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Mediação de Conflitos

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A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NA EXECUÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA 
DE INTERNAÇÃO. 
CONFLICTS MEDIATION IN THE IMPLEMENTATION OF THE INTERNATION 
SOCIOEDUCATIVE MEASUREMENT. 
 
Daniela Souza de Oliveira* 
 
RESUMO 
A Lei nº 12.594/12 instituiu o sistema nacional de atendimento socioeducativo, que prioriza 
métodos adequados em solução de conflito e a cultura da paz, sendo a mediação um dos 
instrumentos capazes de alcançar esse fim. Assim, o presente estudo tem por objetivo discutir 
a aplicabilidade da mediação durante a execução da medida socioeducativa de internação. Para 
construção deste estudo adotou-se metodologia de abordagem qualitativa, com os seguintes 
procedimentos: revisão legislativa, revisão de literatura e análise documental. A discussão é 
pautada em observância à condição especial de pessoa em desenvolvimento, de modo a atentar 
e respeitar a doutrina da proteção integral da criança e do adolescente. Busca-se compreender 
de que maneira a mediação pode dialogar e colaborar de forma positiva durante a execução da 
medida de internação. Diante da problemática lançada obteve como resultado uma discussão 
de procedimento de mediação a ser implementado nas Varas da Infância e da Juventude no 
Brasil proposto por Vezzula, ao tempo em que se provoca a construção de um modelo a ser 
utilizado em comunidade de atendimento socioeducativo. 
PALAVRAS - CHAVE: Mediação de Conflitos. Adolescente autor de ato infracional. Medida 
Socioeducativa. Privação de liberdade. 
 
ABSTRACT 
The Law number 12.594/12 established the national system of socio-educational assistance, 
which prioritizes adequate methods in conflict resolution and culture peace, where mediation 
is one of the instruments capable to achieving this. Thus, this study aims to discuss the 
applicability of mediation during the execution of the socioeducative measure of 
hospitalization. For the construction of this study, a qualitative approach was adopted, with the 
 
* Daniela Souza de Oliveira. Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade Ruy Barbosa (FRB/Wyden), 
Campus Paralela. E-mail danielaoliveira.rb@gmail.com. Orientado por: Jessica Silva da Paixão, Mestre 
em Família na Sociedade Contemporânea (UCSAL); Pós Graduanda em Política Pública e 
Socioeducação (ENS/UNB); Mediadora Judicial; Instrutora de Práticas Restaurativas, Professora do 
Curso de Direito (FRB/Wyden). Salvador-BA /2018. 
 
2 
 
following procedures: legislative review, bibliographic review and documentary analysis. The 
discussion is based on observing the special condition of a developing person, in order to 
observe and respect the doctrine of the integral protection of the child and the adolescente. It 
seeks to understand how mediation can dialogue and collaborate positively during the execution 
of hospitalization measure. In the face of the problem launched, the result of a discussion of the 
mediation procedure to be implemented in the Varas of Childhood and Youth in Brazil proposed 
by Vezzula, at the same time as the construction of a model to be used in a socio-educational 
Community. 
Keywords: Conflict Mediation. Child and adolescent law. Socio-educational.Deprivation of 
liberty. 
 
 Introdução 
Nos termos do artigo 227 da Constituição Federal (1988) é dever da família, da sociedade e do 
Estado, assegurar à criança e ao adolescente, à proteção integral, no que tange direitos e 
garantias fundamentais inerentes a dignidade humana. Entretanto, conforme dados do relatório 
anual do SINASE (2015) cerca de 26.868 adolescentes encontram-se em restrição e privação 
de liberdade em decorrência da prática de atos infracionais. 
Os dados acima citados demonstram um cenário complexo, ao tempo em que, evidenciam a 
necessidade de corresponsabilidade da família, sociedade e Estado na execução da medida 
socioeducativa de internação, atendendo o que dispõe o artigo 227 da Constituição Federal. 
Observa-se, igualmente, a falta de políticas públicas, capazes de proteger e prevenir a prática 
de atos infracionais e traz por consequência a medida socioeducativa mais extrema que é a 
privação de liberdade. 
Sabe-se que durante a execução da medida de internação há vários conflitos, desde o momento 
da prática do ato infracional entre o adolescente e a vítima, até as relações de convivência entre 
os adolescentes dentro da unidade de atendimento socioeducativo, o que de acordo com o 
levantamento anual do Sinase (2015), soma a maior causa de mortes dentro da unidade. 
Conforme o inciso II do artigo 35 da lei 12.594 (2012), a execução das medidas serão norteadas 
por alguns princípios, em especial o da “excepcionalidade da intervenção judicial e da 
imposição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos” (BRASIL, 
2012). Assim, o presente estudo questiona sobre a possibilidade de utilizar instrumentos que 
fomentem o diálogo e promovam abordagens não violentas diante de conflitos que possam 
surgir dentro de unidades de internação. Ao tempo em que, traz a mediação, como estratégia 
3 
 
possível para resolução dos conflitos nestes ambientes que possuem características e 
necessidades peculiares decorrentes da privação de liberdade na fase da adolescência. 
Na mediação de conflitos utilizam-se ferramentas que proporcionam o diálogo e o consenso 
entre os envolvidos em uma situação conflituosa. Esse procedimento é didático, pois além de 
desenvolver nos participantes a sua capacidade de dialogar também permite a reflexão sobre 
como se relacionar, como enfrentar os conflitos de uma maneira mais adequada e satisfatória, 
inclusive nas questões de segurança dentro de Comunidades de Atendimento Socioeducativo 
ou Varas de Infância e Juventude que processam e julgam adolescentes autores de ato 
infracionais. 
O tema proposto é relevante no cenário social atual, pois, promover o conhecimento das 
ferramentas de mediação, bem como das práticas de justiça restaurativas pode trazer benefícios 
ao adolescente e seus familiares, bem como aos profissionais que atuam na socioeducação, 
evitando ações violentas. Ademais, há poucos referencias teóricos que tratem da temática 
abordada, o que torna o presente estudo relevante no campo da pesquisa. 
Para construção deste trabalho, adotou-se o método de abordagem qualitativa que “baseia-se 
em dados de texto e imagem, têm passos singulares na análise de dados e se valem de diferentes 
estratégias de investigação” (CRESWELL, 2010, p. 206), utilizando como procedimentos: 
revisão de literatura em indexadores de revistas científicas como o Scielo e o Dialnet, além de 
livros atuais sobra a temática; revisão legislativa e análise documental. 
As discussões e resultados foram divididas em três tópicos com seus respectivos subtópicos. 
No primeiro capítulo, discutiu-se sobre à adolescência, com uma abordagem na construção da 
identidade e personalidade, com base em critérios psicossociais, bem como ao momento em 
que o indivíduo passa do estágio infantil a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 
Assim como, as peculiares e possíveis causas que levam o adolescente à prática do ato 
infracional. 
No segundo momento, com base em revisão legislativa, doutrinária e levantamento anual do 
Sinase, abordou-se sobre alguns aspectos do Estatuto da Criança e do adolescente em conjunto 
com a lei Nº 12.594/12 (SINASE) que regulamenta a execução das medidas socioeducativas, 
em especial a medida de internação que é o foco principal do estudo. 
No terceiro tópico, a discussão pautou-se em torno da mediação de conflitos durante a execução 
da medida socioeducativa de internação. Por meio de uma contextualização histórica, em 
observância aos princípios norteadores da mediação, bem comoa possível inserção de um 
4 
 
projeto proposto pelo mediador Juan Carlos Vezzula, sobre a aplicação da mediação nas Varas 
da infância e juventude. Assim, o presente estudo tem por objetivo levantar uma discussão sobre 
a possibilidade de utilizar a mediação durante a execução da medida socioeducativa, a fim de 
fortalecer processos de comunicação colaborativos e estratégias de solução de conflito de 
formas não violentas e menos traumáticas. 
 
