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A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NA EXECUÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO. CONFLICTS MEDIATION IN THE IMPLEMENTATION OF THE INTERNATION SOCIOEDUCATIVE MEASUREMENT. Daniela Souza de Oliveira* RESUMO A Lei nº 12.594/12 instituiu o sistema nacional de atendimento socioeducativo, que prioriza métodos adequados em solução de conflito e a cultura da paz, sendo a mediação um dos instrumentos capazes de alcançar esse fim. Assim, o presente estudo tem por objetivo discutir a aplicabilidade da mediação durante a execução da medida socioeducativa de internação. Para construção deste estudo adotou-se metodologia de abordagem qualitativa, com os seguintes procedimentos: revisão legislativa, revisão de literatura e análise documental. A discussão é pautada em observância à condição especial de pessoa em desenvolvimento, de modo a atentar e respeitar a doutrina da proteção integral da criança e do adolescente. Busca-se compreender de que maneira a mediação pode dialogar e colaborar de forma positiva durante a execução da medida de internação. Diante da problemática lançada obteve como resultado uma discussão de procedimento de mediação a ser implementado nas Varas da Infância e da Juventude no Brasil proposto por Vezzula, ao tempo em que se provoca a construção de um modelo a ser utilizado em comunidade de atendimento socioeducativo. PALAVRAS - CHAVE: Mediação de Conflitos. Adolescente autor de ato infracional. Medida Socioeducativa. Privação de liberdade. ABSTRACT The Law number 12.594/12 established the national system of socio-educational assistance, which prioritizes adequate methods in conflict resolution and culture peace, where mediation is one of the instruments capable to achieving this. Thus, this study aims to discuss the applicability of mediation during the execution of the socioeducative measure of hospitalization. For the construction of this study, a qualitative approach was adopted, with the * Daniela Souza de Oliveira. Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade Ruy Barbosa (FRB/Wyden), Campus Paralela. E-mail danielaoliveira.rb@gmail.com. Orientado por: Jessica Silva da Paixão, Mestre em Família na Sociedade Contemporânea (UCSAL); Pós Graduanda em Política Pública e Socioeducação (ENS/UNB); Mediadora Judicial; Instrutora de Práticas Restaurativas, Professora do Curso de Direito (FRB/Wyden). Salvador-BA /2018. 2 following procedures: legislative review, bibliographic review and documentary analysis. The discussion is based on observing the special condition of a developing person, in order to observe and respect the doctrine of the integral protection of the child and the adolescente. It seeks to understand how mediation can dialogue and collaborate positively during the execution of hospitalization measure. In the face of the problem launched, the result of a discussion of the mediation procedure to be implemented in the Varas of Childhood and Youth in Brazil proposed by Vezzula, at the same time as the construction of a model to be used in a socio-educational Community. Keywords: Conflict Mediation. Child and adolescent law. Socio-educational.Deprivation of liberty. Introdução Nos termos do artigo 227 da Constituição Federal (1988) é dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança e ao adolescente, à proteção integral, no que tange direitos e garantias fundamentais inerentes a dignidade humana. Entretanto, conforme dados do relatório anual do SINASE (2015) cerca de 26.868 adolescentes encontram-se em restrição e privação de liberdade em decorrência da prática de atos infracionais. Os dados acima citados demonstram um cenário complexo, ao tempo em que, evidenciam a necessidade de corresponsabilidade da família, sociedade e Estado na execução da medida socioeducativa de internação, atendendo o que dispõe o artigo 227 da Constituição Federal. Observa-se, igualmente, a falta de políticas públicas, capazes de proteger e prevenir a prática de atos infracionais e traz por consequência a medida socioeducativa mais extrema que é a privação de liberdade. Sabe-se que durante a execução da medida de internação há vários conflitos, desde o momento da prática do ato infracional entre o adolescente e a vítima, até as relações de convivência entre os adolescentes dentro da unidade de atendimento socioeducativo, o que de acordo com o levantamento anual do Sinase (2015), soma a maior causa de mortes dentro da unidade. Conforme o inciso II do artigo 35 da lei 12.594 (2012), a execução das medidas serão norteadas por alguns princípios, em especial o da “excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos” (BRASIL, 2012). Assim, o presente estudo questiona sobre a possibilidade de utilizar instrumentos que fomentem o diálogo e promovam abordagens não violentas diante de conflitos que possam surgir dentro de unidades de internação. Ao tempo em que, traz a mediação, como estratégia 3 possível para resolução dos conflitos nestes ambientes que possuem características e necessidades peculiares decorrentes da privação de liberdade na fase da adolescência. Na mediação de conflitos utilizam-se ferramentas que proporcionam o diálogo e o consenso entre os envolvidos em uma situação conflituosa. Esse procedimento é didático, pois além de desenvolver nos participantes a sua capacidade de dialogar também permite a reflexão sobre como se relacionar, como enfrentar os conflitos de uma maneira mais adequada e satisfatória, inclusive nas questões de segurança dentro de Comunidades de Atendimento Socioeducativo ou Varas de Infância e Juventude que processam e julgam adolescentes autores de ato infracionais. O tema proposto é relevante no cenário social atual, pois, promover o conhecimento das ferramentas de mediação, bem como das práticas de justiça restaurativas pode trazer benefícios ao adolescente e seus familiares, bem como aos profissionais que atuam na socioeducação, evitando ações violentas. Ademais, há poucos referencias teóricos que tratem da temática abordada, o que torna o presente estudo relevante no campo da pesquisa. Para construção deste trabalho, adotou-se o método de abordagem qualitativa que “baseia-se em dados de texto e imagem, têm passos singulares na análise de dados e se valem de diferentes estratégias de investigação” (CRESWELL, 2010, p. 206), utilizando como procedimentos: revisão de literatura em indexadores de revistas científicas como o Scielo e o Dialnet, além de livros atuais sobra a temática; revisão legislativa e análise documental. As discussões e resultados foram divididas em três tópicos com seus respectivos subtópicos. No primeiro capítulo, discutiu-se sobre à adolescência, com uma abordagem na construção da identidade e personalidade, com base em critérios psicossociais, bem como ao momento em que o indivíduo