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Aminoglicosídeos 
Resumo 
Ana Carolina da Costa Ferreira 
Faculdade Alfredo Nasser - UNIFAN 
 
 
 
 
 
 
2 Resumo de Aminoglicosídeos 
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1. Definição 
Os aminoglicosídeos são drogas antimicrobianas, com ação contra os bacilos 
gram – negativos aeróbios* (Ex. Pseudomonas aeruginosa) descoberta por volta dos 
anos 1940 e tem caráter de moléculas hidrofílicas. Além de sua efetividade contra os 
gram negativos é essencial no sinergismo com as cefalosporina e penicilinas nas 
infecções graves. 
Antibióticos pertencentes ao grupo dos Aminoglicosídeos são: Estreptomicina, 
Neomicina, Tobramicina e Gentamicina, sendo os três primeiros derivados do 
Streptomyces spp. e o último proveniente da Micromonospora spp. Esse grupo 
representa uma das classes mais antigas dos antibióticos, sendo a estreptomicina, a 
primeira molécula obtida em 1943. 
Possuem grande atividade contra bacilos* e cocos gram-negativos aeróbios, entre 
eles: Família enterobacteriaceae (Klebsiella spp, Serratia spp., Enterobacter spp, 
Citrobacter spp., entre outros), Haemophilus spp., Acinetobacter spp. e cepas 
de Pseudomonas aeruginosa. 
Apresentam também atividade contra bactérias gram-positivas e micobactérias, 
no entanto sua ação nesses casos é limitada e, por isso, não devem ser usadas de 
maneira isolada no tratamento dessas bactérias. Alguns exemplos de gram-positivas 
que respondem parcialmente aos aminoglicossídeos são: Staphylococcus aureus, S. 
epidermidis, Listeria monocytogenes, Enterococcus faecalis, Nocardia asteroides. 
Essa classe possui um notável potencial de toxicidade, principalmente 
nefrotoxicidade (dose-dependente e reversível) e ototoxicidade (lesões a nível 
vestibular e/ou coclear), além de estar associada à resistência bacteriana. 
*Bacilos gram-negativos aeróbios: São bactérias que não retêm o corante violeta de 
genciana durante o protocolo de coloração de Gram, devido ao fato de possuirem uma 
camada mais fina de peptidoglicanos. Têm como característica: endotoxina → 
lipopolissacarídeo (LPS). LPS: causa da patogenicidade e responsável por 
sua virulência. 
 
 
 
 
 
 
3 Resumo de Aminoglicosídeos 
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2. Mecanismo de Ação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após cair no espaço periplasmático, através das porinas, o antibiótico depende 
do transporte de elétrons na membrana plasmática para penetrar no meio 
intracelular. Esse mecanismo só é possível devido ao potencial elétrico do meio 
extracelular para o intracelular (o meio interno é negativo) e de oxigênio (O2). 
Condições como hiperosmolaridade, pH ácido e anaerobiose, inibem o transporte dos 
aminoglicosídeos com consequente redução do seu efeito. Isso explica porque os 
aminoglicosídeos não são boas drogas para tratar um abscesso (ambiente anaeróbio) 
ou não penetra bem na urina ácida hiperosmolar. 
 
 
 
 
 
Antibióticos 
Aminoglicosideos 
Difusão através das porinas 
das bactérias Gram-negativas 
Transporte através da 
membrana plasmática 
Ligação à subunidade 30S 
com inibição irreversível da 
síntese proteica 
Morte celular Fase dependente de 
potencial elétrico e O2 
Erros de leitura e tradução 
do RNAm 
Redução do pH e 
anaerobiose 
Inibem 
Antibiótico no espaço periplasmático 
 
 
 
 
 
 
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3. Características Gerais 
Efeito antimicrobiano: Ação bactericida. 
Mecanismos de resistência: Alteração estrutural do sítio de ação ribossômico; Síntese 
de enzimas inativadoras (modificação enzimática da droga – mecanismo mais comum); 
alteração de permeabilidade (cromossômicas e extracromossômicas). 
Propriedades: Efeito após 3 horas da administração; administração via parenteral (má 
disponibilidade via oral); administrado de forma lenta, entre 15 a 30 minutos. O 
aumento da dose requer aumento do tempo de infusão; Difusão rápida pelos líquidos 
intersticiais; Concentrações terapêuticas nos líquidos pleural, pericárdico, ascítico e 
sinovial. Ótima concentração na urina; não se concentram adequadamente no líquor, 
mesmo por via intravenosa. 
4. Estrutura 
Há um anel essencial que forma a base da estrutura química e faz parte de 
todos os aminoglicosídeos que é o amicociclitol. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os aminoglicosídeos são formados por uma estrutura polar de cátions que 
torna a droga altamente solúvel em água (garante a ação antimicrobiana) e é insolúvel 
em solventes orgânicos. Dessa forma, observa-se um impedimento na absorção via 
oral. Motivo: limitação da entrada para o meio intracelular e penetração através da 
barreira hematoencefálica. 
 