2. Discussões e Resultados 
 2.1 Adolescência 
O fenômeno adolescência vem sendo discutido desde os tempos mais remotos. E por 
consequência vem gerando muitos questionamentos, principalmente no que se refere ao 
conceito, bem como no que diz respeito ao aspecto cronológico. Há que se falar em um embate 
para determinar com precisão em qual momento da vida, tem-se o começo da transição, onde o 
indivíduo passa do estádio infantil para adolescência até chegar a vida adulta. 
Conforme definição do dicionário etimológico, a palavra adolescência provém do latim 
“adolescere” que significa “crescer para”. Eisenstein (2005, p.6) conceitua adolescência como 
o momento de transformação entre a infância e a vida adulta. Esse momento deve ser analisado 
sob a perspectiva dos estímulos, frente ao desdobramento dos aspectos psicossociais, físicos, 
sexuais, bem como da observação no que se refere aos sacrifícios do indivíduo para 
corresponder às perspectivas do anseio social. Para o referido autor, esse processo de 
certificação da adolescência tem o início na decorrência das variações físicas como a puberdade 
e se consolida com a emancipação para vida adulta. 
 No mesmo sentido, pondera Vezzulla (2004, p.19) ao analisar à adolescência sob aspectos 
gerais, com ênfase em determinados comportamentos no âmbito familiar, social, destaca-se que 
é imprescindível considerar cada adolescente como um ser único. Com isso, pode-se extrair do 
referido autor, que a adolescência está reconhecida como o estádio de transição da sujeição 
infantil à autossuficiência peculiar dos adultos. Nesse sentido, a adolescência pode ser 
compreendida como um fenômeno que ocorre na transição da fase reconhecida como o fim da 
infância e antes do início da vida adulta. 
O mais importante a ser ressaltado desse período de transição está referido aos 
aspectos psíquicos intrapessoais e à inserção do adolescente na sociedade, tanto na 
forma em que este ser se relaciona com os outros quanto em relação à identidade e 
aos espaços que esta sociedade lhe facilita para que possa realizar esta passagem à 
autonomia”. (VEZZULLA, 2004, p.19). 
 
5 
 
No que tange ao aspecto cronológico há algumas divergências para determinar a idade exata 
onde ocorre o início e o fim desse ciclo. De acordo com o relatório da Unicef (2011), essa fase 
se inicia entre doze anos e perdura até os dezessete anos de idade. O Estatuto da Criança e do 
Adolescente, em seu artigo 2º considera adolescente aquele que se encontra com idade entre 
doze e dezoito anos de idade. 
No que compete a condição cerebral, há estudos que indicam que durante a adolescência, o 
cérebro sofre mais transformações do que no início da vida do indivíduo. Os pesquisadores 
destacam o papel importante da mielinização. A mielinização é um processo de 
desenvolvimento da camada de gordura, conhecida como Bainha de Mielina. Esta, tem a função 
de isolar a membrana celular do neurônio, o que colabora para transmissão de estímulos de um 
neurônio para outro. (GRAÇA, 1988). 
 
O processo de mielinização se inicia quando uma projeção da célula-bainha envolve 
o axônio e forma espiral frouxa ao seu redor. Com o tempo as camadas formadas se 
compactam pela expulsão do citoplasma e formam estrutura lamelar com bandas 
eletrodensas espessas — derivadas da aposição das fases citoplasmáticas das 
membranas — e menos eletrodensas — derivadas da aposição das fases externas das 
membranas. Ambas as bandas recebem a denominação de linha densa principal (LDP) 
e linha intraperiódica (LI) respectivamente. (GRAÇA, 1988, p.293). 
 
Em concordância com Wüsthof apud Vezzulla (2004) a mielinização cumpre um papel 
fundamental na formação do indivíduo, essencialmente no que concerne aos aspectos da 
estabilidade emocional bem como a aptidão para assumir propriamente aos estímulos 
mobilizadores. Os pesquisadores indicam que esse processo se completa por volta dos vinte 
anos de idade. Deste modo, até o término desse processo, o adolescente não estaria apto a 
desenvolver condições neurológicas suficientes exigidas a condição da vida adulta. 
 
2.2 Aspectos Psicossociais 
Identidade, eis aí uma palavra de ordem quando o assunto é desenvolvimento da adolescência. 
Identidade vai muito além de ter um nome e sobrenome em um registro civil. Identidade é 
aquilo que nos difere uns dos outros, o que nos torna seres únicos em relacionamento diante da 
sociedade. Conhecer o seu Eu e ser capaz de fazer o auto reconhecimento frente as expectativas 
e anseios sociais é fator imprescindível para um verdadeiro processo de desenvolvimento. 
6 
 