passa do estágio infantil a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Assim como, as peculiares e possíveis causas que levam o adolescente à prática do ato infracional. No segundo momento, com base em revisão legislativa, doutrinária e levantamento anual do Sinase, abordou-se sobre alguns aspectos do Estatuto da Criança e do adolescente em conjunto com a lei Nº 12.594/12 (SINASE) que regulamenta a execução das medidas socioeducativas, em especial a medida de internação que é o foco principal do estudo. No terceiro tópico, a discussão pautou-se em torno da mediação de conflitos durante a execução da medida socioeducativa de internação. Por meio de uma contextualização histórica, em observância aos princípios norteadores da mediação, bem comoa possível inserção de um 4 projeto proposto pelo mediador Juan Carlos Vezzula, sobre a aplicação da mediação nas Varas da infância e juventude. Assim, o presente estudo tem por objetivo levantar uma discussão sobre a possibilidade de utilizar a mediação durante a execução da medida socioeducativa, a fim de fortalecer processos de comunicação colaborativos e estratégias de solução de conflito de formas não violentas e menos traumáticas. 2. Discussões e Resultados 2.1 Adolescência O fenômeno adolescência vem sendo discutido desde os tempos mais remotos. E por consequência vem gerando muitos questionamentos, principalmente no que se refere ao conceito, bem como no que diz respeito ao aspecto cronológico. Há que se falar em um embate para determinar com precisão em qual momento da vida, tem-se o começo da transição, onde o indivíduo passa do estádio infantil para adolescência até chegar a vida adulta. Conforme definição do dicionário etimológico, a palavra adolescência provém do latim “adolescere” que significa “crescer para”. Eisenstein (2005, p.6) conceitua adolescência como o momento de transformação entre a infância e a vida adulta. Esse momento deve ser analisado sob a perspectiva dos estímulos, frente ao desdobramento dos aspectos psicossociais, físicos, sexuais, bem como da observação no que se refere aos sacrifícios do indivíduo para corresponder às perspectivas do anseio social. Para o referido autor, esse processo de certificação da adolescência tem o início na decorrência das variações físicas como a puberdade e se consolida com a emancipação para vida adulta. No mesmo sentido, pondera Vezzulla (2004, p.19) ao analisar à adolescência sob aspectos gerais, com ênfase em determinados comportamentos no âmbito familiar, social, destaca-se que é imprescindível considerar cada adolescente como um ser único. Com isso, pode-se extrair do referido autor, que a adolescência está reconhecida como o estádio de transição da sujeição infantil à autossuficiência peculiar dos adultos. Nesse sentido, a adolescência pode ser compreendida como um fenômeno que ocorre na transição da fase reconhecida como o fim da infância e antes do início da vida adulta. O mais importante a ser ressaltado desse período de transição está referido aos aspectos psíquicos intrapessoais e à inserção do adolescente na sociedade, tanto na forma em que este ser se relaciona com os outros quanto em relação à identidade e aos espaços que esta sociedade lhe facilita para que possa realizar esta passagem à autonomia”. (VEZZULLA, 2004, p.19). 5 No que tange ao aspecto cronológico há algumas divergências para determinar a idade exata onde ocorre o início e o fim desse ciclo. De acordo com o relatório da Unicef (2011), essa fase se inicia entre doze anos e perdura até os dezessete anos de idade. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 2º considera adolescente aquele que se encontra com idade entre doze e dezoito anos de idade. No que compete a condição cerebral, há estudos que indicam que durante a adolescência, o cérebro sofre mais transformações do que no início da vida do indivíduo. Os pesquisadores destacam o papel importante da mielinização. A mielinização é um processo de desenvolvimento da camada de gordura, conhecida como Bainha de Mielina. Esta, tem a função de isolar a membrana celular do neurônio, o que colabora para transmissão de estímulos de um neurônio para outro. (GRAÇA, 1988). O processo de mielinização se inicia quando uma projeção da célula-bainha envolve o axônio e forma espiral frouxa ao seu redor. Com o tempo as camadas formadas se compactam pela expulsão do citoplasma e formam estrutura lamelar com bandas eletrodensas espessas — derivadas da aposição das fases citoplasmáticas das membranas — e menos eletrodensas — derivadas da aposição das fases externas das membranas. Ambas as bandas recebem a denominação de linha densa principal (LDP) e linha intraperiódica (LI) respectivamente. (GRAÇA, 1988, p.293). Em concordância com Wüsthof apud Vezzulla (2004) a mielinização cumpre um papel fundamental na formação do indivíduo, essencialmente no que concerne aos aspectos da estabilidade emocional bem como a aptidão para assumir propriamente aos estímulos mobilizadores. Os pesquisadores indicam que esse processo se completa por volta dos vinte anos de idade. Deste modo, até o término desse processo, o adolescente não estaria apto a desenvolver condições neurológicas suficientes exigidas a condição da vida adulta. 2.2 Aspectos Psicossociais Identidade, eis aí uma palavra de ordem quando o assunto é desenvolvimento da adolescência. Identidade vai muito além de ter um nome e sobrenome em um registro civil. Identidade é aquilo que nos difere uns dos outros, o que nos torna seres únicos em relacionamento diante da sociedade. Conhecer o seu Eu e ser capaz de fazer o auto reconhecimento frente as expectativas e anseios sociais é fator imprescindível para um verdadeiro processo de desenvolvimento. 6 Conforme estudos realizados por Vezzulla (2004) a criança é concebida para ser auxiliar de seus genitores. E quando ela rompe esse estágio e passa a não mais corresponder com as expectativas dos pais, são vistas como rebeldes e desobedientes. Tendo em vista que passam a seguir os seus próprios impulsos, tornam-se seres que possuem desejos e vontades próprias. Na concepção do referido autor, embora exista no ordenamento jurídico previsão legal para proteger adolescentes que se encontram em processo de desenvolvimento, esses não são aceitos e compreendidos pela sociedade, uma vez que, é mais fácil aceitar a fase infantil, idosa, mas a reciproca não é verdadeira quando o assunto é adolescência. Essa linha de raciocínio adequa-se ao quinto estágio de Erikson, (1987) onde a adolescência corresponde a crise de identidade, que se desenrola na necessidade de buscar uma exploração. Que constituem um fenômeno de integração de elementos que compreendem os estágios anteriores que são: a confiança, autonomia, iniciativa e competência. Desenvolver uma identidade pessoal e ao mesmo tempo escapar da propagação da personalidade em