdesenvolvidos só conheceram uma urbanização mais intensificada a partir da década de 1960. Tema 03 - Século XXI: a era das cidades e metrópoles Atualmente mais da metade população mundial vive em áreas urbanas (54%), uma proporção que se estima que aumente para 66% até 2050. Conforme o relatório "Perspectivas da Urbanização Mundial", produzido em 2014 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial tem crescido rapidamente nas últimas décadas, passando de 750 milhões, em 1950, para 3,9 bilhões em 2014. A acelerada urbanização no século XX e a continuidade desse processo no século XXI trouxe à tona a formação de grandes aglomerados urbanos: as metrópoles (cidade principal de uma região que exerce influência sobre as demais ao redor), as megalópoles (conurbação de várias metrópoles) e as megacidades (10 milhões de habitantes ou mais). Até o fim do século XX (1990), havia 10 megacidades no mundo com 153 milhões de habitantes; em 2014, o número cresceu para 28 megacidades, constituindo 453 milhões de pessoas, de 12% dos habitantes do mundo. Tema 04 - O processo de urbanização no Brasil O processo de urbanização no Brasil aconteceu tardiamente com relação aos países considerados desenvolvidos. Durante séculos nosso país permaneceu como sendo "essencialmente agrícola", contudo, a partir das décadas de 1950 e 1960, a população urbana começa a crescer, principalmente em função da maior industrialização na Região Sudeste. Até o final do século XIX, a atividade industrial no Brasil era pouco expressiva, baseava-se na indústria de bens de consumo não-duráveis (tecidos, fumo, bebidas). No século XX, a partir de uma série de medidas governamentais, ocorreu a criação das indústrias de base, de consumo duráveis e investimentos em setores de infraestrutura. A partir da metade do século XX, a atividade industrial foi intensificada, incentivando a produção nacional e impulsionado o processo de urbanização, na medida em que estimulou a vinda de um grande número de pessoas que viviam no campo para as cidades (êxodo rural). Tema 05 - As consequências da urbanização O crescimento descontrolado das áreas urbanas e da população vem acarretando sérios problemas para as cidades brasileiras, tanto sociais como também ambientais. Para conseguir atender às necessidades da população urbana, é preciso que haja investimento em diversas áreas, como em transporte, educação, saneamento básico, saúde e segurança pública. Quando esses investimentos não são realizados, muito em função do desvio de verbas e corrupção, vários problemas podem surgir, tais como o desemprego (as atividades econômicas não conseguem absorver toda a população economicamente ativa), má distribuição de renda que gera alto índice de pobreza, aumento do número de veículos que pode causar congestionamento, precariedade do tratamento de água e esgoto, entre outros. Dentre os problemas ambientais gerados pela urbanização, podemos citar a poluição dos rios, poluição do ar, erosão do solo, desmoronamentos, entre outras adversidades. Na Prática A urbanização é um fenômeno que atingiu o mundo em grandes proporções. No Brasil esse processo ocorreu tardiamente, contudo, de forma acelerada, ocasionando vários problemas nas cidades. Portanto, aponte três problemas relacionados à dinâmica do espaço urbano em países subdesenvolvidos, elencando com exemplos reais, a partir de notícias e manchetes que abordem a situação citada. Posteriormente, reflita sobre cada um dos problemas e destaque uma solução para eles. Lembre-se de postar as considerações para que todos tenham acesso aos seus resultados. Finalizando Vimos, no decorrer desta aula, o conceito de cidade e a diferenciação para o urbano, e discutimos como ocorreu o processo de urbanização no mundo, mostrando a sua evolução histórica. Destacamos dois séculos para abordar esse fenômeno crescente: o século XX, em que ocorreu a urbanização com maior intensidade devido à industrialização, e o século XXI, das cidades já constituídas, bem como a formação de metrópoles, megalópoles e megacidades. Em seguida, vimos como aconteceu a urbanização no Brasil, que foi tardia, porém acelerada e de forma heterogênea pelo território, discutindo a influência da industrialização no processo. Por fim, elencamos as principais consequências do crescimento urbano, tanto problemas socioeconômicos como ambientais. Referências IBGE. Censo de 2010. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em: 20 nov. 2017. PEREIRA, E. M.; DIAS, L. C. D. As cidades e urbanização no Brasil: presente passado e futuro. Florianópolis: Insular, 2011. SANTOS, M. A urbanização brasileira. 5. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005. CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - AULA 02 Plano de Ensino Política urbana brasileira e os instrumentos de participação Tema 1: A constituição federal e a política urbana Tema 2: O Estatuto da CidadeTema 3: Os planos diretores participativos Tema 4: Orçamento participativo Tema 5: O direito à cidade Conversa Inicial Nesta aula veremos como é constituída a política urbana no Brasil e os instrumentos de participação popular. Nesse sentido, além de apresentar os artigos da Constituinte de 1988 que tratam sobre o assunto, também será destacado o contexto histórico antecedente a partir do Movimento Nacional pela Reforma Urbana. Em seguida, estudaremos o Estatuto da Cidade, lei formulada em 2001 e um grande marco na política urbana brasileira. A partir disso, discutiremos o funcionamento dos planos diretores participativos, bem como outro instrumento de participação, que é o Orçamento participativo. Por fim, faremos uma reflexão sobre o direito à cidade