Conforme estudos realizados por Vezzulla (2004) a criança é concebida para ser auxiliar de 
seus genitores. E quando ela rompe esse estágio e passa a não mais corresponder com as 
expectativas dos pais, são vistas como rebeldes e desobedientes. Tendo em vista que passam a 
seguir os seus próprios impulsos, tornam-se seres que possuem desejos e vontades próprias. Na 
concepção do referido autor, embora exista no ordenamento jurídico previsão legal para 
proteger adolescentes que se encontram em processo de desenvolvimento, esses não são aceitos 
e compreendidos pela sociedade, uma vez que, é mais fácil aceitar a fase infantil, idosa, mas a 
reciproca não é verdadeira quando o assunto é adolescência. 
Essa linha de raciocínio adequa-se ao quinto estágio de Erikson, (1987) onde a adolescência 
corresponde a crise de identidade, que se desenrola na necessidade de buscar uma exploração. 
Que constituem um fenômeno de integração de elementos que compreendem os estágios 
anteriores que são: a confiança, autonomia, iniciativa e competência. 
Desenvolver uma identidade pessoal e ao mesmo tempo escapar da propagação da 
personalidade em uma diversidade de papéis, faz surgir questionamentos entre o adolescente, 
tais como: Quem sou eu? De onde será que eu venho? Aonde estou indo? Essas questões são 
intimas e privadas, e ninguém pode responder por outra pessoa. Apesar disso, a presença no 
âmbito exterior, do ponto de vista de referências pode contribuir para que o jovem escolha 
valores que correspondam com o seu eu. 
De acordo com Cloutier e Drapeau (2012, p.324 - 325) na adolescência, geralmente os 
problemas psicossociais são classificados em três grandes categorias, quais sejam: problemas 
exteriorizados, problemas interiorizados e abusos de substâncias psicotrópicas. 
Os problemas exteriorizados aparecem através de manifestações visíveis, voltadas para o 
exterior do indivíduo, assumem a forma de determinados comportamentos inapropriados, tais 
como agressividade, delinquência, impulsividade e condutas antissociais. Os problemas 
interiorizados como o próprio nome sugere traduz sentimentos do interior do adolescente, como 
por exemplo ansiedade, depressão, pesadelo e ideias suicidas. No que concerne os abusos das 
substâncias psicotrópicas, esses estão relacionados ao uso abusivo drogas, tanto as licitas como 
as ilícitas. (CLOUTIER; DRAPEAU 2012, p.326). 
Ao discutir sobre a formação do sujeito, não há como deixar de observar a explanação da 
experiência vivenciada no Estádio do Espelho de Lacan. Esse desenvolvimento decorre de uma 
dialética cronológica, com projeção decisiva no que se refere a formação indivíduo. 
7 
 
Lacan(1976, p. 98) apresenta o estádio do espelho como uma identificação no sentido pleno da 
palavra, isto é, a transformação produzida no individuo quando ele assume uma imagem, imago, 
em decorrência da experiência do Eu, que se desdobra na psicanalise. 
A teoria lacaniana aborda o momento da constituição da personalidade e de tudo aquilo que 
está relacionado com a distinção entre o Eu e o outro. Tem uma fundamentação com base na 
proposta Freudiana onde, o Eu, não é um ponto de partida e sim uma construção, e o espelho 
assume essa tarefa. Deste modo, a personalidade não se constitui através do amadurecimento 
biológico, mas sim como produto de uma relação. 
Esse momento se apresenta como resultado de uma experiência observada em três etapas. De 
modo que, o experimento não se reduz à dimensão empírica propriamente da experiência. 
Lacan, traz no primeiro tempo uma criança na frente do espelho, representado pelo período da 
indiferenciação, são apenas representações pictográficas, onde o espelho é apenas mais um 
objeto dentre outros do seu campo de visão. 
No segundo período ocorre a descoberta do espelho, surge então a figura do semelhante, a 
aurora do outro. A criança interage com o que vê de forma semelhante a reação de um animal 
frente ao espelho por meio de representações cênicas. 
No terceiro estádio ocorre a superação do animal, a criança não mais interage como se fosse o 
semelhante, de sorte que, ao sorrir, dirigi o olhar para fora do espelho, para um adulto. Há, 
portanto, um corte da imagem. A atenção ao olhar do adulto é representada como uma marca 
de conquista, o momento em que ela se reconhece. E esse nascimento conforme o autor é 
alienado de acordo com o que a mãe passa para o filho, ocorrendo assim o narcisismo primário. 
Assim, o Eu é um produto de identificação com o outro, a dimensão da linguagem como espaço 
onde a criança obtém o sim é você. Isso é o que sustenta o experimento, por essa razão a 
experiência não se restringe ao espelho, pois a concretização ocorre fora dele. O espelho é o 
grupo, o olhar do outro. 
 
2.3 Adolescente Autor de Ato Infracional 
Nesse primeiro momento é importante observar a nomenclatura dada ao adolescente autor de 
ato infracional. Alguns autores rotulam de “menores infratores”, os mesmos que são favoráveis 
a redução da maior idade penal. Pois acreditam, que o adolescente tem plena condição de arcar 
com suas responsabilidades como se adulto fosse. Percebe-se que, mesmo com o advento da 
8 
 
constituição de 1988, onde a pessoa em situação peculiar de desenvolvimento tem uma atenção 
especial de proteção integral, parte da sociedade não consegue aceitar essa fase de transição da 
vida infanto-juvenil a condição desenvolvida do adulto. 
Na visão de Costa (2014), os atos infracionais perpetrados por adolescentes estão relacionados 
a um processo complexo. Desta forma, não há como mensurar uma causa singular, deve-se 
analisar o contexto como um todo. Não obstante, no que tange a resposta ao ato infracional 
praticado, ocorre de modo diferente do previsto na legislação criminal vigente. De modo que, 
o jovem será responsabilizado de forma individual diante da violação as leis vigentes. 
Ato infracional conforme preceitua artigo 103 do ECA é toda conduta descrita como crime ou 
contravenção penal. De acordo com Greco (2013, p.142-144), do ponto de vista formal, crime 
é toda conduta que atenta contra a lei penal editada pela Estado. Julgando por seu aspecto 
material, sendo, o crime aquela conduta que viola os bens jurídicos mais importantes. De forma 
analítica, para ser considerado crime é necessário que o agente tenha praticado uma ação típica, 
ilícita, culpável e punível. De modo que a punibilidade não faz parte do delito, sendo somente 
sua consequência. 
Já as contravenções penais, por serem consideradas delitos pequenos, estão voltadas para as 
infrações menos graves. Para o referido autor se o princípio da intervenção mínima fosse 
aplicado com caráter absoluto, não haveria que se falar em contravenções, cujos bens poderiam 
ser tutelados por outros ramos do direito. Tendo em vista que o referido princípio apregoa que 
o Direito Penal só deve se preocupar em tutelar os bens e interesses mais importantes e 
necessários ao convívio da sociedade. (GRECO, 2013 p.140). 
De sorte que, embora o ato infracional seja equiparado no que concerne a conduta praticada de 
um crime ou contravenção penal. Cabe salientar que o adolescente autor de ato infracional é 
inimputável, ou seja, embora pratique o mesmo ato ilícito de um adulto a resposta ao bem 
jurídico violado ocorre de modo diferente em respeito ao princípio da proteção integral. 
De modo que, inimputabilidade e impunidade não se confundem, pois, a primeira apenas diz 
respeito a ceara onde ocorre a resposta do delito, enquanto a outra se caracteriza pela falta de 
punição. O adolescente ao contrário do que muitos pensam, não permanece impune, apenas 
responde de modo diferente em observância da lei especial do estatuto da criança e do 
adolescente, bem como da execução das medidas socioeducativas prevista na Lei Nº 12.594/12. 
Assim, é imprescindível discutir os dados de adolescentes autores de atos infracionais que estão 
cumprindo medida socioeducativa de internação, foco principal desse estudo. 
9 
 