uma diversidade de papéis, faz surgir questionamentos entre o adolescente, tais como: Quem sou eu? De onde será que eu venho? Aonde estou indo? Essas questões são intimas e privadas, e ninguém pode responder por outra pessoa. Apesar disso, a presença no âmbito exterior, do ponto de vista de referências pode contribuir para que o jovem escolha valores que correspondam com o seu eu. De acordo com Cloutier e Drapeau (2012, p.324 - 325) na adolescência, geralmente os problemas psicossociais são classificados em três grandes categorias, quais sejam: problemas exteriorizados, problemas interiorizados e abusos de substâncias psicotrópicas. Os problemas exteriorizados aparecem através de manifestações visíveis, voltadas para o exterior do indivíduo, assumem a forma de determinados comportamentos inapropriados, tais como agressividade, delinquência, impulsividade e condutas antissociais. Os problemas interiorizados como o próprio nome sugere traduz sentimentos do interior do adolescente, como por exemplo ansiedade, depressão, pesadelo e ideias suicidas. No que concerne os abusos das substâncias psicotrópicas, esses estão relacionados ao uso abusivo drogas, tanto as licitas como as ilícitas. (CLOUTIER; DRAPEAU 2012, p.326). Ao discutir sobre a formação do sujeito, não há como deixar de observar a explanação da experiência vivenciada no Estádio do Espelho de Lacan. Esse desenvolvimento decorre de uma dialética cronológica, com projeção decisiva no que se refere a formação indivíduo. 7 Lacan(1976, p. 98) apresenta o estádio do espelho como uma identificação no sentido pleno da palavra, isto é, a transformação produzida no individuo quando ele assume uma imagem, imago, em decorrência da experiência do Eu, que se desdobra na psicanalise. A teoria lacaniana aborda o momento da constituição da personalidade e de tudo aquilo que está relacionado com a distinção entre o Eu e o outro. Tem uma fundamentação com base na proposta Freudiana onde, o Eu, não é um ponto de partida e sim uma construção, e o espelho assume essa tarefa. Deste modo, a personalidade não se constitui através do amadurecimento biológico, mas sim como produto de uma relação. Esse momento se apresenta como resultado de uma experiência observada em três etapas. De modo que, o experimento não se reduz à dimensão empírica propriamente da experiência. Lacan, traz no primeiro tempo uma criança na frente do espelho, representado pelo período da indiferenciação, são apenas representações pictográficas, onde o espelho é apenas mais um objeto dentre outros do seu campo de visão. No segundo período ocorre a descoberta do espelho, surge então a figura do semelhante, a aurora do outro. A criança interage com o que vê de forma semelhante a reação de um animal frente ao espelho por meio de representações cênicas. No terceiro estádio ocorre a superação do animal, a criança não mais interage como se fosse o semelhante, de sorte que, ao sorrir, dirigi o olhar para fora do espelho, para um adulto. Há, portanto, um corte da imagem. A atenção ao olhar do adulto é representada como uma marca de conquista, o momento em que ela se reconhece. E esse nascimento conforme o autor é alienado de acordo com o que a mãe passa para o filho, ocorrendo assim o narcisismo primário. Assim, o Eu é um produto de identificação com o outro, a dimensão da linguagem como espaço onde a criança obtém o sim é você. Isso é o que sustenta o experimento, por essa razão a experiência não se restringe ao espelho, pois a concretização ocorre fora dele. O espelho é o grupo, o olhar do outro. 2.3 Adolescente Autor de Ato Infracional Nesse primeiro momento é importante observar a nomenclatura dada ao adolescente autor de ato infracional. Alguns autores rotulam de “menores infratores”, os mesmos que são favoráveis a redução da maior idade penal. Pois acreditam, que o adolescente tem plena condição de arcar com suas responsabilidades como se adulto fosse. Percebe-se que, mesmo com o advento da 8 constituição de 1988, onde a pessoa em situação peculiar de desenvolvimento tem uma atenção especial de proteção integral, parte da sociedade não consegue aceitar essa fase de transição da vida infanto-juvenil a condição desenvolvida do adulto. Na visão de Costa (2014), os atos infracionais perpetrados por adolescentes estão relacionados a um processo complexo. Desta forma, não há como mensurar uma causa singular, deve-se analisar o contexto como um todo. Não obstante, no que tange a resposta ao ato infracional praticado, ocorre de modo diferente do previsto na legislação criminal vigente. De modo que, o jovem será responsabilizado de forma individual diante da violação as leis vigentes. Ato infracional conforme preceitua artigo 103 do ECA é toda conduta descrita como crime ou contravenção penal. De acordo com Greco (2013, p.142-144), do ponto de vista formal, crime é toda conduta que atenta contra a lei penal editada pela Estado. Julgando por seu aspecto material, sendo, o crime aquela conduta que viola os bens jurídicos mais importantes. De forma analítica, para ser considerado crime é necessário que o agente tenha praticado uma ação típica, ilícita, culpável e punível. De modo que a punibilidade não faz parte do delito, sendo somente sua consequência. Já as contravenções penais, por serem consideradas delitos pequenos, estão voltadas para as infrações menos graves. Para o referido autor se o princípio da intervenção mínima fosse aplicado com caráter absoluto, não haveria que se falar em contravenções, cujos bens poderiam ser tutelados por outros ramos do direito. Tendo em vista que o referido princípio apregoa que o Direito Penal só deve se preocupar em tutelar os bens e interesses mais importantes e necessários ao convívio da sociedade. (GRECO, 2013 p.140). De sorte que, embora o ato infracional seja equiparado no que concerne a conduta praticada de um crime ou contravenção penal. Cabe salientar que o adolescente autor de ato infracional é inimputável, ou seja, embora pratique o mesmo ato ilícito de um adulto a resposta ao bem jurídico violado ocorre de modo diferente em respeito ao princípio da proteção integral. De modo que, inimputabilidade e impunidade não se confundem, pois, a primeira apenas diz respeito a ceara onde ocorre a resposta do delito, enquanto a outra se caracteriza pela falta de punição. O adolescente ao contrário do que muitos pensam, não permanece impune, apenas responde de modo diferente em observância da lei especial do estatuto da criança e do adolescente, bem como da execução das medidas socioeducativas prevista na Lei Nº 12.594/12. Assim, é imprescindível discutir os dados de adolescentes autores de atos infracionais que estão cumprindo medida socioeducativa de internação, foco principal desse estudo. 