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ação de divórcio

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE. 
 
 
 
 
 
 
 
, brasileira, casada, auxiliar de departamento de processos, inscrita no CPF sob n. e RG sob n., residente e domiciliada na Rua, por intermédio de seus procuradores, procuração em anexo, com endereço profissional a Rua, SC, CEP:, vem, respeitosamente a presença de Vossa Excelência, propor a presente com fundamento no § 3º do artigo 226, da Constituição Federal de 1988; Lei 9.278 de 10 de maio de 1996; artigo 1.723 caput, § 1º do Código Civil propor: 
AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C PARTILHA DE BENS
Em face de, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF sob n., residente e domiciliado na Rua, pelos fatos e fundamentos que passo a expor:
DA JUSTIÇA GRATUITA
O caput do art. 98 do CPC dispõe sobre aqueles que podem ser beneficiários da justiça gratuita;
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
	É o que se demonstra através da afirmação de hipossuficiência bem como os comprovantes de rendimentos, certidão negativa de propriedade de imóvel ou veículo automotor.
Desta forma pleiteia o benefício da gratuidade de justiça, nos termos da Legislação Pátria, inclusive para efeito de possível recurso, tendo em vista estarem impossibilitados de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, nos termos do Art. 98, § 1º do Código de Processo Civil, e artigo 5º LXXIV da Constituição Federal, frisando que o os rendimentos mensais da requerida perfazem o valor de R$ 1.810,00 (um mil oitocentos e dez reais), conforme comprovante de renda em anexo. 
1 - DOS FATOS 
1.1 Do relacionamento e da constituição da União Estável 
Requerente e Requerido iniciaram a união estável em maio de 2015 perdurando até o dia 31/07/2017, momento em que o requerido decidiu sair do lar conjugal, ou seja, perdurou a união estável pelo período de 02 (dois) anos aproximadamente. 
Antes da união estável as partes por 06 (seis) anos tiveram um relacionamento denominado por namoro, nesse período decidiram comprar um imóvel, fecharam o negócio e a requerente custeou o valor inicial nos termos do contrato em anexo. 
Dessa união não advieram filhos. 
Durante a constância da união estável o casal adquiriu os seguintes patrimônios: 
	Bem
	Descrição
	Valor
	Imóvel
	 Apartamento sob. Matrícula nº 
	R$ 125.400,00
	Veículo
	VW/Novo Gol TL MCV – Placa 
	R$ 39.800,00
	Móvel 
	Guarda Roupas com espelho de 06 portas
	R$ 150,00
	Móvel
	Cama Box Casal
	R$ 70,00
	Móvel
	Criado Mudo duas gavetas
	R$ 30,00
	Móvel
	Painel
	R$ 50,00
	Móvel
	Guarda Roupas Branco de 05 portas
	R$ 150,00
	Móvel
	Painel com Rack
	R$ 120,00
	Móvel
	Sofá
	R$ 170,00
	Móvel
	Mesa com 06 cadeiras
	R$ 300,00
	Móvel
	Cozinha Planejada
	R$ 2.500,00
	Bem
	Descrição
	Valor
	Móvel
	Lava Roupas
	R$ 150,00
	Móvel
	Sugar
	R$ 20,00
2 - DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL 
Diante dos fatos narrados alhures, o relacionamento durou 2 (dois) anos e (02) meses ininterruptos, não tiveram filhos e adquiriram bens e dívidas na constância da união estável. 
A Constituição Federal no artigo 226 protege a união estável, consignado que:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§3º. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
		Por seu turno, afirma o Estatuto Civil brasileiro:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
No caso em estudo, está caracterizada a UNIÃO ESTÁVEL, pois estão presentes todos os elementos intrínsecos ao instituto. A união preteritamente descrita foi uma relação estável, pública, contínua, duradoura e com o ânimo de constituir família.
As partes não realizaram o registro civil da união, passando apenas, a conviver em união estável, sendo assim regido pelo regime da comunhão parcial de bens. 
	Doutra doutrinadora Maria Helena Diniz apresenta em relação ao regime de comunhão parcial de bens, que este:
“[...] torna mais justa a divisão dos bens por ocasião da separação judicial. Segundo Ripert, este é o regime que melhor atende ao espírito da sociedade conjugal; os bens adquiridos na constância do casamento devem ser comuns por serem fruto da estreita colaboração que se estabelece entre marido e mulher [...]” (Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2011. p.184)
No mesmo sentido dispõe o Código Civil:
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
 			Conforme narrado na exordial, tendo o casal a intenção de constituir família e consequentemente, obter patrimônios em prol desta, adquiriram em conjunto com os esforços de seus trabalhos os bens supracitados. É sabido que os bens adquiridos na constância da união a título oneroso, salvo os excluídos por lei, presumem-se em comunhão de esforços.
A união estável está caracterizada entre as partes, assim, conforme dispõe o artigo 5º da Lei 9.278/96, no tocante às relações patrimoniais.
Art. 5° Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito.
Vejamos a Jurisprudência do Egrégio Tribunal Gaúcho:
DIVÓRCIO LITIGIOSO. REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. PARTILHA. IMÓVEL. PROVA. 1. Sendo o casamento regido pelo regime da comunhão parcial de bens, todos os bens adquiridos a título oneroso na constância da vida conjugal se comunicam e devem ser partilhados igualitariamente, independentemente de qual tenha sido a contribuição individual de cada cônjuge para a consecução do resultado patrimonial, pois se presume que a aquisição seja produto do esforço comum do par. Inteligência dos art. 1.658 a 1.660 do CCB. 2. Sendo incontroverso que o réu despendeu valores para a aquisição da meação do primeiro cônjuge da autora no imóvel, correta a partilha do montante, cuja apuração deverá ser feita em liquidação de sentença. Recurso desprovido. (Apelação Cível Nº 70077063121, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 25/07/2018).
(TJ-RS - AC: 70077063121 RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de Julgamento: 25/07/2018, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 27/07/2018)
 
