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O Pavimento Rodoviário Aula 2 Profº. Francisco Vallory Faculdade de Engenharia Civil Unidade 1 - O Pavimento Rodoviário 1.1 – Funções do Pavimento 1.2 - Aspectos Funcionais do Pavimento 1.3 - Classificação dos Pavimentos 1.4 - Nomenclatura da Seção Transversal 1.1 Funções do Pavimento 1.1.1 – Pavimentação - Breve Viagem Pelo Tempo Construir vias de transporte é uma preocupação e atividade de remotas civilizações, geradas por razões de ordem econômicas, de integração regional e de cunho militar. Pavimentar as vias, ainda na Antiguidade, tornou-se atividade essencial para a adequação e preservação dos caminhos mais estratégicos. Os Egípcios e os Gregos • Construindo drenos laterais, executando ainda que primariamente a pavimentação; • vias dedicadas a serviços religiosos, desfiles militares e reais, mais no sentido decorativo para as festividades. Etruscos e Cartagineses Primeiras técnicas de pavimentação, considerando seus objetivos, extensões e impactos sociais Civilização Romana Aperfeiçoou as técnicas etruscas e cartaginesas que perduraram por mais de dois mil anos , estendendo-se por outros continentes além da Europa, servindo de referencia também para a primeira estrada no Brasil Colônia. Estradas Romanas Perfaziam ligações entre importantes cidades e portos, servindo, em especial, como meio de escoamento de bens agrícolas e como caminhos estáveis para a movimentação de legiões e suas investidas territoriais militares. A Via Appia inicio da construção em 312 AC ligando Roma a Cápua – 300 Km, posteriormente foi ampliada chegando a 600Km. Via Appia As técnicas de pavimentação utilizadas pelos romanos aprimoravam-se a medida que Roma, durante o período de consolidação da república empenhava-se constantemente na abertura de novos caminhos, como forma de expansão de seu território. Os construtores da época eram obrigados a tirar o melhor proveito possível dos matérias disponíveis nas regiões próximas. No Brasil “Calçada do Lorena”, construída em 1792, entre Riacho Grande e Cubatão, sob a direção do engenheiro-militar português João da Costa Ferreira. Utilizando as mesmas técnicas dos romanos adaptadas as condições locais. Revestimento – o mesmo utilizado pelos romanos a 2000 anos antes, pedras recortadas justapostas, com cerca de 200cm de espessura; Base – de pedregulho e saibro com 30 a 50cm de espessura Caminho do Lorena – São Paulo à Santos Construída pelo Governador Geral Bernardo de Lorena para escoar a produção de cana de açúcar Em 1839, D. Pedro II encarregou o engenheiro alemão Júlio Frederico Koeler de projetar um caminho de Porto da Estrela (RJ) a Petrópolis. Surgiu assim a Estrada Normal da Serra da Estrela Pavimentada em 1841 pelo engenheiro Charles Philippe Garçon Rivière com pedras irregulares, posteriormente pavimentada com paralelos em novo traçado. Estrada União e Indústria Petrópolis – Juiz de Fora Iniciada sua construção em 1856, utilizando a mais moderna técnica de pavimentação da época – Macadame Macadame Hidraulico O nome deste processo e em homenagem ao seu inventor, o engenheiro inglês John London Mac Adam, que consiste numa camada granular composta por agregados graúdos, naturais ou britados, preenchidos por agregados miúdos e aglutinados pela água, cuja estabilidade é obtida pela ação mecânica enérgica de compactação. O processo original na Europa utilizava o alcatrão no lugar da água como o aglutinante. PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA A mistura de agregados com asfalto foi utilizada pela primeira vez em 1858, em Paris, França, utilizando rocha asfáltica, foi construído o primeiro pavimento asfáltico . Pavimentação nos EUA Trinidad Lake Asphalt – TLA O TLA foi descoberto em 1559 por Walter Raleigh. A primeira pavimentação feita com o asfalto do Lago de Trinidad foi em 1870 em frente ao City Hall in Newark, New Jersey, em um segmento da Fifth Avenue. TLA é o asfalto extraído do maior lago natural e comercialmente viável do mundo. O produto é comercializado há mais de 100 anos, utilizado em pontes, aeroportos, portos, túneis e rodovias em quase todos os continentes. Um ligante extremamente viscoso, utilizado como modificador de asfaltos de petróleo, aumentando a resistência a deformações e vida útil do asfalto. Por ser oxidado naturalmente ele possui características químicas bem definidas, o que garante a sua qualidade e o torna mais resistente as ações de combustíveis. Lago de Piche – Trinidad e Tobago PAVIMENTAÇÃO ASFALTICA NO BRASIL 1906 –Calçamento asfáltico em grande escala na cidade do Rio de Janeiro – Prefeito Rodrigues Alves 1913 – Rodovia Santos – São Paulo 1922 – Estrada Rio – Petrópolis – Pavimento rígido de concreto 1922 – Trechos do Caminho do Mar são pavimentados com concreto de cimento Portland. 