9 O Levantamento Anual Sinase (2015), apresentou 27.428 atos infracionais para 26.868 adolescentes em restrição e privação de liberdade em todo o país. Observa-se que o número de atos infracionais é superior ao número de adolescentes em restrição e privação de liberdade pela possibilidade de atribuição de mais de um ato infracional a um mesmo adolescente. Conforme os dados apresentados, 46% do total de atos infracionais em 2015, foram apontados como equivalentes ao crime de roubo consumado e 1% na modalidade tentada. Os análogos ao tráfico de drogas somaram 24%, os correspondentes ao homicídio ficaram na casa dos 10% aumentado de 3% correspondente a tentativa de crime contra a vida, a dignidade sexual e crimes de cunho patrimonial com resultado morte. Destaca- se que, na referida pesquisa os dados verificados somam um número menor do que o apresentado em 2010. No que concerne as características, em relação a questão de gênero constataram-se que 96% dos adolescentes são do sexo masculino. Sendo observado também uma redução de 5% para 4% no que se refere a parcela feminina na integra do atendimento socioeducativo, correspondente ao decréscimo de 1.181 (2014) para 1.079 (2015). No tocante ao intervalo de idade, demonstrou-se que o número de adolescentes cumprindo medida socioeducativa de internação está concentrado na faixa etária entre 16 e 17 anos que corresponde a 57%, na sequência estão com idades compreendidas entre 18 a 21 anos, que representam 23% seguidos por 17% entre 14 e 15 anos e 2% entre a idade de 12 e 13 anos. Conforme as informações coletadas sobre a raça/cor do indivíduo, percebe-se que 61, 03% dos adolescentes em restrição e privação de liberdade são negros e pardos, 23,17% são brancos e os demais foram classificados na categoria sem informação. No que infere a região do País, constatou-se que o Norte possuí o maior percentual de adolescentes negros com a liberdade cerceada, 67%. Sobre o número de óbitos, notou-se que vieram a óbito 53 adolescentes vinculados as unidades de atendimento socioeducativo em cumprimento de medida de internação. Com uma média de 4,4 mortes por mês, superando o ano anterior que foi 48. Em relação as causas ocorreram em decorrência de conflito interpessoal, somando 18 casos, os conflitos generalizados com 11 mortes e 5 casos de suicídio, os demais incluídos em outras causas. Nota-se que o conflito soma a maior causa de mortes.3. Direito da Criança e do Adolescente e a Lei do Sinase 10 Com o advento da constituição Federal de 1988, houve uma alteração significativa no que concerne a condição jurídica da criança e do adolescente, que por sua vez passaram a ser reconhecidas como sujeitos de direito. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instituído pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, opõe-se historicamente a um passado de controle e de exclusão social, na medida em que se sustenta pela doutrina da proteção integral. O ECA se materializa em direitos e deveres voltados a proteção de criança e adolescentes. Afirmando o valor inerente ao indivíduo em observância à sua condição de pessoa em desenvolvimento. De forma que, ao reconhecer a vulnerabilidade do público infanto-juvenil, torna-os dignos de uma proteção integral, que deve ser oferecida por parte da família, da sociedade e do Estado; devendo este atuar mediante políticas públicas e sociais na promoção e defesa de seus direitos. (BRASIL, 2012). A adesão dessa doutrina em substituição ao velho modelo da situação irregular do Código de Menores de 1979, ocasionou modificações de referenciais e parâmetros com reflexos principalmente no que diz respeito ao ato infracional. Do ponto de vista legal, essa substituição representou uma opção pela inclusão social do adolescente em conflito com a lei e não mais um mero objeto de intervenção, como era no passado. (DIGIÁCOMO, 2015). Visando concretizar os avanços contidos na legislação e contribuir para a efetiva cidadania dos adolescentes em conflito com a lei, em fevereiro de 2004 a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), por meio da Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente (SPDCA), em conjunto com o Conanda e com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), sistematizaram e organizaram a proposta do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo-SINASE. A implementação do SINASE, concretizou-se com a promulgação da lei Nº 12.594 de 2012. A referida lei, conforme disposto em seu primeiro artigo, tem por finalidade regulamentar a execução das medidas socioeducativas que poderão ser aplicadas a autores de atos infracionais. Conforme disposição em seu primeiro capitulo, a lei do Sinase é definida como um conjunto de princípios, regras e critérios que estejam associados com a execução da medida socioeducativa, somada a aderência aos sistemas Estaduais, Distrital e municipais, tal como com todos os planos, políticas e programas voltadas ao atendimento de adolescente em conflito com a lei. (BRASIL, 2012). 11 3.2 Princípios do Sinase Nos termos do art. 35 da Lei Nº 12.594/12, a execução da medida socioeducativa deve pautar- se nos seguintes princípios: legalidade, excepcionalidade, prioridade a práticas de medidas restaurativas, proporcionalidade, brevidade, individualização, mínima intervenção, não discriminação bem como do fortalecimento do vínculo familiar e comunitário. No entendimento de Cunha (2013, p.152), princípio é uma das espécies do gênero jurídico de textura aberta, sem densidade jurídica, que anexam as ideias que fundamentam todo o sistema jurídico. Destaca-se que os princípios, por se revelarem como normas jurídicas impositivas de otimização, ainda que possa vir a colidir, coexistem, de modo que permite a ponderação de valores e interesses de acordo com a sua relevância dentro do caso concreto. De acordo com Costa (2014) é cabível interpretar cada um dos princípios expressos como manifestações derivadas do princípio da igualdade, enquanto legalidade, e do princípio da equidade, como expressão do necessário reconhecimento da individualização da medida socioeducativa em sede de execução. Em seus dizeres: Como complemento, cabe salientar a especificidade dos princípios da brevidade e excepcionalidade, os quais fazem parte do conteúdo normativo em geral do campo do Direito da Criança e do Adolescente. Atuam enquanto limitadores do poder de intervenção do Estado, seja na liberdade dos adolescentes, seja no contexto familiar. Trata-se, portanto, de uma derivação do Princípio da Legalidade, a qual possui previsão expressa, considerando-se o histórico tutelar e de institucionalização da infância que caracterizou por longo período a intervenção do Estado brasileiro – e ainda caracteriza –, bem como a morosidade que tem sido a realidade da atuação dos vários órgãos estatais na solução de situações que envolvem crianças e adolescentes. O tempo, portanto, é um dos fatores que atuam na constituição de prejuízos. O tempo do processo judicial, o tempo de espera na fila, o tempo na espera de um atendimento familiar qualificado, o tempo da medida socioeducativa de internação, o tempo de aguardar o acesso a um defensor, o tempo até o dia da visita familiar, o tempo até o dia da audiência. É relevante perceber que o tempo não é uma categoria independente do contexto social. (COSTA, p.21, 2014). No que diz respeito à aplicação do princípio da legalidade no campo socioeducativo, preceitua- se que o adolescente não pode receber tratamento mais gravoso do que aquele conferido ao adulto, quando pratica o mesmo ato ilícito. A excepcionalidade está relacionada a medida propriamente dita, ou seja, somente deve-se utilizar imposição de intervenção judicial quando outros meios de autocomposição de conflitos não forem capazes de satisfazer o caráter pedagógico da medida socioeducativa, como por exemplo a mediação de conflitos e conciliação. 