O Levantamento Anual Sinase (2015), apresentou 27.428 atos infracionais para 26.868 
adolescentes em restrição e privação de liberdade em todo o país. Observa-se que o número de 
atos infracionais é superior ao número de adolescentes em restrição e privação de liberdade pela 
possibilidade de atribuição de mais de um ato infracional a um mesmo adolescente. 
Conforme os dados apresentados, 46% do total de atos infracionais em 2015, foram apontados 
como equivalentes ao crime de roubo consumado e 1% na modalidade tentada. Os análogos ao 
tráfico de drogas somaram 24%, os correspondentes ao homicídio ficaram na casa dos 10% 
aumentado de 3% correspondente a tentativa de crime contra a vida, a dignidade sexual e crimes 
de cunho patrimonial com resultado morte. Destaca- se que, na referida pesquisa os dados 
verificados somam um número menor do que o apresentado em 2010. 
No que concerne as características, em relação a questão de gênero constataram-se que 96% 
dos adolescentes são do sexo masculino. Sendo observado também uma redução de 5% para 
4% no que se refere a parcela feminina na integra do atendimento socioeducativo, 
correspondente ao decréscimo de 1.181 (2014) para 1.079 (2015). 
No tocante ao intervalo de idade, demonstrou-se que o número de adolescentes cumprindo 
medida socioeducativa de internação está concentrado na faixa etária entre 16 e 17 anos que 
corresponde a 57%, na sequência estão com idades compreendidas entre 18 a 21 anos, que 
representam 23% seguidos por 17% entre 14 e 15 anos e 2% entre a idade de 12 e 13 anos. 
Conforme as informações coletadas sobre a raça/cor do indivíduo, percebe-se que 61, 03% dos 
adolescentes em restrição e privação de liberdade são negros e pardos, 23,17% são brancos e 
os demais foram classificados na categoria sem informação. No que infere a região do País, 
constatou-se que o Norte possuí o maior percentual de adolescentes negros com a liberdade 
cerceada, 67%. 
Sobre o número de óbitos, notou-se que vieram a óbito 53 adolescentes vinculados as unidades 
de atendimento socioeducativo em cumprimento de medida de internação. Com uma média de 
4,4 mortes por mês, superando o ano anterior que foi 48. Em relação as causas ocorreram em 
decorrência de conflito interpessoal, somando 18 casos, os conflitos generalizados com 11 
mortes e 5 casos de suicídio, os demais incluídos em outras causas. Nota-se que o conflito soma 
a maior causa de mortes.3. Direito da Criança e do Adolescente e a Lei do Sinase 
10 
 
Com o advento da constituição Federal de 1988, houve uma alteração significativa no que 
concerne a condição jurídica da criança e do adolescente, que por sua vez passaram a ser 
reconhecidas como sujeitos de direito. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), 
instituído pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, opõe-se historicamente a um passado de 
controle e de exclusão social, na medida em que se sustenta pela doutrina da proteção integral. 
O ECA se materializa em direitos e deveres voltados a proteção de criança e adolescentes. 
Afirmando o valor inerente ao indivíduo em observância à sua condição de pessoa em 
desenvolvimento. 
De forma que, ao reconhecer a vulnerabilidade do público infanto-juvenil, torna-os dignos de 
uma proteção integral, que deve ser oferecida por parte da família, da sociedade e do Estado; 
devendo este atuar mediante políticas públicas e sociais na promoção e defesa de seus direitos. 
(BRASIL, 2012). 
A adesão dessa doutrina em substituição ao velho modelo da situação irregular do Código de 
Menores de 1979, ocasionou modificações de referenciais e parâmetros com reflexos 
principalmente no que diz respeito ao ato infracional. Do ponto de vista legal, essa substituição 
representou uma opção pela inclusão social do adolescente em conflito com a lei e não mais um 
mero objeto de intervenção, como era no passado. (DIGIÁCOMO, 2015). 
Visando concretizar os avanços contidos na legislação e contribuir para a efetiva cidadania dos 
adolescentes em conflito com a lei, em fevereiro de 2004 a Secretaria Especial dos Direitos 
Humanos (SEDH), por meio da Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do 
Adolescente (SPDCA), em conjunto com o Conanda e com o apoio do Fundo das Nações 
Unidas para a Infância (UNICEF), sistematizaram e organizaram a proposta do Sistema 
Nacional de Atendimento Socioeducativo-SINASE. 
A implementação do SINASE, concretizou-se com a promulgação da lei Nº 12.594 de 2012. A 
referida lei, conforme disposto em seu primeiro artigo, tem por finalidade regulamentar a 
execução das medidas socioeducativas que poderão ser aplicadas a autores de atos infracionais. 
Conforme disposição em seu primeiro capitulo, a lei do Sinase é definida como um conjunto 
de princípios, regras e critérios que estejam associados com a execução da medida 
socioeducativa, somada a aderência aos sistemas Estaduais, Distrital e municipais, tal como 
com todos os planos, políticas e programas voltadas ao atendimento de adolescente em conflito 
com a lei. (BRASIL, 2012). 
 
11 
 
3.2 Princípios do Sinase 
Nos termos do art. 35 da Lei Nº 12.594/12, a execução da medida socioeducativa deve pautar-
se nos seguintes princípios: legalidade, excepcionalidade, prioridade a práticas de medidas 
restaurativas, proporcionalidade, brevidade, individualização, mínima intervenção, não 
discriminação bem como do fortalecimento do vínculo familiar e comunitário. 
No entendimento de Cunha (2013, p.152), princípio é uma das espécies do gênero jurídico de 
textura aberta, sem densidade jurídica, que anexam as ideias que fundamentam todo o sistema 
jurídico. Destaca-se que os princípios, por se revelarem como normas jurídicas impositivas de 
otimização, ainda que possa vir a colidir, coexistem, de modo que permite a ponderação de 
valores e interesses de acordo com a sua relevância dentro do caso concreto. 
De acordo com Costa (2014) é cabível interpretar cada um dos princípios expressos como 
manifestações derivadas do princípio da igualdade, enquanto legalidade, e do princípio da 
equidade, como expressão do necessário reconhecimento da individualização da medida 
socioeducativa em sede de execução. 
Em seus dizeres: 
Como complemento, cabe salientar a especificidade dos princípios da brevidade e 
excepcionalidade, os quais fazem parte do conteúdo normativo em geral do campo do 
Direito da Criança e do Adolescente. Atuam enquanto limitadores do poder de 
intervenção do Estado, seja na liberdade dos adolescentes, seja no contexto familiar. 
Trata-se, portanto, de uma derivação do Princípio da Legalidade, a qual possui 
previsão expressa, considerando-se o histórico tutelar e de institucionalização da 
infância que caracterizou por longo período a intervenção do Estado brasileiro – e 
ainda caracteriza –, bem como a morosidade que tem sido a realidade da atuação dos 
vários órgãos estatais na solução de situações que envolvem crianças e adolescentes. 
O tempo, portanto, é um dos fatores que atuam na constituição de prejuízos. O tempo 
do processo judicial, o tempo de espera na fila, o tempo na espera de um atendimento 
familiar qualificado, o tempo da medida socioeducativa de internação, o tempo de 
aguardar o acesso a um defensor, o tempo até o dia da visita familiar, o tempo até o 
dia da audiência. É relevante perceber que o tempo não é uma categoria independente 
do contexto social. (COSTA, p.21, 2014). 
 