1.1.2 – Definição: O Pavimento Rodoviário - é uma estrutura construída após a terraplanagem por meio de camadas de vários materiais de diferentes características de resistência e deformabilidade. 1.1.3 - Funções do Pavimento Segundo a NBR-7207/82 da ABNT tem-se a seguinte definição: “O pavimento é uma estrutura construída após terraplenagem e destinada, econômica e simultaneamente, em seu conjunto, a: •Resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais produzidos pelo tráfego; •Melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade e segurança; •Resistir aos esforços horizontais que nela atuam, tornando mais durável a superfície de rolamento”. •Suportar os esforços oriundos de ações climáticas. 1.2 Aspectos Funcionais do Pavimento Quando o pavimento é solicitado por uma carga de veículo Q, que se desloca com uma velocidade V, recebe uma tensão vertical σ0 (de compressão) e uma tensão horizontal τ0 (de cisalhamento). As variadas camadas componentes da estrutura do pavimento também terão a função de diluir a tensão vertical aplicada na superfície, de tal forma que o subleito receba uma parcela bem menor desta tensão superficial (ρ1). A tensão horizontal aplicada na superfície exige que esta tenha uma coesão mínima. 1.3 CLASSIFICAÇÃO DOS PAVIMENTOS: • Flexíveis • Rígidos • Semi-rígidos ou semi-flexíveis 1.3.1- Pavimentos Flexíveis São aqueles constituídos por camadas que não trabalham à tração. Normalmente são constituídos de revestimento betuminoso delgado sobre camadas puramente granulares. A capacidade de suporte é função das características de distribuição de carga por um sistema de camadas superpostas, onde as de melhor qualidade encontram-se mais próximas da carga aplicada. No dimensionamento tradicional são consideradas as características geotécnicas dos materiais a serem usados, e a definição da espessura das várias camadas depende do valor do CBR e do mínimo de solicitação de um eixo padrão (8,2ton). Observações: 1 - CBR – California Bearing Ratio ou ISC – Índice de Suporte Califórnia É a relação em %, entre a pressão exercida por um pistão de diâmetro padronizado necessária a penetração no solo até determinado ponto. É a pressão necessária para que o mesmo pistão penetre a mesma quantidade em solo padrão de brita graduada. 2 – Eixo padrão rodoviário é o eixo utilizado para o dimensionamento de um pavimento. 1.3.1.1 Pavimento articulado A pavimentação com revestimento em blocos pré- moldados de concreto de cimento Portland, constitui-se em alternativa estrutural de pavimento de modelo flexível, apresentando algumas vantagens em relação aos modelos com maiorrigidez. O pavimento com blocos pré-moldados representa uma versão moderna e com grandes aperfeiçoamentos dos antigos calçamentos, efetuados com blocos de Paralelepípedos, notando-se evolução destacada na forma, em planta, dos blocos e no seu processo de fabricação. Pavimento articulado Quanto às formas do bloco, são definidas de maneira a produzir boa transferência de carga entre o que estiver sendo carregado e os adjacentes, por meio de contato entre faces (intertravamento) sendo que a estrutura irá trabalhar de maneira satisfatória, onde se processa um alívio de tensões transmitidas ao subleito e às camadas do pavimento. A adoção do revestimento com peças de concreto pré- moldadas poderá levar em conta, além do custo e do prazo para implantação, os seguintes aspectos: Aspectos Positivos do Pavimento Articulado 1 - Propriedades características do concreto, como a resistência à compressão, abrasão e ação de agentes agressivos. 