É desejo da Requerente que todos os bens adquiridos, por esforço comum e durante a convivência marital, ressalvados os recursos próprios, sejam objeto da partilha.
Cabe salientar que, desde que o requerido deixou o lar a requerente vem arcando unilateralmente com as despesas do financiamento, condomínio, IPTU e demais encargos oriundos do imóvel, visto que reside no imóvel.
DOS RECURSOS PRÓPRIOS PARA AQUISIÇÃO DO PATRIMONIO 
Requerente: para a aquisição do imóvel descrito no item 01 – pela requerente foi pago o valor de R$ 9.300,00 (nove mil e trezentos reais), nos termos dos comprovantes de deposito em anexo. Mesmo constando no contrato a obrigação legal pelo pagamento do requerido, ressaltamos que o pagamento foi realizado pela requerente mesmo antes da união estável através de transferências bancárias em favor da , da seguinte forma: 
1ª em 19/08/2014 no valor de R$ 1.000,00(mil reais);
2ª em 19/08/2014 no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais);
3ª em 20/08/2014 no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais); 
4ª em 21/08/2014 no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais);
5ª em 22/08/2014 no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais);
6ª em 25/08/2014 no valor de R$ 300,00 (trezentos reais);
Requerido: para a aquisição do imóvel descrito no item 01 – pelo requerido foi pago o valor de R$ 3.600,00 (três mil e seiscentos reais), nos termos do documento contrato de compra e venda, através de recursos obtidos pelo FGTS, datado em 21-05-2015, antes da constituição da união estável.
Os valores provenientes de recursos próprio das partes não se comunicam, devendo ser destacados e não partilhados, uma vez que o imóvel adquirido pelo casal foi através do mecanismo sub-rogatório, pois o valor de R$ 9.300,00 (nove mil e trezentos reais) a título de entrada, pago através de 05 (cinco) transferências bancárias, pertencia exclusivamente a Requerente, no mesmo norte o valor R$ 3.600,00, 00 (três mil e seiscentos reais), que pertencia exclusivamente ao Requerido. 
Analise-se a redação do art. 1.659, II do Código Civil:
Art. 1659. Excluem-se da comunhão:
 II. Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares. 
No mesmo sentido também é a jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO C/C RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL ANTERIOR AO CASAMENTO. PARTILHA. ÁGIO DE IMÓVEL. EXCLUSÃO DA COMUNHÃO. DOAÇÃO. SUB-ROGAÇÃO. VALORES EXCLUSIVOS DE UM DOS CÔNJUGES. REDISTRIBUIÇÃO DE ÔNUS SUCUMBENCIAL. SENTENÇA REFORMADA. 1. Cuida-se de apelação interposta em face da sentença que, na ação de divórcio litigioso c/c reconhecimento de união estável anterior ao casamento, julgou procedentes os pedidos da autora para reconhecer a união estável no período de 09/2011 (nascimento da filha do casal) a 25/11/2011 (data do casamento), decretar o divórcio das partes e determinar a partilha dos direitos sobre o bem imóvel e o veículo na proporção de 50% (cinquenta por cento) para cada parte, atribuir a geladeira ao varão e a cada qual as respectivas cotas das participações nos capitais sociais das empresas. 2. Autos que documentam, por declaração de imposto de renda de 2011, a alienação de veículo particular do réu (WV Jetta) por R$ 43.900,00, bem como a doação da genitora ao réu, da quantia de R$145.000,00, em 18/11/2009, da qual resgatados R$96.696,47 em 17/10/2011, ao que seguiu-se o pagamento de R$137.000,00 (cento e trinta e sete mil reais) em parte do ágio do imóvel. Evidência de que os recursos provêm exclusivamente do réu, o que lhe confere a natureza de incomunicabilidade nos termos dos artigos 1.659, incisos I e II do Código Civil. 3. A inexistência de ressalva na documentação do imóvel não constitui empecilho ao reconhecimento da sub-rogação de valores particulares do apelante/réu no imóvel adquirido na constância do casamento devido à cogência da norma, a qual prescreve que não se comunicam entre os cônjuges os bens que cada um possuía ao casar, os bens que sobrevierem por doação na constância do casamento e os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um deles em sub-rogação dos bens particulares (art. 1659 inc. I e II). 4. Apelo do réu conhecido e parcialmente provido.