12 Os princípios norteadores da lei de execução da medida socioeducativa são importantíssimos, há que se falar também na proporcionalidade em relação a ofensa cometida, pois uma infração de menor potencial ofensivo não pode ter uma medida com caráter mais grave por exemplo. A brevidade da medida em resposta ao ato praticado deve durar o tempo necessário para atingir o fim a que se propôs, como é o caso da medida de internação que não pode ultrapassar o prazo de 3 anos, perceba que esse prazo é o limite, não significa necessariamente que o adolescente tenha que cumprir a medida pelo tempo exato de 3 anos., tendo em vista que se trata de uma medida excepcionalíssima. Ademais deve-se observar o princípio da individualização, levando em consideração algumas características como idade e capacidade pessoal do adolescente. Bem como a não discriminação correlato com a dignidade humana, este prevê a não discriminação em razão de gênero, nacionalidade, orientação religiosa dentre outros. O fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários é imprescindível durante o procedimento socioeducativo, a família tem um papel fundamental. 3.3 Medida Socioeducativa de Internação A luz do art. 122 do ECA, a medida de internação somente será aplicada em casos taxativos, ou seja, que estejam previstos no dispositivo. Assim, ocorrerá diante das hipóteses em que o ato infracional for cometido mediante violência ou grave ameaça; ou ainda quando houver reiteração no cometimento de outras infrações graves e, quando o educando descumprir medida socioeducativa anteriormente imposta. A internação é a medida mais gravosa, pois o Estado intervém diretamente na vida do adolescente, de modo a alcançar um bem valioso, que é a liberdade. Por essa razão, deve ocorrer em observância aos princípios da excepcionalidade e brevidade, tendo em vista que, essa atitude deve ser a última opção. Obrigando-se, pois, a considerar o devido processo legal, para que todas as garantias constitucionais sejam garantidas ao adolescente, em especial o direito à ampla defesa e ao contraditório. (BANDEIRA, p.186, 2006). No que corresponde as hipóteses taxativas da medida de internação,Bandeira (2006) aduz que, para configuração da primeira hipótese nos termos do inc. I do art. 122 do ECA, é imprescindível que, a conduta infracional seja perpetrada mediante o emprego de grave ameaça. No caso do roubo por exemplo, ainda que a utilização da arma seja de brinquedo, entende-se 13 que a conduta praticada alcança o objetivo de causar certo temor à vítima, e por consequência poderá impossibilitar a defesa da vítima, constituindo-se, portanto, elemento da grave ameaça. Destaca-se que, em casos de atos infracionais graves, praticados com o emprego de violência ou grave ameaça, não necessariamente o juiz, aplicará imediatamente a internação em regime fechado, uma vez que, o caráter excepcional da medida nos termos do § 2º do Art. 122 do ECA dispõe que, deve-se observar se há outra medida menos gravosa e satisfatória para responsabilização do educando. A hipótese de regressão, essa ocorre quando o adolescente descumpre medida anteriormente aplicada. No que se refere a aplicação da nova medida, é essencial que o Juiz, após ter conhecimento da transgressão da medida antes atribuída, designe audiência para a ouvida prévia do adolescente, que deverá estar acompanhado de seu respectivo representante legal. Assim, o juiz procederá de modo a analisar os motivos que deram origem ao descumprimento, com intuito de apurar se houve justificativa plausível para a atitude do adolescente. Essa justificativa pode ser dada nos Casos em que o descumprimento se dê por motivo alheio a vontade do adolescente, como por exemplo na hipótese de algum equívoco por parte da unidade responsável pela execução da medida. Caso não haja um motivo aceitável, o juiz poderá decidir pela internação sanção, assegurando sempre o direito constitucional do adolescente à ampla defesa e ao contraditório. (BANDEIRA,2006). Nos termos estabelecidos pelos §§ 2º e 3º do Art. 121 do ECA, a medida de internação não pode ultrapassar o limite de 3 anos. Isso não significa que o adolescente necessariamente fique internado durante o prazo limite, mas sim tempo razoável e adequado para que a medida atinja a sua finalidade. De modo que o educando deverá ser submetido a avaliações periódicas, no máximo, a cada seis meses, ou sempre por determinação judicial. Nesse sentindo, Bandeira (2006), entende que a medida tem caráter pedagógico ainda que seja retributiva, pois, tem fundamentação na educação direcionada aos ensinamentos de valores ao adolescente em conflito com a lei, com intuito de que o educando possa refletir e retornar a convivência no seio social, recuperando assim sua liberdade. Esse processo é realizado por intermédio de acompanhamento individual, realizado por uma equipe interdisciplinar. 4. Mediação de Conflitos 14 Antes de adentrar na definição da mediação é importante percorrer de forma breve e sucinta sobre seu surgimento com base em sua contextualização histórica. Entender onde e quando surge a figura do mediador é fator imprescindível para o desenvolvimento da presente pesquisa. O conflito está diretamente ligado as relações em sociedade, partindo desse pressuposto pode- se afirmar que onde há convivência humana haverá conflito. Os métodos para resolução dos conflitos, se apresentam de várias formas, desde as civilizações mais antigas a exemplo da lei do Talião onde sentenciava o “olho por olho, dente por dente” até à antiga China, que por intermédio e inspiração de Confúcio, um terceiro era chamado para mediar conflitos entre sujeitos ou grupos. (MIRANDA, 2012). Conforme Miranda (2012), a mediação inicia-se na China que tem o embasamento no pensamento de Confúcio. Este prezava a busca pela harmonia através do equilíbrio do mundo e da felicidade dos homens, de modo que para os chineses o equilíbrio das relações sociais era fator primordial. Assim, diante dos