2 - Utilização de mão-de-obra não especializada e de fácil obtenção no local, tendo em vista a relativa simplicidade do processo construtivo do revestimento. 3 - Imediata liberação ao tráfego após a conclusão dos serviços. 4 - Facilidade de remoção dos blocos e seu posterior reaproveitamento, quando da realização de manutenção em canalizações subterrâneas. 5 - Este tipo de pavimento deverá preferencialmente, ser utilizado para vias de baixo volume de tráfego. 1.3.2- Pavimento Rígidos: São constituídos por camadas que trabalham essencialmente à tração. Seu dimensionamento é baseado nas propriedades resistentes de placas de Concreto de Cimento Portland, as quais são apoiadas em uma camada de transição, a sub base. A determinação da espessura é conseguida a partir da resistência à tração do concreto e são feitas considerações em relação à fadiga, coeficiente de reação do sub leito e cargas aplicadas. São poucos deformáveis com uma vida útil maior. 1.3.3- Pavimentos Semi-rígidos ou semi-flexíveis Situação intermediária entre os pavimentos rígidos e flexíveis. É o caso das misturas solo-cimento, solo-cal, solo-betume dentre outras, que apresentam razoável resistência a tração. Quando se tem uma base cimentada sob o revestimento betuminoso, o pavimento é dito semi-rígido. O pavimento reforçado de concreto asfáltico sobre placa de concreto é considerado como pavimento composto. 1.3.4- Pavimentos Rígidos x Pavimentos Flexíveis 1.3.4- Pavimentos Rígidos x Pavimentos Flexíveis DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NAS CAMADAS SUBJACENTES 1.3.4- Pavimentos Rígidos x Pavimentos Flexíveis 1.3.4- Pavimentos Rígidos x Pavimentos Flexíveis 1.3.4- Pavimentos Rígidos x Pavimentos Flexíveis Conclusão 1.4 Nomenclatura da Seção Transversal A nomenclatura descrita a seguir refere-se às camadas e aos componentes principais que aparecem numa seção típica de pavimentos flexíveis e rígidos. SUB-LEITO É o terreno de fundação onde será apoiado todo o pavimento. Deve ser considerado e estudado até as profundidades em que atuam significativamente as cargas impostas pelo tráfego (de 0,60 a 1,50 m de profundidade). Se o CBR do sub-leito for <2% , ele deve ser substituído por um material melhor, (2%≤CBR≤20) até pelo menos 1 ,00 metro. Se o CBR do material do sub -leito for ³ 20% , pode ser usado como sub -base. SUB-LEITO É o terreno de fundação onde será apoiado todo o pavimento. Deve ser considerado e estudado até as profundidades em que atuam significativamente as cargas impostas pelo tráfego (de 0,60 a 1,50 m de profundidade). Se o CBR do sub-leito for <2% , ele deve ser substituído por um material melhor, (2%≤CBR≤20) até pelo menos 1 ,00 metro. Se o CBR do material do sub -leito for ³ 20% , pode ser usado como sub -base. Afinal de contas o que é CBR? Índice de Suporte Califórnia (California Bearing Ratio) O ISC é expresso em porcentagem: •ISC em português e CBR em inglês •concebido no final da década de 1920 •avalia o potencial de ruptura do subleito (Feito para rodovias na Califórnia) •avalia a resistência do material frente a deslocamentos significativos, sendo obtido por meio de ensaio penetrométrico em laboratório. ISC = Pressão para penetrar o material em questão Mesma penetração no material de referência Etapas deste Ensaio: • moldagem do corpo-de-prova: solo ou material passado na peneira ¾”, compactado na massa específica e umidade de projeto, em um molde cilíndrico de 150mm de diâmetro e 125mm de altura, provido de um anel complementar de extensão com 50mm de altura Índice de Suporte Califórnia (California Bearing Ratio) Índice de Suporte Califórnia (California Bearing Ratio) • imersão do corpo-de-prova: imerge-se o cilindro com a amostra compactada dentro, em um depósito cheio d’água, durante quatro dias. Durante todo o período de imersão é empregada uma sobrecarga-padrão de 10lbs sobre o corpo-de-prova, que corresponde a 2,5 polegadas de espessura de pavimento sobre o material. Fazem-se leituras por meio de um extensômetro, a cada 24 horas, calculando-se a expansão axial do material em relação à altura inicial do corpo-de-prova Índice de Suporte Califórnia (California Bearing Ratio) • penetração do