à luz do pensamento de Henri Lefebvre, um filósofo e sociólogo francês conhecido internacionalmente por escrever sobre o tema desde a década de 1960. Tema 01 - A constituição federal e a política urbana A política urbana no Brasil foi tratada pela primeira vez, em âmbito institucional, na Constituição Federal de 1988, a que está em vigor nos dias atuais. Foi na década de 1980 que surgiram importantes movimentos de luta por moradia e de Reforma Urbana, como o Movimento Nacional pela Reforma Urbana (MNRU). O MNRU contava com vários grupos não-institucionais, sindicatos, estudantes e intelectuais, que, incomodados com crescimento desordenado das cidades e os problemas relacionados à habitação, buscavam a promoção de políticas públicas para reordenar a lógica das cidades, democratizar as estruturas, aumentar o investimento em áreas periféricas, combater a especulação imobiliária, dentre outros objetivos. A partir das reivindicações do MNRU, juntamente com a pressão popular, na qual reuniram 200 mil assinaturas, foi incluso na Constituinte um capítulo intitulado "Política Urbana” (Art. 182 e 183). Tema 02 - O Estatuto da Cidade O chamado "Estatuto da Cidade" é uma Lei Federal, nº 10.251 de 2001, que regulamenta os artigos 182 e 183 do capítulo "Política Urbana" da Constituição Federal, estabelecendo diretrizes gerais para todo o país. É um marco histórico na institucionalização da participação da sociedade civil nos processos de planejamento urbano. O objetivo do estatuto é ordenar o desenvolvimento urbano dos municípios brasileiros de maneira que possa garantir os direitos fundamentais como a moradia, trabalho, lazer, segurança, ou seja, para que todos tenham acesso às oportunidades da vida urbana. O Estatuto da Cidade tem como diretrizes gerais (Art. 2º): garantia do direito a cidades sustentáveis, gestão democrática por meio da participação da população, planejamento do desenvolvimento das cidades, regularização fundiária e urbanização de áreas já ocupadas, entre outras mais que objetivam ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade. Tema 03 - Os planos diretores participativos O plano diretor participativo (PDP) é um instrumento básico para a política de desenvolvimento urbano de um município. Ele deve ser elaborado a partir de um processo democrático e participativo. O PDP constitui-se de lei municipal que é aprovada pela câmara de vereadores. O Estatuto da Cidade determinou que o PDP é obrigatório para os municípios que possuem mais de 20 mil habitantes, que integram regiões metropolitanas, os que se localizam em áreas turísticas, em áreas de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental e aqueles que tiverem interesse de aplicar os instrumentos urbanísticos previstos pela Lei nº 10.251. O PDP tem um prazo – deve ser revisado no mínimo a cada dez anos –, contudo, o município pode determinar um prazo menor. O prefeito e os vereadores devem garantir que haja participação popular em todas as etapas de elaboração, assim como na implementação do PDP. Tema 04 - Orçamento participativo O Estatuto da cidade, além dos instrumentos vistos anteriormente, traz o orçamento participativo (OP) enquanto possibilidade de os cidadãos decidirem sobre os orçamentos públicos, exercendo a cidadania, comprometendo-se com o bem público e com a gestão da cidade. O orçamento participativo surge em 1989, em Porto Alegre (RS). A partir disso, 300 prefeituras brasileiras adotaram o instrumento, assim como grandes metrópoles no mundo, tais como Bruxelas, Paris e Barcelona. Não há um modelo padrão do OP a ser seguido pelas prefeituras, visto que cada local tem suas especificidades, no entanto, o OP tem as fases de discussão, negociação e elaboração, que podem levar um ano ou mais. Em geral, são realizadas assembleias tanto locais como setoriais; posteriormente, os projetos são entregues para a Câmara de Vereadores e analisados, para então formular o Plano de Investimento, que passará novamente por reuniões para avaliação e ajustes. Tema 05 - O direito à cidade O direito à cidade, discutido por Henri Lefebvre em 1968, apresenta-se conforme o geógrafo brasileiro Orlando Santos Júnior, como um grito e uma demanda, em que o primeiro estaria vinculado às lutas para levar uma vida satisfatória, expressando as necessidades de reprodução social da cidade – que, segundo o autor, poderia ser traduzido na diversidade de movimentos sociais urbanos –, enquanto que o direito à cidade como uma demanda não pode ser realizado no âmbito da urbanização capitalista, na medida em que há uma demanda coletiva por um novo projeto de cidade, baseada na emancipação humana e justiça social. Desta forma, o conceito do direito à cidade vai implicar na reconstrução do espaço urbano através de outra lógica, fazendo necessário que os habitantes se apropriem de todas as dimensões da cidade. No contexto do direito à cidade, os cidadãos não só devem ter direito à habitação, como também o direito efetivo ao espaço. Na Prática Após a aprovação do Estatuto da Cidade, os municípios tiveram um prazo de cinco anos para a realização de seus planos diretores participativos. Dito isto, procure o plano diretor do seu município, comente o ano de elaboração, revisão (se houver), caracterize a sua estrutura e pesquise se ele contém na redação algum dos instrumentos citados pelo Estatuto da Cidade. Compartilhe com os seus colegas as informações para compararem os planos. Finalizando Nesta aula vimos a trajetória da política urbana no Brasil e os instrumentos de participação existentes e seu funcionamento, reconhecendo a importância da luta social para a implementação de políticas. Conhecemos o Estatuto da