conflitos, raramente ocorria uma condenação que atentasse contra o equilíbrio das partes, todos eram ouvidos com intuito de obter uma solução mais benéfica para demanda apresentada. Em meados dos anos 500 a.C. nas comunidades chinesas, frente aos conflitos, o método mais comum para resolução dos embates era a mediação. Tendo em vista a predominância da convivência familiar onde o chefe da família recorria a sabedoria para resolver os problemas apresentados. Porém, ao tempo em que as cidades foram crescendo, as pessoas não mais se conheciam e não mais tinham senso de comunidade o que por consequência foi extinguindo essa forma de resolução de conflitos. Nos dizeres de Miranda (2012): No entanto, à medida que as cidades foram crescendo e as famílias se dissipando, essa forma de resolução de conflitos tornou-se cada vez mais rara, as pessoas não mais se conheciam, eram estranhos uns aos outros e alienados em relação ao senso de comunidade. Dessa forma, houve a substituição dos sistemas informais pelos formais de resolução de controvérsias, dando lugar ao tradicional Sistema Judiciário, que decidia não pelo sistema de ganhos mútuos como na mediação, mas através do sistema de perdas e ganhos, isto é, nomeava um ganhador e um perdedor, acabando com a possibilidade de acordos. (MIRANDA, 2012, p. 4). No que concerne aos tempos d.C. há alguns marcos considerados importantes, a exemplo do momento pós Revolução Industrial, onde surge um novo modelo no âmbito social e 15 reivindicatório. O que antes era obtido por meio de ações repressivas impostas mediante decisões governamentais, deu lugar a introdução de negociações. É a partir do século XIX que surge o mediador trabalhista. Esse surgimento, está relacionado a influências de povos asiáticos, judeus e mórmons, obtidas pelos ingleses como resultados de suas práticas colonizadoras. Nesse mesmo contexto o governo Estadunidense, em 1947, criou a lei Federal Bureau of mediators, que instituiu a capacitação de mediadores para atuarem nos conflitos trabalhistas. (VEZZULA, 2004). Durante a guerra fria, em meados da década de cinquenta e sessenta, diante do cenário caótico e insustentável, viu-se a necessidade de investigações com objetivo de examinar a fundo os métodos ou sistemas negociais que fossem capazes de controlar a relação hostil entre Estados Unidos e a URSS. Assim, os estudiosos das universidades norte-americanas alcançaram como resultados em Harvard, o desenvolvimento de procedimentos e técnicas disposta a solucionar os embaraços das negociações. Proponho aqui, para maior compreensão denominar a mediação liberal de “mediação acordista” mais ligada à escola de Harvard da auto composição resultante da imposição do poder entre um e outro e de “mediação responsável” a aquela que a partir da escola transformativa de Baruch Bush e Folger e transformadora de Warat, centra seu objetivo no trabalho sobre e com as pessoas e eu acrescentaria as comunidades às que pertencem. O nome de responsável o tomo da atitude solidária e cooperativa de trabalhar para tentar chegar a um acordo onde longe de se utilizar dos poderes individuais se utiliza a cooperação com o objetivo de satisfazer a todos por igual. A função do mediador é trabalhar, questionar para que os participantes aprofundem nas suas motivações. Na escuta atenta de um e do outro se produz a sensibilização entre eles. Assim eles integram essas motivações (suas necessidades insatisfeitas) como um problema comum, para que ninguém abra mão, para que ninguém ceda na solução e que todas as motivações sejam contempladas. (VEZZULA, p. 44, 2011). De acordo com Vezzula (2004), pode-se definir mediação de conflitos como um procedimento privado e voluntário coordenado por um terceiro imparcial, capacitado, que trabalha no sentido de que seja estabelecido uma comunicação de modorespeitoso e cooperativo entre as partes envolvidas. Buscando através da análise e compreensão do relacionamento, identidade, motivações bem como das emoções dos mediados com intuito de conseguir um resultado satisfatório dos conflitos aos quais estão envolvidos. Para o CNJ (conselho nacional de Justiça), a mediação é uma alternativa para resolução de conflitos. Onde, um terceiro imparcial denominado como mediador, auxilia de modo a facilitar o diálogo entre as partes, para que ambas cheguem a um consenso, valendo-se de alguns princípios como autonomia e simplicidade. 16 Cabe ressaltar que a mediação é um procedimento estruturado, não tem prazo definido, as partes podem ou não chegarem à um acordo. Tendo em vista que diante da autonomia das partes, é possível buscar resultados que sejam compatíveis com seus anseios e necessidade. O mediador opera em observância dos princípios fundamentais que estão elencados na resolução Nº. 125/2010, quais sejam: Confidencialidade, imparcialidade, independência e autonomia, respeito à ordem pública e às leis vigentes, empoderamento e validação. De acordo com a resolução Nº. 125/2010 os princípios norteadores da mediação são essenciais para efetivar a credibilidade da mediação. Tendo em vista que o procedimento transcende à solução da controvérsia e transforma uma circunstância adversarial em colaborativa. A partir da resolução entende-se confidencialidade como uma relação de confiança e sigilo das informações confiadas durante as sessões, de modo que o mediador não poderá ser testemunha em qualquer processo judicial que oponham as partes, nem tão pouco as informações obtidas poderá constituir objeto de provas. Este princípio visa a proteção dos documentos produzidos durante o procedimento, bem como conferir as partes a necessária confiança, para que ambos possam lidar com seus interesses, sem empecilhos ou quaisquer constrangimentos. No que se refere ao princípio da imparcialidade, este está diretamente ligado a atuação do mediador. Pois, trata-se da figura do terceiro imparcial, que atua em prol de interesses de outrem, o que veda o interesse próprio na demanda. Deve proceder de forma neutra, não poderá propor soluções e nem tão pouco defender qualquer das partes envolvidas no conflito. A independência e autonomia está relacionado à vontade das partes. Assim, é crucial que as partes se encontrem conscientes de como é realizado o procedimento, bem como aceitem de livre e espontânea vontade. Afinal, conforme preceitua a Constituição federal, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude da lei. Sendo, portanto, um processo voluntário e os resultados das decisões obtidas cabe aos mediados. 