corpo-de-prova: feita através do puncionamento na face superior da amostra por um pistão com aproximadamente 50mm de diâmetro, sob uma velocidade de penetração de 1,25mm/min. Anotam-se, ou registram-se no caso de equipamento automatizado, as pressões do pistão e os deslocamentos correspondentes, de forma a possibilitar a plotagem de uma curva pressão-penetração, na qual se definem os valores de pressão correspondentes a 2,54mm (P0,1”) e 5,08mm (P0,2”). Estas curvas de pressão-penetração devem possuir um primeiro trecho praticamente retilíneo, característico de fase elástica, seguido de um trecho curvo, característico de fase plástica. Inflexão no início da curva tem significado de problemas técnicos de ensaio e essas curvas devem ser corrigidas. Índice de Suporte Califórnia (California Bearing Ratio) SUB-LEITO Se a expansão medida no ensaio CBR do sub-leito for < 2% , ele deve ser substituído por um material melhor, (2%≤CBR≤20%) até pelo menos 1 ,00 metro. Se o CBR do material do sub -leito for ≥20% , pode ser usado como sub -base. Os materiais do subleito devem apresentar uma expansão, medida no ensaio C.B.R., menor ou igual a 2% e um C.B.R. ≥ 2%. SUB-LEITO Troca de SUB-LEITO O terreno natural é, em geral, um terreno que não serve para o tráfego de veículos. Terra orgânica, restos de vegetação, raízes, etc. compõem o horizonte superficial dos terrenos. Então, esse material inservível deve ser removido. É a operação destinada a conformar o leito, transversal e longitudinalmente. Poderá ou não existir, dependendo das condições do leito. Compreende cortes ou aterros até 20 cm de espessura. REGULARIZAÇÃO DO SUB-LEITO NIVELAMENTO PROCESSO DE TERRAPLENAGEM É a superfície do sub-leito (em área) obtida pela terraplanagem ou obra de arte e conformada ao greide e seção transversal. LEITO REFORÇO DO SUB-LEITO •Camada que oferece resistência mecânica e boa capacidade de distribuir o peso dos veículos. •O Reforço é necessário em terrenos muito fracos, moles, alagadiços e em brejos. REFORÇO DO SUB-LEITO Pavimentação Urbana Rodovias REFORÇO DO SUB-LEITO SUB-BASE Camada complementar à base. Deve ser usada quando não for aconselhável executar a base diretamente sobre o leitoregularizado ou sobre o reforço, por circunstâncias técnico- econômicas. Pode ser usado para regularizar a espessura da base. SUB-BASE Camada destinada a resistir e distribuir ao sub -leito, os esforços oriundos do tráfego e sobre a qual se construirá o revestimento. BASE BASE BASE Camada feita com brita e até com pedras maiores (rachões). Serve para “drenar” isto é, retirar a água que penetre ou infiltre na parte de baixo do leito carroçável. Não existe terreno impermeável. Todo terreno é permeável e em dias de chuva permite a percolação de água pelo solo. A rede de percolação que se forma pode permanecer por longos meses e até anos dependendo da porosidade do terreno. A água caminha dos pontos mais altos para os pontos mais baixos e afloram à superfície na forma de minas d'água. BASE BASE Se a chuva trouxer terra junto com a água (água barrenta), a Base Drenante irá aos poucos colmatando (entupindo). Atingindo um certo grau de colmatação, a água que percola por dentro da base drenante irá ficar presa e começar a exercer uma pressão hidrostática por baixo da capa de rolamento. Revestimento É camada, tanto quanto possível impermeável, que recebe diretamente a ação do rolamento dos veículos e destinada econômica e simultaneamente: - a melhorar as condições do rolamento quanto à comodidade e segurança; - a resistir aos esforços horizontais que nele atuam, tornando mais durável a superfície de rolamento. Deve ser resistente ao desgaste. Também chamada de capa ou camada de desgaste. Revestimento Revestimento Etapa 1: Terreno natural onde vai ser construída a rodovia. Mangue e argila orgânica de baixa capacidade. Etapa 2: Remoção do mangue na largura da berma e confecção do Sobrepeso (aterro hidráulico ou outro processo). Etapa 3: Adensamento da argila orgânica por um período de 3 anos. Etapa 4: Remoção do excesso e confecção do leito carroçável. rodovia em pântanos e mangues. Veja as diversas etapas:
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