Cidade como um marco fundamental na instituição da participação da população no planejamento dos seus municípios, como também os diversos instrumentos previstos para garantir direitos fundamentais dos brasileiros. Nesse mesmo contexto, foi apresentado o Orçamento Participativo enquanto um instrumento que promove cidadania e possibilita que os habitantes decidam sobre os investimentos previstos e realizados. Ao final, foi realizada uma reflexão acerca do direito à cidade a partir dos pensamentos de Lefebvre, que se baseia na ideia de que este direito não se restringe ao direito de visita à cidade, mas como um direito à vida urbana transformada de acordo com a vontade e participação de seus cidadãos. Referências BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Estatuto da Cidade (2001). Estatuto da cidade: Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001, que estabelece diretrizes gerais da política urbana. BRASIL. Ministério das Cidades. Política Nacional de Habitação. Cadernos Mcidades Habitação, Brasília, n. 4, nov. 2004. SANTOS JR., O. A. Espaços urbanos coletivos, heterotopia e o direito à cidade: reflexões a partir do pensamento de Henri Lefebvre e David Harvey. In: COSTA et al. Teorias e práticas urbanas: condições para uma sociedade urbana.Belo Horizonte: C/Arte, 2015. CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - AULA 03 Plano de Ensino A Cidade Educadora: reflexões sobre o conceito e a AICE Tema 1: O que é uma cidade educadora? Tema 2: O surgimento da AICE Tema 3: Estrutura organizacional e objetivos da AICE Tema 4: A carta da AICE Tema 5: Os princípios da carta das Cidades Educadoras Conversa Inicial As aulas 1 e 2 serviram de base para compreendermos as características das cidades, da urbanização e das políticas urbanas. De agora em diante, vamos nos aprofundar no conceito de cidade educadora, conhecer sua origem e contextualizar historicamente a Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE), buscando entender as motivações de seu surgimento, os objetivo e estrutura de funcionamento. A carta da AICE é o documento norteador e uma das principais publicações da instituição. Ela trata dos princípios que serão debatidos nesta aula. Tema 01 - O que são as cidades educadoras? Após as aulas sobre cidade, reflexões sobre o direito a esta, nos emerge a questão principal do nome da disciplina: afinal, o que são as cidades educadoras? É preciso destacar que todos os conceitos são mutáveis e o de cidade educadora se modifica conforme as mudanças na vida das cidades e de seus habitantes. Foi na última década do século XX que uma pedagoga catalã chamada Marta Mata propôs este conceito, ganhando visibilidade no 1º Congresso Internacional em Barcelona. A ideia de cidade educadora é baseada na premissa de que toda ação de educar não é tarefa somente da escola e da família, é uma responsabilidade de toda a sociedade, em que a cidade, além de desempenhar suas atividades tradicionais, promove um papel educador na vida dos cidadãos. Assim sendo, a educação não acontece apenas em espaços formais, ela também é resultado das experiências vivenciadas na cidade. Portanto, uma cidade educadora deve ser democrática e participativa. Tema 02 - O surgimento da AICE Em 1948, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, é lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que apontava a educação como eixo essencial no desenvolvimento humano, sendo um direito de toda pessoa. Mais tarde, em 1990, a UNESCO (agência especializada da ONU para educação, ciência e cultura) apresenta a Declaração Mundial da Educação para Todos. No mesmo ano, ocorre o 1º Congresso Internacional das Cidades Educadoras, em Barcelona, que contou com 63 cidades de 21 países do mundo a fim de discutir a importância da educação para uma governabilidade adequada à vida urbana. Como resultado do Congresso, foi escrita a Carta das Cidades Educadoras, que estabeleceu os princípios que as cidades adotariam em suas políticas. Em 1994, no 3o Congresso Internacional em Bolonha, foi formada a Associação Internacional das Cidades Educadoras, com 40 cidades. Hoje são 488, em 36 países. Tema 03 - Estrutura organizacional e objetivos da AICE Com sua sede em Barcelona, na Espanha, a Associação Internacional das Cidades Educadoras está organizada em quatro grandes órgãos: Assembleia geral, órgão supremo formado por todas as cidades associadas; Comitê executivo, encarregado das funções de direção, gestão, execução e representação da AICE; Secretariado, responsável pelo cumprimento do plano de ação e do funcionamento quotidiano da AICE; Redes, que são estruturas descentralizadas formadas pelas cidades associadas à AICE. Dentre os objetivos da AICE, um dos principais é reivindicar a importância da educação na cidade. Além disso, a associação também almeja a garantia do cumprimento dos princípios estabelecidos na Carta das Cidades Educadoras: destacar os aspectos educacionais dos projetos políticos das cidades participantes, estabelecer a colaboração entre as redes territoriais, aprofundar o conceito de cidade educadora e impulsionar o ingresso de novas cidades. Tema 04 - A carta da AICE Foi no 1º Congresso Internacional de Cidades Educadoras, em Barcelona (Espanha), em 1990, que foi redigida a Carta das Cidades Educadoras, revista no III Congresso Internacional em Bolonha (Itália, 1994) e dez anos depois em Gênova (Itália, 2004). Dentre as inspirações da carta está a Declaração dos Direitos Humanos (1948), a Declaração Mundial da Educação para Todos (1990) e a Declaração Universal sobre Diversidade Cultural (2001). Ela está dividida nas seções "Preâmbulo" e "Princípios". Na primeira parte