4.1 Proposta de Mediação em Varas de Infância e Juventude com adolescentes autores de ato infracional. Conforme a proposta de Vezzula (2004), a composição do projeto de mediação com adolescente autor de ato infracional se dará por meio de uma equipe interprofissional com capacitação em mediação, onde os profissionais possam atuar respeitando a função estabelecida pela lei. 17 O Primeiro passo ocorrerá mediante uma entrevista prévia, com ambas as partes envolvidas de forma individual. A entrevista será conduzida por um mediador em conjunto com os pais ou responsáveis legais, com a participação do advogado constituído e do representante da Vara da infância e juventude. Essa fase é titulada como pré-mediação, aqui os envolvidos deverão ser informados sobre questões acerca do objetivo e procedimento. Esse momento é de total importância, tendo em vista que a mediação deve ser consentida livremente pelas partes envolvidas. (VEZZULA, 2004). É importante que o adolescente compreenda as técnicas utilizadas e quais são as responsabilidades assumidas entre mediador e mediado, com intuito de garantir o sucesso do procedimento. Superado esse momento, após a adesão voluntária da mediação, assina-se um termo de aceite para formalização no campo do judiciário. As partes devem estar cientes de que podem reincidir a qualquer tempo que julgarem necessário, partindo do pressuposto de que não são obrigados a aceitar nem tão pouco permanecer no procedimento. (VEZZULA, 2004). Não há limitações especificas para quantidade de sessões, essas serão feitas conforme a necessidade. A primeira sessão será conduzida pelo mediador em conjunto com o representante da vara, que serve de nexo entre adolescente e sociedade, Estado e lei. Aqui percebe-se a finalidade de romper com a barreira do formalismo e anonimato das normas e do judiciário. Em seus dizeres: Nesta primeira sessão, além de possibilitar a plena expressão do adolescente, se procura trabalhar a revalorização e o reconhecimento propostos pela mediação transformativa para que o adolescente possa alcançar uma visão e uma compreensão de sua realidade, suas necessidades, e desta nova situação, estar em condições de aprofundar-se em seus relacionamentos e no ato infracional. Isto lhe permitirá fazer uma elaboração positiva da experiência dolorosa que possibilite seu crescimento. Sabemos que nada existe tão afastado do adolescente quanto o formalismo do Judiciário. Temido, desafiado e ameaçador, o Fórum não oferece a acolhida e o reconhecimento que o adolescente necessita. Procura-se, por isso, acalmá-lo para que possa ficar à vontade e acreditar no procedimento da mediação como forma de ganhar sua confiança e assim facilitar a expressão aberta de seus pensamentos, emoções, temores e expectativas. (VEZZULA, 2004, 107-108). Faz-se necessário uma acolhida com a revalorização do adolescente com intuito de que os adolescentes sejam capazes de avaliarem sua real situação bem como buscar opções para atendê-las. Ao receber atenção na escuta atenta, o adolescente sente-se respeitado e isso lhe dá confiança para verbalizar os motivos e situações do cotidiano que o levaram a prática do ato infracional. (VEZZULA, 2004). 18 Há também os agravos que envolvem a crise de identidade, abordado no primeiro capítulo. Para esses casos, o autor sugere que o mediador use de ferramentas não verbais a exemplos de jogos inicialmente escolhido pelo adolescente, com a intenção de facilitar a expressão e comunicação do adolescente, tendo em vista que muitos desenham o seu próprio nome com a ideia de unidade de existência, a chamada do “ei eu existo, eu sou alguém”. (VEZZULA, 2004). No que tange a sessão com a vítima há algumas peculiaridades, o representante da vara fará o convite para a entrevista, no caso de aceite, pode-se realizar a mediação entre as partes com os objetivos de que a vítima possa questionar e falar sobre a agressão sofrida, bem como o adolescente expresse a situação vivenciada, e perceba o resultado da repercussão de seus atos. E principalmente que ambos, possam se sensibilizar um com a realidade do outro e consigam estabelecer uma atitude cooperativa diante da forma de resolver a situação, que possam reparar o dano, chegando os dois a um acordo do que deverá ser feito nesse sentido. (VEZZULA, 2004). Nos casos em que a agressão foi praticada com alguém muito próximo, pode-se conseguir com as técnicas da mediação de conflitos o reestabelecimento do relacionamento bem como seu aprimoramento. (VEZZULA, 2004). As demais sessões envolvendo Família, escola, ou grupo de relacionamento. Ambas são imprescindíveis para recompor o relacionamento, por hora abalado diante da infração. Servindo também como instrumento de reinserção social e política de prevenção e não reiteração de atos infracionais. (VEZZULA, 2004). As mediações propostas colaboram com o fortalecimento da identidade social, bem como com os vínculos sociais. Podem terminar emacordos escritos ou não, conforme decisão dos participantes em especial do adolescente. Após a realização das sessões de mediação, será realizado uma última mediação entre o adolescente e o representante da vara com intuito de analisar o resultado obtido durante o procedimento. (VEZZULA, 2004). Como consequência o adolescente poderá obter resultados satisfatórios com alcance aos objetivos almejados. Nesse caso, poderá ter audiência com o juiz e o próprio adolescente apresentará os frutos da mediação. Ou, pode-se concluir que a mediação não foi suficiente e não alcançou os fins predestinados, concluindo-se que há ainda a necessidade de uma medida socioeducativa ou tratamento específico, médico ou psicológico, ou ainda alguma atividade que lhe permita desenvolver alguma habilidade. Diante dessa hipótese, o adolescente seria recebido pelo juiz com esse pedido. E ainda pode-se concluir que há necessidade de outras mediações. 19 Assim, faz-se necessário que após findadas as mediações, deve-se guardar os relatórios sem identificação. Esse documento é feito pelo mediador em conjunto com o representante da Vara e os observadores que participam da sessão. Para alcançar uma verdadeira ação social, este programa também deve contemplar uma ação conjunta com associações comunitárias, conselhos tutelares e, fundamentalmente, com as escolas. (VEZZULA, 2004). 