No que diz respeito à aplicação do princípio da legalidade no campo socioeducativo, preceitua-
se que o adolescente não pode receber tratamento mais gravoso do que aquele conferido ao 
adulto, quando pratica o mesmo ato ilícito. A excepcionalidade está relacionada a medida 
propriamente dita, ou seja, somente deve-se utilizar imposição de intervenção judicial quando 
outros meios de autocomposição de conflitos não forem capazes de satisfazer o caráter 
pedagógico da medida socioeducativa, como por exemplo a mediação de conflitos e 
conciliação. 
12 
 
Os princípios norteadores da lei de execução da medida socioeducativa são importantíssimos, 
há que se falar também na proporcionalidade em relação a ofensa cometida, pois uma infração 
de menor potencial ofensivo não pode ter uma medida com caráter mais grave por exemplo. A 
brevidade da medida em resposta ao ato praticado deve durar o tempo necessário para atingir o 
fim a que se propôs, como é o caso da medida de internação que não pode ultrapassar o prazo 
de 3 anos, perceba que esse prazo é o limite, não significa necessariamente que o adolescente 
tenha que cumprir a medida pelo tempo exato de 3 anos., tendo em vista que se trata de uma 
medida excepcionalíssima. 
Ademais deve-se observar o princípio da individualização, levando em consideração algumas 
características como idade e capacidade pessoal do adolescente. Bem como a não discriminação 
correlato com a dignidade humana, este prevê a não discriminação em razão de gênero, 
nacionalidade, orientação religiosa dentre outros. 
O fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários é imprescindível durante o 
procedimento socioeducativo, a família tem um papel fundamental. 
 
3.3 Medida Socioeducativa de Internação 
A luz do art. 122 do ECA, a medida de internação somente será aplicada em casos taxativos, 
ou seja, que estejam previstos no dispositivo. Assim, ocorrerá diante das hipóteses em que o 
ato infracional for cometido mediante violência ou grave ameaça; ou ainda quando houver 
reiteração no cometimento de outras infrações graves e, quando o educando descumprir medida 
socioeducativa anteriormente imposta. 
A internação é a medida mais gravosa, pois o Estado intervém diretamente na vida do 
adolescente, de modo a alcançar um bem valioso, que é a liberdade. Por essa razão, deve ocorrer 
em observância aos princípios da excepcionalidade e brevidade, tendo em vista que, essa atitude 
deve ser a última opção. Obrigando-se, pois, a considerar o devido processo legal, para que 
todas as garantias constitucionais sejam garantidas ao adolescente, em especial o direito à ampla 
defesa e ao contraditório. (BANDEIRA, p.186, 2006). 
No que corresponde as hipóteses taxativas da medida de internação,Bandeira (2006) aduz que, 
para configuração da primeira hipótese nos termos do inc. I do art. 122 do ECA, é 
imprescindível que, a conduta infracional seja perpetrada mediante o emprego de grave ameaça. 
No caso do roubo por exemplo, ainda que a utilização da arma seja de brinquedo, entende-se 
13 
 
que a conduta praticada alcança o objetivo de causar certo temor à vítima, e por consequência 
poderá impossibilitar a defesa da vítima, constituindo-se, portanto, elemento da grave ameaça. 
Destaca-se que, em casos de atos infracionais graves, praticados com o emprego de violência 
ou grave ameaça, não necessariamente o juiz, aplicará imediatamente a internação em regime 
fechado, uma vez que, o caráter excepcional da medida nos termos do § 2º do Art. 122 do ECA 
dispõe que, deve-se observar se há outra medida menos gravosa e satisfatória para 
responsabilização do educando. 
A hipótese de regressão, essa ocorre quando o adolescente descumpre medida anteriormente 
aplicada. No que se refere a aplicação da nova medida, é essencial que o Juiz, após ter 
conhecimento da transgressão da medida antes atribuída, designe audiência para a ouvida prévia 
do adolescente, que deverá estar acompanhado de seu respectivo representante legal. 
Assim, o juiz procederá de modo a analisar os motivos que deram origem ao descumprimento, 
com intuito de apurar se houve justificativa plausível para a atitude do adolescente. Essa 
justificativa pode ser dada nos Casos em que o descumprimento se dê por motivo alheio a 
vontade do adolescente, como por exemplo na hipótese de algum equívoco por parte da unidade 
responsável pela execução da medida. Caso não haja um motivo aceitável, o juiz poderá decidir 
pela internação sanção, assegurando sempre o direito constitucional do adolescente à ampla 
defesa e ao contraditório. (BANDEIRA,2006). 
Nos termos estabelecidos pelos §§ 2º e 3º do Art. 121 do ECA, a medida de internação não pode 
ultrapassar o limite de 3 anos. Isso não significa que o adolescente necessariamente fique 
internado durante o prazo limite, mas sim tempo razoável e adequado para que a medida atinja 
a sua finalidade. De modo que o educando deverá ser submetido a avaliações periódicas, no 
máximo, a cada seis meses, ou sempre por determinação judicial. 
Nesse sentindo, Bandeira (2006), entende que a medida tem caráter pedagógico ainda que seja 
retributiva, pois, tem fundamentação na educação direcionada aos ensinamentos de valores ao 
adolescente em conflito com a lei, com intuito de que o educando possa refletir e retornar a 
convivência no seio social, recuperando assim sua liberdade. Esse processo é realizado por 
intermédio de acompanhamento individual, realizado por uma equipe interdisciplinar. 
 
4. Mediação de Conflitos 
14 
 
Antes de adentrar na definição da mediação é importante percorrer de forma breve e sucinta 
sobre seu surgimento com base em sua contextualização histórica. Entender onde e quando 
surge a figura do mediador é fator imprescindível para o desenvolvimento da presente pesquisa. 
O conflito está diretamente ligado as relações em sociedade, partindo desse pressuposto pode-
se afirmar que onde há convivência humana haverá conflito. Os métodos para resolução dos 
conflitos, se apresentam de várias formas, desde as civilizações mais antigas a exemplo da lei 
do Talião onde sentenciava o “olho por olho, dente por dente” até à antiga China, que por 
intermédio e inspiração de Confúcio, um terceiro era chamado para mediar conflitos entre 
sujeitos ou grupos. (MIRANDA, 2012). 
Conforme Miranda (2012), a mediação inicia-se na China que tem o embasamento no 
pensamento de Confúcio. Este prezava a busca pela harmonia através do equilíbrio do mundo 
e da felicidade dos homens, de modo que para os chineses o equilíbrio das relações sociais era 
fator primordial. Assim, diante dos conflitos, raramente ocorria uma condenação que atentasse 
contra o equilíbrio das partes, todos eram ouvidos com intuito de obter uma solução mais 
benéfica para demanda apresentada. 
Em meados dos anos 500 a.C. nas comunidades chinesas, frente aos conflitos, o método mais 
comum para resolução dos embates era a mediação. Tendo em vista a predominância da 
convivência familiar onde o chefe da família recorria a sabedoria para resolver os problemas 
apresentados. Porém, ao tempo em que as cidades foram crescendo, as pessoas não mais se 
conheciam e não mais tinham senso de comunidade o que por consequência foi extinguindo 
essa forma de resolução de conflitos. 
Nos dizeres de Miranda (2012): 
 