a carta destaca que as cidades educadoras têm "personalidade própria", ou seja, munida de características do lugar onde estão inseridas. Contudo, conforme a carta, toda cidade educadora deve primeiro investir em educação; em segundo lugar, promover condições de igualdade; e em terceiro, juntar os fatores para que se possa construir a cidade. A segunda parte, referente aos princípios, será tratada no próximo tema desta aula. Tema 05 - Os princípios da Carta das Cidades Educadoras A Carta das Cidades Educadoras traz vinte princípios que devem ser assumidos pelas cidades associadas. Dividem-se em três partes: Direito a uma cidade educadora Compromisso da cidade Ao serviço integral das pessoas A primeira parte conta com seis princípios, que abordam, de maneira geral, a necessidade de condições de igualdade e oportunidade de formação, promoção da educação na diversidade, diálogo entre gerações, políticas de caráter educativo e a realização de estudos sobre os habitantes. A segunda parte da carta abarca seis princípios, que falam sobre a preservação da identidade da cidade, planejamento urbano compromissado com meio ambiente e necessidades de acessibilidade, participação popular, qualidade de vida e desenvolvimento sustentável. A terceira parte engloba oito princípios, que abordam a disponibilidade de orientação pessoal e profissional, entre outros aspectos referentes à vida dos cidadãos. Na Prática Desde a primeira Conferência das Cidades Educadoras, vimos que muitas cidades despertaram a preocupação com a educação e começaram a integrar a AICE. Para fazer parte da associação é preciso seguir os princípios. Desta maneira, escolha um dos vinte princípios da Carta e pesquise um projeto de intervenção já realizado em algum município (seja ele parte da AICE ou não) que contemple o princípio escolhido. Descreva de forma sucinta (5 linhas) do que se trata o projeto e justifique o porquê do princípio vinculado (5 linhas). Poste sua resposta para compartilhar as ideias dos projetos com a turma. Finalizando Nesta aula refletimos sobre o conceito de Cidades Educadoras, lançado na década de 1990, entendendo-o como múltiplo e mutante, mas que representa o compromisso da cidade, em todas as esferas, com a educação. Conhecemos o contexto no qual surgiu a Associação Internacional das Cidades Educadoras, suas inspirações, estrutura organizacional e seus principais objetivos. Também estudamos a mais importante publicação da AICE, que é a Carta das Cidades Educadoras, a qual discute o conceito central e traz os princípios que devem nortear as políticas dos municípios associados – princípios estes que se agrupam por finalidade, somando um total de vinte fundamentos compromissados com a cidade e seus habitantes. Referências AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Carta das Cidades Educadoras. VII Congresso Internacional de Cidades Educadoras. Genova, 2004. Disponível em: <http://www.edcities.org/carta-de-ciudades-educadoras/>. Acesso em: 10 dez. 2017. AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Educação e vida urbana: 20 anos de Cidades Educadoras. Lisboa, 2013. Disponível em: <http://cidadeseducadoras.org.br/materiais/educacao-e-vida-urbana-20-anos-de-cidades-ed ucadoras/>. Acesso em: 10 dez. 2017. CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - AULA04 Plano de Ensino AICE pelo mundo: os congressos e publicações Tema 1: As cidades educadoras no mundo Tema 2: Os congressos internacionais Tema 3: O congresso internacional em Rosário e em Cascais Tema 4: As publicações da AICE Tema 5: Livro de 20 anos de Cidades Educadoras Conversa Inicial Na quarta aula desta disciplina estudaremos como a Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE) se articula pelo mundo, apresentando suas estratégias e ações. Conheceremos as cidades que fazem parte da AICE e sua distribuição pelos continentes. Em seguida, como parte de estratégia da associação, veremos a dinâmica dos Congressos Internacionais e suas temáticas. Em 2016 ocorreu o XIV Congresso Internacional em Rosário, na Argentina, celebrando duas décadas de integração deste município na AICE. Assim, estudaremos as características e desenvolvimento do congresso. A partir desses encontros, surgem muitas publicações sobre as discussões realizadas ou experiências compartilhadas pelas cidades. Desta forma, veremos os tipos de publicações que são realizadas pela associação. A mais recente e importante publicação é o livro em comemoração aos 20 anos das Cidades Educadoras. Tema 01 - Territórios e redes da AICE Os territórios das Cidades Educadoras têm sido transformados pela educação. O compromisso com as políticas urbanas e com as práticas cotidianas de caráter educativo chamou a atenção de vários municípios para se integrarem à AICE. Atualmente a AICE tem 493 cidades espalhadas por 37 países por todos os continentes. A Europa é o continente que possui mais cidades educadoras (398), em segundo o continente Americano (57), em terceiro lugar a Ásia (28), em quarto lugar a África (9) e, por último, a Oceania (1). Cabe ressaltar que no continente europeu o país que mais tem cidades educadoras é a Espanha, berço do 1º Congresso Internacional; na América, essa posição é ocupada pela Argentina; já na Ásia, a Coreia do Sul é o país que mais tem participantes na AICE; na África, o Benim possui três cidades associadas. A Oceania é o único continente que conta somente com uma cidade educadora, na Austrália. Tema 02 - Os congressos internacionais Como visto nas aulas anteriores, o 1º Congresso Internacional das Cidades Educadoras ocorreu em Barcelona, na Espanha, em 1990. Nesse momento, decidiu-se fazer os encontros a