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Profa. Dra. Márcia Mont’ Alverne Terapeuta Ocupacional Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Projeto Terapêutico Singular no Cuidado em Saúde Mental Tradicionalmente caracterizada: • Modelo positivista de atenção à saúde; • Fragmentação do cuidado; • Médico centrado; • Biologicista e patologizante; • Leitura tecnocientífica; • Desvalorização do outro. Assistência em Saúde Mental • Humanização da Assistência; • Tecnologias leves em saúde (acolhimento, vínculo, cor- responsabilização, autonomia, acesso, resolutividade...); • Escuta, Diálogo; • Singularidade de cada usuário; • Inserção da família no cuidado em saúde mental; • Formação de redes de negociação e trocas; • Participação do sujeito “fraco” na dinâmica das negociações; Merhy (1994); Feriotti (2013) Transição do Modelo em Saúde Mental Modelo Psicossocial • Alteração das estruturas de poder; • Troca da relação de controle e domínio para uma relação de escuta; • Ênfase na participação e não na adaptação social; • Troca da expectativa de adaptação para uma perspectiva de transformação; • Efetivação dos direitos de cidadania; • Autonomia e protagonismo do usuário; • Intersetorialidade; • Interdisciplinaridade. Feriotti (2013) Transição do Modelo em Saúde Mental Modelo Psicossocial Nesse cenário de transição, há mudanças na construção e elaboração da terapêutica, que favorece a construção de um projeto terapêutico diferenciado. É um plano de ação compartilhado composto por um conjunto de intervenções que seguem uma intencionalidade de cuidado integral à pessoa. Neste projeto, tratar das doenças não é menos importante, mas é apenas uma das ações que visam ao cuidado integral. Brasil (2013) Projeto Terapêutico Estratégia de cuidado que articula um conjunto de ações resultantes da discussão e da construção coletiva de uma equipe multidisciplinar e leva em conta as necessidades, as expectativas, as crenças e o contexto social da pessoa ou do coletivo para o qual está dirigido. Brasil (2007). Projeto Terapêutico A noção de singularidade advém da especificidade irreprodutível da situação sobre a qual o PTS atua, relacionada ao problema de uma determinada pessoa, uma família, um grupo ou um coletivo. Brasil (2013) Projeto Terapêutico • Um Projeto Terapêutico Singular deve ser elaborado com o usuário, a partir de uma primeira análise do profissional sobre as múltiplas dimensões do sujeito. • Processo dinâmico, devendo manter sempre no seu horizonte o caráter provisório dessa construção, uma vez que a própria relação entre o profissional e o usuário está em constante transformação. Brasil (2013) Projeto Terapêutico É uma discussão de caso em equipe, um grupo que incorpore a noção interdisciplinar e que recolha a contribuição de várias especialidades e de distintas profissões. Entretanto, como indica o termo “projeto”, trata-se de uma discussão prospectiva e não retrospectiva, conforme acontecia com a tradição de discussão de casos em medicina. (CAMPOS; AMARAL, 2007). Projeto Terapêutico Então, a noção de projeto (do latim projetu, particípio passado de projicere, “lançar para diante”) remete a um plano-ação, em desconstrução institucional, que engloba uma visão global da situação sócio-existencial e de saúde mental do(s) usuário(s) e meios operacionais susceptíveis de responder à(s) sua(s) demanda(s). Esse plano-ação orienta, em termos gerais, as decisões e se configura como um “lançar para diante” práticas em invenção, preocupadas com a inserção social e a qualidade de vida do(s) usuário(s). (Filho; Nóbrega, 2004). Projeto Terapêutico Movimento de coprodução e de cogestão do processo terapêutico de indivíduos ou coletivos, em situação de vulnerabilidade. Oliveira (2008) Projeto Terapêutico Singular No processo de construção de projetos terapêuticos é fundamental o desenvolvimento de estratégias que busquem promover mudanças no lugar social ocupado pelas pessoas com transtornos mentais severos e, desta forma, as intervenções não deveriam restringir-se somente aos sujeitos, mas ao