No entanto, à medida que as cidades foram crescendo e as famílias se dissipando, essa 
forma de resolução de conflitos tornou-se cada vez mais rara, as pessoas não mais se 
conheciam, eram estranhos uns aos outros e alienados em relação ao senso de 
comunidade. Dessa forma, houve a substituição dos sistemas informais pelos formais 
de resolução de controvérsias, dando lugar ao tradicional Sistema Judiciário, que 
decidia não pelo sistema de ganhos mútuos como na mediação, mas através do sistema 
de perdas e ganhos, isto é, nomeava um ganhador e um perdedor, acabando com a 
possibilidade de acordos. (MIRANDA, 2012, p. 4). 
 
No que concerne aos tempos d.C. há alguns marcos considerados importantes, a exemplo do 
momento pós Revolução Industrial, onde surge um novo modelo no âmbito social e 
15 
 
reivindicatório. O que antes era obtido por meio de ações repressivas impostas mediante 
decisões governamentais, deu lugar a introdução de negociações. 
É a partir do século XIX que surge o mediador trabalhista. Esse surgimento, está relacionado a 
influências de povos asiáticos, judeus e mórmons, obtidas pelos ingleses como resultados de 
suas práticas colonizadoras. Nesse mesmo contexto o governo Estadunidense, em 1947, criou 
a lei Federal Bureau of mediators, que instituiu a capacitação de mediadores para atuarem nos 
conflitos trabalhistas. (VEZZULA, 2004). 
Durante a guerra fria, em meados da década de cinquenta e sessenta, diante do cenário caótico 
e insustentável, viu-se a necessidade de investigações com objetivo de examinar a fundo os 
métodos ou sistemas negociais que fossem capazes de controlar a relação hostil entre Estados 
Unidos e a URSS. Assim, os estudiosos das universidades norte-americanas alcançaram como 
resultados em Harvard, o desenvolvimento de procedimentos e técnicas disposta a solucionar 
os embaraços das negociações. 
Proponho aqui, para maior compreensão denominar a mediação liberal de “mediação 
acordista” mais ligada à escola de Harvard da auto composição resultante da 
imposição do poder entre um e outro e de “mediação responsável” a aquela que a 
partir da escola transformativa de Baruch Bush e Folger e transformadora de Warat, 
centra seu objetivo no trabalho sobre e com as pessoas e eu acrescentaria as 
comunidades às que pertencem. O nome de responsável o tomo da atitude solidária e 
cooperativa de trabalhar para tentar chegar a um acordo onde longe de se utilizar dos 
poderes individuais se utiliza a cooperação com o objetivo de satisfazer a todos por 
igual. A função do mediador é trabalhar, questionar para que os participantes 
aprofundem nas suas motivações. Na escuta atenta de um e do outro se produz a 
sensibilização entre eles. Assim eles integram essas motivações (suas necessidades 
insatisfeitas) como um problema comum, para que ninguém abra mão, para que 
ninguém ceda na solução e que todas as motivações sejam contempladas. 
(VEZZULA, p. 44, 2011). 
 
De acordo com Vezzula (2004), pode-se definir mediação de conflitos como um procedimento 
privado e voluntário coordenado por um terceiro imparcial, capacitado, que trabalha no sentido 
de que seja estabelecido uma comunicação de modorespeitoso e cooperativo entre as partes 
envolvidas. Buscando através da análise e compreensão do relacionamento, identidade, 
motivações bem como das emoções dos mediados com intuito de conseguir um resultado 
satisfatório dos conflitos aos quais estão envolvidos. 
Para o CNJ (conselho nacional de Justiça), a mediação é uma alternativa para resolução de 
conflitos. Onde, um terceiro imparcial denominado como mediador, auxilia de modo a facilitar 
o diálogo entre as partes, para que ambas cheguem a um consenso, valendo-se de alguns 
princípios como autonomia e simplicidade. 
16 
 
Cabe ressaltar que a mediação é um procedimento estruturado, não tem prazo definido, as partes 
podem ou não chegarem à um acordo. Tendo em vista que diante da autonomia das partes, é 
possível buscar resultados que sejam compatíveis com seus anseios e necessidade. O mediador 
opera em observância dos princípios fundamentais que estão elencados na resolução Nº. 
125/2010, quais sejam: Confidencialidade, imparcialidade, independência e autonomia, 
respeito à ordem pública e às leis vigentes, empoderamento e validação. 
De acordo com a resolução Nº. 125/2010 os princípios norteadores da mediação são essenciais 
para efetivar a credibilidade da mediação. Tendo em vista que o procedimento transcende à 
solução da controvérsia e transforma uma circunstância adversarial em colaborativa. 
A partir da resolução entende-se confidencialidade como uma relação de confiança e sigilo das 
informações confiadas durante as sessões, de modo que o mediador não poderá ser testemunha 
em qualquer processo judicial que oponham as partes, nem tão pouco as informações obtidas 
poderá constituir objeto de provas. Este princípio visa a proteção dos documentos produzidos 
durante o procedimento, bem como conferir as partes a necessária confiança, para que ambos 
possam lidar com seus interesses, sem empecilhos ou quaisquer constrangimentos. 
No que se refere ao princípio da imparcialidade, este está diretamente ligado a atuação do 
mediador. Pois, trata-se da figura do terceiro imparcial, que atua em prol de interesses de 
outrem, o que veda o interesse próprio na demanda. Deve proceder de forma neutra, não poderá 
propor soluções e nem tão pouco defender qualquer das partes envolvidas no conflito. 
A independência e autonomia está relacionado à vontade das partes. Assim, é crucial que as 
partes se encontrem conscientes de como é realizado o procedimento, bem como aceitem de 
livre e espontânea vontade. Afinal, conforme preceitua a Constituição federal, ninguém será 
obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude da lei. Sendo, portanto, um processo 
voluntário e os resultados das decisões obtidas cabe aos mediados. 
 