cada dois anos. Para a AICE, os congressos representam um evento fundamental para a continuação dos trabalhos nas cidades e das redes, pois é um lugar de troca de ideias, experiências, novos contatos e colaborações. O 2º congresso ocorreu em Göteborg (Suécia, 1992), o 3º em Bolonha (Itália, 1994), o 4º em Chicago (EUA, 1996), o 5º em Jerusalém (Israel, 1999), o 6º em Lisboa (Portugal, 2000), o 7º em Tampere (Finlândia, 2002), o 8º em Gênova (Itália, 2004), o 9º em Lyon (França, 2006), o 10º em São Paulo (Brasil, 2008), o 11º em Guadalajara (México, 2010), o 12º em Changwon (Coreia do Sul, 2012), o 13º em Barcelona (Espanha, 2014), o 14º em Rosário (Argentina, 2016). E o 15º congresso será em Cascais (Portugal, 2018). Todos os congressos ocorreram em cidades associadas da AICE. Tema 03 - O congresso internacional em Rosário e em Cascais O mais recente congresso internacional ocorreu em julho de 2016 em Rosário, na Argentina, pela primeira vez em uma cidade educadora do país. Com o tema "Cidades: territórios de convivência", o encontro contou com a participação de representantes de 133 cidades e 23 países. O tema trouxe a discussão da cidade enquanto espaço complexo que abriga múltiplas relações, formando territórios diferentes uns dos outros. O desafio é, portanto, valorizar essa heterogeneidade e construir espaços de diálogo e convivência. O 14º congresso foi dividido em três eixos principais: "Habitar as cidades", "Construir as cidades" e "A igualdade nas cidades". Além disso, foram realizadas sete mesas-redondas temáticas com pesquisadores de vários países. Em 2018, o 15º congresso acontecerá em Cascais, em Portugal, com o tema "A cidade pertence às pessoas". Tanto Rosário como Cascais são membros da AICE, a primeira desde 1996 e a segunda desde 1997. Tema 04 - As publicações da AICE O portal on-line da AICE conta com o Banco Internacional de Documentos das Cidades Educadoras (BIDCE). A partir dele é possível acessar gratuitamente as publicações que desenvolvem e trabalham com o conceito de Cidade Educadora. O BIDCE possui livros, artigos, revistas, entrevistas, transcrições de conferências, conclusões e relatórios de congressos, seminários, entre outros. Além disso, a AICE tem publicado trimestralmente, a cada ano desde 2007, boletins informativos que apresentam experiências de projetos, chamados de boas práticas, e entrevistas com representantes de governos locais. Dentre as publicações, também há as "Declarações dos Congressos Internacionais", que são as conclusões e as demandas provindas dos encontros. Dentro do BIDCE, há o "Banco de Experiências", que reúne mais de mil ações que trazem os princípios da Carta das Cidades Educadoras, as quais podem ser consultadas, assim como também há a possibilidade de novas inscrições. Tema 05 - Livro de 20 anos de Cidades Educadoras O primeiro livro das Cidades Educadoras é referente ao 1º Congresso Internacional, em 2012, denominado "La Ciudad Educadora", que foi organizado em três partes: a primeira aborda os artigos que discutem o conceito, a segunda parte trata de questões gerais e a terceira de instituições e meios. Após vinte anos da fundação da AICE, foi lançado um livro em comemoração, denominado "Educação e vida urbana: 20 anos de Cidades Educadoras". Na introdução do livro, quatro pesquisadores refletem acerca do conceito atual de Cidades Educadoras. O livro divide-se em três grandes partes. Na primeira parte, "Os novos desafios da vida urbana", os artigos tratam das transformações que afetam os sistemas urbanos. Na segunda parte, "Educação: o presente é o futuro", os artigos têm como eixo os processos de aprendizagem. Na terceira e última parte, "Cidades educadoras: 20 anos", os escritos trazem a memória dos congressos internacionais e os relatos de prefeitos. Na Prática As experiências vividas nas Cidades Educadoras servem de inspiração, troca de ideias e cooperação. Tendo em vista o banco de experiências da AICE, em "Busca avançada", no site, escolha um descritor ou tema (artes e humanidades, bem-estar social, meio ambiente, saúde e esportes, entre outros) e procure três experiências: uma brasileira e duas internacionais, de preferência de continentes diferentes, mas que sejam do mesmo descritor. Faça um pequeno texto relatando sobre o conteúdo das experiências escolhidas e seu desenvolvimento e realize uma avaliação sobre o impacto delas. Finalizando Nesta aula vimos as estratégias e ações adotadas pela AICE. Inicialmente conhecemos a distribuição espacial das Cidades Educadoras pelos continentes, evidenciando sua concentração no continente europeu. Após isso, aprendemos a dinâmica e as temáticas dos congressos internacionais, como também caracterizamos o 14º Congresso Internacional em Rosário, que contou com a presença de uma professora e pesquisadora brasileira. Observamos, assim, os rumos futuros do 15º congresso em Cascais. Também conhecemos as publicações que são lançadas pela AICE, entre as quais demos destaque aos boletins informativos e ao banco de experiência. Debatemos sobre a obra de comemoração de 20 anos das Cidades Educadoras, apreciando o seu caráter múltiplo e diverso, uma vez que trata da cidade na perspectiva educadora. Referências AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. XIV Congreso Internacional de Ciudades Educadoras. Programa. Rosario, 2016. Disponível em: <http://congresoaice2016.gob.ar/site>. Acesso em: 10 dez. 2017. AICE – AssociaçãoInternacional das Cidades Educadoras. Educação e vida urbana: 20 anos de Cidades Educadoras. Lisboa, 2013. Disponível em: <http://cidades educadoras.org.br/materiais/educacao-e-vida-urbana-20-anos-de-cidades-educadoras/>. Acesso em: 