4.1.2. A Mediação pode ser utilizada durante a execução da medida socioeducativa de internação? Conforme Aduz Digiácomo (2015), no que concerne a solução de conflitos ou situações que envolvam violações de direitos em matéria de infância e juventude, criou-se uma cultura de “judicialização”. Essa tradição vem ocorrendo desde a antiga doutrina do Código de menores de 1927 e 1979, e tem-se ramificado até os dias atuais. Destaca-se que nesse contexto, o adolescente tampouco tinha reconhecido o status de sujeito de direitos. Sabe-se que, com o advento da Constituição Federal (1988), adotou-se a Doutrina da Proteção Integral, rompendo com o velho paradigma do Código de Menores. Com inovações fundamentais, pois, a preocupação está direcionada a criança e ao adolescente como sujeitos de direitos, merecedores de proteção. Apesar dos notáveis avanços concebidos através da Carta Magna, a lei Nº 8.069/90 (ECA), a princípio, não explicitou o conceito de “desjudicialização” do atendimento. Nos dizeres de Digiácomo (2015): Apesar disto, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), em sua redação original, não deixou explícito o conceito de “desjudicialização” do atendimento (muito menos que esta poderia se dar através da mediação), fazendo com que muitas das práticas consagradas pelo “Código de Menores” persistissem por anos após sua revogação, apesar de francamente ultrapassadas e ineficientes. (DIGIÁCOMO, 2015, p.3). As Leis nº 12.010/2009 e, nº 13.010/2014, vieram suprir a falta de especificidade no que tange o conceito da desjudicialização. Onde, restou claro, a prioridade por meios extrajudiciais de resolução de conflito. Igualmente, a lei nº 12.594/2012 que dispõe sobre o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Esse sistema objetiva primordialmente o desenvolvimento de uma ação socioeducativa sustentada nos princípios dos direitos humanos, de modo a alinhar-se em bases éticas e pedagógicas. (DIGIÁCOMO, 2015). 20 Para o referido autor, a fundamentação legal para utilizar a mediação como método de autocomposição de conflito na área da infância e juventude, esteve presente desde a redação original do ECA (1990) ainda que de forma não especifica. Tendo em vista que, o estatuto dispôs sobre a necessidade de uma intervenção rápida e eficiente do Poder Público, no sentindo de assegurar os direitos fundamentais ao público infantojuvenil. Em suas palavras: Na verdade, a Lei nº 8.069/1990 procurou estimular a atuação articulada e integrada entre os mais diversos órgãos e agentes corresponsáveis pelo atendimento de crianças, adolescentes e famílias, com a instituição de políticas públicas intersetoriais que contemplassem as mais diversas alternativas de abordagem/intervenção estatal (como é o caso da mediação de conflitos), na perspectiva de reduzir a intervenção judicial ao mínimo possível, de modo que esta somente ocorresse quando estritamente necessária. (DIGIÁCOMO, 2015, p. 4). Digiácomo (2015) entende que, a utilização da mediação é cabível como procedimento capaz de resolver conflitos envolvendo crianças e adolescentes. Destaca-se que, a instituição de projetos poderá ocorrer por parte do poder público, bem como por intermédio das organizações não governamentais. De modo semelhante posiciona-se Vezzula (2004), através de um projeto de inserção da mediação com adolescentes autores de atos infracionais, infere-se que, o autor elaborou um projeto norteado pela solidariedade e auto reconhecimento, reconhecendo a mediação como instrumento informal, disposto a abranger qualquer realidade, conforme tratado no tópico anterior. Assim, identifica-se como possível a adoção da mediação como estratégia de resolução pacífica de conflitos durante a execução da media socioeducativa de internação com adolescentes e suas famílias, e profissionais socioeducadores, tendo em vista que o procedimento é benéfico, cultiva a autonomia e auto reconhecimento das partes, que através do dialogo podem propor soluções para os próprios conflitos. 5. Considerações Finais A presente pesquisa teve por escopo discutir sobre a aplicabilidade da mediação como método para resolução de conflitos, durante a execução da medida socioeducativa de internação. Para isso, trouxe como embasamento teórico estudos que discutem a construção da personalidade do 21 adolescente, a partir dos aspectos psicossociais, bem como os diversos fatores que colaboram para a prática dos atos infracionais. Sabe-se que com o advento da Constituição Federal de 1988, em observância a situação de pessoa em processo de desenvolvimento, surge a doutrina da proteção integral, que traz em seu bojo a ideia de que a Criança e o Adolescente são também sujeitos de direitos, diante da família, da sociedade e do Estado, o que rompe com a antiga doutrina do código de menores, onde a preocupação permeava apenas com o que se referia aos deveres. No que tange a situação peculiar de desenvolvimento do adolescente, restou claro a resistência e necessidade de compreensão da sociedade, para com o adolescente que está em conflito com a lei. Tendo em vista que, a fase de amadurecimento percorrida até a vida adulta conforme os estudos realizados se concretizam por volta dos 20 anos de idade. De modo que, não há uma receita concreta para apontar o porquê um adolescente pratica ato infracional. As causas podem ser relacionadas a vários fatores. O adolescente em conflito com a lei, ao contrário do que muitos acreditam, são responsabilizados por seus atos conforme previsão do ECA, cujas medidas estão regulamentadas na lei do SINASE. A medida de internação é o foco principal desse estudo, isso porque a privação de liberdade é a medida mais gravosa e de caráter excepcional e só pode ser aplicada nos casos taxativamente previstos. A lei nº 12.594/12 instituiu o sistema nacional de atendimento socioeducativo, que prioriza métodos adequados em solução de conflito e a cultura da paz, sendo a mediação um dos instrumentos capazes de alcançar esse fim. Assim, o presente trabalho propõe a implementação de projetos que visem mediar os conflitos durante a execução da medida de internação. Cabe ressaltar que, aqui não se pretende romantizar a transgressão praticada pelo adolescente, mas, buscar a melhor formapara sanar o conflito, de modo a abranger as reais necessidades das partes envolvidas através do diálogo. Para que o adolescente seja responsabilizado por seus atos, e compreenda de fato a gravidade da lei infringida, os efeitos que sua ação provocou na vítima e que durante os diálogos ambos possam propor soluções para o conflito, o que enaltece a própria autonomia e reforça a ideia principal de socialização, tendo vista que não se pode ressocializar quem se quer um dia foi socializado. No decorrer das discussões apresentadas, o presente trabalho deparou-se com algumas dificuldades, em especial a falta de autores que discorram sobre a temática proposta. De modo que, o projeto de mediação a ser implementado nas Varas de Infância e Juventude proposto por 22 Vezzula, tornou-se instrumento principal e norteador da pesquisa. Ao ponto em que se provoca a construção de um modelo de mediação voltado para as Comunidades de Atendimentos Socioeducativos. Importante salientar a necessidade de pesquisas empíricas ou pesquisa-ação que busquem abrir espaços de mediação de conflitos dentro do Sistema Socioeducativo, definindo estratégias práticas e de caráter interventivo não alcançadas plenamente por pesquisas de natureza teórico- conceitual. 23 Referências BANDEIRA, Marcos Antonio Santos. Atos infracionais e medidas socioeducativas: uma leitura dogmática, crítica e constitucional. 1 ed. Ilhéus-Ba. Editus, 2006. 180-186 p. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 12 mar. 2018. BRASIL. 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