próprio contexto social e às redes sociorrelacionais. Saraceno (2001) Projeto Terapêutico Singular O Ministério da Saúde recomenda que para cada usuário do CAPS deve ser elaborado um projeto terapêutico individualizado. Conjunto de atendimentos personalizados, realizados no centro de atenção e fora dele, com a proposição de atividades durante a permanência diária do usuário no serviço, considerando singularidade e necessidades. Brasil (2004) Projeto Terapêutico Individualizado É um personagem fundamental; O vínculo que o usuário estabelece com o terapeuta é de fundamental importância em seu processo de tratamento; O terapeuta de referência deve monitorar o projeto terapêutico do usuário junto a ele. Brasil (2004) Terapeuta de Referência Cabe ao terapeuta de referência redefinir, por exemplo, as atividades e a frequência de participação no serviço, e, também, se responsabilizar pelo contato com a família e pela avaliação pe- riódica dos objetivos propostos no projeto terapêutico. Para tal, deve estabelecer diálogo frequente com o usuário e o corpo técnico do CAPS; Deve-se respeitar a autonomia do usuário de maneira que ele seja corresponsável pelo projeto terapêutico. Brasil (2004); Sampaio., et al (2011). Terapeuta de Referência Na elaboração do projeto terapêutico singular para os usuários com transtornos mentais, as famílias destes devem ser estimuladas a exercer participação ativa. Deve-se, portanto, buscar pela efetivação da corresponsabilização pelo tratamento, valorizar as particularidades das pessoas envolvidas e possibilitar cuidado multiprofissional em saúde. Brasil (2004) Projeto Terapêutico Singular Características do ProjetoTerapêutico • Construção Coletiva: equipe de saúde mental/usuário/família; • Singular, pois leva em consideração as necessidades de saúde dos usuários/família; • Multidisciplinar e Interdisciplinar; • Profissional de Referência; • Flexível; • Alicerce nas Tecnologias Leves em Saúde; • Dinâmico; • Integral. PTS como dispositivo de intervenção • A utilização do PTS como dispositivo de intervenção desafia a organização tradicional do processo de trabalho em saúde, pois pressupõe a necessidade de maior articulação interprofissional e a utilização das reuniões de equipe como um espaço coletivo sistemático de encontro, reflexão, discussão, compartilhamento e corresponsabilização das ações com a horizontalização dos poderes e conhecimentos. Referências • BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. • BRASIL. Ministério da Saúde. Equipe ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular. 2. ed. Brasília, 2007. • CAMPOS, G.W.S; AMARAL, M.A. A clínica ampliada e compartilhada, a gestão democrática e redes de atenção como referenciais teórico-operacionais para a reforma do hospital. Ciência & Saúde Coletiva, 12(4):849-859, 2007. • FERRIOTTI, M. L. Terapia Ocupacional e Complexidade: Práticas Multidimensionais. PR:CRV. 1ª ed. Curitiba. 2013. • FILHO, N.G.V; NÓBREGA, S.M. A atenção psicossocialem saúde mental: contribuição teórica para o trabalho terapêutico em rede social -Estudos de Psicologia 2004, 9(2), 373-379. • MERHY, E.E. Em busca da qualidade dos serviços de saúde: os serviços de porta aberta para a saúde e o modelo tecno-assistencial em defesa da vida (ou como aproveitar os ruídos do cotidiano dos serviços de saúde e colegiadamente reorganizar o processo de trabalho na busca da qualidade das ações de saúde). In: CECÍLIO, O.C.L. (Org.). Inventando a mudança na saúde. São Paulo: Hucitec, 1994. • OLIVEIRA, G. N. O projeto terapêutico e a mudança nos modos de produzir saúde. São Paulo: Hucitec, 2008. • SAMPAIO, J. J. C. et al. O trabalho em serviços de saúde mental no contexto da reforma psiquiátrica: um desafio técnico, político e ético. Ciênc Saúde Coletiva, v. 16, n. 12, p. 4685-4694, 2011. • SARACENO, B. Reabilitação psicossocial: uma estratégia para a passagem do milênio. In: PITTA, A. M. F. (Org.). Reabilitação psicossocial no Brasil. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2001.
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