 
 
 
 
 
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5. Principais Aplicações 
• Sepse 
• Infecção do Trato Urinário (ITU) 
• Endocardites 
• Infecções Respiratórias, intra-abdominais e articulares 
• Osteomielite 
• Meningites em Recém-Nascidos 
 
6. Estreptomicina 
Administração via intramuscular. Até 30% da dose administrada sofre 
inativação hepática, os demais são excretados por via renal sob a forma ativa. Alcança 
altas concentrações no parênquima renal. 
Via de Adm.: IM - INTRAMUSCULAR 
Dose Crianças 20 a 40 mg/kg/dia → 2 a 4 x 
Dose Adultos 7,5 mg/kg 
Intervalo (horas) 12 horas; pode ser utilizada dose única diária. 
Dose e intervalo 
ajustado conforme o 
Clearence de 
Creatinica (mL/min) 
90 a 50 mL/min: 7,5 mg/kg – 24 horas 
50 a 10 mL/min: 7,5 mg/kg – 4 a 7 horas 
< 10 mL/min: 7,5 mg/kg – 72 a 96 horas 
Suplementar após 
hemodiálise 
3,5 mg/kg 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. Neomicina 
Apesar de poder ser administrada por via oral, seu uso é mais associado à 
formulações tópicas associadas a outros antimicrobianos e/ou corticoides. 
 
Via de Adm.: Sulfato de Neomicina: Creme dermatológico de 3,5 mg/g em 
embalagem com 50 bisnagas de 10 g, 15 g, 20 g ou 50 g. 
Aplicação: Aplicar três vezes ao dia sobre a área lesada; pode-se utilizar 
ou não uma gaze estéril oclusiva sobre o local. 
Interações 
medicamentosas 
Reações de hipersensibilidade com maior frequência quando 
se faz o uso concomitante com outros antibióticos 
aminoglicosídeos por via sistêmica. 
 
8. Gentamicina 
Alta concentração e eliminação renal sob a forma ativa. Disponibilidade para uso 
intramuscular e intravenoso. Apresenta a maior penetração placentária dentre os 
aminoglicosídeos. Cerca de 40 % da concentração sérica é encontrada no sangue do 
fato, durante a gestação. Geralmente, é associado a outros antibióticos no tratamento 
de bactérias gram-positivas. 
Via de Adm.: IM / IV 
INTRAMUSCULAR/INTRAVENOSO 
Dose Crianças 7,5 mg/kg/dia 
Dose Adultos 1,0 a 1,7 mg/kg 
Intervalo (horas) 08 horas; pode ser utilizada dose única diária. 
Dose e intervalo 
ajustado conforme o 
Clearence de 
Creatinica (mL/min) 
90 a 50 mL/min: 60 a 90% da dose habitual. 8 a 12 horas 
50 a 10 mL/min: 30 a 70% da dose habitual. 12 horas 
< 10 mL/min: 20 a 30% da dose habitual. 24 a 48 horas 
Suplementar após 
hemodiálise 
60% da dose habitual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9. Amicacina 
Aproximadamente 90% da dose administrada é eliminada por filtração glomerular 
sob a forma ativa. Normalmente, é associado a outros antibióticos no tratamento de 
bactérias gram-negativas. 
Via de Adm.: IM / IV 
INTRAMUSCULAR/INTRAVENOSO 
Dose Crianças 30 mg/kg/dia 
Dose Adultos 05 mg/kg 
Intervalo (horas) 08 horas;Pode ser utilizada dose única diária. 
Dose e intervalo 
ajustado conforme o 
Clearence de 
Creatinica (mL/min) 
90 a 50 mL/min: 60 a 90% da dose habitual. 8 a 12 horas 
50 a 10 mL/min: 30 a 70% da dose habitual. 12 a 18 horas 
< 10 mL/min: 20 a 30% da dose habitual. 24 a 48 horas 
Suplementar após 
hemodiálise 
60% da dose habitual 
 
10. Amicacina 
Comportamento farmacocinético semelhante os dos demais aminoglicosídeos 
quando em uso parenteral. Também são disponíveis em formulações tópicas em colírio 
ou pomada oftálmica. 
Via de Adm.: IM / IV, oftálmica, inalatória. 
INTRAMUSCULAR/INTRAVENOSO 
Dose Crianças 7,55 mg/kg/dia 
Dose Adultos 1,0 a 1,7 mg/kg 
Intervalo (horas) 08 horas; pode ser utilizada dose única diária. 
Dose e intervalo 
ajustado conforme o 
Clearence de 
Creatinina (mL/min) 
90 a 50 mL/min: 60 a 90% da dose habitual. 8 a 12 horas 
50 a 10 mL/min: 30 a 70% da dose habitual. 12 horas 
< 10 mL/min: 20 a 30% da dose habitual. 24 a 48 horas 
 