10 dez. 2017. BIDCE – Banco Internacional de Documentos de Cidades Educadoras. Disponível em: <http://w10.bcn.es/APPS/edubidce/pubPortadaAc.do>. Acesso em: 10 dez. 2017. CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - AULA 05 Plano de Ensino As cidades-membro da AICE Tema 1: As redes de Cidades Educadoras Tema 2: As cidades educadoras na América Latina Tema 3: As cidades educadoras no Brasil Tema 4: As capitais brasileiras que fazem parte da AICE Tema 5: Cidades brasileiras de médio e pequeno porte que participam da AICE Conversa Inicial Nesta aula apresentaremos as cidades que fazem parte da AICE, suas características, a distribuição espacial e a articulação na forma de redes. No primeiro momento conheceremos as redes territoriais de Cidades Educadoras, seus propósitos, distribuição espacial e seus mecanismos de funcionamento. Em seguida nos aproximaremos da América Latina para conhecer a rede de integração e as redes temáticas. Depois focaremos no Brasil, apresentando as cidades da AICE, como se distribuem por estado e região, mostrando as inspirações para o debate no país e o projeto Mais Educação. Ainda sobre o Brasil, desvendaremos os aspectos das cidades que são capitais e as demais, trazendo, além de dados socioeconômicos, exemplos de projetos e experiências desses municípios. Tema 01 - As redes de Cidades Educadoras Um dos órgãos da organização da AICE, estabelecida pelos estatutos vigentes, são as Redes. As redes territoriais são compostas por uma integração de cidades-membro da AICE em um determinado território. São estruturas descentralizadas da associação, que têm como objetivo trabalhar em conjunto questões de interesse comum. Cada rede territorial tem um conjunto de redes temáticas, que são grupos de trabalho formados por representantes de governos locais, com intuito de compartilhar experiências e discutir ideias sobre algum tema em comum da gestão municipal. Atualmente são oito redes, cada uma sobre a coordenação de uma Cidade Educadora: a Delegação para a América Latina (Rosário), a rede Brasil (Vitória), a rede Ásia-Pacífico (Changwon), a rede Estadual de Cidades Educadoras (Lleida), rede Francesa (Rennes), rede Italiana (Turim), rede Mexicana (Morelia) e rede Portuguesa (Lisboa). Tema 02 - As cidades educadoras na América Latina A América Latina corresponde à parte do continente americano em que a língua falada é derivada do latim (português, espanhol e francês). A Delegação para América Latina congrega dez países dos 21 da região, e mais uma dependência francesa: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Departamentos franceses ultramarinos (Le Lamentin), Equador, México, Porto Rico, Uruguai e Venezuela. Além disso, conta com redes territoriais como a rede Brasil, a rede Argentina de Cidades Educadoras e a rede Mexicana das Cidades Educadoras. Cabe destacar que são esses países com maior representação de cidades na região (Brasil, México e Argentina) os primeiros no ranking do Produto Interno Bruto e que possuem o índice de desenvolvimento humano (IDH) considerado alto. Atualmente, a Delegação da América Latina trabalha com três redes temáticas: ambiente e sustentabilidade; convivência e participação; e direitos da infância e juventude. Tema 03 - As cidades educadoras no Brasil O Brasil conta com 14 cidades-membro da AICE que integram a rede: Belo Horizonte, Caxias do Sul, Guarulhos, Horizonte, Mauá, Porto Alegre, Santiago, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Carlos, São Paulo, Sorocaba e Vitória. Dessas citadas, quatro são capitais que serão abordadas especificamente no próximo tema. A distribuição regional das cidades associadas está concentrada no Sudeste, com dez das cidades. A região Sul conta com três cidades educadoras, todas no estado do Rio Grande do Sul. Na região Nordeste há somente uma cidade participante no estado do Ceará. Conforme o portal brasileiro das Cidades Educadoras, em 2017, o município Embu das Artes, do estado de São Paulo, passou a integrar a AICE. O debate acerca das Cidades Educadoras no Brasil tem ampliado nas últimas décadas. Em 2007 foi criado o programa federal "Mais educação", que implementou a educação em tempo integral em mais de 60 mil escolas públicas. Tema 04 - As capitais brasileiras que fazem parte da AICE A rede brasileira da AICE conta com quatro capitais de estados da federação: Belo Horizonte (capital de Minas Gerais), Porto Alegre (capital do Rio Grande do Sul), São Paulo (capital de São Paulo) e Vitória (Espírito Santo). Além da função administrativa, essas capitais são grandes centros econômicos de destaque no Brasil. São Paulo e Belo Horizonte ocupam os primeiros lugares no ranking do PIB de 2014 em comparação com outras sedes estatais (1º e 4º lugar, respectivamente). Vitória é a capital com segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano. Belo Horizonte possui 19 experiências cadastradas no banco da AICE (a mais antiga é de 1994). Porto Alegre tem 15 experiências cadastradas no banco. A cidade de São Paulo, única brasileira que já foi sede do Congresso Internacional, conta com 40 experiências cadastradas. Vitória é a coordenadora da rede brasileira e membro da associação desde 2013. Tema 05 - Cidades brasileiras de médio e pequeno porte que participam da AICE Além das capitais, outras 11 cidades integram a rede brasileira da AICE. São os municípios Caxias do Sul, Embu das Artes, Guarulhos, Horizonte, Mauá, Santiago, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Carlos e Sorocaba. Os municípios de Caxias do Sul e Santiago pertencem ao estado do Rio Grande do Sul, o município de Horizonte ao Ceará, e os demais ao estado de São Paulo. A