(TJ-DF 20160110335006 - Segredo de Justiça 0005044-24.2016.8.07.0016, Relator: CESAR LOYOLA, Data de Julgamento: 21/02/2018, 2ª TURMA CÍVEL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 27/02/2018 . Pág.: 450/478)
Desta forma, resta demonstrado que o bem em comento se enquadra na hipótese do artigo 1659, II, do Código Civil, e, por via de consequência, deve ser excluído da partilha. 
DAS DÍVIDAS CONTRAÍDAS NA CONSTÂNCIA DA UNIÃO ESTÁVEL
Para a aquisição dos bens dos conviventes, fora contraída a alienação fiduciária de contrato sob n., datada de maio de 2015, em nome do requerido no valor de R$ 110.146,67 (cento e dez mil, cento e quarenta e seis reais e sessenta e sete centavos), sendo que o requerido ajudou a custear o pagamento entre os meses.
Após a data de 31/08/2017, mais precisamente, a partir do mês 08/2017, toda a despesa oriunda do imóvel vem sendo arcada exclusivamente pela requerente. 
É desejo da requerente que seja liquidado o percentual que cabe ao requerido para fins de compensação e pagamento dos valores ficando a requerida única proprietária do bem.
No tocante ao veículo VW/Novo Gol, ano 2016/2017, este foi financiado o saldo remanescente em 04 anos, tendo a requerente custeado o pagamento entre os meses 06/2016 à 07/2017, bem como as despesas com IPVA e Licenciamento.
DA PARTILHA DOS BENS
a) Apartamento: Valor total R$ 125.400,00 (cento e vinte e cinco mil e quatrocentos reais), sendo pago pelo casal o valor total de R$ 31.100,00 (trinta e um mil reais), devendo a requerente indenizar a quota parte do requerido.
Quota parte mais recurso próprio da Requerente: R$ 18.400,00.
Quota parte mais recurso próprio do Requerido: R$ 12.700,00.
b) Veículo: Valor total R$ 39.800,00 (trinta e nome mil e oitocentos reais), sendo pago pelo casal o valor de R$ 27.190,00 (vinte e sete mil cento e noventa reais), devendo o requerido indenizar a quota parte da requerente.
Quota parte da Requerente: R$ 13.595,00.
Quota parte do Requerido: R$ 13.595,00.
c) Bens que guarnecem o lar: Valor total R$ 3.610,00 (três mi, seiscentos e dez reais), devendo a requerente indenizar a quota parte do requerido.
Quota parte da Requerente: R$ 1.805,00.
Quota parte do Requerido: R$ 1.805,00.
Ante o exposto, verifica-se o seguinte, cabe a requerente indenizar ao requerido o Valor de R$ 14.505,00 (), da mesma forma, cabe ao requerido indenizar a requerente o valor de R$ 13.595,00 ().
Deste modo, a requerente fará o depósito do valor da diferença, qual seja, R$ 910,00 (), em conta bancária a ser informada pelo requerido.
Quanto ao imóvel, a requerente fará a quitação deste, no prazo de xxxx, devendo o requerido realizar a devida transferência para o nome da requerente
 
 
DOS REQUERIMENTOS:
A citação do requerido para, querendo, contestar a presente ação, sob pena de confissão e revelia e, ao final, sejam julgados procedentes os pedidos, 
Requer provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, especialmente a juntada de novos documentos, depoimento pessoal da requerida, ouvida das testemunhas a serem, oportunamente, arroladas
A condenação do requerido ao pagamento dos honorários advocatícios;
O deferimento da justiça gratuita por ser pessoa financeiramente necessitada nos termos da legislação;
Dá-se à causa o valor de R$ soma dos valores dos bens arrolados acima. 
 
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

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