 
 
 
 
 
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Suplementar após 
hemodiálise 
60% da dose habitual 
 
11. Efeitos Colaterais 
NEFROTOXICIDADE: Todos os aminoglicosídeos são potencialmente nefrotóxicos, pois 
há um acúmulo nas células tubulares proximais, reduzindo a filtração glomerular e 
consequentemente aumentando as escórias. Ocorre manifestação clínica após 7 a 10 
dias de tratamento. Exemplo de manifestação clínica: Insuficiência Renal Aguda do tipo 
não oligúrica por necrose tubular aguda. 
Os fatores de risco incluem: Uso com outras drogas nefrotóxicas; Idade 
avançada; Diabetes; Choque séptico; Doença hepática subjacente; Uso prévio de 
aminoglicosídeos; Estados hipovolêmicos; Quantidade total do fármaco administrado 
(tratamentos de maior duração); múltiplas doses durante o dia (exemplo, de 8 em 8 
horas). 
O comprometimento da função renal é quase sempre reversível, em função da 
capacidade de regeneração das células tubulares proximais. A neomicina é o 
aminoglicosídeo mais nefrotóxico, não devendo ser usada de modo sistemático, 
enquanto que a estreptomicina é o que possui menor nefrotoxicidade. 
 
OTOTOXICIDADE: Evento incomum, caracterizado pelo acúmulo na endolinfa e 
perilinfa do órgão de Corti e as células do oitavo par craniano (vestibular), fenômeno 
dose-dependente. Causa danos a nível vestibular e/ou coclear, ambos podendo ser 
irreversível. A irreversibilidade pode ocorrer mesmo após a interrupção da droga. O 
sintoma clínico mais comum é um zumbido alto, indica a suspensão imediata da 
terapia. O zumbido pode persistir por até duas semanas após o término da 
antibioticoterapia. A toxicidade vestibular se apresenta com uma cefaleia que dura de 
1 a 2 dias com posterior manifestação de náuseas, vômitos e dificuldades de equilíbrio 
que persistem por 1 a 2 semanas. Os sintomas mais importantes são: vertigem, 
incapacidade de perceber o término do movimento e dificuldade de sentar ou ficar em 
 
 
 
 
 
 
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pé sem alterações visuais. O aparecimento destes sintomas também implica em 
término da antibioticoterapia. 
PARALISIA NEUROMUSCULAR: Complicação rara, ocorre inibição da liberação pré-
sináptica de acetilcolina, enquanto também reduzem a sensibilidade pós-sináptica ao 
transmissor. Esse bloqueio geralmente ocorre na absorção de altas doses 
intraperitoneais ou intrapleurais. Essa reação pode ocorrer, entretanto, em 
administrações IV, IM e até oral. 
Alguns pacientes estão mais susceptíveis a esta complicação, como aqueles que 
usaram curarizantes, ou pacientes com miastenia gravis, hipocalcemia, 
hiperfosfatemia, botulismo, nos quais os aminoglicosídeos não devem ser utilizados. 
O tratamento é feito com administração de gluconato de cálcio, uma vez que o 
Ca²+ pode inibir esse efeito. 
 
Frequência estimada de reações adversas clínicas graves após administração de 
antibióticos aminoglicosídeos: 
REAÇÃO ADVERSA (%) FREQUÊNCIA COMUM ESTIMADA 
Nefrotoxicidade 5-15 
Ototoxicidade coclear 2-10 
Ototoxicidade vestibular 3-14 
Bloqueio neuromuscular Raro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências bibliográficas 
 
1. ANVISA. Antimicrobianianos – Bases Teóricas e Uso Clínico, RMcontrole. 2007 
2. LEGGETT, J.E. Amynoglicosides. In: Mandell, Douglas, and Bennett’s principles and 
practice of infectiousdiseases / [editedby] John E. Bennett, Raphael Dolin, Martin J. 
Blaser. – Eighth edition. Philadelphia: Elsevier 2015: 211-221. 
3. LEGGETT, J.E. Aminoglycosides. Infectious Diseases (Fourth Edition), 2, pp. 1233-
1238. 2017. 
4. MELO, V.V; DUARTE, I.P; SOARES, A.Q. Guia Antimicrobianos / Vivianne Vieira de 
Melo; Izabel de Paula Duarte; Amanda Queiroz – 1.ed. - Goiânia, 2012. 
5. OLIVEIRA, JFP et al.Nefrotoxicidade dos aminoglicosídeos Braz J Cardiovasc Surg 
2006; 21(4): 444-452. 
6. RIBEIRO, A.M.F. Farmacologia dos Antibióticos Aminoglicosídeos. Universidade 
Fernando Pessoa Faculdade de Ciências da Saúde. Porto, 2017 
7. Sousa, J. C. Manual de Antibióticos Antibacterianos. Porto: Edições Universidade 
Fernando Pessoa. 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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