média da população entre estas cidades chega a 400 mil habitantes, sendo Guarulhos a mais populosa, com mais de 700 mil habitantes, e Santiago tem a menor população, cerca de 50 mil pessoas. Das cidades-membro da AICE em São Paulo, somente Sorocaba e Santos não fazem parte da região metropolitana de SP, um fator que pode aumentar a integração da rede brasileira. Cabe destacar que Horizonte é o único munícipio do Nordeste que integra a AICE. Ele associou-se em 2016 e um dos principais projetos da cidade é "Grêmio em Ação", formado por mais de 200 estudantes. Na Prática O Brasil é terceiro país da América Latina com a maior quantidade de cidades-membro da AICE. Utilizando o BICDE ou os portais institucionais das prefeituras, selecione três projetos em três municípios brasileiros, um projeto em uma das quatro capitais e dois projetos de uma das demais cidades associadas. Descreva-os abordando: o ano de início, os objetivos, como funciona e impactos positivos. Após isso, determine para cada projeto em qual rede temática da América Latina ele se encaixa (ambiente e sustentabilidade; convivência e participação; direitos da infância e juventude), justificando sua resposta. Finalizando Nesta aula vimos o funcionamento de um dos órgãos principais da AICE, que são as Redes territoriais. A dinâmica das redes se mostrou essencial na proposta de aumento de integração entre os municípios. Estudamos a articulação da Delegação pela América Latina, os países participantes, como também as redes temáticas que visam o compartilhamento de projetos de gestão municipal. O Brasil, como o país mais rico da América Latina, além do potencial investimento disponível para projetos, deve incentivar os municípios a adotarem a perspectiva das Cidades Educadoras, uma vez que nos estados mais carentes de recursos não há nenhuma cidade membro do AICE. Vimos que as capitais brasileiras participantes da AICE possuem osmelhores índices socioeconômicos dentre as demais e refletimos sobre exemplos de municípios menores (em população e com menos poder econômico) que se destacam na formulação e implementação de projetos educativos. Referências AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Redes. Disponível em: <http://www.edcities.org/redes/>. Acesso em: 20 dez. 2017. AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Redes temáticas da América Latina. Disponível em: <http://w10.bcn.es/APPS/edubidce/pubCongresAc.do?idcongres=724&ididi=2>. Acesso em: 20 dez. 2017. ATLAS do Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível em: <http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/>. Acesso em: 21 dez. 2017. IBGE. Produto Interno Bruto dos Municípios 2010-2014. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pibmunicipios/2014/default_xls.shtm>. Acesso em: 20 dez. 2017. CIDADES EDUCADORAS PROFª GEISA SILVEIRA DA ROCHA - AULA 06 Plano de Ensino Práticas e projetos nas Cidades Educadoras Tema 1: Como fazer um projeto educativo local? Tema 2: Vivendo os espaços urbanos: aulas e caminhadas Tema 3: Projetos destaques pela AICE Tema 4: Os principais grupos temáticos da atualidade Tema 5: Importância de educar no território Conversa Inicial Esta última aula tem como objetivo apresentar exemplos de metodologias de projetos e boas práticas realizadas por Cidades Educadoras, trazendo uma reflexão, no final, sobre a importância de educar no território. No primeiro momento, vamos ver como se faz um projeto educativo local, seguindo a metodologia feita pela Rede Portuguesa de Cidades Educadoras. Posteriormente, vamos conhecer a metodologia de caminhadas e aulas públicas a exemplo de projetos realizados no Brasil e em Portugal. Em seguida, conheceremos os projetos destaques premiados pela AICE como exemplos de boas práticas. Os projetos e práticas estão divididos por temas, conforme as necessidades da população das cidades. Desta maneira, identificaremos os temas mais atuais. Por fim, faremos uma reflexão sobre a importância da utilização do território como espaço de aprendizagem e o motivo de uma cidade se tornar educadora. Tema 01 - Como fazer um projeto educativo local? Integrantes da Rede Territorial Portuguesa das Cidades Educadoras criaram, em 2012, um grupo temático denominado "Projeto Educativo Local (PEL)", com objetivo de produzir um referencial teórico-prático para construção de PEL nas cidades da AICE. Conforme o documento de 2015, o PEL deve ser concebido como um projeto de transformação social e do espaço público, que seja participativo e que sirva como diagnóstico da cidade e como base para políticas públicas. Os princípios devem seguir o da Carta da AICE (Aula 3). A metodologia é composta por quatro fases: planeamento e diagnóstico; estratégia de atuação; construção e execução; avaliação. Na primeira fase é realizada a caracterização da população, dos problemas e indicadores. Na segunda fase são definidos os participantes, orçamento e plano de ação. Na terceira fase é feita a formalização do PEL, cronograma de ações e comunicação. Já na última fase é feita uma avaliação diagnóstica. Tema 02 - Vivendo os espaços urbanos: aulas e caminhadas Conhecer o espaço em que se vive é fundamental para a construção da cidadania e para a participação. As caminhadas coletivas até a escola surgiram na Austrália, em 1991, com o objetivo de levar as crianças caminhando para as aulas, organizado pela escola e comunidade. Em Lisboa (Portugal) foi criado um projeto e organização dessas caminhadas, o chamado Pedibus. Conforme o manual do projeto, a primeira ação é a verificação do interesse dos participantes, em seguida a estruturação dos circuitos, e então, a implementação. Em Glicério (São