4.1 Proposta de Mediação em Varas de Infância e Juventude com adolescentes autores de ato 
infracional. 
Conforme a proposta de Vezzula (2004), a composição do projeto de mediação com adolescente 
autor de ato infracional se dará por meio de uma equipe interprofissional com capacitação em 
mediação, onde os profissionais possam atuar respeitando a função estabelecida pela lei. 
17 
 
O Primeiro passo ocorrerá mediante uma entrevista prévia, com ambas as partes envolvidas de 
forma individual. A entrevista será conduzida por um mediador em conjunto com os pais ou 
responsáveis legais, com a participação do advogado constituído e do representante da Vara da 
infância e juventude. Essa fase é titulada como pré-mediação, aqui os envolvidos deverão ser 
informados sobre questões acerca do objetivo e procedimento. Esse momento é de total 
importância, tendo em vista que a mediação deve ser consentida livremente pelas partes 
envolvidas. (VEZZULA, 2004). 
É importante que o adolescente compreenda as técnicas utilizadas e quais são as 
responsabilidades assumidas entre mediador e mediado, com intuito de garantir o sucesso do 
procedimento. Superado esse momento, após a adesão voluntária da mediação, assina-se um 
termo de aceite para formalização no campo do judiciário. As partes devem estar cientes de que 
podem reincidir a qualquer tempo que julgarem necessário, partindo do pressuposto de que não 
são obrigados a aceitar nem tão pouco permanecer no procedimento. (VEZZULA, 2004). 
Não há limitações especificas para quantidade de sessões, essas serão feitas conforme a 
necessidade. A primeira sessão será conduzida pelo mediador em conjunto com o representante 
da vara, que serve de nexo entre adolescente e sociedade, Estado e lei. Aqui percebe-se a 
finalidade de romper com a barreira do formalismo e anonimato das normas e do judiciário. 
Em seus dizeres: 
Nesta primeira sessão, além de possibilitar a plena expressão do adolescente, 
se procura trabalhar a revalorização e o reconhecimento propostos pela 
mediação transformativa para que o adolescente possa alcançar uma visão e 
uma compreensão de sua realidade, suas necessidades, e desta nova situação, 
estar em condições de aprofundar-se em seus relacionamentos e no ato 
infracional. Isto lhe permitirá fazer uma elaboração positiva da experiência 
dolorosa que possibilite seu crescimento. Sabemos que nada existe tão 
afastado do adolescente quanto o formalismo do Judiciário. Temido, desafiado 
e ameaçador, o Fórum não oferece a acolhida e o reconhecimento que o 
adolescente necessita. Procura-se, por isso, acalmá-lo para que possa ficar à 
vontade e acreditar no procedimento da mediação como forma de ganhar sua 
confiança e assim facilitar a expressão aberta de seus pensamentos, emoções, 
temores e expectativas. (VEZZULA, 2004, 107-108). 
 
Faz-se necessário uma acolhida com a revalorização do adolescente com intuito de que os 
adolescentes sejam capazes de avaliarem sua real situação bem como buscar opções para 
atendê-las. Ao receber atenção na escuta atenta, o adolescente sente-se respeitado e isso lhe dá 
confiança para verbalizar os motivos e situações do cotidiano que o levaram a prática do ato 
infracional. (VEZZULA, 2004). 
18 
 
Há também os agravos que envolvem a crise de identidade, abordado no primeiro capítulo. Para 
esses casos, o autor sugere que o mediador use de ferramentas não verbais a exemplos de jogos 
inicialmente escolhido pelo adolescente, com a intenção de facilitar a expressão e comunicação 
do adolescente, tendo em vista que muitos desenham o seu próprio nome com a ideia de unidade 
de existência, a chamada do “ei eu existo, eu sou alguém”. (VEZZULA, 2004). 
No que tange a sessão com a vítima há algumas peculiaridades, o representante da vara fará o 
convite para a entrevista, no caso de aceite, pode-se realizar a mediação entre as partes com os 
objetivos de que a vítima possa questionar e falar sobre a agressão sofrida, bem como o 
adolescente expresse a situação vivenciada, e perceba o resultado da repercussão de seus atos. 
E principalmente que ambos, possam se sensibilizar um com a realidade do outro e consigam 
estabelecer uma atitude cooperativa diante da forma de resolver a situação, que possam reparar 
o dano, chegando os dois a um acordo do que deverá ser feito nesse sentido. (VEZZULA, 2004). 
Nos casos em que a agressão foi praticada com alguém muito próximo, pode-se conseguir com 
as técnicas da mediação de conflitos o reestabelecimento do relacionamento bem como seu 
aprimoramento. (VEZZULA, 2004). 
As demais sessões envolvendo Família, escola, ou grupo de relacionamento. Ambas são 
imprescindíveis para recompor o relacionamento, por hora abalado diante da infração. Servindo 
também como instrumento de reinserção social e política de prevenção e não reiteração de atos 
infracionais. (VEZZULA, 2004). 
As mediações propostas colaboram com o fortalecimento da identidade social, bem como com 
os vínculos sociais. Podem terminar emacordos escritos ou não, conforme decisão dos 
participantes em especial do adolescente. Após a realização das sessões de mediação, será 
realizado uma última mediação entre o adolescente e o representante da vara com intuito de 
analisar o resultado obtido durante o procedimento. (VEZZULA, 2004). 
Como consequência o adolescente poderá obter resultados satisfatórios com alcance aos 
objetivos almejados. Nesse caso, poderá ter audiência com o juiz e o próprio adolescente 
apresentará os frutos da mediação. Ou, pode-se concluir que a mediação não foi suficiente e 
não alcançou os fins predestinados, concluindo-se que há ainda a necessidade de uma medida 
socioeducativa ou tratamento específico, médico ou psicológico, ou ainda alguma atividade que 
lhe permita desenvolver alguma habilidade. Diante dessa hipótese, o adolescente seria recebido 
pelo juiz com esse pedido. E ainda pode-se concluir que há necessidade de outras mediações. 
19 
 
Assim, faz-se necessário que após findadas as mediações, deve-se guardar os relatórios sem 
identificação. Esse documento é feito pelo mediador em conjunto com o representante da Vara 
e os observadores que participam da sessão. Para alcançar uma verdadeira ação social, este 
programa também deve contemplar uma ação conjunta com associações comunitárias, 
conselhos tutelares e, fundamentalmente, com as escolas. (VEZZULA, 2004). 
 
4.1.2. A Mediação pode ser utilizada durante a execução da medida socioeducativa de 
internação? 
Conforme Aduz Digiácomo (2015), no que concerne a solução de conflitos ou situações que 
envolvam violações de direitos em matéria de infância e juventude, criou-se uma cultura de 
“judicialização”. Essa tradição vem ocorrendo desde a antiga doutrina do Código de menores 
de 1927 e 1979, e tem-se ramificado até os dias atuais. Destaca-se que nesse contexto, o 
adolescente tampouco tinha reconhecido o status de sujeito de direitos. 
Sabe-se que, com o advento da Constituição Federal (1988), adotou-se a Doutrina da Proteção 
Integral, rompendo com o velho paradigma do Código de Menores. Com inovações 
fundamentais, pois, a preocupação está direcionada a criança e ao adolescente como sujeitos de 
direitos, merecedores de proteção. 
Apesar dos notáveis avanços concebidos através da Carta Magna, a lei Nº 8.069/90 (ECA), a 
princípio, não explicitou o conceito de “desjudicialização” do atendimento. 
Nos dizeres de Digiácomo (2015): 
Apesar disto, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), em sua 
redação original, não deixou explícito o conceito de “desjudicialização” do 
atendimento (muito menos que esta poderia se dar através da mediação), fazendo com 
que muitas das práticas consagradas pelo “Código de Menores” persistissem por anos 
após sua revogação, apesar de francamente ultrapassadas e ineficientes. 
(DIGIÁCOMO, 2015, p.3). 
 