Paulo), a prática de aulas coletivas envolve a comunidade escolar e promove um espaço educativo fora de sala de aula. O primeiro passo para fazer uma aula pública é a busca do tema e articulação com o currículo; em sequência, montar o roteiro de saída pelo bairro e buscar parcerias na comunidade. O registro do percurso deve ser realizado pelos estudantes como forma de atividade e avaliação da prática. Tema 03 - Projetos destaques pela AICE Em 2016 a AICE resolveu premiar três projetos de boas práticas de convivência na cidade. Um júri, composto por acadêmicos, representantes de governo e Comitê executivo da AICE, avaliou 57 projetos de 45 cidades diferentes. As cidades com experiências premiadas foram: Espoo (Finlândia), Llobregat (Espanha) e Saha-gu (Coreia do Sul). Em Espoo foi realizado o "Centro de Aprendizagem Opinmäki", na qual a comunidade participou da criação de um espaço que oferece serviços de escola primária, biblioteca, centro esportivo e atividades culturais. Em Llobregat, o projeto premiado se chama "Impulso do Serviço de Aprendizagem como ferramenta de convivência, coesão social e participação", no qual foi adotada uma metodologia pedagógica de "Aprendizagem-Serviço", em que os alunos realizam um trabalho em benefício da comunidade. Em Saha-gu, o governo local, com a ajuda de urbanistas, artistas e a própria comunidade, fizeram a revitalização de um bairro. Tema 04 - Os principais grupos temáticos da atualidade Os projetos e experiências na perspectiva das Cidades Educadoras geralmente estão inseridos em um ou mais grupos temáticos. Atendendo às necessidades atuais das cidades, a AICE os divide em seis eixos principais: meio ambiente, espaço público, inclusão social, esportes, cultura e idosos. O primeiro grupo abarca projetos comprometidos com o desenvolvimento sustentável (princípios 8 e 11 da Carta). No segundo grupo estão os projetos que se preocupam em transformar os espaços públicos em lugares harmônicos, de encontro e adaptados às necessidades da população (1, 8 e 10). O terceiro grupo é composto por projetos que trabalham com a construção de cidades inclusivas (1, 2, 14, 15, 16, 17). O quarto grupo engloba projetos que têm o esporte como instrumento de promoção de saúde e educação (1, 10 e 11). No quinto grupo estão os projetos que objetivam a democratização do acesso à cultura (2, 7, 13). No último grupo estão os projetos voltados aos idosos. Tema 05 - Importância de educar no território Como já visto no decorrer desta aula, o território pode ser utilizado como um espaço de aprendizagem. A cidade como um lugar de múltiplas relações pode ser explorada para fins educativos, na medida em que possibilita os estudantes de vivenciarem aquilo que aprendem dentro da escola. Além disso, conhecer o lugar em que se vive é essencial para a construção da própria identidade, para o conhecimento da organização espacial, de manifestações culturais, dos conflitos existentes e de soluções, ou seja, é um exercício de cidadania. O direito à cidade também pode ser trabalhado quando se educa no território, pois, quando a escola ocupa o espaço público, permite aos estudantes o direito àquele espaço, aumentando o seu repertório sociocultural e gerando a transformação do território. Nesse sentido, as Cidades Educadoras que assumem e exercem o papel educador na vida de seus habitantes promovem ações locais com valores globais. Na Prática No decorrer desta aula vimos metodologias de projetos, exemplos de práticas e boas ideias. Escolha uma escola de sua preferência e elabore um pequeno projeto de intervenção pedagógica, tendo como exemplo a metodologia do Projeto Educativo Local. O projeto elaborado precisa estar de acordo com os princípios da Carta das Cidades Educadoras. A atividade proposta pode ocorrer tanto dentro dos espaços da escola como fora. Escreva um texto com no máximo duas páginas abordando o diagnóstico socioeconômico da escola e seu entorno e apresentando a proposta de intervenção, com os objetivos, temas relacionados, público e metodologia.Finalizando A última aula da disciplina trouxe exemplos de metodologias, projetos e práticas destaques no contexto das Cidades Educadoras. Vimos que, para construir um Projeto Educativo Local, é preciso organização e conhecimento do conceito de Cidade Educadora. Conhecemos como são realizadas as caminhadas e aulas públicas, bem como a importância para a apropriação dos espaços urbanos. Vimos os projetos premiados pela AICE, como foram feitos, para quem foram destinados e seus impactos positivos. Também discutimos os principais temas da atualidade em que os projetos estão inseridos, ou seja, as necessidades gerais das cidades. Por fim, percebemos que o território deve ser usado como ferramenta para educação. Somente conhecendo-o é possível transformá-lo. Referências AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Rede Territorial Portuguesa de Cidades Educadoras: contributos para a construção de um projeto educativo local de uma cidade educadora. Disponível em: <http://www.edcities. org/wpcontent/uploads/2015/07/contributos_para_a_construção_de_PEL_de_uma_cidade_ educadora_final_digital_brochura.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2017. AICE – Associação Internacional das Cidades Educadoras. Prêmio Cidades Educadoras: a buenas práticas de convivencia en la Ciudade. Disponível em: <http://www.edcities.org/premios/premio-2016/>. Acesso em: 20 dez. 2017. PREFEITURA de Lisboa. Manual do Pedibus. Disponível em: <http://www.cm-lisboa.pt/fileadmin/VIVER/Mobilidade/Manual_Pedibus.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2017.
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