 As Leis nº 12.010/2009 e, nº 13.010/2014, vieram suprir a falta de especificidade no que tange 
o conceito da desjudicialização. Onde, restou claro, a prioridade por meios extrajudiciais de 
resolução de conflito. Igualmente, a lei nº 12.594/2012 que dispõe sobre o Sistema Nacional de 
Atendimento Socioeducativo (SINASE). Esse sistema objetiva primordialmente o 
desenvolvimento de uma ação socioeducativa sustentada nos princípios dos direitos humanos, 
de modo a alinhar-se em bases éticas e pedagógicas. (DIGIÁCOMO, 2015). 
20 
 
Para o referido autor, a fundamentação legal para utilizar a mediação como método de 
autocomposição de conflito na área da infância e juventude, esteve presente desde a redação 
original do ECA (1990) ainda que de forma não especifica. Tendo em vista que, o estatuto 
dispôs sobre a necessidade de uma intervenção rápida e eficiente do Poder Público, no sentindo 
de assegurar os direitos fundamentais ao público infantojuvenil. 
Em suas palavras: 
Na verdade, a Lei nº 8.069/1990 procurou estimular a atuação articulada e integrada 
entre os mais diversos órgãos e agentes corresponsáveis pelo atendimento de crianças, 
adolescentes e famílias, com a instituição de políticas públicas intersetoriais que 
contemplassem as mais diversas alternativas de abordagem/intervenção estatal (como 
é o caso da mediação de conflitos), na perspectiva de reduzir a intervenção judicial ao 
mínimo possível, de modo que esta somente ocorresse quando estritamente 
necessária. (DIGIÁCOMO, 2015, p. 4). 
 
Digiácomo (2015) entende que, a utilização da mediação é cabível como procedimento capaz 
de resolver conflitos envolvendo crianças e adolescentes. Destaca-se que, a instituição de 
projetos poderá ocorrer por parte do poder público, bem como por intermédio das organizações 
não governamentais. 
De modo semelhante posiciona-se Vezzula (2004), através de um projeto de inserção da 
mediação com adolescentes autores de atos infracionais, infere-se que, o autor elaborou um 
projeto norteado pela solidariedade e auto reconhecimento, reconhecendo a mediação como 
instrumento informal, disposto a abranger qualquer realidade, conforme tratado no tópico 
anterior. 
Assim, identifica-se como possível a adoção da mediação como estratégia de resolução pacífica 
de conflitos durante a execução da media socioeducativa de internação com adolescentes e suas 
famílias, e profissionais socioeducadores, tendo em vista que o procedimento é benéfico, cultiva 
a autonomia e auto reconhecimento das partes, que através do dialogo podem propor soluções 
para os próprios conflitos. 
 
5. Considerações Finais 
A presente pesquisa teve por escopo discutir sobre a aplicabilidade da mediação como método 
para resolução de conflitos, durante a execução da medida socioeducativa de internação. Para 
isso, trouxe como embasamento teórico estudos que discutem a construção da personalidade do 
21 
 
adolescente, a partir dos aspectos psicossociais, bem como os diversos fatores que colaboram 
para a prática dos atos infracionais. 
Sabe-se que com o advento da Constituição Federal de 1988, em observância a situação de 
pessoa em processo de desenvolvimento, surge a doutrina da proteção integral, que traz em 
seu bojo a ideia de que a Criança e o Adolescente são também sujeitos de direitos, diante da 
família, da sociedade e do Estado, o que rompe com a antiga doutrina do código de menores, 
onde a preocupação permeava apenas com o que se referia aos deveres. 
No que tange a situação peculiar de desenvolvimento do adolescente, restou claro a resistência 
e necessidade de compreensão da sociedade, para com o adolescente que está em conflito com 
a lei. Tendo em vista que, a fase de amadurecimento percorrida até a vida adulta conforme os 
estudos realizados se concretizam por volta dos 20 anos de idade. De modo que, não há uma 
receita concreta para apontar o porquê um adolescente pratica ato infracional. As causas podem 
ser relacionadas a vários fatores. 
O adolescente em conflito com a lei, ao contrário do que muitos acreditam, são 
responsabilizados por seus atos conforme previsão do ECA, cujas medidas estão 
regulamentadas na lei do SINASE. A medida de internação é o foco principal desse estudo, isso 
porque a privação de liberdade é a medida mais gravosa e de caráter excepcional e só pode ser 
aplicada nos casos taxativamente previstos. 
A lei nº 12.594/12 instituiu o sistema nacional de atendimento socioeducativo, que prioriza 
métodos adequados em solução de conflito e a cultura da paz, sendo a mediação um dos 
instrumentos capazes de alcançar esse fim. Assim, o presente trabalho propõe a implementação 
de projetos que visem mediar os conflitos durante a execução da medida de internação. 
Cabe ressaltar que, aqui não se pretende romantizar a transgressão praticada pelo adolescente, 
mas, buscar a melhor formapara sanar o conflito, de modo a abranger as reais necessidades das 
partes envolvidas através do diálogo. Para que o adolescente seja responsabilizado por seus 
atos, e compreenda de fato a gravidade da lei infringida, os efeitos que sua ação provocou na 
vítima e que durante os diálogos ambos possam propor soluções para o conflito, o que enaltece 
a própria autonomia e reforça a ideia principal de socialização, tendo vista que não se pode 
ressocializar quem se quer um dia foi socializado. 
No decorrer das discussões apresentadas, o presente trabalho deparou-se com algumas 
dificuldades, em especial a falta de autores que discorram sobre a temática proposta. De modo 
que, o projeto de mediação a ser implementado nas Varas de Infância e Juventude proposto por 
22 
 
Vezzula, tornou-se instrumento principal e norteador da pesquisa. Ao ponto em que se provoca 
a construção de um modelo de mediação voltado para as Comunidades de Atendimentos 
Socioeducativos. 
Importante salientar a necessidade de pesquisas empíricas ou pesquisa-ação que busquem abrir 
espaços de mediação de conflitos dentro do Sistema Socioeducativo, definindo estratégias 
práticas e de caráter interventivo não alcançadas plenamente por pesquisas de natureza teórico-
conceitual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
Referências 
 
 
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